O SOCIALISMO É A FILOSOFIA DO FRACASSO, A CRENÇA NA IGNORÂNCIA, A PREGAÇÃO DA INVEJA. SEU DEFEITO INERENTE É A DISTRIBUIÇÃO IGUALITÁRIA DA MISÉRIA.
Winston Churchill
O SOCIALISMO É A FILOSOFIA DO FRACASSO, A CRENÇA NA IGNORÂNCIA, A PREGAÇÃO DA INVEJA. SEU DEFEITO INERENTE É A DISTRIBUIÇÃO IGUALITÁRIA DA MISÉRIA.
Winston Churchill
Desde os tempos do já falecido, e bem intencionado, Dr. Magalhães Mota, que a classe política se dedica, paulatinamente, a perseguir-se a si própria.
Aos poucos, e aos muitos, os políticos, pelo simples facto de o ser, passaram a objecto de suspeita. Negando princípios básicos do estado de direito, qualquer eleito passa à categoria de presumível agente de corrupção. Em vez de se lhe aplicar, eventualmente com tolerância zero, a lei geral, é objecto de leis especiais – em si mesmas a negação do que é a Lei - que os transformam em cidadãos de segunda, quer tenham cão, quer não. É normal que, nestas condições haja tanta gente a fugir da política, não por não sentir pulsão para a luta e para o serviço público, mas por não se conformar com a “transparência” e com as cunhalistas “paredes de vidro” a que ficariam sujeitos se a ela cedessem.
Vem isto a propósito da publicação de documentos que a sanha persecutória tornou públicos, desta vez relativos aos bens e aos rendimentos dos ex-presidentes Soares e Sampaio.
O Irritado não é admirador nem de um nem de outro. Jamais neles votou, ou votaria. O que não quer dizer que ao Irritado interesse o que têm, o que não têm, o que gastam ou o que recebem. Se cometerem algum crime, pois que a lei lhes caia em cima, como cidadãos que são. Caso contrário, têm todo o direito a estar sossegados e a conservar tais dados no domínio da sua privacidade. As suas declarações de impostos deveriam ser, como as da generalidade dos cidadãos (até quando?), do seu próprio conhecimento e do das finanças, as quais, se o sistema fosse informado por alguma sombra de moralidade, as guardariam com a apropriada confidencialidade.
Que direito tenho eu de saber que o Presidente Soares tem um Renault 16, ou que o Presidente Sampaio tem 72 acções do Sporting? Que direito tenho eu de saber das dívidas do Presidente Sampaio à banca ou das propriedades do Presidente Soares?
A publicação destas informações não passa de pura pornografia jornalística, jurídica e institucional.
Para gozo dos moralistas de pacotilha que fabricam estas coisas e que, pelo menos, não acreditam na lei nem no direito – se acreditassem bastar-lhes-ia que os políticos, como os demais cidadãos, se lhes submetessem – criou-se uma teia perversa que, fundada em demagogias soit disant “éticas”, tem, como é fácil compreender, um efeito devastador na governação do país e produz o contrário do que diz servir-lhe de fundamento, isto é, afasta as pessoas de bem da política, em vez de as aproximar.
O Irritado não tem ilusões quanto ao futuro. No ambiente marcadamente policial em que vivemos, será cada vez pior. Até à implosão final?
Aqui há tempos, citava o Irritado uma definição de demagogia, mais ou menos assim: demagogia é utilizar dotes oratórios, e não só, para vender promessas agradáveis que não se tem intenção de cumprir.
Já que o mote dos jornalistas e comentadores ao serviço do senhor Pinto de Sousa (Sócrates), na semana passada, foi o do “passado” (leia-se da coligação PSD-CDS), talvez não seja mau ir a um passado mais recente, o do dito senhor.
Lembremos, ao calhas, algumas promessas:
- Os impostos não vão aumentar;
- Vão ser criados 150.000 postos de trabalho;
- Não haverá portagens nas SCUTS.
