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irritado (blog de António Borges de Carvalho).

O SOCIALISMO É A FILOSOFIA DO FRACASSO, A CRENÇA NA IGNORÂNCIA, A PREGAÇÃO DA INVEJA. SEU DEFEITO INERENTE É A DISTRIBUIÇÃO IGUALITÁRIA DA MISÉRIA. Winston Churchill

irritado (blog de António Borges de Carvalho).

O SOCIALISMO É A FILOSOFIA DO FRACASSO, A CRENÇA NA IGNORÂNCIA, A PREGAÇÃO DA INVEJA. SEU DEFEITO INERENTE É A DISTRIBUIÇÃO IGUALITÁRIA DA MISÉRIA. Winston Churchill

Quem quer começar?

Jean François Revel dizia que o liberalismo era o capitalismo segundo a Lei. Dizia também que la démocratie ne connaît que des individus et non pas des communautés ou des groupes.
Não há um liberalismo sem o outro, isto é, introduzir políticas liberais meramente económicas, mantendo os comportamentos individuais nas baias do dirigismo, é o mesmo que introduzir as regras do futebol num jogo de cricket.
Ao ver, pelo menos através dos comentadores de serviço - que é o que se vê, os resultados do "Compromisso Portugal", fica-se com a sensação de que, ou os homens do Compromisso nada vêm para além da coisa económica, ou os comentadores de serviço não sabem do que estão a falar.
Há tempos, estive numa sessão promovida por um estimável movimento que se intitula "Direita Liberal", ou coisa que o valha. Achei que a iniciativa tinha graça e interesse. Mas fiquei abismado, não só pela falta de preparação filosófica e teórica dos intervenientes, como pela vontade, colectivamente assumida, ou de dar ao liberalismo um conteúdo de direita, ou de dar à direita uma máscara liberal. O que, num primeiro comentário, me leva a dizer que os jóvens do tal movimento estão a prestar à esquerda o melhor dos serviços, já que é a esquerda, não mal informada mas maliciosamente desinformadora quem, todos os dias e por todos os meios, procura encostar à direita a filosofia liberal. Quando, na tal sessão, tive oportunidade de intervir, procurei explicar que a direita em Portugal - e não só - sempre foi ferocíssimamente anti-liberal. Isto causou, na sala, um sururu de surpreza e incredulidade. Talvez por isso, nunca mais fui convidado para tais sessões. O que não fará grande mal. Nem eu, ali, mudaria de ideias, nem os meus jóvens interlocutores estariam dispostos a pensar de outra maneira.
A direita, em Portugal e não só, sempre teve, na sua génese, na sua prática, no seu desenvolvimento e no seu poder, uma matriz declarada e militantemente anti-liberal. Salazar, embora ao contrário dos seus colegas italianos e alemães, não utilizasse a palavra socialismo, praticava-o, sob outras vestes, é certo, mas tendo, como ponto de partida, a mesma condenação do liberalismo, do individualismo e do sufrágio universal como fonte da legitimidade política.
Nenhuma das formações políticas do pós 25 de Abril fez, a não ser por piada, do liberalismo a sua bandeira. O CDS nasceu democrata cristão, oriundo, portanto de doutrinas mais ou menos eclesiásticas que tinham por fim acabar com os desmandos do liberalismo, conferindo à "pessoa humana" o conteúdo "social" que tanto o individualismo liberal como o colectivismo socialista lhe "roubavam". Quando, em 1985, Lucas Pires se entregou a devaneios liberais, foi de imediato contradito, desapoiado, apeado, quer por freitistas, quer por adrianistas. O PSD, após a uma fase inicial de desmando socialistóide, confessou-se social-democrata, com o conteúdo que cada um queira dar a tal expressão. O PS, após a fase marxista, ainda que de inconfessa forma, passou a social-democrata, não deixando de manter alas ma(r)ximalistas, hoje muito empenhadas em mostrar que, quem manda, são os movimentos "cívicos" e não os representantes eleitos. O PC é o PC, o BE a mesma coisa sob diversos slogans, ou roupagens, se se quiser.
Então o liberalismo é de esquerda?, perguntar-se-á com toda a pertinência. A resposta é: Não sei. Nos EUA, é. No RU, está ao centro. Pela nossa Europa fora, vai-se metendo, humildemente, pelos interstícios do sistema, ou dos sistemas que procuram alguma viabilidade económica para sobreviver. Está um pouco por toda a parte, e nada em parte nenhuma. Onde não há, de todo, morre-se de fome.
É evidente que, sob um ponto de vista económico, Portugal tem que se liberalizar, com todas as consequências, algumas más, no curto prazo, outras boas, mas não imediatamente visíveis ou "sentíveis". Disso, nem o mais socialista dos socialistas (de esquerda e de direita) tem a menor dúvida. Simplesmente, num país que, há muitos, muitos anos (pelo menos a partir de 1910) se alimenta de cartilhas, à certeza do diagnóstico não corresponde a aplicação das terapêuticas. Abrem-se torneiras, mas não se liberta o caudal. Do CDS ao PS, que não se fale nas experiências alheias. Nem pensar! Isso dos êxitos da Espanha, do boom irlandês, da riqueza da Finlândia, do "milagre" britânico, tudo não passa de experiências, talvez boas para os outros, mas que, por cá, se não aplicam. Nem a Constituição deixa, nem o "povo português" está preparado para tal. O doutor Salazar raciocinava exactamente da mesma maneira: o "povo português" não está preparado para ir a votos! Com outro guarda-roupa, a peça é a mesma. No que respeita aos partidos comunistas, a questão nem se põe, uma vez que, talvez mais sinceramente que os demais, a cartilha é o que importa: se Cuba e a Coreia do Norte são as desgraças que são, isso deve-se ao inimigo externo - leia-se aos EUA - e não à injusta ineficácia do sistema ou ao universal falhanço da doutrina.
Para além das formulações teóricas, ninguém, por outro lado, é capaz desta simples verificação: a Liberdade anda de mão dada com o capitalismo liberal. Pode haver capitalismo (não liberal, isto é, fora da rule of law) sem liberdade, mas jamais esta existiu sem aquele.
Da recusa primária do liberalismo, bem ancastrada na cabeça de cada um e até na Constitução, nasce a recusa de tudo o que possa contribuir para libertar, responsabilizando, o pobre do cidadão (a questão da segurança social é um pequeno exemplo disto). As empresas, os municípios, as organizações "cívicas" são, como toda a gente sabe, Estado-dependentes.
E cada um de nós? Cada um de nós, a quem é recusado, sob a máscara de "direitos", o mais elementar livre arbítrio? Trata-se de um problema moral, ou sociológico, se se quiser. Mas é tanto ou mais importante que o problema económico. Levará, ou levaria, se para isso houvesse vontade, gerações a resolvê-lo.
Quem quer começar?
 
