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irritado (blog de António Borges de Carvalho).

O SOCIALISMO É A FILOSOFIA DO FRACASSO, A CRENÇA NA IGNORÂNCIA, A PREGAÇÃO DA INVEJA. SEU DEFEITO INERENTE É A DISTRIBUIÇÃO IGUALITÁRIA DA MISÉRIA. Winston Churchill

irritado (blog de António Borges de Carvalho).

O SOCIALISMO É A FILOSOFIA DO FRACASSO, A CRENÇA NA IGNORÂNCIA, A PREGAÇÃO DA INVEJA. SEU DEFEITO INERENTE É A DISTRIBUIÇÃO IGUALITÁRIA DA MISÉRIA. Winston Churchill

UMA DESGRAÇA NUNCA VEM SÓ

 

O IRRITADO absteve-se de, a seu tempo, comentar o novo governo do senhor Pinto de Sousa. Desprezá-lo-ia silenciosamente, não fora uma outra “infelizmência” se ter vindo juntar a esta.
Este governo não passa de um remake do anterior, mas mais maximalista, isto é, o senhor Pinto de Sousa deixou ficar os mais duros yes men e correu com os que, ou eram completamente incompetentes (iguais ao chefe), ou não davam garantias de se abster de intervenções idiotas ou inconvenientes. Conseguiu assim, chapeau!, meter-se e aos mais duramente fiéis num bunker tão inexpugnável quanto possível. Depois, ou compôs o ramalhete com inócuos aparatchiks, ou com os chamados “especialistas”, gente que, em governos democráticos, não devia ter lugar. Reunido o material, faltava dar voz ao ideal: foi o que o senhor Pinto de Sousa fez no discurso de posse, vazia arenga inspirada nas verdades do amigo banana.
Os comentadores de serviço são, por seu lado, unânimes em achar que o governo “virou à esquerda”. O IRRITADO não sabe se virou para algum lado, o que sabe é que o senhor Pinto de Sousa e seus apaniguados assobiaram para o ar quando o Doutor Cavaco teve a ousadia de frisar que “ter palavra” é uma coisa preciosa. Ficou assim tudo dito, sabendo quem não for surdo no que a coisa vai dar.
Esta, a primeira desgraça.
A acompanhá-la temos outra talvez ainda maior: os mais visíveis barões do PSD – Machete, em representação dos velhinhos que servem para tudo, o impagável Arnaud, com mandato de Cascais, o craque Relvas Alexandre, vindo de Belém, aquele tipo das europeias de cujo nome já não me lembro, e por aí fora - apareceram a defender em uníssono a candidatura de outro de Sousa, desta vez Rebelo, não Pinto, à chefia do partido. Não aquilatarei, como há quem faça, dos motivos pessoais que levam estas variegadas personalidades a defender ideia tão objectivamente contrária aos interesses do partido e do país.
Rebelo de Sousa tem demonstrado ao longo de uma já longa vida que não é fiel a coisa nenhuma. Há quem diga que nem a si próprio. Já foi a face da direita do PSD, já foi, politicamente, liberal, agora aparece rodeado da ala esquerda, passou a social-democrata, e passará ao que muito bem lhe der na mosca quando achar que lhe convém. Rebelo de Sousa já disse quase tudo e o seu contrário, já intrigou contra este e contra aquele, conforme lhe apeteceu, já andou a reboque do Dr. Sampaio quando isso aos dois convinha, já colaborou activamente, dezenas de vezes, no descrédito do seu próprio partido, já ajudou ao seu derrube, já o ridicularizou com mergulhos no Tejo, já usou os púlpitos que lhe pagam para fazer política contra o PSD, já deu cabo de um contrato de coligação que tinha assinado há dois dias, já, já, já…
É este homem que pessoas tidas por inteligentes defendem para chefiar o PSD, para ir a eleições, para ser Primeiro-Ministro! Alegam que o outro candidato, Passos Coelho, teve um comportamento de garoto durante o consulado da dona Manuela. É verdade. Mas o que foram as garotadas do rapaz, se comparadas com os malefícios do Sousa? Uma brincadeira de inocentes criancinhas. Será que esta gente quer “oficializar”, sem mais disfarces, a “política da intriga e da conspiração, já não dentro do partido, mas no país?
Uma desgraça nunca vem só…
31.10.09
António Borges de Carvalho      

BARALHAR OS CONCEITOS

 

Aqui há dias, com incontido orgulho e indisfarçável júbilo, o jornal ultra socialista “Diário de Notícias”, a toda a largura da primeira página, anunciava que o “Casamento homossexual avança a seguir à tomada de posse do governo”. Debaixo da coisa aparece, sentado e pensativo, o senhor Pinto de Sousa, primeiro-ministro com que a ignorância e a falta de vergonha de muita gente nos brindou.
Na segunda página, em negríssimo destaque, o referido órgão oficioso do Partido Socialista acrescenta que a coisa é a primeira prioridade dos deputados do partido assim que o programa do governo passar.
Ao contrário do que tem sido aldrabófonamente anunciado, a prioridade do governo e dos seus apoiantes não é a crise em que nos meteu, nem o desemprego, nem a saúde, nem a educação, nem sequer o comboio espanhol ou a pista de Alcochete.
Não. O maior problema nacional, o mais urgente, o mais “estruturante”, é, para quem diz governar-nos, alterar a definição de um instituto que é da mesma natureza desde a mais remota antiguidade e que, apesar de muitas e notáveis civilizações terem tolerado práticas homossexuais, jamais deixou de ser exclusivamente aplicável a parcerias heterossexuais, ou seja, a casais propriamente ditos.
Os poucos socialistas que leram alguns livros - o que não é o caso do senhor Pinto de Sousa - devem, provincianamente, ter ficado extasiados com o “Satiricon”. O problema é que não perceberam nada do que leram.
Talvez por mor da sua fatal ignorância, acham que, por uma questão de “direitos humanos”, expressão que não compreendem a não ser como chavão político, os homossexuais se devam “casar”, obtendo para a sua esfera jurídica os mesmos direitos e deveres que aos casais cabem.
Como se fosse possível!
 
A homossexualidade, permanente ou temporária, passou, ao longo dos tempos modernos, de coisa mais ou menos discreta a “virtude” que se propagandeia. Os propagandistas assumem-se como uma espécie de nova classe social. Os esquerdistas integram-nos, com certeza por isso, na chamada luta de classes. Fazem patéticos e ridículos cortejos, inventam um folclore mais ou menos repugnante, e têm conseguido penetrar na vida política como se a sua circunstância fosse de louvar e não de lamentar, ainda que com a maior das tolerâncias.
Nada disto é gratuito. A “comunidade” organizada propagandeia-se para obter ganhos, alguns dos quais a sociedade civil, tolerante ou enjoada, vai concedendo. A Câmara de Lisboa, por exemplo, deu-lhes uma mansão, com obras de beneficiação e tudo, a fim de que a rapaziada se possa divertir a bom recato e possa organizar devidamente a defesa das suas reivindicações classistas. Há quem diga que a distinta CML até contribui com umas massas para a publicidade.
A coisa foi progredindo até se chegar à fase da conquista do “direito”. Como se o direito igual para todos não implicasse a diferença, ou seja, como se o direito, substancialmente igual, de todos, não implicasse o reconhecimento das diferenças da circunstância de cada um.
O Louça e seus amigos não querem, porém, que a sociedade reconheça, sem penalizar, a diferença homossexual. O Louça e seus amigos - a burguesia média/alta das cidades, ou parte dela - estão-se nas tintas para a diferença que, noutras matérias, acham fundamental reconhecer. Não querem que, a quem vive em comunhão de lar, possam ser reconhecidas as prerrogativas que, por contrato, quem assim viva possa escolher. Não. O Louça e os seus amigos querem que o que é diferente se torne igual, não por ser, de facto, igual, mas por querer abusar do conceito de igualdade, desconhecendo a diferença. Quando convém, é claro.
E é assim que os louças, os pintos de sousa, mais essa coisa paranóica que se chama Juventude Socialista, querem que a sociedade portuguesa, à imagem de outras que o fizeram com catastróficas consequências, mandem às urtigas um conceito secular e fundamental: o de “casamento”.
Nenhuma filosofia do direito subjaz a esta postura. Nenhuma tradição a justifica. Exemplo algum há, na história da civilização, que para aí aponte.
O que subjaz ao “movimento” que os louças apoiam é o mais radical oportunismo político, com o fim óbvio de pôr em causa a Justiça e o Direito como a civilização os conhece.
Da parte do PS, lastimo dizê-lo, mas a prioridade que à coisa atribui é fruto de uma estupidez tão estúpida quanto imaginar se possa.
 
