O SOCIALISMO É A FILOSOFIA DO FRACASSO, A CRENÇA NA IGNORÂNCIA, A PREGAÇÃO DA INVEJA. SEU DEFEITO INERENTE É A DISTRIBUIÇÃO IGUALITÁRIA DA MISÉRIA.
Winston Churchill
O SOCIALISMO É A FILOSOFIA DO FRACASSO, A CRENÇA NA IGNORÂNCIA, A PREGAÇÃO DA INVEJA. SEU DEFEITO INERENTE É A DISTRIBUIÇÃO IGUALITÁRIA DA MISÉRIA.
Winston Churchill
Em informação que enviou para a imprensa, a GALP lamentou-se amargamente dos resultados obtidos no segundo trimestre deste ano. Coitadinha. O time lag (décalage entre o aumento dos preços na origem e a actualização dos preços) é o infame culpado de a GALP ter somado 24 milhões aos 14,5 que já perdera no primeiro trimestre.
Esquece-se o ilustre monopólio da refinação em Portugal de duas coisinhas, a fim de que o cidadão, que é estúpido por natureza, não dê por elas:
a)A GALP não explica se teve prejuízos de 24 e de 14 milhões, ou se tais importâncias lhe afectam os lucros.
b)A GALP não refere o quanto meteu ao bolso quando o time lag era ao contrário.
O senhor Alegre, menino fino de Aveiro, poeta jeitosinho, prosador sofrível, tonitruante saco de vento, anunciou ao orbe a sua nobre decisão de deixar a cadeirinha que ocupava há 34 anos no parlamento da nossa pobre terra. Esqueceu-se de comunicar a segunda parte da decisão, a de querer ficar mais à vontade para chatear meio mundo nas próximas presidenciais.
O caso seria um mero fait divers não fora o homem ter dado uma entrevista à prestimosa SIC, na qual anunciou à Nação:
- que o preâmbulo da Constituição é de sua autoria;
- que jamais votou a favor de qualquer revisão da dita, sendo que, na votação da primeira, nem sequer pôs os pés.
Assim, ficamos a saber que a ele ficamos a dever a frase A Assembleia Constituinte afirma a decisão do povo português… de abrir caminho para uma sociedade socialista. É evidente que tal frase vem muito bem embrulhada em vastas declarações de amor à democracia. Porém, como é sabido por toda a gente sem excepção do senhor Alegre, jamais uma sociedade socialista se fundou por vontade do povo, mas sempre contra ele, jamais uma sociedade socialista se constituiu sem sacrifício daquilo a que se chama, com propriedade, democracia, jamais sociedade socialista alguma deixou de sacrificar o que o senhor diz defender: a Liberdade.
Ficamos outrossim a saber que o senhor Alegre se recusou a votar o fim do Conselho da Revolução (a tutela militar sobre o regime), a formação do Tribunal Constitucional e tantas outras coisas que, minimamente, consolidaram o carácter democrático de um regime tutelado.
O camarada Vital, dando largas à sua comprovada “seriedade”, lança contra Jardim uma diatribe que faz jus ao estilo carroceiro do líder do partido que serve.
Começa por pôr na boca do homem o que o homem nunca disse. Depois, com base nesta mentira, “raciociona”* em catadupas sobre a ilegitimidade de propor a “ilegalização do PC”, coisa, repita-se, que o Dr. Jardim jamais defendeu.
Os constituintes terão consagrado a proibição do fascismo por se ter saído de um regime, o Estado Novo, que tinha o fascismo na sua árvore genealógica. Ou seja, o esquerdismo da Constituição, nesta matéria como em tantas outras, é uma atitude reactiva, dir-se-ia reaccionária, dos esquerdizados constituintes. Reconhecê-lo equivale a dizer que se trata de um erro desculpável. Pois é. No entanto, se é um erro, se já lá vão mais de trinta anos sobre a “desculpa”, e se é da essência do regime não proibir ideias, mas actos, então está mais que correcto que, em sede de revisão constitucional, se tire de lá o tal erro. Razão pela qual o Dr. Jardim terá carradas dela.
Não é o que pensa o Vital. O Vital pensa, ou “raciociona” que o que o Dr. Jardim quer é proibir os partidos comunistas. E como tal pensa, ou “raciociona”, passa a ser verdade. O camarada Vladimir Ilitch diria o mesmo.
A partir destas alegações, passa o Vital ao ataque: devemos a liberdade ao PC, devemos a democracia ao PC, e outras patacoadas do género. Ora é evidente – até para o Vital é evidente, porque era (ou é?) um PC ferrenho – que o PC jamais lutou pela democracia, mas pela ditadura do “proletariado”, que a democracia se implantou entre nós contra o PC e que, se não existisse o PC, cuja existência “justificava”, em larga medida, a existência da PIDE, é muito natural que a democracia cá tivesse chegado muito mais cedo. Acresce que o PC foi, pelo menos até à perestroika, uma simples agência da URSS, por quem era pago, amado, condecorado e comandado, a fim de cumprir a nobre missão de fechar a tenaz à volta da Europa democrática, através de África e… de Portugal. Conseguiu brilhantemente o seu primeiro objectivo: a África “portuguesa” foi oferecida, de mão beijada, ao império soviético. Por cá, as coisas não correram tão bem, e o PC, a contra-gosto, viu-se forçado a aceitar as regras de um regime que odeia com todas as suas forças. Diz, é claro, que acredita nele, ao mesmo tempo que vai deixando antever a verdade, como no caso da sua confesse admiração pela Coreia do Norte, por Cuba e por outros sistemas que ainda se revêem da bem amada ditadura do socialismo real.
Nada do que acima se diz quer dizer que deva ser proibido ser comunista, ou que devesse ser proibida a existência de organizações comunistas, como o PC ou o BE.
A nossa desgraça, única na Europa, é ter 20% de eleitores que ainda acreditam na panaceia marxista, ou nos seus propagandistas. Não é que seja permitida a existência de tais organizações. Arriscaria dizer que é isto o que pensa e o que quer dizer o Dr. Jardim.
