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irritado (blog de António Borges de Carvalho).

O SOCIALISMO É A FILOSOFIA DO FRACASSO, A CRENÇA NA IGNORÂNCIA, A PREGAÇÃO DA INVEJA. SEU DEFEITO INERENTE É A DISTRIBUIÇÃO IGUALITÁRIA DA MISÉRIA. Winston Churchill

irritado (blog de António Borges de Carvalho).

O SOCIALISMO É A FILOSOFIA DO FRACASSO, A CRENÇA NA IGNORÂNCIA, A PREGAÇÃO DA INVEJA. SEU DEFEITO INERENTE É A DISTRIBUIÇÃO IGUALITÁRIA DA MISÉRIA. Winston Churchill

NOTAS DO 25

OS CÃES LADRAM…
 
O túnel do Marquês, obra emblemática de Santana Lopes, é hoje inaugurado.
A excelência, a urgência, a utilidade e a necessidade da iniciativa foram consagradas nas urnas pelo povo de Lisboa, em 2001. Trata-se de uma facility de há muito desejada por todos ao que se vêm em palpos de aranha para circular entre as Amoreiras e o Marquês, e não só.
Desde a primeira hora, a oposição social-comunista dedicou-se a contestar o que era, evidentemente, incontestável.
Ao tempo membro da Assembleia Municipal de Lisboa, lembro-me do espanto com que a minha inexperiência como autarca assistiu às mais inacreditáveis contestações. Valia tudo: a exigência do estudo de impacte ambiental, que não era obrigatório, a “zona húmida” do Marquês, que nunca existiu, a proximidade do túnel do metro, patacoada de ignorantes, a pendente, a altura, a largura, o comprimento, blá, blá, blá.
Desfeitas as dúvidas, por estúpidas ou improcedentes, o PS descobriu a ingente necessidade de alterar o projecto, encurtando o túnel.
O PC ficou na mesma. Era contra, e pronto.
Um tal Fernandes chefiou uma “acção popular”, que obrigou à paragem das obras durante sete meses. A acção foi julgada improcedente nas mais altas instâncias, e transitou em julgado. Os prejuízos que a infame iniciativa provocou foram assentes no tecto pelo tal Fernandes. Jamais os pagará. Nem sequer pediu, ou pedirá, desculpa aos lisboetas pelo mal que fez à cidade e pelos prejuízos a todos causados. Eleito vereador nas listas de um partido comunista qualquer, continua a alardear moralidades, mantendo-se caloteiro com orgulho e desfaçatez.
O que estava em causa, em boa verdade, não era que o túnel fosse necessário ou deixasse de o ser. Necessário era corroer a credibilidade de Santana Lopes, que tinha tido a desfaçatez de correr com o social-comunismo da Câmara da cidade. Intolerável. E, porque era intolerável, todas as armas eram boas para o abater. A vida na Assembleia Municipal era um inferno de malevolência, de maledicência gratuita, de invenção de entraves, de rasteiras burocráticas, de “perdido por ter cão perdido por não ter”. Para além de tudo o que o cidadão possa imaginar possível.
Em boa hora me libertei daquela hedionda coisa.
 
Hoje, abre o túnel. O diário do Oliveira titula que é à mesma hora da habitual manifestação do 25. Uma inominável provocação. Mais. O diário do Oliveira serve-se de pareceres e de opiniões várias para inculcar no espírito de cada um que o túnel não presta, não é seguro, etc., blá, blá, blá.
 
Amanhã, vou estrear o túnel. Que bom! Santana Lopes, obrigado!
 

COERÊNCIAS
 
O Dr. Marques Mendes não está de acordo que as declarações de interesses dos deputados fiquem à disposição do respeitável público, via Internet.
Acho muito bem. Não tenho nada a ver com os interesses seja de quem for, não me compete conhecê-los, muito menos aferir da sua legitimidade.
Em matérias de natureza afim, porém, o Dr. Marques Mendes muda de opinião. É o caso da inversão do ónus da prova quando alguma instância (ou alguma carta anónima) achar que o deputado A mostra sinais de riqueza. Daí se conclui que o homem é gatuno, tendo que provar o contrário. Neste caso está o Dr. Marques Mendes de acordo.
Em matéria de coerência, estamos conversados.
Resta esperar que o Dr. Marques Mendes reveja as suas posições, mais que não seja por uma questão de sentido do ridículo.
 

À ATENÇÃO DO SILVA
 
Humildemente, venho fazer-me eco de umas coisas que por aí constam, e às quais o Silva devia dar atenção.
Acontece que os sobreiros estão a ser vítima de uma coisa conhecida por cá por stress dos ditos e, em Espanha, por “seca”.
Ninguém sabe do que se trata. O que se sabe é que, um pouco por toda a parte, há sobreiros a morrer. No curto espaço de uma semana, uma árvore que parecia de boa saúde, aparece morta. A coisa não está limitada a uma região, não ataca mais as árvores velhas que as novas, não está ligada a qualquer circunstância especial, pelo menos que se veja. Acontece, e pronto.
Diz quem sabe que nenhuma instância oficial se está a ocupar do assunto. Nem a Faculdade de Agronomia, nem a Estação Agronómica, nem os serviços florestais, nem nenhuma das inumeráveis instâncias ou agências que se ocupam de biologia, de epidemiologia, de estudos dos solos, nada, ninguém mexeu ainda uma palha para saber o que se passa com o stress dos sobreiros. O pessoal, por cá, parece preocupar-se muito com uns abates por causa de um empreendimento, mesmo que se replante vinte sobreiros por cada um abatido. Mas, se as árvores morrerem sem saber porquê, que se lixe. Talvez os espanhóis tratem do assunto, não é, ó Silva?
 