29.10.09
 
António Borges de Carvalho

DAS ASAS DO DINHEIRO, OU DAS GRILHETAS DO SOCIALISMO

 

Quando o 25 de Abril aconteceu, a população em geral regozijou-se: íamos, finalmente, ser iguais aos outros. Íamos ter Liberdade e liberdades, íamos poder escolher o nosso governo, ter um sistema de justiça sem critérios políticos, etc. Resultado de tudo isto, poderíamos sair da apagada e vil tristeza em que vivíamos, isolados, pobres, emigrantes forçados, etc.
Cedo porém, como é sabido, esta ilusão foi espezinhada. A Liberdade era a das “amplas liberdades” do Cunhal, a justiça era a dos saneamentos políticos, a escolha era limitada porque o socialismo se tinha tornado obrigatório…
É certo que a deriva comunista acabaria por ser estancada, que se estabeleceu um regime de democracia liberal, que, em grande parte, não se concretizaram as pavorosas ameaças do PREC, que se assistiu a um certo esforço de justiça social, que o país tomou algum caminho de melhoria económica, que a abertura proporcionada pelo 25 de Novembro de 1975 foi benéfica para a maioria da população.
Mas o comunismo deixou horrendas sequelas e o socialismo democrático que se lhe seguiu não teve coragem para as arredar da nossa vida colectiva.
Foram, por exemplo, precisos 14 anos para se acabar com a irreversibilidade das nacionalizações, embora, de um ponto de vista formal, tal tivesse sido possível 7 anos antes. Mas o PS - o “socialismo democrático” - teimosamente, não deixou.
 
Quando hoje se fala de confiança como elemento fundamental para o progresso económico, atribui-se a falta dela a coisas como o “falhanço do capitalismo”, “os malefícios do neo-liberalismo”, e outros chavões tão idiotas como estes.
Esquece-se que a confiança acabou com o PREC e nunca mais foi recuperada. Esquece-se que quem tinha “alguma coisinha de seu” a pôs a salvo, e nunca mais a fez regressar, o que é humano e lógico. Quem pensar de outra forma está a pensar numa espécie que não existe.
Nunca mais, em Portugal, houve dinheiro. Falo, como é óbvio, de dinheiro “a sério”, aquele que é capaz de grandes investimentos, de arriscar na grande inovação e de criar grandes clusters de emprego. Desconfio que o dinheiro “a sério” que terá sido excepção, voltou sob a forma de investimento estrangeiro, de forma a poder, com toda a legitimidade e sem “chatices”, ir embora outra vez.
Entretanto, o Estado centuplicou estupidamente as formas de controlo e as peias burocráticas da ditadura, obtendo, de través, uma coisa que só é comparável ao condicionamento de Estado Novo.
O resultado é que os portugueses, cada vez mais, hesitam em investir, o dinheiro recusa-se a regressar e a situação é tal que, cúmulo dos cúmulos, o investimento estrangeiro só se arrisca a vir até cá mediante uma diversificada gama de privilégios, em violenta entorse da concorrência que se proclama proteger. Dir-se-á, com razão, que também há portugueses a beneficiar dos privilégios do Estado. Seria interessante esmiuçar até que ponto, para além dos visíveis titulares ou testas de ferro, tais portugueses são portugueses, ou seja, até que ponto é português o dinheiro que, dizem, aplicarão em Portugal, se é que aplicam algum para além do que gastam em papéis e em favores.
A Lei é tão complicada que parece ter sido feita para não ser aplicada, ou para ser ultrapassada. Assim, quem souber “mexer-se”, passa ao lado, ou por cima dela. Assim se fomenta a corrupção, coisa tão virulentamente condenada e tão claramente incentivada pelos “condicionamentos” que o “socialismo democrático” criou.
Trata-se, no fundo, de características fulcrais do terceiro mundo: onde a Lei não serve, legisla-se por despacho. O despacho é o supra-sumo do discricionário, o contrário do "estado de direito".
* 
Vem isto a propósito de uma interessante notícia há dias publicitada na imprensa: na primeira metade de 2009, saíram de Portugal, em plena legalidade, nada menos de nove mil milhões de euros. O que quer dizer que, enquanto Portugal for “criando” algum dinheiro, ele continuará a ir-se embora. Por causa da “crise internacional”? Não brinquemos com coisas sérias, como faz o governo. Se a crise está por toda a parte, que interessa pôr o dinheiro noutro lado? O dinheiro não sai porque lá fora não há crise, sai porque os portugueses não têm confiança em Portugal. Sai, porque é mais fácil e mais barato investi-lo além fronteiras do que sujeitá-lo às tropelias do socialismo doméstico. Sai, porque ninguém gosta de pagar impostos sobre impostos sobre impostos. Sai, porque só quem não andou a bater a quarenta portas fechadas para fazer uma coisinha de chacha é que se arrisca a tentar abri-las. Sai, muitas vezes, porque as pessoas não estão para andar de carteira em punho à procura de quem “resolve” os assuntos. E sai, finalmente, porque os homens são homens, tendem a proteger o que é seu e têm toda a legitimidade moral e legal para o fazer.      
 
Como se sai disto? Não sei. Sei que, com esta gente, não vamos lá.
 
29.10.09
 
António Borges de Carvalho

SALOIOS NO PODER E NA IMPRENSA

 

De um modo geral, a Europa civilizada (França e Alemanha, por exemplo) prepara-se para uma nova geração de centrais nucleares, certa de que as energias renováveis, à excepção da hídrica, têm ainda um longo caminho a percorrer até que se possa obter delas, a preços sustentáveis e em quantidades úteis, a energia necessária para preencher as necessidades do mundo desenvolvido, de forma a vir a libertá-lo da insegurança estratégica que o petróleo representa. Isto não quer, como é óbvio, dizer que não se desenvolvam e ensaiem, com urgência, fontes energéticas de que o vento e o sol, meninas dos olhos do senhor Pinto de Sousa, são meros exemplos.
As economias emergentes, a Índia e a China, para só falar das maiores, perceberam o problema e estão a entrar muito a sério na produção nuclear, aproveitando as tecnologias que, entretanto, o mundo mais avançado foi desenvolvendo. Até o Irão e a Coreia do Norte, os países mais reaccionários do mundo, tem o seu programa nuclear em curso, e não é certamente a produção de energia o que, nessa matéria, vem preocupando a humanidade.
Parece tudo isto de uma evidência tão óbvia, tão imediata, que se esperaria que, à excepção dos maluquinhos do costume, os governos equacionassem a construção de centrais nucleares. Em Portugal, como sempre à atrasada revelia do razoável, do actual e do evidente, o primeiro-ministro que temos esclareceu, assim que tomou posse pela primeira vez, que “o nuclear não está na agenda do governo”. De acordo com esta inteligente postura, viria o dito a impulsionar, cheio do mais saloio orgulho, as florestas de moinhos de vento e os lagos de painéis que estragam a paisagem e nos esvaziam os bolsos. É sabido que o break even das eólicas e das fotovoltaicas, se alguma vez for atingido, o será à custa de preços de energia incompatíveis com o bolso das pessoas e as necessidades da economia. Mas tal não interessa ao senhor Pinto de Sousa. O que interessa é fazer uns fogachos, dizer à vilanagem que “vamos à frente” que “somos os melhores”, etc. Isto, como é evidente, perante as palminhas condescendentes e o sorriso caridoso da Europa rica: coitadinhos, cada vez se enterram mais, mas, a prazo vão servir-nos de cobaia.
O General Doutor Ramalho Eanes teve o topete de defender o nuclear numa entrevista qualquer, pelo menos em termos de “debate”, que é uma coisa que para pouco serve mas está na moda. O governo, é claro, não ligou meia ao que o Senhor disse.
Mas a porcalhota das ideias está presente em todos os jornais, e com que força! Calcule-se que o suplemento de economia do “Sol” põe o General Doutor Eanes na secção do “frio”, por se ter atrevido a falar no assunto. Diz o semanário que “Portugal é um país livre onde todos podem debater o que quiserem. Mas daí a alinhar nesta tecnologia vai um grande passo atrás. O país está no bom caminho, dando o exemplo ao mundo.”
Aqui temos como, em mentes mais fracas, penetra a estúpida e enganosa propaganda do senhor Pinto de Sousa.
Para conhecimento dos leitores, diga-se que a prosa referida é assinada por um tal Ricardo David Lopes. Um primata da escrita, a evitar a todo o preço.
Com primeiros-ministros tão provincianos como o nosso, com propagandistas tão primários como este Lopes, ainda acabamos por comer moinhos de vento com batatas, se ainda houver batatas, auto-estradas de cabidela, com o nosso sangue, e aeroportos fritos em painéis solares.
Gastar dinheiro para obter electricidade limpa e mais barata, isso nem pensar!
25.10.09
António Borges de Carvalho
 

COISAS ESTÚPIDAS II, OU DOS MALEFÍCIOS DO ALVES

 

 
Um tal Alves, republicano e laico, não sei se socialista também mas o meu mindinho adivinha-o, em nome de uma obscura congregação de seu nome, et pour cause, Associação República e Laicidade, anda para aí a exigir que o governo e os deputados europeus se oponham firmemente a uma eventual candidatura do senhor António Blair à presidência do Conselho Europeu.
Para ser franco, não sei se o senhor Blair seria uma boa escolha. Mas, se é má, não será com certeza pelas razões invocadas pelo Alves. É que o fulano opõe-se a Blair porque este diz a quem o queira ouvir que é católico apostólico romano e que tem da religião a ideia de elemento estruturante da sociedade, ou coisa que o valha. Pior, o senhor Blair afirma-o sem qualquer rebuço e onde muito bem lhe apetece.
 
