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irritado (blog de António Borges de Carvalho).

O SOCIALISMO É A FILOSOFIA DO FRACASSO, A CRENÇA NA IGNORÂNCIA, A PREGAÇÃO DA INVEJA. SEU DEFEITO INERENTE É A DISTRIBUIÇÃO IGUALITÁRIA DA MISÉRIA. Winston Churchill

irritado (blog de António Borges de Carvalho).

O SOCIALISMO É A FILOSOFIA DO FRACASSO, A CRENÇA NA IGNORÂNCIA, A PREGAÇÃO DA INVEJA. SEU DEFEITO INERENTE É A DISTRIBUIÇÃO IGUALITÁRIA DA MISÉRIA. Winston Churchill

ÓDIOS JUDICIAIS

 

 

 

 

O meritíssimo juiz Dr. António Martins, mui ilustre presidente da “associação sindical” dos juízes e presença constante em telejornais e coisas do género, vem, em artigo publicado pelo “Diário de Notícias”, revoltar-se contra aquilo a que chama “canetas alugadas”. Dando de barato a conotação histórica da expressão, o que fica é que, na opinião do meritíssimo, andam para aí uns tipos que recebem dinheiro ou benesses pelo “aluguer” das canetas com que escrevem coisas abomináveis sobre a “classe” a que o meritíssimo pertence. Acusação grave, que devia ser concretizada com os nomes dos “alugadores de canetas”. Aliás, o meritíssimo acusa “outros” de “atirar lama”, acusando políticos de “corrupção”, “sem concretizar algum”. Como pode o senhor criticar noutros aquilo que o próprio faz?
Noutra manifesta contradição, afirma o senhor que tais escrevinhadores mais não fazem que manifestar “ódios e opiniões pessoais”. Se os fulanos exprimem ódios e opiniões pessoais, então não precisam de “alugar a caneta” seja a quem for!
Estas “condenações” gratuitas, saídas da caneta de um juiz, ainda que não “alugada”, têm que se lhe diga.
Mas o meritíssimo retoma o argumento. Para ele, certos “ataques aos juízes” são “compensação de algo”. Ainda que lhe junte um ponto de interrogação, pior a emenda que o soneto. A acusação fica no ar, sem destinatários, sem que se saiba a quem dedica o senhor a sua “lama”.
 
Note-se que uma das preocupações mais presentes no artigo é a de classificar o sindicato que comanda como “associação representativa dos juízes”. Esta expressão aparece no texto um número significativo de vezes, pretendendo inculcar no espírito dos leitores que o senhor representa todos os juízes. E eu que julgava que só podia representar os filiados na sua organização, eventualmente uma minoria dos ditos! E eu que julgava que havia, em Portugal, liberdade sindical!
Os juízes, se se “sindicalizam” (!), é para defender os seus interesses profissionais, não para fazer doutrina legislativa. O sindicato dos pedreiros não se pronuncia sobre o número de baldes de cimento a meter na argamassa! Por definição, uma organização sindical não tem por missão pronunciar-se sobre as atitudes legislativas de quem de direito, a não ser aquelas que possam ter a ver, directamente, como os interesses da “classe”. Para aquele efeito, poderá (poderia) haver uma “ordem”, a qual, por definição, não se mete em questões sindicais. Não há ordem dos juízes e, se calhar, ainda bem que não há. O que não quer dizer que os sindicatos se atribuam missões que lhes não competem.
Se o senhor não fosse chefe sindical, ou como tal se não apresentasse, teria todo o direito de se pronunciar sobre o que muito bem entendesse, ainda que lhe fosse exigida contenção, bom senso e curialidade, qualidades que não fazem parte da filosofia discursiva do senhor. Assim, não. Ainda menos insistindo em que está a representar todos os juízes, assacando a todos os colegas as responsabilidades da linguagem que usa e do ódio que destila pelos “alugadores de canetas”.
 
E lá vem, mais uma vez – a mentira repetida acaba por se tornar verdade… - a confusão sobre a independência dos juízes. Independência entendida “sindicalmente”, não “jurisdicionalmente”, isto é, entendida como privilégio, não como condição de prestação de Justiça.
Os juízes são independentes, prerrogativa jurisdicional que significa não poderem (não podiam!)(*) ser responsabilizados pelas suas decisões, havendo, para as infirmar, várias instâncias judiciais. Mais nada. Nadinha. É (era!)(*) a chamada “irresponsabilidade” judicial.
 
O meritíssimo pode até ter razão nalgumas das observações que faz sobre a multiplicação de asneiras legislativas do poder político em vigor.
Não pode, isto é, deontologicamente não devia poder, dedicar-se a diatribes virulentas, que são privilégio intocável do Irritado e similares, mas não dos juízes que se respeitam a si próprios e à profissão que têm.
 
30.09.08
 
António Borges de Carvalho

 

(*) "podiam!" e "era!" antes dos casos Pedroso e Pinto da Costa. Mas contra estes pontapés na (verdadeira) independência dos juízes não se pronuncia o ilustre magistrado.

A CAUSA DAS COISAS

 

O menos que se pode dizer da “análises”, mais ou menos socialistas, que por aí lemos sobre a crise financeira que começou nos Estados Unidos com a “quebra” da Freddie Mac e da Fannie May, é que relevam, ou de ignorante demagogia, ou de oportunismo sem escrúpulos.
 
Não acredito que muitos dos “analistas” que sobre o assunto se têm debruçado não saibam o que está na origem dos problemas. Sabem, mas como são politicamente engagés, têm que aproveitar a fácil oportunidade de condenar o “neo-liberalismo”, o liberalismo tout court, o senhor Bush, a economia ocidental, o mercado e, por consequência, os valores da democracia e da liberdade, económica e não só. Tais valores “como é óbvio”, são os culpados de tudo, a eles se somado os especuladores, o sistema bolsista, a falta de regulação e outros suspeitos do costume.
 
Ora a criação daquelas entidades, nascidas do New Deal de Roosevelt, correspondeu às preocupações sociais de que os anti-liberais dizem, ou usam, fazer bandeira, e não a quaisquer medidas liberais ou “neo-liberais”. Como, em época de crise, não era dado ao americano comum ter crédito, por falta de liquidez bancária, o governo federal criou os instrumentos sociais que as duas organizações “culpadas” representam. Em duas palavras, o governo comprou créditos aos bancos de forma a permitir-lhes ter uma intervenção mais “social”. É claro que, injectada liquidez, por um lado a economia reagiu favoravelmente, por outro os preços das casas (principal objecto dos créditos) subiram.
 
É simples. Não foram as medidas “liberalizantes” do senhor Bush quem causou a crise, mas as opções “socializantes” do senhor Roosevelt que atingiram o ponto de rotura. Retiradas do mercado as instituições mais ou menos públicas que sustentavam o que sustentável já não era, a cascata de dificuldades financeiras tornou-se imparável.
 
Não é por acaso que as medidas “estatizantes” que o senhor Bush propôs ao Congresso foram adoptadas com muito mais entusiasmo pela esquerda que pela direita. Em Portugal, tais medidas foram, quase unanimemente, consideradas como demonstração inequívoca do mau funcionamento do capitalismo liberal, que as tornou inevitáveis, e não como intervenção destinada a evitar as consequências sociais indesejáveis, ainda que a longo prazo, da intervenção do estado no sistema.
 
