O SOCIALISMO É A FILOSOFIA DO FRACASSO, A CRENÇA NA IGNORÂNCIA, A PREGAÇÃO DA INVEJA. SEU DEFEITO INERENTE É A DISTRIBUIÇÃO IGUALITÁRIA DA MISÉRIA.
Winston Churchill
O SOCIALISMO É A FILOSOFIA DO FRACASSO, A CRENÇA NA IGNORÂNCIA, A PREGAÇÃO DA INVEJA. SEU DEFEITO INERENTE É A DISTRIBUIÇÃO IGUALITÁRIA DA MISÉRIA.
Winston Churchill
Ontem fui ao cinema Monumental, sala número não sei quantos. Modernices. Vou pouco ao cinema porque deixou de haver intervalos, o que é uma forma proto-fascista, ou proto-comunista, de proibir as pessoas de fumar e de fazer chichi.
Já não me lembro do filme, mas a minha mulher diz que era uma pequena maravilha. Acredito nos critérios da senhora, pelo que considero o meu tempo bem empregue.
Fomos a pé, avenida da República (t’arrenego!) acima. A noite estava calma, cálida, convidava ao passeio. Tudo normal.
Até que… até que, chegados ao Saldanha, damos com três carros da PSP à porta do BES. Assalto? Reféns? Mortos e feridos?, são os pensamentos que assaltam o portuga perante tal aparato. Os chuis, porém, conversavam no passeio, o que nos sossegou. Não devia haver azar.
Mais adiante, na Praia da Vitória, três ou quatro carrões pretos estavam estacionados na contra-mão, na faixa de cargas e descargas. A porta dos cinemas era marcialmente guardada por dois GOE’s, ou equivalente, armados até aos dentes. Lá em cima, a seguir às bilheteiras, dois gorilas com cara de poucos amigos e uma espiral de plástico a esparguetar do ouvido, olhavam o povo com ar ameaçador.
Temos aí um granjola qualquer, pensei. Será o Cadafi? O Dos Santos? O aiatola Camané? O Hugo Chaves? Quem?
À saída, o mesmo aparato. Ou me engano muito ou havia ainda mais forças no terreno. Intrigado, aproximei-me de um BMW, viatura que parecia ser a mais imponente.
E fez-se luz! Não, meus queridos amigos, não era o Cadafi, nem o Dos Santos, nem o aiatola, nem o Huguinho.
A matrícula da rebrilhante viatura rezava P-papo seco da República-R. Quem tinha ido ao cinema era nada mais nada menos que o SEPRPPDAACS; Sua Excelência o Presidente da República Portuguesa, Professor Doutor Anibal António Cavaco Silva!
No comments.
Cheguei a estar tentado a esperar para ver sair Sua Excelência e quem o acompanhava, mas a minha mulher agarrou-me por um braço e, irritadíssima, arrastou-me até casa.
É já um dado adquirido que a política externa e as prioridades estratégicas do EUA e da Europa se afastam a olhos vistos.
O que, a este respeito, se tornou visível para o grande público aquando da oposição franco-germânica à guerra do Iraque, não é mais que a ponta de um iceberg que, dir-se-á desde o fim da guerra fria, se vinha formando.
A recusa da Europa, mais por razões eleitorais do que por pensamento estratégico, em se reorganizar e reequipar militarmente, vinha de mais longe, mas encontrava um bom pretexto na existência e na fiabilidade do “guarda-chuva” americano. Os aliados do lado de lá do Atlântico insistiam na necessidade de algum equilíbrio e na interoperabilidade dos sistemas, mas a diversidade de interesses tecnológicos e industriais, por um lado, e considerações de política interna, por outro, impediram que esse objectivo fosse prosseguido de forma consistente.
Ironicamente, foram os europeus os primeiros a ser “vítimas” da situação que criaram. Ainda no tempo do Presidente Clinton, e um pouco à revelia dos interesses americanos, foi a “Europa” – leia-se, sobretudo a França – quem veio, a propósito da intervenção na Sérvia, “exigir” a cooperação dos EUA, sem a qual a acção se teria saldado por dezenas de milhares de mortos. Foi a solidariedade dos americanos, que no assunto não tinham qualquer sombra de interesse, o que o evitou tal derramamento de sangue[1].
A resposta a este acto de solidariedade não se fez esperar. Na primeira oportunidade, os dois mais importantes países europeus não só recusaram – o que poderia ser aceitável – apoio militar ou até político à iniciativa iraquiana de George W. Bush, como trataram de a pôr em causa e de a ilegalizar e ilegitimar por todos os meios políticos e jurídicos ao seu alcance. Não cuidaram, sequer, de ter em conta que essa intervenção era, à luz do direito invocado, tão ilegal como a da Sérvia. Com uma diferença: é que George Bush fez o que pode para fazer passar a sua decisão no Conselho de Segurança, ao passo que os europeus nada de parecido fizeram a respeito da guerra contra a Sérvia.
Estas atitudes não podem deixar de ter consequências negativas na manutenção do chamado “transatlantic link”.
O correr do tempo vem juntar a tudo isto as emergências asiáticas. Fatalmente, estas criam, para a super-potência, prioridades outras que não aquilo a que se chamou “defesa do Ocidente” ou do “mundo livre”. O putativo, mas previsível, não êxito das operações no Iraque, as “perseguições” europeias aos métodos menos ortodoxos que parecem ter sido usados pelos americanos na luta contra o terrorismo, a monumental pressão dos media e dos fazedores de opinião sobre os públicos europeus contra os EUA, tudo parece conjugar-se para pôr fim à solidariedade transatlântica.
Se a este progressivo afastamento viesse juntar-se alguma “independência” europeia em termos de defesa e segurança, dir-se-ia não haver motivos para inquietação de maior. Os dois lados do Atlântico, firmados em valores comuns, prosseguiriam caminhos diversos mas basicamente afins. A Europa, potência económica global, proveria às suas necessidades em matéria de defesa e segurança.
O problema é que tal não acontece. Ao mesmo tempo que se afasta, politicamente, do seu aliado tradicional, a Europa deixa alargar o “gap” defensivo, arriscando-se a que as mais que óbvias novas prioridades estratégicas norte-americanas, aliadas ao ambiente crispado que se criou, impeçam a repetição do preenchimento de tal “gap” por forças americanas.
A própria NATO é hoje mais um utensílio de segurança do que uma aliança defensiva com sólidos fundamentos ideológicos, e consequência de políticas comuns.
Quando Robert Kagan fala da “quebra da legitimidade geral americana no Ocidente devido ao fim da guerra fria”, parece-me não estar a colocar a questão da melhor forma. Foram os europeus, e não só, nem principalmente, o fim da guerra fria, quem pôs em causa essa legitimidade, bem como a liderança do dono do “guarda-chuva”.
Parece, por outro lado, evidente não ser verdade que, como diz Kagan, “a Europa já não precisa dos Estados Unidos para a sua segurança”. Para além de outros exemplos, as guerras da Jugoslávia demonstraram à saciedade o contrário.
