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irritado (blog de António Borges de Carvalho).

O SOCIALISMO É A FILOSOFIA DO FRACASSO, A CRENÇA NA IGNORÂNCIA, A PREGAÇÃO DA INVEJA. SEU DEFEITO INERENTE É A DISTRIBUIÇÃO IGUALITÁRIA DA MISÉRIA. Winston Churchill

irritado (blog de António Borges de Carvalho).

O SOCIALISMO É A FILOSOFIA DO FRACASSO, A CRENÇA NA IGNORÂNCIA, A PREGAÇÃO DA INVEJA. SEU DEFEITO INERENTE É A DISTRIBUIÇÃO IGUALITÁRIA DA MISÉRIA. Winston Churchill

RECLAMAÇÕES SOCRAPÍFIAS

 
- Há mais de um ano, irritado com um produto que não prestava e que o vendedor não queria substituir, pedi o livro de reclamações, extraordinária benesse que o governo põe à disposição do consumidor. Lá exarei a minha queixa, com todos os detalhes. Os tipos acabaram por substituir a coisa por outra que também não funcionava e que guardo religiosamente, à espera de melhores dias, isto é, à espera que alguém (quem?) dê seguimento à dita reclamação.
 
- Uma senhora (Rosa Maria Reis, de seu nome) a quem venderam, num restaurante, comida ordinária, teve que chamar a polícia para que lhe dessem o livro de reclamações. Irritada, terá feito uma enorme barulheira, por não lho darem, a bem.
O resultado final desta cena foi que:
a) À queixa, escrita no livro de reclamações em 19 de Julho de 2005, não foi dado pelas autoridades (quem?) qualquer espécie de seguimento;
b) A dona Rosa Maria foi condenada, pelo Tribunal da Relação do Porto, a pagar 300 euros de indemnização ao restaurante, e apanhou 75 dias de prisão remíveis a multa de 15 euros por dia.
 
Moral destas histórias:
  1. O livro de reclamações, brilhante invenção do senhor Pinto de Sousa (Sócrates) quando era ministro do consumidor, não serve para nada;
  2. Os comerciantes que se recusam a facultar o livro de reclamações, a bem, aos seus clientes, são uns heróis;
  3. Quem usar o livro de reclamações do senhor Pinto de Sousa (Sócrates), está tramado: não só não vê qualquer resultado directo da reclamação como se sujeita a ser preso, condenado, multado, chateado, aborrecido e tido por criminoso pelos doutos tribunais da piolheira;
  4. Esta obra do senhor Pinto de Sousa (Sócrates) é como as outras: ou não funciona ou funciona mal;
  5. Em Portugal, a começar pelas Finanças e a acabar nas tascas, quem reclamar f…-se, perdão, lixa-se.
 
No antigamente, quem não andasse, em política, disciplinadinho e arrumadinho, tinha que se haver com o estado autoritário. De resto, andava-se mais ou menos à vontade. Hoje, em política, pode-se ser desarrumado. No resto, nem pensar: disciplinadinho, arrumadinho, carneirinho, desgraçadinho, caladinho. E, no que à política diz respeito, as coisas já estiveram mais longe do antigamente. Obra do senhor Pinto de Sousa (Sócrates).
Para arquivo.
 
António Borges de Carvalho

O MINISTRO SILVA À BEIRA DE UM ATAQUE DE NERVOS

O senhor Santos Silva é, na generalizada opinião dos cidadãos, o mais desagradável de todos os ministros da III República. Antipático, chocarreiro, nasty como o raio. Parceiro de eleição do Vitalino e do Pereira, o homem consegue ultrapassá-los em miríficos elogios ao governo e em aleivosias e acusações aos demais, sempre com o fácies esfíngico de quem sabe que, em vez de dizer verdades, faz propaganda. Nem bom actor o homem é. Um horror.
 
Ontem, o nosso herói excedeu-se, passou-se dos carretos, entrou em paranóia. Na sua verrinosa opinião, o facto de Pedro Santana Lopes ter convidado Bagão Félix para falar nas jornadas parlamentares do PSD constitui não só uma manobra indecente contra o governo como, imagine-se, um comício de propaganda do Dr. Cadilhe.
O pavor com que as hostes socrélfias encaram a possibilidade, por remota que seja, de os seus aparatchiks, criteriosamente seleccionados, perderem as eleições no BCP é tal, que o fulano perde a cabeça e desata a asneirar desta tresloucada forma. Ver escapar ao controlo do PS e do governo uma instituição tão importante como o BCP é coisa que o homem não consegue tolerar.
 