Temos assim, digno de alguma xoça da carbonária, um bando de republicanos do 5 de Outubro après la lettre. Deve estar na moda, já que nos preparamos para comemorar com honras nacionais tal e tão desgraçada data. Para o Alves e apaniguados, na senda heróica do “pensamento” do camarada Saramago, um tipo que queira, ou melhor, que mereça ser político, terá obrigatoriamente de apresentar um atestado de ateísmo, de laicidade e de republicanismo (o socialismo virá depois).
No entanto, conceda-se que é de presumir que o Alves e quejandos, numa manifestação de indefectível democraticidade, possam vir a admitir indivíduos religiosamente comprometidos, desde que, em parte alguma, façam saber dessa sua condição e que actuem em desacordo com ela. Tratando-se de democratas e republicanos da mais fina cepa, outra coisa não seria de esperar.
 
O Blair, compreenda-se, não se pode engolir: católico, socialista/liberal - uma contradição nos termos! - e, horror dos horrores, monárquico, não tem, como é evidente, direito a ser eleito seja para o que for.
 
Grande Alves!
 
23.10.09
 
António Borges de Carvalho

UM TEXTO NOTÁVEL

Ainda que não completamente coincidente com o que o IRRITADO disse sobre o assunto, não resiste o mesmo a, com a devida vénia, transcrever a apreciação da personalidade do odioso Saramago, hoje publicada no jornal "Público":

 

 

Uma farsa
O problema com o furor que provocaram os comentários de Saramago sobre a Bíblia (mais precisamente sobre o Antigo Testamento) é que não devia ter existido furor algum. Saramago não disse mais do que se dizia nas folhas anticlericais do século XIX ou nas tabernas republicanas no tempo de Afonso Costa. São ideias de trolha ou de tipógrafo semianalfabeto, zangado com os padres por razões de política e de inveja. Já não vêm a propósito, Claro que Saramago tem 80 e tal anos, coisa que não costuma acompanhar uma cabeça clara, e que, ainda por cima, não estudou o que devia estudar, muito provavelmente contra a vontade dele. Mas, se há desculpa para Saramago, não há desculpa para o pais, que se resolveu escandalizar inutilmente com meia dúzia de patetices.
Claro que Saramago ganhou o Prémio Nobel, como vários “camaradas” que não valiam nada, e vendeu milhões de livros, como muita gente acéfala e feliz que não sabia, ou sabe, distinguir a mão esquerda da mão direita. E claro que o saloiice portuguesa delirou com a façanha. Só que daí não se segue que seja obrigatório levar a criatura a sério. Não assiste a Saramago a mais remota autoridade para dar a sua opinião sobre a Bíblia ou sobre qualquer outro assunto, excepto sobre os produtos que ele fabrica, à maneira latino-americana, de acordo com a tradição epigonal
(*) indígena. Depois do que fez no PREC, Saramago está mesmo entre as pessoas que nenhum indivíduo inteligente em princípio ouve.
O regime de liberdade, aliás relativa, em que vivemos, permite ao primeiro transeunte evacuar o espírito de toda a espécie de tralha. É um privilégio que devemos intransigentemente defender. O Estado autoriza Saramago a contribuir para o dislate nacional, mas não encomendou a ninguém, principalmente a dignitários da Igreja como o bispo do Porto, a tarefa de honrar o dislate com a sua preocupação e a sua crítica. Nem por caridade cristã. D. Manuel Clemente conhece com certeza a dificuldade de explicar a mediocridade a um medíocre e a impossibilidade prática de suprir, sobre o tarde, certos dotes de nascença e de educação. O que, finalmente, espanta neste ridículo episódio não é Saramago, de quem - suponho - não se esperava melhor. E a extraordinária importância que lhe deram criaturas com bom senso e a escolaridade obrigatória.
Vasco Pulido Valente (Correia Guedes)
(*) Epigonal: Próprio de imitador ou seguidor de pouco mérito (ABC)

COISAS ESTÚPIDAS

 

Um idiota qualquer resolveu chamar a um seu filho Diego, se calhar porque o Maradona é o padroeiro lá de casa. O tipo do registo civil não foi na conversa: podia ser Diogo, mas não Diego. O idiota foi para os tribunais, sendo ainda desconhecido o resultado final desta triste parvoíce.
 
Há muitos anos era comum aparecer criancinhas chamadas Estaline, Lenine, Benito, Rodasneprevil* e coisas no género. Houve até um Uòchinguetóne que andou comigo na tropa.
Depois, julgo que foi o Salazar quem acabou com esta prática atrasada mental: à boa maneira autoritária, foi criada uma lista de nomes “admissíveis”. Muita gente, reconheça-se que com alguma razão, achou a imposição abusiva.
Veio a democracia que temos e, julgo, o dictat terá sido abolido ou esquecida a sua aplicação.
A lei da segunda república era chata. Com certeza. Mas, uma vez abandonada, facto é que o atraso mental voltou em força e o país foi inundado de desgraçadas de seu nome Tânia, Vanessa, Natasha, Andrea, e de infelizes etiquetados Dimitri, Walter e outras cavalidades.
 
Pelo andar das coisas, se não há uns conservadores mais teimosos ou exigentes, dentro em pouco teremos uns rapazitos chamados Baraque, Sidenei, Messi, Rusevelte ou Liedson, e umas meninas a ostentar epítetos como Betty Obama, Carmencita Maradona ou Rebecca Navratilova.
Talvez a liberdade o exija ou justifique. Mas não me agradaria que, como no Brasil, começassem a aparecer Austregésilos, Dinaíres ou, no estertor da paranóia, algum Um Dois Três de Oliveira Quatro, o que já não seria a primeira vez.
Isto, se não vier a acontecer que apareçam criancinhas chamadas Sócrates, Platão, Aristóteles ou, melhor, Anaximandro ou Praxíteles. Quanto ao primeiro, também já não seria a primeira vez.
 
A ver vamos.
 
22.10.09
 
ABC
 
* Livre Pensador de pernas ao ar, cidadão ao que julgo nascido no Seixal por volta de 1910.

 

 

 

EFEITOS DO SOCIALISMO

 

A mania dos rankings (em português classificações, escalas, posicionamentos, etc.) anda aí por todos os lados. Vale o que vale.
De qualquer forma, é de atentar em alguns deles. Hoje, por exemplo, soube-se que Portugal está em 30º lugar na classificação dos países quanto à liberdade de imprensa.
Teoricamente tão cara ao PS, a nossa liberdade de imprensa leva, assim, um pontapé de 14 lugares pela escada abaixo, ficando lado a lado com a Costa Rica e o Mali!
Não conheço os critérios nem a idoneidade da instituição que elaborou esta escala, mas não é difícil imaginar o que se terá passado este ano para que tenhamos levado mais esta bofetada internacional. Exemplos:
- A Televisão do Estado, entidade aniquiladora da concorrência e sustentada por iníquos impostos, é cada vez mais fiel serventuária do poder. Aliás, só deixou de o ser durante o consulado dos Drs. Barroso e Santana Lopes, regressando ao que sempre foi logo de seguida, mediante um pontapé pela escada acima a quem nela mandava, e a recondução ao poder de quem lhe aturava as manobras.
- "Jornalistas” afectos ao PS roubam correspondência particular de colegas seus e revelam fontes de terceiros sem qualquer vergonha e sem qualquer sanção.
- O primeiro-ministro faz repetidos discursos contra quem revela verdades que lhe não são convenientes, manobra na sombra para comprar quem o ataca e, desmascarada a manobra, consegue, via poderosos colegas espanhóis, dar cabo dos “inimigos”.
 
No meio desta horrível situação, que queriam que acontecesse à posição da nossa liberdade de imprensa na opinião internacional?
 
Em todos os países há chávezes e pintos de sousa. Só que, para felicidade das gentes e a bem da Liberdade, não estão no poder.
 
22.10.09
 
António Borges de Carvalho

TRAPALHICES CAMARÁRIAS

 

Uma inacreditável trapalhice é ontem noticiada pelo jornal privado chamado “Público”.
Além do mais, revela a incompetência e a total inoperância das nossas autoridades municipais.
 