Mas, para o Vital, assim não é. O que ele pretende é atingir o PSD, inventando o que necessário for para o efeito. Acusa a Dr.ª Manuela e o PSD de não se demarcar das ideias do Dr. Jardim.
Não têm que o fazer. O erro da constituição lá está, toda a gente o sabe e percebe, o que não quer dizer que se vá, já, perder tempo com isso. Em tantos erros e tantos ideologismos constitucionais, bacocos quando não puramente idiotas ou ultrapassados, por que carga de água havíamos de perder tempo com isso nesta altura do campeonato?
O que não quer dizer que o Dr. Jardim, substancialmente, não tenha razão. Quem não a tem é o Vital, nem substancial nem circunstancialmente, nem de maneira nenhuma.
21.7.09
António Borges de Carvalho
*”Raciociona” é um termo do léxico do Professor Vital Moreira. Encontra-se, aliás, e se de lá o não tiraram, documentado no diário das sessões da AR.
O jornal socialista “Diário de Notícias” continua a sua cruzada a favor do senhor Pinto de Sousa.
Num dia, o seu ilustre director publica uma despropositada quão idiota catilinária contra o Dr. Santana Lopes.
No dia seguinte, com chamada e foto de primeira página, em nada menos de quatro páginas inteiras, uma entrevista ao novo Vitalino (como é que o homem se chama?). Que diabo, o chefe mandou “lançar” o rapaz. Lógico. Ninguém o conhece e nunca fez nada de jeito.
Comovente. Nos verdes prados dos jardins do PS, ouvindo o chilrear cristalino dos passarinhos, embalado pelo marulho das fontes, o homem é várias vezes fotografado, sempre a ler o “Financial Times”, coisa que, como se deve calcular, muito impressiona a classe média em geral e os xuxas em particular.
De resto… de resto, o homem nada tem para dizer que valha uma referência, crítica que seja. Mas vale como demonstração do acerto da escolha do senhor Pinto de Sousa. O novo Vitalino, que passa a vida a ecoar os ditos do patrão quando este afirma que a Dr.ª Manuela disse exactamente o contrário daquilo que disse, o homem que há meia dúzia de dias convocou uma conferência de imprensa para chamar nomes (mentirosa incluído) à Dr.ª Manuela, declara-se, orgulhoso, seu “amigo pessoal”.
Com inimigos, já se viu, pode a senhora bem. Com amigos destes é mais difícil.
21.7.09
António Borges de Carvalho
PS. Como já há uns dias não compro o DN, não sei como têm sido as mais recentes tiradas de propaganda.
Trata-se da transcrição de uma informação, provavelmente produzida por um professor habilitado, escrita no quadro de uma sala do Liceu Camões, em Lisboa, antes de um exame, e fotografada por um jornal qualquer.
Note-se alguns detalhes, que podem não ser importantes mas que falam alto sobre o estado das coisas.
a)Mudou-se o nome de “Liceu” para “Escola Secundária”, tendo o cuidado de lá deixar a preposição. Um erro tradicional que, já agora, podia ter sido emendado. Trata-se, como é evidente, de uma alteração completamente inútil, uma vez que “liceu” já era escola secundária desde os tempos do saudoso Manuel da Silva Passos. Não faz mal a ninguém, dir-se-á. Com certeza. E faz bem ao tipo que concebeu a coisa para mostrar serviço. Aprovado.
b)O exame não é a prova de matemática do ano tal do curso tal, mas sim a prova de matemática “Código 635 2ª Fase”, a fazer lembrar um livreco do grande intelectual socialista que dá pelo nome de José Rodrigues do Santos. Se tal fosse, era de aceitar. Mas não é. Calcule-se a estupefacção do papá quando o menino lhe disser que vai fazer exame de código 635 2ª fase. Será a prova prática do exame de condução? Mas tu não tens idade para tirar a carta, filho! Onde é que andas metido? É evidente que código 635 2ª fase quererá dizer o que quiser, informando acerca de tudo menos do que, afinal, se trata. Mais um triunfo dos intelectuais da “educação”, para “justificar” o ordenadinho.
c)O tempo para a feitura da prova é uma maravilha. Note-se, antes de mais, o critério do/da professor/a que escreveu o aviso, ou de quem lhe deu instruções para o escrever. As horas têm direito a um agá, mais nada. No início, os minutos nem a um eme têm direito. Na segunda, não há horas, só minutos, desta vez com direito ao nome por extenso. A seguir ao primeiro Final lá encontramos as horas com um pobre agá e os minutos sem nada, coitadinhos. Na linha seguinte, os minutos têm de novo honras de extenso. A fechar este bouquet, lá vem mais uma novidade – as horas com o seu agázinho e os minutos completamente ausentes, ao contrário do que sucedia no princípio da coisa. Repare-se ainda no extremoso cuidado com que o docente produtor do aviso trata os alunos: prevendo que estes não saibam que cento e cinquenta minutos são duas horas e meia, a pessoa esclarece: nove horas mais cento e cinquenta minutos igual a onze e meia. Uma ternura.
d)Last but not least, numa prova de duas horas e meia, a tolerância é de meia hora. 20% do tempo! Notável amor pelos alunos, que ficam a saber que o exame, sendo de duas horas e meia, pode ser feito em três horas. A tolerância não é para assinar as folhas e guardar o material, é para fazer o exame, tal como no resto do tempo. É de pôr a dúvida metafísica: o exame é de duas horas e meia ou de três horas? A resposta é do tipo das do Marcelo Rebelo de Sousa sobre o aborto: é evidente que o exame é de duas horas e meia, podendo ser de três, isto é, quem levar três horas é como se levasse duas e meia, o que, como é evidente, não quer dizer que o exame é de três horas, mas sim que, em certas circunstâncias, duas horas e meia, não sendo, como é óbvio, iguais a três, se tornam iguais três, ou seja, não sendo três, são três. É por isso que, como diz o aviso, há dois “finais” o das onze e meia e o do meio-dia. Ou seja, o final é final sem prejuízo de não ser o final, uma vez que o segundo final é que é o final. Isto é, há um final e outro final só que, sendo a mesma coisa, são diferentes entre si, não podendo, como é óbvio, ser iguais a si próprios.
