O SOCIALISMO É A FILOSOFIA DO FRACASSO, A CRENÇA NA IGNORÂNCIA, A PREGAÇÃO DA INVEJA. SEU DEFEITO INERENTE É A DISTRIBUIÇÃO IGUALITÁRIA DA MISÉRIA.
Winston Churchill
O SOCIALISMO É A FILOSOFIA DO FRACASSO, A CRENÇA NA IGNORÂNCIA, A PREGAÇÃO DA INVEJA. SEU DEFEITO INERENTE É A DISTRIBUIÇÃO IGUALITÁRIA DA MISÉRIA.
Winston Churchill
Às vezes perguntamo-nos sobre os critérios que presidem à escolha dos colaboradores/comentadores/colunistas por parte dos directores de jornais.
Desgraçadamente, os jornais, em Portugal, não têm cara, isto é, não têm imagem nem cartilha política, não se colocam ideologicamente, antes perseguem com fúria aquilo a que chamam “independência”.
Ao contrário dos grandes jornais deste mundo, o “Times” e o “Gardian”, o “Le Monde” e o “Figaro”, o “Washington Post” e o “New York Times”, até o “El País” e o “El Mundo”, os nossos jornais passam a vida a albergar tudo quanto é gente, filhos de todas as mães, mais contribuindo para a confusão do que para o esclarecimento. Além de tudo mais, as pessoas têm, ou deviam ter, o direito de, conhecendo a “orientação” de um jornal, poder avaliar a força e a razão de quem nele escreve.
Vem isto a propósito de um artigo do senhor António Vilarigues, ontem publicado no jornal privado chamado “Público”, sobre a crise israelo-hamasiana.
Para informação de quem me lê, diga-se que o articulista assina na qualidade de “especialista em sistemas de comunicação e informação”. Esclarecendo, trata-se de um membro do PC, cujo nome faz lembrar um ilustre estalinista do meu tempo (seu pai?) que se chamava Sérgio Vilarigues.
Demos de barato a laboriosa argumentação do “especialista”. A conclusão que o homem tira é bastante para avaliar a “informação e comunicação” a que se dedica. O homem acha que há quem “seja capaz de ver os acontecimentos de forma diferente da redutora divisão entre bons de um lado e maus do outro”. Pois haverá. Só que tais boas almas, diz o “especialista”, são, para além de alguns compagnons de route, o PC de Israel, a Frente Democrática para a Paz e a Igualdade, parceira das “facções de esquerda palestiniana, incluindo a Frente Democrática para a Libertação da Palestina, a Frente Popular para a Libertação da Palestina e o Partido do Povo Palestino. Todos comunistas, como o “especalista”, certamente por distracção, confessa.
A extraordinária independência destas teorias leva-nos, como dizia a abrir, a ter em pouca consideração a política editorial dos nossos jornais.
O “Público” não passa de um exemplo, e nem é dos piores.
Por volta dos anos setenta, a União Soviética, através do KGB e dos partidos comunistas, alinhados ou não, infiltrou nos países ocidentais uma organização de militantes e compagnons de route, entre nós chamada CPPC (Conselho Português para a Paz e a Cooperação). A coisa articulava-se com um conselho “mundial” do mesmo nome, ou equivalente.
A prestimosa confraria dedicava-se à nobre actividade de minar a confiança ocidental nos seus valores, a propagandear um socialismo “indispensável” para a paz e, de um modo geral, a considerar que os mísseis soviéticos eram óptimos e os da NATO um crime.
Caído o império soviético, emagrecidas as fontes de financiamento e o apoio da espionagem do KGB, a trupe remeteu-se a quartéis e deixou de chatear.
Agora, os mesmos e mais outros, impressionadíssimos com o problema da Palestina, ressuscitaram a coisa com outro nome. Não sei, com que apoios, mas imagino.
Os ilustres camaradas, comunistas, “ex” – comunistas, “capitães de Abril”, personalidades da extrema-esquerda, ex-MDP’s, figuras do sindicalismo intelectual e não só, aquele tipo que é magistrado e…, até, valha-me Deus, um bispo católico (!) e um padre da mesma igreja, voltaram a reunir-se. Ontem, fizeram a vernissage do “Fórum (sic, ha ha, com acento no o) pela Paz”, organização “de defesa dos direitos humanos”.
