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irritado (blog de António Borges de Carvalho).

O SOCIALISMO É A FILOSOFIA DO FRACASSO, A CRENÇA NA IGNORÂNCIA, A PREGAÇÃO DA INVEJA. SEU DEFEITO INERENTE É A DISTRIBUIÇÃO IGUALITÁRIA DA MISÉRIA. Winston Churchill

irritado (blog de António Borges de Carvalho).

O SOCIALISMO É A FILOSOFIA DO FRACASSO, A CRENÇA NA IGNORÂNCIA, A PREGAÇÃO DA INVEJA. SEU DEFEITO INERENTE É A DISTRIBUIÇÃO IGUALITÁRIA DA MISÉRIA. Winston Churchill

SURSUM CORDA!

 

Dona Manuela, finalmente, saiu da casca! E de que maneira!
 
Ontem, desgraçadamente às onze da noite e num canal de cabo (deveria ser em prime time e em sinal aberto – para não dizer no “serviço” público de televisão, a senhora disse de sua justiça de forma clara, incisiva, afirmativa e séria. Delineou o que a diferencia, em filosofia de base e em propostas, da fanfarronada socialista que nos vem arruinando.
Esteja-se ou não de acordo com o que propõe, facto é que a senhora mostrou uma raça, um vigor, uma distância em relação à demagogia e ao propagandismo do senhor Pinto de Sousa, que demonstram à saciedade que estamos perante uma alternativa sólida, credível e possível.
O Irritado não subscreve muito do que ela disse. Mas saúda com entusiasmo o estilo, a força, a clareza, a recusa da facilidade e da demagogia, coisas que podem, e devem, abrir novos horizontes à política em Portugal.
 
Julgo que ficaram criadas as condições para que a trupe dos pachecos, marcelos, meneses & Cª perceba que algo de importante se está a passar e se deixem de parvoíces. Se esta gente for chatear outro, Dona Manuela tem todas as condições para unificar o partido e para encetar um caminho que nos livre do senhor Pinto de Sousa e seus amigos por muitos anos e bons.
 
Mal ficaria se não dissesse uma palavra sobre os entrevistadores: que miséria! Pensar que um deles é director de um órgão de informação económica e outro chefe da economia de uma estação de televisão é tão confrangedor que quase apetece emigrar.
 
A ver vamos agora as diatribes dos camaradas SS (Santos Silva), VC (Vitalino Canas), SP (Silva Pereira) e quejandos. Se forem do tom habitual só servirão para os enterrar e à sua verborreia parlapatona.
 
Sursum Corda!
 
30.10.03
 
António Borges de Carvalho
 
PS. (não confundir com Partido Socialista) Tenho à minha frente dois matutinos “de referência”). O jornal privado chamado “Público" mancheta que o governo vai continuar a exigir o IVA adiantado. “O Diário de Notícias” parangona as zangas do Louça e do Fernandes.
Assim vai a “informação” em Portugal.

TANTO FAZ

 

 
Uma coisa abominável que se chama Conselho Nacional para a Educação, ou coisa do género, acaba de propor o fim dos exames até ao nono ano.
Como os nove anos são obrigatórios, argumenta a dita coisa, tanto faz fazer exames como não fazer. Nesta ordem de ideias, os exames são uma perda de tempo e de dinheiro. A sua ausência, além disso, poupa trabalho à nobre classe dos professores, que têm ao dito um ódio de morte.
Tanto faz estudar como não estudar. Tanto faz ser bom aluno como médio ou mau. Tanto faz que os professores ensinem como que não ensinem. Tanto faz que os alunos os insultem ou batam, como que não os insultem nem batam. Tanto faz que cheguem mais além como que não cheguem. Tanto faz que fiquem bem preparados como que não fiquem. Tanto faz tanto faz.
 
Os exames, para os intelectuais da treta que têm por ofício mandar bocas avulsas sobre a “educação”, devem ser uma inútil violência que se exerce sobre as meninas e os rapazinhos. Não será de admirar, no entanto, que o tipo dos bigodes aplauda, em nome dos sindicatos, e que o governo adopte a repulsiva proposta.
Já nada espanta, nesta terra de burros profissionais que querem aplicar aos outros a sua brutal ignorância.
 
Um apontamento: conheço vários casos de ucranianos e russos, estabilizados em Portugal, que mandam os filhos para a terra quando chegam à idade escolar. Não os sujeitam ao “ensino” que temos, aos “pedagogos” que temos, aos “professores” que temos, aos “programas” que temos.
Fazem eles muito bem. O problema é que nem isto mete um grão de vergonha que seja na cabecinha desta gente.
 
30.10.08
 
António Borges de Carvalho

"JUSTIÇA" POR CONTA PRÓPRIA

 

O bando de perigosos inúteis que dá pelo nome de Greenpeace atacou mais uma vez em Portugal. Uns navios-fábrica viram os hélices acorrentados e foram cercados por botes cheios de bandidos proclamando de acusações vária ordem.
Parece que a polícia “identificou” os canalhas e terá apreendido um ou dois botes.
 
Os indivíduos desta organização terrorista dedicam-se a uma actividade por demais universalista: investigam (são polícias), acusam (são juízes de instrução) julgam e condenam (são magistrados judiciais), e aplicam as penas (são carrascos).
Assim, é muito mais simples que de costume: quando se não gosta ou se desconfia de qualquer coisa, para quê recorrer às autoridades? Para quê provar o que se diz e justificar o que se faz? Para quê estar à espera de processos, que são morosos e caros, e de juízes, que são uns chatos? Para quê pagar a advogados, que são uns chupistas?
A justiça por conta própria é muito mais prática e, além disso, parece que paga bem, dado o número crescente de idiotas que há no orbe.
Em boa verdade, a não ser pela verificação da existência de tais idiotas, não se percebe onde vai o bando arranjar meios para aplicar a sua "justiça". Os tipos têm navios, aviões, equipamentos diversos, o diabo a quatro pelo mundo fora, coisas que custam fortunas e, às vezes, não são fáceis de arranjar.
 
À hora do fecho dos jornais de ontem, apesar de a Polícia já ter adoptado “medidas” (identificar os biltres e mandá-los em paz), os navios ainda não tinham sido desacorrentados.
Sem, sequer, admitir melhor opinião, o Irritado propõe que este tipo de acções passe a ser objecto de intervenção das Forças Armadas, a fim de impedir, de forma exemplar e radical, as actividades dos “gangues verdes”. Se levarem com umas granadas nos chanfalhos talvez não voltem a utilizar meios violentos de sabotagem e ameaça nem a pôr cá os pés.
 
É evidente que este último parágrafo não passa de wishfull thinking  do Irritado.
Os tipos são uma organização “legal” que tem por missão “salvar o planeta”, “chamar a atenção” das pessoas para os problemas que as (não) afligem, participar, nobremente, na formação do terror universal sobre o nosso futuro, coisa tão do agrado dos senhores Soares e Gore. Merecem, por isso, a admiração das gentes, a doçura dos polícias, a “compreensão” dos intelectuais. Até porque isso do Estado de Direito não passa de uma diabólica invenção do capitalismo para enganar a humanidade e a conduzir às maiores desgraças.
 
Mas, caros amigos, não tenham ilusões. Se deverem uns tostões às finanças ou derem um par de pontapés ao drogado que roubou, de esticão, a carteira da vossa estimável patroa, os mesmos adeptos do Greenpiece ressuscitam o Estado de Direito de um momento para o outro e caem-lhes em cima que nem uns danados.
 
Aos polícias, aqui deixo uma mensagem de apoio. Fizeram muito bem. Se tratassem mal os camaradas do Greenpeace metiam-se em trabalhos, processos, inquéritos, trapalhadas imensas e intermináveis.
Olhem bem este exemplo: há quem processe os polícias que abateram os bandidos de Campolide por “homicídio voluntário e premeditado”. Portugal prepara-se, assim, para demonstrar que, por cá, a vida dos reféns é menos importante que a dos sequestradores.
 