Vejamos:
a)   A distinta câmara socialista de Lisboa, que tomou posse há quase dois anos, decidiu esgravatar, através de uma sindicância, os serviços de urbanismo da CML, à procura de “corrupção, tráfico de influências, abuso de poder e prevaricação”;
b)   Atente-se que a sindicância era feita aos anos em que o PS não esteve no poder. Não foi ordenada, nem para os tempos do poder PS/PC, nem para os anos subsequentes à última entrada do PS na gestão municipal, com certeza por se achar que, uma vez passada a CML para o domínio socialista, tinham acabado, como por encanto, quaisquer práticas que pudessem fazer lembrar a notável lista de crimes acima referida;
c)  Acabada a sindicância, o ilustre vereador do urbanismo, senhor Salgado, apressou-se a contar à imprensa que havia um grupo de 4 arquitectos, sempre os mesmos, que assinaram uns 1.000 processos EDI (edificação), quase um terço de todos os processos entrados na CML nos últimos três anos (3.600);
d)   Esclarecendo melhor, o senhor vereador informou o jornal, por escrito, que os tais 1.000 processos eram, afinal, 1.200;
e)   Perante esta situação, o senhor vereador achou que era muita fruta para os serviços e que, não sendo possível apreciar tudo de novo, o melhor era deitar a sindicância para o caixote (foi o que fez);
f)    Vai daí, o excelentíssimo director municipal do urbanismo declarou aos jornais que os tais 1.000 projectos, ou 1.200, eram afinal 800, não lhe sendo possível saber se, em anos anteriores, tinham sido mais, ou menos, porque o sistema informático respectivo só existia desde 2005;
g)   Sublinhe-se esta precisão: antes de 2005, ou seja, antes do socialismo ter voltado à CML, não havia sistema informático capaz. Regressado o PS, o sistema passou, mais uma vez por magia, a funcionar na perfeição;
h)  Entretanto, parece que foi feito um mapa com o “top 25 dos arquitectos autores de processos EDI”. Tal mapa mostra que, afinal, o “bando dos 4” não tinha assinado 1.000 projectos, como diz o vereador nos dias pares, nem 1.200, como afirma o vereador nos dias ímpares, nem 800, como tinha garantido o director. O número passou a 199;
i)      Acresce que o relatório da sindicância diz que, ao todo, o número de projectos EDI entrados na CML nos negros anos em que o PS não esteve no poder, não foi de 3.600 em três anos, como dizia o vereador, mas de 4596 só em dois, faltando contar os de 2007;
j)      Nesta medida, contas feitas com a média daqueles dois anos, terão entrado na CML, em três anos, cerca de 6.900 processos EDI em vez dos 3.600 que o vereador tinha dito aos jornais, ou seja, um engano de quase 100%, fazendo lembrar o grande patrono do socialismo, Mário Soares, para quem mil ou um milhão é mais ou menos a mesma coisa;
k)   O senhor director volta então à carga e explica que a esmagadora maioria dos projectos contados são de especialidades, pelo que os tais 199 tanto podem ser 231, com 45, 33 ou não se sabe quantos;
l)      O senhor director esclareceu ainda que, “mesmo que os processos fossem só 200, os serviços não tinham capacidade para os reapreciar”, pelo que o senhor vereador fez muito bem em se descartar destas intrincadas matérias;
m)No meio da pastelada surge, gloriosa, a vereadora Roseta, declarando que a Ordem dos Arquitectos poderá determinar “se é possível, num ano, um arquitecto (ou 4?) fazer tantos projectos" (quantos? quais? paredes abaixo ou urbanizações?);
n)   Acrescente-se que, entretanto, foi confirmado que a esmagadora maioria dos projectos do “bando dos 4”, que provocou toda comédia, era de coisitas sem importância, pequenas alterações, etc.
 
Aqui temos uma maravilhosa demonstração do que é a inteligentsia socialista.
Possuída de instintos policiais (que atingem a paranóia no caso do Fernandes) e de “moral” republicana, os socialistas, em vez de ir à procura dos males de que enferma a CML, vão perseguir os que são mero instrumento das “aberturas” que esses males provocam.
Passo a explicar:
- Um cidadão que queira, por exemplo, abrir uma porta para a rua ou instalar uma nova casa de banho, tem que apresentar um projecto de alterações com as mesmas, as mesmíssimas exigências, que outro que queira acrescentar 20 pisos a uma moradia térrea;
- Tal cidadão, que não é arquitecto, nem engenheiro, nem jurista, nem solicitador, nem tem uma empresa de construções, nem é funcionário da CML, nem percebe nada, seja de obras, seja de leis ou regulamentos, vê-se metido numa trapalhada de tal ordem, que acaba por não ter outro remédio senão ir arranjar quem o “desenrasque”, pelos meios que considerar mais apropriados. Corrupção! dir-se-á. Talvez fosse de pôr a dúvida de saber se se trata de corrupção ou de legítima defesa dos direitos de cada um iniquamente espezinhados pela burocracia (legal e funcional) em vigor - resistir à tirania, é tanto um direitocomo uma obrigação dos homens livres;
- Se um processo de uma alteração de chacha correr bem, o cidadão talvez venha a ter o seu miserável projectinho aprovado passado um ano, o que o transforma num homem mais feliz que os outros; se vir a licença de utilização emitida em menos de uns 3 ou 4 anos, então é como se lhe saísse a sorte grande;
- Entretanto, andou o cidadão, já de nervos estraçalhados pela CML, metido com a EDP, com a EPAL, com o ISQ, com os tipos da ECE, da CERTIEL, com o BSB, com o raio a quatro, tudo gente com "jurisdição" sobre o bidé lá de casa, andou de Herodes para Pilatos, a pagar alcavalas aqui e ali, a ver recusados documentos porque faltava uma vírgula, a bater-se com funcionários que estão ali “a cumprir a lei”, sendo a Lei entendida como forma de dificultar coisas simples e de sacar o mais possível ao bolso de cada um.
 
Há um sem número de formas de obviar a esta totalitária tirania da CML. Só falta vontade política, ou vontade política não socialista.
Nos saudosos tempos da Dr.ª Eduarda Napoleão estava a tentar-se construir um caminho mais leve, mas, como é sabido, foi tudo por água abaixo e a Senhora até anda a contas com a Justiça.
Quem se mete com a burocracia lixa-se. Não é? A frase é socialista. Se substituirmos burocracia por PS, aí teremos a verdade.
Em vez de explorar caminhos que sejam informados por um mínimo de respeito pelo cidadão, em vez de, com criatividade e sentido de justiça, simplificar as coisas, em vez de, com honestidade, assumir as suas responsabilidades de serviço público, em vez de deixar de deixar de “dar trabalho” a uma constelação de organizações parasitárias, em vez de propor alterações à lei geral que aliviem a carga que pesa sobre o cidadão, em vez de rever os seus próprios regulamentos, a CML socialista resolve perseguir o passado, porque não era da côr, e não tratar de nada que, amanhã, aja em favor do cidadão.
 
Os ingredientes que incitam aos “crimes” que a CML diz perseguir, ou os tornam inivetáveis, continuam, reforçados, a proteger a inutilidade de milhares de funcionários, que isto do ordenadinho ao fim do mês é mais fruto das dificuldades causadas que dos problemas resolvidos.
 
Entretanto, o senhor Costa lançou o programa “Simplis”, coisa que ainda não serviu para nada nem ninguém sabe se algum dia servirá para alguma coisa.
 
- Conclusão?
- Tire-a quem quiser. A CML não a tirará, e tudo vai continuar na mesma, ou pior.
 
21.10.09
 
António Borges de Carvalho

HERÓIS DA REPÚBLICA

 

“Comemora-se” hoje, perante o silêncio desavergonhado e cúmplice de tanta gente bem pensante, uma das mais significativas e gloriosas jornadas da I República: o 20 de Outubro da 1921. Nesse dia, um grupo de heróis que ficou conhecido pelo carinhoso nome de “leva da morte” andou, de camioneta, à caça de ministros do governo deposto na véspera.
O primeiro-ministro Dr. António Granjo foi levado de casa de um amigo (Cunha Leal) para o arsenal da marinha, onde foi republicanamente assassinado.
Seguiram-se Machado dos Santos e Carlos da Maia, certamente abatidos por, no esclarecido pensamento dos autores do nobre feito, não ser tão republicanos quanto deviam, ou não praticarem à risca os ditames da “moral republicana”.
Assim, mas não só assim (houve pior), se construiu o regime que o actual governo e o Presidente da III República, acompanhados por nobilíssimas figuras da Maçonaria, se preparam para comemorar, em milionárias farras, durante um ano inteiro.
Não haverá quem, dentro dos partidos políticos, entre os homens que ainda pensam neste país, os lideres religiosos, nas universidades, ninguém que erga a voz contra o escândalo?
Com o povo é difícil contar, já que há três Repúblicas anda a ser lavado ao cérebro sobre o que foi o 5 de Outubro.
 
20.10.09
 
António Borges de Carvalho

UM VELHO DESESPERADO

 

Verdade ou não, as religiões monoteístas que o senhor Saramago ditirambicamente acusa de invenção, mentira, crime e outras malfeitorias, criaram, moldaram e, em seu tempo, dominaram a civilização a que o senhor Saramago pertence, queira ou não queira, goste ou não goste.
 
Com inspiração divina ou sem ela, a civilização a que o senhor Saramago pertence divulgou coisas magníficas, como a solidariedade humana e o respeito pelo próximo, e coisas horríveis como a crueldade, a intolerância e o imobilismo. A civilização a que o senhor Saramago pertence inspirou génios, como Miguel Ângelo, e pessoas odiosas e odientas, como o senhor Saramago.
 