À noite, um tal Domingos Lopes, figura grada do PC (apresentando-se como dissidente), veio dizer de sua justiça na SIC Notícias.
Espremida a coisa, para o homem e seus sequazes as bombas do Hamas são óptimas, as dos israelitas péssimas; os danos colaterais das bombas dos israelitas são um crime contra a humanidade, os milhares de civis que já se foram à conta do terrorismo do Hamas não contam para o deve-haver do “Fórum”; se o Hamas está escondido em escolas e hospitais, pois está muito bem, os israelitas é que não deviam atacar escolas nem hospitais, ou seja, não deviam atacar o Hamas que, generosamente, mistura terroristas com criancinhas e doentes; Israel não “reconhece” o estado palestiniano, por isso é um país bandido; o Hamas não reconhece, antes quer aniquilar, o estado israelita, estando para tal no seu pleno direito; o Hamas não cuida da população da faixa de Gaza, antes se serve dela como carne para canhão, e faz muito bem; o Hamas é fundamentalista islâmico, é financiado e fornecido pelo inefável Irão e pela doce Síria no que às armas e munições diz respeito, e está certíssimo.
O Hamas é suportado pelos países ocidentais no que se refere a alimentação, combustíveis e medicamentos. Mas isto não interessa ao “Fórum”. O Ocidente não faz mais que o seu dever alimentando quem aposta na sua ruína e mata cobardemente as suas gentes.
Enfim, a mesma mentalidade e os mesmos objectivos do antigo CPPC. Este, ao que diz o “Fórum”, ainda existe. O “Fórum”, segundo declara, não lhe fará “concorrência “(!). Segundo o tal Lopes, o “Fórum” “é uma organização independente com gente diversa e independente, mesmo quando tem filiação partidária”. Kalidás Barreto é independente! O Avelãs e o Sucena são independentes! Mário Tomé é independente! Junte-se-lhes um bispo e um padre, mais uma dúzia de idiotas úteis, outra de marxistas frustrados, e aí está uma organização credível para falar de “paz” e de “direitos humanos”.
Enfim, talvez haja algum exagero nestas rudes palavras. É que não ouvi o Lopes até ao fim: mudei de canal antes que começasse a vomitar.
Na sua “Crónica Feminina”, dona Inês Pedrosa, notável escritora da nossa praça, faz um estranho paralelismo entre os senhores Otelo, Alberto João Jardim e Pedro Santana Lopes.
Porquê esta irmandade? Porque, no douto parecer da ilustre senhora, todos comungam dos seguintes defeitos: “jogam com as emoções das pessoas, exacerbando-as sobre si”, causam “hipnose física e verbal”, trata-se de “prestidigitadores de factos e palavras”, “prometem o céu”, “utilizam no poder um discurso de contra-poder”, “armam-se em vítimas”, etc.
Como o povo ou é “analfabeto” ou sofre de “iliteracia” e “não sabe ler estatísticas”, estes homens são, para o povo, um “afrodisíaco eleitoral”.
Pelo menos no que se refere a Pedro Santana Lopes, jamais alguém o ouviu “prometer o céu” fosse a quem fosse ou fosse como fosse. Se a senhora o acha eleitoralmente afrodisíaco, ou se sente politicamente hipnotizada por ele, o problema é dela, não dos analfabetos ou dos iliterados, passe o neologismo. E não nos diga, senhora escritora, que Santana Lopes não foi vítima do golpe de estado do Presidente Sampaio, ansioso por pôr a família no poder!
Dir-se-ia que, se não estivessem aqueles três nomes no texto, a senhora estaria a descrever as qualidades do senhor Pinto de Sousa. Então não foi o senhor Pinto de Sousa quem prometeu o céu (os postos de trabalho, o não aumento de impostos…)? Não foi o senhor Pinto de Sousa quem disse que estava tudo a correr pelo melhor quando estava tudo a correr pelo pior? Não é o senhor Pinto de Sousa quem insiste em ser “vítima” da oposição, que não lhe propõe coisas que ele ache boas? Não é o senhor Pinto de Sousa quem, vezes sem conta, faz “prestidigitação” com os números do défice e do orçamento? Não é a isto o que se chama “jogar com as emoções das pessoas” com a sua credulidade, com a sua tendência para achar, como opina a senhora, que quem está por cima não mente?