Senhores guardas, juizinho! Quando o Greenpeace voltar, batam-lhe a pala!
 
29.10.08
 
António Borges de Carvalho

O CCAP

 

 O CCAP, coisa “científica”, “técnica”, “consultiva” e “autónoma”, inventada pelo governo, é um “conselho” que se dedica à ingente tarefa de supervisionar a propalada “avaliação” dos nobres membros da classe dos professores. Ou seja, o CCAP avalia a avaliação, é o avaliador dos avaliadores que avaliam os avaliados. Compreende-se.
A coisa é de tal maneira especiosa que a presidente do CCAP, antes de o pôr a não funcionar, decidiu dar à sola. Vou para casa, venha a reforma. Fez ela muito bem.
 
Veja-se a alta qualidade da douta estrutura: um presidente, cinco professores titulares em exercício, cinco representantes de associações científicas e pedagógicas de professores, sete individualidades de “reconhecido mérito” e três elementos do conselho das escolas.
Esta salganhada reuniu em Julho. O sindicato do bigodes não gostou, o que não tem nada de especial porque o sindicato odeia tudo. Uma reunião marcada para Setembro ficou em águas de bacalhau. Nunca mais houve reuniões, o que se pode ficar a dever, ou ao medo que o bigodes mete, ou à falta da presidente, ou a ordens do governo para poupar nas senhas de presença.
 
Facto é que um outro senhor também deu à sola, aproveitando para fazer declarações de alto significado. Por exemplo:
- “Quem está no Conselho, está mesmo”. Notável, o amigo banana não diria melhor;
- “É da natureza de uma estrutura destas que as suas recomendações possam, ou não ser seguidas”. Lapidar.
- O CCAP corre o risco de se tornar num órgão “inútil”. Corre o risco?
 
28.10.08
 
António Borges de Carvalho

PRÓS E CONTRAS

 

O Excelentíssimo e Ilustríssimo Arquitecto Vereador Manuel Salgado, competentíssimo e coerentíssimo ajudante do presidente Costa, como já tinha sido da dona Maria José, apareceu nos “Prós e Contras” da RTP, alardeando a sua profunda preocupação com o repovoamento de Lisboa, com a situação dos inquilinos dos bairros históricos e com a reanimação do mercado de arrendamento.
 
O Arquitecto, bem nascido mas com generosa alma socialista, ainda não percebeu, coitado, que as pessoas que saíram da cidade já não voltam, isto é, que o senhor Isaltino e quejandos não só lhes arranjaram casa fora da cidade com providenciaram para que os empregos também se fossem embora.
Ainda não percebeu, coitado, que o NRAU, nos resultados do qual - socretinice oblige – está esperançadíssimo, não produziu nem produzirá efeitos de espécie nenhuma, isto é, que uma lei feita não para relançar o arrendamento mas para sacar impostos jamais será aceite pelos respectivos destinatários.
Ainda não percebeu, coitado, que não haverá recuperação urbana que se veja enquanto o Estado, a Câmara, seja quem for, não reconhecer que, se não há dinheiro para tal é porque o Estado, há quase um século, põe os senhorios, obrigatoriamente, a fazer de fornecedores de habitação pro bono e que é este, e não outro, o ponto de partida seja para o que for.
Ainda não percebeu, coitado, que terá que ser o Estado a prover, com o dinheiro que extorquiu, à tal reabilitação urbana.
Ainda não percebeu, coitado, que não há IMI’s a triplicar, ou posses administrativas, ou obras coercivas que valham.
Ainda não percebeu, coitado, que, enquanto houver alguma liberdade, as pessoas não alinham em catracas camarárias destinadas a arruiná-las ainda mais.
 
O senhor arquitecto vereador socialista, companheiro de bancada do Fernandes - o que diz quase tudo - nem sequer ouviu as sociólogas e os agentes económicos que com ele estavam na televisão e que, claramente, vituperaram a situação que se vive, não só nos bairros chamados históricos mas também nas avenidas novas (prédios dos anos 30, 40, 50, etc) em Benfica (prédios com quarenta anos ou menos) e por toda a cidade, onde os senhorios têm saldos de “exploração” cronicamente negativos.
Nem sequer ouviu que a morte, sim, a morte dos inquilinos é a única luz ao fundo do túnel do arrendamento e que, mesmo assim, como os ditos não morrem todos ao mesmo tempo, para colocar um prédio em condições para um arrendamento minimamente actualizado é preciso aos senhorios esperar anos e anos, depois ir aos bancos buscar o dinheiro que o Estado lhes roubou e pagá-lo com língua de palmo, na estulta esperança de que, um dia, a sua propriedade valha alguma coisa ou renda algum líquido.
Nem sequer ouviu falar da monumental diferença entre a renda que paga um jovem casal por um quarto com serventia de cozinha e retrete (350 euros) e a que paga o filho, o neto, a amante de um inquilino falecido há vinte anos por um andar de dez assoalhadas na Avenida da República (100 euros).
 
O autismo visceral e o socialismo “moral” que destruíram Lisboa está cada dia mais presente na cabeça, no coração, na alma de quem (des)governa a cidade. A sociedade resiste como pode. Abandona-a, vai à procura de outros mundos. Depois, vêm os salgados & companhia desbocar-se com projectos tontos e com mais injustiças e mais trafulhices legislativas.
 
Um apontamento final, sob a forma de pergunta: alguém percebeu as doutas explicações do senhor secretário de estado não sei de quê sobre como vai funcionar o sistema dos fundos que o governo quer criar e que a CGD, mesmo sem saber como, já se prontificou a lançar? Dou um doce a quem tiver percebido. A coisa é de tal maneira labiríntica que até parecia que o senhor Louça tinha razão, o que é uma contradição nos termos e pode confundir muita gente.
 
28.10.08
 
António Borges de Carvalho

SOARES AO ATAQUE

 

Felicíssimo, o Presidente Soares decretou ontem, com o devido ponto de exclamação, “o fim do neo-liberalismo!”.
 
Saúde-se a coragem do homem que, anos atrás, metia “o socialismo na gaveta”. Nessa altura, quem sabe, estaria ansioso por acompanhar as reformas de Tatcher e Reagan, que deram ao nosso mundo uma era de progresso e bem-estar sem precedentes, enquanto as economias socialistas minguavam até à exaustão.
 
Queixa-se da “globalização neo-liberal”, que levou à emergência de novas economias e ao crescimento, também sem precedentes na nossa idade, de regiões imensas onde a miséria e a fome grassavam sem limites.
Queixa-se das desigualdades na distribuição da riqueza, e tem razão. O socialismo seria muito mais justo na distribuição da miséria.
Esquece-se de que as Fanny May e as Freddie Mac foram genial invenção da esquerda, há muitos anos, e que a “bolha” que pariu do big bang financeiro, tem origem nas políticas sociais da esquerda, há poucos anos, para conquistar o voto negro e hispânico.
Há mais razões para o que está a suceder, como é óbvio e qualquer observador independente dirá. Mas a sofreguidão socialista de aproveitar a oportunidade para demonstrar, por absurdo que seja, as suas “razões”, cega os intelectuais do género do Presidente Soares e enche-os de preocupações serôdias com o ambiente e outros temas que pareceriam merecer melhor abordagem.
Condenando, com alguma razão, o grande bode expiatório da crise, a especulação, o Presidente Soares não hesita em rever-se nas sábias palavras do senhor Soros, sem dúvida o maior especulador de todos os tempos. E, apesar de reconhecer que o economista de esquerda que ganhou o prémio Nobel da economia (como se isso fosse um maior dos avais ás suas ideias) aplaudiu as medidas tomadas pelos governos ocidentais, o Presidente Soares descobre que “não chega”. Pois não. O problema não é esse, mas sim o de evitar o aproveitamento das circunstâncias para lançar algum “paradigma” socialista!
O Presidente Soares premeia com o desprezo do silêncio as diligências e movimentações que, com uma velocidade espantosa, procuram um acordo global.
O que importa, como ele diz, é que, a 4 de Novembro, se abram novos mundos ao mundo com a luz intensa que Obama lhe trará. Assim, para o Presidente Soares, a partir de Janeiro (quando o homem tomar posse), as coisas começarão a melhorar. O que até lá se fizer não passará de uma manobra dos “neo-liberais” para segurar o sistema.
 