O Dr. Bagão Félix, à revelia da maior parte da servil comunicação social e de tantos admiradores oficiais do socratismo, veio, como não podia deixar de ser, pôr a nu as falácias do governo quando fala em “consolidação orçamental”, quando grita sobre a “reforma do Estado”, quando aldraba as pessoas sobre o “relançamento da economia”, quando falta a tudo o que sugeriu ou prometeu.
O Dr. Bagão Félix veio dizer que a única coisa que o governo soube fazer foi equilibrar o orçamento com base no aumento de impostos e na sua cobrança coerciva e atrabiliária. Veio dizer o que o Irritado quantas vezes, referiu, isto é, que o défice de 6,83% foi uma fantasia do senhor Constâncio para ajudar o senhor Pinto de Sousa (Sócrates), e uma monumental aldrabice em termos de finanças públicas despudoradamente levada a efeito por um aparatchik, até então na sombra…
E veio dizer, implicitamente, o que daqui se infere: que as manobras de Rebelo de Sousa, de Cavaco, de Mendes e de tantos outros, coroadas pelo exercício do poder por Sampaio ao serviço do PS e do PC reorganizados, mais não fizeram do que destruir um governo sério e competente (Barreto, Félix, Monteiro, Mexia, Portas e outros mais), aniquilar uma maioria parlamentar que funcionava e pôr em causa um sistema político que, até então, tinha funcionado mais ou menos bem.
 
Sabe-se que o terror é mau conselheiro. Mas, desta vez, o pânico socialista atingiu o auge, ou seja, como muito bem Félix disse, chegou à sarjeta.
 
O pior, meus amigos, é que os accionistas do BCP, no paroxismo do vício estatista que nos arruína há tantos anos (a III República, nesta matéria, não é mais que a continuação da segunda - evolução na continuidade...), preferem “comprar” a benevolência do governo e do PS elegendo o Dr. Ferreira e o senhor Vara, a tornar-se independentes, como pareceria dever ser a sua filosofia e a sua posição como empresários.
 
Pobre país. Pobres de nós.
 
António Borges de Carvalho

CUIDADO, DONA ALBERTINA!

 

Cuidado, dona Albertina! Ponha-se a pau! Olhe que, no alvará do seu lugar no mercado de Arroios, não estão incluídos nem os rabanetes nem a couve-flor. A ASAE anda em cima destas ilegalidades, com pessoal devidamente treinado em operações de comandos pelos serviços secretos, pela CIA, e por dois coronéis reformados do KGB. O Irritado aconselha vivamente a dona Albertina a comprar um colete à prova de bala, não vá algum agente atacá-la, a coberto das leis do socrismo.
Não acredita, dona Albertina? Pois olhe, os tipos começaram pelo Vuitton, o Cartier e o Hermes, que foram proibidos de vender cintos, alfinetes de gravata e lenços de assoar. Vai tudo, e muito bem, parar ao Tribunal. Daqui a uns tempos, dona Albertina, a coisa vai chegar ao seu balcãozinho. E ao do Torcato, que anda a vender farinheiras estando só registado para vender chouriços de sangue.
Dona Albertina, olhe que isto é a sério! Fecham-lhe o estanco num fechar de olhos, e aplicam-lhe uma coima (multa, diz o povo, que é ignorante) por cada rabanete e cada couve-flor vendidos sem licença. Isto se não levar alguma mocada na cabeça por falta de respeito para com a autoridade, no caso de se excitar e usar a linguagem que costuma reservar aos caloteiros.
 