As intelectualíssimas afirmações da ilustre escritora mais não são, afinal, que um pouco diáfano manto para cobrir a verdade do julga deixar na sombra: a “tese”, aliás explícita, de que é preciso “estabilidade governativa” e que esta só se consegue com “maioria absoluta”.
Como vêm, o que a senhora quer é repetir os argumentos do senhor Pinto de Sousa, num panfleto eleitoral mascarado de “análise” sociológica-política.
Quase diria que, no fundo, acha que quem a lê no “Expresso” é analfabeto e sofre de “iliteracia”.
O problema dela é que ainda há quem não seja parvo, ainda que seja analfabeto, “iliterado”, professor catedrático, médico, engenheiro autêntico ou simplesmente cidadão.
Ontem, tive um grave problema conjugal. A minha mulher, intolerante como compete, opôs-se a que eu visse a entrevista do fulano. Alegava estar farta das bocas do primeiro-ministro, bem como das do Marcelo. Com carradas de razão.
O argumento que usei para conseguir assistir a mais uma sessão de patacoada governamental foi o de, já que, quiséssemos ou não, íamos ter uma semana inteira de comentários e artigos sobre o assunto em tudo o que é meio, mais valia ver a coisa para poder ajuizar por nós. E lá a convenci a suportar mais uma ensaboadela de mentira e de batota.
Sua Excelência o Primeiro-Ministro, senhor José Sócrates de Carvalho (da mãe) Pinto de Sousa (do pai), postula ser de grande valia a sua obra de fazer descer o défice de 6,8% do PIB para 2,3.
Consultado o Eurostat (está na Internet), poderão V. Exas. verificar que jamais houve tal défice. Trata-se de pura aldrabice. Não obstante, o senhor Pinto de Sousa repete-a ad nauseam, cego ao facto de todas as instâncias competentes, nacionais e internacionais, dizerem o contrário.
Santana Lopes e Bagão Félix “legaram” ao senhor Pinto de Sousa um défice de 2,9% (dentro das normas do PEC), o que vem escrito nas contas do Estado e nas da União Europeia. A verdade é a das contas, não a do senhor Pinto de Sousa e dos seus áulicos. O senhor Pinto de Sousa e o senhor Santos começaram por subir o "défice" “herdado" para 3,3%, e depois desceram-no até aos tais 2,3.
Como? À custa da maior subida de impostos de que há memória e da desorçamentação de muitos, muitos milhões que, não estando orçamentados, acabam por ter que ser pagos como se estivessem. É a isto que o senhor Pinto de Sousa chama “contenção do défice” ou “ordem nas contas públicas”, a coroa de glória do seu consulado.
Santana Lopes e Bagão Félix, como Durão Barroso e Ferreira Leite, conseguiram o mesmo sem brutalizar a sociedade, “as empresas e as famílias”, como se diz agora. Que se veja a diferença e se conclua dela, é o mínimo que se pode pedir aos portugueses.
A batota atinge as raias da loucura quando o homem tem a coragem de afirmar que foi ele e o seu governo quem obrigou o BCE a baixar a taxa de juro e que é por isso que os portugueses lhe devem a (futura) baixa das prestações da casinha que foram empurrados a comprar. Deixo sem mais comentários esta aldrabice, uma vez que se trata de assunto do foro psiquiátrico.
Em matéria agrícola, não andamos longe disto. Confrontado com os números, o homem mete os pés pelas mãos e diz que, se estão “retidos”, há dois anos, 800 milhões da União Europeia, é porque o Estado não tinha a sua parte para meter no pacote. Tal parte, segundo o notável político, era de 160 milhões. O Estado só tinha 100. E porque faltavam 60, o governo “cativou” 900 (800+100. Agora, anuncia o homem, pletórico de orgulho e de amor pela agricultura, vai acrescentar 100, à conta do défice, e distribuir, saberá ele quando, 1.000 milhões. Grande homem!