António Borges de Carvalho

O túnel I

O senhor Miguel Coelho, um dos mais successful, dos mais arrogantes e dos mais primáriosaparatchiques do PS, veio exigir a abertura do túnel do Marquês, na parte em que as obras já chegaram ao fim, isto é, das Amoreiras à Rotunda.
Até aqui, muito bem. Sem disfarçar o incómodo, estou de acordo, julgo que pela primeira vez, com o tal Coelho. Até porque a sua exigência vem provar à saciedade que, apesar da ferocíssima luta que o homem travou contra o túnel, quem tinha razão, como quase sempre, era Santana Lopes: o túnel é uma infraestrutura fundamental e preciosíssima para a cidade.
O senhor Rodrigues, antigamente conhecido por homem probo, discreto, competente e sério, hoje na mais completa das fossas morais por causa do problema do Audi (que miséria, que nojo!), opõe-se à pretensão do espantoso Coelho. Porquê? Ele lá saberá. Se calhar quer fazer uma festança numa inauguração mais completa e mais próxima das eleições, sem cuidar dos interesses dos munícipes e dos visitantes. E lá obrigou o PSD a votar contra a coelhal pretensão, na extraordinária companhia… do PC!
O munícipe, para quem a Câmara, as mais das vezes, outra coisa não é senão um inimigo público, não percebe. Tem desculpa. É burro.
 
