O SOCIALISMO É A FILOSOFIA DO FRACASSO, A CRENÇA NA IGNORÂNCIA, A PREGAÇÃO DA INVEJA. SEU DEFEITO INERENTE É A DISTRIBUIÇÃO IGUALITÁRIA DA MISÉRIA.
Winston Churchill
O SOCIALISMO É A FILOSOFIA DO FRACASSO, A CRENÇA NA IGNORÂNCIA, A PREGAÇÃO DA INVEJA. SEU DEFEITO INERENTE É A DISTRIBUIÇÃO IGUALITÁRIA DA MISÉRIA.
Winston Churchill
Não faço ideia de como se governam os hotéis em Lisboa. Nascem por aí como cogumelos, de luxo e semi-luxo, de charme, estilo boutique, uns caros outros baratuchos, há-os bonitos, há-os feios, grandes e pequenos, etc. Uma autêntica diarreia de hotéis.
Espero que todos tenham os maiores êxitos e que a cidade tenha cada vez mais turistas.
Posto isto, li nos jornais que o quarteirão da “Suiça”, no Rossio, vai ser transformado num grande hotel. Mais um. Que se governe. Tem a bênção do Irritado, tal como o da Boa-Hora, apesar dos histerismos do Dr. Soares e da tropa que não sabe o que é a Boa-Hora, muito menos o que foi.
No que toca ao novo hotel do Rossio cumpre-me sublinhar que a dona Helena, grande vereadora de Lisboa e insigne educadora de massas “participativas”, está contra.
Diz ela que tal coisa não tem em consideração “a preservação do valor patrimonial de alguns estabelecimentos”.
Bonito.
Olhai, senhores, estas lojas de outras eras, e dizei-me se, para além da “Suiça”, há algum estabelecimento com valor “patrimonial”. Dizei-me, outrossim, se, por esse mundo fora, não há lojas nos edifícios dos grandes hotéis. Há. E é do interesse dos grandes hotéis que as haja.
O que não é do interesse de ninguém é que se mantenham as miseráveis espeluncas que medram no Rossio há décadas à custa dos senhorios: porcarias que só desdouram a cidade, quer a dona Helena as ache de alto “valor patrimonial”(?) quer não.
A verdade é que, em boa justiça, se se fizer o tal hotel, sobreviverão as lojas que tiverem estaleca para pagar uma renda decente aos donos da coisa e que souberem modernizar-se e ser boas e bonitas. As outras, que vão à vida. Não fazem cá falta nenhuma. Se calhar, ao fim de anos e anos a viver à pendura, ainda vão receber uma “compensação” pelas “beneficiações” que não fizeram nos imóveis, o que é um consagrado procedimento nacional que toda a gente sabe ser falso, mas a que ninguém liga!
Mais uma vez, é a “moral republicana” o que a dona Helena apregoa e pratica.
Vários leitores do Irritado se lhe dirigiram, indignados com as suas opiniões acerca da polémica dos genéricos a da posição, nela, da Associação Nacional de Farmácias. De ignorante a mal intencionado, de tudo um pouco foi o blogue apodado.
Muito bem. Obrigado pelas opiniões expressas.
Em vez de responder a todas e cada uma delas, valerá a pena esclarecer, com destino a quem o queira, a opinião do Irritado.
Antes de mais, diga-se que o Irritado foi “percursor” nesta matéria, tendo-se manifestado logo que as primeiras informações surgiram na imprensa, antes da actual chuva de notícias e comentários.
À altura, o Irritado ainda não sabia muitos dos contornos do assunto. Razão pela qual, apesar das suspeitas que o inquietavam, confessa que tinha dúvidas quanto às motivações que levariam os dirigentes da ANF a dar ordens às farmácias para que recomendassem os genéricos às pessoas, mesmo quando o médico o não previra na receita. Generosidade dos proprietários das lojas, cheios de “solidariedade social”? Benesse da ANF, subitamente interessada em proteger o bolso do cidadão?
Nem uma coisa nem outra. O Irritado tinha razão!
É hoje público e notório que a ANF comprou um laboratório de genéricos e se prepara para entrar, ou já entrou, a sério, na respectiva indústria.
É também público e notório que os genéricos são vendidos às farmácias com promoções malucas, chegando ao ponto de lhes ser possível obter 150 caixinhas e pagar 50. Ou seja, admitindo que as farmácias têm uma margem bruta de 20% sobre o preço de venda ao público, teremos que, quando o distindo farmacêutico vende uma caixinha ao consumidor, está a praticar um preço que é qualquer coisa como 323% do seu custo! Bom negócio, não é?
Façam as contas.
É sabido que as associações profissionais não têm fins lucrativos e são, por isso, isentas de IRC. Nenhuma tem fins lucrativos?
Não!
A ANF tem um império económico e financeiro. Não invento, vão ao “site” da coisa, vejam o que lá está e, se quiserem, imaginem o que lá não estará.
É também sabido que, do merceeiro de esquina ao supermercado, as promoções dos fornecedores se reflectem em promoções dos retalhistas.
Nas farmácias, não.