E as dívidas do Estado? Bom, essa de pagar as dívidas, se vierem a ser pagas, deve-se à oposição, mormente ao CDS/PP. Isso, o homem não confessa. Pelo contrário, ufana-se de ter a intenção de pagar. Era para ser em Novembro. Não foi. Será em Março. De que ano, não se sabe. O que se sabe é que o governo ganhou pelo menos três meses de espera até que se comece a dizer que mentiu mais uma vez. Como, entretanto, a crise “exterior” se vai agravar, se o senhor Pinto de Sousa não cumprir mais esta promessa, o culpado será o rei da Papuásia ou coisa que o valha.
Na educação, tivemos novidades de monta.
Por exemplo, os resultados escolares deixam de ter qualquer influência na avaliação dos professores. Sabem porquê? Porque, segundo o primeiro-ministro, tal critério é novo, por conseguinte não estava nos “planos” dos professores! Não, o governo não recuou! Reconheceu que era uma injustiça usar os resultados do ensino como critério, uma vez que os professores não têm nada a ver com tais resultados. De tal maneira que nem sequer os consideraram nos seus “planos”. Injusto seria que fossem obrigados a pensar em tal coisa. Que amor pela educação!
Uma afirmação que não se pode deixar passar sem um elogio é a que se refere ao ensino profissional. O senhor Pinto de Sousa diz que herdou, neste ensino, 5.000 alunos, e que, dada a notabilíssima acção do seu governo, a população escolar aumentou em 60.000, cifrando-se actualmente em 90.000. Que domínio dos dossiers, que precisão matemática! Engenhêros!
A reforma da administração pública é outra grande obra de Pinto de Sousa. Segundo ele, há agora menos 50.000 funcionários. Se os números forem tão fiáveis como os do ensino profissional, tanto podem ser 50, como 30, ou 20, ou nenhum, não é? Os tais 50.000 vêm poupar mais de 1% do PIB, diz ele. Então, perguntamos nós, como é que a despesa pública, no orçamento dele, vai aumentar?
Bom, tudo se explica com uma frase que proferiu quando lhe falaram em “cenários” para o seu futuro político:
“ – Eu não raciociono sobre cenários”, disse.
Sobre outras matérias, é legítimo concluir, o homem raciociona. Raciocinar não é com ele.
Ou então o seu português foi aprendido usando o sistema do inglês técnico! Lembram-se?
O senhor Pinto de Sousa é uma pessoa exigente. Exige que a oposição apresente, de imediato, alternativas à sua política. Quem manda é ele, que diabo! Por isso, até quando segue as propostas da oposição, coisa que não reconhece, não está a seguir as propostas da oposição porque a oposição nada propôs! O homem raciociona como um semi-deus!
- Deslealdade para com o Presidente?
- Nem pensar!
- Não prometeu ao Presidente que ia tratar a contento do estatuto dos Açores?
- Bom, isso - titubeia, enrascadíssimo – não digo.
- Porquê?
- Porque não revelo o teor das minhas conversas com o Presidente.
Conclusão: o Presidente tem carradas de razão quando, claramente, o acusa de deslealdade. Uma “qualidade” que (ainda) não sabíamos que o homem tinha, a somar às muitas que já lhe conhecemos.
A girândola final da entrevista deixou-me extasiado. O governo vai alterar o orçamento porque, como toda a gente menos o governo já sabia, o orçamento é um nado morto. Mas, atenção!, não se trata de um orçamento rectificativo mas de uma rectificação do orçamento. Um raciociônio digno da mais alta admiração.
Dona Clara Ferreira Alves, ilustre propagandista do Dr. Mário Soares, com quem faz umas viagens à conta de todos nós - ainda por cima é paga para tal - e crónica cronista do “Expresso”, onde expressa a sua filantrópica e doutoral superioridade, afirmou anteontem que os “desvios de direita” do senhor Pinto de Sousa se consubstanciam no “autoritarismo”. Não foi, coitada, capaz de encontrar outros exemplos de tais “desvios”. Compreenda-se, desvios de direita desta gente é coisa que só existe nas cabeçorras dos partidos comunistas e na estupidez visceral de muita gente do outro lado.
