O SOCIALISMO É A FILOSOFIA DO FRACASSO, A CRENÇA NA IGNORÂNCIA, A PREGAÇÃO DA INVEJA. SEU DEFEITO INERENTE É A DISTRIBUIÇÃO IGUALITÁRIA DA MISÉRIA.
Winston Churchill
O SOCIALISMO É A FILOSOFIA DO FRACASSO, A CRENÇA NA IGNORÂNCIA, A PREGAÇÃO DA INVEJA. SEU DEFEITO INERENTE É A DISTRIBUIÇÃO IGUALITÁRIA DA MISÉRIA.
Winston Churchill
O Irritado gozou, em longes terras, uns dez diasitos de imerecidas vacanças.
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Mal chegado, pumba!, leva pelas doces faces com uma lambada das antigas. Então não é que o senhor Pinto de Sousa (Sócrates) contratou uma empresa de “casting” para seleccionar umas criancinhas com o fim do o aplaudir numa sessão qualquer, destas a que a propaganda governamental usa chamar de tecnologia de ponta ou coisa que o valha? Trinta Euros por criancinha!
Não sei se já batemos no fundo, ou se o fundo é tão fundo que nem o senhor Pinto de Sousa (Sócrates) lá consegue chegar.
Trabalho infantil! Seria? O Irritado, como não teve a dita de ver a sessão, não sabe se se tratou de tal e tão vergonhosa contratação.
Mas sabe o que isto quer dizer. Quer dizer que vale tudo.
Vale pagar a umas velhotas para vir de Carrazeda de Ansiães aplaudir o senhor Costa. Vale arquivar o processo do Charrua e manter no poder a imundície que o provocou. Vale andar aos pulinhos em Xangai, a fazer propaganda à “Adidas”. A lista do que vale é interminável.
Pergunta o Irritado a si próprio se também valerá manipular sondagens, aldrabar resultados eleitorais, fingir que as contas estão certas, informar os papalvos, sem fundamento, que a economia está na maior…
O que é a verdade no socrapífio país em que vivemos? Ainda existirá essa coisa, a verdade?
Onde vamos parar, se é que vamos parar?
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Um regresso de férias desastroso. O “Expresso” conta que, no PSD, ou Mendes ou Menezes, ou o Diabo ou o Pintam. Mais nada. Estamos na saison dos incêndios e a baronagem tem medo de se queimar. Nem a Leite, nem o Rio, nem o Sarmento. Ninguém. Até há um, cujo nome me escapa, que ocupa uma página inteira, ou quase, a dizer que já foi sim, já foi nim, agora é não, tudo por razões especiosíssimas e rebuscadamente ridículas. Podia, ao menos, ficar calado. Ah! Já me lembro! É um tal Branco! Ficamos em branco.
Ou a estupidez suicidária do Mendes, ou o paroquialismo saloio do Menezes. E é um pau.
Onde vamos parar, se é que vamos parar?
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Ao menos, na CML há uma esperança. Não, não é esperança na coligação do Costa com o Pide. É no gozo que vamos ter quando os tipos desatarem à porrada. O Costa que se precate. À primeira que não agrade ao Pide, leva com trinta e dois processos-crime na fuça, a Morgadinha dos inquéritos salta-lhe às canetas, e o Irritado, agarrado à barriguinha, vai rir como um possesso.
Já três sóis são passados desde o soturno domingo em que a crise aberta na CML pelo senhor Mendes conheceu o funesto final que caracteriza as tragédias.
É tempo de dizer alguma coisa sobre o assunto.
O doce remanso, ou o frenesi, das férias, e o natural desencanto das gentes – sobretudo das que são habituais eleitoras do PSD – conduziram, não a uma abstenção naturalmente maior do que o habitual, mas a uma verdadeira hecatombe de indignado desinteresse.
É na abstenção que o senhor Mendes deve, antes de mais, encontrar meios para, olhando o espelho, ajuizar sobre as atitudes que tomou e sobre o mal que fez a todos nós, à cidade, às pessoas, ao seu partido, à democracia, à Nação.
Se fizer tal juízo com um mínimo de isenção, não direi, longe de mim!, que se suicide, mas peço-lhe que, sem mais hesitações, se ponha a mexer. Nem o PSD, nem a oposição ao PSD, nem a oposição do PSD, nem o regime democrático, nem nós, cidadãos comuns, temos seja o que for a ganhar com a presença, no galarim, de um líder como ele. Já agora, que leve, lá para o etéreo assento onde subir, ou descer, essoutra promotora da desgraça e da cizânia, que Paula se chama e saudade não deixa.
DA ALDRABICE
Domingo à noite. Nas imediações do Altis, um reduzido ajuntamento reuniu lisboetas do Alandroal e de Freixo de Espada à Cinta, ou equivalente, metidos à vassourada em autocarros, à boa maneira da União Nacional. Foi-lhes metida na mão uma bandeirinha e, a troco de uma passeata até Lisboa, puseram-nos aos gritos (poucos) nas ruas da cidade. Aldrabice.
A RTP, atenta, veneradora e obrigada – a filosofia Santos Silva a produzir efeitos – filmou a coisa de forma a dar a ilusão de que havia muita gente a incensar o grande triunfador Costa. Aldrabice.
