O SOCIALISMO É A FILOSOFIA DO FRACASSO, A CRENÇA NA IGNORÂNCIA, A PREGAÇÃO DA INVEJA. SEU DEFEITO INERENTE É A DISTRIBUIÇÃO IGUALITÁRIA DA MISÉRIA.
Winston Churchill
O SOCIALISMO É A FILOSOFIA DO FRACASSO, A CRENÇA NA IGNORÂNCIA, A PREGAÇÃO DA INVEJA. SEU DEFEITO INERENTE É A DISTRIBUIÇÃO IGUALITÁRIA DA MISÉRIA.
Winston Churchill
Como se sabe, o Costa ganhou as eleições em Lisboa porque foi buscar a malta, tão bem pensante como nefelibata, da Roseta.
Malta que começa a dar um ar da sua graça.
O professor Nunes da Silva proclama que vai começar por fazer com que as reclamações dos munícipes sejam respondidas "no mais curto espaço de tempo". Como apresentei uma reclamação há uns três meses, e a renovei insistentemente, fico com a noção clara do que é “o mais curto espaço de tempo” na cabeça do grande vereador Nunes da Silva.
O homem está preocupado com o Bairro da Liberdade. A este respeito, a primeira grande obra da nova Câmara foi dizer que se trata de um problema de protecção civil, de um problema social, e de uma questão urbanística e de alojamento. Feita esta magnífica descoberta, o senhor vereador chega à genial conclusão de que é preciso fazer umas demolições. Outra coisa que era capaz de escapar ao bestunto do respeitável público.
Ligado com esta questão, sabe Deus como e porquê, há, diz ele, o problema das saídas das escolas, que são uma chatice porque “o tráfego pára”. Não, meus senhores, o que é preciso não é proteger a saída das criancinhas, é arranjar maneira de as estúpidas criaturas não chatearem os passantes só porque, alarves, querem sair da escola. Como se resolve o problema? “Criando alternativas”, que “estão a ser estudadas”. Até há, imagine-se, alternativas “que já estão definidas”. Quais, como? Não se sabe. O que se sabe é que quem não se revelar tão alternativo como o ilustre vereador deseja, será objecto da maior “intransigência”. Cuidado, pessoal!
Depois, somos premiados com a revelação, de alto conteúdo político, de que o Costa “falhou”, leia-se não cumpriu, a promessa de acabar com o estacionamento em segunda fila. Na sua qualidade de vítima do estacionamento em segunda fila, o IRRITADO acrescenta que o Costa não só faltou à promessa como agravou brutalmente o problema fazendo as mais inacreditáveis asneiras a tal respeito. De qualquer maneira, é giro ver como os rosetistas vão criando argumentos para, quando acharem conveniente, dar com os pés ao Costa. Para o nosso vereador, mais uma vez, é preciso “criar alternativas”. Depois, aplicar “policiamento a cem por cento”. Cuidado, pessoal! Como a criação de alternativas, evidentemente, vai ser um programa de longo prazo, ficamos a saber que tudo vai ficar na mesma, ou pior. A EMEL continuará a proteger as segundas filas e a multar, imobilizar e rebocar as primeiras, os polícias continuarão à caça dos tipos que não pagaram o imposto enquanto as segundas filas vicejam debaixo do nariz deles. O sistema de repressão continuará a ser tão vilmente estúpido como é hoje, ou seja, vamos de mal a pior.
No seguimento da já referida intransigência, o nosso homem, após tomar medidas que melhorem a circulação, vai “ensinar as pessoas” a utilizar “os eixos”, isto servido por “uma política de controlo absoluto de fiscalização”. Presumindo-se que o que o fulano quer dizer não é fiscalizar o controlo mas fiscalizar absolutamente as pessoas, ficamos a saber o que nos espera, em matéria de estupidez, falta de critério e de abusos da polícia. Cuidado, pessoal! O que vale é que isso de pôr os “eixos” nos eixos é tarefa a que os nossos netos talvez venham a assistir quando o Dr. Santana Lopes, ou equivalente, voltar ao poder.