Daqui lanço o meu grito de alarme, sem qualquer espécie de esperança de ser ouvido. Os sobreiros nem sequer são socialistas…
 

É FARTAR VILANAGEM!
 
O mundo inteiro andou preocupadíssimo com o facto de o Senhor Berlusconi ser proprietário de não sei quantas estações de televisão. Por cá, a indignação foi enorme. Uma circunstância há, porém, de que ninguém fala: o Senhor Berlusconi já era dono das televisões quando se candidatou. E foi eleito, toda a gente sabendo que o era. Talvez não seja saudável, mas é transparente, sério e democrático.
Os mesmos que tanto se irritaram com o assunto deixam, sem uma palavra de desconforto, que uma concessionária de televisão generalista seja vendida ao partido socialista espanhol, via grupo financeiro que lhe é indiscutivelmente afecto. Os espanhóis pagam ao PS português entregando a direcção do canal, por critérios confessamente ideológicos, a um barão socialista com largo passado nas hostes do bolchevismo.
Ao contrário dos italianos, a quem foi dado, em total liberdade, escolher um primeiro ministro que era dono de uns canais, aqui, o partido socréfio toma conta deles sem pudor, sem vergonha, numa desfaçatez pesporrente e descarada.
Comparado com Pinto de Sousa (Sócrates), o Senhor Berlusconi é um menino de coro.
 
António Borges de Carvalho
 
 

TIROS NO PÉ


Dou a mão à palmatória. Desta vez, a mesnada do senhor Pinto de Sousa (Sócrates) tem razão!
Então não é que a direita que temos, de braço dado com os partidos comunistas, resolve querer legislar a favor da inversão do ónus da prova, em direito penal?
Que mais estará para nos acontecer?  Que novos tiros no pé veremos Marques Mendes disparar? Que mais empurrões precisa Pinto de Sousa (Sócrates) para se transformar de esquerdista primário em direitista encartado?
Então a direita faz oposição pela esquerda? Em vez de se apresentar como defensora dos mais elementares direitos de cada um, ultrapassa o socialismo pela esquerda quando este, talvez por engano, toma atitudes de clássico bom senso?
Não haverá, nas caves do PSD, alguém que queira tomar conta daquilo?
 
António Borges de Carvalho

O MILAGRE DAS BUFAS

 
Nos idos das monarquias bárbaras, reinou sobre os portugodos Sua Majestade Socrarrico, filho e sucessor de Guterrico, o Doce. Os inimigos tinham-lhe posto o infamante cognome de "O Canudo".
Sua esposa, a rainha Unilde, era conhecida pela forma insidiosa como conspirava pelos corredores do palácio, pelas esplanadas das barbacãs, pelos frondosos jardins das áleas senhoriais. Em dourado escabelo sentada, entre aias e cavaleiros, punha em causa, com confusões e inverdades, a legitimidade que a Santa Sé havia, em boa hora, reconhecido ao monarca.
Dona Unilde tinha-se aliado a ferozes inimigos do seu augusto esposo, os quais, capitaneados pelo tenebroso Fernandico, serventuário de senhores das setentrionais embocaduras durienses, propagavam aleivosias e acusavam Sua Majestade de faltar aos seus deveres de bom cristão, usando a arma da mentira e da falsidade no que aos seus nobres pergaminhos respeito dizia.
Socrarrico andava perturbado, não lograva tempo para se ocupar das ingentes tarefas da governação dos seus senhorios, não conseguia reunir os seus fiéis, e via, cada vez mais, a desconfiança e a insídia a tomar conta dos ingénuos espíritos dos seus vassalos. Mandou emissários ao Fernandico e a seus sequazes, em demanda de respeito e silêncio. Não resultou. A resposta vinha em novos ataques, os mais deles inspirados por Dona Unilde. Chegou Sua majestade a deslocar-se, qual arauto, à praça pública, para denunciar as maquinações de seus algozes. Nada. Ninguém cria nas suas esclarecidas palavras. 
Um dia, num alarde de insidiosa malevolência, Dona Unilde mandou que uma sua açafata anunciasse aos quatro ventos que, nas vésperas seguintes, a rainha viria, em pessoa, presentear os súbditos de Sua Majestade com bombardas a utilizar para o seu derrube.
Dom Socarrico, o Canudo, entrou em possessão, não demoníaca, por certo, mas de justa e indignada surpreza. Unilde, a traidora, viria armar o povo, a poder de bombardas, contra a sua augusta autoridade! Emissários, embaixadores, sátrapas, partiram dos reais paços para as barbacãs da senhora. Que missão levavam, ao certo, não se sabe. Mas conseguiram! A aprazada bombardástica distribuição foi adiada para outra véspera. E, na nova data, estando Unilde reclinada em seu trono, diante da turba-multa, eis que surge, tonitruante, Socrarico:
- Oh! Miserável senhora! Infiel! Ingrata! Mulher sem alma! Mostrai-me, senão vos mato, as bombardas com que me ameaçais!
Dona Unilde, para surpreza de todos, ergue-se do seu dourado trono e, num gesto grácil, levanta a gentil anca. As saias, as rendas, os brocados da nobre veste, ondearam como que impelidos por uma leve brisa.
- São bufas, senhor, e não bombardas!
E, do real trazeiro, ligeiras e suaves brisas se soltaram, enchendo o ar de suave olor.
Recuaram os aleivosos. Sua Majestade respirou de alívio. Estava salva a sua honra, e a da pátria com ela.
Sorriram os emissários, os embaixadores, os sátrapas. Tinham conseguido guardar Sua Majestade.