O grande triunfador Costa elencou as medidas que vai tomar, limpar ruas, tirar cartazes ilegais, e pouco mais, tudo déjá vu. Toda a gente sabe que a sua verdadeira missão é fazer-nos engolir a Ota. Aldrabice.
O senhor Pinto de Sousa (Sócrates) disse umas coisas que, pela sua originalidade e visão do futuro, fariam inveja ao líder do MPLA, secção do Mbanzacongo. Aldrabice.
O grande triunfador Costa teve menos votos socialistas que eleitores teve o PSD, entendendo-se como eleitores do PSD os que votaram Carmona e Negrão. Grande triunfador. Aldrabice.
Um badameco bem falante despejou o contrário para a televisão, a partir do Altis. Aldrabice.
Ou seja, a maioria relativa dos lisboetas, apesar dos desmandos do senhor Mendes, continua a votar PSD. E chegaria para ganhar a Câmara.
Como é que, no meio disto tudo, o senhor Costa se considera grande vencedor é coisa que nem Aristóteles, nem Santo Agostinho, nem Kant, nem Hegel, nem Marx conseguiriam justificar, por mais voltas que dessem aos seus privilegiados bestuntos e às suas logissíssimas lógicas e dialéticas. Aldrabice.
DA VITÓRIA DO CARMONA
Se há um grande vencedor destas eleições, é ele o Carmona. Acossado, vilipendiado à esquerda e à direita, expulso, sem meios, sem máquina, sem dinheiro, sem propaganda que se visse, com o Fernandes às canelas, com os partidos, em uníssono, a condená-lo, Carmona bate os seus principais adversários (o senhor Mendes e a dona Paula), bate a desonra, a estupidez, a palermice erigida em “princípio” e em “ideia”, a perseguição erigida em filosofia.
Parabéns, Carmona Rodrigues. És um Homem!
DA DERROTA DO MENDES
Negrão, apesar das siglas, portou-se bem. Foi o cordeiro degolado à facada pela estupidez mendisto-teixeiradacruzista. Prestou-se a isso com honra. Não é um derrotado, é um homem que talvez tenha nascido agora para a política – aprendeu muito nestes dias - e que pode vir a ser alguém.
O senhor Mendes declarou que as suas atitudes (leia-se fazer cair a Câmara) eram questões de “princípio” e de “ideias”. Mais disse que se tratava de atitudes “compensadoras”. Talvez. Se se trata se destruir o PSD, não há dúvida, tem razão, foram compensadoras. Se é essa a compensação, então o senhor Mendes é um génio.
Foi ele, com a dona Paula, o derrotado nestas eleições. Nem sequer foi o grande derrotado, porque grandeza é coisa que não conhece, ou qualidade que se lhe não aplica.
DA LOUCURA DA ROSETA
Chapeau. Dona Helena ficou bem classificada. É pena que esteja doida. “Os bairros da Câmara devem ser geridos pelos seus habitantes”, disse. “Nenhuma decisão sobre a cidade será tomada sem consultar os cidadãos”, declarou. Está doida, ou não?
Então para que servem as eleições? A isto não saberá a senhora responder, a não ser que diga que serviram para a pôr num poleirinho. Para ela, importante é a “democracia” participativa (as aspas são minhas). A “democracia” participativa não consiste, ao contrário do que as boas almas podem ser levadas a pensar, em interessar as pessoas na coisa pública e em dar resposta ao que perguntam e requerem. Consiste em meter-se ao barulho, em provocá-lo, em pôr em causa a legitimidade dos eleitos, em fazer com que as pessoas sejam “representadas” por quem mais se mostrar, mais arruaça provocar, mais abaixo-assinados lançar. Os restantes cidadãos – a maioria -, que votaram para ter quem os representasse e tomasse por eles decisões não interessam à senhora. São lixo. São cidadãos que não “participam”.
Se não fosse perigosa, dona Helena era só ridícula.
Como o senhor Alegre, dona Helena nada tem de independente, a não ser no papel. Serviu-se do PSD, serviu-se da AD, serviu-se do PS. Para se tornar conhecida. Depois, quando percebeu que não seria a “escolhida”, vai de rasgar o cartão e ir para a rua à caça de papalvos. Independente uma ova.
Tonta, é o que ela é.
DO CONGELAMENTO DO PC
Do PC não há nada a dizer. À rasquinha, aguentou os votos. Quem vota PC fá-lo por fé, não por opção. E assim vai continuar.
DA QUEDA DO ZÉ
Esta criatura, caloteiro-mór da cidade, polícia-mór da câmara, príncipe dos bufos, desceu! Lá manteve o assento, mas desceu! Hossana! Alguma coisa havia de correr bem.
DAS CONSEQUÊNCIAS DA MARIA
O pobre do Correia foi-se abaixo. Fez o seu papel, mas foi a vítima indefesa e inocente dos malefícios da dona Maria (José), das galinhices entre ela e a dona Paula, das intrigalhadas em que ela se meteu, das guerras que ela fomentou. Fez o seu papel honradamente, mas…
É pena. Daria um bom vereador.