Mas tem alternativa, dona Albertina. Isto por cá é um Estado de Direito!, como diz o governo. Se a dona Albertina arranjar uma certidão narrativa completa do registo de nascimento, lhe juntar o bilhete de identidade, o cartão de contribuinte, duas fotocópias autenticadas do alvará da couve portuguesa, cinco fotografias tipo passe, cinco vias, devidamente seladas (com selo branco das finanças), a dizer que pagou o IRS nos últimos vinte anos, uma certidão da segurança social a atestar que está tudo em regra e o diploma da quarta classe em papel manteiga, poderá requerer ao Ministério do Comércio, à Secretaria de Estado do Ambiente, à Inspecção de Finanças, à Câmara Municipal de Lisboa, à CCR do Vale do Tejo, à PSP, à GNR e à santa Casa da Misericórdia as devidas autorizações para vender rabanetes e couves-flor. Poderá, então, ter a certeza de que, dentro de cinco anos, a Assembleia da República começará a debruçar-se sobre o assunto e que, dois anos depois, sairá o diploma autorizando a mistura de rabanetes e couves-flor com couves portuguesas e grelos de nabo. Nessa altura, como os seus requerimentos já foram arquivados por falta de cobertura legal, mais não terá que repetir o processo, o que será facílimo dada a sua experiência na matéria.
 
Não desespere, dona Albertina. Qual anjo da guarda, Pinto de Sousa (Sócrates) vela por si.
 
ABC

EM DEFESA DO DR. CONSTÂNCIO

Aqui há tempos, um alto executivo de uma multinacional disse-me cobras e lagartos do jornalismo económico em Portugal. Bom, não vou repetir o que o homem me disse porque, por um lado, não sou competente na matéria e porque, por outro, me arriscaria às mais rebuscadas represálias.
Incompetência não é cegueira. E cegueira seria ter lido o “Expresso” e não expressar a maior das surpresas com a “política económica” do dito.
Tendo constado que o Dr. Cadilhe não conseguiria ser eleito, o distinto semanário trata de desancar o homem, de tecer as maiores loas ao Dr. Constâncio, de arranjar todas as desculpas para as “distracções” do Banco de Portugal, enfim, de alinhar quanto mais depressa melhor com os putativos vencedores, esperando os investidores, na opinião do “Expresso”, a eleição dos bons para “para regressar ao banco”.
Vai o periódico tão longe quanto imaginar se possa. Um enorme artigo relata, com o devido detalhe, os investimentos portugueses em offshores. Somam estes, segundo o “Expresso”, nada menos que 178 milhões de euros, só em 2007. Tudo devidamente controlado pelo Banco de Portugal. Segundo o director do suplemento de economia, o BCP terá criado e financiado 17 offshores, aplicando nisso “mais de mil milhões de euros”, dos quais terá perdido duzentos.
Ora bem. Como é possível que o Banco de Portugal, que sabe e controla os 178 milhões das offshores em 2007, não tenha dado, anos antes, pelos “mais de mil milhões” aplicados pelo BCP? Como é que se disfarça mais de mil milhões de euros, mesmo na contabilidade de um banco? Como é que o BdP, que controla, diariamente, todas as financeiras, não deu por isso?
Sou eu que sou cego, ou é o “Expresso” que não quer ver?
A cereja em cima do bolo é um artigo do director do caderno de economia, modestamente intitulado “Greenspan defende Victor Constâncio”. Não contente com a restante artigalhada, o homem foi lembrar-se desta. É claro que o senhor Greenspan, se sabe que Portugal existe, não faz, de certeza certezinha, a mais remota sombra de ideia de quem será o tal Constâncio. Por isso que, puxadas pelo título, as pessoas vão ler o artigo à procura de tão alto apoio ao enfraquecido Governador.
O Governador tem sido objecto de acusações? “É injustíssimo”, diz o articulista. E mais. Acha normalíssimo que o BdP não tenha dado por nada. Há 14 milhões de operações de crédito no país, diz o homem, sem especificar em que espaço de tempo. Como é que os inspectores podem “andar atrás de cada uma”? E esta? Os inspectores deixam passar “mais de mil milhões de euros” porque estão muito ocupados? Os auditores não sabiam das offshores, coitadinhos, os directores também não, coitadinhos. Assim.
 
Se eu quiser mandar 500 euros para uma continha que tenho algures sou obrigado a declarar porquê e para quê, a fim de que o BdP faça as suas contas e verifique se eu não sou negociante de cocaína, sequestrador de criancinhas ou se não ando para aí no lenocínio. Mas, se se tratar do BCP, o Banco de Portugal deixa passar “mais de mil milhões” e não dá por nada? Ou os “mais de mil milhões” não saíram de Portugal? O senhor Constâncio anda a brincar, ou quê?
 