Conta-se, com foros de verdade, que, num exame de um caloiro de direito, o professor perguntou ao aluno quem tinha sido o último Rei de Portugal.
- Salazar - respondeu o aluno.
- Salazar? Tem a certeza?
- Dom Salazar, senhor professor, Dom Salazar!
Tem graça, não tem?
Pois então vejam esta.
Num exame de português, destes inventados pelo governo do senhor Pinto de Sousa (soi disant engenheiro Sócrates), o texto era uma estrofe dos Lusíadas sobre a morte de Inês de Castro. Entre outras patacoadas, perguntava-se aos alunos que personagens históricas eram referidas em tais versos. Eram elas o Rei Dom Afonso IV, o Infante Dom Pedro e Dona Inês de Castro.
Pois bem, os “vigilantes” do ministério, isto é, os tipos da comissão encarregada de dizer aos professores - que pelos vistos, nada sabem - o que são respostas certas e o que são respostas erradas, do alto da sua alta competência estabeleceram que, se o aluno, em vez de Dom Pedro IV, respondesse Dom Manuel II (sic!), a resposta estava certa, uma vez que se tratava, também, de um Rei (sic!).
O Irritado, ciente da abertura intelectual e democrática que esta decisão científica representa, sugere que, de entre uma infinidade de respostas certas, o aluno poderia, com direito a subir a nota, responder: Herodes (também era Rei), o Príncipe Valente (das histórias aos quadradinhos, mas príncipe) e a Maria da Fonte (que não era galega mas podia ser).
O aluno daria, assim, uma imagem clara de universalismo cultural, com um saber bíblico, um toque de modernidade e um inegável saber histórico.
Concluindo:
Como vivemos em democracia e não tenho instintos policiais, não direi que o primeiro-ministro, a ministra da educação, os respectivos secretários de estado e todos os intelectuais do ministério devessem ser presos. Mas, se fossem todos mandados fazer serviço cívico, de borla, por exemplo a carregar baldes de cimento nas obras públicas, não se perdia nada, antes pelo contrário.
No passado Domingo, o jornal privado chamado “Público” trazia, ocupando 4/6 da primeira página, uma bonecada estilo retro em que, sobre duas criancinhas a estudar, se inclinavam docemente os respectivos pais.
Só que o pai era um homem e a mãe outro homem, ou vice-versa, como queiram.
O que é isto? - pensou o Irritado.
A coisa tinha a ver com propaganda a uma “reportagem” que o dito jornal inseria na sua revista dominical sobre a pederastia nos tempos da ditadura, defendendo a anunciada tese sobre a existência de pederastas em tais tempos. É claro que o Irritado deitou fora a revista sem a ler, numa demonstração, da mais repugnante intolerância.
Já havia pederastas na idade da pedra, julgo. Há até quem diga que o Caim matou o Abel por causa de uma discussão de alcova. Havia pederastas nos tempos da ditadura? Pois havia. Só que eram discretos, não chateavam ninguém, não andavam a vender os seus hábitos ou defeitos na praça pública, não incentivavam, nos jornais, nas paredes, nos filmes, a juventude a meter-se em tais práticas, isto é, tinham pelos outros o respeito que os outros por eles tinham, não se metiam na vida de quem não fosse da filarmónica como era suposto estes não se meter na vida deles. Muitos tinham graça, eram boas companhias, não se impunham a ninguém, nem andavam na rua a vender o seu peixe. Isto nada tinha a ver com a ditadura, que não os perseguia nem deixava de os perseguir. Ignorava-os. Tinha a ver com uma civilização que, cá como lá fora, parece ter a morte anunciada, via cruel assassínio num mar de falsos direitos e invenções bacocas. Não havia homofobia, nem tal palavra sequer existia, nem era precisa para nada.
Hoje, assim não é. Há homofóbicos e homófilos. Odeiam-se. Nem os pederastas vivem sossegados, nem os que o não são têm o direito de passar ao lado. É a diferença entre o respeito mútuo e o abuso da circunstância de cada um em relação à dos demais.
Voltando ao jornal privado chamado “Público”, passemos de Domingo para Segunda. Na primeira página, um enorme destaque a anunciar uma entrevista com um senhor, pelos vistos muito conhecido. Fui ler o que a chamada dizia. Tratava-se nem mais nem menos de um dos maiores pederastas do mundo, um fulano com larga influência nas camadas mais jovens e na global bem-pensância. A entrevista ocupava duas ou três páginas do jornal, de alto a baixo, a cinco colunas. Notável.
O Irritado é um liberal. Tem tendência para aceitar tudo, desde que não o macem nem o impeçam de passar ao lado do que não lhe interessa. Mesmo assim é para ele um mistério que um jornal que se pretende de “referência” ande, tão evidente e propositadamente, a fazer propaganda da pederastia e afins. Quem fez a encomenda? Quem pagou? Quem está por trás da coisa? Com que interesse? Será o senhor Pinto de Sousa quem está a puxar os cordelinhos, na preparação do ambiente para as brilhantes iniciativas legislativas que anunciou?
Todas as perguntas são possíveis, sem que nenhuma possa ter a ver com o interesse público, com a “informação”, com o jornalismo ou com um mínimo de decência.
É assim. Cá se fazem cá se pagam, diz o povo ignaro. O crime compensa, ninguém diz, mas é verdade. O Costa deu a Casa dos Bicos, que é nossa, ao Saramago, um emigrante comunista, meio espanhol.
Saramago achou que a casita não tinha as comodidades que os seus preciosos bens e a sua altíssima pessoa mereciam.
Vai daí, o Costa pede um empréstimo de 130 milhões, parte do qual se destina às adaptações necessárias à digna instalação do Saramago e da espanhola, mandatária e “presidenta” de uma fundação que, em vez de custar dinheiro ao fundador – como a Gulbenkian ou a Champalimaud – nos custa a nós.
Por outro lado, a fim de financiar um documentário sobre os interessantíssimos amores de Saramago e da espanhola, o município de Lisboa disponibilizou, do dinheiro dos nossos impostos, taxas, licenças, contribuições, multas, coimas, contra-ordenações, etc., uns modestos trinta mil euros.