Não se lembra, porque para ele o importante não é resolver problemas mas aproveitar para virar à esquerda, que, se nada se fizer até lá, em vez de recessão teremos depressão.
 
António Borges de Carvalho

UM CONSELHO AO PACHECO E CONGÉNERES

 

 
O general Collin Powell, ilustre republicano, declarou o seu apoio a Barak Obama.
Não interessam, para efeito deste post, as razões que o levaram a tal atitude. O que interessa é que foi uma atitude aberta, ou transparente, como se diz agora.
O homem deixou de acreditar nas propostas do partido a que pertencia. Passou para outro. Também podia tornar-se independente, ou fazer outra coisa qualquer. Optou, e disse-o. Em vez de andar a vociferar cobras e lagartos acerca sua gente, foi-se embora. De forma pública, aberta, sem rodriguinhos nem disfarces.
 
O IRRITADO recomenda esta atitude ao senhor Pacheco, ao senhor Sousa, ao senhor Meneses, ao senhor Alegre e a todos os que, do alto da sua “independência intelectual”,  fazem profissão da nobre atitude de cortar na casaca dos seus pares em vez de, ou lutar portas adentro pelas suas ideias, ou ir á vida como fez o Powell.
O PSD e o PS são suficientemente grandes para que estes ilustres figurões tenham hipótese de criar alguma coisa de novo. Por consequência, grudam-se aos partidos como lapas venenosas e tratam de os demolir junto da opinião pública.
 
De qualquer maneira, na hipótese de alguma moralidade política lhes entrar na cabeça, como na do Powell, o IRRITADO adianta uma proposta muito séria.:
- O senhor Alegre ficaria que nem um molho de coentros no Bloco de Esquerda, na qualidade de aio do senhor Loiça;
- O senhor Sousa daria enorme credibilidade ao PNR, podendo dizer mal de tudo e de todos sem ofender o partido nem fazer mal a ninguém;
- O senhor Meneses iria para o PND, na dependência indirecta do senhor Monteiro, com o pelouro do extermínio dos sulistas.
 
Aceites que fossem as propostas acima, os fulanos desempoleiravam-se, o que muito contribuiria para o nosso descanso espiritual e para a clarificação das coisas.
 
Ah! É verdade, esquecia-me do principal. O Pacheco. O Pacheco, como o senhor Pinto de Sousa está farto dos pachecos que tem lá em casa, ficava no desemprego. Ia para a Reboleira, ou lá o que é, escrever a biografia do Pamplinas.
 
Irritado

DAS DELÍCIAS DO PS, OU DOS DESMANDOS DO PACHECO

 

Ontem, a chamada “Quadratura do Círculo”, com vasta propaganda prévia nos telejornais da SIC, foi palco de mais uma violenta diatribe do Pacheco contra Santana Lopes.
Qual orçamento, qual carapuça! O que importava era, perante o sorriso melífluo e deliciado do Costa, aproveitar o tempo e a antena para “demolir” o homem.
O Pacheco é o manjar preferido do PS. Sempre que o PSD ameaça deitar a cabecinha de fora, lá vem o Pacheco tratar do assunto. Alto e pára o baile! Não queriam mais nada?
 
Note-se que o Pacheco informa que “nada tem de pessoal contra Santana Lopes”. Só está contra a candidatura dele à CML porque o homem perdeu as eleições… legislativas (depois de exemplarmente perseguido pelos diversos pachecos da nossa praça), e perdeu, em Lisboa, as eleições… para liderança do PSD. Portanto, conclui o Pacheco, é “um candidato perdedor”. Os tipos da concelhia de Lisboa, por outro lado, são uma gente detestável, que até gosta do Alberto João e, por conseguinte, a sua opinião não interessa e os seus votos a favor de Santana Lopes põem-se de lado.
 
Na boa escola do PS, o Pacheco não hesita em mentir, baralhar e tripudiar.
O PSD, sob a liderança de Santana Lopes, perdeu as legislativas. Qual seria o mais pintado que, em circunstâncias semelhantes, as ganharia? O Pacheco não explica. Mas não hesita em, abusiva a trafulhamente, as utilizar.
Não explica, tão pouco, que do que se trata é das eleições em Lisboa. Ainda menos que o PSD isolado, as ganhou pela primeira vez com Santana Lopes à cabeça.
 
Muito democraticamente, o Pacheco acha que o voto esmagador da concelhia de Lisboa não interessa, mas acha que, se a mesma concelhia votar a favor de outro qualquer, já interessa. Isto, se o outro qualquer for um dos nomeados do Pacheco: o senhor Borges, que, por muito mérito que o IRRITADO lhe reconheça, ninguém sabe quem é, o senhor Sarmento, que a mesma coisa, ou o senhor Coelho que, tal como Santana Lopes, foi batido em Lisboa pela dona Manuela.
 
A sondagem efectuada, que dá Santana Lopes como único PSD com possibilidades de ganhar a Câmara de Lisboa, também não interessa ao Pacheco.
 
Para o Pacheco, tudo serve, a torto ou a direito, por absurdo ou por pura perversão dos argumentos, para ser contra Santana Lopes.
O Pacheco diz que os seus argumentos não têm nada de “pessoal”. Como acima demonstrado à saciedade, nada têm que não seja pessoal. Trata-se de puro ódio, melhor dizendo, da mais profunda e rebuscada inveja.
 
O Pacheco é, assim, um verdadeiro manjar para o PS em geral e para o Costa em particular.
 
Esperemos que o manjar se não transforme em maná, isto é, que a dona Manuela perceba que o que está em jogo é defender os interesses da cidade e do PSD, e não consolar as raivas do Pacheco.
Se ela perceber isto, então veremos como o povo de Lisboa é capaz de saber escolher entre a paciência, a eficácia e a vontade de servir de Santana Lopes, a quem muito deve, e o dolce far niente do Costa ao serviço da sofreguidão do PS.
 
17.10.08
 
António Borges de Carvalho

UM FUTURO DO MELHOR

 

Lembro-me dos terríveis tempos em o PS assestava baterias contra os orçamentos do PSD/CDS. Havia operações altamente controversas, havia receitas extraordinárias (que horror!), havia truques de cirurgia financeira, tudo para conseguir que o défice não ultrapassasse as normas do Pacto de estabilidade.
As operações da Drª. Manuela (a do City e a dos fundos de pensões, por exemplo) talvez fossem controversas, mas toda a gente as conhecia. As receitas extraordinárias, essas, eram de uma transparência a toda a prova, gostasse-se ou não. O défice, o propriamente dito, também era do conhecimento dos cidadãos, e nunca atingiu as “metas” do guterrismo.
 
Com o advento do senhor Pinto de Sousa, os tempos mudaram. O controle orçamental passou a ser uma boutade. À partida, pela primeira na história da humanidade, o banco central* fabricou um défice putativo, destinado a "justificar" tudo o que desse na cabeça ao primeiro-ministro.
A partir daí, valeu tudo.
Aumentou-se brutalmente os impostos. A economia, mergulhada em propagandas e mediatismos, definhou. Continuou a haver as anteriormente maléficas receitas extraordinárias, só que, desta vez, devidamente disfarçadas e não chamadas pelo nome.
 