Note-se, antes de mais, que os espíritos iluminados tipo dona Clara são tão de esquerda, tão de esquerda, que acham que o “autoritarismo” é coisa só pode ser praticada pela direita. Clara demonstração da mais ignara das ignorâncias ou da mais primária das zarolhices.
Ser-se culturalmente zarolho é um defeito grave. Mas ser tão básico quanto a senhora demonstrou, é coisa que, multiplicada por uns milhares de espectadores, atinge as raias, ou da loucura, ou do pecado público. Ainda por cima, se dermos à cidadã em causa o benefício da dúvida e pensarmos que estaria, conscientemente, a mentir, a coisa atinge uma gravidade que os “provedores” do telespectador, as inúmeras “autoridades”, “entidades” e quejandos (invenções para-censórias de esquerda criadas pelo senhor Pinto de Sousa), se deveriam pronunciar, eventualmente banindo a mulher dos poleiros onde faz as suas pregações.
Seria um descanso para toda a gente, ainda que fosse, também, um grave desvio de autoridade, de esquerda ou de direita. No caso, tanto faz.
Os governos, por toda a parte, têm sido pródigos em descobrir “remédios” para a crise. Ele é tentar “aguentar” indústrias com subsídios loucos, ele é “parar” falências bancárias, ele é distribuir uns tostões pelos mais pobres, ele é as promessas de suporte às pequenas e médias empresas, ele é os avais do estado postos à disposição destes e daqueles, ele é as nacionalizações dos buracos, ele é...
Pelo menos entre nós, a chuva de milhões prometida não passa disso, isto é, de prometida. Se o Estado viesse a ter que os desembolsar – o que até pode vir a acontecer – faliria de um dia para o outro. E, como as reservas dos que lhe poderiam acudir terão tido destino, não se sabe como se poderia sair do túnel. Possivelmente, teríamos que nos habituar a viver nele, não por um ano ou dois, mas por tempo de gerações.
Estas funéreas impressões talvez mereçam uma reflexão.
Quem já conta uma certa idade lembrar-se-á de ver, nas décadas de cinquenta, sessenta e setenta, legiões de japoneses que passarinhavam no Ocidente por tudo o que era fábrica, feira, exposição, tudo o que metesse tecnologia e I&D. Munidos de máquinas fotográficas e de blocos de notas, os simpáticos nipónicos, inimigos de ontem, procuravam a todo o custo o aggiornamento com as realizações industriais do seus novos amigos. Tempo passado, os produtos japoneses eram vistos no Ocidente com desconfiança, os automóveis eram feios, as máquinas fotográficas de segunda, e por aí fora. Mas isto durou pouco. Os produtos da tecnologia japonesa impuzeram-se e o Japão tornou-se a potência científica, tecnológica e económica que conhecemos.
Daí não veio mal ao mundo. A Europa de Leste e o seu imperador soviético sofriam os resultados do comunismo, isto é, salvo pontuais excepções estiolavam e não entravam no pace do Ocidente. Não eram concorrentes.
Morta a tirania comunista, exponencialmente desenvolvida a comunicação, abatidas barreiras comerciais, o mundo entrou na chamada globalização, talvez um dos maiores triunfos do capitalismo, que levou dignidade e bem estar a biliões de seres humanos, até aí privados das mais elementares liberdades, incluindo a de produzir e vender.
A lógica do processo, a procura dos meios que permitem a investigação e o desenvolvimento, levou, primeiro, à globalização da mão-de-obra, depois à transferência de tecnologia. O que se passou pelo mundo fora pouco ou nada teve a ver com o processo japonês. Este, baseava o desenvolvimento na sua própria força de trabalho, sem ceder – xenofobamente, se quiserem – à atracção da mão-de-obra estrangeira ou da “deslocalização”.
Actualmente, a I&D ocidental vai procurar realização em mercados longínquos, o Ocidente é invadido pelos seus próprios produtos, fabricados em regiões onde deixa boa parte das suas mais valias. A colossal massa financeira assim gerada além fronteiras tem vindo, em boa parte, a regressar ao Ocidente, sustentando-lhe os défices, públicos e privados, mas não correspondendo a qualquer mais valia económica dos seus receptores.