Em mais uma manifestação de repugnância pelo homem que lhe deu o lugarzinho, o professor acha que “o projecto em execução (na CRIL) é um verdadeiro crime”. E diz porquê. Se assim é, o criminoso, entre outros, é o Costa. Então o nosso professor colabora com criminosos, como o Costa? O vereador, impoluto rosetista que, de braço dado com essa flor do entulho que se chama Sá Fernandes, já “pediu uma audiência ao presidente das Estradas de Portugal” para “lhe manifestarmos (sic) a nossa mais viva oposição e repúdio por aquilo que está a acontecer”. Bonito. Então, se o que está em construção, bom ou mau, já o estava na altura das eleições, por alma de quem alinhou o professor com o Costa nas eleições? Para lhe vir chamar criminoso logo a seguir? Para, sendo parceiro político de um criminoso, tratar de salvar a face perante os enganados rosetistas? Sabe-se lá.
Seguidamente, vem a tirada estatista/colectivista. As câmaras precedentes, com certeza a começar pela social-comunista do camarada Soares, fizeram contratos com uns horríveis privados para a construção de parques de estacionamento. “É preciso acabar com isto!”, acha o distinto engenheiro. Como? Fazendo a câmara os parques. Não mais permitindo que uns vis privados se locupletem com o subsolo da cidade e com as moedas dos cidadãos. Aliás, quando as concessões chegarem ao fim, vai tudo para a rua, garante o vereador. Muito bem. Esta promessa só será possível, avisa o IRRITADO, se não aparecerem o camarada Coelho e o Costa a prolongar as concessões por mais duzentos anos, como fizeram com os contentores. Coisa que o nosso vereador gostosamente engoliu a troco do pelouro.
Bom, a Câmara vai construir “vários milhares de lugares para os residentes”. Maravilha! E vai construí-los “em estrutura”, diz o homem. Quer dizer, vão ser subterrâneos. Nada mais barato, nem mais socialista/rosetista, já que Santana Lopes os queria construir à superfície. O homem diz que há dinheiro para tudo, “desde que o estacionamento não seja encarado como um negócio”… do qual “há empresas que beneficiam imenso”. O brilhantismo deste pensamento ultrapassa a capacidade de comentário do IRRITADO. De qualquer maneira, a conclusão não pode deixar de ser que a Câmara se vai endividar mais para construir a coisa (se é que vai construir seja o que for), e depois, como não quer que haja “negócio”, vai arranjar mais um colossal buraco. Aliás, com o mesmo brilhantismo, este objectivo foi conseguido com a soviética EMEL. A acrescer a isto, o senhor advoga que os estacionamentos que a Câmara construir vão ser, “ou muito baratos ou gratuitos”, o que aprofunda exponencialmente o buraco. “Há um grupo”, diz o vereador, “que controla, directa ou indirectamente, 70% do estacionamento pago em Lisboa. E isto “é um perigo”. Que perigo? O da criação de um monopólio. Quem o criou, se é que existe? Se o ilustre senhor pensasse nisto duas vezes, se calhar continha-se.
O vereador acha que o Metropolitano, a Carris, etc., deviam ser empresas municipais, o que quer dizer que os cósmicos buracos dessas organizações em vez de ser imputados ao Estado passavam a sê-lo à autarquia. Pois. O senhor vereador, em vez de exigir que a Câmara seja tida e achada nas opções de transportes, quer a propriedade dos ditos. Uma vez tapados os buracos com o dinheiro dos impostos, assevera. Não antes. Notável. Quem os criou que os tape, diz ele. Donde se pode concluir que fomos nós que os criámos. Ao contrário das empresas estatais, as municipais não dariam “jobs for the boys”, diz ele. Wishfull thinking, diz o IRRITADO.
