O MINISTRO SILVA À BEIRA DE UM ATAQUE DE NERVOS
O senhor Santos Silva é, na generalizada opinião dos cidadãos, o mais desagradável de todos os ministros da III República. Antipático, chocarreiro, nasty como o raio. Parceiro de eleição do Vitalino e do Pereira, o homem consegue ultrapassá-los em miríficos elogios ao governo e em aleivosias e acusações aos demais, sempre com o fácies esfíngico de quem sabe que, em vez de dizer verdades, faz propaganda. Nem bom actor o homem é. Um horror.
Ontem, o nosso herói excedeu-se, passou-se dos carretos, entrou em paranóia. Na sua verrinosa opinião, o facto de Pedro Santana Lopes ter convidado Bagão Félix para falar nas jornadas parlamentares do PSD constitui não só uma manobra indecente contra o governo como, imagine-se, um comício de propaganda do Dr. Cadilhe.
O pavor com que as hostes socrélfias encaram a possibilidade, por remota que seja, de os seus aparatchiks, criteriosamente seleccionados, perderem as eleições no BCP é tal, que o fulano perde a cabeça e desata a asneirar desta tresloucada forma. Ver escapar ao controlo do PS e do governo uma instituição tão importante como o BCP é coisa que o homem não consegue tolerar.
O Dr. Bagão Félix, à revelia da maior parte da servil comunicação social e de tantos admiradores oficiais do socratismo, veio, como não podia deixar de ser, pôr a nu as falácias do governo quando fala em “consolidação orçamental”, quando grita sobre a “reforma do Estado”, quando aldraba as pessoas sobre o “relançamento da economia”, quando falta a tudo o que sugeriu ou prometeu.
O Dr. Bagão Félix veio dizer que a única coisa que o governo soube fazer foi equilibrar o orçamento com base no aumento de impostos e na sua cobrança coerciva e atrabiliária. Veio dizer o que o Irritado quantas vezes, referiu, isto é, que o défice de 6,83% foi uma fantasia do senhor Constâncio para ajudar o senhor Pinto de Sousa (Sócrates), e uma monumental aldrabice em termos de finanças públicas despudoradamente levada a efeito por um aparatchik, até então na sombra…
E veio dizer, implicitamente, o que daqui se infere: que as manobras de Rebelo de Sousa, de Cavaco, de Mendes e de tantos outros, coroadas pelo exercício do poder por Sampaio ao serviço do PS e do PC reorganizados, mais não fizeram do que destruir um governo sério e competente (Barreto, Félix, Monteiro, Mexia, Portas e outros mais), aniquilar uma maioria parlamentar que funcionava e pôr em causa um sistema político que, até então, tinha funcionado mais ou menos bem.
Sabe-se que o terror é mau conselheiro. Mas, desta vez, o pânico socialista atingiu o auge, ou seja, como muito bem Félix disse, chegou à sarjeta.
O pior, meus amigos, é que os accionistas do BCP, no paroxismo do vício estatista que nos arruína há tantos anos (a III República, nesta matéria, não é mais que a continuação da segunda - evolução na continuidade...), preferem “comprar” a benevolência do governo e do PS elegendo o Dr. Ferreira e o senhor Vara, a tornar-se independentes, como pareceria dever ser a sua filosofia e a sua posição como empresários.
Pobre país. Pobres de nós.
António Borges de Carvalho