Depois… depois foi a gritaria contra a desregulação dos mercados, entregues à ganância e à ausência de escrúpulos dos operadores. Sendo evidente que a ganância e a falta de escrúpulos existem (onde não as há?), é-o também que, ao contrário do que dizem os “analistas”, não há país no mundo onde a regulação e a fiscalização sejam mais exigentes e eficazes que nos EUA.
Toda a gente o sabia, mas os “analistas” deixaram de o saber de um momento para o outro. O que está a dar está a dar, e é disso que vivem os “analistas” e a política socialista em Portugal.
 
28.09.08
 
António Borges de Carvalho

BOCAS DE FIM DE SEMANA

 

 
 
 
 
 
PÉROLAS DE CULTURA
 
O elegante ministro da cultura que temos informou o orbe sobre as suas intenções de reformular o ensino do português no estrangeiro, uma vez que os alunos “não querem o português literário”.
Esta inteligentíssima medida consubstancia o brilho ofuscante da filosofia cultural do socretinismo.
Uma vez que os alunos estão fartos do Camões e do Eça, para já não falar do chatérrimo Saramago, vai daí o melhor é perguntar-lhes o que desejam. É o português à la carte.
 
Assim, o tuga tem bué da fixe, né ó meu?
 
29.09.08
 
 
ARQUEOLOGIA REVOLUCIONÁRIA
 
O Irritado tem chamado várias vezes a atenção do respeitável público para o facto de os partidos comunistas, ainda que naveguem nas águas da democracia e digam ser a favor dela, respeitar os direitos humanos, etc. blá blá blá, continuam a ser exactamente o que sempre foram: adeptos do maior horror político que, para além do nazismo, o século vinte produziu.
Às vezes, porém, foge-lhes a boca para a verdade, ou seja, a verdade dos factos vem desmentir a o cínico falazar do dia-a-dia de tal gente.
Vejamos. Uma das “teses” aprovadas pelo comité central do PC para aprovação no congresso diz textualmente que há uma “importante realidade” na vida internacional, importante porque desempenha um “papel de resistência à nova ordem imperialista”. Tal realidade é integrada pelos “países que – tal como o PC – definem como orientação e objectivo a construção de uma sociedade socialista”. Tais países são: “Cuba, China, Vietname, Laos e Coreia do Norte”.
Em poucas palavras, eis o ideal do PC.
 
O atrazo mental das “teses” é tão gritante, tão violento, tão primário, tão rascamente patético, que causa erisipela intelectual ao mais insensível.
O comité central atira-se como um leão aos “revisionitas”, aos que perderam a “consciência de classe”, etc., anatemisando os que, na URSS, terão dado abertura ao “capitalismo” e ao “imperialismo” e parado a marcha para o socialismo nos países de Leste.
Sobre o senhor Estaline o comité central não diz uma palavra. Mas, já que todos os outros são traidores, fácil é concluir que a falta de elogios a tal figura se deve a uma perigosa cedência ao politicamente correcto. Estaline continua a ser a referência do PC.
 
Ou seja, mutatis mutandis, o que o PC quer é que surja, entre nós, um líder que, guardadas as devidas proporções, mande matar uns quinhentos mil reaccionários.
 
Nisto se vê a arqueologia ideológica dessa gente e, muito pior do que isso, o nosso atrazo como sociedade. Um país onde gente desta, no século vinte e um, tem dez por cento dos votos, não é país não é nada.
 
Alguma coisa, afinal nos distingue do resto da Europa. Somos os maiores!
 
28.09.08
 
CHINESICES
 
A tenebrosa ASAE tem feito, como toda a gente sabe, uma autêntica razia em feiras, mercados, tascas, restaurantes e tudo o que é comércio.
Só não foi capaz de descobrir que o leite e produtos lácteos chineses estão embargados pela UE desde 2002.
Foi preciso os próprios chineses, atascados em criancinhas mortas, virem confessar ao mundo a “qualidade” de tais produtos, para que a ASAE desatasse a apreendê-los.
Mais uma demonstração da competência técnica e do civismo da organização, bem como do desvelo do governo do senhor Pinto de Sousa no que à nossa qualidade de vida diz respeito.
 
28.09.08
 
 
 
 
 
MORALISMOS
 
O senhor Marques Mendes, diante da nata da política nacional e incensado por uma esmagadora campanha de propaganda, lançou um livro com os seus conselhos para o nosso futuro.
Segundo confessou, acima de tudo, está preocupado com a “ética”.
Faz lembrar os negros tempos em que, com igual proclamada preocupação, o general Eanes lançou o defunto PRD. Também era a “ética” o leit motiv da organização. Vê-se no que deu. Um saco de gatos a morder-se uns aos outros, sem ética nenhuma.
Também o dr. Mário Soares anda numa de “ética”. Desta vez não é uma “ética” qualquer, é outra, muito mais misteriosa: a “ética republicana”. Venha o mais pintado descobrir de que se trata. Deve ser a “ética” da Carbonária, da carrinha da morte do Granjo, ou desse promotor da bagunça e da politiquice que se chamou Afonso Costa.
Tal como sucedeu com o PRD e sucede com Soares, a “ética” proclama-se, não sendo indispensável praticá-la.
Foi esta “ética” que fez o senhor Mendes correr com Carmona Rodrigues da CML, e entregá-la ao Costa e ao caloteiro (e não só) Fernandes. Note-se que, destes, tanto um como outro tinham, previamente, aprovado o negócio que serviu de “argumento” ao senhor Mendes para “defenestrar” Carmona. Foi esta “ética” que fez o senhor Mendes aplaudir, se bem que em culposo silêncio, o golpe de estado do senhor Sampaio.
De “éticas” destas não precisamos para nada.
 
Ao contrário do que se passava com a mulher de César, para ser ético é preciso sê-lo, não basta proclamá-lo, nem parecê-lo.
 
28.09.08
 
PRIMEIROS SOCORROS
 
Foi chumbado oprojecto de lei do CDS que se destinava a introduzir uma cadeira de primeiros socorros no curriculo do ensino secundário.
Toda a gente sabe que se ensina, no secundário, uma série de coisas que não interessam a niguém.
Toda agente sabe que, do ponto de vista higiénico, se ensina os meninos a dar umas trancadas com preservativo, e as meninas a não se esquecer da pírula. Primeiros socorros para quê?
 
27.09.08
 
JUSTA INDIGNAÇÃO
 
As federações de pederastas e apaniguados, cujos votos o Bloco de Esquerda queria capitalizar através da lei do respectivo “casamento”, revoltaram-se contra a iniciativa. O tiro saiu pela culatra da espingarda do camarada Louça. Hi hi.
Trata-se, no douto parecer do patrão duma dessas coisas, de uma pretensão “altamente eclesiástica”. E esta? Há que esclarecer: ao empurrar os pederastas e quejandas para o “casamento”, o senhor Louça mais não faz que distrair as pessoas da excelência das “uniões de facto”.
Mas o que é isto!? - diz o grande líder dos coprofílicos – então aos malandros dos heterosexuais é reconhecida a união de facto (ou seja, a irresponsabilidade civil, no parecer do Irritado) e aos homossexuais não? Assim, nem há moralidade nem comem todos, larila o tipo. Tem carradas de razão, não é?
E acrescenta mais esta larilice, plenamente justificada: “é necessário que haja uma maioria sociológica e política para fazer aprovar qualquer alteração. Nessa altura, estas matérias deixarão de ser fracturantes”.
Tem pilhas de razão, o notável líder das massas que atracam de popa. É que, se ficarmos à espera da tal “maioria sociológica”, bem podem os meninos e as meninas ficar à espera... Hi hi.
 
