Um magnífico negócio
Com grande alívio das almas, a barragam de Cabora Bassa foi, finalmente, passada para controlo moçambicano.
Sursum corda!
Segundo o senhor Pinto de Sousa (Sócrates) fechou-se uma página do – horroroso! -passado, abriu-se outra para um – magnífico! - futuro.
Promete sua excelência que Moçambique vai pagar nada menos que 750 milhões de dólares, cujo financiamento, segundo um ministro lá do sítio, se vai ver como será.
Coisa estranha, na passada sexta-feira, os 750 milhões eram 950, duzentos para já, o resto logo se vê, pelo menos segundo informava a distinta RTP. Entre sexta e terça, (4 dias) parece que os milhões encolheram: os primeiros duzentos sumiram-se, os logo se vê logo se verá.
Ainda mais estranho, ouvi dizer que os 950 (ou os 750) não pagariam mais que o que Moçambique já devia.
Enfim, um imbróglio inextricável. Posso admitir que não houvesse outra solução. Posso admitir que o óptimo fosse inimigo do bom, do assim-assim, ou mesmo do péssimo. Mais difícil de comer é a forma idiota e triunfalista como a história foi vendida aos portugueses. Somos ou não, como sempre, considerados como um bando de ignorantes e de analfabrutos?
Registe-se, esperando para ver, se, mais uma vez, os 950 milhões, ou os 750 (à vontade do freguês) não vão ter que nos sair do bolso, numa primeira fase, para nos serem devolvidos (se forem), com grande foguetório, numa segunda. Com prazos a perder de vista, como muito bem disse aos mentecaptos da RTP, nas entrelinhas, um ilustre moçambicano que já não sei quem era.
Um futuro cheio de promessas, esta socraticóide “nova página” das nossas vidas.
António Borges de Carvalho