AVERDADE QUE FOI DITA
Como muito bem disse o grande vencedor Carmona Rodrigues, estas eleições não interessaram à esmagadora maioria dos lisboetas, porque o processo que a elas levou os enjoou e enojou. Se o senhor Mendes fosse capaz de aprender alguma coisa, tinha aqui uma bela lição. Mas fez a cama onde se deitou, e nem isso percebeu.
OS NÚMEROS
Carmona+Negrão – 32,44%
Costa – 29,54%
Carmona há dois anos – 42,5%
Roseta – 10,21%
Carrilho há dois anos – 28%
A VERDADE DO IRRITADO
O Costa teve mais um e meio por cento que o Carrilho há dois anos. Como é que o Costa é o grande vencedor e o Carrilho teve uma humilhante derrota?
Em relação a 2005, ou a aritmética é uma batata ou a Roseta foi buscar 10% dos votos ao PSD, não ao PS.
Com Roseta e sem Mendes, o PSD tinha ganho as eleições com, pelo menos, 30%. Sem Roseta, tinha ganho com cerca de 40%
Eis como a brutal estupidez de um líder pode falsear a vontade dos cidadãos.
Agora, ó alfacinhas, vai ser um fartote, a bicharada à trolha e a malta a ver.
Afinal, segundo a abalizada opinião da Exmª Ministra da Educação, a história do professor Charrua não passa de fantasia. A recondução da ignóbil bruxa lá do Norte é pura fantasia. O exame de português sem gramática outra fantasia. Os desmandos policiais do governo, devidamente “ratificados” pelo primeiro-ministro, são, obviamente, mais uma fantasiosa invenção.
As declarações do Presidente da República sobre as ditas fantasias, no mesmo dia em que a senhora ministra as classificava como tal, não passam, também, de mera fantasia. Na opinião da douta mulher, o doutor Cavaco deve ser uma espécie de rainha de espadas a passear no país das maravilhas. Para ela apenas existirá, a iluminar a humanidade com as bocas do seu verbo, o magnífico Pinto de Sousa (Sócrates). Tudo o resto é fantasia.
Como é que uma fulana destas é ministra (e da educação!!!) num país civilizado(?) é coisa que só no mundo da fantasia se poderá compreender.
António Borges de Carvalho
PS. Um conselho a Sua Excelência: já que houve tantos chumbos a matemática, não seria de pensar fazer, em próxima oportunidade, um exame do tipo do de português? Passava a malta toda, as estatísticas mudavam de feição, e o governo averbava mais um grande triunfo. Nada disto seria fantasia, mas mais uma enorme contribuição do partido socialista para o progresso da Nação.
Alguns comentadores têm vindo a estranhar que o Irritado esteja a considerar a hipótese de vir a votar nulo nas eleições para a Câmara de Lisboa.
A esses, os interessados, e aos demais, com a devida vénia, por esta via se comunica que o Irritado decidiu votar Carmona. Olaré. Nem mais nem menos.
Os problemas de Lisboa são graves. Há que evitar que os seus inimigos tomem conta dela, os agravem, e criem outros. É esse o primeiro objectivo do eleitor que se preza e preza a sua cidade.
O maior inimigo de Lisboa é o Fernandes. Pelo que faz, e pelo que pensa. O homem que mais caro custou a todos nós (catorze processos contra a Câmara, todos improcedentes, monumentais prejuízos causados com a paralisação das obras do túnel, onze assessores, totalmente inúteis mas bem pagos…), que, de parceria com o governo, restaurou o espírito da bufaria, da denúncia, da abordagem policiesca das questões, da não aceitação de decisões democraticamente tomadas. É, provavelmente, o maior inimigo que Lisboa e os Lisboetas já conheceram. Mas o que representa como perigo não é acompanhado por força eleitoral que o possa pôr no alto do poder.
O mesmo se não pode dizer do candidato Costa. Esse, para nossa desgraça, junta a força eleitoral do PS ao ódio profundo e visceral que nutre pela cidade. Que outro sentimento pode justificar que defenda o aeroporto da Ota e que se proponha governamentalizar, via garrote financeiro e não só, a gestão da cidade? Que postura de inimizade, de desprezo e de monstruoso cinismo pode ser mais forte do que a de quem, dizendo defender a intervenção da CML na área ribeirinha, mete um dos seus áulicos, o repugnante Júdice, como agente do governo para o efeito? Se é para meter o senhor Pinto de Sousa (Sócrates) na frente Tejo, então deixem lá estar a APL! Eleger Costa representará integrar a cidade no universo persecutório, concentracionário, aldrabófono e rasca do Partido Socialista.
Por isso que, com ou sem esperança, seja tão importante votar contra ele.
Como?
Se olharmos as sondagens, é fácil ver a brutalidade da traição (estupidez?) do senhor Mendes ao seu partido e ao seu eleitorado. A soma dos votos dos dois candidatos da sua área dá, à vontade, para deixar de fora o Costa. Mas, para o senhor Mendes, valem mais as raivinhas, as intriguinhas palacianas, as denunciazinhas patetas, as moralidades chochas e zarolhas, que os interesses do partido, dos eleitores e da cidade. Vamos deixar-nos sacrificar no altar destes estúpidos desmandos? Não! Vamos eleger o candidato inventado para salvar a face, se é que ela existe, do homem que desgraçou e continua a desgraçar o PSD? Não! Vamos eleger um fulano, que talvez seja boa pessoa mas que, evidentemente, não percebe patavina daquilo que se propõe gerir? Não!