As diferenças de “approach” político entre os europeus e os americanos são legítimas, mas não o é, da parte dos governos europeus em relação aos seus povos, que a tais diferenças não correspondam políticas de informação da opinião pública que permitam o desenvolvimento dos meios que possam dar foros de verdade às palavras do analista.
Kagan diz, desta vez com inteira razão que, no Báltico e na Europa central, “as alianças dos EUA são claramente mais fortes”.
Neste sentido, bom seria que o Ocidente europeu percebesse que, no caminho que actualmente percorre, está não só a condenar a ligação transatlântica, como a, em vez de unir, dividir, mais uma vez, o seu próprio continente.
António Borges de Carvalho
[1] Nunca será demais sublinhar, a respeito da guerra contra a Sérvia, que a primeira intervenção militar da NATO se deu para defender uma comunidade muçulmana contra uma cristã, coisa não só “esquecida” pelos muçulmanos como menorizada pelo Ocidente, por razões que à razão escapam.
A Exmª Senhora Dona Helena Roseta confessa-se “incomodada” com os elogios da direita à governação do senhor Pinto de Sousa (Sócrates). Pobre senhora. Digo pobre senhora por ironia, uma vez que não tenho pena nenhuma dos seus incómodos. Lembro-me dela, já com idade para ter juizo, coladinha ao dr. Sá Carneiro, e não aprecio as viagens ideológicas em que se tornou especialista.
Tenho pena, sim, da tal direita. Da direita que não é capaz de perceber que estamos perante um governo de esquerda, esquerda arrogante, ignorante, falaciosa e estúpida. Perante gente que, até agora, mais não fez que declarações bombástico-propagandísticas, que não foi capaz de manter o défice onde a direita o deixou, que aumenta a despeza pública, que cai a quatro patas em cima das pessoas (isto é socialismo, e do mais primário), que aumenta brutalmente os impostos, que lança projectos magalómanos, ruinosos e inviáveis (outra característica do socialismo), que não pôs em prática nada do que propagandeou (o PRACE é uma miragem, o Simplex ninguém sabe o que é), que condiciona a informação, que, saloio e fadista, lambe as botas ao Bill Gates, que não cumpriu uma só das promessas eleitorais que fez, que mentiu e mente a torto e a direito, que anuncia o “fim da crise”, que “não sabe” que a electricidade vai aumentar, que manda soldados para o Líbano servir o Ezebolá, que, que, que…
Tenho pena que os democratas do centro e da direita (Marcelo, Ribeiro e Castro e Nobre Guedes são os citados pela senhora, mas há muitos mais), por ódios menores internos ao seu próprio meio, não queiram perceber o que se perdeu nas últimas eleições e tenham este comprazimento em elogiar, não o adversário (o que se poderia entender, se fosse justo e merecido) mas a falácia socialista que nos governa, em persistir em dar tiros no pé, em se rever na sua inoperância, em não dar pelas suas carências ideológicas, em não ultrapassar os seus medos, em não ter imaginação nem sentido crítico.
Percebe-se que os últimos saudosistas do salazarismo “apreciem” a “autoridade”, o “cortar a direito” e outras qualidades do senhor Pinto de Sousa (Sócrates). Apreciam tudo o que for anti liberal. É normal. Está-lhes na massa ideológica.
As distintas autoridades que temos proporcionaram ao DN uma reportagem sobre a aplicação do novo regime do arrendamento.
Pode ler-se nela, ou concluir-se dela:
a) Que está tudo atrazado;
b) Que a regulamentação se encontra em elaboração;
c) Que talvez lá para Março as coisas comecem a mexer;
d) Que as novas rendas, na maior parte dos casos, serão faseadas ao longo de 10 anos;
e) Que o aumento do IMI é imediato.
Para “esclarecimento” do povo, as distintas autoridades que temos remetem para um sítio na internet, www.portaldahabitacao.pt . É de experimentar. Uma delícia. O portal presenteia o respeitável público com um impresso “simplificado”. Vejam pelos vossos olhos a simplificação. É notável. Mais. O impresso não serve para nada, isto é, não é possível preenchê-lo na net. Quem quiser que o leve à câmara, às finanças, mais não sei onde. Nem as câmaras, nem as finanças, nem o não-sei-onde o recebem, porque não sabem do que se trata.
Saibam ainda que tudo (as avaliações destinadas a aumentar as rendas em 10 anos e a aumentar o IMI já) será devidamente tratado por umas comissões – que ainda não existem – onde os interesses dos inquilinos e dos senhorios serão acautelados por representantes das “respectivas” associações. Quer dizer: se você for inquilino, mas não pertencer à “respectiva” associação, será “representado” por ela, quer queira quer não. O mesmo se você se atrever a ser um senhorio não arregimentado, isto é, ver-se-á “representado” por uns tipos que não sabe quem são e a quem não deu procuração para coisíssima nenhuma.
A filosofia do Simplopliploplex introduz um novo instituto, que consiste num mandato em que o mandatário não foi mandatado mas manda na mesma, em nome de um mandante que não o mandatou.
À atenção dos pensadores, dos teóricos e dos filósofos do Direito.
Aqui há uns dois anos, aquele rapazola com olho de pescada que comanda a mesnada do PC na Assembleia declarou que a Coreia do Norte é uma democracia. À altura, houve quem pensasse que o fulano ia ser corrido. Não foi. Pelo contrário, ficou, e de pedra e cal. Só tinha dito a verdade, coitadinho.
Desta vez, os rapazes foram ainda mais longe. Em socorro das bombas do camarada Kim Il Sung, o Avante! veio dizer que são óptimas, que dão imensa segurança ao povo, que se destinam a matar os maus, a defender os bons e a fornecer ao orbe o equilíbrio estratégico que tanta falta lhe faz.
Que interessa que a Coreia do Norte seja a mais hedionda ditadura do planeta? Que interessa que os “cidadãos” do país morram de fome aos milhões porque o regime só tem paparoca para a nomenclatura? Que interessa que seja o chamado Ocidente, sempre generosamente estúpido, quem vai dando, dado, algum pãozito para a barriga das “massas” que vivem sob o azorrague do comunismo zuchista? Nada, não interessa nada. O importante, para o PC, é que a ideologia por lá em vigor é a sua, e que a sua ideologia é a única coisa verdadeiramente importante deste mundo, independentemente dos seus abomináveis resultados.
Fundamentalismo na sua expressão mais sórdida e mais primitiva.
Tudo tem o seu lado positivo. Pode ser que alguns dos filiados dos sindicatos dominados pelo PC percebam que os seus dirigentes se estão nas tintas para o seu bem estar e não perseguem outros objectivos que não os da defesa da ideologia, doa a quem doer, a começar pelos seus associados. Pode ser que alguns percebam que é a defesa da ideologia a culpada de grande parte das “derrotas” que têm sofrido.
Não sei porque estou hoje tão optimista. Algum ataque de estupidez.