Afinal, o senhor Greenspan nunca ouviu falar dele. O que disse foi que as fraudes e os desfalques normalmente são objecto de denúncia. E como, no caso do BCP, houve uma denúncia, conclui o “Expresso” que o senhor Greenspan veio à liça defender o senhor Constâncio. Admirável conclusão.
 
Sou levado a crer que o meu amigo, executivo de uma enorme multinacional, tinha toda a razão.
 
António Borges de Carvalho

PONTAPÉS NO POETA II

 
Como se lembrará quem leu, no passado domingo o Irritado mandou ao Director-Adjunto do semanário situacionista “Sol” um protesto pela forma ignorante e atrabiliária como o seu Subirector Ramires tratou, preto no branco, dois poemas de Fernando Pessoa. Em termos delicados, pedia o Irritado que o referido Ramires se retratasse publicamente.
Na edição de hoje, o semanário em causa não faz qualquer menção ao assunto. O que quer dizer que, para a imprensa socrélfia, o Poeta é um idiota que não tem, sequer, direito a que respeitem o que escreveu, como o escreveu.
Para arquivo.
 
António Borges de Carvalho

À ATENÇÃO DOS AIATOLAS

 
Como é sabido, os aiatolas têm uma polícia qualquer que se dedica a vigiar a moral dos cidadãos, verificando a sua conformidade como os mandamentos do Islão, no estrito respeito pela interpretação fundamentalista que deles faz o regime iraniano. Outros países há, da mesma zona do orbe, que se servem da força para fazer cumprir os ditames do que determinaram ser a moral, pública e privada.
O totalitarismo sempre foi assim. No caso iraniano, por razões religiosas, noutros por motivos ideológicos e políticos. A vigilância moral de terceiros é apanágio e hábito de regimes tarados e de políticas ou religiões bandidas.
Vem isto a propósito das arrancadas do Costa. O homem inventou uma coisa para fazer inveja aos aiatolas: a Comissão para a Prevenção da Corrupção (CPC). Tal CPC terá, para já, especial atenção para certas “áreas sensíveis”, as quais submeterá a “auditorias éticas”. Sic. Auditorias éticas!!! Auditorias éticas!!! A CPC não se limitará, como qualquer polícia, a investigar indícios graves de corrupção. A CPC vai julgar a moral de cada um antes que se dê alguma infracção à “ética” costo-fernandina.
O Irritado chama a atenção dos aiatolas para esta ideia genial e salvífica da CML. Talvez possam, usando a originalidade da Câmara de Lisboa, obviar ao adultério e à sodomia. Por cá, ainda não chegámos a tal. Mas já faltou mais. Se as “auditorias éticas” fizerem escola, vão ver o caminho que as coisas tomam.
 
António Borges de Carvalho

À ATENÇÃO DOS ARTOLAS

Um dos mais graves atentados à nova ética alfacinha consubstancia-se no facto de haver técnicos camarários que são, simultaneamente, sócios de empresas do ramo da construção. Na esclarecida opinião do costo-fernandismo isto aponta, necessariamente, para a mais desbragada corrupção.
No entanto, vistas as coisas um pouco mais a fundo, não é bem assim. O que está mal não é a promiscuidade, mas sim a pomiscuidade não devidamente autorizada. Segundo informação camarária, os funcionários maus são os que trabalham em as tais empresas sem pedir licença ao município. Os que pedem licença são uns tipos formidáveis. Estão a ver? Afinal o que é perigoso, em termos de potenciar a corrupção, não é ter arranjinhos por fora, mas sim tê-los sem preencher o devido requerimento. Nesta conformidade, prenhe de “ética”, e para apurar o sistema, o município vai fazer caducar todas as autorizações existentes, tendo os interessados sessenta dias para renovar a coisa. Estão a ver? O costo-fernandismo autorizará, então, os que quiser, ou seja, promiscuidade sim, se sos promíscuos forem objecto da superior triagen dos donos da “ética”. Estão a ver?
Um conselho do Irritado aos técnicos vítimas da nova polícia de costumes. Não custa nada. É só preencher a fichinha no largo do Rato, ou na sede do BE, e é meio caminho andado. Tudo continuará no melhor dos mundos. Os outros, bom, dos outros trata a CPC.
 