Milagre? Talvez não. Passariam séculos até que, no tempo de Dom Dinis, um milagre viesse a ter lugar. Com rosas, que não com bufas.

ABC, Cronista do Reino

MONTANHAS E RATOS

Rezam os jornais que ontem, em soleníssima sessão pública, se sentaram a uma florida mesa os seguintes craques e "altos dirigentes do país": o secretário de estado do trabalho, o coordenador do plano tecnológico, o presidente da Agência Portuguesa de Investimento, o director geral da Cisco Portugal (?), e mais dois elementos da dita agência.

Para quê? Para anunciar que a tal Cisco vai criar... cinquenta postos de trabalho, talvez oitenta aqui a uns tempos.

De que magnífico investimento se trata? De um "centro internacional de apoio ao negócio".

Quem vai ser empregado do centro? Pessoas com deficiências e cidadãos, abundantes no país, com "cultura de trabalho".

Houve outros países interessados? Sim. Quantos? Oito. Quais? Não foi dito.

Que condições, fiscais e outras, foram oferecidas à Cisco pela API? Não se sabe.

Quando acontecerá a coisa? Também não se sabe. Só se sabe que a Cisco anda à procura de sítio.

Seguindo a nossa delirante imaginação, expliquemos o que não foi dito na soleníssima sessão, ou o que quer dizer o que foi dito:

A tal Cisco, seja ela o que for (não foi dito, como se a Cisco fosse a General Motors ou a Companhia de Jesus), precisa de montar um call center. É sabido onde as multinacionais costumam instalar os call centers: no Bangladesh, no Baluquistão e noutros progressivos países do terceiro mundo. Não é?

A tal Cisco procurou, procurou... e escolheu Portugal. País onde há "recursos qualificados competitivos", quer dizer baratos, "país cheio de vantagens objectivas", país... blá, blá, blá.

Prenhes de orgulho, os portugueses rejubilam. Os tipos da Cisco são objecto das mais variegadas benesses, fiscais e outras, que isto de investimento estrangeiro não é todos os dias, e há que dar aos rapazes condições que o vulgar e ignaro portuga não tem o direito de almejar.

Além de tudo o mais, segundo foi explicado por sua excelência o presidente da API, o espantoso investimento tem a virualidade de "estimular as relações económicas entre Portugal e os Estados Unidos". Lapidar.

Sei de uns engraxadores marroquinos que estão interessadíssimos em investir em Portugal. Daqui me atrevo a sugerir que lhes seja dado visto de residência permanente, e que, através da API, o estado lhes forneça as caixas da graxa, devidamente estofadas, e uma dose de arranque de consumíveis. Além disso, justo será que se lhes seja outorgada uma isenção de IVA, de IRC e de IRS, a vinte anos, bem como um subsídio para os vencimentos dos engraxadores portugueses que, devidamente licenciados, e seleccionados, a expensas do governo pela Goldman Sachs, se prestarem, jubilosamente, a cooperar no projecto. 

Será justo e de bom tom que a coisa  seja lançada no Centro Cultural de Belém, com a presença do maior número possível de engenheiros do governo e de doutores dos jornais.

António Borges de Carvalho

SEGOLICES

"Quando houver três mulheres nas reuniões do G8, tudo mudará: Merkel, Hillary e eu...", afirmou, urbi et orbe, dona Ségolène.

Edificante. Dona Ségolène não é melhor porque tem melhores ideias ou propostas. Dona Ségolène não é melhor por ser socialista. Dona Ségolène não é melhor por ser mais sabedora ou mais competente, ou por ter melhor currículo. Não. Dona Ségolène é melhor por ser... mulher.

Às urtigas a igualdade dos sexos. Às urtigas as qualidades que fazem um político merecer apreciação positiva. Ser mulher é o bastante. De esquerda ou de direita, como a dona Hilária e a dona Ângela. Tanto faz. Tanto faz ser liberal como socialista. Tanto faz o passado como presente. Tanto faz as propostas e as ideias. Tanto faz tanto faz.

Ser mulher chega para "mudar", e para mudar "tudo".

Trata-se da mais aviltante concepção da igualdade dos sexos, que bem representada está no leque sexualmente variado de candidatos à presidência da República Francesa*.

Quando os políticos recorrem a estas bojardas, mal vão as coisas. Para a França e para todos nós.

António Borges de Carvalho

* Em França, o presidente da república é o Presidente da República. Por cá, é o "Presidente de Todos os Portugueses", apesar de a Constituição dizer o contrário. T'arrenego! Por mim, não tenho presidente nenhum, nem sequer o do Benfica.