Já que tenho hoje o PC na berlinda, apraz-me registar a nobre reacção do povo comunista de Viseu à hipótese de fundação de um museu dedicado ao autocrata Salazar.
Aproveito o ensejo para renovar a proposta, que inseri noutro post, de integrar tal museu no da República, uma vez que o dito senhor personifica a mais longa fase do regime. Far-se-ia a devida justiça às Repúblicas, a primeira e a segunda, responsáveis pela destruição do regime democrático em Portugal, em vez de deixar de fora aquele que é o seu mais lídimo, significativo e duradouro representante.
O senhor Pinto de Sousa (Sócrates) teve a subida honra de apresentar à Nação o seu orçamento para 2007.
Independentemente das ignóbeis medidas que o documento consagra, é visível à saciedade que a sua mais importante, senão única, motivação, é a da redução do défice público.
Mais uma vez Pinto de Sousa (Sócrates) se desdiz, sem pudor, sem vergonha, sem dignidade. Quem não se lembra dos programas, na RTP, que punham frente-a-frente dois jóvens políticos - Santana Lopes e Pinto de Sousa (Sócrates) - que, à altura, ninguém imaginava viriam a ser primeiros ministros? Discutia-se, ao tempo, e não há tanto tempo assim, a negregada política, aliás bem sucedida, de contenção orçamental da drª Manuela Ferreira Leite. Com a virulência mecânica que o caracteriza, Pinto de Sousa (Sócrates) anatemizava as ideias da senhora, a quem, semanalmente, acusava de cegueira, de dar primazia ao problema orçamental em prejuízo das questões sociais e económicas, de arruinar o país e os portugueses com medidas violentas sem outra intenção ou outro horizonte que não fosse o da contenção do défice pela contenção do défice.
O mesmo veio a acontecer com, ou contra, Santana Lopes/Bagão Félix e a sua política orçamental, aliás também bem sucedida, acusada de ser mera continuação da de Manuela Ferreira Leite.
Não houve pecado que não fosse atribuído a tais políticas. Infelizmente para o senhor Pinto de Sousa (Sócrates), em termos orçamentais os objectivos dos governos Barroso/Santana foram, nos limites da fasquia europeia, conseguidos, sem que os sacrifícios exigidos à sociedade tivessem qualquer comparação com os que ele agora exige, isto para ficar dentro dos limites de fasquia bem mais modesta, e mais de cinquenta por cento para além da dos seus antecessores.
Alinhando, do alto do seu cargo, com a oposição, o senhor Presidente Sampaio entrou na luta lado a lado com Pinto de Sousa (Sócrates). É dele a célebre frase "há vida para além do défice", em si mais demolidora do que qualquer discurso parlamentar ou qualquer comentário de jornal.
Agora que, para atingir o nobre objectivo de rebentar com todas as escalas europeias, o senhor Pinto de Sousa (Sócrates) se atira como um lobo esfaimado à fazenda e ao bem estar dos seus concidadãos, sobretudo os mais fracos, onde está o dr. Jorge Sampaio? Parece que deixou de existir. Terá falecido?
Talvez desde os tempos do Marquês de Pombal, ou da segunda fase do seu mandato - quando o primado do Estado atingiu o auge - que os portugueses vivem, de uma forma ou de outra, com uma justificação ou outra, “aculturados” por essa colossal entidade, em princípio criada para os servir, mas que se serve deles e lhes paga com empregos, com benesses, com subsídios, com nepotismos vários, e se substitui a eles na obtenção e concessão dos meios que, em princípio, por eles deviam ser gerados e geridos.
Avessos à evolução, os portugueses preferem “avançar” com base em roturas. Mas, apesar delas ou seja qual for o seu sentido, o primado do Estado mantém-se, a sua missão de guardião das liberdades individuais sossobra perante a afirmação da sua majestade.
Vem isto a propósito da presente “guerra” que se trava no Porto, entre um grupo de “agentes culturais” e a Câmara Municipal, sobre a gestão do teatro Rivoli.
É que a CMP, para o efeito figurando o Estado, a coisa pública, parece que quer entregar o teatro à iniciativa privada, acabando com a política de subsídios a fundo perdido que vinha a ser seguida, ou seja, abrindo uma brecha nas suas “obrigações” socias e culturais.
A coisa está de tal forma quente que já vi escrito que a Câmara “demite-se totalmente da gestão do seu principal teatro municipal… resumindo o Porto a uma expressão assumidamente paroquial”.
Não consigo enxergar em que medida é que o tal teatro, por ser gerido por privados, resumirá o Porto a uma expressão paroquial, ainda por cima “assumidamente”. Confesso que nem percebo bem o português do comentador. Cito-o por ser paradigmático quanto à virulência da “justa indignação” do “povo”.
Haverá quem diga que os protestantes são do PC, do BE, ou similares. Julgo esta análise errada, por redutora.
Os protestantes encaram o problema à portuguesa: são “agentes culturais”, por conseguinte “têm o direito” a ser pagos pela coisa pública. É um raciocínio comum. A coisa pública é dona, patroa, de nós todos. Portanto, tem que nos pagar, subsidiar, gerir. Tudo isto por uma questão de princípio, e até que a morte nos separe.
Os portugueses são avessos ao risco, não admitem o seu próprio insucesso nem estão preparados para aguentar as consequências negativas do que fazem. Aliás, é por partirem do princípio fadista de que não têm nem terão “sorte”, que preferem o guarda-chuva estatal (ou camarário, tanto faz) à assumpção da iniciativa e às suas possíveis consequências.
A “qualidade” dos “agentes culturais” em fúria é bem documentada por uma fotografia que um jornal ontem publicava: uma protestante menina empunhando um cartaz onde se lia qualquer coisa como O Rivóli (sic) é nosso. O acento agudo chega para avaliar, sem temer erros de análise, quem está envolvido na luta.
Mas não é, nem especialmente nem sobretudo por se estar perante um grupo de analfabetos que o assunto merece comentário. Lembro-me de, aqui há uns anos, a propósito de uma questão semelhante, ter lido que o actor/encenador Luis Miguel Cintra - que, obviamente, não escreve Rivoli com acento agudo - por ser “criador”, se acha no “direito” de ser pago pelo Estado.
É neste género de estúpida ilusão que vivemos, sendo legítimo presumir que, a este respeito, não há nada a fazer. É que a coisa funciona nos dois sentidos. A Câmara do Porto não teve mais que uma crise de soluços.
O dia 18 de Outubro deveria passar a ser feriado nacional. Comemorar-se-ia a maior série de asneiras seguidas, ou simultâneas, do governo do senhor Pinto de Sousa (Sócrates) e, Deus queira, o princípio do desmascarar da sua mesnada.
Deixemos o orçamento para outra oportunidade. Vamos por partes.
Ele foi a despedida da tropa (v. post desta data), ele foi a história das SCUTS (v. post seguinte), ele foi, maravilha das maravilhas, o que se passou sobre a história do aumento da electricidade. Para quem ainda não se espantou nem indignou com o governo que temos, acabaram as desculpas.