A fim de acertar as contas, Saramago declara o seu augusto apoio à candidatura do Costa à CML.
É o que se chama tráfico de influências.
CASTELHANICES
Não sei se já deram pela enorme propaganda que, por todos os lados, se propõe convencer os jovens portugueses a aprender “espanhol”, isto é, castelhano, que espanhóis há vários.
Ora, como diz a fábula, o Senhor Dom Afonso Henriques, quando se livrou de Castela, pediu aos académicos do reino que inventassem uma língua tal que os respectivos falantes percebessem o castelhano, sem que os castelhanos os compreendessem a eles. Non e vero ma e bene trovato, uma vez que, em matéria de resultados, corresponde à verdade que a História regista e a prática prova.
No meu tempo, aprendia-se a falar castelhano com as espanholas. Agora, que a imigração espanhola já é mais fina mas, a coisa não será muito diferente. Só não arranha portunhol quem não quer.
Pergunte-se então qual o objectivo de quem anda a empurrar a juventude para perder tempo e dinheiro a aprender uma língua que, de borla, já entende, lê sem dificuldade e, com quinze dias em Badajoz, passa a falar correntemente.
Diz-me cá o mindinho que se trata de politiquice, e de politiquice bem paga. Não foram os castelhanos, durante séculos, eméritos compradores dos portugueses que estavam à venda?
CONSTÂNCIO AO ATAQUE
A primeira vez que vi Constâncio foi no pavilhão dos desportos, no comício contra a “unicidade” sindical que o PC queria impor. Jovem católico progressista, como me disseram na altura, proveniente, como tantos outros, dos think tanks do marcelismo.
Depois, o homem foi tudo, até líder dessa coisa pavorosa que se chama PS. Acabou no Banco de Portugal, principescamente pago, rodeado de fama de competência e honestidade.
Quando o partido dele voltou ao poder, herdou um défice público de 3%.Como queria aumentar os impostos tendo prometido o contrário, Constâncio tratou de satisfazer uma encomenda do senhor Pinto de Sousa, encomenda essa que se consubstanciou na fabricação de um défice de 6,82%, coisa que não existia nem jamais tinha existido nos anos mais próximos (cf. dados no Site do Eurostat). Com base nessa monstruosa aldrabice, o senhor Pinto de Sousa aumentou caninamente os impostos, engordou paulatinamente a despesa pública e gaba-se, hoje, da sua grande obra: ter baixado o défice. Esta mentira, quotidianamente repetida, é já uma verdade, ou seja, o rei vai nu mas pouco há quem dê por isso.
Apanhado na mais monumental história de incompetência, de alheamento das suas responsabilidades, de propositada cegueira em relação a coisas que não havia quem não visse nem soubesse, o Constâncio vem agora rever-se no relatório aldrabado da Sanfona do PS, que obedeceu servilmente à sanfona do PS, dizendo que andam a persegui-lo em vez de perseguir os culpados de diversos crimes. Então, se há criminosos e se os actos por eles praticados estavam sob sua alçada e vigilância, ou o Constâncio falhou, ou é tão criminoso quanto eles. Mas, a coberto da Sanfona e da sanfona, Constâncio quer passar entre os pingos de chuva. E acaba por passar mesmo, uma vez que a mentira e a lata são hoje os mais brilhantes frutos e eficazes instrumentos da moral republicana. Ninguém do PS pode ser acusado de faltar aos preceitos de tal moral.
Amor com amor se paga, diz o povo. O relatório da Sanfona, aprovado pela sanfona, foi a paga dessoutro relatório com que, a pedido do PS, Constâncio aldrabou a Nação e deu a Pinto de Sousa a oportunidade de se pôr, calmo e orgulhoso, a aumentar os impostos e a gastar dinheiro.
CHORA CHORA, Ó CHORA
O Chora é um ilustre membro do comité central do partido comunista conhecido por BE. Muito bem. Mas o Chora parece que é um tipo inteligente e civilizado. Ainda não percebeu que, tendo sido suficientemente livre para deixar o PC, acabou por se meter noutra organização, a qual, sendo cosmeticamente diferente, lê pela mesma cartilha e cultiva os mesmos sentimentos”.
Depois daquelas cenas da Auto-Europa em que o PC tudo fez para o lixar (e, se calhar, lixou mesmo), o Chora achou que o tipo dos cornos se tinha portado bem com ele ou o tinha ajudado. Ou então que, simplesmente, simpatizava com o fulano. Por isso, normal e inocentemente, o Chora foi almoçar com o homem.
Mal sonhava o que toda a gente devia saber: o BE caiu-lhe em cima, com todo o arsenal condenatório da paradoxalmente eclesiástica figura do Louça. O homem ficou fulo e desatou aos pontapés ao pobre do Chora. A moderna Inquisição no seu melhor.
Em resumo: o Chora, como é um bem-intencionado, acha que a esquerda em geral e o BE em particular estão muito preocupados com o destino da Auto Europa e dos que lá trabalham. Não estão. A sua preocupação mede-se em poder, um poder que se conquista sobre a terra que queimaram e a rua que dominaram, não nas eleições gerais, coisa que a burguesia inventou para perpetuar a dominação, o capitalismo e o imperialismo.
Meu caro Chora
Quando perceberes estas tão simples verdades e te livrares da gente ignóbil com quem andas metido, gente que explora em proveito próprio os teus sucessos e te deitará ao lixo logo que lhe convenha, passarás a ser um sindicalista muito mais útil aos teus colegas, à economia e à sociedade.
PLURALISMO
Para fechar estas notas com chave de ouro, olhemos, embevecidos, o “Expresso” deste radioso sábado:
Pág. 1 – A cores, o ministro do trabalho, o barbuchas da saúde e dois patrões;
Contra-capa – A cores, Costa e Carlos do Carmo, novos sócios. Como por acaso, atrás deles, pode ler-se na parede, garrafal: Santana acabou-se a mama;
Pág. 3 – a cores, Pinto de Sousa, com artigo “jornalístico”;
Pág. 4 – a cores, enormes, Manuel Alegre e Pinto de Sousa, mai-lo mentecapto artigo daquele;
Pág. 8 – A cores, a Sanfona e o maestro da sanfona + outra vez Sanfona + Constâncio + Teixeira dos Santos;
Pág. 14 – A cores, Pinto de Sousa + Alegre:
Pág. 20 – A cores, em grande, ministra da saúde.