Aconteceu como segue:
- Os impostos aumentaram de uma forma brutal;
- O desemprego aumentou para números nunca vistos;
- Não só se vai pagar portagens nas SCUTS como, por via fiscal, se vai pagar em todas.
Tudo isto é, rigorosamente, verdade.
Apesar disto, não houve um só escrevinhador a chamar ao senhor Pinto de Sousa (Sócrates) aquilo que, acima de tudo, ele é: um demagogo, um fulano que promete o que sabe que não vai cumprir.
Os escrevinhadores entretiveram-se (a crónica de Fernando Madrinha chega aos píncaros da coisa) a descrever o quão inútil é falar no “passado”, já que o passado está definitivamente julgado nas urnas.
É verdade que a demagogia do senhor Pinto de Sousa (Sócrates) conquistou o poder. É verdade que a propaganda e o paleio do senhor Pinto de Sousa (Sócrates) continuam a produzir os seus devastadores efeitos.
Mas também é verdade, embora ninguém o diga:
a)Que não foi o Dr. Santana Lopes quem provocou a discussão sobre o passado;
b)Que foi o senhor Pinto de Sousa (Sócrates) quem o fez, quem falou de tudo menos do orçamento, quem converteu a discussão orçamental num anúncio de medidas que podiam caber noutro momento qualquer, isto é, quem arranjou matérias para fugir à discussão do que estava em causa e usou truques para a evitar, eximindo-se, até, de responder às perguntas que, sobre a “matéria dos autos”, lhe eram colocadas;
c)Que foi o PSD (Patinha Antão e Santana Lopes), o CDS e os partidos comunistas quem falou do orçamento, enquanto o inacreditável ministro da presidência lia um ainda mais inacreditável trabalho de casa sobre o “passado”, não sobre o orçamento.
O “passado” talvez tenha sido julgado nas urnas. Mas, até hoje, ainda ninguém foi capaz de vasculhar em tal passado e de encontrar, como no governo do senhor Pinto de Sousa (Sócrates), um défice de 6%, ou 8% de desemprego, ainda ninguém foi capaz de criticar que o mesmo senhor tenha feito, no governo, precisamente o contrário do que, meses antes, propagandeava na televisão, ainda ninguém foi capaz de martelar que o equilíbrio orçamental, no negregado passado (Ferreira Leite e Bagão Félix), era procurado à custa das gorduras do Estado e, agora, das magrezas dos cidadãos.
A massa dos comentadores e jornalistas que, desgraçadamente, nos bombardeiam com notícias e opiniões, dedica-se, pelo contrário, à nobre tarefa de incensar o senhor Pinto de Sousa, de machadar no “passado”, de opinar sobre duelos oratórios e de atirar, sabe-se lá porquê, toneladas de areia para os olhos das pessoas.
A demagogia tem os seus adeptos, e os seus adeptos têm um poder dos diabos.
Já que o senhor Pinto de Sousa (Sócrates), à boa maneira leninista, vai repetindo a mentira até que se torne verdade, repitamos nós a verdade, na esperança de que se não torne mentira.
Ao serviço do PS, o Dr. Constâncio “fabricou” um défice fantasma de 6,82%, ou coisa que o valha. Assim. Uma previsão, um guess, um bocado à maneira de quem diz: se a minha avó tivesse rodas era um carro eléctrico. Assim. Proporcionando ao camarada Sousa a possibilidade de dizer que baixou 0,85% um défice que, na verdade, contas feitas, aumentou 2,8%.
Vêm?
Qual é, Senhor Presidente, a moeda má?
António Borges de Carvalho
APOSTILHA
Mal acabara de publicar este post quando me vieram trazer o "Diário de Notícias". A folhas 7, uma fotografia do Ministro das Finanças, rindo alarvemente, a mostrar um papel. A legenda reza assim: "Entre os vários documentos que mostrou, Teixeira dos Santos lembrou que o défice em 2004 era de 6,8%".
Lapidar!
Na opinião do espantoso governante, os tipos do Eurostat não devem passar de uma cambada de aldrabões. Umas bestas.