Para evitar o Costa haverá que tentar concentrar os votos dos segundos classificados num só deles. É difícil, mas vale a pena. Excluído o Negrão pelas razões acima, resta Carmona. É o ideal? Talvez não. Foi capaz de dominar o saco de gatos da sua câmara? Não foi. Meteu na ordem o Fernandes e a Pinto? Não meteu. Mas é um homem sério, bem intencionado e sabedor. Aprendeu muito nestes anos. É inteligente. Sabe com quem vai estar metido. Ficou claro, no miserável debate da RTP, que é o único que se não fica por patacoadas, mas que conhece, no concreto, as questões concretas. Sabe que há problemas de tesouraria, que não tem, no curto prazo, meios para os colmatar, mas não se mete em demagogias de “fundos” ou de “contratos”. Não esgrime com a origem do mal (o consulado social-comunista do senhor Soares), não acena com desculpas, diz a verdade: financiar a dívida de curto prazo, reestruturando-a e usando, nos anos subsequentes, com parcimónia, o saldo positivo (existente) dos exercícios. Continuar a política de redução de despesas, melhorar a gestão do património e do pessoal, pôr a malta a trabalhar. Será difícil, mas é fazível e não é demagógico nem aldrabão.
Carmona, de entre o infeliz leque de personalidades que nos é proposto, é a escolha. A única possível.
E Roseta?, perguntar-se-á. Roseta tem o handicap da sua gestão em Cascais, que devia chegar para nunca mais querer ser autarca na vida. Desta vez, após uma viagem desde PSD até à esquerda do PS, a senhora entrou no paroxismo da demagogia bem-falante. Já viram o que seria os bairros sociais em auto-gestão? Já viram o que seria, em vez de reestruturar a divisão administrativa da cidade subdividi-la numa miríade de interessesinhos de moradores (des)organizados? Esta paranóia de “democracia” directa, de menosprezo pelos eleitos em favor de activistas que nada representam., é um perigo mortal, tanto para a gestão da cidade como para a democracia propriamente dita.
O resto dos candidatos… para quê falar deles?
O Carvalho tem os votos do PC, e acabou-se.
O do MRPumpum não interessa. O do PPM (como é que o tipo se chama?) é um analfabeto, uma besta quadrada. O skin head, valha-me São Pancrácio. Quem são os outros? Já não sei.
Ah! É verdade! Há o Correia. Coitado, não é mau rapaz, mas, se queremos fazer mal ao Costa…
E se se conseguisse juntar os votos desta malta toda no Carmona? Não seria possível? Não há esperança? Sei lá.
As 7 Maravilhas, coisa a que não liguei meia até ontem, foram, afinal, 7 vergonhas. E não só.
- Primeira vergonha: a votação. É evidente que, com o sistema usado, se deu, ou quis dar, oportunidade aos países mais populosos. Não é por acaso que a China, a Índia, o Brasil ou o México foram contemplados. Não houve a mais leve sombra de objectividade no processo de escolha. Até que ponto o Cristo do Corcovado é uma maravilha? Não brinquem com coisas sérias!
- Segunda vergonha: as palhaçadas pseudo-espectaculares que os tipos montaram. Porque é que não contrataram uns americanos quaisquer, dos que sabem destas coisas?
- Terceira vergonha (insuportável): o senhor Carreras e um italiano qualquer a fingir que cantavam. Abaixo de cães. Vermes, os próprios e os que os contrataram para aldrabar o público.
- Quarta vergonha: o senhor Joaquim, que se julgaria bailarino, num numerozeco duvidosíssimo, talvez digno de uma tasca rasca de Sevilha.
- Quinta vergonha: uma cambada de alarves mal vestidos a tocar tambor. Óptimo para a campanha eleitoral do Rúben.
- Sextas vergonhas: o desgraçado que falava inglês com pronúncia de Almada, e o paleio de chacha dos comentadores da TVI.
- Sétima vergonha: o Presidente da República e o Primeiro Ministro a dar, com a sua presença, o aval nacional a esta merda.
Uma excepção: a exibição, musical e piçalhuda, da dona Jenifer. No género, foi do bonzinho.
O cúmulo da vergonha: aquela americana de duzentos quilos a assassinar o It’s a wonderful world.
Uma coisa deliciosa: Os apupos do povo ao Primeiro Ministro.
Uma vergonhaaprès la lettre: os artigos do DN e do Público sobre o assunto. Mentecaptos!
Mais uma para a lista das “coisas muito sérias” (v. post de 24 de Junho). Um senhora, toda pregadinha, tailleur alvíssimo, florão ao peito, cabelinho a cheirar a brushing, apresentou-se a uma distinta plateia para apresentar um relatório qualquer (se comêssemos relatórios e estudos éramos os fulanos mais bem comidos da Europa). Lá foi largando os seus justos bitates. Até que lhe fugiu a boca para a mentalidade governamental. Num rasgo de génio, a senhora declarou que isso de criticar o governo era coisa que se podia fazer na casa dela, na esquina e no café. “Locais apropriados”, segundo disse. Locais, é legítimo inferir, onde ainda não há espiões do governo à escuta, com a caneta das acusações na mão.