Agora, o povo dá por si com um orçamento em que, gloriosas, figuram as mais altas despesas públicas de sempre (47,8% do PIB!!!). Mais uma vez, a coisa vem disfarçada. Como a UE admite umas contas feitas de outra maneira, não é exactamente assim. Mas, contas feitas com o sistema dos anos anteriores, que são o termo de comparação, é assim mesmo (+2,2%).
Encolheu, dizem, o número de funcionários. Reformou-se, dizem, o Estado. E, vejam lá, a despesa aumentou!
 
Onde nos levará esta “gestão” enganosa dos nossos dinheiros, é coisa que nem vale a pena imaginar, a fim de mantermos alguma bonomia.
 
O que vale a pena começar a imaginar desde já, é como vamos pagar os aumentos (mais uma vez!) do IRS (em média, +0,4%), do ISP (+3,4%), do imposto sobre veículos (+16,9%!!!), sobre o tabaco (+6,5%), sobre o álcool (+11,9%), do imposto de selo (+7,8%)…
 
Coisa interessante seria saber como é que o governo, prevendo um abrandamento da economia e uma diminuição do consumo, consegue ir buscar mais 3,4% ao… IVA! Da mesma forma se pode perguntar como é que aumentam as receitas dos outros impostos ligados ao consumo se, como eles dizem, não se aumentam os impostos. 
Que milagres serão estes?
Será que vai ser lançado algum "pogrom" brutal contra as pessoas e as empresas, sacando-lhes a massa quer a devam quer não? Não se vê outra hipótese. Brutalizados, os cidadãos reclamarão. O taco ser-lhes-á devolvido daqui a uns anos, sem juros, por outro governo qualquer. A maioria, porém, com medo das consequências (inspecções, penhoras, ameaças, etc.), não reclamará. A massa, legitimamente ou não, ficará nas mãos do  governo. Genial!
 
À laia de cereja em cima do bolo, diga-se que as classes média e “alta” dos pensionistas verão o “aumento” que o socialismo socretino lhes “dá” não chegar para o aumento do IRS, para não falar da inflacção.
 
Continuamos, tristemente, a caminho do terceiro mundo, o que acaba com as ilusões de muita gente, IRRITADO incluído.
Enquanto vamos apertando o cinto, o socialismo continuará, orgulhosamente, a alimentar-nos de propaganda. 
 
 
 
 
16.10.08 
 
 
António Borges de Carvalho
 
 * Não sei quem disse que o Dr. Constâncio devia devolver cinco anos de ordenado, mas estou inteiramente de acordo. Não só pelo orçamento putativo e à la manière, mas também pela “supervisão” do BCP e pela forma genial como previu a presente crise.  

O PORTUGUÊS NO LIXO

 

 
Diz uma velha anedota que Dom Afonso Henriques, para segurar a independência, chamou os académicos do Reino e encomendou-lhes a concepção de uma língua tal que, fronteiras adentro, todos percebessem o castelhano, e que, do lado de lá, ninguém a entendesse.
Não terá sido assim, mas a verdade é que o resultado foi o mesmo. Não há falante de português que não perceba, e não fale, senão castelhano, pelo menos portulhano. Os falantes de castelhano, por sua vez, não percebem patavina do que nós dizemos.
 
É evidente, e só não o vê quem não quiser, que o português está a ser alvo de inúmeros ataques, dos quais o acordo ortográfico não é o menor.
Português para quê? Pois se o inglês é a língua universal, se, nos Estados Unidos, há milhões de falantes de castelhano, o português fica, residualmente, como língua de alguns africanos e de meia dúzia de asiáticos (o Brasil vai deixar de contar, como se verá abaixo).
Estamos habituados a ouvir isto, ainda que, como é natural, nos desgoste ver as nossas autoridades a deixar correr o marfim ao mesmo tempo que propagandeiam em sentido contrário.
 
Isto para assinalar uma nova machadada na língua, vinda do lado de lá do Atlântico, pela mão do Presidente Luís Inácio da Silva. Não contente com o acordo ortográfico, que outra coisa não é senão uma segunda independência do Brasil, o senhor Lula vai introduzir o castelhano como língua obrigatória do ensino oficial. Ou seja, uma vez linguisticamente independente, o Brasil não perde tempo, e toma as medidas necessárias para acabar com o português, ainda que a longo prazo.
Se é mais que evidente que os brasileiros não precisam para nada de aprender castelhano uma vez que, melhor ou pior, já o entendem, a nova medida do senhor Lula outro significado não pode ter.
Talvez se pudesse compreender esta surpreendente atitude se houvesse reciprocidade, isto é, se, por acordos internacionais, os países castelhanófonos da América do Sul introduzissem o português no seu ensino com a mesma dignidade que o Brasil vai dar à língua deles. Como não há reciprocidade nenhuma, o objectivo do senhor Lula não pode ser senão o de menorizar a nossa língua, almejando a sua extinção como grande objectivo do século XXI.
 
Aqui temos, gritante, a primeira grande consequência dessa traição à… língua que é o acordo ortográfico.
 
A ver vamos a reacção, ou a falta dela, da CPLP, do Instituto Camões e de outras inutilidades que para aí vegetam.
 
15.10.08
 
António Borges de Carvalho

DO TERROR QUE SANTANA INFUNDE, OU A ALCATEIA OUTRA VEZ AO ATAQUE

 

 
Não é preciso ser muito inteligente, nem era precisa a sondagem que o PSD mandou fazer, para que toda a gente percebesse que o único membro daquele partido capaz de ganhar as eleições em Lisboa é o Dr. Pedro Santana Lopes. Trata-se de coisa de tal maneira evidente, que só os politicamente vesgos ou os odientos por profissão podem pensar o contrário.
A obra que Pedro Santana Lopes fez em Lisboa só não foi tão longe como podia ter ido porque as perseguições políticas conseguiram travá-lo em muitas coisas.
Se não fosse a odiosa relutância do Dr. Sampaio, a estas horas o Parque Mayer já tinha o casino, e as obras iriam de vento em popa.
Alguém duvida?
Se não fosse a inveja mais primária, impiedosa e miserável, a estas horas Lisboa teria um projecto Ghery em construção, como teve Bilbao, com a colaboração de todas as forças políticas e económicas, projectando a cidade para píncaros até então desconhecidos.
Alguém duvida?
Se não fosse a perseguição policiesca do senhor Fernandes e do social-comunismo camarário, essa obra ímpar e fundamental que é o Túnel do Marquês estaria, com muitos meses de antecedência, a funcionar em pleno.
Alguém duvida?
Se não fosse a vilania rasca da oposição, mesmo da que aprovou a permuta da feira popular (o PS e o BE) para a vir a condenar meses depois, alguém duvida que a monstruosa vergonha dos terrenos de Entrecampos – um oceano de sucata, de dejectos, de porcaria de toda a espécie, de ratazanas cheias de doenças, de baratas, de cobras – seria hoje um estaleiro de obras e uma esperança de qualidade para a cidade.
Alguém duvida?
Com Santana Lopes, os contentores do senhor Coelho, em vez de se preparar, com o apoio do senhor Pinto de Sousa, para tapar o rio, estariam a mudar-se para a outra banda, ou para Setúbal, ou para Sines.
Alguém duvida?
Não fora o boicote do social-comunismo, a estas horas os serviços da câmara funcionariam melhor, como já funcionavam (e deixaram de funcionar), sem estar mergulhados nas aldrabices do “Simplis” e companhia.
Alguém duvida?
 