 
António Borges de Carvalho

O Túnel II

Já que se fala do túnel, das demoras, das terríveis “ilegalidades”, das prepotências do dr. Santana Lopes - que tinha a lata, imagine-se, de querer cumprir uma promessa eleitoral - dos boicotes políticos da oposição (PS, PC, BE) mascarados de legalismo e de preocupações técnicas e urbanísticas, ocorre-me um assunto ao qual, por ser da maior importância, ninguém liga nenhuma.
Passo a explicar.
O conhecido Fernandes, candidato do BE e actual vereador (julgo que com o pelouro dos chatos) comandou uma acção popular contra o túnel. Leia-se contra Santana Lopes. A acção andou pelos tribunais. Acabou por ser considerada improcedente, com trânsito em julgado. Pelo caminho, foram as obras do túnel embargadas, assim ficando vários meses. O custo da paragem cifra-se em vários milhões de Euros.
Acontece que, se eu embargar uma obra de um meu concidadão, e tal embargo vier a ser considerado improcedente, tem o meu concidadão o direito a ser indemnizado por mim, pelo valor dos prejuízos que lhe causei, e eu a mais estrita obrigação de lhe pagar o que for julgado devido, por acordo ou por sentença judicial. Não é? É.
No caso do senhor Fernandes, não é. Por iniciativa do chatérrimo senhor, a CML vê-se lesada em milhões, e o senhor continua, calmamente, não só a pagar nadíssima, como a prégar moral a toda a hora.
Não sei, nem me interessa saber, se, no caso de uma acção popular, o cumprimento da obrigação pode ser legalmente exigido. Mas tenho a certeza de que, em termos morais (não é disso que o senhor Fernandes passa a vida a falar?), a CML e, por via dela, os seus munícipes, têm o mais óbvio e o mais sagrado direito a exigir os milhões que o malandrão e os seus sequazes devem à cidade.
Qual seja a autoridade e a credibilidade moral do fulano para andar a exigir mundos e fundos a este e àquele, a acusar (às vezes por processos policiescos, muito do agrado do BE e da PIDE) este e aquele de tudo e mais alguma coisa, é matéria que, aos cidadãos e aos criadores de opinião, muito devia interessar, mas não interessa nada.
 
António Borges de Carvalho

Se a minha avó tivesse rodas

O New York Times publicou uns extractos de relatórios de agências secretas dos EUA, que referem que os riscos de terrorismo continuam a ser fortes, não se podendo afirmar que a política externa do país tenha contribuído para a sua diminuição. Isto é, dizem que os terroristas continuam activos, confessando, implicitamente, a incapacidade própria para antecipar ou controlar as suas actividades com a eficácia desejável.
A universal bem-pensância, especialista em tiros no pé, interpreta o relatório desta espantosa forma: como o senhor Bush é uma besta, arranjou maneira de aumentar exponencialmente as actividades dos terroristas, sendo sua a culpa, por exemplo, dos atentados de Madrid e Londres, da guerra entre xiitas e sunitas no Iraque, do reaparecimento dos talibãs no Afeganistão, dos míssieis do Hezbollah e da guerra do Líbano, da doutrinação das madrassas, das manobras da Alcaida e, já agora, de todos os males que afligem a civilização.
Mais. Se, amanhã, uns selvagens quaisquer rebentarem com a Torre Eifel, a culpa será, obvia e evidentemente, do senhor Bush!
Tudo isto é limpo, cristalino, e não suscita quaisquer dúvidas. A Alcaida, coitada, é uma organização de caridade, o Hezbollah dedica-se à pesca, os ódios entre xiitas e sunitas são uma consequência directa dos exemplos fornecidos pelos cristãos quando se combatiam entre católicos e protestantes, quem sabe se até o Senhor Dom Manuel Primeiro não inspirará a coisa por ter ter expulsado os judeus há quinhentos anos. E, se falarmos de história, também não foi o Islão quem invadiu os reinos cristãos do Ocidente, foram estes quem, por razões religiosas, e para arranjar um pretexto para as cruzadas, excitaram a justa luta daqueles e os levaram a sentir-se obrigados a vir por aí fora. Nos nossos dias, a NATO, ao meter-se na guerra do Kosovo, não estava, como dirão os adeptos do senhor Bush, a defender pelas armas uma comunidade islâmica contra uma cristã. Não senhor, estava simplesmente a defender a utilização das conhecidas reservas de petróleo ali existentes.
A universal bem-pensância não tem dúvidas nenhumas. Se o senhor Bush não existisse, já o terrorismo islâmico teria acabado há muito tempo. Se o senhor Bush não existisse já os palestinianos tinham feito as pazes com os israelitas, o Hezbollah já se tinha desarmado, o senhor Sadam, socialista da mais fina gema, indefectível democrata, continuaria a governar o seu povo com eficiência e justiça.
Ontem, o senhor Coelho acusou o senhor Pacheco Pereira do nefando crime de achar que o novo PGR deveria ser escrutinado pelo Parlamento antes de tomar posse. A razão de tal acusação não é a opinião em si, mas o facto de se tratar duma prática em uso… nos EUA! O crime não é ouvir o futuro PGR no Parlamento, é fazer uma coisa que os americanos também fazem!
Ontem, também, o senhor Silva vem a público, no “Público”, com uma diatrie delirante. Leu (terá lido?) o New York Times, pegou numas partes da coisa, e aí vai disto. Ainda não consegue provar, por razões de calendário, que o 11 de Setembro foi uma consequência directa da invasão do Iraque, mas lá chegaremos.  
 