É evidente que a senhora pode ser muito boa em relatórios, mas do que devia importar a um político não sabe patavina.
É aqui que está a brutal raiz da questão. A senhora segue à risca os ditames dos seus chefes, nada mais. Os atentados à liberdade e aos direitos das pessoas não são obra de acasos, de lapsi linguae, ou iniciativa de um ou outro funcionário desprevenido ou idiota. São a filosofia vigente, a mentalidade do socrafifiosismo no seu melhor. Não se multiplicam por acaso, nem são fruto de uns ignaros sem princípios. São resultado do pensamento, da doutrina e da acção consciente e generalizada de quem está no poder.
Pareceria ao irritado que era altura de SEPIIIRPPDAACS fazer um discursinho sobre o que se passa. Mas parece que Sua Excelência não é lá muito sensível a estas coisas. Que diabo, somos PRESIDENTES da União Europeia! Não é para qualquer um (só para nós, mais todos os outros)! Levantar ondas, nesta altura? Credo!
O Irritado, pelo menos uma vez, deu sinal dos seus sentimentos acerca dos palhaços que se passeiam em público, cheios de pundonor e orgulho, a exibir uns simpáticos pit-bull, doberman, rodesian ridgeback, rottweiler e similares, as mais das vezes sem açaimo.
Queixo bem alto, a besta aos pulos à volta do dono (obviamente mais besta do que a dita), as criancinhas atrás dos cãezinhos, os cabos de mar, os nadadores-salvadores, os guardas-republicanos, e quejandos, a assobiar para o ar, que é para isso que são pagos. Se não é, parece.
Pois. Também parece que morreu mais não sei quem por causa destas distintas e civilizadas práticas. Já não se falava do assunto desde que, há uns meses, uma sexagenária foi comida pelos mastins do vizinho. Ça va sans dire, o vizinho deve estar calmamente em casa com os seus cãezinhos, enquanto a senhora faz tijolo.
Mas alegremo-nos. Hoje é votada no Parlamento uma lei sobre o assunto. Fenomenal.
Passará a não haver venda clandestina dos canídeos classificados como perigosos. Isto é, quando a cadelinha parir, a simpática ninhada será imediatamente conduzida a um estabelecimento especializado nestas matérias. Está mesmo a ver-se, não está? A coisa foi proposta pela Protectora dos Animais, ou lá o que é, para que os pobrezinhos não venham a sofrer maus tratos nos circuitos comerciais.
A fiscalização deixará de ser feita só pela PSP (agora percebo porque é que os cabos de mar não ligam nenhuma ao assunto), entrando na jogada a Direcção Geral de Veterinária. Não é preciso pensar muito para perceber que a coisa vai funcionar muito melhor.
Os distintos criadores e proprietários dos bichinhos continuam a ser autorizados a criar e comercializar os mesmos. Mas veja-se a sabedoria dos proponentes da lei: os ditos cidadãos serão submetidos a exame psiquiátrico, para avaliação das suas capacidades. Como se quem faz o que eles fazem precisasse de exame psiquiátrico para se saber o que são.
Os reincidentes, isto é, os que tenham condenações transitadas em julgado por crimes relacionados com a posse dos carnívoros, ficarão proibidos de os ter ou criar. Como uma sentença, para transitar em julgado, leva para aí uns dez anos, nos dez anos que se seguem à cena da jantarada dos mastins, o seu ilustre proprietário poderá continuar a sua benemérita actividade sem que ninguém tenha nada com isso.
Restam umas disposições administrativas sem relevância de maior, ainda que monumentalmente complicadas.
Ah! É verdade! As multas a aplicar poderão ir… até mil contos. É como fumar dez cigarros em local proibido, não é?
Ocorre perguntar se, em vez destas parlamentares perdas de tempo com regulamentos e trapalhadas inoperantes, não iria mais ao encontro dos interesses do cidadão comum - que não cria, nem vende, nem se passeia com feras - uma simples portaria municipal que determinasse que os bichinhos deste género apanhados na via pública, como ou sem açaimo, fossem imediatamente apreendidos e levados a abate, aplicando-se ao respectivo dono uma taxa brutal pelo serviço.
Ao parlamento competiria alterar o Código Penal de forma a punir os donos dos cães atacantes com a pena que se lhes aplicaria se praticassem eles próprios os actos dos animaizinhos. Assim, o dono dos cãezinhos que comeram a velhota estaria em prisão preventiva, em vez de continuar a ser autorizado a crescê-los e multiplicá-los.
Uma inútil mas bem intencionada sugestão do Irritado.
Um jornal de fim de semana resolveu perguntar aos candidatos à presidência da CML as suas “soluções” para acabar com a enormidade de burocracia que são os serviços de urbanismo da autarquia.
As respostas obtidas deixam o munícipe mergulhado num ataque de nervos. Não há Lexotans que nos valham.