Os lisboetas em geral não duvidam. Mas a intelectualidade do PSD sim.
Os marcelos, os pachecos, os menezes andam num virote.
Não ouço o Marcelo na RTP, porque não quero ser enganado. Não leio o Marcelo no Sólcrates pela mesma razão. Não leio as bojardas do Menezes por respeito pela minha própria – ainda que limitada – inteligência. Às vezes lá leio e ouço (ainda) o Pacheco, não sei porquê.
Mas sei o que vão mexericando, pelo que leio nos jornais.
Nunca nenhum deles se lembrou de acusar de populismo o mais populista de todos os políticos da III República, ou seja, o senhor Pinto de Sousa. Mas já andam para aí a dizer que, com o Dr. Santana Lopes, “voltará o populismo”.
Se o populismo é dizer coisas que se sabe não poder realizar e alardear promessas para pura propaganda, então, se há alguém que não é populista, o Dr. Santana Lopes é esse alguém. O que prometeu, cumpriu. O que ficou por cumprir, a ele se não deve.
 
O frisson que a sua eventual candidatura provocou na bem-pensância nacional é a imagem clara do terror daqueles que nunca fizeram nada, ou que nunca foram capazes de fazer nada, sequer de ganhar uma eleição, têm em relação aos que lutam, dão a cara, dão o coiro, para fazer alguma coisa por nós.
 
14.10.08
 
António Borges de Carvalho

MAIS MORAL REPUBLICANA

 

 
O Exmº Presidente da Câmara Municipal de Lisboa anunciou que vai tratar de arranjar maneira de actualizar as rendas das casas que a CML traz alugadas.
 
A arrancada socialista contra Pedro Santana Lopes foi, como é mais que evidente, um tiro no pé, uma vez que o que veio à baila foi o oportunismo, pleno de moral republicana, da senhora Brito, prontamente apoiada pelo senhor Costa quiçá em nome da mesma moral, e a situação do “património disperso” da autarquia, coisa de que o senhor Costa jamais se lembraria, não fora a bronca que lhe caiu em cima.
 
Haverá que perguntar ao senhor Costa como será possível “actualizar” as rendas dos inquilinos da CML sem actualizar as rendas dos demais inquilinos.
 
O senhor Costa é mais que os outros?
O senhor Costa não cumpre a lei mais estúpida de todos os tempos (o NRAU), mas os outros têm que a cumprir?
A CML tem o direito de receber uma compensação justa pelos arrendamentos que faz, mas os demais proprietários ficam excluídos de tal direito?
A lei é geral e abstracta, mas quando se trata do senhor Costa passa a ser particular e concreta?
Que raio de estado de direito é este, em que uns pagam rendas actuais ou prestações incomportáveis enquanto outros vivem refastelados nas borlas que a lei lhes dá, à custa dos senhorios?
E porque é que a CML se acha no direito de “actualizar” as rendas dos seus inquilinos, negando, por consequência, tal direito aos cidadãos e aos seus filhos e netos e bisnetos que há quase cem anos andam a ser espoliados pelos governos (à excepção do II governo da AD)?
E porque é que o senhor Costa, o senhor Pinto de Sousa e o senhor das finanças andam a ameaçar os espoliados com as mais violentas medidas caso não se arruínem para melhorar as casinhas de quem vive à custa deles?
Então o socialismo acha que alguém deixa degradar o seu próprio património por prazer ou masoquismo?
Porque é que o senhor Costa acordou agora para o problema do arrendamento, mas, quando estava no governo, colaborou activamente na inenarrável e fiscalmente oportunista burrice do NRAU?
O senhor Costa quer-se sangrar em saúde, mais à fantástica vereadora que o apoia e que acha que, eticamente (outra vez a moral republicana em acção), nada lhe pode tocar a fímbria das vestes?
 
Não será o cúmulo do socialismo que uma entidade pública socialista se sinta no direito de ir buscar uns dinheiros às rendas e que, aos privados na mesma situação, tal direito seja negado pelo governo socialista?
 
E ainda há quem diga que o PS governa “à direita! Idiotas!
 
A verdade, meus amigos, é que estamos a bater no fundo, no que à moral propriamente dita diz respeito.
 
14.10.08
 
António Borges de Carvalho

JORNALISMO

 

 
Um bom exemplo do jornalismo que se pratica em Portugal é a manchete do “Sol” – que o Irritado, com carradas de razão, trata por Sólcratres. Diz a coisa que “Governo envolve Ferreira Leite nos submarinos”, segundo-se “aval da líder do PSD, como ministra das finanças, à compra de Paulo Portas vai custar 700 milhões no défice de 2010”.
Este paleio inculca no espírito de quem o lê a sensação de que a compra dos submarinos é um acto de banditismo, assim como se Ferreira Leite tivesse, ela mesmo, aprovado a compra de cinquenta virgens de quinze anos para divertimento dos dirigentes do CDS.
Ao longo do tempo, seguindo a boa técnica leninista, a propaganda socretina tem vindo a propalar a não necessidade dos submarinos, ao mesmo tempo que instila suspeições sobre o processo. O Sólcrates trata, prestimosamente, de continuar este serviço. Não só a tal compra foi um erro, como, lá bem no fundo (não se diz, mas parece subliminar), dona Manuela está envolvida num negócio de contornos menos claros. Pelo menos, e isso é evidente, o Sólcrates, dizendo para se sangrar em saúde, que a iniciativa é do governo, textualiza a evidente incompetência da senhora, que assumiu compromissos que vieram comprometer o futuro de todos nós.
A coisa é tão bem urdida que ninguém poderá dizer que o Sólcrates “caluniou” a senhora: lá para o fim da peça, o jornal confessa que dona Manuela reduziu drasticamente a despeza prevista, que a compra foi “começada” por via de lei do governo socialista de Guterres, e que o problema financeiro surgiu em 2006, por virtude de uma mudança de regras contabilísticas imposta por Bruxelas. É preciso ler até ao fim para perceber de quem é a culpa de se ir inscrever a despesa no orçamento de 2010. Para a generalidade dos leitores, que lê os títulos e pouco mais, o que fica é que o governo, com carradas de razão, vai atacar a senhora por causa dos submarinos.
Jornalismo?
 
Na página 4, lê-se este mimoso título; “Sócrates dá a volta à crise”. Um destaque científicamente calculado para nos dizer que o primeiro ministro resolveu o assunto, só faltando subtitular que, por cá, devido à maravilhosa inteligência do senhor Pinto de Sousa, já não há crise nenhuma.
Na página 5, nos que estão na mó de cima, lá vem o senhor Pinto de Sousa, que, “no momento de reagir, fê-lo mais uma vez com rapidez e retomando a iniciativa política”. Maravilhoso, o senhor Pinto de Sousa!
Na mesma página, nos que estão na mó de baixo, lá vem a dona Manuela, a qual, em vez de mandar bocas sobre a crise, anda preocupada com o Kosovo. Horrível criatura,a quem o Sólcrates não reconhece quaisquer méritos, nem sequer o de saber mais de finanças que quatrocentos pintosdesousa ao quadrado!
Jornalismo?
 
13.10.08
 
António Borges de Carvalho
 

A CI-MM-L E A REGIONALIZAÇÃO

 

 
Lá para as bandas do Minho, as câmaras municipais resolveram criar uma associação a que deram o pomposo nome de Comunidade Inter-Municipal Minho-Lima.
Trata-se, como é óbvio, de uma parvoíce como outra qualquer. Os municípios deviam associar-se para objectivos comuns, cada um se integrando nas associações que tenham interesse em função de tais objectivos, e não criar “comunidades” com fronteiras definidas e fins genéricos.
 