É assim: a electricidade vai aumentar… dezasseis por cento!
Porquê? O ministro da economia não sabe. Coitadinho. Pelo contrário, confessa-se “surpreendido” com a notícia, proveniente de uma tal ERSE, com quem o Governo não deve ter contactos. É normal. Ele, coitadinho, que só tem boca para anunciar maravilhas, para dizer que a crise já lá vai, que vamos todos ficar a nadar em dinheiro, ele não sabia, coitadinho, de nada. Ainda esperei que afirmasse que isso dos 16% é uma ninharia, e que devíamos todos ficar muito agradecidos por ser tão pouco.
Mas não: o encarregado de, por outras palavras, vir dizer tal coisa, foi um secretário de estado qualquer, como segue: a “culpa” do aumento é… “dos consumidores, que estiveram vários anos a pagar menos do que deviam” (sic). Os consumidores são uma corja. Deverá a corja, como é de inteira justiça, a passar a pagar o preço “justo”, devidamente acrescido dos “juros” relativos ao passado.
A exemplaridade das declarações destes dois ilustres membros do Governo daria, num país civilizado, para o fazer cair. Por cá, nem pensar.
A electricidade em Portugal já era, mutatis mutandis, mais cara do que na maioria dos países de que andamos a orgulhar-nos de ser “parceiros”. Note-se que, de uma forma ou de outra, todos eles utilizam energia nuclear, coisa que por cá, segundo o nosso bem amado primeiro ministro, “não está na agenda”. Competirá, como é óbvio, normal e natural, aos culpadíssimos consumidores pagar as opções de agenda do senhor Pinto de Sousa (Sócrates).
A EDP, que se saiba, não apresenta prejuízos. Mesmo assim, é de compreender que almeje, coitada, ter mais uns lucrozitos, dados os aumentos dos custos de produção e as indexações em vigor. Ainda por cima, diz-se, vai haver umas vendas, uma trocas de titulares do capital, coisas deste género. Mais uma vez, como é de inteira justiça, deverá a corja contribuir para as valorizações que se tornarem necessárias ao “bom funcionamento” e à “transparência” do mercado. Isto é tão óbvio, tão claro, que a ninguém devia ser dado recalcitrar.
E o Mibel? Essa mezinha que ia dar a todos os portugueses triliões de quilouotes por dois tostões. Como é de compreender, trata-se de uma questão cuja tecnicidade a põe ao abrigo da compreensão da corja.
Ou muito me engano, ou, em matéria de dignidade, fiabilidade, honorabilidade, estamos (quase) a bater no fundo.
Ontem, em todos os telejornais, ou quase (eu vi-o, e ouvi-o, três vezes) apareceu o ministro das obras públicas a explicar que isso das SCUTS era coisa que já tinha dado o que tinha a dar, mas por partes.
Não há um único português – nesta altura do campeonato tenho a impressão que até o deputado Cravinho já percebeu – que não saiba que as SCUTS foram uma asneira brutal, prejudicial, demagógica, inútil e injusta.
Não há um único português – nesta altura do campeonato tenho a impressão que até o deputado Cravinho já percebeu – que não saiba que nenhum dos apregoados efeitos benéficos das SCUTS, em termos locais, se verificou.
Não há um único português – nesta altura do campeonato tenho a impressão que até o deputado Cravinho já percebeu – que não saiba que quem se farta de rir com as SCUTS são os turistas que vêm a Lisboa, os tipos que vão aos touros a Espanha e quejandos. Conheço um inglês que anda sempre para baixo e para cima e que me pergunta porque é que tem que pagar pelos trinta quilómetros de Cascais a Lisboa, e não paga nada pelos outros trezentos, ao que lhe respondo que o melhor é deixar de fazer esforços para perceber as nossas particularidades, isto para não dizer que sofremos de inultrapassável e visceral estupidez.
Não há um único português – nesta altura do campeonato tenho a impressão que até o deputado Cravinho já percebeu – que não saiba que os custos das SCUTS são incomportáveis para o país, e que vamos todos (sobretudo os “mais desfavorecidos”, que o socialismo diz proteger) pagar com língua de palmo as viagens do inglês, dos aficionados e dos demais utilizadores das borlas do deputado Cravinho e do PS que a sorte nos deu.
Arrisco uma opinião, quiçá abusiva e condenável: o deputado Cravinho já percebeu, mas não dará o braço a torcer. Pelo contrário. Primeiro ele, depois o interesse dos cidadãos.
Quase me esquecia de que isto vem a propósito da insistente presença do preclaro ministro, antigo destacado militante do PC, nos telejornais de ontem.
Desde a campanha eleitoral que os altifalantes do senhor Pinto de Sousa (Sócrates) apregoam aos sete ventos que jamais se virão a pagar portagens nas SCUTS, ideia absurda de medonhos santanistas sequiosos de sacar algum ao povo. Não! Nem pensar! É um ponto de honra, um inultrapassável compromisso, uma benesse socialista que ninguém se deveria atrever a pôr em causa.
Agora, vem o ministro dar a cara pela taxação de algumas SCUTS, não todas (por enquanto, digo eu).
E, horribile visu, Sua Excelência encontrou, no programa eleitoral e de governo do senhor Pinto de Sousa (Sócrates), uma linha onde se pode pendurar a decisão. Notável.
Como é evidente e decorre do que acima digo, acho que ou há moralidade ou comem todos. Por conseguinte, julgo que, simplesmente, não devia haver SCUTS.
O problema não está nas novas portagens mas na brutal indignidade das aldrabices do Governo.
Em matéria de SCUTS, ou me engano muito ou só estamos a ver a ponta do iceberg.
Em matéria de desfaçatez, temos o melhor governo do século.
Uma nota ainda sobre os magníficos jornalistas que temos. Todos os que vi insistiam com Sua Excelência sobre o facto de as SCUTS ora taxadas serem no Norte, melhor dizendo, à volta do Porto. Não seria isso uma provocação ao bom povo da ridente e produtiva Região Metropolitana? Isto, para os chamados jornalistas, era o que havia a explorar. Que se lixem as incongruências do Governo. Nada melhor que aproveitar a oportunidade para arranjar mais uns gritos da morcãozada contra o centralismo de Lisboa. Uns discursos do Pinto da Costa y sus muchachos vinham mesmo a calhar nesta altura. Davam umas manchetesinhas que venderiam imenso. Nenhum dos ditos jornalistas teve a hombridade de dizer o que, em matéria de portagens, se passa cá por baixo. O ministro, é claro, arranjou umas “estatísticas” esfarrapadas, e pronto. Serviço público.
Bem espicaçada pelos media, e enquanto renderem, espera-se as manifestações de “justa indignação” do povo do Bolhão.