Se Bush não existisse, tudo seria um mar de rosas. Se a minha avó tivesse rodas…
 
 
António Borges de Carvalho

Aznar na Parvónia

O senhor Aznar (RTP, 25/09) não trouxe propriamente nada de novo. O que disse já se sabia. Era a verdade. A Parvónia ouviu-o, mas duvido que tenha aprendido alguma coisa.
Consta que o senhor Aznar cobra $25,000 (vinte e cinco mil dólares dos EUA) por cada aparição pública. Para a Parvónia, porém, foi de borla.
A Espanha chegou onde chegou através da política de liberalização do senhor Aznar (diga-se, por razões de justiça, que, timidamente, o senhor Gonzalez já tinha, neste sentido, aberto algumas portas). A Espanha chegou onde chegou porque o senhor Aznar teve a coragem de não ter medo do desemprego – que chegou a números incríveis – e soube separar o trigo do joio, deixar morrer o que não servia para nada, melhorar a competitividade, aumentar a produção, fazer subir todos os índices de crescimento, positivar estes e outros parâmetros que, na Parvónia, enchem inutilmente a boca dos dirigentes e dos intelectuais.
Ou seja, o senhor Aznar percebeu o que estava em causa e agiu em conformidade. Na Parvónia também se percebe o que está em causa. Mas não se aje em conformidade.
Para a Parvónia, as cartilhas do socialismo (de esquerda e de direita) continuam a dominar o “pensamento”. As circunstâncias não interessam. A experiência e os resultados dos demais são negligenciáveis. Importante é ser-se anti-liberal, mesmo sabendo de ciência certa que a cartilha não enche a barriga a ninguém.
O senhor Aznar não tem medo de assumir as suas posições, nem de ser fiel ao seu passado e aos seus amigos. Quando a representante da Parvónia procurou arranjar desentendimentos entre ele e o senhor Bush, Aznar respondeu que sim, que o Bush era um chato porque não o deixava fumar ao almoço.
O partido do senhor Aznar perdeu as eleições em Espanha. No entanto, toda a gente sabe, embora não o diga, que quem as ganhou foi a Alcaida. Ou não?
O senhor Aznar vê com tristeza as consequências. Um país democrático que negoceia com terroristas, uma Catalunha que se “desprende”, um povo entretido com querelas “fracturantes”, um governo que, em vez de unir, desenterra fantasmas há décadas esquecidos.
A Parvónia, esparvoada, admira. Até é capaz de achar que o senhor Sapateiro é um génio. Até é capaz de achar que dar cabo da obra do senhor Aznar é um feito.
A Parvónia é capaz de tudo, menos de deixar de ser Parvónia.
António Borges de Carvalho