27.09.08
 
 
TABAGISMO
 
Passados que são quase quatro anos de governo do senhor Pinto de Sousa, parece que, finalmente, há um português que tem alguma coisa para lhe agradecer. Trata-se de um canalha viciado que teve o desplante de fumar um cigarrinho na casa de banho de um avião da TAP.
Foi apanhado pela tripulação. Uma criada de bordo, ao que consta filiada no PS, foi fazer queixa do nefando crime. No entanto, após o devido interrogatório, o comandante decidiu mandá-lo em paz.
A funcionária queria que o avião aterrasse de emergência em Guantanamo, a fim de entregar o perigoso indivíduo à prisão dos terroristas. Mas nada conseguiu. O comandante, e muito bem, terá argumentado: se o primeiro ministro fuma nos aviões, e não lhe acontece nada, por que carga de água havíamos de entregar este desgraçado, seja aos carcereiros de Guantanamo, seja à cáfila dos fiscais em Lisboa?
Consta que a criada de bordo foi fazer queixa ao Largo do Rato. O camarada de serviço disse-lhe que se calasse, que era melhor abafar a coisa, e que fosse em paz. Depois se trataria da promoção.
 
26.09.08
 
 
UMATEMPESTADE NUM COPO DE ÁGUA?
 
Se os inimigos de SEPIIIRPPDAACS* o acusam de andar a fazer uma tempestade num copo de água com a história dos Açores (uma parvoíce colectiva doParlamento), porque raio não hão de fazer a vontade ao homem? Então, se não tem importância nenhuma, porque insistem? Se é indiferente, se tudo fica na mesma, porque se comprazem em agitar a água do copo?
Algo me diz que anda aqui a mãozinha eleitoral do senhor Pinto de Sousa. Como quer que o seu agente nas ilhas ganhe as eleições, há que fazê-lo aparecer aos olhos dos ilhéus como um grande homem, um político sem medo, um achado a não perder. Se não houvesse eleições não valia a pena tanto falatório. Não é?
 
26.09.08
 
* Sua Excelência o Presidente da III República Portuguesa Professor Doutor Anibal António Cavaco Silva.
 
 

RASCA A SÉRIO

 

Nas palavras cínicas da dona Paula Teixeira da Cruz, o Dr. Santana Lopes é “acusado” de um “crime”. Impróprias de uma pessoa que faz do direito profissão, estas duas bojardas merecem citação condenatória.
Trata-se de manifestação do mais rasca dos ódios. Alinhando de alma e coração com os socialistas, aliás como sempre, dona Paula trata de demolir avant la lettre, a candidatura de Santana à CML.
Para ela, que tem vergonha, e com razão, porque é uma vergonha, de dizer que não quer que o Dr. Santana Lopes seja o candidato, o melhor é valer-se, rasquíssimamente, da chamada ética mendista para se desculpar de andar a tentar condenar o seu próprio partido a oferecer, como Mendes fez, a CML ao socialismo paralítico, à inoperância, ao nefelibatismo bacoco e ao Fernandes.
Não sei se a dona Paula é apoiante da dona Manuela. Não sei se, para além do PS, esta senhora é apoiante seja do que for.
Daqui lanço um grito de alarme dirigido à dona Manuela: se a dona Paula for sua apoiante, doutora, corra com ela! Já! Com apoiantes destes, não vai a lado nenhum.
 
25.09.08
 
António Borges de Carvalho

CITAÇÃO

 

De um artigo de jornal, mais ou menos assim:
 
Se quiseres casar com alguma estabilidade, faz um contrato de trabalho com a tua noiva. Se quiseres facilidade para despedir, casa com a mulher-a-dias.
 
Uma boa e sintética imagem das virtualidades da inteligência legislativa do socialismo.
 
25.09.08
 
Irritado

PORTUGALHICES

 

Cavaco fala na ONU em português. As gentes embandeiram em arco. Que feito! Que coragem! Que extraordinária acção na defesa dos sagrados direitos da língua portuguesa!
As pessoas nem dão por que o Amadinejá fala na ONU, desde sempre, na sua língua de trapos.
 
A coisa atinge foros de loucura.
O “Diário de Notícias” publica uma lista, que foi buscar a um site qualquer, sobre as “línguas da ONU”.
Isto, para chegar à brilhante conclusão que o português é língua de comunicação de 177,5 milhões de pessoas. Só o Brasil tem mais de 190 milhões de cidadãos!
O castelhano, indevidamente chamado “espanhol”, diz o DN, tem 322,3 milhões de falantes! Somadas as populações dos países “castelhanofones”, teremos para aí uns 260 milhões! Ou então o DN inclui neles as Filipinas, onde o castelhano é meramente residual, como o português em Goa ou em Macau. Ou então o DN anda a dormir na forma!
O “chinês”, campeão do DN, não existe. O que existe é uma série de línguas chinesas. Além disso, nem a língua administrativa da China nem as outras são faladas fora do país, nada adiantando que seja língua da ONU ou que deixe de ser.
O árabe, que o DN põe com mais falantes que o português, terá menos uns 30 milhões que a língua de Pessoa.
Ao francês, coitadinho, o DN atribuiu 64,86 milhões de faladores, deitando para o lixo uns 80 milhõezitos.
 
Enfim, nem o feito de Cavaco merece tantos encómios, nem os “encomiadores” têm a mais remota noção daquilo de que falam.
 
25.09.08
 
António Borges de Carvalho

ESPADEIRADAS

 

Por falar em língua, veja-se a benesse que o jornal privado chamado “Público” reserva aos seus leitores: nada menos que as aventuras de Blake e Mortimer. Muito bem. Se não tivesse a colecção completa, até comprava. Pensando duas vezes, se calhar até vou comprar para os meus netos.
O primeiro livro que o jornal vai “oferecer” aos leitores, sabe-se lá por que critério, é “O Segredo do Espadão”. Logo à primeira, um pontapé na língua. É que, em francês, “espadon” quer dizer peixe-espada, peixe-serra, espadarte. Espadão, em português, quer dizer espada grande. O que não tem nada a ver com o texto. A única tradução correcta seria “espadarte”.
Espera-se que a restante tradução não siga as tradições portuguesas nestas matérias. Mas, se atentarmos no título, a esperança vai à vida.
 
Nada disto tem importância de maior. Mas é giro.
 
25.09.08
 
António Borges de Carvalho

INTELECTUAIS DA TRETA

 

Pacheco Pereira, intelectual ao serviço da dona Manuela, não do PSD, fez uma extraordinária descoberta: a “informação” da RTP está ao serviço do governo do senhor Pinto de Sousa.
Como é costume dizer-se, o espantoso filósofo/historiador/político/comentador/quadrado do círculo descobriu a pólvora!
Vai daí, em verrinosa diatribe, trata de demolir a “honra” e a boa fama do “serviço” público de televisão e de apelar a uma “entidade” qualquer que devia ter por missão tratar desses assuntos e que não serve para nada.
Então o magnífico, o inteligentíssimo, o luminoso senhor ainda não tinha dado por nada?
Então não sabia que a administração da RTP foi “reestruturada” precisamente para o efeito?
Então não sabia que a “recuperação” do aparatchik encapotado Rodrigues dos Santos foi feita precisamente para o efeito?
Então não vê os telejornais, ou só viu o do “Magalhães”?
Porque é que não deu por isso durante o consulado do suicida Mendes ou do alarve Menezes?
Isto de só se ter olhos para as coisas quando o nosso partido é chefiado por alguém do nosso agrado tem destas consequências. Torna vesgos os mais dotados.
 
