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irritado (blog de António Borges de Carvalho).

O SOCIALISMO É A FILOSOFIA DO FRACASSO, A CRENÇA NA IGNORÂNCIA, A PREGAÇÃO DA INVEJA. SEU DEFEITO INERENTE É A DISTRIBUIÇÃO IGUALITÁRIA DA MISÉRIA. Winston Churchill

irritado (blog de António Borges de Carvalho).

O SOCIALISMO É A FILOSOFIA DO FRACASSO, A CRENÇA NA IGNORÂNCIA, A PREGAÇÃO DA INVEJA. SEU DEFEITO INERENTE É A DISTRIBUIÇÃO IGUALITÁRIA DA MISÉRIA. Winston Churchill

SARAMAGAL OPINIÃO

 

Na vertigem da senilidade, o senhor Saramago saltou das salsas paragens da Castela marítima para as páginas dos jornais.
Não, não ganhou mais nenhum prémio, não está outra vez com os pés para a cova, não se desfiliou do PC, não publicou outro livro, não fez nada que se visse. Resolveu, sim, escrever para dar um conselho à dona Hilária Clinton. Nada mais nada menos que exortá-la a abandonar o nome do marido, cujo uso, na sua opinião, não passa de um sinal de “submissão”, um “fato usado com os cotovelos rotos”.
Pelo que se conhece da senhora, julgo que ninguém, a não ser a saramagal criatura, a considerará “submissa”. Nem seja quem for, para além do senhor Saramago, acha Clinton parecido com um casaco velho com os cotovelos rotos.
Dona Hilária, que foi Clinton uma vida inteira - de estudante, de advogada, de primeira dama, de senador, de candidata à nomeação para a presidência e, agora, de secretária de estado - para seguir o douto conselho do senhor Saramago devia abandonar o capital próprio que tal nome é.
Diga-se, em abono da Justiça e da Equidade, que o homem tem desculpa. Nem a todos acontece apaixonar-se, ainda por cima depois de velho, por uma jararaca castelhana como a dele. A tipa, que, em manifestação da mais analfabética ignorância, quer ser “presidenta” em vez de presidente (da casa dos Bicos, que é nossa, não dela, apesar dos desmandos do Costa), deve-o ter ameaçado com o rolo da massa caso ele não desse uma de fundamentalismo feminista. E o pobre do velhote – pobre uma gaita – obedeceu servindo-se da brilhante ideia de dar conselhos estúpidos à dona Hilária.  
Registe-se o triste fim de um triunfador.
 
28.1.09
 

ABC

RAIVAS

 

Pois é. Sem mais nem menos, vem à liça um dos mais socrélfios portugueses, o Doutor Freitas do Amaral, antigo líder da direita portuguesa, actual militante socialista e, pelos vistos, membro destacado da central de desinformação do governo.
 
Na doutíssima opinião do ilustre senhor, o que se tem passado sobre o caso Freeport é muito mais grave do que a “cabala”, a “conspiração”, a “perseguição” de que o senhor Pinto de Sousa se considera vítima. Trata-se de “uma campanha de raiva” contra um inocente que só praticou actos absolutamente legítimos. O professor, por causa das moscas, sublinha que tal legitimidade é de carácter “administrativo”, matéria em que é especialista. Isto é, deixa de fora aquilo que é fundamental: a responsabilidade política. Demos de barato histórias de dinheiro.
 
À laia de pergunta, Freitas diz que os raivosos devem ser os que “estão com medo de perder as eleições”, isto é, o PSD.
Daqui se conclui que, na opinião do senhor, a dona Manuela deve ter contactado a Scotland Yard a pedir que o respectivo RG (Rage Department) fizesse umas investigações acerca do Freeport. Logo que esta diligência produziu os seus efeitos, a senhora terá falado com o tio e o primo do primeiro-ministro, convencendo-os, sabe-se lá a poder de que raivosas ameaças, a confessar que tinham metido umas cunhas a favor da coisa. Depois, foi ter com o senhor Oliveira, o Dr. Balsemão e demais cavalheiros dos media, exortando-os a fazer-se eco das suas raivosas intenções. Assim se montou, como é lógico e se deve meter pelos olhos (do Doutor Freitas) dentro, a “campanha da raiva”.
 
Mais opina o catedrático que a modificação da ZPE do estuário do Tejo, tendo sido legislada legitimamente gelo governo, foi promulgada pelo PR Sampaio e referendada pelo Dr. Barroso. Portanto, ou tudo era perfeitamente legítimo ou temos de convir que estes dois senhores também receberam uns trocos.
Poderia o Doutor Freitas, se fosse sério, ter acrescentado que não há memória de um primeiro-ministro não ter referendado um diploma depois da sua promulgação, bem como esclarecido as pessoas, já que é especialista em direito administrativo, sobre o significado jurídico da referenda. Mas isso não faz ele. Prefere meter o Dr. Barroso ao barulho, a ver se consegue tornar credíveis as suas extraordinárias opiniões. É, pelo menos, feio, muito feio. O desespero socrélfio no seu mais rasca.
 
Diz o homem que as alterações à ZPE foram decididas dois meses antes da aprovação do projecto. Portanto, nada têm a ver com ele. Perante tal dislate é de perguntar: então têm a ver com quê? Assim, sem mais nem menos, o governo decide alterar os limites da zona? Num conselho de ministros em que não havia nada que fazer o senhor Pinto de Sousa resolveu encolher a ZPE para passar o tempo? Ou deixou de haver aves naquele quadradinho? Ou ia lá passar o TGV? Ou foi tudo por alma da viúva do Padre António Vieira?
Eis-nos no reino das conjecturas. Facto é que Freitas acha que o tal decreto terá tido a ver com tudo, menos com o Freeport. Notável.
 
Aquela fatia do Freeport que causava erisipelas aos ambientalistas foi cirurgicamente retirada da ZPE. Depois, aprovou-se o projecto. Depois os ambientalistas queixaram-se a Bruxelas. Depois emendou-se a bronca. Depois, Bruxelas arquivou-a. Entretanto, com ZPE ou sem ZPE, o Freeport já lá estava. Nada mais havia a fazer. A ZPE intacta, o Freeport a funcionar, toda a gente contente.
 
No meio disto tudo, entre o momento, em 2005, em que a marosca foi denunciada e em que a central do PS conseguiu abafar a coisa e vilipendiar quem a denunciou, houve um juiz que considerou a história mais que suspeita e uns procuradores que, embora digam que o processo não parou, o meteram na gaveta. Por influência britânica, os procuradores ressuscitaram e desataram a fazer buscas, inquéritos, devassas.
 