Consultores

Um tal Dias, fulano que conheci há uns trinta anos, escreve, julgo que semanalmente, no extraordinário jornal que dá pelo nome de “Público”.
Em baixo, no fim dos artigos, o incauto leitor é informado sobre a profissão do articulista ou, se quiserem, sobre a qualidade em que escreve: consultor. Consultor jurídico? Consultor de engenharia civil? Consultor económico? Consultor fiscal? Consultor quê? Não é, ao leitor, dada a oportunidade de saber perante quem está, embora a inclusão da referência profissional queira inculcar na mente de cada um que o articulista, ou o jornal, e muito bem, querem “informar” o leitor sobre a formação, ou a profissão, de quem escreve. A palavra consultor tem, além de tudo mais, um sabor a isenção, a independência, trata-se de alguém a quem nos podemos dirigir à procura de um parecer técnico, parecer que nos será dado segundo critérios profissionais, com exclusão de quaisquer outros.
Acontece que o tal Dias é, há mais de trinta anos, uma espécie de chefe das relações públicas do Comité Central do PC. Não se lhe conhece outra actividade nem se sabe qual a sua profissão de origem, se é que a tinha. Mas sabe-se que, se a tinha, desde tenra idade a não exerce. Tudo leva a crer que, se o tal Dias alguma consultadoria pode oferecer, será em marxismo-leninismo, em ditadura do proletariado, em agit-prop, ou outras nobres e equivalentes matérias.
Que o tal Dias queira desinformar as pessoas intitulando-se consultor, pode compreeender-se. É, aliás, um tipo de “informação” que assenta como uma luva num porta-voz do PC.
Mas que o “Público” colabore, consciente e propositadamente, em tal e tão desavergonhada aldrabice, é impróprio de um jornal digno desse nome.
 
 
António Borges de Carvalho

Leituras

Será que o Tavares leu o discurso do Papa? Pensava deixar aqui um apelo ao Núncio Apostólico para que lhe mandasse o texto completo. Pensando melhor, é capaz de não valer a pena.
Estaremos perante mais um mullah das Avenidas Novas?
 
 
António Borges de Carvalho

Entrar nos eixos

Boas notícias do “Eixo”. Parece que a dona Ângela entrou em fase de recuo. O “Eixo”, tão laboriosamente construído por esses dois luminares da política europeia que se chamam Chirac e Schroeder, entrou em crise. O senhor Schroeder já foi à vida. O senhor Chirac está quase a voltar a estar a contas com a Justiça. E a dona Ângela parece ter percebido que deixar-se embalar nos doces braços do senhor Putin não é coisa com futuro, sobretudo para quem não pode deixar de ter boa imagem no Báltico e na Polónia.
A Rússia, em matéria energética, dispõe já de várias facas e vários queijos. As garantias que dá de não interrupção do abastecimento ao Ocidente não terão nenhum significado se não houver, do outro lado, argumentos de tal maneira fortes que contenham indesejáveis manifestações de poder por parte dos putines. Infelizmente, tais argumentos não abundam. Bem pelo contrários, são os russos quem toma posição em indústrias estratégicas ocidentais, chegando ao ponto de já exigir posições na administração da EADS. Os efeitos do “Eixo”, reveladores de evidentes desiquilíbrios, começam a ser inquietantes.
Nunca foi bonito que os dois países mais poderosos da UE tenham “fundado”, à revelia de parceiros e aliados, alianças informais a leste, ainda por cima passando por cima do “leste próximo” cujos interesses e sensibilidades soberanamente ignoraram.
Não se pode acusar Moscovo de ter aproveitado as oportunidades que lhe foram oferecidas. Pode, e deve, é acusar-se quem lhe abriu portas sem cuidar das correntes de ar.
Enfim, saúde-se a tomada de consciência da dona Ângela. Espere-se pelo advento da dona Ségolène ou do senhor Sakozy. A ver se o “Eixo” entra nos eixos.
 
 
 António Borges de Carvalho

Grande País!

Ficaria mal à incompetentíssa (ou…) equipa de arbitragem que valida golos metidos com a mão à vista de toda a gente pedir aos lesados e a nós todos desculpas pelo sucedido?
O que vejo é um jogador do Sporting a dizer que está tudo OK, e umas “autoridades” quaisquer a dizer que os árbitros em causa são magníficos e que vão continuar a sua obra sem mais problemas.
Que país é este? Portugal.
Que futebol é este? O Português.
E pronto.
 
António Borges de Carvalho

Independência

Ao longo dos últimos dias, o patego espectador da televisão tem sido brindado com a publicidade relativa ao lançamento do “SOL”.
Até aqui, tudo bem.
O problema é que tal publicidade é ilustrada com uma, ao que julgo inexistente, primeira página do dito jornal, onde avulta uma monumental fotografia do senhor Pinto de Sousa (Sócrates) e uma manchete que reza “Sócrates imparável”. Ou seja, à borla, o senhor Pinto de Sousa (Sócrates) apanha com um banho de triunfal publicidade à custa dos pobres compradores do nóvel semanário.