25.09.08
 
António Borges de Carvalho

SANTANA LOPES E A MÁQUINA

 

 
O Dr. Santana Lopes deixou entender que poderia concorrer outra vez à câmara de Lisboa.
Como por condão, com um rigor quase científico, a máquina entrou em funcionamento.
Movida a medo ou a ódio? Sem dúvida a uma mistura destes dois nobres sentimentos, combustíveis habituais do socialismo.
Comece-se por baixo. Devagarinho, para criar o necessário teasing. Um obscuro ex-chefe de gabinete é o ideal para estas coisas. Depois, passa-se a uma ex-vereadora. A imprensa, a televisão e quejandos, sempre às ordens, vão deitando óleo nas engrenagens. Durante uma semana, escarafuncha-se a cabeça das pessoas: a coisa chegará ao Dr. Santana Lopes? Não chegará? Finalmente, quando a malta já estava ansiosa, chegou! Alegram-se as massas socialistas.
 
A máquina não pode parar, é preciso que os “indícios” sejam investigados tão a fundo, tão a fundo que, seguindo as máximas suicidárias do senhor Mendes, o Dr. Santana Lopes não possa candidatar-se. Há que fazer durar. Não será difícil, dada a forma como o sistema trabalha.
A máquina sabe que jamais, por razões deste tipo, houve alguém capaz de tocar a fímbria das vestes do senhor. A máquina sabe que, desta vez, a coisa dará em nada. Mas não faz mal. Preciso é evitar a candidatura, seja a que pretexto for.
A máquina sabe que, se o homem lá chega, ganha outra vez.
A máquina sabe que já ninguém acredita no Costa, nem no Fernandes, nem na Roseta. Quem não for movido a ódio não votará neles.
Chegada a coisa ao ponto de pérola, sai à liça a espantosa vereadora Brito. Ela, a justiceira, vai fundar a lotaria das casas. Tudo ao calhas, e fé no socialismo. Ninguém percebe que as casas a sortear são umas, e que as que estão na base das “suspeitas” são outras. Não faz mal. A imprensa lá está para incensar a ilustre representante do PS (olhem a acefalia do “Público” de ontem!). Ajuizando os profundos sentimentos de justiça da senhora, recorda o Irritado tê-la visto, em tempos, fazer um chinfrim dos diabos para dar uma casa a duas fulanas gordas, não porque as fulanas gordas precisassem de casa, mas porque eram fufas. Isto já passou, não fez história, quem se lembra? E, se alguém se lembra, será para elogiar, como é de timbre do politicamente correcto.
 
A máquina é bem dirigida, bem comandada, bem lubrificada. Arranja-se a catraca, descredibiliza-se o adversário, depois lança-se a santa Brito. Lindo!
 
Todas as pessoas minimamente sensatas já perceberam que nada há de menos legítimo na distribuição de casas e que, a haver, tem que se recuar aos tempos do social-comunismo em Lisboa. Então, vai tudo raso.
 
Para já, a máquina está na mó de cima. A ver vamos se conseguirá triturar quem quer, ou se não acabará por se triturar a si própria.
 
24.09.08
 
António Borges de Carvalho

MORALIDADE SOARISTA

 

Aqui há uns anos, perguntei a um amigo irlandês se havia muitos partidos políticos lá na terra. A resposta foi que havia mais de vinte, mas nenhum de esquerda nem nenhum de extrema direita.
Não posso deixa de atribuir a esta circunstância, talvez exagerada pelo meu amigo, o sucesso espantoso da Irlanda. Não por encanto, a Irlanda passou de país mais miserável que o nosso a um dos mais ricos estados da União Europeia.
A Irlanda não se preocupou em demasia com infra estruturas, antes pensou em produzir e vender, não se preocupou com a precariedade do trabalho mas com as carreiras profissionais dos cidadãos, não subsidiou as aulas de substituição, antes obrigou (sem problemas, porque há lá professores) a que não houvesse tempos mortos. A Irlanda não tem sindicatos inspirados por partidos comunistas. A Irlanda nunca foi socialista. A Irlanda criou riqueza e, nela, alicerçou com sucesso variados e eficazes esquemas de protecção social.
Tout court, a Irlanda é um sucesso. É um país liberal.
É claro que se trata de um país com muitas características intoleráveis, no que à política externa diz respeito. Nem por isso deixa de ser um sucesso, no que se refere á qualidade de vida, ao bem-estar económico dos seus cidadãos.
 
No resto de Europa, a receita parece ter feito algum caminho. Entre os que nos são próximos, julgo que só a Espanha e a Grã-Bretanha têm ainda um governo socialista, sendo que o senhor Brown tem os dias contados e que o país inteiro está ansioso por eleições que tragam os conservadores ao poder outra vez. Trata-se dos dois países europeus em que, além de nós, a crise é mais grave. Trata-se dos dois países europeus que, além de nós, têm o socialismo no poder.
 
Como é evidente, esta não é uma abordagem filosófica da questão. Trata-se de simples verificação de indesmentíveis factos. Os cidadãos europeus, por esmagadora maioria, compreendem as consequências dramáticas da teoria e da prática socialistas, e votam em conformidade. Entre nós, as consequências do esquerdismo, totalitário ou não, que, desgraçadamente, se pendurou à democracia, são ainda fonte e causa da nossa apagada e vil tristeza.
 
Há quem não queira ver, nem perceber. O preconceito ideológico é mais forte que os factos.
Ainda ontem, em mais uma das suas tão admiradas diatribes contra o “neo-liberalismo” (o que é isso?), o Presidente Soares veio zurzir, com a com a autoridade e o jogo de anca que o assistem, a crise norte-americana, chegando ao ponto de lançar os seus anátemas sobre as intervenções do governo do senhor Bush no mercado financeiro, isto é, ao ponto de condenar uma atitude dita menos “neo-liberal”. O que, se feito por socialistas, seria objecto dos maiores encómios por parte do mesmo senhor! É evidente que, para o Presidente Soares, o senhor Bush fez mal, mas o Congresso, com maioria da oposição, se aprovar as medidas do senhor Bush, fará bem!
 
O Presidente Soares acha que o capitalismo tem que ser objecto de uma série de reformas. Talvez. Dando de barato que as reformas que o Presidente Soares propõe são necessárias, haverá que dizer que, como os governos socialistas em Portugal, incluindo os do PM Soares, bem demonstraram, jamais será com socialistas no poder que tais reformas serão possíveis.
O Presidente Soares compreende, julgo, que não há, nem nunca houve, democracia sem capitalismo. Mas não é capaz de entender que é o socialismo, dito democrático, quem parece ter o condão de, com raras excepções, fazer vir ao de cima as piores características do capitalismo, ou a sua perversão “des-liberalizante”. É que o capitalismo liberal é o capitalismo sob o primado do Direito. Querer “des-liberalizá-lo”, por mero preconceito ideológico ou por outra qualquer razão, corresponde, como acontece em Portugal, a tentar instrumentalizá-lo, sem perceber que ele “florirá” da pior maneira por entre as malhas do “primado da política”. Afinal, ao contrário do que diz Soares e afirmam as suas hostes, é quando a política quer “domar” e servir-se da economia, em vez de regular e fiscalizar o exercício da sua “liberdade liberal”, como é função do Estado, que as distorções sociais e económicas surgem em maior força.
 