 

A CORTINA DE FUMO

Vale a pena, nem que seja pela última vez, folhear o número de Sábado desse desinteressante molho de papéis pintados com tinta que dá pelo nome de "Sol". O Primeiro Ministro encontrou, finalmente, o alinhamento perfeito com um jornal. Ele é o director que, pela segunda vez consecutiva, o incensa com as mais rasgadas loas e vitupera os ignaros que se têm dedicado a explorar o insignificante fait divers da sua mais que impecável licenciatura. Ele é um fulano, cujo nome me escapa, a quem é dada uma página inteira para fazer o mesmo. A fim de completar o bouquet, o molho de papéis foi buscar o conhecido socialista Freitas do Amaral, exemplo máximo de coerência e de firmeza de carácter, dando-lhe outra página para pôr Pinto de Sousa (Sócrates) no altar dos sábios. O senhor Lima, fulano que se dedica - deve viver disso - há para aí três anos, a dizer mal de Santana Lopes, viu-se à rasca para voltar à carga. Mas era preciso desviar as atenções. Que fazer? E aí vai ele buscar o túnel do Marquês: que a coisa não vai funcionar, que vai ser uma confusão, e por aí fora. Como a última aparição de Santana Lopes foi para dizer que o PM devia ter ido ao parlamento em vez de ir à RTP, e como se trata de uma verdade inatacável, havia que ir buscar outra coisa qualquer. Foi o túnel, pronto, para a semana arranja-se mais. A história do lobo e do cordeiro em versão século XXI.

Tão badalhoco como isto, é o comportamento da restante "informação", soit disant à procura da verdade, mas num louco afã para a esconder. Enredadas as pessoas na exploração de todos os detalhes e pormenores de coisinhas e coisetas, distraídas com feitos e desfeitos das universidades, tropeçantes em inquéritos e investigações, nem sequer percebem que lhes tapam os olhos com uma cortina de fumo, a ocultar o que, politicamente, é importante: o facto, indesmentido, indesmentível, impróprio de um PM, que as aldrabices do senhor pinto de Sousa (Sócrates) em relação a si próprio constitui. A cortina de fumo adensa-se a cada dado novo. O PM, protegido pelos medos da oposição (oposição?!), pela incompetência da imprensa em geral, pelo apoio do "Sol", pela benevolência de SEPIIIRPPDAACS, vê os seus pecados progressivamente obnubilados e transformados em falhas burocráticas e trapalhadas das universidades.

Não tarda que Pinto de Sousa saia disto tudo como uma vítima, e um herói. Em matéria de manipulação, estamos conversados. Há que lhe tirar o chapéu.

António Borges de Carvalho

RUA, JÁ! III

O homem falou. Deixaram-no falar como quis. Disse de sua justiça.
Afinal era tudo mentira. Jamais se declarara engenheiro. Quando escreveu engenheiro na ficha não estava a escrever engenheiro na ficha. Quando se disse engenheiro nas sessões do aborto não estava a dizer-se engenheiro nas sessões do aborto.
O homem, afinal, tinha estudado sete anos-sete, aplicadamente, sem privilégios, sem ajudas, um esforço notável, boas notas, tudo nos conformes. O homem tratou de se valorizar, de aprender, de se preparar para dar à pátria o serviço desinteressado e competente que a pátria merece e humildemente lhe pede.
Pois é. Admito que o homem tenha razão. Quantos não estão nas mesmas condições? Que mal tem que o tratem por engenheiro, se é um tratamento de cortesia que nada tem a ver com as patacoadas da respectiva Ordem? Queriam que o tratassem por senhor licenciado em engenharia? Que diabo, convenhamos que não faz sentido.
Aceito tudo isto. Pecadilhos de muita gente, sem importância nenhuma. Só que muita gente não é primeiro ministro.
Só que o problema é que as suas mentiras e as dos seus acólitos ficaram escritas, preto no branco. Só que o problema é que passaram não sei quantas semanas em tergiversações, em alterações ao site, a meter os pés pelas mãos. Se a coisa fosse tão simples como o homem disse na televisão, toda a novela seria absurda. E não é.
Acresce que a história tem barbas. Há para aí um ano que cirandava na Internet (e não era anónima) sem que ninguém se lembrasse de esclarecer, sem que uma palvra surgisse sobre o assunto. Quando a coisa saltou para os jornais, ai. Quando a Independente entrou em colapso, ai.
 
Não há crime nenhum. Nem há nada que mexa na original legitimidade do homem. Mas, ao contrário do que disseram as luminárias da Quadratura do Círculo, há um problema de carácter. Isso há. Se há Democracia, isso paga-se. E paga-se indo para casa.
 
Senhor Engenheiro Pinto de Sousa, ou, se se quiser, Senhor engenheiro Sócarates? Porque não?
Aldrabices? Porque sim?
 