Mais do que o sub-prime, mais do que os produtos “tóxicos”, fenómenos que correspondem a políticas “sociais” tendentes a levar o “gozo” do capital financeiro a vastíssimos universos de cidadãos que com pouco mais contavam que com o valor do seu trabalho, mais do que a “ganância dos especuladores”, foi a deslocação do centro de gravidade da produção o que motivou a actual crise.
A “supremacia” ocidental, de que os não ocidentais precisavam como mercado de eleição, entrou em declínio, o que “globalizou” a crise.
E agora?
Onde é que o Ocidente (a Europa e os EUA), carentes de matérias-primas, falhos de fontes energéticas, mais preocupados com o “aquecimento global” e com outras patacoadas do género do que com o seu próprio futuro, vão buscar a simples manutenção dos níveis de bem-estar e de protecção social a que estão habituados? Isto se, como começa já a acontecer, a I&D agressiva que era exclusivo do Ocidente começa a ser praticada por outros com iguais resultados, se o capitalismo globalizado produz efeitos equivalentes em paragens onde os factores de produção, a energia, as matérias-primas, estão mais disponíveis, onde a mão-de-obra é abundante e mais barata, onde os custos da protecção social quase não existem?
Onde estão os mercados para os produtos da tecnologia ocidental, se esses mercados passam a produzi-los sem precisar de mais transferências de tecnologia?
Onde vai parar o nosso modus vivendi?
Seja qual for a resposta, ela não tem nada a ver com a manutenção de indústrias em fase de obsolescência (como os automóveis americanos), com o evitar a tout prix a falência de quem está falido, com a cobertura “generosa” do aumento exponencial dos custos do desemprego.
Quando, em Portugal, unanimemente, se fala em combater o desemprego e, ao mesmo tempo, se baseia a erradicação do problema em obras públicas, ou seja, em empregos sem futuro e num endividamento colossal do país, não se estará a cavar a sepultura da nossa sociedade?
Outra unânime mezinha é a de necessidade de produzir bens exportáveis. De acordo. Mas exportáveis para onde? Com que mais valias? Onde estão os clientes?
O nosso problema é o do Ocidente em geral, exponenciado pelo atrazo e o endividamento em que o PS de Guterres nos mergulhou, que os governos PSD/CDS não conseguiram estancar e que a desgraça do governo socialista de Pinto de Sousa multiplicou, atirando-nos a mar de demagogia, de mentira, de incompetência, de falta de visão de futuro e de brutalidade fiscal em que estamos submersos vai para quatro anos.
Donde, a solução será a de manter, custe o que custar, a supremacia científica e tecnológica e o sistema económico que fez do Ocidente a parte mais avançada e mais rica do globo.
Sacrifícios, todos sabemos que temos, ou teremos, que fazer. Mudança de padrões de vida, em princípio, também temos, ou teremos, que suportar. Ao menos que seja em nome de alguma coisa que tenha um fim, um objectivo, um projecto, um futuro.
O avanço que, apesar de tudo, ainda existe no Ocidente, terá que ser exponenciado, a fim de que não sejam os outros a vender-nos o que nós próprios inventámos e que, a prazo, deixaremos de ter, sequer, dinheiro para pagar.
Se levarmos, não à letra, mas a sério, os apelos à produção de “exportáveis”, estaremos, não direi nós, que somos nabos, mas o nosso mundo, no caminho de alguma luz.
“No quadro da separação de poderes, o estatuto dos Açores não é matéria de que o governo se ocupe. Não tem qualquer declaração a fazer.”
Esta frase foi proferida pelo senhor Lacão, luminária socialista que, ao que consta, é membro do governo.
De um ponto de vista formal, a declaração é inatacável.
Vistas as coisas materialmente, quer dizer, politicamente, trata-se de uma porcaria sem nome.
A criatura pertence a um governo cujo chefe é o chefe do partido que, em exclusivo, integra o governo. O partido tem maioria absoluta no Parlamento. O chefe do partido, que é o chefe do governo, o chefe da maioria e o chefe do Lacão, toma a decisão de presentear a política portuguesa com uma das mais repugnantes atitudes de que há memória.