Mas, para o Doutor Freitas do Amaral, transfigurado em aparatchik socialista, ao nível do Vitalino, do Pereira e do Silva, tudo não passa da “raiva”. Até mete raiva!
 
Facto é que as televisões e os jornais já começaram a “abrandar”. Terá havido telefonemas à la manière?
 
29.1.09
 
António Borges de Carvalho

ESPERNEAR É QUE É BOM

 

O camarada Lino continua a divertir-nos com as suas palhaçadas. Desta vez, mais papista que o papa, a fazer ciúmes ao Vitalino (o aparatchik), ao Santos Silva (o demagogo) e ao Vital (o intelectual de serviço), saltou em defesa do senhor Pinto de Sousa. Coitadinho, tão atacado tem sido! Mas não esperneará sozinho, que o Lino cá está, sempre, sempre, ao lado do chefe.
 
Trata-se, na, indigna de crédito opinião do ex-comuna, de “matéria com fins políticos”, destinada a “colocar obstáculos ao governo e para atingir o primeiro-ministro”.
 
Que seja bem-vinda a bronca, já que põe obstáculos às loucuras do governo.
 
Em 2005, o “Independente” fez-se eco da mesma história. Em manobra, com certeza não “política”, o PS deu a volta ao texto. O polícia que deu a dica foi castigado. O Dr. Santana Lopes acusado das piores coisas. O independente acabou. E, no entanto, era verdade, como diria Galileu. Como Galileu, quem falou nisso lixou-se. Nada de “político”, que ideia!
 
Agora... agora o pior foi os ingleses. Andava a malta muito descansada, eis senão quando os malditos bifes se desbroncam e começam a fazer perguntas desnecessárias, em condenável manobra, certamente de carácter “político”.
Veja-se a que ponto vão os inimigos do senhor Pinto de Sousa! A sua influência chega às margens do Tamisa, quem sabe se ao palácio de Buckingham! Que gente!
Uma vez os ingleses em acção, as nossas autoridades acordam. Descobre-se que, afinal, já há anos havia um juiz que pusera a coisa sob forte suspeição. Descobre-se um tio que mete cunhas ao sobrinho, um primo que se quer ver pago pelas influências movidas, uma reunião que houve, ou duas, e mais uma data de coisas. A imprensa desata aos pontapés, a ver quem tira mais lixo de debaixo do tapete. 
A pessegada torna-se incontrolável.
 
Ah! Se estivéssemos em 2005, que bom seria, deve pensar o Lino. Punha-se a malta a funcionar, acusava-se a Manuela, mais o chefe de gabinete, mais quem fosse preciso, castigava-se uns tipos, insultava-se outros, ficavam todos enxovalhados e nós de fora. A prazo, quem sabe, até acabávamos com o “Sol”. Mas 2005 já lá vai, mudaram as circunstâncias, só nos resta espernear. Esperneemos pois, pensa a mente privilegiada do Lino.
 
Só não percebe, coitado, que quanto mais espernear, menos o pessoal acredita no chefe.
 
26.1.09
 
António Borges de Carvalho

O QUE SE SABE E O QUE NÃO SE SABE

 

 
Não se sabe se:
 
·        O senhor Pinto de Sousa sacou, ou não sacou, umas massas aos tipos do Freeport;
·        O tio, ou o primo, do senhor Pinto de Sousa, sacaram, ou não sacaram, umas massas aos tipos do Freeport.
·        Houve luvas ou não, nem para quem;
 
Sabe-se que:
 
·        As satisfações às complicadas exigências do governo em relação ao Freeport foram apreciadas numas horas;
·        O Freeport foi aprovado em três dias, ou dois, e o que era necessário para tal aprovação foi prontamente promulgado pelo Presidente Sampaio;
·        O governo era de gestão, não tendo, evidentemente, poder para dar as autorizações que deu;
·        O Presidente Sampaio sabia o que a Constituição reza a este respeito;
·        À altura, alguém denunciou que haveria marosca na coisa. Esse alguém foi enxovalhado na praça pública e houve um polícia que levou 18 meses por “fuga de informação”, num país onde todos os dias há fugas de informação sem que aconteça seja o que for seja a quem for;
·        O assunto foi congelado;
·       Anos passados, a polícia inglesa começou a escarafunchar;
·       As autoridades portugueses acordaram da sua “letargia”;
·       Em meia dúzia de dias, rebentou uma série de broncas.
 
 
Pergunta o Irritado:
 
Não se sabia há que tempos que:
 
·       O primeiro-ministro mentiu, sem necessidade nenhuma, acerca dos seus estudos?
·       O primeiro-ministro mentiu acerca do défice orçamental?
·        O primeiro-ministro mentiu acerca dos seus “projectos de engenharia”?
·        Tais projectos eram (são) uma espantosa vergonha, um inominável horror, um atentado à arquitectura, às cidades e à paisagem?
·        O primeiro-ministro mentiu na campanha eleitoral?
·        O primeiro-ministro mentiu acerca da crise?
·       O primeiro-ministro apresentou uma moção/programa que é um mar de lugares comuns e onde as únicas”medidas” dignas de nota são a criminosa regionalização e o “casamento” dos pederastas e das fufas?
·        O primeiro-ministro é um mentiroso compulsivo e que o nosso futuro, nas mãos dele, é tão negro quanto se possa imaginar?
 
E não basta isto para nos livrarmos dele?
 
O que teria acontecido num país civilizado onde o primeiro-ministro fosse apanhado em metade das broncas em que o senhor Pinto de Sousa foi apanhado?
A imprensa, a rádio e a televisão continuariam a apoiá-lo?
A opinião pública deixaria passar?
 
Perguntai, senhores, a vós mesmos o que teria acontecido. Depois, chorai, guitarras, chorai, porque isto já morreu.
 
25.1.09
 
António Borges de Carvalho

SEREMOS TODOS TRAFULHAS?

 

 

Não sei se Portugal vale a pena.