Se olharmos a religião, qualquer religião monoteísta, é fácil concluir que os males que tem causado e continua a causar à humanidade não advêm da sua prática comum mas das interpretações fundamentalistas, histéricas, fanáticas, agressivas e inumanas que os seus intérpretes lhes quiseram dar.
O mesmo não se passa com certas ideias que, não recorrendo a dogmas mais ou menos metafísicos, como o bolchevismo e o nazismo, são más em si e não consoante a interpretação que se lhes dá.
Pode argumentar-se que, de um tronco comum, estas religiões derivam, para os não crentes, de um só corpo de lendas a que o tempo, a imaginação dos homens, os azares da guerra ou as oportunidades da política foram dando formas diversas. De qualquer maneira, em todas elas é possível encontrar um código de conduta que informa positivamente o comportamento social e que só se tornará indesejável por ausência ou por perversa interpretação.
Pelo que as crenças dos outros, para quem as não aceita, serão más ou boas, não em si mesmas, mas consoante se interpretam e utilizam.
O que o senhor Saramago faz é dar à sua não crença, em princípio legítima, um valor mais fundamentalista que as mais fundamentalistas interpretações dos crentes e um conteúdo de ódio e de intolerância próprios da mais horrível mentalidade, seja qual for a escala de valores não fanáticos que se use para a classificar.
 
Porquê? Dir-se-á que o senhor Saramago é, desde sempre, conhecido pelo seu apego a ideias totalitárias e que há quem tenha sofrido na carne os brutais efeitos da saramagal intolerância. Dir-se-á, com inteira propriedade, que o senhor Saramago é, desde sempre, uma espécie de dono de uma verdade, a sua, que, por definição por ele achada, vale muito mais que as dos outros.
Nada a estranhar, concluir-se-á, nas ora particularmente descabeladas diatribes do homem.       
 
O Irritado arrisca, porém, uma interpretação algo diferente do que seria de esperar.
 
Saramago está às portas da morte.
Amanhã? Daqui a cinco anos? É normal. Que outra coisa poderemos esperar aos oitenta e tal anos e num evidente estado de decrepitude física?
 
Diferente é a postura de cada um na antevisão de tão inelutável acontecimento.
Uns dirão que os espera outra vida ou a continuação desta noutros moldes e que, ainda que seja doloroso deixar de viver a vida como a conhecem, é consolador ter a certeza moral que a morte não será o fim.
Outros pensarão que a morte outra coisa não é senão voltar ao momento anterior ao nascimento, isto é, ao não-ser, o que, em princípio, não causa sofrimento, pela simples razão que, por morte, deixa de haver sujeito para tal.
Numa terceira categria estarão os seres humanos que acham que morrer é morrer mesmo, mas que não são capazes, nem de aceitar com naturalidade que são, como todos os seres, fugazes, nem de recorrer à fé religiosa para amenizar o desespero que tal fugacidade provoca.
Por isso, desesperam.
É o caso. Saramago está aterrorizado com a sua próxima morte. Como não consegue superar o seu temor, como, convencido que é um ser superior que tem a dizer de sua justiça às massas ignaras, não é capaz de aceitar ter que se ir embora como um cão. Então, servido pelo seu profundo ódio a tudo o que não aceita, faz o que se chama a fuga em frente: lança, raivoso por impotente, os seus anátemas sobre o que mais odeia, que é aquilo em que gostava desesperadamente de acreditar.
Talvez na inconsciente ilusão de, à hora da morte, ainda ter alguma coisa que o salve. Talvez porque, afinal, lhe reste alguma sombra da humanidade que há muito assassinou dentro de si com as armas da mais petulante das intolerâncias.
 
20.10.09
 
António Borges de Carvalho
 

UM CACHO DE CRAQUES

 

SARAMAGO
Sua Excelência o “nosso” prémio Nobel, com a boa educação que lhe é tão própria, declarou em Itália que o respectivo primeiro-ministro, senhor Berlusconi, “é o fascismo de gravata Armani”. Lindo, não é? O mais interessante é que estas nobres declarações foram produzidas durante o lançamento de um livro qualquer, editado por uma empresa propriedade do senhor… Berlusconi.
Por conseguinte, das duas uma: ou o senhor Berlusconi não é fascista nenhum e não censura os seus autores, sejam eles primariamente comunistas como o senhor Saramago, ou o senhor Saramago é conivente com o fascismo, com o qual contrata e do qual recebe largas massas.
 
ADEUS PINHEIRO
Há tipos com uma lata estanhada. Então não é que este truta dá com os pés ao parlamento para que tinha sido eleito como cabeça de lista, em manifesto desrespeito pelas Instituições, em miserável galegada em relação à dona Manuela, em estrondoso desprezo pelos eleitores, em escarreta na cara dos tipos que o aceitaram, de pára-quedas, lá em Braga, em revelação de ignominiosa “altura” moral? Vistas as coisas pelo lado do rapaz, perdidas as eleições já não podia ser vice-primeiro-ministro, nem ministro de estado, nem presidente da assembleia, nem nada. Então queriam dar-lhe funções de simples deputado? A um homem com o seu brilhante currículo? Não queriam mais nada?
 
SAMPAIO
Rezam as crónicas que o primeiro cidadão a pedir a vacina contra a gripe dos porcos foi o senhor Jorge Sampaio. É que, alega o homem, há “razões institucionais” para estar na lista dos privilegiados com direito a vacina, para além de ser “sabido” que tem “problemas cardíacos há vários anos”. Quanto às “razões institucionais”, não se vislumbra outra que não seja o facto de ser funcionário das Nações Unidas, o que apontaria para que fosse pedir a vacina ao patrão, o senhor Banquimune. Quanto aos sofrimentos de coração, se ainda, respeitavelmente, os tem, ou estão na lista ou não estão. Facto é que, se tornam mais perigosa a gripe dos porcos, que dizer das longas e frequentes viagens do senhor por longes terras de desvairadas civilizações onde, não poucas vezes, um cardiologista à altura é como agulha em palheiro?
Talvez aquilo de dar golpes de estado também faça mal ao coração, o que não seria de todo injusto.
 
MEDVEDEV
Aqui há tempos, um ministro nipónico apresentou-se ao respeitável público com uma bebedeira nos queixos que faria inveja à Amy Whinehouse. O homem foi prontamente corrido. A ver vamos o que acontece ao Medvedev. Se calhar, nada. Ora vejam:
 

 

 

 

 

 

E ainda há quem diga que o Berlusconi e o Sarkozy não são uns gajos porreiros!

 

 

 

 

18.10.09

 

António Borges de Carvalho

 

SALOIO MAS CÍNICO

 

 
Toda agente assistiu, durante a campanha eleitoral, ao novo facies do senhor Pinto de Sousa. Ele, o duro, o determinado, o teimoso, o autoritário, metamorfoseara-se no dialogante, suave, compreensivo político, já não empenhado em mandar, atropelando, mas em compreender, ajudando.
É claro que era tudo mentira. Ao mesmo tempo que se delambia em doçuras e até fazia da “decência” mote de campanha, mandava os seus apaniguados, os silvas, os pereiras, os junqueiros, arrotar as maiores alarvidades acerca dos adversários do PS.
 
Ganhas as eleições, a táctica é a mesma: o senhor Pinto de Sousa recebe os líderes partidários para lhes propor que o ajudem a cumprir um programa sufragado por 36% dos eleitores e recusado pelos restantes 64%. Ninguém sabe que propostas concretas fez o senhor Pinto de Sousa aos demais: ou não propôs coisíssima nenhuma, ou é segredo de Estado. O que se sabe é que o único líder que levava “condições de cooperação” debaixo do braço (Portas, Paulo) saiu com elas debaixo do braço. Pelo que não se sabe se foram os partidos que deram com os pés ao senhor Pinto de Sousa se foi o senhor Pinto de Sousa quem deu com os pés aos partidos. Cá fora, cada um diz o que acha melhor para a fotografia. Mas tudo é mentira, como tudo é verdade.
A gritada “abertura” do líder que transformou o PS naquilo que é, bem como a postura de “compreensão” alardeada durante a campanha, não passam de manifestações da mais estrutural característica da organização: a aldrabice pura e simples. A prová-lo vem, ao colo do Arqº Saraiva, o mais repugnante dos membros da tribo, o inenarrável Santos Silva, dizer que a dona Manuela é tal qual  “uma anarquista espanhola”, que é parecida com o BE e com o MRPP e que não passa de uma “interlocutora precária”!
Mais uma vez cá temos o maestro a mandar os trauliteiros da brega à ribalta, para dizer o que à sua nova e angelical vestimenta não ficaria bem.
Por outras palavras, o senhor Pinto de Sousa não mudou de “personalidade”, o que fez foi sofisticar a aldrabice.
 
Saloio, mas cínico.
 
17.10.09
 
António Borges de Carvalho

ÁGUAS DE BACALHAU

 

Como é do conhecimento público, o senhor Pinto de Sousa criou um número indeterminado de “entidades”, “autoridades”, “reguladores”, etc., assim seguindo a tradicional política socialista - ao tempo de Guterres consubstanciada em “institutos” - de disfarçar o alargamento da função pública e de arranjar empregos para os sobrinhos.
 