NB. Eu não dizia?. Hoje, a manchete do Diário de Notícias – primeira página, cinco colunas - é sobre as guerras a propósito das SCUTS. O aumento da electricidade aparece na página 6 do suplemento de economia, sem chamada no caderno principal e sob o exemplaríssimo título “Governo estuda forma de minorar aumento dos preços da electricidade”.
A tropa que vai para o Líbano fez a sua cerimónia de despedida. Discretamente, o Governo não se fez representar.
O que mudou?
O ilustre ministro andava em Moscovo, sabe Deus a fazer o quê. Os secretários de estado (quem são?) não constam. A tropa reagiu disciplinadamente. Diz-me o mindinho que os generais ficaram ofendidos, o que terá efeitos ao retardador, como é óbvio.
Ou será que Portugal manda tanta tropa para as sete partidas do mundo, que a coisa se tornou corriqueira e os soldados já nem um abracinho de despedida merecem?
Obs. De qualquer maneira, a projecção universal desta grande potência fica garantida. O Ezebolá, rapaziada patriótica, agradece.
II
Quem passeia para os lados do Alqueva tem esta magnífica sensação: do lado espanhol, estendem-se campos verdejantes, devidamente regados com a água que tanto nos custou a “embalsar”; do lado de cá, rega não há. Rima, e é verdade.
Estará o Governo a juntar dinheiro para a Ota?
III
A cidade está pejada de cartazes onde aparecem, lado a lado, o Vasco da Gama e a Rosa Mota, o Senhor Dom Afonso Henriques e a Amália. É só escolher.
A propósito do meu post “Floresta de Enganos”, que se segue a este, aqui vai uma história exemplar, e verdadeira, bem marcante da forma como o senhor Pinto de Sousa (Sócrates) se atira às pessoas como um lobo esfaimado:
Umas boas centenas de milhar de donas de casa receberam das Finanças uma cartinha registada a exigir a entrega do “modelo 10” relativo a 2005.
É evidente que nenhuma dona de casa, enquanto tal, sabe o que é o modelo 10.
Vai às Finanças. É-lhe é dito que se trata de um papel destinado a declarar os ordenados das empregadas domésticas. Às espantadas cidadãs, é acresentado que não têm desculpa por não conhecer tal obrigatoriedade, uma vez que vem expressa no Código do IRS. Lapidar.
A coisa passa-se assim:
As empregadas domésticas que são cumpridoras fazem a decleração do IRS. As patroas que são cumpridoras pagam a segurança social das empregadas. O Estado, por estas vias, ou por uma delas, resolve fazer as necessárias verificações. Então, embora o tal Código já esteja em vigor há uns anos, resolve, este ano pela primeira vez, mandar a cartinha.
Para quê? Para verificar se as empregadas domésticas declararam ao Estado rendimentos inferiores aos auferidos? Não, até porque é evidente que as patroas, quando são informadas do que se trata, pedem às empregadas a sua declaração, e escrevem no modelo 10 exactamente o mesmo que as empregadas. Por aqui, como é evidente, o Estado não tem nada a ganhar.
Então porque é que gasta dinheiro a escrever cartas registadas às pessoas?
Por zelo burocrático? Não.
Para ver se vai buscar uns cêntimos aos bolsos das funcionárias? Nem pensar.
O mistério resolve-se da seguinte forma:
Como as pessoas que receberam a cartinha deviam ter entregue o modelo 10 até Fevereiro, e não o fizeram, as Finanças aplicam-lhes a pastilha: 50 Euros de multa!
Veja-se, admire-se, louve-se, a esperteza, a inteligência do socraticóide poder: já que as funcionárias domésticas, por motivos óbvios, não rendem nada em termos de imposto de rendimento, vai de ir arranjar uma catraca para sacar algum às patroas. Num cálculo quiçá abusivo, se admitirmos a existência de meio milhão de patroas nestas condições, teremos a módica receita de 25 milhões de Euros.
Genial!
Se acresentarmos a isto que os vencimentos do pessoal doméstico, ao contrário de todos os outros, não são dedutíveis em sede de imposto de rendimento, teremos o quadro completo.
Não há como Pinto de Sousa (Sócrates) para promover a justiça fiscal!
Muito boa gente, insuspeita de simpatias socialistas , isto é, de simpatia pelo PS, anda para aí a louvar a coragem, a determinação, a frontalidade do senhor Pinto de Sousa (Sócrates), que toma medidas que ninguém mais foi capaz de tomar, que combate os privilégios das corporações, que diminui a despeza e aumenta a receita, um homem como deve ser, que domina o défice e vai cumprir as metas a que se comprometeu, enfim, um coro de louvaminhas pouco comuns.
Permito-me discordar. Nunca tive medo de estar na contra-corrente, e aceitei sempre pagar o preço que isso custasse. Na fase da vida em que estou, ainda por cima, já não pago preço nenhum.
Assim, deixem-me discordar à vontade.
No que ao défice diz respeito, a única verdade provada é a seginte:
Portugal, antigo bom aluno da Europa (consulado Cavaco) pôs as contas do Estado dentro dos critérios do pacto de estabilidade (défice até aos 3% do PIB). Veio Guterres, começou a gastar dinheiro como um doido, e ultrapassou os 3%. Uma desgraça. Veio Barroso, aumentou o IVA de 17 para 19%, vendeu umas coisas, fez umas “gestões” contabilísticas, e o défice voltou aos carris. Veio Santana e, sem aumentar fosse que imposto fosse, fez umas transferências, e ficou-se pelos 2,9%. Poderão dizer o que quiserem, poderão anatemizar as receitas extraordinárias, poderão odiar o senhor (Santana) à vontade (a esquerda é o que é, a direita, para tiros no pé, tem uma pontaria invejável), poderão dizer que a situação das finanças públicas era insustentável, que vinham aí dias terríveis, mas a verdade continuará a sê-lo, quer queiram quer não. O défice ficou abaixo dos 3%, continhas certas, devidamente aprovadas pelos ilustríssimos tecnocratas da UE! O resto são fantasias, elocubrações teóricas, exercícios de futurologia, ou puras aldrabices.
Veio Pinto de Sousa (Sócrates), e tudo mudou. Começou por inventar um défice da 6,83% - pura ficção – para agora vir dizer que o vai baixar para 4,6. Nunca será demais dizer que o que Pinto de Sousa (Sócrates) vai fazer, se o conseguir, é aumentar o défice de 2005 (2,9%) para os tais 4,6 , isto é, em vez de o diminuir, vai aumentá-lo em 1,7%, ou seja, em relação ao pacto de estabilidade, o défice de 2006 vai ultrapassar os critérios em nada menos que 57%!!!
Para chegar a este brilhante resultado, e a mero título de exemplo, o que fez o senhor Pinto de Sousa (Sócrates)?
