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irritado (blog de António Borges de Carvalho).

O SOCIALISMO É A FILOSOFIA DO FRACASSO, A CRENÇA NA IGNORÂNCIA, A PREGAÇÃO DA INVEJA. SEU DEFEITO INERENTE É A DISTRIBUIÇÃO IGUALITÁRIA DA MISÉRIA. Winston Churchill

irritado (blog de António Borges de Carvalho).

O SOCIALISMO É A FILOSOFIA DO FRACASSO, A CRENÇA NA IGNORÂNCIA, A PREGAÇÃO DA INVEJA. SEU DEFEITO INERENTE É A DISTRIBUIÇÃO IGUALITÁRIA DA MISÉRIA. Winston Churchill

Um magnífico negócio

Com grande alívio das almas, a barragam de Cabora Bassa foi, finalmente, passada para controlo moçambicano.
Sursum corda!
Segundo o senhor Pinto de Sousa (Sócrates) fechou-se uma página do – horroroso! -passado, abriu-se outra para um – magnífico! - futuro.
Promete sua excelência que Moçambique vai pagar nada menos que 750 milhões de dólares, cujo financiamento, segundo um ministro lá do sítio, se vai ver como será.
Coisa estranha, na passada sexta-feira, os 750 milhões eram 950, duzentos para já, o resto logo se vê, pelo menos segundo informava a distinta RTP. Entre sexta e terça, (4 dias) parece que os milhões encolheram: os primeiros duzentos sumiram-se, os logo se vê logo se verá.
Ainda mais estranho, ouvi dizer que os 950 (ou os 750) não pagariam mais que o que Moçambique já devia.
Enfim, um imbróglio inextricável. Posso admitir que não houvesse outra solução. Posso admitir que o óptimo fosse inimigo do bom, do assim-assim, ou mesmo do péssimo. Mais difícil de comer é a forma idiota e triunfalista como a história foi vendida aos portugueses. Somos ou não, como sempre, considerados como um bando de ignorantes e de analfabrutos?
Registe-se, esperando para ver, se, mais uma vez, os 950 milhões, ou os 750 (à vontade do freguês) não vão ter que nos sair do bolso, numa primeira fase, para nos serem devolvidos (se forem), com grande foguetório, numa segunda. Com prazos a perder de vista, como muito bem disse aos mentecaptos da RTP, nas entrelinhas, um ilustre moçambicano que já não sei quem era.
Um futuro cheio de promessas, esta socraticóide “nova página” das nossas vidas.
 
António Borges de Carvalho
 

Castelhanismos

O nosso bem-amado Primeiro Ministro apareceu nos telejornais a anunciar mais uma extraordinária benesse para o povo. Trata-se de uns tipos que vão fazer uma fábrica de painéis solares. A coisa merece todos os encómios da parte do governo que temos. Não se ficou a saber quais foram os incentivos, as isenções fiscais, as facilidades financeiras que o dito governo generosamente concedeu aos empreendedores espanhóis da coisa. Mas isso é um pormenor sem importância.
Por mim, não acho mal. Nem bem. Nem antes pelo contrário.
O que me trás a referir a espampanante cerimónia é um facto tão simples quão repugnante: por trás do senhor Pinto de Sousa (Sócrates), havia um painel que rezava: “Fábrica de assemblagem de…”.
Percebi do que se tratava. No entanto, sempre a duvidar de mim mesmo – um vício idiota, fui ao dicionário. As minhas suspeitas eram fundadas. Assemblagem não existe em português, língua certamente bárbara para gosto castelhano. Neste canto da Península diz-se montagem, não é?  
Quando eu era rapazinho e alguém dizia “vou a Espanha”, era costume responder: “trás de lá uma espanhola desmontada”. Perante a estranha encomenda, o viajante perguntava: “para quê?”. E lá vinha a ordinaríssima e pornográfica resposta: “é para montar cá”.
Na versão moderna, legitimada com a nobre chancela e a augusta presença do primeiro ministro, dir-se-á que as espanholas passam a ser assembladas. É mais fino.
 