A chamada ERC, sinistra coisa destinada a fazer fretes ao governo no âmbito da chamada “comunicação social”, acaba de anunciar que vai investigar a “legalidade” da decisão de acabar com o jornal da dona Guedes. A coisa diz que, com a maior profundidade e consciência, se tem andado a preparar (o que leva imenso tempo, como se sabe, e ainda só lá vão uns quatro meses) para ajuizar sobre se o senhor A tinha ou não tinha poderes para correr com dona Guedes, se o senhor B estava de posse de todos os certificados necessários ao exercício das suas funções, se o senhor C representava, ou não, a redacção da TVI, se a dona D era espanhola, etc., tudo coisas interessantíssimas para ocupar o tempo dos boys encarregados de tão importantes matérias.
Mais interessante ainda: a coisa declarou que, quanto a eventuais “causas políticas” para a defenestração da dona Guedes, não se pronunciaria, pelo menos nos tempos mais próximos. Estão a ver? Causas políticas? Que disparate! Ordens do primeiro-ministro? Que ideia! Manobras do Sapateiro? Estão doidos, ou quê? Combinata socialista? Não sejam parvos! Dictat do Cebrian? Que imaginação!
 
Segundo a coisa, para já é preciso tratar da “legalidade”: dona Guedes foi corrida by the book, ou à balda?
A coisa vai, soberanamente, decidir. Levará mais uns meses, talvez um ano, ou ano e meio, óptimo período para ir recebendo uns ordenados (Deus sabe a falta que fazem!) e justificando a existência própria. Pois se a coisa precisa de quatro meses de preparação, quanto tempo levará para fazer uma investigação tão complicada com a de determinar quem deu um pontapé no cu da dona Guedes?
Certo certo é que quando a coisa chegar às primeiras conclusões já o assunto morreu na opinião pública, já a dona Guedes tem bisnetos, a ninguém interessará saber se foi escovada legal ou ilegalmente. De certa forma, a coisa tem razão.
O que interessa é saber que a dona Guedes foi à vida porque o senhor Pinto de Sousa lhe tinha um ódio de morte. E isso, não há quem não saiba.
O resto, ou é conversa de chacha ou é os ordenadinhos da coisa.   
 
A dona Guedes incomodava o Senhor Pinto de Sousa? Incomodava. Foi para a rua? Foi. Na versão oficial uma coisa não tem a ver com a outra. Mas que se investigue, desde que a investigação leve tanto tempo que não tenha nenhum efeito.
 
De uma forma ou de outra, não é o que se passa com o caso Freeport?
Com o canudo do PM?
Com os projectos de “engenharia” do PM?
Com a compra da casa do PM?
Com as actividades do PM em relação à Cova da Beira?
Com…
 
Tudo vai ficando em águas mornas, até chegar às de bacalhau.
 
14.10.09
 
António Borges de Carvalho

POBRE LISBOA OU AS DOZE PROMESSAS DO SOCIALISMO

 

 
O jornal ultra socialista Diário de Notícias dedica ontem uma página inteira às promessas do Costa. Vale a pena dar uma olhadela à coisa, a fim de perceber como há “técnicas” eleitorais que se repetem. Lembram-se, por exemplo, dos 150.000 empregos?
 
Primeira promessa: metro até ao aeroporto. Esta o Costa vai cumprir. Só que não é promessa, ou não é promessa dele. O metro, mal ou bem, nada tem a ver com o Costa. Se o presidente da CML fosse o Rato Mickey era a mesma coisa.
Segunda promessa: o metro da Amadora para a Reboleira, e mais 30 (!!!) estações fora de Lisboa. Não carece de demonstração que, nem o Costa nem os seus meninos e meninas têm seja o que for a mexer com este assunto.
Terceira promessa: dentro dos próximos quatro anos, haverá um eléctrico rápido entre São Sebastião e o Restelo, passando por Alcântara e pela Ajuda. Lindo! É preciso ser muito parvo, parvíssimo, para acreditar nesta.
Quarta promessa: 40 - quilómetros de ciclo via - 40! Lisboa transformada “numa mini-Copenhaga”, diz o fulano. Será que o homem ainda não percebeu que Copenhaga, como A Haia ou Amsterdão, não são construídas em cima de sete colinas? O homem propõe-se gastar 5,3 dos nossos pobres milhões nesta idiotice, a qual “estará pronta daqui a 4 anos”. A esta distinta e inteligente operação, feita sob a batuta do pide Fernandes, acrescerá uma outra, a de “bicicletas partilhadas”, como em Paris. O homem nem sequer se deu ao trabalho de ir a Paris ver o molho de bróculos em que tal ideia se transformou. Uma larilada do socialista Delanoë, que custou milhões e deu a maior das raias.
Quinta promessa: o Parque Mayer. O Costa admite que não vai acabar a coisa em 4 anos. Mas o projecto é digno de quem não sabe patavina de como se fazem estas coisas. O aspecto que mais adianta é o de ligar o jardim botânico ao “ex-libris do teatro de revista”, esquecendo-se, primeiro, que o teatro de revista já não existe e que teatros é o que menos falta nos faz. Haverá escadas rolantes e elevadores - vá lá, sejamos justos, o homem parece que já percebeu que, se há alguns munícipes, poucos, que descem o jardim botânico, raríssimos são os que o sobem! Depois, são mais não sei quantos teatros, mais o indispensável Capitólio, maravilha fatal do modernismo, mais uns restaurantes e um hotel com cem camas. De vida, de pessoas, no Parque Mayer, nada. De um mínimo de viabilidade económica, zero. O Parque Mayer, nas mãos desta gente, vai ser mais um elefante branco, um supermercado de cocaína, uma casa de pegas.
Sexta promessa: mais cinco mil árvores por ano, vezes quatro igual a 20.000 árvores. Onde? Trata-se do tal “plano verde” que vai servir para gastar milhões (olhem o viaduto da Gulbenkian!) e que será, como outras realizações do socialismo (o jardim por cima do Corte Inglês, por exemplo), um “elefante verde” a que os lisboetas darão com os pés. Desta vez, “em dezenas de quilómetros”! Onde?
Sétima promessa: hortas urbanas! Tínhamos visto, aqui há tempos, o arquitecto paisagista Ribeiro Teles, grande defensor das hortas urbanas e inspirador intelectual do Fernandes, a louvar umas couves que uns pobres emigrantes cultivavam nos taludes da A1, bem como um reformado que se orgulhava dos rabanetes que fazia crescer nos restos abandonados de uma quinta de Benfica. Agora, esta filosofia vai tornar-se oficial, isto é, não mais couves por conta própria, o município vai dar terras em Chelas, Boavista, Ameixoeira e Vale Fundão. Vai ser um fartote de hortas, de problemas de propriedade, de conflitos de vizinhança, de gastos de água, de alfaias, de fiscalização, de policiamento. Lindo. É que, para ser hortelão, é preciso mais do que ser protegido do Costa!
Oitava promessa: “pensar” um jardim para os terrenos do aeroporto da Portela. Esta, rapazes, não nos preocupa. Jardim ou não jardim, talvez os filhos dos Costas façam alguma coisa em tais terrenos. Não é rebuçado que vos adoce a goela.
Nona promessa: a frente ribeirinha. Ancorada, segundo o Costa, nas comemorações de Alcácer Quibir, perdão, do 5 de Outubro, a frente ribeirinha ainda é um problema. O Costa limita-se a dizer que “será uma das partes de Lisboa que mais mudará”. Como? Não se sabe. Para já, o Terreiro do Paço é uma chatice, anda para aí muita gente a espernear. A única coisa que se sabe é que, em 2013, o Terreiro do Paço estará renovado. Como? Que interessa isso?
Décima promessa: os contentores de Alcântara. O Costa só sabe que “estas coisas estão longe de ser consensuais”. Confessa, porém que, “com o PS no governo e na câmara não será estranho que daqui a quatro anos o Porto de Lisboa tenha crescido de forma exponencial”. Não sentem um calafrio?
Décima primeira promessa: policiamento de proximidade. Se acreditarmos que um fulano que já foi chefe de todas as polícias e nunca as aproximou fosse de quem fosse, ficaríamos satisfeitos com a promessa.
Décima segunda promessa: mais trabalho para as Juntas de Freguesia. Como vai funcionar esta magnífica “descentralização”, é coisa que ninguém saberá. O que se sabe é que, com as competências que a Lei lhes dá, com o dinheiro que têm, não irão a parte nenhuma. Mais uma vez, talvez fosse de mandar o Costa a Paris, ver como funcionam as mairies dos arrondissements.
 
E mais não digo, nem me apetece dizer. Minha pobre Lisboa!
 
14.10.09
 
António Borges de Carvalho

EMIGRAR É PRECISO

 

Depois da terceira votação do ano… pode prever-se a manutenção da encruzilhada situacionista, com habituais serviçais sem espinha, subchefes medíocres e alguns idiotas úteis, torcidos pela bajulação da ditadura da incompetência.
José Adelino Maltez, “DN” 12.10.09
 
Se exceptuarmos a referência aos subchefes, uma vez que não são só eles os medíocres (lá por cima é o que se sabe), o ambiente em que vamos viver nos tempos mais próximos está lapidarmente retratado na prosa supra do Dr. Maltez.
 