Eu sei que o que o fulano quer dizer é que o défice seria de 6,8% se, e se, e se... isto é, torna-se legítimo pensar que a avó de Sua Excelência é mesmo carro eléctrico.
Parece, ou dir-se-ia, que a Democracia se ancora, ou depende, da decisão individual de cada cidadão, sendo o exercício do poder, e a oposição a ele, determinados pelo somatório das vontades individuais livremente expressas. É na solidão da cabine de voto que o poder se determina. É na solidão da cabine de voto que se dá legitimidade ao exercício do poder. Daqui que, na sociedade maior, o Estado, o único legítimo interlocutor do poder seja o cidadão, como, nas sociedades menores, serão os seus membros, cada um dos seus membros.
Isto, no plano dos princípios.
Na vida, porém, as coisas passam-se de forma diferente. Aos poucos, a partir de um conceito a que a Constituição chamou “democracia participativa”, passou a haver interlocutores intermédios que, não podendo, legitimamente, representar mais dos que os seus aderentes, actuam e são aceites pelo poder como mandatários de um universo que lhes é alheio. O Estado, as autarquias, o poder e os poderes, preferem o diálogo com tais “representantes” ao confronto com os cidadãos enquanto tal. A “democracia” piramidal faz, assim, o seu caminho nas frinchas que os democratas deixam abrir nas muralhas da sua fortaleza. À la limite, é a democracia representativa o que fica em causa.
Dir-se-á que o poder e os poderes podem, com toda a legitimidade, consultar os corpos sociais, as sociedades menores, na formação das suas tomadas de decisão. Com certeza. O que se não confunde, ou não se devia confundir com a atribuição a tais corpos da representatividade dos cidadãos sobre cujo universo pretendem actuar.
Peço desculpa por esta filosófica arenga., talvez imprópria do Irritado.
Alguns exemplos, entre milhares, para a justificar:
Há, oficialmente, decisões autárquicas que dependem da vontade de comissões de moradores, as quais, não representando mais que os seus associados, são tomadas como representantes de todos os interessados.
Já houve (não sei se a prática continua) consultas públicas da Assembleia da República das quais eram expressamente excluídos os cidadãos enquanto tal, só a colectivos de diversa ordem sendo dado o direito de exprimir a sua opinião.
Li hoje que o ilustre presidente da câmara de Lisboa lançou a iniciativa do “orçamento participativo” – estranho aranhiço que já tem teias em várias partes – em cuja discussão “embora o público possa participar” (ó caridade!), se dá especial prioridade, “por esta ordem”, às “associações de moradores”, às “organizações da sociedade civil” (o que é isto?) e às Juntas de Freguesia. Ou seja, dos interlocutores colectivos, a última prioridade é conferida ao único que goza de legitimidade política para representar os munícipes. Os indivíduos, os cidadãos, os munícipes, esses, “embora”, por certo a contra gosto do autor da iniciativa, possam participar, são os últimos dos últimos, e só poderão dizer de sua justiça depois de ouvida a Associação das Lésbicas do Bairro do Taxa, o Grupo Futebolista dos Solteiros e Casados da zona J, o Núcleo Revolucionário dos Moradores da Lapa… e, já agora,… as juntas de freguesia!
Daqui que, às vezes, não seja despicienda uma ponta de reflexão sobre os princípios que informam, ou deviam informar, um sistema democrático digno de tal nome.
Alguns leitores do Irritado tiveram a amabilidade de se queixar de falta de notícias ao longo destes últimos quinze dias. Agradeço e peço desculpa. A verdade é que andei a banhos por terras de Sua Majestade (Canadá), e deixei de pensar na nossa pobre piolheira.
Regressado, tive algumas dificuldades de readaptação. Tão grandes que ainda não li, nem o Expresso nem o Sol(crates). Nem vou ler.
Que diabo, às vezes temos que nos libertar das grilhetas desta coisa, nem que seja por duas semanas. Depois, é só esperar calmamente que voltem as irritações.