Ora vejam:
COSTA opina que o que é preciso é “um manual interpretativo das normas do PDM”. Ou seja, o ilustre socialista acha que o PDM é ininteligível. Modificá-lo, não. Faça-se o tal “manual”. Depois, julga-se, será necessário outro manual interpretativo do manual interpretativo, e assim por diante. Em seguida, a distinta personalidade defende a instalação de um sistema informático que “garanta em qualquer momento o acesso às obras em apreciação na CML, o seu conteúdo, pareceres e andamento”. Ou seja, o excelso político não sabe, nem sequer tem a mais leve sombra de ideia sobre o assunto. É que o tal sistema informático já existe. Nele podem os cidadãos saber que os seus processos (não as “obras”, como diz o candidato) estão devidamente parados, à espera dos que hão de vir. É que o problema não é haver ou não haver o sistema, o problema é o funcionamento do monstro. Acrescenta o ignorante que, para os grandes projectos, fará intervir um “conselho consultivo”. Mais um. Mais uns lugarzinhos para uns tipos que integrarão mais uma entidade emissora de doutos pareceres, destinados, como é óbvio, a atrazar mais os processos.
NEGRÃO, preocupadíssimo em “desburocratizar” (ninguém será contra), propõe que, para tal fim, as chefias da Câmara reservarão duas manhãs por semana para receber os lisboetas. Notável. O simpático homem das siglas não sabe que os técnicos responsáveis pela apreciação dos projectos, os chefes de zona, etc., já têm dias para receber os munícipes. Não é fácil marcar as audiências, é verdade, mas não é impossível. Como Costa, Negrão não faz a mais leve sombra de ideia do que se passa na CML. Depois, em mais uma nobre demonstração de incompetência, o mesmo candidato anuncia, como uma das suas primeiras medidas, um plano “que devolva a Lisboa a frente ribeirinha”. A gula pelas áreas da APL é comum a todos os candidatos. Resta ao munícipe saber o que tem a ganhar com a inclusão de tais áreas na jurisdição do monstro.
CARVALHO, o anafado comunista, quer uma actuação dos serviços “mais rápida, transparente e responsável” para dar “resposta às pretensões dos particulares”. Alvíssaras! O homem tem razão! Não lhe seria, de modo nenhum, possível cumprir a promessa, mas, ao menos, põe o dedo na ferida. A seguir, para dizer alguma coisa, avança que sãp precisas intervenções “necessárias e urgentes”, como a renovação do Pavilhão Carlos Lopes e do Parque Mayer. Está bem. Só não se percebe como é que anda há anos a fazer os possíveis e os impossíveis para boicotar toda e qualquer ideia a tal respeito avançada. O que sabe dos problemas que existem é tanto como a demonstrada vontade de os não resolver.
FERNANDES, o acusador, o moralista de pacotilha, o denunciante, o caloteiro (e os milhões que a CML perdeu por causa dele?), tem na manga a panaceia universal: o “plano verde” do paisagista Ribeiro Teles. Ou seja, para resolver os problemas do funcionamento da CML no que ao urbanismo diz respeito, o homem do BE utiliza um “plano verde” que, como por encanto, criará mais estacionamento, melhores transportes, e reabilitará o Parque Mayer com o negregado “dinheiro do Casino”. Um maggnífico exemplo de como se responde a alhos com bogalhos.
CORREIA trata o assunto com muito mais acutilância. Propõe “arranjos nos passeios e iluminação nas ruas”. Acrescenta que quer acabar rapidamente com “as obras que se arrastam” e “abrir a cidade ao Tejo”. Como? Não acrescenta. Minto. Diz que é “importante respeitar os prazos de resposta”. Se eu acreditasse que o homem era capaz de o fazer, ou se soubesse como o ia fazer, era capaz de votar nele.
CARMONA, talvez em resposta a Costa, confirma o que acima digo: já é possível consultar os processos na internet. O Costa é que não sabe. Depois, diz que quer acabar a CRIL e o Eixo Norte/Sul (quem o não quererá? – talvez o Fernandes), e que a reabilitação do Parque Mayer será o seu ex-libris. A Oeste nada de novo.
ROSETA toca as raias da loucura. Quer um “pelouro do urbanismo partilhado por todas as forças políticas eleitas”. Note-se, antes de mais, que a senhora se faz passar, de “independente” a “força política”. Em matéria de modéstia, estamos conversados. Imagine-se agora o que aconteceria se houvesse, em vez de um, sete vereadores a chefiar o urbanismo. Deixaria de haver pelouro do urbanismo para haver pelouro do saco de gatos. Tudo à porrada e fé em Deus. A nobre senhora acrescenta mais uma proposta electrónica: as “alterações urbanísticas” passariam a ser objecto de visualização simulada para que o povo as visse “antes da sua aprovação”. Nada contra. Só que tal proposta nada tem a ver, mais uma vez, com o aligeiramento e o funcionamento dos serviços da CML e das infindáveis entidades que emitem pareceres sobre tudo e mais alguma coisa. Já agora, para não destoar do bouquet das “forças políticas”, dona Helena avança que o Parque Mayer, blá, blá, blá.