O senhor Pinto de Sousa, ainda que, excepcionalmente, seja sincero quando diz que vai dialogar, procurar compromissos, acordos, pontes, etc. blá blá blá, é evidente que não tem capacidade para tal, a não ser que ponha no lixo não só boa parte do seu programa como se der à sua “personalidade” o mesmo destino, que isto do “novo Pinto de Sousa” é uma balela.
Como vai o homem convencer o PP a votar com o PS a lei do trabalho sem que o Portas peça em troca o abandono do casamento dos larilas? Como vai ele convencer o Louça a votar o envio de tropas para a Patagónia sem que o fulano exija em troca a nacionalização dos supermercados?
Na modesta opinião deste cronista, o senhor Pinto de Sousa vai ter que escolher entre juntar-se, com coerência e estabilidade, ou ao PP, ou aos partidos comunistas.
Se aquele senhor que se lhe meteu nas listas para se poder “casar” com um rapazito for com a dele avante, então alijado está pour de bon qualquer acordo com a direita. E vice-versa. A chamada “governabilidade” é uma batata sem ponta por onde se lhe pegue. Só haverá lugar para ela se o homem arranjar um acordo mais ou menos estável como um ou com outro lado. Navegar à vista vai ser o raio. O resto é conversa de comentador e de político de fim-de-semana.
 
De qualquer maneira, as contas públicas vão continuar no buraco em que o Engº Guterres as meteu. Não é com mais mentiras, mais artifícios e mais propaganda que se endireitam. As empresas vão continuar a falir, os desempregados vão continuar a aumentar, os partidos comunistas continuarão a querer fazer omeletas sem ovos, os impostos continuarão a aumentar sem aumentar, isto é, com truques de taxas e escalões, a burocracia do Estado e das câmaras municipais vai continuar a sugar o sangue, o dinheiro e o descanso espiritual dos cidadãos.
Se a selecção e o Benfica não saírem da lona, se o Dr. Mário Soares não se deixar de palermices, se o Diário de Notícias continuar a política do Augusto de Castro, se o situacionismo bacoco que anima os ignaros não recuar, bem podemos dizer: “felizes daqueles que ainda estão em idade de emigrar”.
 
13.10.09
 
António Borges de Carvalho

UM OCEANO DE ENGANOS

 

NÚMERO UM 
Todos os dias somos metralhados com as pré-fabricadas aldrabices do Costa. Seguindo o exemplo do senhor Pinto de Sousa, este seu acólito e putativo sucessor “escreve” o programa do adversário de pernas para o ar para, a seguir, o demolir. Uma táctica que deu “bons” resultados nas legislativas.
Se Santana Lopes quer manter o IPO onde está, Costa conclui que o programa do adversário inclui o desprezo pelos que sofrem de cancro. Se Santana defende o alívio dos engarrafamentos no eixo central da cidade, meendo o trânsito que a atravessa no subsolo, Costa conclui que a intenção do adversário é inundar a cidade com automóveis... à suoerfície! Se Costa aumenta a dívida da cidade, como tem feito, foi Santana quem a aumentou e quer continuar a aumentar. Se Santana pagou as dívidas de Soares, não fez mais que o seu dever. Nem se fala nisso. Se Costa paga as dívidas que herdou, endividando-se mais, é um herói. E assim por diante.
A mentira é, assumidamente, o grande trunfo eleitoral do PS. A opinião pública, “informada” por media bajuladores e eivados de complexos de esquerda, não vai mais longe do que lhe é metido na cabeça a toda a hora, todos os dias, e tende a aceitar por boas as bojardas do PS.
 
NÚMERO DOIS
A propósito disto vale a pena recordar que toda a política do senhor Pinto de Sousa e seus rapazes se baseia e justifica, desde a primeira hora, num monumental embuste (o défice inventado) que, de tal forma repetido, tomou foros de verdade absoluta.
Vale a pena recordar o que o Irritado já referiu e que está escrito nos anais da União Europeia.
Como segue:
O PS de Guterres herdou um orçamento equilibrado. Em 2000, o défice foi de 2,8%, à custa da gestão de Cavaco Silva. Em um ano, Sousa Franco demitiu-se irritado com o despesismo e Guterres agarrou no défice e deu-lhe um pontapé pela escada acima : 4,4% em 2001.
A UE abre um processo contra Portugal.
Vem o PSD e Durão Barroso/Ferreira Leite recolocam o défice nas “baias” do PEC: 2,7% em 2002 e 2,9% em 2003.
A UE arquiva o processo.
Mas o despesismo socialista minava ainda a vida financeira do Estado. Santana Lopes/Bagão Félix escorregaram até 3,4% em 2004, o que foi considerado tolerável pela UE.
Vem o PS outra vez, pela mão do senhor Pinto de Sousa. Durante o consulado Barroso, Pinto de Sousa, é bom lembrar, arrotava postas de pescada todas as semanas na televisão sobre a “obsessão” do défice da Drª Ferreira Leite, ao mesmo tempo que o feroz socialista e republicano Sampaio mandava os seus petardos a partir de Belém: “há vida para além do défice”, lembram-se?
É claro que era tudo mentira. Tanto, que Pinto de Sousa, desta vez com o silêncio cúmplice de Sampaio, se tornava mais “obsessivo” com o défice do que Ferreira Leite/Bagão Félix teriam sido. Como a situação herdada (3,4%) não justificava só por si o brutal aumento de impostos de que o PS precisava para financiar a sua propaganda política, os seus caríssimos fogachos e a multidão de amigalhaços distribuída por “autoridades”, “entidades”, “institutos”, ""gabinetes", etc., havia que encontrar uma “justificação” para morder como uma hiena no bolso dos cidadãos.
Aqui, entra em acção um artista especialmente vocacionado para a tarefa: o Dr. Victor Constâncio, que aceita uma encomenda do governo, nestes termos: se não se fizer nada, o que acontece ao défice? A esta extraordinária questão, Victor Constâncio responde: fica em 6,85%! E esta, hem? Genial!
A coisa, bem aproveitada, ainda hoje dá frutos. Na campanha eleitoral, o senhor Pinto de Sousa não se cansou de gritar que tinha endireitado as contas públicas e que só isso tornava possível acudir à crise com inúmeras “medidas sociais” (v. nº3): o défice que o governo herdou do anterior não é o que está no Eurostat, não é o que está nas contas do Estado: passa, como por encanto, de 3,4% para 6,85! Tudo mentira, mas que interessa? Para o PS, não é a mentira o mais importante argumento político?
A história continua. Em 2005, o governo PS averba um défice de 6,1%. Na boca da mentira institucionalizada, conseguiu o feito histórico de baixar de 6,85 para 6,1%. Menos 0,75%!
A EU move outro processo.
Na verdade, o défice tinha aumentado de 3,4 para 6,1%! É o que dizem todos os documentos, estatísticas, contas públicas, Diário da República, etc. Mas que interessa a verdade? O que interessa a esta gente é o poder, mesmo que o preço seja o da trafulhice.
Em 2006, grandes heróis, o défice, em resultado das receitas malucas dos inchadíssimos impostos, veio para os 3,9%, ainda meio ponto acima do conseguido, sem aumento de impostos, no último ano do governo PSD/CDS. Finalmente, em 2007 e 2008, a brutalidade fiscal continuou a fazer os seus efeitos (devastadores para o povo) e o senhor Pinto de Sousa, coberto de glória, apresentou contas com um défice de 2,6%.
A UE fecha o processo.
Entretanto, a despesa pública continuava, steadily, a crescer, e os impostos a não descer! Em 2009, o défice previsto é de 5,9%, mas toda a gente minimamente avisada sabe que vai ser mais do que isso. Em 2010, a mesma coisa: o senhor Teixeira propõe 6,7%, mas só um parvo acreditará.
É a crise? Talvez. É o “ataque à crise”, as “medidas sociais”? De maneira nenhuma, como se verá a seguir. Mas a trafulhice continuará. As culpas continuarão a ser dos “constrangimentos importados” e da “preocupação humanitária” do governo.
No oceano de enganos socialista a maré alta é permanente.
 