A filosofia do Presidente Soaras, ontem expressa no DN, mereceria muito mais comentários, não fora o receio do Irritado de maçar os seus leitores.
A uma última observação, porém, não resisto.
O Presidente Soares acaba as suas considerações numa girândola “moral”. Acha que é preciso velar para que os homens e as mulheres de Esquerda (e de Direita, ou do Centro, digo eu) que cheguem ao poder nos Estados ou nos partidos, sejam pessoas impolutas, que saibam distinguir os negócios privados do serviço público. Não sei como se “vela” por isso, mas estou de acordo.
O problema é que, em Portugal, comprovadamente, tem sido a esquerda (o PS), e não a direita, quem mais tem contribuído para a promiscuidade contra a qual o articulista se pronuncia.
 
Não admira. O Presidente Soares acha que esses impolutos seres, terão que se informar na honradez republicana que permitiu que a nossa I República, apesar de só ter durado dezasseis anos, deixasse um legado de moralidade.
Pois.
Foi isso a que o Presidente Soares chama honradez republicana o que fabricou um regime de alfurjas, de insegurança, de instabilidade e de miséria, coroado pela sua natural e inevitável consequência: a ditadura da II República.
Obrigadinho. Essa “moralidade” e essa “honradez” não fazem cá falta nenhuma.
 
24.09.08
 
António Borges de Carvalho
 

NOTINHA

 

 
O “Diário de Notícias” acaba de fazer uma revolução no Reino de Sua Majestade Britânica. Não contente com a queda de popularidade do senhor Brown, o jornal português (somos os maiores!) despejou-o. Esclareço: para a folha em causa – especialista em anúncios de putedo - o senhor Brown vive no nº 4 de Downing Street.
 
22.09.08
 
Irritado

RESISTIR AOS SOCRATOCRATAS

 

Mais um criminoso apanhado e flagrante e grave delito (posse de armas, munições, explosivos, cordão detonante, detonadores…) é mandado em paz, com obrigações mínimas.
 
Ao mesmo tempo, é declarado que o juiz do caso Pedroso não vai ter que pagar os 130.000 euros ao Estado, porque a lei penal não tem efeitos retroactivos.
 
Algumas observações sobre estes extraordinários acontecimentos:
 
a)    O juiz em apreço (já tinha acontecido o mesmo com o que mandou para casa o tipo que desatou aos tiros na esquadra da PSP), como a lei, a ele, já se aplica, borrou-se de medo, o que é natural, e mandou o canalha para casa, não fosse vir a ser acusado de “erro grosseiro”, acontecendo-lhe como ao que reteve o Pinto da Costa por três horas, a sete mil euros à hora;
b)    A chamada independência dos juízes – noção que os sindicatos não param de querer alargar por absurdo – deixou de existir. É que tal independência se compagina, não com as teorias dos sindicatos mas com a irresponsabilidade, ou seja, com a liberdade de julgar, sem que a responsabilidade de eventual alegado erro possa ser assacada ao julgador, e existindo, para isso, outras instâncias judiciais;
c)    A não retroactividade da lei não se aplica ao Estado (!?), mas só aos juízes, ficando assim salvaguardados os sacrossantos direitos patrimoniais do Pedroso e do Pinto da Costa;
d)    Esta série de precedentes não pode deixar de pôr em causa algumas coisas que se julgava fazer parte da noção de Estado de Direito: a não coacção sobre quem julga, julgue bem ou julgue mal (para julgar quem julga, podendo julgar de outra forma, há duas, três, ou quatro instâncias, consoante for o caso, ), a não selectividade da retroactividade, as garantias de segurança devidas á sociedade, as características fundamentais da função judicial, etc..
 
O Irritado, como saberá quem o lê, nunca foi lá grande admirador da nossa Justiça, nem dos seus agentes. Daí até aplaudir que se deite para o lixo o que resta de fiabilidade do sistema, vai uma distância cósmica. Até SEPIIIRPPDRAACS já sentiu isto, e de tal forma que veio dizê-lo com toda a solenidade. É evidente que pregou no deserto. No deserto da incompetência visceral e incurável da socratocracia.
 
Como, apesar de tudo, ainda restam alguns sinais de democracia, o que há a fazer é esperar até 2009 para acabar com o uso propagandista e antidemocrático do poder, correndo com os socratocratas de uma vez por todas.
Se opinião pública houvesse digna desse nome neste pobre país, o PS nem um voto apanhava.
 
António Borges de Carvalho

BOAS NOTÍCIAS

 

BOAS NOTÍCIAS
 
Parece que o senhor Pinto de Sousa e o seu exército já descobriram um princípio de solução para os os nossos problemas.
Por uma vez, têm razão. Descobriram que o país precisa de mudança. É o que o Irritado anda a clamar há uns dois anos. Mudem-se, sejam coerentes, vão vender banha de cobra para outro lado. O senhor Pinto de Sousa, esse, está safo: vai para a Covilhã assinar projectos de mamarrachos, rendoso negócio em que tem uma extraordinária competência.
É consolador ver esta tomada de consciência do PS ao escolher a mudança como leit motiv da campanha eleitoral de 2009. Afinal, sempre há uma luzinha ao fundo do túnel. Se se vão embora por sua livre vontade, aplauda-se a súbita consciência do valor do que andam a fazer.
 
 
MAIS BOAS NOTÍCIAS
 
Na preparação de mais um fim de semana em Lisboa, o camarada Chávez resolveu expulsar o embaixador dos EUA e os tipos da Human Rights Watch, além de mandar os ianques de mierda (cem vezes!) para o c...lho .
Que melhor forma de chegar a Lisboa coberto de glória? Sendo Portugal um inimigo histórico dos Estados Unidos, nunca tendo sido membro da União Europeia nem da NATO, nem tendo qualquer espécie de laços com a democracia de mierda que grassa, impune, na zona do globo onde desgraçadamente se encontra, que melhor forma de criar ambiente para a visita?
A coisa, aliás, causou a maior alegria no Palácio das Necessidades, onde reina um senhor que gasta pouco dinheiro com barbeiros. Disse o tal senhor, com desvanecida ternura, que o presidente Chávez é um pouco “exótico”. Que maior reconhecimento das suas justas medidas e atitudes? Que forma mais elegante de tratar o c...lho?
Consta que o governo do senhor Pinto de Sousa se prepara para emitir um comunicado, dizendo que, em solidariedade com a República da Venezuela, vai chamar o embaixador americano às Necessidades, como primeiro passo para a sua expulsão. Da mesma forma, o senhor Vitalino, diz-se, foi já encarregado pelo chefe de estudar a expulsão dos tipos da SEDES, que dizem mal do governo, e de penhorar os bens de todos os que alinharem em críticas ao socialismo socretino.
 
Chavez! Chávez! Aí vens tu, outra vez, em doce intimidade, visitar os teus amigalhaços, a tua porta para a Europa (os espanhóis são uns chatos, a começar pelo Rei).
É maravilhoso! Tu sabes, ó grande mestre do socialismo moderno, tu sabes que, em Portugal, mandam uns tipos que ainda não perceberam que vão ser enganados de toda a forma e feitio, que vão perder milhões, uns fulanos ansiosos por cair nos braços de impolutos democratas como tu e como os teus bons amigos Putin e Amadinejá!
Assim se defende e propaga o novo socialismo! Se calhar, não há mesmo outra forma de o defender epropagar.
 