Encaixam a totalidade da promoção. É que, coitadinhos, os preços são tabelados! Não podem mexer-lhes!
E, cinismo dos cinismos, a ANF e as farmácias armam-se em beneméritos dos doentes, impingindo-lhes remédios mais baratos para ganhar mais do dobro e atropelando uma lei que dizem não conhecer! Bem urdido, mas com o rabo de fora.
Em França, por exemplo, as associações deste tipo (associations loi 1901), se tiverem lucros acima de ninharias (“sobras” de tesouraria), passam a pagar impostos como os outros.
Por cá, a ANF dirá que as empresas que possui, no todo ou em parte, pagam os seus impostos.
E os resultados? Nunca são distribuídos? Os sócios Mello, por exemplo, vão nisso? É o vais.
Por outro lado, quando a ANF, por certo em função “mutualista”, tem actividades no crédito às farmácias, não deverá ser taxada por isso, pelo menos como os bancos, em vez de ser autorizada a investir em negócios privados?
O que isto quer dizer é que há entre nós gente para quem é legal não se submeter à Lei. Ou então que o governo, na sua proverbial estupidez, se esqueceu de alguns pormenores quando legislou sobre a matéria.
Também quer dizer que, se o Estado, ou alguém por ele, tem a mais elementar obrigação de fiscalizar a qualidade dos produtos farmacêuticos e a sua venda ao consumidor, não tem, ou não devia ter, nada a ver com os preços. A não ser, talvez, com aqueles que dizem respeito a medicamentos sem concorrência, ou em situações de monopólio.
Se assim fosse, o resultado das promoções e dos descontos dos fornecedores seria que as farmácias se esgadanhariam em baixas de preços, como é timbre de qualquer comerciante, para chamar a clientela.
Não se diga que isto não é possível por causa das comparticipações do Estado na compra de medicamentos. Nada mais errado. Basta que as comparticipações se exprimam em dinheiro e não em percentagem. Se já for assim, melhor.
E aqui está, um pouco mais detalhada, a posição do Irritado, desde já agradecendo aos críticos que não se irritem com ela.
Haverá sempre, sobretudo em Portugal, muita gente, muito “privada” e muito “liberal”, para quem as asneiras do socialismo são uma bênção.
11.4.09
António Borges de Carvalho
ET. Acabo de saber que a margem das farmácias não é de 20% mas de 18,5. O que tem interessantes consequências nos 323% acima referidos.
PS. Uma pequena ilustração: há coisa de um mês, comprei um produto dermatológico numa farmácia de Paris. Custou 9,9 euros. O produto é de fabrico francês. Em Portugal, certamente onerado com o preço do transporte, o mesmo produto custa, nas farmácias, 19,9 euros. Estão a ver?
Como Vossa Excelência bem sabe, sou uma mulher que preza, acima de tudo, os direitos humanos, não sendo hábito que me preocupe muito com as correspondentes obrigações.
Sou uma rapariga desempoeirada, indefectível defensora dos pederastas e das minhas colegas fufas, as quais, por ser fufas, não deixam de ser minhas colegas.
Já estou, como sabe, na casa dos quarenta, tenho um nariz pouco elegante, mas toda a gente diz que ainda faço uns bons quilómetros.
Posto isto, eis o que me traz à presença de Vossa Excelência, desde já pedindo desculpa por demandar a Vossa Excelência que se meta em futebóis:
Como Vossa Excelência por certo terá pleno conhecimento, tenho um caso com o Zé. O Zé é um homem de princípios, um homem que veste bem (há quem diga que não, mas veste bem), que gosta de levar a sua avante com tenacidade (teimosia, segundo alguns), que domina, com o seu inglês (há quem não acredite) os areópagos internacionais e a quem a gente do futebol muito deve (excepto as más línguas).
Ora acontece que o Zé anda a ser alvo de uma horrível campanha de calúnias e aleivosias, com origem, é evidente, no clube rival, aleivosias e calúnias às quais o Conselho Fiscal do clube não tem sabido responder devidamente, isto é, tem-se posto com investigações e até ameaça levar o assunto à assembleia geral.
Isto não pode ser!
Já tomei a meu cargo algumas diligências, designadamente comparando o caso do Zé ao do casal Rosberg, injustamente acusado, como é do conhecimento geral, de ser comunista e judeu. Ora se o casal Rosberg era de facto judeu, comunista não era, com certeza. O Zé não é, nem comunista nem judeu, nem nada que se pareça. E, se ajudou uns profissionais a entrar para a gestão do clube, tal ficou a dever-se ao seu alto sentido de justiça e não, como se diz por aí, a ter sido beneficiado com prebendas fosse por quem fosse.
Os jornalistas, miserável cáfila que não me tenho cansado de denunciar, vêm insistindo na tenebrosa matéria, procurando a todo o custo manchar a impoluta imagem do Zé, havendo quem chegue ao ponto de pedir a sua exoneração do clube. A verdade é que o clube continua em primeiro lugar e que tal não se deve senão ao Zé.
Por mais que eu diga que é preciso mandar prender os jornalistas, ninguém me ouve.
É demais!