O Canadá é como é. Bela paisagem. A cidade do Quebeque é uma tara. Come-se pessimamente. Os tipos podiam ser mais simpáticos. Etc. Julgo que não vale a pena maçar os irritáveis com crónicas de viagem.
Interessante, no entanto, é lembrar que o Canadá se governa perfeitamente tendo o Chefe de Estado em Londres e um governador seu representante em Ottawa. Sua Majestade, presente em todas as moedas e nalgumas notas de banco, é o símbolo vivo do passado e do presente, e da esperança num longo futuro. O que é perene, fundamental, substancial e identitário não é sujeito aos baldões da política nem interfere na gestão dos negócios correntes. Existe, simplesmente, como existe a Nação. Confunde-se com a essência dela. No Canadá não há república, nem presidente da república, nem é preciso aborrecer as pessoas a discutir o que não se discute: a existência e a representação do que é tido por imutável.
No Canadá são escrupulosamente respeitados os valores a que, na nossa aldrabófona e primitiva cultura política, se dá o nome de “valores republicanos”. Respeita-se a moral que se consubstancia nas liberdades públicas e no primado do direito sem lhe chamar, como, indecentemente, pornograficamente, se lhe chama em Portugal: “moral republicana”.
O Canadá, como o Reino Unido, se vai para a guerra, fá-lo sem “caveats”. Não manda soldados para a guerra, como tantos outros, na condição… de não combater! Só no Afeganistão, já se foram 81 vidas de soldados canadianos. Sem um queixume, sem mariquices públicas nem cenas privadas para terceiro ver. Os combatentes (são aos milhares, desde a Grande Guerra) são acarinhados pelos seus concidadãos e tratados com honra pelos poderes públicos. Na cidade do Quebeque, em Montreal, em Kingston, em Toronto, em Ottawa, toda a gente traz ao peito, em Novembro, a “poppy” britânica de homenagem aos caídos e de respeito pelos que voltaram.
Os canadianos podem ser menos simpáticos do que seria de desejar. Em política externa, às vezes, até são um tanto nasty. Mas respeitam-se a si próprios, são um povo, uma nação.
Coisas que a “moral” e os “valores” republicanos, pelo menos entre nós, não levam em grande consideração.
Ontem, com estes que a terra há-de comer, vi e ouvi o Dr. Santana Lopes dizer no Parlamento que não estava ali para discutir o passado. O “engenheiro” Pinto de Sousa (Sócrates) acusou-o de, por isso, fugir à discussão. A coisa foi rápida. O discurso de fundo viria a ser feito pelo Deputado Antão, com números, críticas e propostas. Hoje, parece, vai haver mais.
À noite, na RTP2, um certo Aguiar foi encarregado de comentar o sucedido. O homem começou por dizer que o Dr. Santana Lopes estava ali para discutir o passado. Depois, passou a afirmar que ninguém fizera as devidas críticas nem falara em propostas alternativas. A seguir, disse que o governo era tão mau como a oposição. E acabou tonitruando com ar sabichão que aquilo era tudo uma cambada de arrivistas e que os “bons” estavam fora da política.
É possível imaginar que o Aguiar tenha aceite o convite da RTP2 (se calhar mediante um cachêzinho, quem sabe?) e não tenha tido tempo de ouvir o debate. Portanto, coitadinho, tem desculpa para comentar tudo ao contrário do que se passou. Ou seja, o Aguiar tinha pré estabelecido uma cassette, segundo os seus altos méritos e criteriosas previsões. Havia de a despejar, à tort ou à raison. Desgraçadamente, foi à tort. Uma maçada.
Já agora, porque é que os aguiares da nossa praça, os “bons”, não vêm iluminar a nossa vida política com a luz deslumbrante do seu alto saber? Porque é que não entram num partido, ou formam um partido (o PB - Partido dos Bons, por exemplo) e não vão à liça para salvar a Pátria? Porque é que badalam os seus blablablás sem sequer saber do que estão a falar e sem se pôr ao serviço da comunidade que, segundo eles, tão mal servida anda?