António Borges de Carvalho
 
 
 
 
 
 

RAIO QUE O PARTA

 

 
É difícil dizer tanta asneira em tão pouco tempo, ou destilar tanto ódio à vida em três meias colunas. Refiro-me ao artigo do senhor Rui Tavares, ínsito na passada 5ª feira no jornal privado chamado “Público”.
Consiste a tese do fulano na defesa absoluta da vital necessidade de obrigar os canalhas que são proprietários de imóveis vazios e degradados a pagar impostos fabulosos e a recuperá-los, arcando com todas as despesas. Se não cumprirem as ordens do Tavares, como criminosos que são, ficam sujeitos às mais graves sanções, das quais, presume-se, a mais suave será a expropriação.
Para o senhor Tavares, os tais proprietários não são pessoas propriamente ditas, com direito a ter bens, bens que compraram com o seu dinheiro e com o suor do seu rosto, ou que são fruto do trabalho dos que os antecederam no mundo dos vivos. Não. Os proprietários são meros detentores de bens públicos (a habitação é um direito!), que gerem, ou deviam gerir, a bem do Tavares (aposto que paga 50 euros por mês por um T7). Têm, por isso, a mais elementar obrigação de, mesmo não recebendo qualquer rendimento, ou recebendo rendimento negativo, gastar o que têm para que terceiros vivam de borla. Se não têm dinheiro, então que se hipotequem, que se endividem, que vendam os tarecos lá de casa e o anel da avó para satisfazer a sede de “justiça” do Tavares. E, se quiserem reconstruir para tentar viabilizar o património, que se metam na câmara a pedir batatinhas, que esperem uns largos anos até que os engenheiros, os arquitectos, os vereadores, os contínuos da câmara, se dignem debruçar-se sobre o septengentésimo requerimento, sobre o milionésmo papel e, anos passados, lá digam que sim seja ao que for. Se a propriedade, entretanto, cair, a culpa é do proprietário, como é óbvio.
 
Desde que me conheço – vai um ror de anos – ouço falar na célebre história do mercado de arrendamento, que a primeira República começou a destruir, que a segunda re-destruiu, e que a terceira arruinou definitivamente, acabando a história, até ver, com o socretinismo, que pariu a lei mais estúpida que se fez em Portugal desde 1140: o Novo Regime do Arrendamento Urbano.
 
Uma pequena conta, para se ver onde param as modas, considerando o 25 de Abril como princípio dos tempos:
- Diz-se que há 150.000 andares (ainda “vivos”, isto é, ocupados) com rendas antigas;
- Consideremos um jóvem casal da classe média, que alugou uma casa em 1974;
- Ele, chefe de vendas, ganhava 6.000 escudos (um bom ordenado, à época);
- Ela, técnica de terceira classe da função pública, ganhava 4.500 escudos;
- Rendimento do casal, depois de impostos: 8.400 escudos;
- Renda de casa, 2.500 escudos, ou seja, 30% do rendimento familiar;
- Hoje, mesmo sem progressos de maior nas respectivas carreiras, ele ganha 750.000 escudos, ela 375.000;
- Depois de impostos, o rendimento do casal será de cerca de 844.000 escudos;
- A renda da casa, entretanto, depois de reajuste extraordinário da AD (1982) e das consequentes actualizações anuais, será de cerca de 25.000 escudos, ou seja, cerca de 10 vezes menos!
- Se a renda média dos tais 150.000 fogos for, como se diz, de 50 euros (10.000 escudos), eis o que acontece:
a) Considerando, a valores actuais, as rendas pagas pelos 150.000 fogos em 34 anos (50x12x34x150.000), teremos 360.000.000 de euros;
b) Se esta importância é cerca de 10% do que, actualizada em função do rendimento/inflacção, deveria ser, temos um défice, no mercado, de 275.000.000 de euros, ou seja, de 55,08 milhões de contos de réis;
c) Se atendermos aos números das finanças (15%), aceites como despezas de conservação, teremos que o Estado roubou, à conservação dos imóveis, 41.250.000 euros e, aos proprietários, 233.750.000, sendo que, se estes gastassem em conservação do património aquilo que o Estado acha que deveriam gastar, não só não teriam qualquer rendimento do que é seu, como, ainda, teriam que ir arranjar, sabe Deus onde, 13.750.000 euros, ou seja 2,75 milhões de contos, para que os seus bem amados inquilinos vivessem em prédios devidamente conservados. Além disso, teriam, como têm, que inventar o dinheiro para o IMI, os esgotos, e os condomínios, os fundos de obras, etc., quando fosse caso disso.
Para além destes pequenos pormenores, que só têm, directamente, a ver com os proprietários, calcule-se o montante que deixou de poder ser canalizado para a economia, e imagine-se (embora não seja preciso, porque a realidade aí está) o que, em consequência, aconteceu. O imobiliário atingiu preços inacreditáveis e o jovem casal que, para uma casa à sua medida, pagava 30% do rendimento familiar em 1974, hoje, para casa equivalente, nem com 50% se safava.
Consequências do socialismo, sejo o do Afonso Costa, o do Salazar ou o desta gente.
Mas, para o senhor Tavares, os canalhas que têm prédios ou andares velhos são os culpados de tudo. É seu socialistíssimo dever ir suar as estopinhas para arranjar o dinheiro que o Estado, há anos e anos, lhes vem roubando. Senão... senão caem-lhes os Tavares (ou os costas, ou os salazares, ou os socrélfios, ou os estalines) em cima.
 
Entre a justa indemnização que, na minha opinião, o Estado deveria pagar aos expoliados e a “solução” do senhor Tavares, há um mundo de ideias e de hipóteses, a menos justa das quais seria que o Estado puzesse à disposição do mercado as importâncias que o próprio Estado acha que deveriam ter sido gastas em conservação e que os proprietários jamais receberam. Estes, neste caso, não deixando de ter sido roubados, talvez vissem (e o mercado, a economia, a sociedade, os jovens à procura da primeira casa também), alguma luz ao fundo do túnel.
 
Mas o socialismo e o senhor Tavares não são de modas.
 
Raios partam o senhor Tavares.
 
António Borges de Carvalho
 
Nota: Os cálculos acima referidos não são, como é óbvio, exactos. Pecarão por defeito para uns, por excesso para outros. O que haverá que reter é que os males que o socialismo, nas suas diversas interpretações, tem causado ao país, são tão astronómicos como os números que os podem representar, façam-se as contas que se fizerem.
ABC

COPROFUFOCASAMENTO

 

Em notável homenagem às retro delícias, o parlamento prepara-se para discutir o coprofufocasamento, nova noção civilista introduzida pelo Bloco de Esquerda e pelo inexistente partido Os Verdes, ou seja, pelo BE e pelo PC. Os jovens socialistas (leia-se jovens pederastófilos), como a coisa não estava no programa eleitoral do PS (leia-se, era capaz de fazer perder votos para o ano que vem) resolveram meter o seu próprio coprofufo projecto no cafofo. Derivado ao mau cheiro, parece que os PSDês também não estão pelos ajustes, e, em casta postura, os CDêesses também.
Resumindo a trapalhada, os projectos dos partidos comunistas não vão passar.
Mas ponham-se a pau os inimigos da pederastia, ou, os que, tolerando-a, não querem ver destruída uma instituição secular, nem querem que a sua família seja, de um ponto de vista legal, rigorosamente igual (!!!???)  à “família” rabeto-fufónica. É que a coisa não vai ficar por aqui. Se o PS ganha as eleições, podem estar certos que será das primeiras “reformas” a passar. Uma boa razão para não fazer outra vez a monumental asneira de votar nessa gente.
Goste-se ou não, a nobre iniciativa dos partidos comunistas vai dar que falar, o que é, para já, o seu único objectivo. Neste sentido, e como os serviços, públicos e privados, de televisão, rádio e jornais, não deixarão de dar larguíssimo tempo de antena aos inimigos da democracia, a discussão será, para eles, um grande triunfo.
Aqui fica um apelo aos eleitores habituais dessa gente que não são adeptos do coprofufocasamento: pensem duas vezes antes de voltar a pôr a cruzinha na porcaria.
 