 

Esta profunda reflexão é feita tendo á minha frente um apanhado do “portal da transparência”, publicado pelo internauta senhor Carlos Martins. Com a devida vénia, eis doze maravilhas, entre muitas:
 
1.    O ISEP comprou um GPS por 10.000,00 euros;
2.    A Câmara de Vale de Cambra comprou um autocarro de 16 lugares por 2.922.000,00 euros;
3.    O Centro de Saúde de Portel mandou reparar duas fotocopiadoras por 45.144,00 euros;
4.    Uma entidade alentejana comprou 14 módulos de 3 cadeiras e 19 módulos de 2 cadeiras por 375.600,00 euros (6.058, 00 euros cada cadeira);
5.    A Câmara de Ílhavo comprou 3 computadores mais uns acessórios por 380.666,00 euros;
6.    A renovação do licenciamento do software Microsoft custou 14.360.063,00 euros;
7.    A Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa comprou 9.072 rolos de papel higiénico por 5.806,08 euros;
8.    A Câmara de Loures gastou mais de 650.000 euros em vinho (tinto e branco);
9.    A Câmara Municipal de Faro pagou 33.745,00 euros por uma viagem Faro-Zagreb-Faro;
10.  A Câmara de Estremoz pagou 1.915.000,00 euros pelas iluminações de Natal;
11. Em Sines, o aluguer da tenda para a festa da inauguração do Museu do Castelo custou 1.236.500,00 euros;
12.  Seis malas Piaggio para as motorizadas das águas da mesma entidade custaram 106.596,00 euros.
 
Tudo por ajuste directo.
 
Por uma questão de vergonha, não teço quaisquer comentários.
 
24.01.09
 
António Borges de Carvalho
 
PS. Os leitores do Irritado poderão documentar-se com mais pormenor em:
 
http://osvelhotesdosmarretas.com/2009/01/desajustes-directos-em-portugal

 
 
 

RIR, MAS DO NERVOSO

 

Coitados dos animaizinhos
 
1. Dona Bernardette Chirac anda muito apoquentada porque o seu  ilustre esposo foi mordido pelo cãozinho lá de casa. Não, a apoquentação da ilustre dama não se deve às feridas que o animal causou ao chefe da família. Deve-se às inquietações que a assaltam no que diz respeito à saúde do animal. Este, coitado, não teve culpa nenhuma: a coisa ficou a dever-se a uma depressão nervosa. O Sumo, assim se chama a criancinha, perdão, o cãozinho, tem andado a ser tratado por um especialista em depressões caninas. Apesar do tratamento, obviamente de altíssima qualidade, o nobre animal tem, de vez em quando, ataques de frenesim. Foi durante um desses ataques que o Jaques foi mordido.
 
O Irritado deseja com furor que a dona Bernardette seja apanhada por algum frenesi do Sumo e fique com as badanas do cu devidamente esfarrapadas. Não sei se isto será punição que chegue para a violência da imoralidade da situação e para o total descoco das declarações da velhota.
 
 
2. Por cá, as coisas não estão melhor. Um tal Moutinho, presidente da associação “Animal”, veio a terreiro protestar contra as vacas açorianas que pastoreiam na Praça de Espanha, em acção de propaganda à terra delas. Minto, é claro que o homem não é contra as vacas, mas contra quem as pôs lá. E porquê? Porque o trânsito pode provar stress às bovinas criaturas, porque os animais estão desprotegidos “face ao” (sic) mau tempo e porque o pasto não é adequado às suas necessidades alimentares.
Tem toda a razão. Segundo informação de que o Irritado dispõe, um estudo da Universidade de Cacilhas, datado de 1969, demonstra à saciedade o stress dos burros, sobretudo por causa dos autocarros e dos ferries. Transpondo a coisa para as vacas, o Irritado não tem dúvidas acerca das razões que assistem ao Moutinho e aconselha-o vivamente a mandar chamar de urgência o psiquiatra que se ocupa dos frenesins do cãozinho da madame Chirac, a fim de dar assistência psicológica às vacas da Praça de Espanha.
Mais aconselha o senhor Moutinho a ir, ele mesmo, dar uns caramelos aos animais. Pode ser que alguma vaca, vítima de stress, entre em frenesim e lhe dê umas valentes cornadas, a ver se o tipo passa a pensar duas vezes antes de andar para aí a espalhar baboseiras.
 
 
 
ENCOLHEMOS?
 
Segundo o “Diário de Notícias de hoje, a área de Portugal é de 35,6 Km2 , isto em 2007.
Quando eu era pequenino, por certo por influência do fascismo e da Mocidade Portuguesa, ensinaram-me que Portugal tinha noventa e tal mil Km2. Não consta que a Pátria tenha encolhido tanto nos últimos cinquenta anos.
Ainda me ocorreu que o pasquim se tivesse enganado, esquecendo-se de três zeros. Mesmo assim, ficaríamos do tamanho do Alentejo, ou coisa que o valha.
 
Esta imprensa socialista está cada vez pior.
 
 
 
GRANDE LÍNGUA!
 
O Instituto Camões concluiu, via estudo sociológico superiormente elaborado pelo ISCTE, que:
·       O Português é uma língua cujo potencial futuro é muito superior ao seu valor actual;
·       Nalgumas regiões do mundo, a relevância do português no trabalho aumenta quase sete vezes entre o presente e o futuro;
·      Cerca de 10% dos inquiridos na Europa tem o português como língua de trabalho;
·       Cerca de 70% dos tais inquiridos vê no português um investimento de futuro, com grande potencial de crescimento;
·        A língua portuguesa represente 17% do PIB nacional.
 
O Irritado, que é burro, não percebe lá muito bem o que quer dizer “aumentar sete vezes entre o presente e o futuro”. Demos isso de barato.
Pelo mesmo motivo, o Irritado não percebe que voltas é preciso dar ao bestunto para classificar a língua pelo critério do PIB. Demos também isso de barato.
 
O que é verdadeiramente notável, e por isso foi deixado para o fim, é que o “estudo” tem por base um inquérito feito a “estudantes de português em cursos coordenados pelo Instituto Camões".
 
Pois é, o Camões era zarolho, coitado. E nós?
 
22.1.09
 
António Borges de Carvalho

MUNDIALISMOS

 

Aqui há uns anos, o PS, pela mão do senhor Pinto de Sousa e do Engº. Guterres, embarcou num dos mais inacreditáveis “investimentos” dos últimos 100 anos: a faraónica construção de uma caterva de estádios de futebol. É claro que, à altura, o senhor Pinto de Sousa garantiu ao povo que o Euro 2004 iria amortizar os investimentos e dar imenso lucro. Como é habitual no personagem, era tudo ou burrice ou mentira. O país ficou pejado de elefantes brancos que ninguém sabe como se vão pagar, mas que se sabe quem vai pagar: nós.
Agora que aparece pela primeira vez uma oportunidade de ganhar uns tostões que possam aliviar o buraco, o senhor Pinto de Sousa, pela voz do ministro Santos, acha que não senhor, não nos vamos meter em campeonato nenhum. No mesmo dia em que o senhor Sapateiro oferece o apoio do governo castelhano à federação lá do sítio para a organização, com Portugal, de um mundial de futebol, o senhor Santos diz que nem pensar. Será porque, quando era preciso construir os estádios, havia montes de dinheiro a circular à conta, e agora, com os estádios construídos, a massa já não corre da mesma maneira?
 