- Aumentou o IVA;
- Aumentou os impostos sobre os produtos petrolíferos;
- Aumentou, via manobras diversas, o IMI;
- Baixou as pensões;
- Acabou com as isenções fiscais;
- Aumentou o IRS;
- Fechou maternidades, serviços de urgência, escolas…
- Diminuiu o investimento público;
- Declarou que só pagará a quem deve, se pagar, quando muito bem lhe der na gana,
e,
apesar de tudo isto,
é discutível que tenha baixado as despezas do Estado, havendo sérias dúvidas sobre se não as terá aumentado, e muito!
Tudo somado, continuam as boas e felizes almas a dizer maravilhas, que atacou as corporações, que se atirou aos “previligiados”, que moralizou a vida pública, que promoveu a ciência e a tecnologia, etc., etc..
Até se diz, e o senhor Pinto de Sousa (Sócrates) é o primeiro nos megafones, que a economia está a crescer por virtude das corajosas, inteligentes e bem sucedidas medidas por ele tomadas.
Há quem confesse que o miserável crescimento da economia portuguesa se deve, exclusivamente, ao aumento das exportações. Mas falta quem sublinhe que, se assim é, e é assim mesmo, o crescimento se deve exclusivamente ao aumento da provura, via cresciemento dos clientes externos, não ao nosso!
Vivemos numa floresta de enganos, num mar de aldrabice, de “lata”, e de propaganda.
Quando é que as boas almas começam a perceber isto? Quando é que, fora do campo dos partidos comunistas (há três no parlamento), que atacam as medidas o senhor Pinto de Sousa (Sócrates) por serem de “direita” (???), aparecerá quem clame que o rei vai nu?
Tecem-se por aí os mais rasgados encómios à Academia Sueca, por ter dado o Nobel da Paz a... um economista.
De repente, descobriu-se que o micro-crédito é um remédio óptimo para a pobreza, chegando-se so ponto de até o Senhor Presidente da República Portuguesa vir à televisão apanhar o combóio dizendo que é grande amigo do premiado!
Estou de acordo com tudo. O premiado é um herói. Se é verdade que tirou muito gente da miséria, se é verdade que pôs muito gente a trabalhar para si própria - novos capitalistas, dirá, inteligente como é, o camarada Jerónimo - o homem merece todos os elogios pelo sistema que inventou, merece prémios, merece admiração, merece tudo!
Posto isto, julgo que o facto de lhe ter sido dado o Nobel da Paz, em vez de outro qualquer - o da economia, por exemplo - merece alguma reflexão.
É que a essa escolha subjaz uma premissa mais que discutível: a de que a saída da miséria promove a Paz, ou, dito de outra maneira, que a miséria é a causa da ausência de Paz.
Não foi por ser mais miserável que os demais que Napoleão quis conquistar a Europa.
Não foi por os alemães serem um povo miserável que Hitler entrou na Áustria, tomou os Sudetas, invadiu a Polónia...
Modernamente, não eram miseráveis, bem longe disso, os fulanos que se espetaram contra as Torres de Nova Iorque.
Os terroristas que destruiram o combóio espanhol tinham emprego, segurança social, reforma garantida, casa... os canalhas do metro de Londres a mesma coisa.
Não é miserável o senhor Bin Laden nem os seus apaniguados.
A esmagadora maioria das sociedades verdadeiramente miseráveis não são ninhos de terroristas nem invadem o parceiro.
Se o Irão prepara bombas nucleares e ameaça destruir Israel, tal não se deve à fome ou à miséria da população.
Por outro lado, também é facto que um dos países mais miseráveis do mundo - a Coreia do Norte - é, simultâneamente, uma ameaça à Paz.
Também é facto que há bombistas suicidas que, para além dos putativos prémios que os esperam no céu de Alá, recebem uns dolarezitos para a família antes de se imolar, assassinando quem estiver por perto.
A ausência de Paz é fruto de dois elementos que, enquanto tal, podem não ser um mal: o Poder e a Ideologia.
O niilismo fundamentalista (a ideologia) não é fonte de insegurança e de guerra por nascer das condições de miséria dos povos, mas do "conhecimento" da verdade "única" que, como tal, é justo impor a terceiros. As massas pobres podem servir de carne para canhão aos detentores da "verdade", mas não são elas a razão primeira dos males que causam.
A vontade de domínio (o poder) não advém da sede que dele têm os miseráveis, mas da insatisfação permanente que dele é própria.
O Poder insatisfeito e a Ideologia totalitária/fundamentalista, ou, as mais das vezes, a explosiva mistura de ambos, podem servir-se dos pobres para os seus fins, contra a Paz e a Segurança de terceiros. Mas nem sempre precisam de tal matéria-prima, nem é, repito, essa matéria prima o que está na origem do problema.
Por isso que a insistência de tantos pensadores - os da Academia Sueca, por exemplo - em estabelecer uma relação, virtualmente exclusivista, entre a miséria e a ausência de Paz, seja um erro crasso e um perigoso desvio da inteligência crítica.
Fazer os impossíveis por acabar com a pobreza, como fez o economista do Bangladesh, sim senhor, e já!
Cometer erros infantis quanto à razão das coisas pode ser, para quem os comete, uma boa acção. Mas equivale, para quem quiser pensar a Paz, a pôr as coisas de pernas para o ar.
A manifestação “generalista” de ontem, inspirada pelo PC, do tamanho do estádio nacional, e a de há dias, mais “pluralista”, dos professores, que encheria o do Belenenses, merecem alguma reflexão.
Uma e outra tiveram inesperada adesão, com a habitual guerra de números, uns a dizer que eram muitos, outros que não tantos, etc. Indiscutível é que foram expressivas e que não há quem lhes não encontre fundamentos, ou seja, quem não compreenda, à esquerda e à direita, as razões da turba-multa que se sente prejudicada pelas medidas do senhor Pinto de Sousa (Sócrates).
Para quem se sinta impressionado com as mobilizações conseguidas, uma realidade de sinal contrário deve entrar no prato da balança: as sondagens. Estas continuam a mostrar, clara e unanimemente, que o senhor Pinto de Sousa (Sócrates) continua firme à cabeça de todas as apreciações populares e ganharia, com larga margem e maioria absoluta as eleições, se as houvesse neste momento.
A democracia das urnas, que é a propriamente dita, diz o contrário da das ruas. Pinto de Sousa (Sócrates) está bem e recomenda-se, o eleitorado continua a apoiá-lo sejam quais forem as mobilizações do senhor Carvalho da Silva, alter ego do camarada Jerónimo, e as histerias dos professores, sedentos de diuturnidades e promoções à papo-seco.
É bom que as novas gerações, as que não assistiram à revolução leninista de 1975, percebam que, ao longo da história, muitos regimes mais ou menos decentes foram abatidos por manifs e substituídos por hediondas ditaduras.
Não é um mal em si que, quem o queira fazer, se manifeste nas ruas. O mal está em deixar-se impressionar por isso, ou deixar que as minorias barulhentas acabem por usurpar ou enfraquecer o poder democraticamente eleito.