Se você for às secções de roupa do Corte Inglês, dá com umas baiucas encimadas por um letreiro que diz “Provador”. Se se dirigir à menina e perguntar se se trata do gabinete de algum provador de vinhos, ela fica atrapalhadíssima e, como está proibida de ser malcriada, faz-lhe um sorriso amarelo e não responde.
Se for até lá abaixo, dá de caras com anúncios a uma coisa que se chama “Carta de Compras”. Na melhor das intenções, interroga o pessoal sobre se se trata de compras por carta, se oferecem alguma carta náutica a quem fizer compras, se é publicidade mal redigida a um baralho de cartas, se quê. Após algumas diligências, a sua curiosidade é satisfeita: a palavra quer dizer “lista”, ou seja, trata-se de uma lista de compras. Mas como "lista", em castelhano, quer dizer "pronta", os canalhas preferem dar a coisa a entender à sua maneira.
Se for à secção de papelaria, encontra os mais extraordinários nomes para as coisas mais vulgares e comezinhas. Traduções para quê?
Dizem que é obrigatório rotular os produtos em português. No entanto, parece que, se a redacção de origem for em castelhano, já não é assim tão obrigatório.
Escrevi sobre o assunto a uma organização estatal que se chama Instituto do Consumidor. A resposta foi que não tinham nada com isso. Pois não.  
O consumidor português não tem, com a aprovação explícita do senhor Pinto de Sousa (Sócrates), o direito de ver as coisas escritas na sua língua.
 
Já que falo do Corte Inglês, não resisto a deixar uma pergunta estúpida: se a coisa fosse portuguesa, será que aquela espantosa rampa no estacionamento teria sido autorizada? Estou em crer que não.
Mas devo ser parvo, ou sofrer de nacionalismo primário. A minha opinião, como se estivesse embriagado, põe-se de lado. Rima, e é verdade.
 
António Borges de Carvalho

Coitadas das criancinhas!

Para quem é pai, ou avô, de criancinhas várias, cada vez se torna mais difícil transportá-las.
Ele é o banquinho especial que, para pôr e tirar do carro, dá cabo dos neurónios a qualquer mortal. Ele é o sistema de amarrar o pimpolho, quebra cabeças mesmo para especialistas em coisas estúpidas. Ele é os diversos zingarelhos, oficialmente adaptados a cada faixa etária, se os pequenos têm x anos é um, se tiverem y é outro e, se tiverem z, aindo outro. Até aos doze anos!
Em caso de acidente, o papá, se ainda for vivo, assistirá à agonia da prole enquanto luta com vários processos de libertação, um para cada faixa, isto se os gasganetes dos miúdos não tiverem já sido cortados pelos inenarráveis cintos.
Consta que há quem defenda que os bombeiros, cuja meritória acção é muitas vezes necessária nestas emergências, vão receber instrução específica no IST, a fim de poder, em menos de dez minutos, sacar os acidentados dos seus banquinhos.
 
Lembro-me dos heróicos tempos em que andava de Renault 5, mai-la cara-metade, mais a funcionária doméstica, mais quatro filhos, mais a bagagem daquela malta toda, a caminho da Arrábida ou do Algarve. Mais tarde, a mesma trupe, já de Volvo (magno progresso!), à qual se acrescentavam 5 bicicletas, para o Algarve, ou um velho amigo que gostava de ir comigo assistir a comícios da AD em Trás-os-Montes. Lá se passava o Espinhaço de Cão, ou o Marão, tudo numa boa, como se diz agora! Que saudade!
 
Hoje, se você não tiver as cadeirinhas todas que os tipos querem, não só é considerado como um péssimo pai, ou avô, como tem que pagar a respectiva multa e levar uma descompostura de alguma comissária adjunta da PSP, ou do sô guarda da GNR. E, se os mandar prégar para outra freguesia, ainda apanha mais uma bordoada por não respeitar a autoridade! Porra para isto!
 
Ai, quem me dera ser fabricante de cadeirinhas!
 
António Borges de Carvalho

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