Acresce, para tornar a situação mais difícil, que os amigos do Zé são um bando de idiotas que outra coisa não fazem senão enterrá-lo ainda mais quando saem à liça para o defender.
O Zé, como Vossa Excelência deve saber, já processou uma série de caluniadores, escolhidos a dedo, o que se compreende porque, se não fossem criteriosamente seleccionados, haveria que processar centenas de milhar de pessoas, se não milhões, já que, como Vossa Excelência compreenderá, os sócios do clube são muitos, andam enganados pela propaganda e dizem do Zé cobras e lagartos.
Há que pôr fim a este estado de coisas!
Eu tenho feito, indiscutivelmente, o que posso. Mas já vi que não chega. Ou dizem que não posso ser juiz em causa própria, ou não me ligam nenhuma.
Por tudo isto, resolvi apelar a Vossa Excelência no sentido de o exortar a que use a sua autoridade de presidente da agremiação para salvar o Zé da miserável campanha de que é objecto.
Poderá Vossa Excelência, com o seu poder e a sua bem merecida influência, por exemplo:
- Mandar para o desemprego, ou para a prisão, os escrevinhadores de calúnias;
- Mandar parar todas as estúpidas investigações do Conselho Fiscal e despedir o seu presidente, o qual anda para aí a meter os pés pelas mãos sem respeito por nada nem por ninguém;
- Telefonar a Sir Alex Fergusson, convencendo-o a despedir os seus adjuntos do Man United, a fim de que se calem de vez e deixem de andar para aí a tecer urdiduras falaciosas com vasta influência na opinião pública;
- Mandar uns ciganos dar cabo do canastro, sem dó nem piedade, aos familiares do Zé que têm contribuído para o descrédito desportivo do meu amado;
- Mandar fechar os media que se comprazem em alimentar a campanha;
- Mandar encarcerar o Manchego Parreira, dando assim um exemplo claro do que é a verdade e do que pode custar faltar a ela.
Outras medidas haverá a tomar, medidas que deixo ao alto critério de Vossa Excelência.
Certa de que o meu apelo será ouvido e desde já agradecendo o alto patrocínio de Vossa Excelência para este caso, sou, atenta, veneradora e obrigada
O senhor Mcann (MacCann, McCain, MacCain?) chegou, glorioso, ao Algarve. Para quê?
Rodeado de porta-vozes, assessores, assistentes, realizadores, operadores de câmara, actores, actrizes, secretárias, factota e amigos dos copos, ei-lo produtor de cinema.
A malta lá da aldeia fica fula. Este gajo vem cá dar ainda mais cabo disto do que já deu? E os desempregados que a história já causou?
A malta não tem razão. O bife quer, simplesmente, fazer um filme com a “reconstituição” do desaparecimento da filha, a fim de ajudar à descoberta do seu paradeiro.
Lidas as coisas com outros olhos, é evidente que o que será produzido será uma versão à la manière do que se terá passado, destinada a ser vendida às salas de cinema e a gerar umas massas.
Para além disso, a iniciativa tem a vantagem de trazer de novo o assunto para as primeiras páginas, onde o senhor ganha espaço para dizer que os seus milhões estão a chegar ao fim e que é preciso sacar mais algum para continuar a manter viva a história e para pagar os ordenadinhos que aquela malta toda anda a ganhar à custa do desaparecimento da pobre criancinha.
Não sei, ninguém saberá, a não ser os culpados, o que se terá passado no Ocean Club. Não sei se quem tem razão são os pais da criança se o Dr. Amaral.
O que sei é que, à pala da triste sorte da menina, os pais construiram um pequeno império de fama e de proveito.
O que sei é que não há nada que esclareça como é que o “documentário” do homem pode contribuir para encontrar a menina.
O que sei, e toda a gente sabe, é que, ou aparece algum dado novo, algum deslize do ou dos culpados, ou o assunto está morto. Por cá e por lá.
O que sei é que os papás da criança, por muito que tenham sofrido ou sofram, têm, em relação ao assunto, uma atitude abjecta e humanamente inaceitável.
O notável jornalista Fernando Madrinha utiliza a sua tribuna do “Expresso” para zurzir o parlamento e os deputados, com o pretexto do regime de faltas aprovado. Este postula que os deputados só terão que “justificar as faltas” a partir da quinta.
Fernando Madrinha, à boa maneira portuguesa, não percebe, nem quer perceber, nem o que é um parlamento, nem o que é um deputado. As faltas não são o problema, problema é haver um “regime de faltas”.
Os deputados não são, nem alunos do liceu, nem funcionários públicos, nem empregados por conta de outrem.
Os deputados dependem dos eleitores, através dos partidos. Ponto final.
Ser contra o sistema de eleição dos deputados em Portugal por verificar o distanciamento entre eles e os eleitores ou com outro argumento qualquer, pode ser certo ou errado, conforme a opinião de cada um. Mas não é isso que está em causa. Trata-se, no caso em apreço, de uma questão alheia à natureza da função.