Em Portugal existe, a título obrigatório, uma coisa abstrusa que se chama “democracia participativa”, uma cavilhasinha de “poder popular” deixada na Constituição, bem a jeito, pelos esquerdoidismos da época revolucionária. Em si, a expressão até é bonita. Mas parte de uma (propositada) confusão entre o direito que a cada um assiste de participar na vida pública – uma consequência da liberdade de pensamento e de expressão – e o exercício do poder, esse dependente e legitimado pelas urnas, que não pelas opiniões do dia-a-dia, por mais mobilizadoras que sejam.
Não me sinto feliz por ser governado pelo senhor Pinto de Sousa (Sócrates). Espero, quer dizer, tenho esperança que uma alternativa democrática o venha a apear, e quanto mais depressa melhor. O que não quer dizer que o homem, apesar de mentiroso e insuportável, não tenha todo o direito a exercer o poder. Desejo que se não deixe amedrontar pelas ruas e que perceba que não é delas que lhe vem a legitimidade.
As socraticóides invectivas contra a Madeira, bem como as ameaças desbragadas do dr. Alberto João, tiveram o perverso efeito de fazer com que ninguém percebesse o que está, exactamente, em causa.
Do lado de “cá”, entendido o lado de cá como o do sr. Pinto de Sousa (Sócrates) – t’arrenego!, a coisa é simples: a Madeira atingiu um estado de desenvolvimento que já lhe não permite usufruir das ajudas financeiras do costume.
Do lado de lá, quer dizer do lado do sr. Jardim, o problema resume-se a puro “colonialismo”, incompetência, sanha política de vingança do PS, uma corja, uma cambada, uns finórios sem escrúpulos, enfim, coisas que fazem parte do léxico do senhor, e que não saberei repetir.
O deputado Silva, eleito na Madeira, veio, num telejornal qualquer, levantar uma ponta do véu sobre esta história. Parece que do que se trata é de uns compromissos financeiros do governo regional, assumidos na vigência da Lei anterior (uns meros 150 milhões de Euros…), a que a Lei em discussão recusa consagrar cobertura. Vistas as coisas assim, parece evidente que a Madeira teria o direito de contraír a dívida quando a contraíu, assim como teria, em face da lei em vigor à data, legítimas expectativas de ver a sua cobertura consagrada. O mais que se pode dizer é que o sr. Alberto (como soe dizer-se nestes tempos de má educação) contou, coitado, com o ovo no rabinho da galinha. Talvez o não devesse ter feito, mas não é grave se o fez.
Certo é que não se trata de novo endividamento. A Madeira parece não exigir mais que a cobertura de compromissos legalmente contraídos, durante a vigência de uma lei que o permitia.
Foi isto o que julgo ter ficado a perceber depois de ouvir o deputado Silva.
Nesta guerra, se há a tal história da contenção das despezas públicas, blá, blá, blá, não pode, também, deixar de haver um tratamento “específico” da Região Autónoma da Madeira. Donde, o senhor Jardim tem todo o direito à indignação. Tanto mais que o seu colega açoreano está contentíssimo com o que vai receber por virtude da mesmíssima lei que recusa à Madeira os tais cento e cinquenta milhõesinhos.
Já que se não vence o homem pelos votos, que se vença pela fome.
Ao contrário do senhor Pinto de Sousa (Sócrates) – v.g. casos Ota e TGV – não será, ao senhor Jardim, permitido fazer omeletes sem ovos.
O Diário de Notícias, hoje, descobriu a pólvora. Portugal é o país da Europa que mais tem aumentado os impostos nos últimos vinte anos. Nada menos que dez por cento em relação ao PIB.
Dirão os socraticóides que a coisa se justifica pela imperiosa necessidade de reentrar nos limites do pacto de estabilidade. Coisa que, nos bons tempos do PSD/CDS, poderia ser consequente, dado que, nesses dourados anos, o défice se manteve, de facto, em tais limites, apesar das invectivas do dr. Sampaio e da demais oposição.
O senhor Pinto de Sousa (Sócrates), nesta matéria, seguiu um caminho exemplar: Começou por mandar calcular um défice putativo, como quem diz: se não me vestir fico nu; se não fizer pela vida, morro à fome. Lapidar. Calculada a coisa com a extremosa colaboração de Sua Excelência o Governador do Banco de Portugal, logo o senhor Pinto de Sousa (Sócrates) veio proclamar que os governos anteriores tinham deixado a Nação a pão e laranjas, com um défice astronómico, uma coisa insustentável. E como a moral socialista é contra as receitas extraordinárias, horroroso pecado, vai de cair em cima do pessoal com impostos.
Tudo aldrabice. Desde o governo socialista do Engª Guterres que Portugal não ultrapassava, em défice das contas públicas, os 3% do PIB. Tudo verificado e aprovado pelas distintíssimas instituições Europeias. As contas Barroso/Santana Lopes estavam, direitinhas como um fuso, dentro dos critérios estabelecidos. À rasquinha, dir-se-á. Mas estavam. Factos são factos. O resto é conversa, é paleio político de gente que não sabe o que faz e se escuda com inventados erros de terceiros.
Os resultados estão à vista, e são hoje objecto da manchete do DN. Só é pena que os comentadores de serviço não tirem daí as mais óbvias consequências políticas.
O endividamento dos portugueses continua a fazer as delícias dos comentadores, sempre tão prontos a falar do problema, sempre tão parcos em lhe descobrir as causas.
Há dias, li uma senhora que escrevia que “as autoridades financeiras e governamentais insistem em ser mais liberais que os liberais e em abandonar à sua sorte um país maioritariamente marcado pela ignorância económica”.
À excepção dos infelizes, por falsos, adjectivos com que qualifica as autoridades financeiras, a senhora, de um modo geral, até tem razão e, pelo artigo fora, vai aflorando algumas coisas sérias e bem observadas.
O problema é que a senhora não percebe que o que há não é liberalismo a mais, mas exactamnente o contrário.
Nas economias liberais o destino das poupanças é livremente escolhido pelos seus donos, e vai direitinho para a economia, para os fundos de pensões, para a bolsa, para a dívida pública, isto é, cada um, liberalmente, escolhe o destino do que poupa, sem ser “empurrado”, pelo Estatdo e pela banca, para um objectivo único. Em Portugal, sobretudo por intervencionismo anti-liberal do Estado (irracional e oportunisticamente aproveitado pela banca), as poupanças da classe média, maioritariamente média-baixa, como é óbvio, são canalizadas, socialisticamente, para um fim único: o da habitação dita “própria”.
A destruição, persistente, continuada, violenta, do mercado de arrendamento, conduziu a esta extraordinária realidade: é, ou parece, mais “rentável” comprar uma casa do que investir na economia ou até, estranhamente, no futuro de cada um. Esta falácia foi objecto de isenções fiscais e dos mais diversos “impulsos” do estado socialista, o que levou os portugueses à triste ilusão de que a chamada casa própria é uma espécie de objectivo primeiro de uma vida. A ninguém foi explicado que o que fica para uma vida inteira é um buraco mensal obrigatório, uma machadada na mobilidade de cada um, uma rigidez em si contrária à própria natureza humana, no que esta tem de mais interessante: a variedade de opções. A habitação deixa de ser um elemento dinâmico, a variar ao sabor da boa ou má sorte, dos altos e baixos da vida, do alargar e encurtar das famílias, para passar a constituir uma espécie de mausoléu, nas prateleiras do qual se arrumam pais e filhos, sejam quais forem as oportunidades e os azares da vida de cada um.