Noutra página qualquer - Um artigo, com fotografia e tudo, do senhor Perestrelo, do PS, pois então!
Ah! Já me esquecia: página dos “altos e baixos”, nos “baixos”, foto de passe da Dona Manuela.
Entre o riso e o nojo, olho a página 4 do jornal socialista “Diário de Notícias” de 4 de Julho.
Fotografia a cores, quase meia página, duas senhoras riem agarradas uma à outra. Não se pode concluir se tal riso é alvar por ser de plástico ou por razões mais profundas. As senhoras são anafadas, cinquentonas, oxigenadas e feias.
Não sei porquê, fazem lembrar os dois velhotes do Muppet Show que “partiam a moca” do povo com os seus raciocínios idiotas e que, por cá, eram conhecidos pelo simpático apelido de “marretas”.
Para além de provocar estas injustas reminiscências, as mulheres em causa são, em figura humana, a “moral republicana” do PS, coisa que de moral tem nada e de republicana tem tudo.
A mais conhecida, sobretudo por ter chegado a vias de facto com o seu colega Reino por causa de uma questão de águas (há quem assegure que, para a próxima, é à sacholada) e por ser senhora de instintos policiais e persecutórios mascarados de “ética”, é perita em dislates e asneiradas, acha que o tempo do MRPP ainda não passou e, para se tornar notada, é capaz de um ror de coisas.
Não conheço a outra de parte nenhuma, nem sei se, lá em casa, é coisa que se veja. Dizem que foi ministra mas, se foi, não me lembro de quê nem como
As Marretas foram apanhadas no meio da tempestade que a falta de moral (ou a moral republicana) ditou ao senhor Pinto de Sousa. Completamente esmerdificado (passe o mal cheiroso neologismo) com as investidas da dona Manuela, o homem anda atrás dela que nem um taradinho: atrasa o CAV (dito TGV), recua no aeroporto, acha que já não tem poder para decidir… e, last but not least,proíbe a Sanfona e quejandos de ser candidatos a autarcas e a deputados ao mesmo tempo. Isto, uma semana depois de ter achado lindo que as Marretas fossem candidatas a tudo o que lhes apetecesse.
Vão ver, o fulano vai fazer mais uma data de coisas do género, com medo de esticar o pernil nas legislativas, o que a Pátria anseia e a Justiça impõe.
As prejudicadas pela descriminação de que são vítimas, com a Sanfona à cabeça por não lhe terem pago como deviam o servicinho do “relatório Constâncio”, já se manifestaram abundantemente.
Como é lógico, as Marretas andavam muito caladinhas. Eis senão quando, de tonitruantes alturas, ribomba o Alegre: ou vão para Bruxelas ou ficam na piolheira, ou não são gente não são nada.
E lá foram as Marretas obrigadas a vir a terreiro como os dois velhotes da farsa britânica, dizer que nem pensar. Convenhamos que têm toda a razão. Então, se têm o cadeirão à espera em Bruxelas, se fazem ao partido o frete de se candidatar em concelhos onde o PS vai levar uma tunda, com que direito vem o Alegre dizer que acha muito bem vê-las acabar em vereadoras sem pelouro! Nem pensar!
As Marretas estão ao serviço da Pátria, as Marretas não vão embora de coisa nenhuma. Ouviste, ó Alegre? Que moral tens tu, disseram elas, para nos dar lições? Olha o gajo hem! Queres festa! Vai ao Lux!
Sejamos sérios e solenes.
De um ponto de vista de Estado, ou de interesse nacional, o importante não é que haja quem se candidate ou deixe de se candidatar a um, dois, ou vinte lugares. O importante é ver o senhor Pinto de Sousa completamente esburacado, no estertor da sua patética agonia, a dar pulinhos à esquerda e à direita, saltinhos para baixo e para cima, a pôr ministros na rua por causa de uns dedos – pelo critério das bojardas parlamentares, já devia, ele mesmo, ter ido há anos para casa – a pôr o CAV no frigorífico, a engolir a nacionalização do BPN, etc.
Isto sim (a agonia do Pinto de Sousa) é notícia, e das boas. No estado em que estamos, é mesmo a melhor de todas.
Os socialistas da CML decidiram pedir um empréstimo destinado à chamada reabilitação urbana. Ninguém duvida da nobreza do objectivo, sobretudo quando é para fazer obras à pressa em vésperas das eleições.
Os tipos do PSD chumbaram o empréstimo, julgo que para obviar à propaganda do Costa. Não sei se fizeram bem, se fizeram mal. É que o Costa, com alma de carroceiro, não hesita em pintar as paredes de encarnado com enormes letras a dizer que, se não há mais obras, a culpa é do PSD. Este fica entalado, por ter cão ou por não ter.
Outra interessante nota desta votação do PSD é o facto, aliás habitual, da Presidente da Assembleia ter votado contra o seu próprio partido. Fruto requentado do total quão suicida desnorte em que o senhor Marques Mendes mergulhou o PSD, esta senhora faz gala em mostrar-se à custa, parece, seja do que for.
Note-se ainda que parte do dinheirinho que o Costa queria pedir emprestado se destinava à “recuperação” da Casa dos Bicos, preciosidade nacional que a Câmara socialista entregou à Fundação Saramago. A presidente desta coisa, que se proclama “presidenta”, uma castelhana ou equivalente perita em pontapés na gramática, com relações privilegiadas com o “fundador”, por certo ficará muito agradecida ao socialismo. São as “fundações” à portuguesa. Coisas especializadas em sacar dinheiro ao Estado. Olhem a “fundação” Mário Soares, que até traz de renda o gabinete do fundador, a fim de que o fundador possa ser pago para se sentar no seu próprio gabinete.