A natureza da função impõe a não responsabilização dos deputados perante inexistentes “hierarquias”. O Presidente do parlamento não é, ou não devia ser, mais que um primus inter pares. Os deputados são responsáveis perante o eleitorado, através dos partidos. Ponto final. É de seu livre alvedrio ir ou não ir às sessões. Se não fazem nada, lá estará o partido, em primeiro lugar, e o eleitorado para, ao fim de quatro anos (se o PR não for o Dr. Sampaio...), os castigar.
Mas em nenhum parlamento civilizado há “autoridades” públicas ou políticas para “julgar” da sua assiduidade.
O problema, por isso, não é que justifiquem ou não justifiquem as faltas, seja no primeiro, no quinto, ou no enésimo dia. O problema está em que ninguém, nenhuma “hierarquia”, devia ter o direito de andar atrás dos deputados, como se fossem magalas. O erro está em que se registem faltas e presenças, não com o fim de elaborar as actas, mas com o de “fiscalizar” a vida política dos deputados.
Não é estranho que os habituais invejosos e os anti-parlamentaristas profissionais se revoltem contra o “regime” das faltas. A existência e a proliferação dessa gente é um handicap da Nação, com o qual, desgraçadamente, temos que viver.
Mas é estranhíssimo que um homem esclarecido como Fernando Madrinha alinhe tão acriticamente no coro do facilitismo crítico.
À beira da bancarrota (a culpa é do tribunal de contas, do PSD, do diabo a quatro), o camarada Costa vale-se do que pode, coitado, para arranjar umas lecas.
Desta vez, haja Deus!, o prejudicado não foi o alfacinha. A sanha de fund raising do homem abateu-se sobre as forças da ordem. Nada menos que a Guarda Republicana (raio de nome).
A meritória instituição, a quem devemos a republicana segurança interna da Pátria, bem como a do Kosovo e a de Timor, costuma comemorar a sua existência, todos os anos, com uma parada na Praça do Império.
Este ano, porém, o camarada Costa puxou dos galões e, quem sabe se por sede de vingança, já que os GNR’s o odeiam, decidiu que é preciso pagar à CML pela ocupação do espaço público. Nada menos que 60.000 euros, 12.000 contitos.
O camarada Costa não tem imaginação para tratar de transformar a parada militar num evento, nem de a anunciar nos hotéis, nas informações turísticas e na televisão. Não vê, coitado, forma de ganhar com a coisa que não seja cobrar os tais 60.000 euros à GNR.
Louve-se esta “visão” de Estado e dos interesses da cidade.
Dona Matilde, sempre ao ataque, comunicou ao mundo que adora jogar ao berlinde, que pede lições de pião ao droguista, que acha que o Shrek foi muito mal tratado, que estudava em cima das árvores (ah, grande Darwin!), que faz yoga, que tem falta de flexibilidade nas articulações, que, se não fosse o yoga, tinha sentido mais a morte do marido, que se dá lindamente com a acupunctura, que joga futebol, que é do Benfica e os netos também, que brinca aos piratas, que adora fisgas, que se comove com a beleza, que compreende a sociedade actual através das telenovelas, que passou meses a vê-las e a ler a “Maria” e a “Ana”, entretenimentos “básicos”.
Dona Matilde entrou para a política a cavalo na urna do marido, e por lá ficou, a jogar ao pião com o tipo da drogaria.
Como toda a gente sabe, Portugal não é propriamente o que se chama um actor de peso na cena internacional. Não tem para tal peso politico, nem económico, nem social. Nem gente de qualidade que se imponha.
Por isso que seja importante a tomada de certas posições por parte de portugueses, posições que dão visibilidade e algum prestígio ao país.
Para além dos mourinhos e dos ronaldos, há o professor Damásio e mais meia dúzia de outros, que estão no galarim da fama por mérito próprio, sem recurso a terceiros. Há também os que, por uma razão o outra, foram “escolhidos” por instâncias internacionais. Destes, o mais importante é, de longe, Durão Barroso, na UE. Há também Jorge Sampaio, na ONU. E pronto.
Nunca fui grande admirador de Durão Barroso. De Jorge Sampaio, nem grande, nem pequeno. No entanto, ambos vão desempenhando as suas funções mais ou menos a contento de quem os emprega. Não nos envergonham e dão visibilidade a esta chafarica.
Está na altura de tratar da reeleição de Barroso. O governo socialista, que soe fazer quase só asneiras, apoia-o porque sabe que seria absurdo e injustificável não o fazer. Sabe também que não há a mais remota das hipóteses de apresentar qualquer alternativa com pés para andar.
Neste quadro, aparece o senhor Soares aos gritos, que o rapaz é inteligente, mas não passa de um bandido, que até esteve na cimeira dos Açores, sendo o único dos participantes nela que ainda se mantém no poder e que é urgente abater.
Esquece o odioso senhor que Aznar não se recandidatou e que o PP perdeu as eleições por causa do ataque de medo que invadiu os espanhóis após o crime de Atocha, provocando, por um lado, uma reviravolta eleitoral com catastróficas consequências para o futuro e a imagem internacional da Espanha e, por outro, constituindo a maior vitória política jamais alcançada pela Alcaida. O senhor Bush também não se recandidatou. O senhor Blair foi objecto de uma “remodelação” que, há anos, estava prevista e “contratada”.