Desgraçadamente, as pessoas, ao optar por se “enfiar” numa hipoteca eterna, têm alguma razão. Vejamos porquê.
Apesar das sucessivas “reformas” do regime jurídico do arrendamento urbano, a situação não conheceu melhoria. Pior. Criou-se, e mantem-se, um duplo regime. De um lado, os inquilinos vitalícios, os arrendamentos transmissíveis(!), com habitação a custo zero – a situação está longe de se poder alterar com a nova arrancada burocrática do governo do senhor Pinto de Sousa (Sócrates) - de outro, os novos arrendatários, que pagam rendas exorbitamtes para as características do nosso mercado.
Num regime liberal, o yeld do arrendamento é, por implícita regra tacitamante aceite, compaginado com a valorização, e é destes dois elementos que nasce o valor de mercado do investimento imobiliário. O yeld puro (grosso modo, a renda), mais a valorização, constituem o critério para a avaliação do investimento. As subidas e as descidas do interesse de tal investimento variam segundo as flutuações dos diversos mercados. Daqui que a renda seja, em relação ao que se investe, apenas uma parte do interest e, por isso, se torne muito mais baixa que a prestação a pagar em caso de hipoteca. O investimento em habitação transforma-se numa questão financeira, mais tomada por fundos de investimento que por particulares e, neste sentido, mais democratizado.
O investimento em casa própria acaba por tomar uma posição secundária nas opções das famílias, que obtêm, num vastíssimo, e livre, mercado de arrendamento, as oportunidades que lhes interessam em determinado momento, e que não comprometem outros destinos da poupança, nem outras opções de vida.
Por cá, tudo está torcido. Compra casa quem não tem dinheiro para tal, ficando “encravado” a perder de vista, aluga casa quem dispõe de rendimentos para a comprar, mas é mais esperto do que isso.
Entretanto, o Estado socraticóide, vai estendendo as suas garras aos arrendamentos antigos, cujos “aumentos” autoriza em x, a longo prazo, desde que suba o IMI em nx, e já!
Proliferam, com grandes choraminguices nos jornais, os leilões dos apartamentos dos infelizes que caíram na esparrela sem fazer contas. Não falta quem tire o Cerelac da boca dos filhos para pagar a casa à banca. Abundam os que não podem aceitar um bom emprego em Setúbal porque estão amarrados a um T2 em Vila Nova de Gaia.
E não vai ser, nem o “Simplex”, nem o “Plano Tecnológico”, nem o “PRACE”, nem o MIT, nem nada do que o senhor Pinto de Sousa (Sócrates) vai fazendo ou quer fazer, quem porá fim a esta desgraça.
Que haja quem culpe esta situação de ser “mais liberal que os liberais”, é coisa que a minha estupidez jamais perceberá.
Se Portugal é o maior consumidor per capita de alimentos marinhos no espaço comunitário, se Portugal tem a maior zona marítima do sobredito espaço, e se importa 75% do que consome:
Porque raio de carga de água anda, há anos e anos, a dar cabo da sua frota pesqueira?
Há para aí uns três anos fui a um concerto, precedido de uma série de hapennigs, em Belgais, numa casa onde Maria João Pires criou uma espécie de centro cultural. Uma aventura para lá chegar, uma picada tenebrosa, montes e vales de discutível beleza e brutal ferocidade. Foi um fim de tarde inesquecível. Ouvir a senhora tocar, ao ar livre, no silêncio sepulcral de nenhures, sem que fossem permitidos aplausos ou manifestações histéricas, gritinhos de bravô, pedidos de encores e mariquices do género. Uma coisa de um mundo que não existe, uma espécie de entrada no Paraíso.
Paguei uma soma ridícula pelo inestimável espectáculo.
Aqui começa o problema.
É que a senhora, em vez de pôr as pessoas a pagar (eu pagaria o que fosse, dentro do que posso, para lá ir outra vez), a fim de poder financiar a sua obra, não senhor, a senhora achava, e acha, que os poderes públicos, isto é, o meu dinheiro mais o dos meus concidadãos com outras preferências, têm a mais estrita obrigação de lhe pagar o que fôr necessário para manter a coisa.
Num país de tradição anglo-saxónica, uma instituição tipo Belgais teria um grupo de sponsors, uma comissão de fund raising, uns sócios beneméritos, etc., e não precisaria de mais nada nem de mais ninguém para sobreviver e progredir. Por cá, não é assim. Os chamados, com ou sem justiça, criadores culturais, acham que, por o serem, têm o direito de ser pagos pelo dinheiro da comunidade. O "povo" tem obrigação, através dos impostos, de lhes pagar para que eles "dêm" ao "povo" o que têm para dar. Só que, neste sentido, o povo não existe, o que existe são pessoas que, como eu, ficam extasiadas com uma tarde em Belgais, e outras, a quem Belgais não diz absolutamente nada. Num raciocínio anglo-saxónico, melhor dizendo, liberal, os tipos como eu que paguem à Maria João Pires. Outros haverá que paguem a outras marias joões.
Maria João Pires não é mais que um exemplo das entorses que o socialismo (de esquerda e de direita) tem provocado nas meninges das pessoas, sendo já parte da "massa do sangue" dos portugueses.
Uso o exemplo dela por ser, talvez, o mais exagerado. É que a senhora não se fica pelos protestos. Zangada com o Ministério da Cultura, ou com Câmara Municipal, ou seja lá com que colector de impostos for, porque não lhe não paga o que ela acha de justiça, emigra e dedica-se a dizer mal da mãe-Pátria a tudo quanto é cão. Em autêntica paranóia socialista, a senhora chega ao ponto de afirmar, a despropósito, que os Estados Unidos da América são... uma ditadura.
Presto homenagem à lógica do seu raciocínio. Nos EUA, a senhora, se lá criasse um Belgais, teria que fazer pela vida. Para pagar as suas iniciativas, não andaria, de certeza, a comer do dinheiro de quem não gosta de a ouvir tocar nem aprecia o que ela ensina às criancinhas. Nos EUA as pessoas são livres de pagar o que muito bem entendem a quem muito bem entendem. O que pagam ao Estado é para todos, não para as inflorescências da sociedade civil, tenham o valor que tenham, na opinião de cada um.
Ela não percebe que, se fosse para os EUA e tivesse lá uma boa iniciativa, como Belgais era, se calhar tinha imenso êxito e montes de dinheiro para aplicar.
O problema é que isto não entra numa cabeça retorcida pelo socialismo.
A este respeito, parece que não há nada a fazer. Paciência.