A "esclarecer" o povo, surgiu aquele rapazola gordinho que ocupa a secretaria dos desportos, ansioso por agradar ao chefe. Com invulgar inteligência política e não menos sentido de oportunidade, o social-desportivo senhor fez esta extraordinária declaração: “O topo das prioridades é outro. Temos de (sic) resistir a uma crise nacional e global, esse é que é o topo das nossas prioridades. O Mundial pode ser o relançamento do país em 2018.”
Não é fácil fazer a exegese deste sábio raciocínio. Dir-se-ia que o rapaz não quer o Mundial porque não é prioritário. Mas acrescenta que, em 2018, o Mundial pode “relançar” o país. Será que, afinal, é a favor da coisa? Talvez, mas mais tarde. Ora, como toda a gente sabe, menos o secretário de estado, as candidaturas para 2018 começam agora a ser tratadas. Em que ficamos? Ou será que o rapaz foi encarregado de informar a Nação que o “relançamento do país só terá lugar em 2018?
 
Não sei porquê, mas tenho a sensação de que esta última interpretação é a mais consistente. Se o senhor Pinto de Sousa continuar no poder, ai, meus amigos, podem ter a certeza de que o rapaz tem razão.
 
21.1.09
 
António Borges de Carvalho

NAS MALHAS DO POLITICAMENTE CORRECTO

Muitas coisas muito boas vêm dos Estados Unidos da América. Não, não estou a falar do senhor Obama. Muito más coisas de lá vêm também. Não, não estou a pensar no senhor Obama.

Penso nessa hedionda invenção a que se chama “politicamente correcto”.

 
Trata-se de uma forma estúpida de disfarçar, encobrir ou condenar certas formas de pensar, bem como a sua expressão falada ou escrita.
 
Alguns exemplos:
 
- O politicamente correcto proíbe o uso da palavra “preto” (black), para caracterizar um preto. Substituiu-se “black” por “african-american”, o que corresponde a uma distinção entre americanos, isto é, os pretos não são americanos tout court, como os brancos, precisam de um adjectivo que os distinga. O mesmo com os “native-american” ou os “hispanic-american”. O politicamente correcto acaba por ser mais racista que a linguagem tradicional.
 
- Entre nós passa-se o mesmo: substituiu-se a palavra preto por “negro”, um francesismo idiota ("nègre"). É que, em português “preto” é preto, sem mais conotações. “Negro” tem conotação negativa (os tempos estão negros, tem uma vida negra, um futuro negro, uma alma negra, etc.). Parece que, nestas coisas, a estupidez manda mais que o bom senso e, por maioria de razão, manda também no uso da língua.
 
- A dona não sei quantas, extremosa esposa do senhor Saramago, exige que a tratem por “senhora presidenta” (da fundação Saramago), uma vez que “presidente” é uma palavra “sexista”. Já vi jornais politicamente correctos a escrever segundo os desejos desta castelhana ignorante e presunçosa. Em português, “presidente” é comum aos dois géneros, como se sabia, aos oito anos de idade, na antiga instrução primária. A ignorância petulante e o ódio primário, eles sim, sexistas, querem transformar as presidentes em “presidentas”. Olhem o que diriam os politicamente correctos se o Irritado propusesse que os presidentes passassem a ser tratados por “presidentos”!
 
- O Cardeal Patriarca disse que as raparigas de cultura cristã deviam pensar muito bem antes de casar com um muçulmano. Toda a gente, a começar pelos muçulmanos, sabe que isto é um belíssimo e sensato conselho. Mas é politicamente correcto dizer exactamente o contrário.
  
- Toda a gente sabe que Israel é um país civilizado. Toda a gente sabe que o Hamas é uma organização terrorista e, ainda por cima, inimiga figadal não só de Israel mas da nossa civilização, da nossa cultura e de nós mesmos, uma escumalha que dá vivas à morte e que, activamente, nos quer ver extintos. Mas manda o politicamente correcto que se diga exactamente o contrário. É a estupidez no seu mais elevado grau.
 
A verdade, a justiça e o bom senso são virtudes que o politicamente correcto desconhece, ao mesmo tempo que apregoa a verdade, a justiça e o bom senso.
Feito de cinismo, de perversidade, de inversão de ideias, de valores e de conceitos, o politicamente correcto põe em causa a própria essência da nossa civilização.
 
21.1.09
 
António Borges de Carvalho

APELO A PPC

 

O estimável rapaz que dá pelo nome de Pedro Passos Coelho, alter ego do engenheiro (propriamente dito) Ângelo Correia, anda por aí em tudo o que é reunião a espalhar a sua doutrina e a promover a sua pessoa. A imprensa, sempre solícita e servidora quando se trata de enfraquecer o PSD e proteger o PS, ecoa por toda a parte as posições do rapaz.
O Irritado não discorda de muitas das ideias de que ele se faz eco. Porém, se o rapaz fosse de confiança não andava a tratar de si próprio a meia dúzia de meses das eleições às quais o seu partido vai concorrer liderado por outrem. Seria de esperar que o ambicioso jovem guardasse para mais tarde – não será muito mais tarde, dada a idade da dona Manuela – as suas pessoais propagandas, em vez de andar a enfraquecer as da senhora.
O PSD tem já demais com que se preocupar. As tenebrosas alarvidades do Meneses, uma besta quadrada, e as bocas intriguistas do Marcelo, um egoísta pomposo e bem pago, já chegam para tratar de inviabilizar o futuro do partido e para causar ao país o que será a maior desgraça dos últimos trinta anos: a recondução do senhor Pinto de Sousa.
Talvez o rapaz ainda vá a tempo de se calar, ou de usar a sua verve de outro modo. Para bem de todos nós.
 
Aqui fica um sentido apelo.
 