IRRITADO
 
E.T. Depois de escrita esta justa diatribe, qual não foi o meu espanto ao ler hoje (19.9.08) no jornal que grassa, entre os i-lustres (os que não dão luz) deputados socialistas um movimento tendente a, exigindo a liberdade de voto, proporcionar aos distintos senhores a oportunidade de votar a favor da iniciativa. Acho bem. Pode ser que os votos dos pederastófilos não cheguem, ficando o PS com o rabo de fora. O que, em matéria eleitoral, até pode dar jeito a quem ainda insiste em defender o que resta da dignidade das pessoas.

DA GOVERNÂNCIA COLABORATIVA

 

 

 
O computador estremeceu de nojo quando escrevi o título deste post. Só sossegou quando pus a bojarda em itálico. Mesmo assim, as teclas ainda não arrefeceram, coradas de vergonha. Tenho um certo medo de continuar, não vá a máquina explodir com o resto da história.
Calcule-se que a mui nobre e exigente Fundação Gulbenkian acaba de dar um prémio de 100.000 euros aos inventores da “governância colaborativa”!
Ao levar com tal expressão na cara, fiquei de tal maneira estupefacto, que desconfiei de mim próprio. Fui ao dicionário do computador (da Porto Editora). Fiquei mais descansado. Nem “governância”, nem “colaborativa”. Em contra-prova, fui ao Cândido de Figueiredo. Nem “governância” nem “colaborativa”. Tinha razão! Mas preferia não a ter. Preferia que esse alto pilar da cultura em Portugal que é a Fundação Gulbenkian tivesse um pouco de pudor, e não premiasse tão violento analfabetismo.
 
Passemos à história. O prémio foi dado a uns ignorantes que pariram uma coisa que se chama “MarGov – Governância Colaborativa das Áreas Marinhas”, e que, no âmbito deste extraordinário pontapé na gramática, decretaram umas normas com que pretendem vir a governar (ou “governanciar”) o chamado Parque Marítimo da Arrábida.
Em extraordinária demonstração do nível técnico, científico e cultural da sua obra, os tipos não encontraram melhor designação. Foram buscar ao inglês a palavra “governance” e, inteligentemente, acrescentaram-lhe um i. Dado o analfabetismo, nem sequer repararam que há quem diga, com razão ou sem ela – eu acho que sem ela – que “governança” existe em português. Não. A ignorância, além de grande, é criativa. Acharam que um i a mais ficava bem. Não sabem, por outro lado, que há uma série de palavras em inglês cuja tradução portuguesa é, simplesmente, “governo”: government, governance, governorship,… No caso, poder-se-ia traduzir governance por “gestão”, talvez por “governo”, nunca por “governância”. Ao querer aplicar um inglesismo inútil e pretensioso, os ignorantes nem sequer foram capazes de o aportuguesar com um mínimo de respeito pela sua própria língua.
Com “colaborativa”, estamos na mesma. Uma invenção tão inútil quanto ignorante e estúpida. Não se tratará de um inglesismo, uma vez que “colaborative” não existe na língua de Shakespeare. É um “portugalhismo”.
 
Trocadas as coisas por miúdos, o que é que os ignorantes – por certo doutores e engenheiros! – quiseram significar com a monumental bojarda? Exprimir uma ideia tão simples como “co-gestão”, ou “gestão participada”, ou coisa do género? Julgo que sim. Mas, em demonstração daquilo a que se poderia chamar “piroseira delirante”, quiseram inovar, dar um ar da sua graça, ser criativos, como se diz agora. E criaram uma das maiores alarvidades que já vi em letra de forma.
Tão triste como isto é o facto de a Fundação Gulbenkian os ter premiado sem, sequer, ter tido o cuidado de os aconselhar a mudar a designação do projecto. De justiça será dizer que há outra entidade envolvida na coisa, ou seja, que avalizou a trafulhice linguística dos fulanos: o Oceanário de Lisboa. Mas não terá tantas responsabilidades na matéria. Perdoe-se-lhe o imperdoável.
 
Acrescente-se, seguindo o que diz um jornal, que a representante dos analfabetos é uma senhora, de seu nome Lia Vasconcelos, da Faculdade de Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa.
E eu que julgava que a UNL era uma instituição de grande qualidade!
 
O computador e o teclado estão agora mais calmos. Saco despejado, the people rests. O povo que resta, como diria a dona Lia.
   
António Borges de Carvalho

O TERREIRO DO PAÇO

 

 
Num artigo muito interessante, ontem publicado no jornal privado chamado “Público”, um professor de engenharia, de seu nome Manuel de Matos Fernandes, defende a ideia de que a vitalização do Terreiro do Paço é condição sine qua non de repovoamento da Baixa. Não há, é evidente, qualquer possível justificação para que quem visita Lisboa, preferindo, como é natural, a sua zona histórica, venha encontrar na Baixa uma zona comercial miserável e uma praça que, sendo de inigualável beleza, nada tem para oferecer.
De acordo. De acordo também com a colocação, no Terreiro do Paço, de um grande museu dedicado aos descobrimentos. O articulista expõe as suas ideias para a organização e os conteúdos de tal museu, ideias que não serei digno de repetir, mas diante das quais me curvo com admiração e apoio.
 
Um museu digno de uma grande capital europeia? Com certeza.
Mas não chega. O Terreiro do Paço precisa de outros tipos de animação, comércio de qualidade, restaurantes, hotéis, música (por muito que custe ao senhor Louça, que não gosta de música, sobretudo se a iniciativa vier Dr. Santana Lopes), passeios fluviais tipo city sight seeing, como já há em terra, etc., o que trará ao Terreiro do Paço o elemento fundamental: gente.
É evidente que estas ideias não são compatíveis com as patacoadas do senhor Costa, nem com as maluquices da dona Helena, nem com a policialite do caloteiro Fernandes. Não é a pôr uns tipos a andar de bicicleta ao domingo, nem uns patinadores à segunda, nem uns palhaços à terça, nem a sustentar pombinhas porcas e insalubres, nem a fechar o trânsito sem alternativa decente, nem a dar a Casa dos Bicos ao senhor Saramago, que se atrai gente à Baixa, quanto mais ao Terreiro do Paço.
 
Haja quem ouça o Professor Matos Fernandes, quem ouça outras vozes, eventualmente menos “ecológicas” do que manda o politicamente correcto, quem olhe para o que se passa nas capitais europeias onde impera alguma inteligência. Não sei se isto será compatível com a câmara social-esquerdóide que temos, mas, enfim, fica o desejo.
 
Já agora, poder-se-ia começar a “revolução” por uma coisa muito simples. Chamar Terreiro do Paço ao Terreiro do Paço. Passadas pelo menos dez gerações desde que o Marquês teve a peregrina ideia de chamar àquilo Praça do Comércio, e ainda os portugueses – à excepção da Carris e da câmara – tal coisa lhe não chamam. O mesmo se poderia fazer em relação ao Rossio, que jamais foi conhecido por Praça Dom Pedro IV, e pelo Areeiro que, para mal dos meus pecados, nunca passará a Praça Sá Carneiro.
 
Dir-se-á que não é nada, mas, às vezes, estes nadinhas ajudam.
 
 
António Borges de Carvalho

SURSUM CORDA!

 

 
 
Duas importantíssimas notícias enchem de alegria os nossos corações nestes dias cinzentos de crise mundial.
 