O homem falou. Para além do caso do momento, falou da sua obra. Falou como esquerdista primário que é, por muito que a estupidez da direita e dos comentadores encartados pense o contrário. Falou, expressamente, da prevalência do colectivo. Disse que não importa que cada um sofra dos desmandos do Estado, se o Estado se safar a si próprio. Deixou clara a sua “moral” anti-liberal e anti-indivíduo. Deixou claro que, muito antes da campanha eleitoral, quando se revoltava contra a política de contenção orçamental dos governos anteriores, já andava a aldrabar as pessoas, sem escrúpulo nem hesitação. A contenção orçamental, crime de Manuela Ferreira Leita e de Bagão Félix, passa a virtude quando é feita por ele. Os estrangulamentos que, na sua boca, tais políticas provocavam à economia, são motivo de progresso quando, com muito mais violência, são aplicadas por ele. A aldrabice dos 6,83% de déficit voltou-lhe à boca como se fosse a mais acabada das verdades. O pulo do déficit, nas suas mãos, é benesse para o futuro. A contenção, nas mãos dos outros, é um horrível engano. Ota passou de brilhantíssima opção a decisão de terceiros. Se a decisão foi má, culpa dos outros. Ele, coitadinho, só herdou.
Querem mais, quanto ao carácter do homem? Para quê?
 
Na ressaca da entrevista, o chefe do PSD veio pleitear em favor de uma auditoria às habilitações do homem, feita por uma comissão independente. Valha-me São Pancrácio. Então o ilustríssimo doutor Marques Mendes ainda não percebeu que o problema não é o das habilitações, mas o das mentiras?
 
Este país não tem conserto.
 
António Borges de Carvalho

NÃO É BONITO

 
Utilizando a prerrogativa que lhe confere o Artº 136º, alínea b), da Constituição da III (ou IV?) República, SEPIIIRPPDAACS enviou à Assembleia da dita uma mensagem sobre a Lei que regula os abortos voluntários até às dez semanas. Em tal mensagem, SEPIIIRPPDAACS manifesta a sua discordância com o teor do diploma, assumindo, de um modo geral, as queixas dos deputados que contra ele votaram, indo até mais além em certos aspectos.
No entanto, por certo em manifestação de colaboração estratégica, ou lá o que é, SEPIIIRPPDAACS promulgou o diploma tal como lhe foi enviado.
Salvo melhor opinião, se as dúvidas e desacordos de SEPIIIRPPDAACS com a Lei que lhe foi enviada são tão profundas e graves como as que constam da sua mensagem, tinha a mais estrita obrigação de a vetar ou de a mandar para o Tribunal Constitucional, de acordo com o nº1 do Artº 139º da Constituição.
O que SEPIIIRPPDAACS fez, e passe o aparente desrespeito, foi tomar a atitude de Pilatos que, não concordando com o martírio de Cristo, o mandou aos seus algozes, lavando as mãos de tal acto. SEPIIIRPPDAACS tem profundíssimos desacordos, mas resolve o problema com uma mensagemzinha, ficando a bem com Deus e com o diabo, seja quem for, nesta matéria, Um ou o outro.
Não é bonito.
 
António Borges de Carvalho

SEGURE-SE, SENHOR DEPUTADO

 
À atenção do senhor deputado Seguro
 
Calcule V.Exª, ilustríssimo senhor deputado, que uns fulanos da Carolina do Norte (tome nota que, apesar de ser do Norte, não se trata da Carolina Salgado) resolveram demonstrar que o tabaco e o café têm efeitos muito benéficos no que respeita à prevenção dos distúrbios motores, da doença de Parkinson e de outras maleitas indesejáveis.
Venho avisá-lo deste facto antes que dê a V.Exª alguma fúria contra o café, já que, em relação ao tabaco, é o que se sabe, sendo V.Exª credor dos higiénicos aplausos de inúmeras criaturas, empenhadas, como V.Exª, na purificação dos costumes e na moralização dos corredores da Assembleia da República.
 
Apesar disso, atrevo-me a solicitar a atenção de V.Exª para o que vem da Carolina do Norte, senhora de bons costumes e sem rabos de palha. Não sei se V.Exª já realizou que poderia melhorar a sua imagem pública se, promovendo o consumo de tabaco pelos parlamentares seus colegas (não chego ao ponto de o desafiar a, pessoalmente, entrar em tal e tão pecaminosa actividade), puzesse termo a certas manifestações de delirium tremens, tão comuns entre os seus pares, sobretudo quando se fala de diplomas de engenharia civil. Podia V.Exª, até, ficar célebre em todo o orbe por ter feito baixar a incidência dos males de Parkinson e de Alzheimer entre os seus colegas e camaradas, trasformando o Parlamento Português num exemplo de saúde mental ao nível do planeta.
 
Pense nisso, ilustríssimo senhor. Pense nisso. Olhe que nem todas as Carolinas são iguais nem aparecem todos os dias oportunidades como esta.
 
Sempre ao dispôr.  
 