Isto é, nenhum deles deixou o poder por causa da cimeira dos Açores. Mas, para Soares, o que interessa não é a verdade: interessa o que o seu ódio visceral, anti-patriótico e anti-democrático, determina a cada passo. Soares trata como deuses os seus amigos, por exemplo Chávez, e persegue sem quartel os que não pertencem ao clube socialista.
Barroso é português? Pois que se lixe! Se não é socialista, que vá à vida!
Assim se vê o que a idade e ódio fizeram ao Dr. Soares: revelaram a grande alma de português que o anima.
Os camaradas Soares, Saramago, Sampaio e aderentes andam borrados com a candidatura de Santana Lopes à Câmara de Lisboa. Vai daí, lançam um desesperado apelo para que a esquerda se una.
Nada melhor para esclarecer quem ainda tem dúvidas sobre o acerto da escolha da dona Manuela.
Nenhum candidato do PSD poria a esquerda em pânico como o faz Santana Lopes. É que toda a gente sabe que ele foi o melhor autarca que Lisboa teve desde Abecassis, toda a gente sabe que a maioria dos lisboetas, a começar pelas classes mais pobres, se revê no seu mandato, toda a gente sabe que Santana Lopes não fez mais porque teve à perna uma destrutiva cáfila, a começar no Presidente da República e a acabar com as gentes que se acotovelavam na bancada socialista da Assembleia Municipal, passando pelo suicida Mendes, do seu próprio partido. Por isso, Santana Lopes é o único candidato do PSD que pode provocar um landslide de votos a seu favor.
Nem os mais pobres, as associações de bairro, as freguesias, esquecem as atenções de Santana, as piscinas de Santana, as ajudas de Santana, nem a classe média esquece o Túnel do Marquês ou a guerra que a inveja esquerdista e mal intencionada lhe moveu, nem os pequenos investidores esquecem as nunca vistas agilidade, transparência e seriedade dos serviços de urbanização, coisas hoje completamente perdidas.
Ninguém esquecerá tão pouco as tropelias e as trapalhices dos que se opuseram à recuperação do Parque Mayer e ao arrojado projecto Ghery, nem a situação a que foram levados pela esquerda os terrenos da Feira Popular, verdadeira vergonha para todos nós, nem a guerra contra a animação do Terreiro do Paço.
Ninguém esquecerá, outrossim, o marasmo em que, com desculpas de mau pagador, a cidade se encontra desde que foi entregue à inoperacionalidade do Costa, às histerias da dona Helena e à sanha policiesca do Fernandes, a fazer lembrar os horríveis tempos da coligação social-comunista dos senhores Sampaio e Soares filho.
Por tudo isto, e muito mais, Lisboa prepara-se alegremente para recuperar Santana. As hostes a quem Lisboa nada deve, tremebundas de terror, reúnem assinaturas para empurrar o PS para os quentes braços do PC. O pior, ou o melhor, é que o PC, lembrando-se de como foi tratado pelos seus irmãos em socialismo, hesita, diz que não, ou para aumentar o seu preço ou por achar que ganha mais no contra poder do que com tais aliados.
À medida que a água for correndo por baixo das pontes, o PC vai subir a parada, na certeza que, ou lhe dão quase tudo, ou fica como está.
De uma forma ou de outra, os alfacinhas elegerão Santana Lopes. Contra o PS, ou contra a coligação PS/PC.
Passou sem uma palavra, nos meios ditos “ocidentais”, o facto de o senhor Lula ter dito que a culpa dos males económicos que assolam a humanidade era dos homens de pele branca e olhos azuis-.
Lula tem sabido, com inesperado bom- senso, não alinhar com a canalha que se vai apoderando da América do Sul. Com isso tem ganho respeito internacional, tem conseguido arrancar o Brasil da inflação crónica, do descalabro económico e da instabilidade política.
Pena é que lhe escorregue a língua para asneiradas como esta.
Ainda mais pena é que os líderes a quem dirigiu o insulto não lhe tenham, imediatamente, respondido a preceito, a fim de prevenir outros dislates do género. Mais pena é que jornalistas e escribas em geral do nosso mundo não tenham dado à declaração a classificação de racista que merece, que os comentadores de serviço não tenham sabido explicar ao senhor Lula o que os homens do Ocidente, europeu e americano fizeram e fazem para que os países como o dele tenham acesso aos benefícios da sua civilização.
Pena é que continue a existir, e a agir entre nós esta convicção tácita e estúpida que diz que racismo contra os brancos não é racismo. Se alguém dissesse que a culpa da miséria do terceiro mundo era dos homens pretos de olhos escuros, imagine—se o escândalo. Pondo a coisa ao contrário, não há escândalo nenhum. Os homens brancos que ouviram o insulto sorriram encantados. Os opinadores não opinam. Os jornalistas não criticam.
Afinal, foi um fait divers,não foi?
Quando este tipo de fait divers nos cair em cima da cabeça se verá até que ponto o terá sido.