21.1.09
 
António Borges de Carvalho

CARTA ABERTA AO PRESIDENTE CAPUCHO (2)

Lisboa, 21 de Janeiro de 2009 

 

Excelentíssimo Senhor Presidente da Câmara Municipal de Cascais
 
Considerando:
 
1.    As notícias veiculadas pelos chamados órgãos de informação sobre as diligências efectuadas por uma auto-denominada Associação dos Amigos do Paredão acerca das limitações à circulação de velocípedes naquela infra-estrutura camarário-marítima;
2.    A recente declaração de Vossa Excelência de que estaria na gutérrica disposição de dialogar com os interessados;
3.    A circunstância de o signatário, bem como seus filhos, netos e amigos serem indecentemente perturbados no seu direito à tranquilidade e à segurança por virtude do uso do paredão por indesejáveis ciclistas, bem como por utilizadores de outros não menos indesejáveis meios de transporte;
4.    A presença constante, no Paredão, de doces canídeos, rotweiler, rodhesian ridgeback, dobermann, etc., amorosamente conduzidos pelos seus distintos proprietários e acariciados por generosos polícias:
 
Respeitosamente, vem solicitar a boa atenção de Vossa Excelência para o que a seguir refere:
 
a.    Não é lógico, nem humano, nem tolerável que os utilizadores de bicicletas – meio de locomoção hoje muito em voga, ideal para propagandas autárquicas e para o negócio dos médicos especialistas em colunas vertebrais - em vez de ir dar às canetas nos locais a tal destinados, construídos pela CMC a expensas dos contribuintes, o venham fazer no Paredão;
b.   A proibição, completa e total, do uso de tais maquinetas no Paredão, seja em que dias e a que horas for, é a única decisão camarária compatível com os interesses dos munícipes e dos visitantes que o usam, seja qual for a opinião da supracitada "associação";
c.    Tal proibição deve ser efectiva, e todos, incluindo os polícias, devem ser obrigados a respeitá-la;
d.   Esta evidência jamais se verificará enquanto, ao mesmo tempo que expulsam os ciclistas, os agentes da autoridade se passearem no Paredão de bicicleta, scooter, segway ou equivalente, e ainda, muitas vezes, de automóvel;
e.   Outrossim acontecerá enquanto, impunemente, houver indivíduos, machos e fêmeas, médicos, enfermeiros, maqueiros e motoristas do INEM a repoltrear-se nas esplanadas, bebendo as suas imperiais com a Passat amarela estacionada, ou na rampa de acesso, ou no próprio paredão;
f.      O sossego e a segurança dos utentes será também letra morta se os canídeos acima referidos não forem apreendidos e adequadamente injectados no canil da Câmara até que a morte sobrevenha.
 
É Vossa Excelência responsável pelas condições de segurança e tranquilidade dos utentes das infra-estruturas camarárias. Mas é-o igualmente pela conduta dos agentes policiais e outros, a qual é abusiva, imprópria, e não respeita os mais elementares princípios da probidade e da boa educação.
 
Posto isto, resta-me pedir aos santinhos que iluminem a mente privilegiada de Vossa Excelência quando se tratar de decidir sobre estas questões.
 
 
Com respeitosas e paredistas saudações
 

 

 
António Borges de Carvalho

DE NOVO, A CENSURA

 

Uns senhores psiquiatras forenses, reunidos em concílio, resolveram protestar contra a decisão dum tribunal de entregar a menina Esmeralda ao respectivo e diligente papá. Os clínicos em causa, após aturadas observações, resolveram opinar que não senhor, a criancinha devia ser entregue ao sargento que a criou.
 
Esta expressão de opinião desencadeou uma tempestade. Ou duas.
 
A douta Ordem dos médicos resolveu desautorizar os colegas, porque não tinham submetido a sua opinião ao julgamento da organização.
Ficamos a saber que, se um médico nos receitar umas aspirinas, a receita não é válida a não ser que seja submetida à homologação da Ordem. Mais. Ficamos a saber que os médicos, mesmo que em colégio, não podem emitir, publicamente, qualquer espécie de parecer profissional, a não ser que o distinto bastonário assim o deseje. Poderá dizer-se que os pareceres médicos são confidenciais e que os médicos não podem revelar a terceiros os seus diagnósticos. Mas não foi por aqui que a veneranda Ordem atacou. Fê-lo porque não tinha sido ouvida, isto é, se a tivessem ouvido, os psiquiatras já podiam, sem peias, revelar as suas opiniões. Pelo que se trata, não de homologar pareceres, mas de censura crua e dura, e de abuso de autoridade.
 
O não menos douto sindicato dos juízes (os juízes dizem-se órgãos de soberania e depois fazem sindicatos como se fossem metalúrgicos ou motoristas da Carris) veio a terreiro protestar indignadamente contra a ousadia da comissão de médicos. Não queriam mais nada? Então agora os senhores peritos têm o desplante, a ousadia, o topete, o atrevimento de criticar as decisões dos tribunais? Então não sabem o respeito que é devido aos órgãos de soberania? Onde é que isto vai parar?
Ficamos a saber que é proibido, na opinião do sindicato, criticar as decisões dos tribunais, sobretudo por parte de gente que esteve envolvida no processo. A distinta organização acha, se calhar, que se pode criticar as decisões do Presidente da República, do Parlamento, do governo, mas não as dos senhores juízes. Ou seja, censura, da crua e dura.
 
Toda a gente sabe que muita coisa há que não funciona a contento nesta pobre terra e que a Justiça, nesta matéria, é campeã. O sindicato dos juízes, na “boa” tradição sindical, não só é de opinião que os seus membros não têm culpa nenhuma do que se passa, como se eleva à posição de censor das opiniões expressas pelos cidadãos, atrevendo-se ao descoco de afirmar que não têm o direito de as exprimir se se tratar de criticar as imperiais decisões dos seus filiados.
 
Onde vamos parar?
 
20.1.09
 
António Borges de Carvalho

NOTÍCIAS DO SOCIALISMO

 

1)    O camarada Kim Jong-il, grande irmão do camarada Jerónimo, ao que dizem completamente balhelhas após uma pataleta qualquer, “nomeou” o seu filho como sucessor, ou seja, como grande e amado líder dos norte coreanos, a fim de poder continuar a gloriosa marcha do país a caminho do socialismo.
 
2)    O Camarada Hugo Chávez, amigo do peito dos camaradas Soares e Pinto de Sousa, está a tomar as providências necessárias para ficar no poder para sempre – para sempre não, que os canalhas, felizmente, também morrem – com o objectivo de dar continuidade ao socialismo “bolivariano”. Coitado do Bolivar, que nunca foi socialista.
 
3)    O camarada Castro (irmão do outro), em deriva “liberal” que muito inquieta o camarada Jerónimo e o arcebispo Louça, autorizou os “cidadãos” cubanos a comprar torradeiras.
 
4)    O camarada Pinto de Sousa, sempre diligante no seu amor à verdade socialista, anunciou solenemente, no Parlamento, que vai fundar um banco de células que já funciona há dois anos.
 
5)    O camarada Pinto de Sousa, para pôr fim à crise e desenvolver o socialismo, resolveu endividar ainda mais as PME’s, em vez de lhes pagar o que deve.
 
6)    O camarada Pinto de Sousa, em atitude de verdadeiro socialista, resolveu nacionalizar um banco falido, assim arranjando forma de pôr as pessoas a pagar os desmandos a que o socialismo deu cobertura durante vários anos.
 