A CI-MM-L (deve vir achamar-se assim) ainda não foi fundada e já está em guerra. Parece que a malta de Viana do Castelo não aceita os estatutos da coisa, esperneia, e até a vai referendar.
A CI-MM-L tem, por isso, uma grandíssima utilidade. É que vem demonstrar, sem margem para dúvidas, a pessegada que seria essa coisa a que chamam “regionalização”: mais uma fonte de problemas, como se tivéssemos poucos. Se nem dentro do Minho, que é uma região mais ou menos definida geograficamente, os tipos se entendem e, antes de a coisa nascer, já andam a fazer contas a ver quem fica com que poder, imaginem o que seria a multiplicação destas palermices pelo país inteiro.
 
É claro, reconheço, que, para a regionalização, há bons argumentos. Para cada região haverá um “governo”, uma “assembleia”, um “órgão de coordenação”, outro de “fiscalização”, ou o que lhes queiram chamar. O que quer dizer uma nova classe política, mais “dirigentes”, mais funcionários, mais secretárias, mais automóveis, mais eleições, mais...
Ora isto virá a ter um efeito positivo no emprego, não é?
Saber quem paga é pormenor dispiciendo, como nas auto-estradas, no aeroporto, no TGV e no terminal do Coelho, não é?
 
11.10.08
 
António Borges de Carvalho

AVALIAÇÕES DA TRETA

 

No dia em que, por ordem do senhor Pinto de Sousa, a ministra da educação cedeu à gritaria dos bandos sindicais, isto é, dos partidos comunistas, o Irritado escreveu que a avaliação dos professores tinha acabado, que a monstruosa rebaldaria, a preguiça, a irresponsabilidade e o abuso iam continuar como dantes, e que a “classe” dos professores, a breve prazo, voltaria à carga, a fim de inviabilizar o que ainda restava do chamado processo de avaliação profissional.
 
Quando o tipo do bigode e do olho de xarroco voltou aos monitores, o Irritado gritou “aí estão eles!” (post de 07.10.08), seguindo a previsão que tinha feito, facilmente, dir-se-á, uma vez que é preciso ser muito estúpido para não perceber o que viria a seguir.
 
O que vinha seguir, aí está: o sindicato apresentou as suas “justas” exigências. A saber:
- Os professores passam a participar na definição de todos 
  os seus objectivos de avaliação;
- A supervisão do processo passa a ser feita pelos colegas;
- Deixa de haver quotas para as melhores notas;
- Os mais mal classificados deixam de sofrer com isso;
- Todos os critérios de avaliação passam a ser controlados
   pelo avaliado;
- Todas as classificações passam a ser feitas pelos
   próprios, sem intervenção de gente de fora;
- As classificações de “regular” e “excelente” desaparecem,
  ficando só as de “muito bom”, “bom” e “insuficiente”;
- As avaliações passam a ser feitas de quatro em quatro
  anos;
- As notas mais altas deixam de ter influência na progressão
  na carreira;
- O “insuficiente” deixa de poder ser motivo para rescisão
  contratual;
- Os “insuficientes” passam a ser objecto de um plano de
  apoio.
 
Como acima dizia, não é preciso ser muito esperto para perceber que, a ser aprovadas as propostas do sindicato, se passará a um sistema de total irresponsabilidade e absoluta impunidade.
Se tais propostas não forem aprovadas, o bigodes arranja mais uma gritaria de tal ordem, que, passados uns dias, o senhor Pinto de Sousa se borra todo outra vez e a ministra, disciplinadamente, mete a viola no saco.
 
Antes que se comece a gastar uma fortuna com avaliações que não servem para nada a não ser para que tudo fique na mesma ou pior, a única medida com algum sentido é acabar com a coisa em definitivo, e deixar correr.
 
Para quem não tem coragem para matar coelhos, o melhor é não ir à caça.
 
11.10.08
 
António Borges de Carvalho

O GRANDE POLÍCIA

 

 
O meritíssimo senhor Mário Mendes, novo super polícia (mais super que ele só o senhor Pinto de Sousa), mal tomou posse começou logo a querer rever tudo e mais alguma coisa. Quer dizer, em vez de começar por “policiar”, vai dedicar-se a fabricar uma nova série de regulamentos, papéis e mais papéis, vai alterar as competências dos seus subordinados, arranjar uma colecção de chatices, de resistências, de ciúmes, de ofensas, tudo resultando, como é evidente, numa confusão ainda maior que a que já existe. Mas ficará na história como (mais) um “reformador”.
Este país está cheio de agentes públicos que não percebem que o que é preciso é obrigar à operacionalidade dos subordinados em vez de baralhar tudo e dar outra vez, e que acham que a melhor maneira, e a mais fácil, de se tornar úteis é fazer regulamentos e papeladas.
 
O Irritado tem a infundada esperança de não ter razão e de estar a ser injusto. A ver vamos.
 
11.10.08
 
António Borges de Carvalho

VIVA O CONCUBINATO!

 

 
O coprofufocasamento tem estado a ser criteriosamente propagandeado por todos os chamados meios de informação, para glória e proveito dos partidos comunistas.
Até Universidade Católica (!), motivando o religioso embevecimento do senhor Jerónimo e do senhor Louça, já se encarregou de fazer uma sondagem destinada a chegar à conclusão que 47% dos portugueses não levam a coisa a mal.
Hoje, o jornal privado chamado “Público”, por exemplo, dedica várias páginas à coisa, com ternurentas fufofotografias e convincentes textos.
Ontem, a SIC Notícias tomou a seu cargo mais uma sessão de propaganda, onde um pau de virar tripas, fulana completamente espernéfica, histerizou, numa gritaia de falsete, as suas considerações jurídico-históricas (de história a rapariga não sabe a ponta de um corno, coitada), na intransigente, prosélita e fundamentalista defesa do “instituto” do casamento à sua maneira, isto é, do coprofufocasamento. Como todos os que, lá no fundo, sabem que não têm razão e que estão a defender o indefensável, a fulana usava a técnica do grito histérico, explorava a boa educação com que os demais lhe suportavam a virulência e, parvos, acabavam por a deixar massacrar o povo com a sua inqualificável “defesa dos direitos humanos”. A seu lado, um diáfano pederasta, encantado, sorria, quiçá a pensar no pecado de incongruência que cometia por estar a gostar daquela mulher. Mas era bem mais civilizado que ela, reconheça-se.
 
Goste-se ou não, o coprofufocasamento vai acabar por ser aprovado. Vamos continuar a assistir a coisas destas, no parlamento, nos jornais, nas televisões, nos outdors do Bloco de Esquerda, por toda a parte.
 
Resistir a isto? Não vale a pena. Está a dar e acabou-se. Que se lixe.
 
O que não quer dizer que aqueles a quem a coisa não agrada não reajam.
O IRRITADO propõe que se crie desde já um “movimento de massas”, tendente a minorar as consequências, para a dignidade de cada um da futura lei do coprofufocasamento.
As pessoas que, sendo casadas à antiga, isto é, homens casados com mulheres e mulheres casadas com homens, deveriam divorciar-se, para que a sua união se não confundisse com a das fufas e dos pederastas. Eles e elas que ficassem casados. Os casais propriamente ditos passariam a viver em concubinato com o respectivo parceiro.
A lei socialista do divórcio veio facilitar as coisas. Basta um dos membros do casal ir ao registo des-registar o “contrato”, e aí está. Não se preocupem com as consequências jurídicas e fiscais da atitude, uma vez que, se houver alguma chatice, poderão sempre dizer que vivem em “união de facto”, magnífica descoberta do socialismo na sua obra de des-responsabilização civil.
 
Assim, nada de confusões: logo que a lei entre em vigor, quem passa a casar-se são os maricas e as fufas. O comum dos mortais institui o regime de concubinato, devidamente sacramentalizado pela religião ou pela consciência moral de cada um.
 