O excelentíssimo senhor deputado Paulo Pedroso, em tempos acusado de pedofilia, foi, como é do conhecimento geral, reabilitado, uma vez que tinha sido vítima de “erro grosseiro” do juiz que o mandou prender. Tal “erro grosseiro” permitiu accionar os mecanismos da “responsabilidade extra-contratual do Estado”, tendo sido, por essa via, atribuída ao excelentíssimo deputado uma indemnização de 130.000 euros.
Como também é do conhecimento geral tanto o conceito de “erro grosseiro” como o da “responsabilidade extra-contratual do Estado”, foram fabricados a tempo de servir os legítimos interesses de sua excelência. Muito bem.
No prosseguimento da sua defesa e, quem sabe, com o nobre objectivo de sacar mais algum, o excelentíssimo senhor resolveu processar as testemunhas que o acusaram, ou seja, as vítimas da pedofilia.
O pior é que, em inesperada inspiração, os tribunais (1ª instância e Relação) sentenciaram que “as imprecisões, contradições e inconsistências” nos depoimentos das vítimas, não significam que mentiram. Da mesma forma, segundo a Relação, são inequívocas “as perícias de personalidade que admitem a veracidade dos relatos” das testemunhas.
Ou seja: as testemunhas que a 1ª Instância e a Relação consideram, neste processo, como credíveis, não o eram, noutro processo, no que respeita ao excelentíssimo deputado. Em relação a outros acusados, as testemunhas passaram a credíveis.
Resumindo, ou a Justiça é feita à medida dos acusados, ou é uma batata. Não tem ponta por onde se lhe pegue.
Dona Helena (Roseta) acha que os problemas do primeiro ministro, ao contrário do que diz o senhor Martins, não são um "problema de inveja" mas uma questão de “ética republicana”.
À semelhança de outros luminares da moralidade, como Sampaio ou Soares, dona Helena descobre essa coisa extraordinária a que dá o nome de “ética republicana”.
Ficamos a saber que, na cabeça de certa gente, há duas éticas: a republicana e a monárquica, sendo que a primeira é boa e a segunda má. Tudo o que acontece de mal fica a dever-se à não aplicação da “ética republicana”.
Em matéria de patacoadas, estamos conversados. Luís XVI e Maria Antonieta terão sido os primeiros beneficiários da “ética republicana” em França, tal como terá acontecido em Portugal com as vítimas da I República.
A ética (normas de conduta social, sinónimo de moral), dona Helena, não tem nada de republicano ou de monárquico, a ética está, ou devia estar, acima ou para além dos sistemas e dos regimes políticos.
A ética “republicana”, dona Helena, é uma invenção de zarolhos, de ignorantes e de malandros.
O camarada Chávez, como é do conhecimento geral, juntou mais um parceiro à sua panóplia de amigos do peito. Desta vez, trata-se desse grande democrata e benemérito que se chama Amadinejá, com quem constituiu uma “Frente revolucionária Comum”.
Podemos, certamente por defeito, elabora uma lista dos amigalhaços da frente em causa, ou seja, do escol de grandes políticos que partilham objectivos, processos e ideais comuns. A saber:
O Dr. Rui Machete, mui ilustre (ex!) Presidente do Conselho Superior do BPN, foi à comissão parlamentar de inquérito. Muito bem.
E então? Então, nada.
Mais um que não sabe de nada nem nunca deu por nada.
Pode concluir-se, sem margem para erros, que todo o pessoal do BPN, mesmo ao altíssimo nível do social-democrata-presidencialista-com-tendências-socialistas-Machete, andava por lá a ver passar os eléctricos.
Grande trabalhador era o Oliveira Costa. Fazia tudo sozinho!
Dizem os médicos que “é crime” perguntar aos compradores de medicamentos se querem o que foi receitado ou o respectivo genérico.
Vá lá entender-se porquê. Se os genéricos têm a mesma composição, o mesmo efeito, as mesmas dosagens, se são mais baratos,se são garantidos pelas mesmas entidades fiscalizadoras que tratam dos medicamentos de marca, por que raio de carga de água há-de ser crime perguntar às pessoas se os querem?
Não conheço país civilizado onde isto não se passe, sem que seja crime algum, bem pelo contrário.
Os médicos nem sequer percebem que as pessoas, perante as suas acusações, pensam imediatamente que o que eles querem é proteger os laboratórios que, de uma forma ou outra, lhes pagam as receitas. Podem as pessoas não ter razão, mas o raciocínio não deixa por isso de ser lógico.
Vistas as coisas do lado das farmácias, também não estaremos perante nenhuma preocupação com o bem estar do povo. As farmácias são proprietárias de uma das mais prósperas corporações financeiras deste pobre país. Se arranjaram meios para se alçapremar a tal condição, tais meios só podem ter origem no nosso dinheiro, na nossa desgraça, na nossa doença. Um império como o da associação das farmácias não se forma sem que haja margens absolutamente injustificáveis na venda de medicamentos ao público.
Diz a tal associação que, num só dia, a recomendação de genéricos “rendeu” ao povo 14,6 mil euros e, ao Estado, 29,4 mil. A mesma associação não sabe quantas farmácias aderiram à recomendação dos genéricos. Perguntar-se-á como é possível saber quanto se gastou a menos se nem sequer se sabe quais ou quantas farmácias entraram no esquema. Detalhes que ocorrem às pessoas...