António Borges de Carvalho

VAREJAR O ORDENADINHO

 
Não se percebe porque anda para aí tanta gente escandalizada com a licença sem vencimento pedida à CGD pelo senhor Vara. O homem, se for eleito para o BCP mas tiver o azar de sair de lá por causa de alguma fúria do patrão Joe, naturalmente que quer reservar o chamado “lugar de recuo”. Se o Cadilhe, ganhando as eleições, o cadilhar, então mais depressa o senhor Vara voltará ao seu posto de trabalho. A coisa é absolutamente linear, normal, de caras. Não é?
Não é isto o que umas centenas de fulanos andam a fazer há anos e anos? Não é isto o que se chama luta contra a precaridade? Não é por isto que lutam os partidos comunistas, a CGTP, a UGT, o senhor Alegre, até o PS? O senhor Rodrigues dos Santos não deu com os pés ao patrão e não continuou empregado da RTP com o ordenadinho garantido? Não há, no Estado, uma empresa qualquer que tem uma espécie de quadro de “administradores” sem poleiro, que continuam a receber como se trabalhassem? Por que carga de água é que há quem se lembre de criticar o Vara?
 
Muito a sério, enquanto as classes mais altas derem este tipo de exemplos, como se pode levar uma sociedade inteira a meter na cabeça que viver é escolher, é tomar riscos, que não se pode ou não se devia poder ter a omelete e os ovos, que um emprego é um passo na vida e na carreira de cada um e não uma sinecura para o resto da vida?
Muito menos se levará alguém a entender que o país, enquanto os varas, os sindicatos, os pêcês, o estado, os governos, as leis, forem o que são, é o próprio país quem não sai da cepa torta.
 
António Borges de Carvalho

COSTO-FERNANDISMOS

Por esotéricas confusões administrativas, a CML vai deixar de cobrar a módica quantia de dezasseis milhões de euros.
Por obra do impagável Fernandes, furibundo perseguidor de empresários e outros canalhas, seguido de perto pelo servil Costa, a CML, mergulhada em despachos, processos, sindicâncias, anulações, contra anulações, demissões, clarificações, perseguições, e ões e ões e ões, vai ver-se envolvida em inúmeros processos judiciais, cíveis, criminais, laborais, vai ter que pagar indemnizações incalculáveis, vai gastar milhões em advogados, solicitadores, polícias, bufos e quejandos, vai arruinar-se ainda mais do já está.
Tudo isto porque, na moral fernandesca, vale mais o conflito, mesmo que custe milhões, do que resolver os problemas e reorganizar as coisas.
Enquanto faz sindicâncias e inquéritos, na nobre intenção de perseguir e infamar os seus antecessores, o parzinho Costa/Fernandes esquece-se de organizar as cobranças, infirma, sem mais aquelas, decisões de avultado valor, vende moralidade, saneia gente, engarrafa-se em responsabilidades que jamais poderá honrar ou que, todos, viremos a pagar com língua de palmo, dá de si uma imagem policiesca em vez de pôr as coisas no são. Mandar uma série de desgraçados para a cadeia (daqui a dez anos…) em vez de disciplinar e simplificar os procedimentos, negociar os recuos, pôr as coisas a funcionar para o bem de cada um, a costo-fernândica autarquia envolve-se, cada dia que passa, em maiores confusões.
Tudo a bem de uma moralidade que terá a ver com tudo menos com a defesa dos interesses dos lisboetas.
 
Eis a obra de Mendes, o suicida, que fez tudo o que estava ao seu alcance para correr com o PSD da CML.
 
Enquanto se vão perseguindo uns aos outros, é evidente que os serviços da CML estarão cada vez mais anquilosados, cada vez mais inoperantes, cada vez mais lentos. Quem se lixa, meus amigos, é o Zé que, de boca aberta, assiste a esta coisa, e vai acabar por pagar, como um lorpa, as benesses que o socialismo sobre si despeja.
 
 António Borges de Carvalho

E NÃO, E NÃO, E NÃO, PRONTO!