Sabida que é a apetência do partido do senhor Pinto de Sousa (Sócrates) pela manipulação da informação, talvez tal publicidade se deva a uma espécie de sangria em saúde por parte do plumitivo, como quem diz dou-te esta publicidadezinha, e, em troca, não me chateias, OK?

Ou então, então não sei, talvez seja esta a independência do “SOL”, eventualmente inspirada pelo senhor Lima.

António Borges de Carvalho

Parecer de um laico

Já toda a gente (toda?) percebeu que, afinal, o Papa fez um discurso académico em que (auto) criticava a sua igreja, ao mesmo tempo que defendia a compatibilidade entre crença e razão, e dizia não à violência em nome de Deus.
Nada, absolutamente nada, do que disse, continha qualquer ofensa ao que se chama Islão, ainda menos qualquer ideia de superioridade ou de desprezo em relação a tal entidade.
Compreende-se que a barbárie islâmica tenha aproveitado para fazer um xarivari dos diabos. Estão ali para isso. São niilistas, querem a guerra pela guerra, a morte pela morte, e compram as ideias de condotieris auto iluminados que, com cobertura religiosa, defendem interesses e estratégias de poder que pouco têm a ver, para além do primitivismo, do atrazo e da ignorância das massas que atiram para a rua, com crenças religiosas ou justas reclamações em relação ao que se chama Ocidente.
O mais grave, porém, é a reacção imediatista, sensacionalista e acrítica dos media ocidentais. Foi tal o barulho, não dos “protestantes”, que fizeram as habituais encenações para “ocidental” ver, mas dos órgãos de informação do lado de cá, que a ninguém informaram de forma a que fosse dado perceber, ou sequer poder analisar, o que, na verdade, se passou. Os nossos órgãos de “informação” tão só trataram de, pressurosamente, isolar uma citação feita pelo Papa em tom crítico, fazendo dela o conteúdo ideológico do discurso.
Eu próprio, ao ver as primeiras notícias sobre o assunto, achei estúpido, ilógico, irracional e imprudente que o Papa se tivesse pronunciado como eu era “informado” que o tinha feito.
Afinal, toda, mas toda a “informação” veiculada pela televisão e pela imprensa era falsa e manipulada de acordo com os interesses da barbárie.
Aos poucos, as coisas foram-se clarificando. Só faltaria acontecer o que não vai acontecer: o público pedido de desculpas por parte das RTP’s e quejandos, necessáriamente acompanhado dos respectivos pedidos de demissão dos seus excelentíssimos e intocáveis directores.
António Borges de Carvalho

Odete, a magnífica

Em antena, dona Odete Santos, mais aquela senhora da pastinha na testa que é a nova patroa do PSD em Lisboa. Não vi tudo. Fugi. Odete cospe um ódio de tal maneira concentrado, refinado, em estado puro, sem misturas, sem cambiantes, um ódio total, retorcido, seco, duro, profundo, um ódio elaborado, aboborado em anos e anos de educação, ódio de madrassa, ódio de quem recusa tudo o que não seja o que vem num livro qualquer, ou o que leu num livro qualquer, ou que lhe instilaram, anos e anos a fio numa escola qualquer. Ódio que recusa a civilização, que propõe a barbárie, que recusa terceiros, que parte de uma verdade única e total. Ódio virulento, que tudo torce, tudo inverte, tudo questiona a não ser o próprio ódio. Ódio que não é cego, que sabe o que quer destruir, que de mais nada cuida senão de si próprio, ódio da estirpe do fascismo islâmico, cuspido, atirado à cara dos outros, agressivo, sem escrúpulo, acrítico, ódio que não é estúpido, é pensado, niilista, fundamental, ódio de escola, de formação, de afirmação, de escarro sobre quem dele não partilha.
Para a senhora, as torres gémeas não caíram, três mil pessoas não morreram, nada há a lembrar a não ser Salvador Allende e o seu 11 de Setembro. Pinochet e Fidel não são duas faces da moeda do totalitarismo, não senhor, Fidel é um santo, Pinochet um demónio. Kim Jong Il é um herói, Pol Pot um traidor. Não, não houve nenhum atentado em 11 de Setembro, em Nova Iorque, houve tão só, noutro ano, muito antes, a invasão do palácio onde, em Santiago, fervilhava o socialismo real.
Há momentos em que a natureza do PC, habitualmente enroupado em democráticas vestes, vem ao de cima na sua crueza, na sua verdade, no seu ódio mortal à democracia, a quem a representa e a quem gosta de viver nela. Nesta medida, fiquei grato à Odete. É que, no clima pastoso em que vivemos, podemos tender a esquecer quem é quem, e quem quer o quê.
António Borges de Carvalho

Valha-me São Pancrácio!