Resumindo: o bolchevista Saramago fundou uma fundação privada, sabe-se lá para quê, e sacou a Casa dos Bicos (património nacional) para uso de tal organização. Não contente com isso, apesar dos milhões que, em 96, 97 e 98, o Estado (nós) gastou em obras de reabilitação da tal casa, acha que ela, mesmo concedida sem despesas (para ele), não está suficientemente digna da sua excelsa pessoa, e conclui que temos que ser nós a pagar as suas comodidades e exigências.
A insaciável ganância do homem só é suplantada, em falta de sentido cívico, pela trafulhice camarária do Costa, que se propõe endividar o município, mais do que os seus predecessores do PS já tinham feito, para oferecer ao senhor Saramago as “devidas” instalações. Moral republicana associada a moral bolchevista?
Se isto não é um escândalo, não sei o que é um escândalo.
No dia 23 do mês passado, o Irritado informou a humanidade que a celebérrima comissão de inquérito ao BPN - a montanha - ia parir um rato – o relatório final - feito por uma tal Sanfona (Sónia Sanfona, xiça! - SS!), obscura deputada do PS, a qual já tinha dito aos jornais que nada escreveria que pudesse tocar a fímbria das vestes do partido.
De tal maneira cumpriu o prometido que não só não incomodou o partido como fez o Dr. Constâncio sair do inquérito como o herói que, coitadinho, foi enganado por uns biltres em que acreditava, mas que não mereciam a sua superior confiança.
A sanfona do PS manteve-se afinada pela mão da Sanfona.
Tenho pena da rapariguinha. É que, logo a seguir a tão alta demonstração de fidelidade partidária, o senhor Pinto de Sousa, infiel, mentiroso e mal-agradecido, tratou de impedir a pobre da pequena de se candidatar simultaneamente à câmara não sei donde e ao parlamento. De um momento para o outro, a Sanfona, tão orgulhosa que estava com a sua vertiginosa ascensão política, relatora de uma coisa importante, candidata a deputada em posição elegível e candidata à câmara não sei donde, vê-se na tristonha contingência de a) não vir para Lisboa, b) levar com o chuço dos eleitores não sei donde e c) nem sequer poder pedir guarida a outro partido, já que estão todos contra ela por causa do relatório.
No que a este diz respeito, como é evidente, o Irritado tinha carradas de razão. Da outra parte não estava à espera. É que, mesmo tendo do senhor Pinto de Sousa a opinião que tem, o Irritado não o imaginava um traste de tão cósmicas dimensões.
- O gajo tinha prometido um lugarzinho na capoeira de Lisboa, com ar condicionado e tudo, se não conseguíssemos ficar a mandar nisto por aqui!
- Pois é, filha, mas o que queres, o gajo é um aldrabão, toda a gente sabe que o gajo é um aldrabão… créééé…
- Tens toda a razão, não há quem não saiba… mas, enfim, enquanto nos protegia, era diferente, sempre se ia fazendo justiça… Xiça, já me viste a voltar ao trabalho, ter que andar para aí a esgravatar como uma pindérica qualquer, enquanto aquelas duas peruas, cheias de vento, vão em vilegiatura para terras onde os galinheiros são de alta tecnologia... nós a debicar pedrinhas no campo e elas cheias de milho de priemeira. não há direito!
- Pois, e cheias de bago… classe executiva para lá e para cá… peruas! E a nós? O sacripanta nem a Lisboa nos leva! Ficamos na parvónia, raio!
- O que me irrita são as duas peruas, umas vacas, feias que nem a morte, a rebolar-se nos cadeirões… o que é que essas tipas são mais do que nós?
- Ai, filha, estou cheia de contracções no útero!
- É ovo?
- Qual ovo qual carapuça! É esse badameco desse trafulha que me põe doida.
- Galarote do raio! E se nós nos fôssemos oferecer ao outro, o que ele tirou do poleiro aqui há tempos?
- É capaz de ser boa ideia. Esse, ao menos, trata as fêmeas como deve ser.
- Não há uma que se queixe! Olaré, um galo é um galo, um gato é um bicho.
- Essa é que é essa!
- O que me chateia mais são as duas pavoas! Ainda por cima, andam para aí a dizer que assim é que é, e que o gajo tem razão!
- Umas gordas, umas pedreses, umas cegonhas, elas no laréu e nós a ter que ganhar a vida, bolas!
- Cróóóóó… cácárácá… Estava a pensar… não digo!
- Crééééé... Eu também acho, estou de acordo, vamos a elas, querem peixeirada, grandes mulas, vão tê-la! E o maricas do galaró não perde pela demora!
Ontem à noite, o ilustre camarada Louça brindou-nos com mais um arquiepiscopal discurso, generosamente oferecido ao povo pelos senhores Crespo e Teixeira.
Entre outras maravilhas da ciência de fazer omeletas sem ovos, coisa em que é perito, o líder comunista descobriu a maneira de “reabilitar” (é o que está a dar) os edifícios miserabilizados por 99 anos de república – já lá vão três repúblicas e a coisa está cada vez pior - e quase outros tantos de controlo estatal das rendas. Comovente foi a preocupação do rapaz, se calhar por etérea inspiração do Trotezequi, com a vida e os rendimentos dos senhorios.
Vejamos: partindo do princípio de que há milhares de senhorios que não têm dinheiro para fazer obras, o grande filósofo Louça propõe que o Estado pague as obras e que fique a receber as rendas até se ressarcir do que adiantou.
O brilhantismo do louçónico raciocínio ofusca qualquer outro pensamento a respeito da questão. O problema é que os estúpidos como eu ficam-se por perguntas cretinas:
- Porque é que os tais senhorios não têm dinheiro para fazer obras?
- Não será o secular e tão republicano como anti-social congelamento das rendas que não lhes garante o rendimento para tal?
- Quer o ilustre extremista da nossa burguesia bem-pensante responder-nos se, na sua abalizada opinião, os senhorios que têm dinheiro proveniente do seu trabalho não têm direito ao pagamento das obras pelo Estado e devem trabalhar para, em vez de dar bem-estar à família o dar aos inquilinos?