António Borges de Carvalho

AI, SÊGÔ, SÊGÔ

Dona Ségolène lá vai andando. A sua principal qualidade, nas suas próprias palavras, é “ser mulher”. Isto é, a apregoada igualdade dos sexos não é igualdade nenhuma. Ser mulher é ser melhor que os seres humanos do outro sexo. Ser mulher é uma peça curricular preciosa. Ser homem é um capitis deminutio.
Esclarecidas as coisas nestes termos, veja-se de que mulher se trata. Aos 25 anos, processou o próprio pai, o qual, presume-se, era um machista impiedoso e não queria que ela viesse a ser énarque. Daí, quem sabe se a vingança contra os homens em geral, por ser melhor que eles, por eles serem parecidos com o pai. Serão? Seria o pai um mauzão de tal ordem que fosse preciso tratar das questões de família nos tribunais? Ficam as perguntas, não deixando de aventar como resposta que o que ela queria, se calhar, era publicidade. Não deixando, outrossim, de pensar que o senhor, se calhar, achava que, aos 25 anos, a menina já tinha muito boa idade para se governar e pagar os seus próprios estudos.
Em énarque se tornou, o que, em França, é mais ou menos como ser arquiduque no tempo do Rei Sol. De énarque à intimidade de Miterrand foi um passo. Depois, a glória.
A senhora juntou-se com um senhor que conheceu nas entranhas do Partido. Teve filhos, mas nunca casou. Porquê? Se calhar porque tem dos homens a imagem de uma coisa que serve para fazer meninos. Se calhar - imagina a leviandade maldicente do Irritado - só não mandou o homem às urtigas porque tal podia ser eleitoralmente inconveniente.
Dona Ségolène tem raras qualidades. Por exemplo, quando se lhe pergunta sobre a adesão da Turquia à União, diz que “a minha opinião é a do povo francês”. Afirmação com duas vertentes, qual delas a mais inebriante. Por um lado, sacode as responsabilidades para cima dos franceses, por outro, informa os demais países que, como aconteceu com o Tratado Constitucional, se os franceses não quiserem, os outros que se lixem.
E mais: dona Ségolène quer julgamentos populares para os políticos. Notável. A demagogia em estado puro.
 
Se isto é, como a própria afirma, ser herdeira de Miterrand, não é difícil imaginar os saltos que o cadáver do dito dará nas profundezas do mausoléu.
 
António Borges de Carvalho

RUA, JÁ! II

Parece que já não falta dizer nada sobre a pessegada das habilitações literárias do senhor Pinto de Sousa (Sócrates). A coisa está mais que esclareceida e tornada a esclarecer.
 
E, no entanto, ninguém ainda disse o que importa dizer.
 
Vejamos: o senhor Pinto de Sousa (Sócrates), segundo declarações do seu próprio gabinete, escreveu, pelo seu punho, para os dados biográficos dos deputados, em 1991, “engenharia civil”, em sede de habilitações literárias. Brilhantemente, os seus áulicos servem-se desta sibilina declaração para “demonstrar” que jamais o primeiro ministro se declarou “engenheiro” sem o ser, e “licenciado” sem o ser. Ou os serviços do seu ilustre gabinete ou são parvos, ou querem fazer dos outros parvos. Na opinião dessa gente, declarar “engenharia civil” não quer dizer nem que se é engenheiro, nem que se é licenciado. Perguntarei se quer dizer carpinteiro, trolha, servente de toscos ou físico nuclear.
 
Aqui há tempos, numa sessão sobre o aborto, o senhor Pinto de Sousa (Sócrates) disse “estou aqui como engenheiro”. Não queria dizer engenheiro, dirão os ilustres compagnons de route de Sua Excelência, ainda que não digam o que quereria dizer. Talvez, em linguagem socrapífia, “engenheiro” queira dizer trafulha.
 
O que, de tudo isto, não pode deixar de se concluir, é que o senhor Pinto de Sousa (Sócrates) é um aldrabãozeco de meia tigela.
Importância nenhuma teria que o tratassem por engenheiro. Toda a importância tem que tenha declarado, reiterada e repetidamente, o que declarou.
 
Não interessa para nada saber se houve confusões na Independente, se as equivalências foram mal dadas, se o homem fez exames ou não fez, se tirou boas ou más notas. Bem pelo contrário, importaria denunciar que as confusões da Independente estão a ser usadas como cortina de fumo, a fim de desviar as atenções da verdade que está na base do problema. E a verdade, demonstrada e redemonstrada vezes sem conta, confirmada até, a contrario sensu, pelo próprio gabinete de Sua Excelência, é que Sua Excelência é um aldrabãozeco de meia tigela.
Sendo assim, o que a imprensa devia pedir, o que a oposição (oposição???) devia exigir, era que o homem se fosse embora. Simplesmente embora.
 
Durante dois anos o homem andou a entreter a Nação inteira com promessas aldrabonas e parangonas publicitárias, sempre incensado pela “informação” e pelos opinadores encartados* da nossa praça. Saberá São Pancrácio porquê.  
Agora, que a própria “informação” foi obrigada, depois de uma campanha de esclarecimento na Internet impossível de esconder por mais tempo, a esmiuçar-lhe as trapalhices, continua tudo à espera não se sabe de quê para exigir o regresso do intragável banha-da-cobra a Vilar de Maçada, de onde nunca devia ter saído, e para dizer ao PS que vá preparando outro primeiro ministro, que este já não serve, nem nunca serviu.
 
O resto são elocubrações de cabaré e contas de alcoviteira.
 
António Borges de Carvalho
 
 
* A este respeito, leia-se o vergonhosíssimo editorial do director Saraiva no último número do “Sol”.

RUA, JÁ!