Andam para aí uns turistas políticos a perorar sobre o “plafonamento” da segurança social do Estado, responsabilizando cada um pelo seu próprio futuro. Por outras palavras, do que se trata é de encarregar o Estado de prover, via descontos obrigatórios durante a vida “útil”, para uma vida “inútil” minimamente digna, deixando a cada um o ónus de aumentar, por esforço próprio e voluntário, os seus proventos em tal período.
Sacrilégio!
Não, meus senhores, os portugueses têm, obrigatoriamente, de comer o que o Estado lhes quiser dar. Se quiserem mais, que se sacrifiquem! Ser responsáveis é que não!
O que os turistas da política propõem seria, a prazo, uma profunda revolução cultural, quer dizer, se cada um tivesse a liberdade, sem aumento de custos ou com eles (uma decisão individual, que horror!), de decidir sobre o seu futuro, em causa ficaria aquilo para que todos nós trabalhamos e que tão caro pagamos: o sacrossanto socialismo. Mutatis mutandis, o mesmo socialismo que o doutor Salazar, com outras roupagens, defendia e praticava.
Como o fim primeiro do Estado, em Portugal, não é o de, garantindo um mínimo, libertar as pessoas para que cada um atinja, nos limites da Lei, o que as suas capacidades e sua vontade conseguirem, ficam os cidadão prisioneiros do espartilho em que o chamado Estado Social os contém.
O senhor Pinto de Sousa (Sócrates) foi peremptório: o socialismo, mesmo falido, é para continuar.  
Depois, criticam os portugueses por ser subsídio-dependentes, por não ter iniciativa, por esperar do Estado tudo e mais alguma coisa. Valha-me São Pancrácio! Pois se é esta a filosofia do Estado!
 
António Borges de Carvalho

Casas para o Povo!

Li, num jornal qualquer, que há, em Portugal, mais habitações per capita do que na Alemenha. Não fiquei surpreendido.
A República, nas suas duas primeiras versões, ou seja, desde os seus tristíssimos quão repugnantes primórdios, dedicou-se à nobre tarefa de destruir o mercado de arrendamento. Na sua terceira versão acabou com ele em definitivo.
Em paralelo com esta nobre missão, a III República convenceu os portugueses de que, ou compravam uma casa, ou não eram gente. Desenvolveu incentivos vários ao endividamento imobiliário, criou condições óptimas para que a banca visse no respectivo crédito o negócio dos negócios e, mantendo as rendas antigas ( a recente reforma do arrendamento é uma máquina de aumentar os impostos, não uma “reconstrução” do mercado), provocou uma inflação brutal nas novas, empurrando por essa via, ainda mais, para a  “necessidade” de ter casa própria.
As poupanças dos portugueses, ao contrário das dos alemães, foram desviadas da economia, o mercado de capitais nunca se democratizou, e todos, a começar pelos felizes proprietários de um andar hipotecado ad aeternum, sofremos com isso.
Os portugueses vão tendo cada vez mais casas e ficando cada vez mais tesos.
Não há pior cego do que o que não quer ver. Nesta matéria, o governo do senhor Pinto de Sousa (Sócrates) é mestre.
António Borges de Carvalho