*
É nisto que estamos. Segundo o mesmo jornal, um desgraçado que quer alterar a moradiazinha da família anda há oito anos de Herodes para Pilatos, e até já encheu cinco dossiers de papelada. Os serviços da CML não cumprem prazos. Os respectivos funcionários acham que justificam o ordenadinho através da criação de dificuldades ao munícipe. Um obrinha de caca tem o mesmo tratamento burocrático que um empreendimento de milhões. As entidades com “jurisdição” sobre o assunto vão somando pareceres e prazos, a desculpar os atrazos próprios e os dos outros. Etc. etc.
Nenhum dos candidatos em presença faz a mais remota ideia de como as coisas (não) funcionam (à excepção, talvez, do senhor Carvalho), nem tem uma ideia que seja acerca de como as alterar. Dizem coisas, dizem coisas à balda, sem texto nem contexto. É nisto que estamos.
*
Um momento houve em que pareceu que o funcionamento dos serviços de urbanismo ia entrar nos eixos. Durou uns meses, talvez um ano. Refiro-me ao consulado da vereadora Eduarda Napoleão. Despachou-se, na altura, um número considerável de processos. Parecia haver uma luz ao fundo do túnel. Muitos dos que hoje se apresentam a dizer inanidades sobre o assunto foram inimigos figadais do dr. Santana Lopes e, por conseguinte, da vereadora em causa, à altura perseguida pela municipal bem-pensância, hoje, calcule-se, perseguida pela Justiça, vítima da bufaria no poder.
As boas almas, com Miguel Portas, Jerónimo de Sousa e Marques Mendes à cabeça – santa aliança! - estão empenhadas em defender uma consulta referendária sobre o que vier a ser o novo tratado europeu.
É de senso comum que uma pergunta só é legítima se legítimo for o pressuposto de que o inquirido tem condições para saber a resposta. Nos exames escolares, por exemplo, as perguntas formulam-se com base num programa cujo ensino se supõe ter sido ministrado. Num referendo político haverá, por elementar bom senso, que criar os pressupostos de que à generalidade dos cidadãos é possível compreender, primeiro, o problema que motiva a consulta, segundo, as consequências que o sim ou o não podem ter no que diz respeito à solução a dar ao problema cuja compreensão foi possibilitada.
É por isso que a complexidade de certas questões políticas não pode, ou não deve, ser objecto de consulta referendária. Para tal, existem os Parlamentos.
O que está em causa nesta história do novo tratado europeu? Diz-se que a Europa a 27 não tem condições para funcionar a contento. Novos mecanismoa terão, por isso, de ser criados. Talvez seja possível ao cidadão comum perceber este problema.
Mas ser-lhe-á dado saber se o sistema das maiorias de critério duplo, as raízes quadradas dos polacos, ou outro sistema qualquer é melhor ou pior para os seus interesses, pessoais, sociais e nacionais? É evidente que não.
Ser-lhe-á dado saber se a redução do número de deputados europeus lhe é conveniente? É evidente que não.
Ser-lhe-á possível ajuizar das vantagens ou inconvenientes da futura existência de um Presidente do Conselho? É evidente que não.
Ser-lhe-á possível antever as consequências da redução do mandato dos comissários de 5 para 2,5 anos? É evidente que não.
Ser-lhe-á possível saber se o novo tratado, impondo ou não uma nova carta de direitos, mormente sociais, comum a todos os cidadãos da Europa menos aos britânicos, é favorável ou não aos interesses de um português enquanto tal? É evidente que não.
Ser-lhe-á possível saber se, com as novas normas, sejam elas quais forem, há perdas de soberania que possam pôr em causa a Nação ou as suas legítimas prerrogativas? É evidente que não.
Pôr-se-á um problema sério de perda de soberania quando há 27 países a perder exactamente o mesmo e para a mesma entidade? Quem o saberá julgar?
Acresce que, segundo as alterações constitucionais legisladas em 2004, “o referendo pode recair sobre uma só matéria, devendo as questões ser formuladas com objectividade, clareza e precisão e para respostas de sim ou não…”. Ora digam lá se se pode perguntar sim ou não acerca do tratado em causa, o qual, seja qual for, rezará sobre matérias as mais diversas, sendo impossível estar de acordo ou em desacordo com todas elas. Mesmo que fosse legítimo, no sentido de “respondível”, referendar o tratado, jamais o seria em relação às suas providências específicas. Então o que se pretende? A resposta é simples: o objectivo é o de desautorizar a ratificação parlamentar e, com ela, o parlamento. Os adeptos do referendo, à excepção, julgo, do dr. Marques Mendes, não são propriamente admiradores da democracia representativa. A uns, não vale a pena lembrar que, sem parlamento, não há democracia e que, de uma forma ou de outra, as ditaduras têm o vício de se legitimar por via plebiscitária. Ao dr. Marques Mendes também não vale a pena lembrar seja o que for, já que parece ter perdido a capacidade mental para perceber o que quer que seja.