Aqui há uns anos, o ministro dos negócios estrangeiros Martins da Cruz - personalidade que, por motivos vários, me causa a maior das repugnâncias - meteu uma cunha ao seu colega da educação para conseguir que uma sua filha entrasse na faculdade de medicina. A pequena até era boa aluna, mas tinha ficado a umas décimas da média exigida. Compreendo a preocupação do papá, e até nem considero muito grave o que o homem fez. Mas a coisa deu bronca. A oposição desatou aos berros, o homem foi chamado ao parlamento e… mentiu.
Poucos dias depois, caía das Necessidades abaixo. O seu colega da educação, coitado, que não tinha na coisa responsabilidades directas, dignamente, caíu também.
Martins da Cruz terá caído, mais do que pela cunha, pela mentira. E muito bem.
 
No caso da trapalhada académica do senhor Pinto de Sousa (Sócrates)*, as coisas passam-se de forma diferente. Ninguém sabe e, creio, ninguém jamais saberá se o homem é engenheiro, mestre, licenciado, se sabe de esgotos se de outras porcarias, ou de coisa nenhuma. Nem isso, a meu ver, tem qualquer espécie de interesse. A mentira, sim.
 
Comparemos os dois casos. Ao contrário do que aconteceu com Martins da Cruz:
a)      Pinto de Sousa (Sócrates) não foi chamado ao parlamento;
b)      A oposição, em vez de gritar como louca, fechou-se em copas;
c)      A imprensa não fala em demissão;
d)      O fulano mente, remente, torna a mentir e a rementir;
e)      Semanas depois da bronca, borrifando-se no Parlamento, Pinto de Sousa (Sócrates) diz que vai dar esclarecimentos… à televisão.
 
As mentiras estão bem documentadas via tergiversações electrónicas no sítio da PCM. São corroboradas através das informações, ou contraditórias ou parcelares, de responsáveis e irresponsáveis. Os problemas da UnI são vergonhosamente utilizados para desculpabilizar as mentiras.
 
E, no meio desta desgraça toda, não há um partido, não há um jornal, não há um pacheco pereira qualquer que tenha a hombridade democrática de exigir que aconteça aquilo que já devia ter acontecido há muito tempo, se a dignidade das pessoas e o respeito pelas Instituições tivessem direito de cidade neste país socialista: a pura e simples demissão do senhor Pinto de Sousa (Sócrates).
 
Há meia dúzia de anos, ainda que nem sempre, havia moralidade e comiam todos. Com o PS, nem há moralidade nem ninguém come.
 
António Borges de Carvalho
* Ao contrário do prometido, dada a confusão reinante, vejo-me obrigado a abandonar o título de mestre, que tinha prometido aplicar ao senhor Pinto de Sousa (Sócrates)

NACIONAL MAMARRACHISMO

 
O anúncio da demolição do Estoril-Sol foi, há tempos, uma notícia agri-doce. Por um lado, era um alívio ver a costa do Estoril livre do mamarracho. Por outro, como já estávamos habituados a vê-lo ali, e todos, de uma ou outra forma, tínhamos recordações ligadas àquilo, fazia uma certa pena.
Vimos, com alguma apreensão, o nascimento do Mirage. Bom, acabada a construção respirámos de alívio. Podia ver-se. Bem enquadrado, cores bonitas, volume harmonioso e, por dentro, um cinco estrelas agradável e funcional. Bom buffet, ainda por cima, ao almoço de Domingo.
Julgo que não houve quem não pensasse que a parede cega a poente do Mirage serviria para, após demolição do mastodonte, continuar em consonância com o novo volume.
Pensamento errado. Baldada esperança. Hoje, publica o Diário de Notícias uma fotografia da maquete dos edifícios a construir. Uma intervenção de dimensões colossais, três torres acaixotadas com mais uns caixotes ao meio. Tudo completamente desenquadrado do Mirage e da paisagem, sem nada a ver com o que aquele parecia implicar. Uma desgraça arquitectónica e paisagística.
Não sou, nunca fui, contra a construção em altura. Mas ali, Deus meu, ali, e depois de parecer que se queria dar à zona uma vocação diferente, misturar alhos com bogalhos é, pelo menos, terceiro-mundista, saloio e, sobretudo, feio.
Tenho, pelo Presidente Capucho, uma consideração pessoal acima de qualquer dúvida. Daqui lhe peço que, se for a tempo, dê uma volta àquilo. Daqui peço a tanta gente da zona que dá ao Irritado a honra de o ler, que fale com o homem, que grite, que mostre indignação. Para que a consciência lhe doa. Pode ser que sirva para alguma coisa.
 