A Quercus (quem lhe paga?) diz que não ao aeroporto do Campo de Tiro. Também diria que não ao da Ota, ao de Rio frio, ao de paredes do Coura, ao de Fornos de Algodres. Como dirá que não ao TGV, por passar por aqui, como diria que não ao TGV, por passar por ali. Como diz que não à alta tensão, à baixa tensão, à tensão arterial, à caspa e à gonorreia.
A EDP pára a construção de uma barragem porque a Quercus não gosta da barragem. A Quercus diz que não às barragens, às filtragens, às canoagens, às miragens.
A Quercus diz que não, porque diz que não. E lá vem um magrizela qualquer perorar na televisão, atirar as mais grossas aleivosias e as mais ameaçadoras ameaças.
 
Disseram-me há dias que a Quercus recebe subsídios do ministério do ambiente e de outras entidades públicas. Disseram-me que os “técnicos “ e os “cientistas” da Quercus trabalham ou são sócios de firmas que se dedicam aos famosos “estudos” de impacte. Não sei se é verdade, nem vou investigar porque não sou nem polícia nem jornalista. Mas, como nunca vi, da parte da Quercus, uma só campanha de fund raising, sou capaz de acreditar. Isto de o poder financiar o contra-poder com o nosso rico dinheirinho é coisa que não me entra na caixa dos fusíveis.
 
António Borges de Carvalho

DO REFERENDO

Anda tudo muito espantado porque o primeiro-ministro não quer um referendo sobre o tratado. Multiplicam-se os protestos dos partidos comunistas, do CDS e de um sem número de intelectuais e outros nacional-bempensantes. Ainda ontem vi a dona Joana Amaral Dias (afinal não é tão gira como me tinham dito) a misturar alhos com bugalhos, na ânsia quase histérica, acho eu, de arranjar uns tempos de antena para o BE, dado o relativo apagamento do senhor Louça nos últimos tempos. O ilustre professor Barreto está na mesma, perorando sobre a “perda de direitos” do país perante o directório dos grandes. Ele sabe, porque é inteligente e sábio, que isto não é verdade. O tratado, pelo contrário, obriga os grandes a precisar dos votos dos pequenos, coisa em que, com o tratado de Nice, borrifavam ostensivamente. A verdade é que ninguém sabe como é que a coisa vai, ao certo, funcionar. O que se sabe é que passa a haver um método, e que, se a coisa, sem ele, funcionava minimamente a 15, de certeza não funcionará a 27 ou mais.
Em resumo, quem é contra o tratado é a favor do referendo, quem é a favor do tratado é contra o referendo. Ponto final.
 
Há aqui três espécies de questões.
 
A primeira, de que ninguém fala, é a da legitimidade do referendo. Embora usado em muitos regimes democráticos, o referendo é um instrumento perigoso. Primeiro, porque serve para retirar aos eleitos a responsabilidade política dos seus actos. Segundo, porque é, e tem sido ao longo da história, o instrumento ideal dos tiranos para, em momentos de “excitação” da opinião pública, levar os eleitores a tomar decisões que se vêm a tornar irreversíveis “por vontade do povo” e que acabam por servir de justificação jurídica para todas as atrocidades, políticas e não só. Parece evidente, e só não o vê quem não quer, que há questões que os cidadãos jamais terão elementos para julgar, e que devem, mais que não seja por isso, manter-se na responsabilidade dos governos e dos parlamentos, a fim de que o julgamento popular seja feito através dos resultados e não dos textos, em eleições. Não antes. O referendo amarra as pessoas e os regimes a decisões que muito dificilmente poderão ser infirmadas se tiverem por base uma consulta referendária. No caso deste tratado, por exemplo, uma aprovação referendária implicaria a ilegitimidade de qualquer alteração posterior, caso esta não fosse objecto de referendo. Pois se “o Povo” tinha aprovado uma determinada versão, com que legitimidade viria o parlamento ou o governo a aceitar aquilo que a alterasse? É assim que uma consulta referendária a um tratado internacional é sempre, não uma forma de aferir a vontade da maioria dos eleitores, mas uma maneira ínvia e demagógica de amarrar a sua vontade futura, impedindo ou dificultando a sua evolução em função dos resultados obtidos. Neste sentido, o referendo sobre matérias tão complexas como este tratado é a mais antidemocrática, a mais falsária das formas de o ratificar. Aliás, durante muitos anos, a Constituição “pensou” assim, e proibindo a aprovação referendária de tratados e convenções internacionais. Num momento de desvario, empurrados pelos inimigos da Europa, constituintes houve que abriram a brecha. Calçaram a bota e, como são os culpados disso, vêm-se e desejam-se para a descalçar agora. Talvez seja por esta razão que a questão de base, que é a da legitimidade material deste referendo, não é posta pelos intelectuais de serviço.
 