Numa altura em que tanto se fala de “regulação” algo me diz que alguém devia “regular” estas coisas. Ou então, como mandaria o respeito por direitos humanos que estão fora de moda, deixar funcionar a concorrência...
Os laboratórios, coitados, estão aflitos porque o governo, sem lhes ligar bóia, ameaça baixar os preços a uns 4.000 medicamentos. Quer dizer, os preços dos medicamentos, como a bica e o pastel de nata nos ominosos tempos do Dr. Mário Soares, são determinados pelo governo, e já estavam acima do razoável quando o governo tomou conta disto. Em ano de eleições, há que tomar medidas, não é?
Mais uma vez, a concorrência talvez fosse recomendável.
Em espectacular jogada, o senhor Herman José decidiu abandonar a SIC. Está no seu direito.
Justifica esta corajosa atitude dizendo que “a minha fotografia na SIC estava entre a casa de banho, a sanita e o caixote do lixo”.
Numa tirada de grande modéstia, o iustre cómico mais informa a sociedade civil: “gostaria de pôr a minha inteligência ao serviço de qualquer projecto, ligeiro que fosse”.
Sabido que é que a SIC é uma organização de benemerência sem fins lucrativos, é natural que o homem tenha sido corrido de um programa qualquer, quando, segundo diz, estava a ter cada vez melhores audiências, de “público jóvem” o que o fazia “completamente feliz”. Que ternura! Depois de Sua Sumidade sair, “poing”, as audiências cairam.
Nesta matéria, o Dr. Balsemão sabe o que faz. Deve ter dado ordens para acabar com o programa por o achar ordinário, sem pensar, como é óbvio, nas monumentais audiências de que gozava, nem no dinheiro que ia perder. Não é?
O problema, ao pé do qual o caso Freeport não tem importância nenhuma, é que ficámos privados de receber, sobre as nossas cabeças, a inigualável bênção com que a “inteligência” do senhor José nos brindava.
Pobres de nós!
Não teremos mais o senhor José a larilar pulinhos redondinhos, nem o cabelinho oxigenado, nem as piadas rascas, idiotas, estúpidas, nem a ordinarice barata do homem. Não mais veremos as cuecas do José. Que desgraça!
Verdade é que a “fotografia” do senhor José, se na SIC estava na casa de banho, na nossa casa já tinha ido pelo cano abaixo há muito tempo, ou seja, desde que o fulano desistiu de ter piada e se transformou em desengraçado canastrão.
O pior, para quem gosta de rir, é que o homem, em vez de fazer um acto de contrição, em vez de comparar o que é com o que foi e agir em conformidade, vem, do alto do altar onde se julga, dizer que os outros é que são tão burros que não reconhecem as suas excelsas qualidades nem a sua alta “inteligência”.
Se não é capaz de se ver ao espelho, melhor será que passe à reforma, ou que vá chatear outro.
Um pretalhão qualquer, presidente da república da Somália, foi acusado pelo tribunal da Haia de genocídio, assassínio e crimes contra a humanidade.
Como era de esperar, o homem borrifou-se na acusação e anda a convencer os seus pares muçulmanos e africanos a fazer o mesmo.
Do lado do mundo dito “civilizado” e “cristão” chegou-lhe um apoio importante: o do camarada Chávez, que reagiu à ordem de prisão do tribunal convidando o ditador somali a visitar a Venezuela.
A coisa, para o Irritado, não constitui lá grande surpresa. Os amigos do senhor Pinto de Sousa são o que são.
Sempre firme na sua sanha persecutória, cujo objecto em particular é um truta chamado Névoa e, em geral, a cidade de Lisboa, o vereador Fernandes veio apelar à destituição do tal Névoa do cargo de presidente da administração de uma empresa inter-municipal-privada que trata de lixo, lugar para que foi eleito por unanimidade.
Não sei nem me interessa saber se o senhor Névoa se enquadra no conceito do objecto social da tal firma.
Não sei nem me interessa as razões que levaram à eleição do senhor Névoa.
Não sei nem me interessa que o senhor Névoa seja ou não seja presidente da tal empresa.
O que sei e me interessa é que há um vereador da câmara de Lisboa – a minha terra - que, sendo o maior caloteiro da cidade e, de longe, o seu maior devedor, se permite, em sociedade com um mano, tomar atitudes policiais, para não dizer pidescas.
O que sei e me interessa é que a esterqueira da Feira Popular continua e que, se o senhor Névoa por lá andasse, se calhar já não era esterqueira nenhuma.
O que sei e me interessa é que o Parque Mayer está como está por obra e graça dos Fernandes, dos Sampaios e de outros da mesma origem (o socialismo).
O que sei e me interessa é que o Fernandes assina o seu apelo "moralista" na qualidade de “Vereador independente na Câmara de Lisboa eleito nas listas do BE”, quando devia assinar “Vereador dependente do Costa na Câmara de Lisboa, eleito nas listas do BE por acordo político, tendo marimbado em tal acordo em favor dos contentores à beira-rio e da segurançasinha do poleiro onde subiu, via BE”.