António Borges de Carvalho

DA CONSTITUCIONAL ESTUPIDEZ

O ranhoso ronco de raiva da dona Odete perante a vitória de Salazar na palhaçada dos Grandes Portugueses (“é inconstitucional!!!”) marca o estalar de uma castanha quente na boca da intolerância socialista que provocou a proibição da existência de partidos ou organizações que se revejam no ditador.
Ao arrepio da essência da Democracia, ao arrepio da apregoada tolerância que, em 1976, e muito bem, havia quem defendesse, ficou consagrada tal proibição em sede constitucional.
Trinta anos depois, não faltam sinais que indiquem a enormidade da asneira. Pululam as manifestações de recrudescimento da “doce memória” do contabilista de Santa Comba. Ele é o museu, ele é a mobilização das gentes para a “votação” da RTP, ele é o cartaz do Marquês de Pombal, ele é, acima de tudo, o regresso, ou o ingresso, nas páginas dos jornais e nas conversas de rua, do saudosismo da “autoridade”, do “alguém que ponha isto na ordem”, da “probidade”, da “honestidade”, da “modéstia” e de outros valores de que a ditadura fazia bandeira. Salazar voltou às manchetes.
A raiva da dona Odete, ferocíssima inimiga da Democracia, ao ver o seu herói relegado para um distante segundo lugar, é bem marcante da intolerante e inultrapassável estupidez de quem a produziu, mas também, e isso é que é grave, de idêntica qualidade  da nossa ordem constitucional. Proibir a existência de organizações que defendam o Estado Novo, admitindo, ao mesmo tempo, as que defendem o estalinismo é um erro estúpido e ferozmente anti-democrático. É da vera essência do regime que ninguém pode ser excluído em razão das sua ideias.
O resultado, à vista para quem queria ver, tornou-se evidente para todos. Os admiradores de Salazar existem, e têm todo o direito a existir. Se estivessem organizados, saber-se-ia quem são e teriam o peso que tivessem. Deixariam de andar para aí na sombra, teriam responsabilidades e quem sabe se, ao contrário dos partidos comunistas, não se democratizariam.
 
António Borges de Carvalho

NOTAS DE DOMINGO - Mestres e Doutores

senhor Mestre Pinto de Sousa (Sócrates)
 
Os licenciados portugueses são tratados por “senhor doutor”, “senhor engenheiro”, ou “senhor arquitecto”. Isto, até Badajoz. Em Badajoz e a leste de Badajoz, passam a ser só “senhores”.
Por cá, anda tudo à rasca a tentar saber se o senhor Primeiro Ministro é engenheiro ou não, tendo-se o caso tornado numa questão quase metafísica, importantíssima e crucial, como é de timbre da invejosice e da malquerença dos portugueses.
O problema do senhor Primeiro Ministro é, no entanto, de fácil solução.
Na União Europeia e no resto do mundo a questão não se põe. É só “senhor”, e acabou-se.
Cá pelo rectângulo e ilhas, as coisas são mais complicadas. Ora bem. Parece não haver dúvidas, pelo menos por enquanto, de que o senhor tirou um MBA, o que o faz passar a “mestre”, que é mais que licenciado. Assim, a solução deste ingente problema nacional está na alteração de “engenheiro” para “doutor”, por defeito, ou para  “mestre”, com inteira justiça. Mantendo-se o “senhor”, mas com letra pequena, como é óbvio.
O Irritado vai dar a sua ajuda, passando a designar o Primeiro Ministro por senhor Mestre Pinto de Sousa (Sócrates).
Depois não venham dizer que não gosto do homem.
 
António Borges de Carvalho

SENHOR DOUTOR SEGURO
 
No seguimento da inigualável obra de saneamento dos cargos políticos iniciada há uns vinte anos, vem o inimitável Seguro defender que os eleitos devem passar a ter a vidinha toda na internet, à disposição do público. O que compraram, o que venderam, o que têm, o que não têm, o que gostavam de ter, onde foram, a que faltaram e porquê, serão alguns dos preciosos dados que ficarão ao dispôr de qualquer invejoso, não mais com o Tribunal Constitucional como interposta instância, mas ali, bem visível, gratuito, à disposição das mais rebuscadas imaginações, dos mais baixos sentimentos e das mais espúrias “investigações”.
Privilégios dos políticos, só que de pernas para o ar. Os que quiserem dedicar-se à coisa pública, em público terão que se despir. Se não há nada de que os acusar, então, dirá Seguro, que se presuma. E como se presume, nada melhor do que despi-los na praça pública.
Não tardará que, quando os partidos quiserem seleccionar candidatos, os tenham que ir buscar às listas do rendimento social de inserção, à Cova da Moura ou a Custóias.
 
SENHORA DOUTORA MARIA JOSÉ
 
Boas notícias da área do CDS: a Exmª Senhora Drª Dona Maria José Nogueira Pinto demitiu-se do seu cargo na CML!
Talvez, a partir de agora, se possa governar aquela coisa.
 

SENHOR DOUTOR BARROSO
 
Numa demonstração da mais esmerdada educação e da mais rebuscada ausência de fair play, os partidos comunistas e o PS juntaram-se para proibir que o dr. Durão Barroso (Sr. José Manuel Barroso, como é conhecido lá fora) entrasse na sala do plenário da AR.
É verdadeiramente enternecedor verificar a altura e a nobreza de sentimentos desta gente. O homem é recebido com todas as honras onde quer que vá, menos na Pátria amada. Inventa-se uma norma (norma de que se esqueceram quando inventaram essa maluquice do protocolo do estado), a fim de evitar que um homem que foi eleito n vezes para a AR, que foi ministro anos sem fim, que foi primeiro ministro, que ocupa, goste-se ou não, o mais alto cargo jamais detido por um português, possa dizer de sua justiça, com todas as honras, em solene recepção parlamentar.
O Irritado já escreveu para Bruxelas (ninguém lerá a mensagem, mas ficará escrita) a dizer ao senhor que mande esta coisa às urtigas e vá fazer discursos para a Patagónia, onde por certo o respeitarão como é devido.
 
António Borges de Carvalho

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