A segunda questão é muito mais simples. Trata-se da promessa eleitoral do senhor Pinto de Sousa (Sócrates). O homem falta à promessa? Escândalo! Se, com outro político, o caso seria grave, com este senhor não passa de um fait divers. O senhor Pinto de Sousa é useiro e vezeiro na matéria, não chegando os dedos das mãos para contar as promessas eleitorais a que já faltou. Se tais faltas passaram tão bem, porque não há-de passar esta? O primeiro-ministro, faltando à promessa, mais não faz que ser coerente como o seu modo de estar e de agir. Não se vislumbra onde está o escândalo.
 
A terceira questão é a da impossibilidade da pergunta. Não se responde com um sim ou um não a uma enorme quantidade de normas. Estas, mesmo que inteligíveis para o comum dos mortais, jamais seriam aceites ou recusadas em bloco por cada um deles. A mesma pessoa pode concordar com o princípio das decisões por maioria e não com o sistema de presidência, por exemplo. Então como dizer que sim ou que não às duas coisas em simultâneo? Mesmo os que redigiram ou os que subscreveram o tratado, não fazem a mais pequena ideia de como vão funcionar, na prática, os instrumentos que ele cria. Dirão que o sistema vigente não funciona mais (isso, creio, toda a gente sabe), e que há que tentar um novo, que reputam com condições de vir a funcionar. Mais nada. Ora, estando políticos e eleitores na mesma expectativa, mais não restará a estes senão desejar que as coisas funcionem o menos mal possível, e que lhes seja dada margem de manobra para vir a exigir modificações, modificações que a ratificação referendária impedirá, ou impediria.
 
Finalmente, uma consideração de ordem política interna, já acima abordada. É óbvio, evidente, claríssimo, que o esbracejar dos partidos comunistas e do CDS a este respeito tem, como única substancial razão de ser, o estado de necessidade permanente de protagonismo em que vivem. Os partidos comunistas foram sempre anti europeus. Não há que perguntar-lhes como mandariam votar. Um referendo cairia como sopa no mel. Andariam uns tempos na ribalta, colariam uns cartazes, apareceriam diariamente na televisão, fariam propaganda de borla e, através da abstenção – que seria colossal – veriam as suas percentagens eleitorais reforçadas. Um grande triunfo. Já o CDS, que gozaria da mesma propaganda, não tem a motivação eleitoral a seu favor. É pena que, às profundezas da mente, o Dr. Portas tenha ido buscar, por oportunismo propagandístico, o seu antigo pendor ultra-nacionalista.
 
Pela primeira vez, vêm os meus amigos o Irritado de acordo com o senhor Pinto de Sousa (Sócrates), ainda que não pelas mesmas razões. Espera-se que a coisa não constitua precedente.
 
António Borges de Carvalho

DA IMPRENSA INDEPENDENTE

 
O ilustre director do Diário de Notícias (quem é?) está a começar a fazer concorrência ao Pereira e ao Vitalino no que se refere ao socrapifiosismo inchado, acelerado, acéfalo e encomiástico.
(A porcaria do computador sublinha Vitalino a vermelho, o que se compreende, e sugere a sua substituição por vitamino, vitelino, vitalizo…, coisa que jamais passaria pela cabeça do Irritado).
 
Ontem, afirmava o douto plumitivo que não há qualquer possibilidade de progresso económico sem equilíbrio orçamental. O que, como qualquer manual dirá e qualquer pessoa minimamente dotada não negará, não é verdade, nem em teoria, nem na prática. Tal equilíbrio é saudável e, por isso, desejável. Mas não é, nunca foi, nem nunca será, condição sine qua non do desenvolvimento económico, nem das nações, nem das empresas, nem da casa de cada um. Se o desequilíbrio for bem usado, quer dizer, circunstancialmente, até pode ser um factor de progresso.
 
Hoje, em mais um arranque de moralismo socrapífio, aí está o nosso homem. No que ao tabaco diz respeito, diz ele, não pode haver desvios, nem excepções. Há que aplicar a lei em todo o seu rigor. O que quer esta gentalha dos casinos, por exemplo? Ser mais que os outros? Era o que faltava, o Diário de Notícias não deixa! A lei é para se cumprir segundo estritíssimos critérios.
 