7)    O camarada Pinto de Sousa prepara-se para, finalmente, socializar o casamento, transformando-o em inalienável “direito” socialista das fufas e dos pederastas.
 
8)    O camarada Pinto de Sousa mandou anunciar que vai re-referendar a regionalização, com o nobre propósito de arranjar mais uns taxitos para a sua inenarrável clientela.
 
9)    O camarada Pinto de Sousa, mais uma vez em nome da verdade socialista, conseguiu, em menos de um mês, passar o défice previsto de 2,2% para 3 e, logo a seguir, para 3,9, deixando no ar a hipótese de ainda o subir mais um bocado, assim ficando em aberto a possibilidade de aumentar o défice socialista para o que muito bem lhe der jeito, que as eleições aproximam-se e pode vir ser preciso, para dar continuidade ao socilalismo, espalhar mais uns dinheiros.
 
10)                     O camarada Pinto de Sousa, a fim de socializar os transportes, isto é, a fim de espalhar por aí uns dinheiros que fazem imenso jeito a muita gente, insiste em continuar o seu tresloucado programa de auto-estradas, aeroportos, combóios, etc..
 
Viva o socialismo!
 
18.1.09
 
António Borges de Carvalho

O REGRESSO DE SAMPAIO

 

Pergunta a ignorância do Irritado por que carga de água o “Diário de Notícias” se vem dedicando ao relançamento político do ex-Presidente Sampaio.
No espaço de uma semana, o dito meio dedica-lhe, por duas vezes, as suas páginas centrais. É obra.
Um dia, o Dr. Sampaio ocupa tais páginas com um interminável artigo sobre “estratégias” para Portugal, um conjunto de análises e propostas. Dando de barato alguns impróprios erros de ortografia, a enorme artigalhada reflecte um trágico vazio de novidade, repetindo palavreado que o amigo banana não desdenharia subscrever.
Poucos dias depois, o DN dedica o mesmo espaço a uma resenha “histórica” de “como o ‘sampaísmo’ chegou ao poder”. Ao dizer que o Dr. Sampaio saiu, em 1979, do MES - Movimento de Esquerda Socialista, talvez por só nessa altura ter descoberto o PS, o DN esquece-se de dizer o que era o tal MES. Para esclarecimento dos nossos leitores mais novos, é bom que se refira que o MES, de que o senhor foi fundador e destacadíssimo militante, era coisa extremista que agrupava esquerdistas caviar e tresloucados marxistas,  maoístas e quejandos. Como obra maior desta gente temos a campanha a favor do adiamento sine die das primeiras eleições democráticas, uma vez que era preciso deixar o “processo revolucionário” seguir o seu curso sem ser perturbado por coisa tão imprópria dele como as eleições.
O DN esquece-se, et pour cause,do consulado de Sampaio na CML onde foi talvez o seu mais anquilosante presidente. Esquece-se de que Sampaio, como PR, talvez a continuar a sua “obra” na Câmara, impediu, com argumentos completamente idiotas, a construção do casino no Parque Mayer, assim tendo conseguido a grande façanha de evitar que o dito fosse recuperado e que nele fosse erguido um projecto urbano de altíssima qualidade a nível mundial. Esquece-se de que foi Sampaio quem consagrou, com argumentos que sabia falsos, um conteúdo novo para a sua qualidade de Comandante Supremo da Forças Armadas, coisa que sabia contrariar o espírito e a letra da Constituição. Esquece-se, finalmente, de sublinhar a sua mais que ilegítima intervenção na vida política do país através da dissolução de um parlamento onde havia uma maioria estável, estando o governo em funções há quatro meses e não havendo nem insegurança pública nem riscos quanto ao funcionamento das instituições, assim utilizando abusivamente os seus poderes a favor da sua família política.
 
É conhecida a tendência política do jornal “independente” que se chama “Diário de Notícias”. Por isso que talvez não seja inteiramente estúpido responder à pergunta com que o Irritado abre este post concluindo que este súbito ataque de propaganda do Dr. Sampaio não é mais que o começo da campanha eleitoral para o seu regresso a Belém.
 
Sampaio outra vez Presidente? Xiça!
 
16.1.09
 
António Borges de Carvalho

QUEM TE AVISA…

 

Uma rapariga das minhas relações, católica apostólica romana, da Freguesia de São Sebastião da Pedreira, casou com um engenheiro iraquiano que trabalhava em Lisboa numa companhia de petróleos ou coisa do género.
Tudo correu pelo melhor. O rapaz era simpático, culto e civilizado. Nasceram criancinhas, foram baptizadas, etc., tudo na melhor.
Passados uns anitos, o engenheiro voltou para o Iraque, por razões profissionais. Levou a família, como é natural.
Mais anos passaram. Os contactos da rapariga com Lisboa eram escassos e lacónicos. Até que uma senhora que me é próxima teve que ir a Bagdad, também por motivos profissionais.
Isto passava-se nos tempos do grande líder socialista, muçulmano moderado, chamado Sadam Hussein. Segundo a sua propaganda, as mulheres iraquianas eram cidadãs livres e senhoras do seu destino. Nada que se parecesse com o Afeganistão, o Irão ou a Arábia Saudita.
Bom, a minha amiga lá foi à procura da mulher do engenheiro. E encontrou-a. Vivia numa casa confortável, bem situada. Não tinha problemas financeiros. Tinha as suas instalações próprias, separadas das do marido, jamais podendo entrar nestas. Os filhos viviam com ela, sendo que só os machos, quando o pai os chamasse, podiam entrar no santuário do chefe da família. Visitas, as que ele autorizasse. Se se tratasse de mulheres, confinadas ficavam às instalações dela. Sendo homens, se o marido autorizasse, só poderiam falar-lhe na presença dele. Sair, nem pensar, a não ser que devidamente acompanhada e usando os véus e coberturas da ordem. Cartas para família só depois de lidas pelo marido. Nem livros nem jornais nem coisa nenhuma que a pusesse em contacto com o mundo corrupto e imoral dos infiéis.
Ao contrário do que se possa pensar, o homem não era nenhum tirano. Seguia, simplesmente, o que era determinado pela “civilização” a que pertencia.
O triste fado da mulher acabou por ser abreviado por um cancro.
 