NÚMERO TRÊS
Last but not least, consideremos as novas despesas governamentais, que “justificam” o crescimento do défice e a manutenção ou, quem sabe?, o aumento dos impostos.
O governo começou por desorçamentar um sem número de despesas, de que é gritante exemplo o que fez com as estradas. Mesmo assim, a despesa pública subiu sem parar durante os quatro anos do medonho consulado socrélfio. Depois, fez disparar os impostos, perseguiu sem quartel as cobranças e lançou inúmeros programas e obras, a maioria dos quais ficaram pelos seus vários anúncios. Tudo isto antes de uma crise mundial cuja influência interna só foi reconhecida quando o governo percebeu que, mesmo sem ela, a gestão de 2008 tinha sido uma desgraça e que o défice, o desemprego, as falências e a pobreza cresceriam, com ela ou sem ela.
As coisas neste pé, tratou o governo de nacionalizar problemas cuja solução era a da economia de mercado, não a dos socorros a náufragos. Assim gastou milhões que não tinha, e exponenciou a  galopada da dívida externa para valores nunca vistos. Depois, desatou a anunciar “medidas sociais” cuja injustiça, em inúmeros casos, já foi largamente denunciada. Tais medidas foram propagandeadas como causa primeira do aumento do défice de 2008, o mesmo sendo anunciado para 2009. Ficou montada a desculpa.
Tudo mentira, como de costume. Quantificadas as coisas, as medidas anti-crise do governo português são das mais pífias da Europa. Portugal é o 12º país, nos 17 em que as contas estão feitas. Três vezes menos que a Espanha, quatro vezes menos que o campeão, a Finlândia, no cômputo de tais medidas. Como é, então, possível, argumentar que as medidas anti-crise são as marotas a quem se deve o aumento do défice? Não pode. Ou não devia poder. Mas, para o governo, para o PS, para o senhor Pinto de Sousa, pode.
É assim a nossa vida. O povo, tratado como pateta (que se calhar é), votou mais em quem o enganou do que em quem lhe dizia a verdade. O povo, infelizmente inculto e crédulo, ao contrário de praticamente todos o povos da Europa, tem a desgraça de acreditar que a solução para os seus problemas está mais à esquerda que à direita, ou seja, que é possível distribuir riqueza sem a criar, que é possível manter empregos que só existem na privilegiada cabeça do senhor Carvalho da Silva, numa palavra, que se faz omeletas sem ovos.
Consequência da magnífica política socialista: por cada 100 portugueses que fogem da nossa desgraça há 15 estrangeiros que aparecem por cá ao engano e que, se tratarem dos papéis como deve ser, vão acabar no desemprego ou no “rendimento social”. Isto enquanto houver crédito externo para financiar as loucuras e as aldrabices do senhor Pinto de Sousa e da desgraça de partido que ele fabricou, filho dilecto da sua ignorância, da sua inconsciência, da sua ausência de escrúpulos e de respeito pela dignidade de cada um.
Quando o crédito acabar, logo se vê. Afogamo-nos no oceano das mentiras do socialismo, a não ser que venha mais pimenta da Índia, mais ouro do Brasil, mais império, mais União Europeia, mais milagres de Fátima...
10.10.09
António Borges de Carvalho

UMA SESSÃO ESCLARECEDORA

 

Ontem assistiu-se aos trabalhos de um interessante areópago, em que, sob a batuta daquela senhora que tem a mania de se meter na conversa, um número indeterminado de candidatos à CML teve oportunidade de dizer de sua justiça. Formalmente, todos eram candidatos à presidência. Materialmente, havia dois. Havia, a seguir, mais dois candidatos a vereador, e não sei quantos raminhos de salsa.
 
Não houve surpresas de maior.
Notemos umas coisitas:
 
1.    Um dos raminhos de salsa, como não tinha nada para dizer, fingiu-se ofendido por ninguém lhe ligar meia. Deu à sola.
2.    Todos os participantes apoiaram Santana Lopes na história da Portela. Faltava João Soares, que também sempre foi dessa opinião, mas que, socialismo oblige, anda com viola no saco.
3.    Ficou claro que a dívida da câmara é hoje maior do que quando Santana Lopes a deixou.
4.    O Costa, que não é parvo nenhum, mostrou à saciedade a sua total submissão ao governo que temos, e adiantou elementos que permitem aos lisboetas perceber que, se o homem ganhasse, continuaria submisso, sobretudo enquanto o senhor Pinto de Sousa estiver na mó de cima, ou seja, até ao momento de lhe comer as papas na cabeça.
5.    Quando instado a “provar” o que dizia, ou a esmiuçar uns números, Costa não respondeu, confirmando-se como meramente demagógicas muitas das suas afirmações.
6.    O Costa “esqueceu-se” da história do IPO, o que pode querer dizer que está a preparar o recuo. A confirmar-se, é um ganho para o povo que se fica a dever a Santana Lopes.  
7.    A loucura “governamentícia” do Costa é de tal ordem que o homem chegou ao dislate de prometer um jardim por trás dos contentores do Coelho, exibindo orgulhosamente um boneco que, ao todo, parecia querer garantir a sombra amiga dos contentores enquanto as árvores não crescessem.
8.    Em conclusão, ficou demonstrado à saciedade que, se o Costa ganhasse, o verdadeiro presidente da câmara seria o Pinto de Sousa, e Lisboa um joguete nas mãos do dito.
 
8.10.09
 
António Borges de Carvalho

DO TRIUNFO DAS ALFURJAS

 

Hoje é dia de luto. O Costa vai içar, nos Paços do Concelho, a bandeira do partido republicano, arremedo grosseiro da Bandeira de Portugal.
Os assassinos do Senhor Dom Carlos subiram ao poder há 99 anos, supremo prémio do seu hediondo acto. Sobre o cadáver do Rei erigiram a segunda das nossas maiores desgraças políticas: 16 anos de terrorismo “democrático”, 40 de ditadura, 1 de comunismo. Verdadeiro Alcácer Quibir destituído de honra e de virtude, a república destruiu a democracia reinante para instaurar o período mais negativo e mais injusto da História de Portugal.
História de Portugal? Talvez não. É que a Constituição que temos, filha do socialismo totalitário e do republicanismo jacobino, reza, no seu primeiro artigo que “Portugal é uma República”. Não é um País, nem uma Nação, nem uma Pátria. Define-se como república, ou seja, limita-se como república, o que significa (não se trata de semântica!) que, antes da república, Portugal não existia. Têm razão, os tipos: a história de Portugal, para eles, começou em 1910. Se São Mamede terá sido o instante fundador de uma Pátria, o 5 de Outubro foi o seu fim, substituída que foi por uma coisa, a república, a qual, ainda hoje, nada significa no coração dos portugueses, a não ser por inércia, a nossa mais triste “qualidade”.
5.10.09  
António Borges de Carvalho

COISAS IRRITANTES

 

O Irritado não é especialista em questões autárquicas. Para ele, as câmaras municipais são poderosos inimigos públicos a quem os cidadãos pagam fortunas para sustentar gigantescas burocracias, recebendo em troca maus serviços, entraves, chatices, injustiças, um ror de coisas de que nem o Franz Kafka se lembraria nos seus mais angustiados momentos. Por isso que o Irritado tenha medo de se debruçar sobre tais e tão repugnantes matérias.
De qualquer maneira, aqui vão algumas observações acerca dos poucos momentos em que o Irritado tem contactado com o assunto.
a)   Dando largas à sua inegável estupidez, a candidata do PS à Câmara de Cascais diz, em parangonas de cartaz, que não é o Capucho quem manda, quem o faz é a abstenção. Porquê? A senhora responde: porque o Capucho foi eleito por 22% dos eleitores. Muito bem. Duas conclusões são possíveis: 1ª – Na cabecita da mulher todos os abstencionistas são do PS, o que quer dizer que tal gente, como a detesta, não vai votar; 2ª – O senhor Pinto de Sousa, que foi “eleito” por 21% dos cidadãos com direito de votar, deve o seu poder à abstenção! Em matéria de legitimidade, ou a democracia é uma batata ou estamos conversados acerca da inteligência da mulher.
b)   O Costa! O Costa é um horror. Se o olharmos com critérios morais, o tipo é daqueles para quem vale tudo. Vale mentir, vale insultar, vale pegar nas coisas e virá-las do avesso, vale rodear-se de tipos como o caloteiro Fernandes e a tonta Roseta, vale ser ordinário, insultar, tripudiar, vale escrever cartas aos funcionários prometendo aumentos que foram por outrem decididos, vale andar a entupir sarjetas com pavimentos “eleitorais”, vale deixar a cidade na maior das bagunças e dizer que anda a tratar da “mobilidade”, vale vender a cidade ao governo – olhem a história dos contentores, olhem a história do Terreiro do Paço, olhem história do Parque Mayer, olhem o caso do aeroporto, vale o monumental atropelo do IPO… Talvez tudo isto se justifique. É que o homem é do grupo dos da “moral republicana”… Um verdadeiro socialista!
c)   Outro dia, teve o Irritado a infelicidade de ouvir as bocas de uma fulana que é candidata do PS à Câmara do Porto. Pobres tripeiros! A mulher é um pavor! Autêntica metralhadora, completa e irremediavelmente histérica, a descarregar as suas evidentes frustrações em cima das pessoas sem dó nem piedade, adepta assumida do senhor Pinto da Costa (será primo do Pinto de Sousa pelo lado do Pinto e do Costa pelo outro lado?), o que a qualifica, como é evidente, como praticante da “moral republicana”. Será que a “invicta” vai passar a “victa” nas mãos desta fulana?
Enfim, o panorama das autárquicas, do ponto de vista da “qualidade”, tem muito que se lhe diga. Até o melhor de todos, o Dr. Santana Lopes, meteu nas listas, calcule-se, um idiota como o fadista Pereira e um alarve como um tal Bonfim Sem Graça, que quer voltar aos confins do século passado!
Onde vamos parar?
5.10.09
António Borges de Carvalho

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