As águas ficarão devidamente separadas, evitando-se confusões. Consagrar-se-á a diferença, que é uma coisa muito mais saudável que a “igualdade” concebida como está a ser.
Proponham isto aos vossos amigos. Um grande movimento é preciso, não de protesto, porque não vale a pena protestar, mas de diferenciação e de dignificação de quem não alinha em trafulhices.
 
11.10.08
 
António Borges de Carvalho
 
ET. Na noite passada, mais um filme de propaganda da pederastia no "serviço público" de televisão (RTP1). A somar à valiosíssima publicidade da fufaria  que o mesmo "serviço" (RTP2) anda, há meses, a impingir às pessoas.
12.10.08
ABC
 

O KOSOVO E NÓS

 

 

 

 

O autor destas linhas passou, por duas vezes, uns dias no Kosovo.
 
É uma terra de contrastes. Uma economia predominantemente rural, pobre sem ser miserável, pequenas aldeias com casinhas mal construídas e alfaias obsoletas espalhadas a esmo à sua volta, uma gente mais ou menos simpática, dieta simples do tipo levantino, muitos legumes, saladas, pouca carne, carneiro intragável, mulherzinhas de lenço na cabeça a lembrar o Portugal de há cinquenta anos. As poucas cidades, mormente a capital, são um paraíso de cassetes piratas, CD’s, DVD’s e mais o que se possa imaginar, uma juventude com veleidades ocidentais, jeans, decotes, faixas da gaja, malta desempregada mais por opção do que por sina, bandeiras americanas e albanesas, uma confusão provinciana e primitiva.
No meio disto, vêm-se magníficos Mercedes e BMW’s, as mais das vezes com carros de seguranças à frente e atrás. Há qualquer coisa de suspeito naquilo tudo, difícil de ajuizar. Serão mafiosos? Para nós, sim. Para os albaneses do Kosovo são heróis libertadores, fulanos que andaram nas montanhas a perseguir os sérvios e que, naturalmente, se financiaram para a guerrilha como habitualmente, se financiam as modernas guerrilhas: droga, tráfico de mulheres, comércio de armas… e que, muito naturalmente, prosseguem com as suas “naturais” actividades “económicas”.
 
Não percebemos quem é sérvio e quem é albanês. Mas eles distinguem-se uns dos outros sem risco de erro. Como? Sei lá. Poderia pensar-se que as albanesas – muçulmanas – andavam de chador, as sérvias não. Nem pensar. As albanesas, apesar de pagas (cem dólares cada) para o usar por ONG’s sauditas, recebem a massa e borrifam no assunto. Nada, para nós, distingue uns dos outros. Mas eles conhecem-se e odeiam-se.
No meio de Pristina há uma rua sérvia. Em cada extremo dela, um carro de combate das forças da NATO. As crianças sérvias que lá moram, para ir à escola, precisam de uma escolta militar armada até aos dentes. As donas de casa, para ir às compras, também. Nas traseiras dos prédios dessa rua há postos de vigilância permanente a observar as redondezas, com metralhadoras apontadas em todas as direcções.
Deslocado por Belgrado, um funcionário sérvio, cercado por fortes medidas de segurança, chefiava a secção de passaportes. Era um tipo simpático e dava-se bem com toda a gente. Um dia, confiante de si, iludiu a segurança e resolveu dar uma volta sozinho. Não andou mais de duzentos metros. Uma granada deu-lhe cabo do canastro.
O bispo sérvio vive num mosteiro, a meia dúzia de quilómetros da capital. Escusado será descrever o aparato de tropa que o guarda e que o acompanha se quiser deslocar-se.
 
A vingança dos albaneses por séculos de dominação, pela quebra da autonomia que Tito lhes tinha outorgado, pela limpeza étnica de Milosevic, não conhece limites. Os sérvios, minoritários e “na mó de baixo”, estão “pacificados”. Até ao dia da sua própria vingança, é o que, nas entrelinhas, acabam por confessar.
Não se trata, penso, de um conflito religioso. É certo que os sérvios, mais por defesa que por fé, se agrupam à volta das suas igrejas e dos seus popes. Os albaneses, mesmo dizendo-se muçulmanos, andam longe de Maomé. Bebem álcool, comem chouriço e fornicam à vontade. Pode haver alguns centros de ortodoxia muçulmana mas, se os há, não são coisa que se note. Os ciganos, “romas” como por lá se diz, não contam. Dedicam-se à mendicidade e à pequena criminalidade, como é característico da etnia.
 
A NATO interveio no Kosovo, à revelia das Nações Unidas, por questões humanitárias indiscutíveis. Note-se que o senhor Clinton não estava nada interessado no assunto. Acabou por alinhar por solidariedade para com os seus aliados, coisa que foi devidamente “paga” por estes quando Bush resolveu fazer o mesmo no Iraque. Se não fosse a ajuda americana, os europeus teriam deixado, na Sérvia e no Kosovo, dezenas de milhares de mortos. Mas, os mais dos europeus, nem no Afeganistão se lembram disso: mandam tropas a título simbólico, nada de riscos, que faz calos.
Espera-se que a Europa não venha a precisar, da parte dos EUA, de retribuição desta “solidariedade”. E, ou me engano muito, ou, se o senhor Obama for eleito, bem pode a Europa tirar os cavalinhos da chuva…
 
Na minha primeira viagem a Pristina eram ainda muito visíveis os resultados dos bombardeamentos americanos. Em frente do hotel onde estava – o único minimamente decente que havia à altura – via-se, do lado de lá da praça, num estado lastimável, um edifício destruído à bomba. Era a antiga sede da polícia de Milosevic. À sua volta, tudo intacto. A caminho dos barracões da NATO, uma série de antigos depósitos de combustíveis militares, estava arrasado. À sua volta, tudo intacto. E se os americanos não tivessem feito isto? Quantos soldados do senhor Chirac não teriam morrido para “conquistar” estas posições?
* 
Conheci relativamente bem um senhor, chamado Ibraim Rugova, um patriota Kosovar, pró-ocidental, líder das forças moderadas albanesas e moderador das que o não eram. Apreciei as intenções pacíficas do homem, ainda que duvidasse do seu sucesso, metido como estava numa tempestade de ódio. Tinha uma paixão sincera e honesta pelo seu povo. Guardava, numa sala da moradia onde tinha quartel-general, numas estantes de vidro, amostras dos solos, das pedras, dos minerais do Kosovo, e, com comovida paixão, oferecia pedaços da sua terra a quem o visitava. Aos que se interessavam por um futuro de paz e democracia na região, incutia alguma segurança, alguma confiança. Quando houve eleições, ganhou-as com larga margem. Mas veio a morrer bem cedo, vítima de cancro. De resto, as “autoridades” kosovares nascentes mereciam confiança nenhuma.
*
A independência acabou por chegar. As tais “autoridades” tomaram conta do “país”. Mas o ódio não foi aplacado. O Kosovo é um protectorado internacional e não deixará de o ser tão cedo, sob pena de novos latrocínios, novos atentados, novos ondas genocidas. Ninguém saberá como resolver o problema, porque o problema está no coração das pessoas, não tanto nos seus interesses. Neste caso, como em muitos outros, a verdade é extremista porque, como dizia o poeta “é no sentimento que ela está”.
*
Portugal acaba de reconhecer a independência do Kosovo. Uma atitude duplamente cobarde. Cobarde porque, confessamente, não foi fruto de nenhuma apreciação directa do problema, mas de uma postura de “Maria vai com as outras”. Cobarde porque, dando com uma mão, se tira com a outra: uma série de “prémios de consolação” à Sérvia, uma tentativa de lavar as mãos como Pilatos, na estulta pretensão de ficar de bem com uns e com outros.
Portugal concertou posições com outros países europeus? Com certeza. Um sinal de que a concertação é possível. Como a Espanha e a Grécia ficam de fora, porque não se concertou com Espanha? Em relação a esta, Portugal “concertou” mais com a ETA que com o Reino.
Não havia outra coisa a fazer? Talvez. Ninguém explicou, porém, quais seriam, para os nossos interesses, as consequências de outra atitude.
 