Quando o Patriarca aconselha as raparigas portuguesas a ter cuidado com os amores muçulmanos está, evidentemente, estribado em casos como este de que, mais do que eu, deve ter notícia.
Admita-se que, numa sociedade como a nossa, em que ainda não há sinais visíveis daquilo a que se chama “choque de civilizações”, os patriarcais conselhos não são propriamente fruto do melhor bom-senso.
Veja-se o coro de indignação que por aí vai. As televisões e os jornais há dois dias que não fazem outra coisa senão falar de alegados sucessos de casais “mistos”. O imã de Lisboa declarou o profundo choque que sentiu ao ouvir as palavras de Dom José. Parece que quanto mais mal a tal “civilização” faz às pessoas mais estas tendem a simpatizar com ela.
O Patriarca preveniu, e preveniu bem. Antes que cases, vê o que fazes. Às vezes, o diabo tece-as.
 
Não haverá um “choque de civilizações”. O que pode vir a haver, até já há, é um choque entre uma civilização e o que resta de outra que já o não é.
Nisto, como em tudo, as excepções confirmam o que se está a tornar regra.
 
15.1.09
 
António Borges de Carvalho

SACAR, SACAR!

 

Na voracidade paranóico-socrótica de sacar dinheiro às pessoas, a ASAE resolveu que lhe era legítimo entrar nos escritórios dos advogados e tratá-los como se fossem a Feira de Carcavelos, a Pensão Vanessa ou a tasca da esquina.
Toda a gente sabe que há uma entidade, a Ordem dos Advogados, que se ocupa de julgar os erros ou abusos de carácter deontológico dos seus profissionais. Toda a gente sabe que há outras entidades, polícias, tribunais, etc., que se podem ocupar de queixas de outra natureza.
Mas a ASAE, qual Gestapo dos nossos dias, tem a obrigação socrafúfia de arranjar mais trabalho, fabricando, bem e depressa, tantas vítimas quanto possível.
 
Talvez o Irritado se engane. Se calhar, a ASAE quer é verificar a qualidade das sanitas, a pureza da atmosfera dos escritórios, a concentração de CO2 nos arquivos, a presença, horror dos horrores, de cheiro a tabaco, os eflúvios dos sovacos da telefonista, a maciez do papel higiénico… ou se as cadeiras para os clientes têm a ergonomia indicada pelas normas do senhor Pinto de Sousa, se o sofá da sala de espera tem alguma mola avariada…
 
De uma forma ou de outra, à ASAE compete cumprir a nobre obrigação de fabricar cada dia mais multas, mais coimas, mais contra-ordenações, mais processos, tudo a bem do orçamento do Estado.
 
Ordens são ordens. O “espírito” do Estado do senhor Pinto de Sousa é este. Sacar, sacar, é o que está a dar.
     
14.1.09
 
António Borges de Carvalho

GENTE SÉRIA

 

Dizem os craques do Casino de Lisboa que não pagaram, nem vão pagar, os quatro milhões que saíram, nas máquinas, a dois felizes jogadores. Isto, porque as tais máquinas têm um máximo de prémio de cem euros.
Onde é que isto está escrito? Como é que as pessoas podem saber qual é o prémio máximo? Os funcionários que vendem os créditos avisam as pessoas disso?
Em poucas palavras: as pessoas gastam o seu dinheirinho a jogar numas maquinetas que, às vezes – é com isso que as pessoas contam, senão não jogavam – dão uns prémios do arco-da-velha.
Estão enganadas. Se o prémio que a máquina dá é maior  que aquilo que o Casino está disposto a pagar, são mandadas dar uma curva para não prejudicar a benemérita instituição.
Isto é: ninguém sabe qual é o máximo que o Casino paga. Se suas excelências decidirem que aquela máquina só paga x, os jogadores que se lixem. É que a máquina, se declarar maior que x, estará, obviamente, dizem elas, com um “problema informático”. O que quer dizer que, sempre que achar que os jogadores lhe estão a entrar no bolso, o Casino alega avaria e não paga. Como se não fosse obrigatório ter as máquinas a funcionar em condições! Como se, se um tipo comprar um automóvel que não anda, seja na mesma obrigado a pagá-lo!
Se as pessoas, ao jogar, assumem os respectivos riscos, porque não há-de o Casino assumir os seus?
Que se saiba, nunca casino algum se preocupou com a ruína dos jogadores que, de bestunto “avariado” pelas tentações que o casino lhes põe à disposição, jogam mais do que deviam. Mas, se o que se “avariou” foi o miolo da maquineta, ai Jesus, que o casino não pode ser prejudicado!
 
Haverá alguém, algum juiz, algum fiscal, alguma ASAE, que se debruce sobre isto e meta o Casino na ordem?
 
14.1.09
 
António Borges de Carvalho

DA INOBSERVÂNCIA DA OBSERVAÇÃO

 

Veja-se este mimo:
 
Na próxima segunda-feira, a distintíssima classe dos professores fará greve. Segundo os capitães da coisa, será “a maior greve de sempre”.
No dia seguinte, esta maravilhosa gentalha começará uma outra greve (às “aulas observadas”), a qual se prolongará por um mês.
Vejamos o que este segundo parágrafo quer dizer. Se bem entendi – estas coisas não são fáceis de entender – é assim:
As “aulas observadas”, após as inúmeras cedências da ministra, realizam-se “a pedido” dos professores que querem obter as classificações de muito bom e excelente, ficando os restantes de fora; os professores “observadores” são obrigados, coitadinhos, a “observar” quando para tal forem convocados pelos respectivos colegas, ou seja, pelos que querem ser “observados”; os demais não se deixam “observar”. Obrigados? Não! Se fizerem greve, não "observam" coisa nenhuma. Por isso, a solução é fazer greve selectiva, para já de um mês, e depois logo se vê. Lapidar!
Então, perguntar-se-á, isto não vai dividir a classe? Os professores que querem ser “observados” não se vão revoltar contra os capitães? Não, nem pensar. É que, como ninguém é muito bom, muito menos excelente, os requerimentos para ser “observados” (havê-los-á aos milhares) não servirão para outra coisa senão para proporcionar aos “observadores” uma folgazitas adicionais. Genial!
 
Mas há mais. O programa das festas inclui uma jornada de “luta e reflexão” sobre as “políticas da ministra” (note-se que, para não incorrer na fúria do senhor Pinto de Sousa e para isolar a ministra, os tipos não dizem “políticas do governo”); segue-se uma concentração à porta do Presidente da República, a fim de “chamar a atenção do mesmo” (os tipos devem achar que o PR ainda não deu por nada); haverá também, em local a anunciar, um “encontro nacional das escolas em luta”; entretanto, cerca de 100 presidentes de conselhos executivos estiveram reunidos em Santarém, a fim de elaborar (mais) um documento a pedir à ministra o fim da avaliação.
 