Há, ainda, um pequeno problema de ordem constitucional, que se pode referir a benefício de inventário, uma vez que nem uns nem outros lhe vão ligar meia. Reza a Constituição, na sua versão actual, que (em matérias que tenham a ver com acordos internacionais) o referendo só se pode utilizar se se tratar de “convenção internacional”. Ora o que vai estar em causa será um instrumento que não se integra em tal conceito. Trata-se, porém, de dispicienda questão, sobre a qual nenhum dos constitucionalistas de serviço se debruçará.
O referendo sobre o tratado europeu (como o seria sobre a defunta “Constituição”) é um presente envenenado que se destina, ou a satisfazer a ânsia de notoriedade dos demagogos, ou a desresponsabilizar os responsáveis, isto é, os que foram eleitos precisamente para resolver esses problemas e muitos outros cuja complexidade escapa ao cidadão comum.
Quantos portugueses saberiam responder, em consciência e com plena convicção, à pergunta que a este respeito fosse inventada? Dois por cento? Talvez nem tanto. Os portugueses – os que fossem votar, porque, como é evidente, a esmagadora maioria ficaria em casa – votariam sim porque o senhor Pinto de Sousa (Sócrates) vota sim, porque o senhor Mendes vota sim, ou não, porque o senhor Sousa ou o senhor Portas (Miguel) mandam votar não, e acabou-se.
Para que serve o Parlamento, senão precisamente para decidir sobre questões como esta? Sabiamente, os constituintes de 1976 - que não foram sábios em tudo - decidiram colocar os tratados fora da alçada da chamada democracia directa, ou “participativa”, ou referendária, ou plebiscitária, ou, no parecer do Irritado, aldrabona. Mas lá vieram os de 2004 dar, de forma aliás canhestra, cabo da sabedoria dos seus antecessores.
Que o senhor Portas (Miguel), ou o senhor Sousa, queiram abrir, para proveito próprio, mais um espaço de propaganda, é fácil de perceber. É o que sabem fazer: propaganda. Mas que o senhor Mendes aproveite a oportunidade para mais uma horrível demonstração de irresponsabilidade e estupidez, é coisa que não pode deixar de irritar o Irritado.
Até o senhor Pinto de Sousa (Sócrates) já percebeu a coisa. Aí anda ele, em exercícios de ginástica e contorcionismo, a ver se consegue dar a volta às coisas que disse sobre o Tratado Constitucional. Pela primeira vez na História, o Irritado deseja boa sorte ao dito.
- Uma das últimas “prerrogativas” de que os portugueses dispunham em matéria de IRS – as despesas de saúde – vai desaparecer, ou seja, cada medicamento, cada consulta, cada exame, cada cirurgia, vai passar a custar o que custa, mais a taxa de IRS a que cada um for submetido.
- As taxas moderadoras vão ser “progressivas”, isto é, a coisa será tanto mais cara quanto mais doente um tipo estiver, quanto mais velho for, quanto mais precisar de assistência.
- Os limites do que o SNS virá a proporcionar vão ter como critério o preço, melhor dizendo, quanto mais caro for o tratamento necessário ao doente, menos o SNS o tratará.
- Se o dinheiro não chegar, prevê-se a criação de uma nova figura “de estilo”: as “contribuições compulsórias”.
- Vai haver mais horas de trabalho, menos férias, e os subsídios vão ser objecto de cortes.
Diz-se e escreve-se (ainda que não se diga nem escreva como nem porquê se chegou a tal conclusão) que há 12.600 pessoas que morrem por ano em consequência do tabaco. E, que horror, tais criaturas custam ao Estado 500 milhões de Euros. E pagam, em impostos, 1.400 milhões.
Resta um saldo de 900 milhões para ajudar os que morrem em consequência do frango de churrasco (colesterol), dos tremoços salgados (tensão arterial), do vinho tinto (cirrose do fígado) e do excesso de caspa (exagero na coçagagem da moleirinha).
Os automobilistas activos, a breve prazo, ou deixam de ser automobilistas ou serão objecto de ferocíssimas multas. É que, à semelhança dos fumadores, andam para aí a encher os pulmões de terceiros com CO2. É urgente a criação de uma associação de automobilistas passivos para acabar com os activos.
Por maioria de razão, a Carris deverá deixar de prestar serviços de transportes para que os lisboetas não se vejam obrigados a respirar os eflúvios dos injectores de gasóleo desafinados. Como solução alternativa, há quem proponha a criação de ruas livres de autocarros, o que será da competência das Juntas de Freguesia. Quem quiser andar de autocarro deverá pagar uma “contribuição compulsória”, destinada a financiar os sapatos de ténis dos cidadãos auto-saudáveis.
As mudanças e outros transportes de mercadorias serão proibidos, a não ser que sejam feitas por carros de bois (servindo a respectiva bosta para adubar as hortas do Arquitecto Paisagista Telles) ou às costas dos interessados com menos poder económico.
Na senda da luta contra o tabaco, e pela mesma lógica, será proibido o aquecimento doméstico, uma vez que uma caldeira a gás lança para a atmosfera, por hora, mais CO2 que uma discoteca africana numa noite inteira (se isto não for verdade, arranja-se um estudo como o dos mortos do tabaco, e passa a sê-lo), pondo em risco a saudinha dos aquecidos passivos. Quem tiver frio que se previna com cobertores.