Mas, no parecer do tartufo, o chefe que manda fazer a asneira, que é o chefe dele, o chefe dos deputados, o chefe do partido e o chefe do governo, não tem nada com isso.
Notre ami Soares enriquece-nos a mente, esta semana, com mais uma das suas habituais arengas. O Irritado realça dois pontos, merecedores de reflexão.
O primeiro diz respeito à extrordinária mensagem de Natal do senhor Pinto de Sousa. Soares afirma que com realismo o homem nos avisoudas dificuldades. Esqueceu-se de dizer que tal aviso corresponde ao cagaço monumental que ele sente com o que já percebeu ser o resultado mais de três anos de demagogia, durante os quais nos andou a entreter, aldrabando, com a ideia de que tudo corria pelo melhor.
Diz Soares que o engenheiro técnico se colocou numa perspectiva de defesa do interesse nacional. Com certeza porque, no parecer de Soares, era a primeira vez que tal acontecia. Pinto de Sousa mostrou-se aberto para dialogar com partidos, sem excepção e com os sindicatos. Leia-se mais uma vez, o fulano quer responsabilizar terceiros (os partidos) pelos apertos de cinto a que nos vai obrigar, com a peregrina desculpa da crise internacional. Vai, por outro lado, pedir batatinhas aos sindicatos com quem, como toda a gente sabe, não tem feito outra coisa senão andar à batatada.
Elogio dos elogios, Soares gaba a generosa intenção do primeiro-ministro de ter um bom relacionamento institucional com os órgãos de soberania, Presidente, Parlamento, instituições judiciais. No dia seguinte a, por ordem do primeiro-ministro, se ter cometido a mais violenta das cavalidades contra o Presidente, Soares acha que o homem é sincero ao prometer o tal relacionamento institucional!
Soares acha, além disso, que o homem mudou de estilo, usando uma forma mais próxima e humana ao dirigir-se aos portugueses. Não dei por isso, mas, reconheçamos que, implicitamente, Soares acha que, antes, o primeiro-ministro era distante e inhumano. Muito bem, estou de acordo. Só que é preciso ser parvo para acreditar em tal mudança.
Ah! É verdade! No parecer de Soares, o relacionamento com os sindicatos não inclui manifestações de rua, nem protestos mais ou menos violentos, coisas que não remedeiam os flagelos a que a governação socialista nos condenou. Pois não.
As críticas da oposição (leia-se o gozo que deu a toda a gente a baixa das taxas de juro da autoria do governo...) foram detalhes sem relevância. Pois.
Em consequência da notável mensagem do PM, o ex-Presidente, apela ao voto no PS. As oposições, quer as comunistas (Soares chama ao BE, carinhosamente, esquerda radical...), quer as de direita, só sabem dizer mal, andam no bota abaixo (aprenderam com o PS...), não oferecem soluções, só criticam, são uma malandragem. Soares descobriu que é obrigação das oposições fornecer ao governo as soluções para os problemas que cria, o que bem demonstra a evolução do “pensamento” soarista no que à democracia se refere. Soares conclui que o vazio político é a alternativa ao PS e que os eleitores têm que perceber que, ou votam PS, ou o país fica ingovernável. Coitado, já não percebe que o problema do país não é ser, endemicamente, ingovernável, mas sim ser mal governado.
A segunda maravilha do artigo de Soares tem a ver com o recuo que já começa a preparar em relação à excelência do senhor Obama, já que a situação no próximo e médio oriente é a maior dor de cabeça da administração Obama, que não se apresenta nada fácil.
Ora como o senhor Obama já deu largas mostras de não ir na conversa, seja do Hamas, seja dos Talibãs, Soares começa a temer que o homem não cumpra o programa de política internacional que tão generosamente lhe anda a oferecer há meses.
Por outro lado, Soares avisa Israel que está a caminho do abismo, o qual é nada mais nada menos que o seu desaparecimento, a prazo, como Estado. Na privilegiada cabeça de Soares, o problema inverteu-se: não se trata de criar um Estado palestino, trata-se de acabar com Israel.