A primeira tem a ver com a ascendente importância da Pátria no contexto global.
O presidente Chávez vem, pela enésima vez, visitar os seus camaradas Pinto de Sousa, Amado, mais aquele pequenote do MNE de que já esqueci o nome e que foi o primeiro político português a tecer encómios à insigne figura. Tratando-se de um dos líderes mundiais mais merecedores de admiração e confiança, como diria o camarada Soares, é natural que a genialidade da nossa política externa trabalhe no sentido de transformar Portugal na porta de entrada do guru do car…. na Europa.
Consta que o novo socialismo, também conhecido por socialismo ianquedemierdista, vai ser incorporado no programa eleitoral do PS, como filosofia de base. Marx, Mao, Kropotkine e Bernstein morreram, viva Chávez!
Ao mesmo tempo que os espanhóis, estúpidos como sempre, se afastam paulatina e cautelosamente do amigo ditador, os portugueses defendem os seus interesses estratégicos estreitando os já apertados laços que os unem a tão importante personalidade e às suas brilhantíssimas ideias e atitudes.
A prazo, gloriosamente, esta política apresenta a virtualidade de nos afastar da EU e da NATO, horríveis alfurjas onde, no parecer do camarada Louça e do intelectual Jerónimo, vegeta o mais hediondo capitalismo.
 
A segunda notícia, tão animadora como a primeira, tem a ver com outra distintíssima figura, uma espécie de Chávez do Porto, bota de ouro das frases desagradáveis e especialista em engates em casas de alterne e afins, Sua Excelência o Senhor Jorge Nuno Pinto da Costa (será primo do Pinto de Sousa pelo lado do Pinto?).
Foi o sereníssimo senhor agraciado com um prémio de 20.000 euros. Ainda que esta verba peque por demasiado modesta – o senhor tinha-se candidatado a 50.000 – é de louvar e admirar a forma como os nossos tribunais premeiam alguém que, sendo um cidadão impoluto e altamente civilizado, esteve, imagine-se, três horas (três horas, meu Deus!) metido nas instalações da Judiciária, com clara ofensa aos seus mais elementares direitos humanos. A 6.666,666... euros à hora, não tarda, e muito bem, que uns largos milhares de portugueses se candidatem ao prémio.
O IRRITADO propõe que, para arredondar as contas, se passe a tarifa para 7.000 euros e se use, para estas matérias, o processo sumário. É mais prático, mais rápido, mais justo, e alivia os tribunais que, coitados, estão assoberbados de trabalho.
 
IRRITADO

LIVROS PARA O POVO

 

Conheço uma emigrante, legal residente em Portugal há quase vinte anos, casada, com três filhos em idade escolar.
Confessou-me estar aflita com a compra dos livros escolares.
Esmiuçado o assunto, a coisa é assim:
 
Aluno do 9º ano - € 350
Aluno do 5º ano - € 170
Aluna do 1º ano - € 130
Total…………… € 650
 
Ajuda do Estado
 
Aluno do 9º ano - € 65
Aluno do 5º ano - € 42
Aluna do 1º ano - € 30
 
Despesa total     - € 513
 
A rapariga ganha 700 euros, e muito feliz se pode considerar por isso. O marido ganha uns 900, sendo também considerado bem pago. Impostos fora, o rendimento do casal será de cerca de 1.480 euros. Renda da casa 600 euros. Ficam, para (tudo) o resto, 880 euros.
Como é que, de uma assentada, pode este casal gastar 513 euros em livros?
 
O IRRITADOé adepto da escola livre, não vendo, inclusivamente, nada que, ainda que com eventuais excepções e derrogações, se possa validamente opor ao princípio do ensino pago.
Não seria intolerável que assim fosse.
O que é intolerável é que os livros de um filho não sirvam para os que se seguem.
O que é intolerável é que as famílias andem a pagar as entretenhas de umas dezenas de loucos e de chupistas que se intitulam “pedagogos”, e de uns bandos de políticos cujo divertimento é mudar tudo o que encontram nas escolas quando chegam ao poder.
O que é intolerável é que uma família como a do exemplo acima, gaste, para que três filhos pequenos possam estudar, o mesmo que eu gastaria se fosse à livraria e comprasse 37 romances a um preço médio de 14 euros cada!
O que é intolerável é que haja uma rede de editores, de autores, de decisores, que ganham fortunas imensas à custa dessas famílias.
O que é intolerável é o preço, completamente absurdo em relação ao custo industrial, intelectual e de distribuição, que o mercado pratica sem que o governo mexa uma palha a tal respeito.
 
Tem o governo do senhor Pinto de Sousa criado para gastar o nosso dinheiro muitas e as mais das vezes inúteis e dispendiosas “entidades reguladoras”, “autoridades” disto e daquilo, “altos comissariados” para quem sabe o quê, “secretariados” nunca vistos. Talvez não fosse mau que alguém (não é preciso nenhuma entidade, nem autoridade, nem alto comissariado, nem nenhum secretário), alguém de saber e de bom senso, investigasse os custos das edições escolares e perseguisse a especulação.
 
Como sempre, o socialismo adopta os vícios que o capitalismo pode gerar, da mesma forma que jamais entendeu as suas inegáveis virtudes. Não é um problema de gestão, é uma questão de mentalidade. As mal-formações congénitas do socialismo inquinam tudo em que se metem.
 
António Borges de Carvalho

SOCORRO!

 

 
A estabilidade orçamental custa uma fortuna.
 
O Governo, incapaz de reformar Estado, incapaz de reduzir a despesa, incapaz de incentivar a economia, incapaz de, a sério, diminuir a burocracia, incapaz de fazer seja o que for do que diz que vai fazer, trata de encontrar maneiras de passar os buracos que abriu para quem vier depois dele: outro governo, outro partido, ou, o que é pior, outra geração.
Prometeu que continuaria a monstruosa asneira socialista das SCUTS. Depois, não foi capaz de deixar de reconhecer que não tinha dinheiro para cumprir a promessa, coisa que toda a gente sabia, menos o governo. Declarou que ia taxar as tais SCUTS. Mas também não foi capaz de taxar as SCUTS. Nem para os casinhotos das portagens tem dinheiro.
As SCUTS custam 700 milhões de euros por ano aos cidadãos, e vão custá-los, correctos e aumentados, por muitos anos e maus. O governo, como toda a gente sabia, menos o governo, não tem dinheiro para pagar.
Então… então como não tem dinheiro para pagar, vai tratar de arranjar alguém que pague. Desequilibrar o orçamento é que não. E a questão, verdadeiramente metafísica é: quem há-de pagar, se a malta não tem dinheiro para pagar ao Estado para o Estado pagar a quem deve?
Mas o ministro das finanças não é parvo. Se não há, hoje, quem tenha dinheiro para pagar, é capaz de haver algum lorpa que, no futuro, o faça. Vai então de negociar com os concessionários, de reescalonar a dívida, de reestruturar os compromissos, de arranjar mais umas dividazitas junto dos concessionários, pô-los a pagar os casinhotos das portagens, etc.
Cheira a terceiro mundo que tresanda. Quem não viu já as comissões mistas a renegociar, reestruturar, reescalonar as dívidas dos PALOPS e quejandos? Trata-se mais ou menos da mesma coisa. A diferença é que, com o terceiro mundo, no fim da linha está sempre o perdão da dívida: olhem Moçambique, olhem São Tomé, para só citar dois casos! No nosso, porém, não vai haver perdão nenhum.
 
As contas públicas vão, gloriosamente, ter menos de três por cento de défice em 2008.
 
Coitados dos meus filhos!
 
António Borges de Carvalho

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