- E os tais que “beneficiarem” do apoio do Louça, vão ver as rendas aumentadas para pagar ao Estado, quando o Estado sempre se recusou a aumentá-las para eles, ou os “autoriza”, após requintados sadismos burocráticos e fiscais, fazer os aumentos em dez anos, a 50 euros por ano?
- Ou as rendas ficam na mesma e o valor das obras será pago ao Estado pelos tetranetos dos actuais senhorios?
- Se as rendas entrarem no esquema psicótico dos anormais do PS, o dinheiro que, na opinião de Sua Excelência, o Estado vai "adiantar" para as obras não é apenas uma gota de água no oceano do dinheiro que o Estado deve às pessoas após noventa e tal anos de esbulho republicano?
- Então as pessoas que foram roubadas pelo Estado, que viram os seus bem inviabilizados, arruinados e destruídos pelo Estado, em vez de receber o que o Estado lhes roubou, pelo menos uma parte disso, ainda vão ter que o pagar ao Estado?
O que uma mente como a do Louça é capaz de conceber está para além da compreensão de qualquer inteligência minimamente normal. O homem deve achar-se um génio. Mas não o é. Acham que é doido? Também não é. O homem é colectivista, estatista, socialista, revolucionário, comunista. As suas propostas não vêm das meninges, vêm da cartilha. O homem vê na degradação urbana uma forma que a “história” lhe oferece para colectivizar a habitação, para dar uma machadada na propriedade privada, para aumentar as garras do Estado a fim de, no luminoso amanhecer de algum “amanhã que canta” ele, dono de todo o poder, declarar a habitação como um direito “de todos”, do que decorre a “justiça revolucionária” da sua “apropriação colectiva”. Quem interpretar o que o homem diz de outra maneira, ou é parvo, ou não sei o que seja.
Na mesma sessão parlamentar em que o Pinho ameaçou o Bernardino com cornadas, o Pinto de Sousa chamou “histérico”, “descontrolado” e mais não sei quê ao Portas (Paulo).
Então chamar histérico a um homem não é tão ou mais grave que, ainda por cima por meros gestos, insinuar que a sua amantíssima esposa não o respeita, ou lhe apetece marrar contra ele? E se o outro (o Silva) gosta de “malhar” nos adversários, porque não há-de o Pinho gostar de marrar? Porque há-de ficar o Silva e ir o Pinho? Porque não vai embora o Lino que, na prática, só diz asneiras, e há-de partir o Pinho, que tem um índice de asneiras muito mais modesto e só porque tem gestos tauromáquicos?
Então porque é que o Pinho foi demitido e o Pinto de Sousa ficou no poleiro? Porque é que a oposição, em bloco, acha muito bem que tenham cortado a cabeça do Pinho, que marrou, mas não exige a cabeça do Pinto de Sousa, que (mais uma vez) insultou?
O Pinho é mau ministro? Toda a gente dirá que sim. O Pinto de Sousa é mau primeiro-ministro? Toda a gente sabe que sim. Então porque é que um sai e o outro fica?
O Pinho tem rabos-de-palha? Se tem, não são do domínio público. O Pinto de Sousa tem rabos-de-palha? Tem tantos, tantos, que não cabem na carroça de ninguém. Então porque é que um não pode ser ministro e o outro pode ser primeiro-ministro?
E esqueletos no armário? Do Pinho, não se sabe. O armário do Pinto de Sousa parece a capela dos ossos. Então porque carga de água o Pinho não tem dignidade para o cargo e o Pinto de Sousa tem?
O Pinho é suspeito de alguma tramóia? Parece que não. Então porque cai o Pinho em vez de cair o Pinto de Sousa, que em tramóias é useiro e vezeiro?
O Pinho tirou um curso pirata? Sabe-se que não. Então porque não é digno de ser ministro e o outro, especialista em pirataria universitária, é digno de ser primeiro-ministro?
O Pinho está metido nalgum processo com a polícia? Não. O Pinto de Sousa está metido em dois, e dos grossos. Então, que moralidade há em deitar um fora e guardar o outro?
Então, e a oposição não vê isto? E SEPIIIRPPDAACS*? Está cego?
E não há ninguém que perceba que o Pinto de Sousa (sabe-se lá se combinado com o Pinho) imaginou esta tramóia para se dar ares de grande decisor, numa altura em que toda a gente diz que anda acobardado?
Muitas perguntas, nenhuma resposta. Moralidade, no país do mundo onde mais se fala de “ética política” e de “moral republicana”, nem vê-la.
6.7.09
António Borges de Carvalho
*Sua Excelência o Presidente da III República Portuguesa Professor Doutor Aníbal António Cavaco Silva
Diz-se, não sei porquê, que todos os diabos têm sorte.
Não darei ao senhor Pinto de Sousa a honra de lhe chamar diabo (o homem nem para pobre diabo serve), mas lá que tem sorte, tem.
Toda a gente tinha já percebido que o homem anda com o rabo entre as pernas, borradinho de miúfa, e que a “determinação”, a “coragem” e outros mitos construídos à sua volta tinham ido pelo cano abaixo por causa das “europeias”. E eis que o Pinho lhe dá, com os cornos, a oportunidade de recuperar boa fama perante a opinião pública.
Assim, talvez ele ache que a malta volta a acreditar nas suas excelsas qualidades: logo a seguir às cornadas do Pinho, sem hesitações, o homem decidiu! Fantástico, não é? O tipo andava há mais de um ano à procura de uma justificação qualquer para dar um chuto ao Pinho, e não é que o próprio lhe fornece a taurina oportunidade! Genial!
Tem sorte ou não tem? Cuidado…
5.7.09
António Borges de Carvalho
ET.Telegramas
A Sua Excelência o Presidente da República Democrática da Coreia do Norte: Pionguiangue
Caro Kim Jonguinho
Como sabes, tenho sido sempre um fiel defensor do regime do senhor teu Pai e teu. Razão porque, neste momento, recorro à tua enorme inteligência e sentimentos democráticos, para te perguntar o que devo fazer contra um tipo que me chamou cabrão.