Os professores conseguem o grandioso feito de ser piores que o governo. Quem diria?
A monumental irresponsabilidade que vêm demonstrando, o desprezo pelo ensino e pelos alunos que revelam, a subserviência em relação aos condotieri que, por mera “missão” política, aproveitam a oportunidade aberta pela incompetência do governo para desestabilizar a sociedade, são alguns dos mais tristes e claros sinais estado de apodrecimento em que, por obra do socialismo, se encontra a sociedade portuguesa.
 
12.1.09
 
António Borges de Carvalho

FUNDAMENTALISMO DE PERNAS PARA O AR

 

É sabido que a loucura do fundamentalismo religioso é uma das causas da situação de insegurança que se vive no mundo. Acabado (lá fora, que não por cá) o fundamentalismo comunista, resta aos loucos, aos “amigos da morte”, aos selvagens, o fundamentalismo religioso.
Mas, atenção! Um novo proselitismo, voire fundamentalismo, surge, fumegante, das fezes das almas: trata-se de novos militantes de uma nova “religião” que se propoem propagar a sua verdade: o ateismo!
Já não se é ateu por não acreditar em Deus, e acabou-se. Há quem queira ser “missionário” da coisa. Não através da literatura, da filosofia, do cinema, da arte em geral, mas via constituição de grupos de pressão que surgem a espalhar a sua “fé”.
Estes ilustres cidadãos, preocupadíssimos com o alívio dos “constrangimentos sociais” que, como é sabido, muito prejudicam as massas (?!), vão começar a sua propaganda através de um autocarro pintado com os seus slogans. Depois, logo se vê, informou uma besta qualquer.
 
Nada melhor para excitar a fúria religiosa dos fundamentalistas. Se a estupidez fosse música…
 
12.1.09
 
António Borges de Carvalho

UMA VERGONHA NACIONAL

 

Rezam as notícias que entra hoje em vigor o novo estatuto dos Açores.
Depois dos avisos do Presidente, da opinião largamente expressa por todos os juristas, à esquerda e à direita (as excepções, neste caso, vêm de gente menor e só confirmam a regra), das galegadas do senhor Pinto de Sousa seguidas pela trafulhice de uns (o senhor Jerónimo), pela cobardia de outros (o senhor Rangel) e pelo oportunismo do senhor Portas (Paulo), a patacoada açoriana entra em vigor!
O senhor César, que não é augusto, deu ao Diário de Notícias uma interminável entrevista que é um rol de faltas de educação, de primitivismo ideológico e de ordinarice mental.
O senhor César, que não é augusto, quer agora que os quartéis da tropa, nos Açores, hasteiem a bandeira regional.
É certo que a bandeira dos Açores é a única que exibe as cores da Nação, não as do partido republicano do princípio do século XX. Mas, ainda que à contre coeur, temos que aceitar que a bandeira, apesar de sua vergonhosa origem, é a que existe. E não é a dos Açores. E não pode, nem deve, ser substituída ou acompanhada por ela em locais que têm, exclusivamente, a ver com a soberania. Isto é tão claro como a água pura das nascentes.
O que os tipos querem, lá nas ilhas, não é autonomia, é usurpação da soberania. Já que querem prescindir da autoridade do Estado, porque não prescindem também dos subsídios, do pagamento dos “custos da insularidade”, da gasolina mais barata, do IVA especial, dos preços de saldo nos aviões?
Os Açores que se governem com o que produzem, mais com os dólares dos emigrantes, mais com a renda das Lajes, e que vão bugiar, vão ofender a prima, vão cuspir noutra constituição, vão chatear o Atlântico!
 
É certo que os pontapés na Constituição começaram ao mais alto nível, quando do golpe de estado do senhor Sampaio e do alargamento das “funções” do Comandante Supremo das Forças Armadas, da autoria do mesmo senhor.
Mas, que diabo, porque é que a sede de votos insulares do senhor Pinto de Sousa e do senhor Rangel há-de levar a que as instituições políticas, com a, apesar de tudo tímida, excepção do Presidente, há-de levar a pôr em causa a autoridade do Estado e aquilo a que se quer chamar “unidade nacional”?
 
12.1.09  
 
António Borges de Carvalho

MARAVILHAS DO SIMPLEX

 

Um simpático estudante dirigiu-se à loja do cidadão. Escolhido o estaminé apropriado e uma vez decorridas as três horas da praxe entre a senha 459 e a 822, a cena é a seguinte:
- Bom dia.
- Diga.
- Queria renovar o meu cartão europeu de segurança social.
- BI.
- Faz favor
- Beneficiário.
- 569874125698
- Um momento.
O computador rangeu nas bielas.
- Você não é este.
- Pois não. É o meu pai. Sou dependente. Estudante. Tenho 17 anos.
- Ó pá, tu não existes! O teu pai só tem duas filhas!
- Veja o BI, a ver de quem eu sou filho.
- O BI não interessa.
- Então para que é que o pediu?
- Para ver quem tu eras.
- Diz aí quem eu sou e de quem sou filho.
- Pois é, mas isso, aqui, não interessa. O que interessa é o que está no computador.
- Então meta aí no computador o nome do meu pai.
- Era o que faltava! Então achas que isto é assim, à vontade do freguês?
- …
- Então, pá? Não faças essa cara! Achas que um gajo pode mudar os dados que estão no sistema, assim, à lagardere?
- Então para que serve o BI?
- Não querias mais nada? A Segurança Social é uma coisa, o Arquivo de Identificação é outra!
- Eu julgava que o BI servia… de qualquer maneira, os meus pais têm cinco filhos, três rapazes e duas raparigas.
- E o que é que eu tenho com isso? Aqui no computador só há duas raparigas e o computador é que manda!
- Então porque é que me deram o cartão europeu da outra vez?
- Sei lá!
- Se mo deram foi porque o meu nome estava no computador como filho de quem sou…
- Provavelmente. Mas agora não está.
- Deve ser por causa do Simplex…
- As piadas políticas ficam lá fora, estás perceber? Vai-te embora e diz ao papá que se desenrasque.
 
No mesmo dia, o pai do rapaz enviou um e-mail a uma coisa que se chama Segurança Social Directa, pedindo o registo dos filhos em falta no computador. Missiva assinada electronicamente Alberto de Miranda e Mascarenhas.
50 (cinquenta!!!) dias depois, recebeu a seguinte maravilha:
 
Exmo. Senhor Alfredo
 
Para ser analisado o seu agregado familiar deverá preencher a declaração que se junta.
 
Com os melhores cumprimentos
Segurança Social Directa – Lisboa
 
Para a outra vez, o melhor será recorrer à Segurança Social Indirecta. Só que não vem na lista.
 
12.1.09
 
António Borges de Carvalho

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