Consensos

Quando as pessoas querem fazer o que gostavam de fazer, mas não podem, entretêm-se com palavras. Querem descansar a consciência, talvez cumprir promessas, inventar ou re-inventar um poder a que se julgam com direito, dar conteúdo ao que pensam vazio, dar-se importância, ver-se ao espelho dela.
Não sei se é isto o que se passa com o neo-central bloquismo do Senhor Presidente. Se não é, parece. Havia um tipo que dizia que, em política, o que parece é. Talvez tivesse razão.
O doutor Cavaco Silva desdobra-se, por isto e por aquilo, em propostas de consenso entre o PS e o PSD.
Talvez tenha razão no que propõe. Talvez haja reformas que devam ser feitas com garantias de longo prazo.
Mas, para um velho que, como eu, recorda que o doutor Cavaco:
a) fez campanha, em 84/85, contra o bloco central;
b) construiu o seu poder por via da contestação, e da condenação, do bloco central;
c) se fez eleger como líder do PSD porque bateu, dentro do partido, os adeptos do bloco central;
d) tomou, como primeira missão da sua vida de líder político, a destruição do bloco central;
e) destruiu o bloco central;
f) afirmou, por várias formas e modos e métodos, a perversidade do bloco central;
g) etc.,
não deixa de ser interessante ver:
Ou o que os cargos fazem às pessoas, ou que a coerência é uma batata, ou que as conveniências, em certas pessoas, são prevalentes, ou que a sede de protagonismo é inelutável, ou o que é a apetência pelo poder, ou, ou, ou.
 
Quando terá este pobre país um Presidente que perceba a sua função, mais, que entenda a sua função pode ser muito mais útil se não se meter onde não é chamado? Sabe-se que um Presidente não é um Rei, nem lhe pode chegar aos calcanhares. Mas há, por essa Europa civilizada fora, alguns presidentes que imitam bem, e que conseguem dignificar o seu mister e o seu país.
António Borges de Carvalho

Sujeiras

Na página 8 da edição de 1 de Setembro do "Público", encontramos um mimo de pusilanimidade jornalística. Dona Esther Mucznik publica um artigo, aliás bem escrito, bem fundamentado e credível. Nele tece a dita senhora alguma considerações sobre certas manifestações públicas de islamitas em Londres, onde cita a fraseologia dos cartazes: Europe you will pay, Your 9/11 is on it's way!!, Be prepared for the real Holocaust!, Islam will dominate the World! e Freedom go to hell, são algumas das mimosas e exemplares frases presentes em tais cartazes.

Muito bem. A este respeito, o que faz o "Público"? Ilustra o artigo com uma fotografia de uma manifestação onde os cartazes rezam Stop Israeli crimes in Lebanon, Boycott Israel, à mistura com fotografias do ilustre líder do Hezbolah, e mimos do género.

Isto é, para se sangrar em saúde do crime de publicar um artigo não alinhado com a nacional e internacional cobardia em face do fundamentalismo islâmico, o inenarrável plumitivo tem que dar uma na ferradura, já que cedeu à entrada do cravo. Pior. Como a maioria dos leitores não lerá o texto de Esther Mucznik, o que fica na cabeça dessa maioria é a imagem dos europeus chamberlainianos favoráveis à barbárie, e não as sábias palavras da senhora. 

As pessoas que não têm cara, ou que têm vergonha da cara que têm, ou que não têm vergonha na cara, procedem assim, a mostrar à saciedade a miséria moral de um jornalismo cobarde e ordinário.

António Borges de Carvalho

Limpezas

Na mesma edição, o mesmo inefável "Público" dedica chamada de primeira página à festa do seu colega "Avante!", à qual dedica nada menos de três páginas inteirinhas - a 2, a 3 e a 4! - recheadas de parangonas laudatórias, de elogios rasgados, dando ao público (ao respeitável, não a si próprio) a clara noção de que se trata de um evento da mais alta valia democrática e cultural, de uma festa da liberdade, enfim, só faltando oferecer bilhetes às pessoas para que não deixem de se deslocar a tão fantástica quão imperdível manifestação.

É sabido que o director do "Público" passa a vida, coitado, a ser acusado dos mais horríveis crimes por ilustres democratas - jornalistas cheios de independência, democratas da mais fina gema, tipo Ruben de Carvalho. Não precisava, porém, de ir tão longe, se é que a intenção é a de se lavar de tais acusações (outra se não vislumbra que justifique a coisa), aceitando-as por boas, como é bom de ver. Três páginas - três, as mais importantes do jornal, mais a chamada de primeira página, de louvaminhas e vassalagens, sob a máscara, como é óbvio, de um estilo jornalístico-informativo digno da melhor escola salazarista.

António Borges de Carvalhp

 

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