Luz ao fundo deste túnel é coisa que não há. Outros problemas, mais urgentes, mais importantes, nos preocupam. Então porque entreter-nos a todos com isto, como se isto nos dissesse respeito?
 
António Borges de Carvalho

ESTOU AQUI

 

 
Onde estão os neo-liberais?, pergunta hoje o Presidente Soares, lá do assento etéreo onde subiu, ali, à rua de São Bento.
 
O homem que teve a estupenda ideia de meter o socialismo na gaveta quando percebeu que a coisa o levava a parte nenhuma, o homem que defendeu a constituição de grandes grupos económicos, a quem, aliás, nunca faltou com prestimosa ajuda, acaba de descobrir que “o que está podre, a agonizar, é o capitalismo “.
 
Ontem, ouvi o inefável camarada Octávio Teixeira, grande educador financeiro do PC e do Banco de Portugal, afirmar que “o capitalismo ainda não morreu”, só anda à rasca nesta fase do campeonato.
No período mais “doutrinário” da sua existência, o Presidente Soares ultrapassa o grande educador financeiro do PC no diagnóstico que faz da situação: o capitalismo está podre, e agoniza. Quer dizer, está a morrer, vítima desse novo demónio que se chama “neo-liberalismo”. E ainda bem, pode ler-se nas entrelinhas do Presidente, eventualmente reconvertido ao socialismo puro e duro, reconversão de que a sua súbita paixão por Chávez  já fazia suspeitar.
 
Aqui há tempos, o demónio era a globalização. Os soares, os saramagos e quejandos, burramente, gritavam contra ela, como se fosse possível pará-la.
Depois, quando a globalização começou a dar frutos, quando países até aí miseráveis passaram, por conta dela, a “emergentes”, quando os preços das matérias-primas subiram e houve mais-valias que começaram a beneficiar os famintos, havia que arranjar outra origem para todas as desgraças: era altura de inventar um novo culpado. Desta feita, o “neo-liberalismo” foi o escolhido. O inimigo externo sempre foi o alimento dos que não olham a meios para fazer valer as suas “razões”.
  
As soarais confusões são por demais evidentes.
Dois exemplos:
- O presidente Soares elege as nacionalizações ocorridas na Irlanda como sinal claro da morte do capitalismo. Esquece-se de que a Irlanda, feliz ilha onde a esquerda não medra, foi (ainda é) o maior sucesso económico e social da integração europeia. Um sucesso liberal, ou “neo-liberal”, se se quiser.
- O Presidente Soares acusa “o capitalismo norte-americano, na sua fase financeira-especulativa”, ou seja, nos mandatos Bush, de todos os males. Esquece que quem “inventou" o subprime foi o senhor Clinton, não o senhor Bush. O sistema entrou em crise, não por ser demasiado “especulativo”, mas por ser demasiado “social”, isto é, porque o capitalismo liberal foi, por via política, levado a sair da lógica que lhe é própria.
 
Para o Presidente Soares, a recessão atinge “a França, a Irlanda, a Holanda, talvez a Espanha…”.
Fatal paranóia ideológica. Os países atingidos, na pena esclarecida de Soares, são todos governados à direita.
Para ele, a Espanha, que tem a esquerda no poder desde o ataque de cobardia colectiva lá levou o Sapateiro, e que, por consequência, de há muito se afunda a passos largos, “talvez” seja atingida. Só “talvez”.
Sarkozy, bombo da festa soarista, é um dos principais culpados da desgraça.
E Portugal? Portugal não entra na lista soarista dos atingidos, com certeza por mor da política económica do senhor Pinto de Sousa. Não é dito, mas fica nas entrelinhas.
 
Há que reconhecer que a presente crise dá, aos inimigos do liberalismo (o "neo-liberalismo" não sei o que é) um magnífico mote para as mais violentas críticas e para as mais variadas “análises” filosófico-políticas, das quais a soarista é das mais primitivas e das menos informadas.
 
Mas, neste país de pacóvios, o artigo de Soares vai ficar, por uns dias, a fazer escola.
 
Quando, com Bush, com McCain ou com Obama, os Estados Unidos saírem da fossa, a Europa dos teóricos como Soares, alimentada por preconceitos ideológicos e por solipsismos nacionalistas, talvez descubra, tarde e más horas, a solução para os seus problemas, nunca se esquecendo, como é de timbre, de que a culpa é dos Estados Unidos, do capitalismo e do “neo-liberalismo”.
 
Nunca é demais repetir, àqueles que ainda prezam a Liberdade apesar de intelectualmente torcidos por complexos de esquerda e por baias ideológicas, que nunca houve tal coisa sem capitalismo, embora já tenha havido, e haja, capitalismo (capitalismo socialista!) sem que haja Liberdade.
 
Onde estão os “neo-liberais”?, titulava hoje o Presidente Soares. Posso responder-lhe: “neo”, não sei, mas liberal, aqui tem um. Sabe porquê?
Porque gosto dessa coisa de que, quando lhe faz jeito, o senhor diz que também gosta: a Liberdade.
 
7.10.08
 
António Borges de Carvalho

BOYS

 

Já há uns dias circulava, nos mentideros da política, a história daquilo que talvez seja o mais grave escândalo do socialismo socrélfio: o terminal de contentores de Alcântara.
Falou-se, á boca cheia e com a propaganda do costume, na grande obra que o estado socretino iria realizar na zona. Túneis ferroviários, requalificação urbana, “abrir” o rio aos cidadãos, etc. blá, blá, blá.
A Câmara Municipal de Lisboa não era tida nem achada para a coisa. Os planos do governo não tinham nada a ver com os da CML.
O senhor Costa não esteve presente na cerimónia em que o desbocado Lino, na presença do senhor Pinto de Sousa, anunciou urbi et orbe (leia-se para RTP ecoar), mais esta grande realização do governo.
A “revolta” do senhor Costa ficou-se por aí. Deve ter sido aconselhado a calar-se como um rato, o mesmo acontecendo ao caloteiro Fernandes e á grande líder dos Cidadãos por Lisboa, dona Helena. O poder é o poder, o resto são cantigas.
 
Facto é que, diziam os mentideros e veio a confirmar-se, a “abertura” do rio aos cidadãos se consubstanciou num mega terminal de contentores laboriosamente negociado com a empresa para a qual, cirurgicamente, tinha há pouco sido designado um novo líder: nada menos que o número dois do PS!
Podiam pôr os contentores em vários outros locais. O estuário é largo e tem mais espaços. Setúbal agradecia a coisa. Em Sines estão milhares de milhões enterrados á espera de oportunidades. Cais quê? Nem pensar. A coisa tinha que ser colocada num local onde já havia uma concessão, a fim de evitar concursos públicos (que chatice!). Era só “alargar” a concessão, em espaço e em tempo, e estava feita a coisa, ou seja, estava realizado o primeiro grande triunfo do senhor Coelho na sua excelsa e eficaz qualidade de CEO. Para as más-línguas, ficava explicada a razão da nomeação deste extraordinário “gestor”, muito conhecido, como tal, lá em casa, isto é, no Largo do Rato.
 
Qualquer empresa privada, da tasca da esquina à grande indústria, antes de gastar dinheiro consulta o mercado à procura das melhores condições. O estado socialista não pratica esta regra básica. A regra básica é a do favorecimento dos boys. Doa a quem doer.
 
Mais um exemplo da moral republicana.
 
8.10.08
 
António Borges de Carvalho

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