Teu
Bernardino
*
A Sua excelência o Presidente do Grupo Parlamentar do Partido Bolchevista:
Lisboa, Portunguiangue
Meu muito querido amigo e camarada
Cá na minha terra, a democracia não se compraz com coisas dessas. Antes de mais, aqui não há oposição, só há poder. Um poder tão democrático que, como bem sabes e admiras, toda a gente o aceita. Por isso, é-me difícil dar-te um conselho. Se te deixasses de panos quentes e tratasses de, a bem ou a mal, tomar o poder, talvez fosse mais simples. Olha, por exemplo, se isso de te chamarem cabrão fosse cá no meu país, o engraçadinho a estas horas já estava a fazer tijolo. Era enforcado em público, para gáudio e temor do Povo. Vê mas é se és coerente e tratas de agarrar o poder, como fizeram tantos camaradas nossos.
Por mim, neste momento, nada mais posso fazer que mandar-te um míssil com livro de instruções, para ajudar a resolver o assunto. Queres?
Aqui há anos, estreou-se este vosso escrevinhador como deputado à Assembleia Municipal de Lisboa. À altura, vivia em Paris, de modo que, as mais das vezes, me fazia substituir nas sessões. Mais tarde, voltei a Lisboa e passei a dar mais atenção àquele nobre cargo.
Numa das primeiras sessões a que assisti, foi proposta uma “recomendação” à Câmara, manuscrita e assinada por um tal Coelho, na qual se pedia o feixo da CRIL. Para quem estranhe, esclarece-se que o homem queria dizer fecho da CRIL, entre a Buraca e a Pontinha.
Perguntei quem era o artista que tal coisa tinha escrito. O fulano era, nem mais nem menos que o importantíssimo Presidente da Concelhia de Lisboa do PS, deputado do PS à Assembleia da República e deputado Municipal do PS. É obra! Um aparatchick é um aparatchick! Um verdadeiro profissional. Segundo o que publicamente confessou, é irmão no Grande Oriente Lusitano, o que acrescenta um dado de monta à caracterização da notável personalidade.
Vim, aliás, a perceber que o homem era muito mais bacoco do que o feixo, sendo um indicador precioso, daria a entender. E nem a “educação cívica”, por certo recebida no nobre seio dos filhos da viúva, o ajudava a sair de uma mediocridade palavrosa e mesquinha.
O homem desdobrava-se em requebros de botabaixismo, perorava contra tudo, auxiliado por um tipo de cachecol vermelho, de seu nome… não me lembro.
Se a Câmara fizesse um jardim, o jardim não era preciso. Se não fizesse, o jardim era preciso. Se um vereador defendesse uma ideia, o vereador era um traidor à cidade. Se defendesse a ideia oposta, continuava traidor. O homem só se encolhia quando o orador era o Dr. Santana Lopes. Aí, borrava-se de medo de ser cilindrado.
O homem é um monumento à alarvidade.
Ora é este fulano quem vem, com honras de parangonas da “TSF" e de vários sites “informativos”, tecer doutas considerações sobre essa ameaça que faz tremer os Costas, os Pintos de Sousa e os Coelhos da nossa praça: o Dr. Santana Lopes.
Este demonstrou, na televisão, um raro civismo e um respeito sem mácula pelo adversário.
O Coelho responde que Santana Lopes quer fazer obras “que alguém há-de pagar”. Ora se este demagogo de pacotilha olhasse para o espelho, talvez aplicasse, com inteira justiça, esta opinião aos seus sequazes do PS e às suas disparatadas obras públicas.
Diz a primitiva criatura que Santana Lopes deixou a CML com mais dívidas do que as recebidas de João Soares. É, evidentemente, mentira. Aliás, Santana honrou inúmeras responsabilidades financeiras que vinham do seu antecessor e, como cavalheiro que é, acha isso a coisa mais natural deste mundo.
Bolsa o triste zelote estas “bocas financeiras”, parecendo não saber, por exemplo, que foi o pidesco Fernandes, sócio do camarada Costa, quem, só por si, arranjou à CML inimagináveis e nunca vistos buracos.
Ignora(?) o insuportável saloio que foi o mesmo Fernandes quem provocou o miserável pardieiro que é hoje o terreno da feira popular.
Desconhece(?) o patético tartufo quem desviou os dinheiros do casino, deixando o Parque Mayer no estado em que se encontra, quem fez tudo para evitar que um projecto magnífico fosse por diante. Tudo gente do PS, a começar em Sampaio, a acabar no misérrimo Coelho.
Em extraordinária demonstração de democraticidade republicana, socialista, laica e maçónica, o burlesco analfabeto opina que “o Dr. Santana Lopes se devia abster de criticar os socialistas". No comments. É demasiado socretino para os merecer.
O crasso zero afirma que é contra a facilitação da entrada de carros na cidade, mas (já) não está contra o Túnel do Marquês, o qual, diz o parvalhão, foi construído… pelo Carmona Rodrigues!!!
É este, meus amigos, o nível de gente com que o país e a cidade se debatem. É esta a qualidade moral e humana dos socialistas que temos.
O novo Vitalino, um rapazola ainda mais bronco que o antecessor, veio a lume acusar dona Manuela de faltar à verdade. A senhora terá dito que uma decisão do governo Barroso sobre a PT não era de sua responsabilidade política, o que é rigorosamente verdade, tenha ela, ou não, negociado ou subscrito a papelada. O novo Vitalino (como se chama o tipo?), pertencendo ao governo mais aldrabão da nossa história – olhem as patacoadas do primeiro-ministro na semana passada, com várias mentiras comprovadíssimas e contraditórias em dois dias seguidos – tem o ordinaríssimo topete de, certamente por ordem do senhor Pinto de Sousa, chamar mentirosa à senhora!
É com o maior júbilo que o Irritado vê que o novo Vitalino é burro como um comboio da CP, confunde, num orgasmo de mentira, uma resolução do conselho de ministros do governo Guterres com o seguimento que lhe foi dado pelo governo seguinte, e é tão desonesto que se serve da sua miserável ignorância para acusar terceiros de inverdades, coisa em que ele e o senhor Pinto de Sousa são crónicos, relapsos e contumazes especialistas.
O que vale é que tudo indica que o tiro lhe vai sair pela culatra.