O Fernandes está bem para o BE, como está bem para o Costa, como está bem para o PS. Só não está bem para Lisboa.
Estou farto do Pinto de Sousa, dos procuradores, dos polícias, desta monumentalmente vergonhosa saga do Freeport, do primitivismo mental de uns e moral de outros, do poder imenso que a estupidez todos os dias ganha entre nós.
O topo do Ministério Público, em vez de estar calado, em vez de resguardar a dignidade que devia ter, anda, sequioso de notoriedade, a meter os pés pelas mãos
O Procurador Geral, em vez de fazer andar os processos, diz que a mesma coisa é branca e preta ao mesmo tempo, que há pressões e que não há pressões, que os procuradores às suas ordens são independentes, como se não o fossem sans dire, como se fossem suspeitos de o não ser, como se fosse preciso afirmá-lo para que o sejam. O que só contribui, é evidente, para que as pessoas pensem que o não são e que agem sob uma chuva de cunhas e de ameaças do governo, ou seja lá de quem for.
A dona Cândida, candidamente, parece uma pretendente a estrela de cinema, abre a janela do carro para dizer inanidades aos jornalistas, espraia-se em considerações, ou inúteis ou contraproducentes. Outra senhora, cujo nome me escapa, diz coisas ferozes, mas não se vê que faça seja o que for.
Os subordinados desta gente, enquadrados, quais serralheiros, por um sindicato(!), dizem cobras e lagartos das investigações e querem ir queixar-se das “pressões” ao Presidente da República.
O senhor Pinto de Sousa e a mesnada de inqualificáveis demagogos de que se serve, acolitada por trânsfugas da direita, baralha o jogo com fantasias e parvoíces e, ó Pátria amada, consegue desacreditar qualquer investigação, baralhar toda a gente, atrasar tudo, enredar o assunto de forma a que ele acabe em águas de bacalhau, ou com algum bode expiatório devidamente seleccionado.
O senhor Pinto de Sousa não sabe, coitado, distinguir responsabilidade política de responsabilidade administrativa ou criminal. Que o homem é um ignorante, toda a gente sabe, ou devia saber há muitos anos. Mas que se arme em parvo, que reduza o assunto a um mar de calúnias, sabendo de ciência certa que de tal se não trata, é demais.
Para o Irritado, o senhor Pinto de Sousa, se houvesse um mínimo de honestidade política neste país, já tinha voltado para a Covilhã, onde muito precisam dele para assinar uns projectos abstrusos destinados a arruinar a paisagem e o património.
Mas o Irritado está farto. Vai, a partir de hoje, considerar que o Freeport é tão só um sítio onde se compra uns fatinhos Carolina Herrera e umas camisinhas Façonable mais baratos que cá fora. E divertir-se a pensar que o senhor Pinto de Sousa não passa do fantasma de um tipo qualquer.
Há para aí vinte anos, em conversa com um amigo, alto dirigente de São Tomé e Príncipe que ainda se mantém no galarim da política local, ouvi, sem grande surpresa, defender que as ilhas, em vez de se ter tornado independentes, deveriam continuar portuguesas, ainda que com estatuto autonómico, tipo Açores e Madeira.
Como, para mim, o que distingue a Madeira e os Açores, por um lado, e São Tomé e Cabo Verde, por outro, tem carácter racista, achei que o homem tinha toda a razão. Os arquipélagos, “pretos”, se outro caminho lhes tivesse sido dado tomar, seriam hoje regiões ultra-periféricas da União Europeia, e teriam beneficiado dela, e do nosso dinheiro, como aconteceu com as ilhas “brancas”.
Em São Tomé, a loucura soviética e ignorante do MFA e quejandos, aliada ao oportunismo de um bando de pretos, comunas e maoístas (estes “formados” em Portugal), exigiu a independência, à contre-coeur da maioria da população.
O resultado deste triste episódio da descolonização exemplar é o que se conhece: miséria, bagunça, extorsão, corrupção, etc.
É claro que o meu amigo santomense, embora pensasse como pensava, jamais teria coragem para defender publicamente as suas ideias. Iria parar ao xilindró e por lá ficaria sabe-se lá quantos anos.
Vem isto a propósito do referendo que teve lugar na ilha de Mayotte, ao largo de Moçambique.
95,5% dos maiotenses votaram em inteira liberdade a favor de mudar o seu estatuto de “colectividade territorial” para “departamento ultramarino da França”.
Os maiotenses são pretos e muçulmanos sunitas. E, no entanto, vão ter que, em plena consciência, abdicar dos tribunais islâmicos, dos casamentos de crianças e da poligamia, por exemplo. A troco se segurança, cidadania e civilização.
Um caso de sabedoria popular.
Sabedoria popular que, nem a Segunda República, mergulhada no seu desgraçado imobilismo, soube criar, tendo para tal tido tempo de sobra, nem à Terceira, atascada em ideologismos e na mais grave e estúpida iliteracia política, ocorreu sequer fomentar.
Dir-se-á que estas considerações são inúteis. Talvez. Mas há coisas que devem ser lembradas, mais que não seja como confissão geracional e como lição para os mais novos.