Aí está como um jornal, oficialmente, pode contribuir para a riqueza e para o bem estar das Nações.
 
António Borges de Carvalho

MORALIDADE

Já que tanto se fala do colossal problema do tabaco, duas sugestões socialístico-higiénicas de cariz bernsteino-socraniano:
 
a)      Porque não se cria uma AUTORIDADE para a fiscalização do consumo de tabaco? E uma ENTIDADE reguladora? E um SCF, Serviço Contra os Fumadores, com competências paralelas às do SEF, podendo exilar, extraditar, degredar tais seres para o Darfur? E, na PJ, porque não se cria um DIAAT, Departamento de Investigação e Acção Anti Tabágica, sob a superior direcção da doutora Morgado? E un SEFA, Seviço de Eliminação de Fumadores e Apaniguados, dirigido por aquele barbaças mais ou menos sebento que passa a vida na televisão, com vocação para a solução final, sem prejuízo, como é óbvio, de poupanças nos cuidados paliativos? Criar-se-ia inúmeros postos de trabalho. A canalha fumadora teria o destino que merece: a extinção programada e científica!
b)      Porque não se criam as mesmas instituições, numa perspectiva prospectiva, como se diz agora, a fim de vir a perseguir os fumadores passivos? Sim, para os activos já o Estado tomou algumas providências. E para os passivos? Sim, para os fumadores passivos que, de forma anti social e anti higiénica, se permitem conviver, trabalhar, até casar(!) com os tenebrosos viciados, acabando, segundo todos os relatórios científicos de Harvard, Berkeley e Cacilhas, por fumar como eles? Seria de inteira justiça, não acham?
 
Ficam as sugestões, na postura construtiva que sempre animou o Irritado. Para que conste, da sua parte, mais esta atitude de apoio e incentivo às actividades moralizadoras do governo e do Diário de Notícias.
Enquanto as pessoas não perceberem que, à boa maneira de alguns saudosos regimes, têm que se ater à ética pública e ao politicamente correcto, o país não vai a parte nenhuma.
 
António Borges de Carvalho

PONTAPÉS NO POETA

Irritadíssimo, o Irritado acaba de mandar ao Exmº Senhor José António Lima, mui ilustre Director-adjunto do jornal “Sol”, a seguinte mensagem electrónica, que faz pública, por pública dever ser:
 
 
Exmº Senhor Director Adjunto
 
Uma vez que, nem o seu chefe, nem o seu subdirector Senhor Ramires, por compreensíveis razões, informam os clientes do seu endereço electrónico, venho, respeitosamente, solicitar-lhe que se dê ao incómodo de informar o dito Senhor Ramires do seguinte:
 
a) O Senhor Ramires refere, entre aspas, na página 6 do jornal de 6.1.08, que Fernando Pessoa, em "Mensagem" (Segunda parte, "Mar Português", "Possessio Maris", "O Infante"), dizia: "Deus quer, o homem sonha, a obra avança". O que o Poeta escreveu foi "Deus quer, o homem sonha, a obra nasce.
b) Ao contrário do que, entre aspas, o Senhor Ramires refere na página 6 do jornal de 6.1.08, Fernando Pessoa, no mesmo poema, jamais escreveu "É a hora!". A expressão é o verso final de "Mensagem", ínsita no poema "Nevoeiro", quinto e último da Terceira Parte ("O Encoberto").
 
Admite-se que, por eventual maldição geracional, o Senhor Ramires se lembre de coisas que já esqueceu, ou nunca leu. Mais difícil é aceitar que o sub-director de um jornal tão ufano de si próprio como o "Sol" demonstre tão ignara falta de conhecimentos básicos, e, sobretudo, se atreva a colocar entre aspas, como se ao Poeta atribuíveis, coisas de que (mal) se lembrará de ter ouvido falar.
 
Atrevo-me a sugerir que V. Exª sugira ao seu subordinado que, com o devido e público destaque, peça desculpa ao Poeta pelas malfeitorias da sua ignorância.
 
Com os melhores cumprimentos
 
António Borges de Carvalho 
A ver vamos, no próximo Sábado, o que faz o Senhor Ramires.
ABC

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