O senhor é contra a extensão do metropolitano para fora de Lisboa. Trata-se, na sua opinião, de uma fonte de especulação imobiliária. Quer dizer, o homem deve ter descoberto opções para estes transportes, opções que não refere mas que são tais que não proporcionarão qualquer incremento da construção ao longo das suas linhas. O que, garantidamente, quer dizer que o nosso engernheiro descobriu a pólvora sem fumo.
E muito mais haveria a dizer, se o IRRITADO não estivesse já cansado, e irritado, com estas patacoadas todas.
Concluamos então, dizendo que estamos entregues à bicharada.
Olho para o suplemento de economia do “Expresso”, grande especialista em recados, que vem cheio de sérios motivos de reflexão. Demos uma rápida olhadela aos títulos.
Primeira página:
a)Até ao fim do ano a CGD vai juntar mais 500 milhões aos 3.500 que já emprestou ao BPN;
b)Fuga de capitais atinge recorde este ano;
c)Agricultores têm razão de queixa*;
d)ZON vai receber capital angolano;
e)Orçamento confirmativo
Páginas 2 e 3:
f)Não estou aqui para enganar ninguém*;
Página 4:
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Página 5:
g) Vamos ao pote de mel?
h) INOV CONTACTO ou algo a correr bem;
Página 6:
i)TAP: prejuízo passa €60 Milhões;
j)Mota Engil ameaça;
l) Denunciar caloteiros;
m) Cheques carecas;
n) Recambiar os sogros para o hotel;
Página 7:
o) Para onde vai a economia?;
Página 8:
p) CGD põe mais 500 milhões no BPN (cont.);
q) Manual de esquemas em 427 páginas;
Página 9
r) Angolanos vão entrar na ZON (cont.);
Página 10
s) Ministério Público dá gás ao caso BPP;
Página 11:
t) Fuga recorde para offshores (cont.);
Página 14:
u) Não se podem(sic!) perder 1.490 milhões**;
Página 15:
v) Mota Engil arrasa ponte da FCC;
Página 16:
x) 2009, um ano para esquecer;
Página 17:
z) Braço de ferro nas contrapartidas.
Palavras para quê?
30.11.09
ABC
*Estas são do ministro da agricultura. Que melhor apreciação do trabalho do seu antecessor! E que inspiração esta do homem da banha da cobra!
**Esta é do secretário de estado não sei de quê. Parece que, afinal, este governo está apostado em dizer que o anterior era uma cambada de aldrabões, e que este, com o PM a dizer o contrário do que dizia há 3 meses, continua a sê-lo.
Gosto muito do Norte, e também do Porto, sua alegada “capital”, coisa que o Norte não aceita mas vai consolando o ego da tripeiragem.
Adiante. Vem isto a propósito da indignação do pessoal por causa de umas governamentais negociações tendentes a pôr em Lisboa aqueles horríveis aviões que fazem um banzé do caneco e que ainda não mataram uma carga de basbaques porque não calhou. Têm toda a razão. Pela minha parte, Deus queira que fiquem lá com aerotraques e que lhes faça bom proveito.
O que não se percebe, nesta matéria (como se diz agora), é por que carga de água tem o governo a ver com o assunto. Dir-se-ia que o problema é da Câmara do Porto e da de Gaia. Por outras palavras, o que isto quer dizer é que o centralismo socrapífio é tal, que até se mete em divertimentos municipais.
Também não se percebe que os autarcas do Porto e de Gaia andem para aí aos gritos, que são os privilégios da capital, que os querem roubar, e que e que e que. Até falam em pontes a mais em Lisboa, eles que, e acho muito bem, têm uma multidão das ditas. E auto-estradas por todos os lados. Este ciúme, tão mesquinho como idiota, é talvez a mais triste característica da malta do Porto.
O IRRITADO acha que os referidos autarcas, em vez de andar para aí com argumentos meio parvos, deviam era protestar contra a intromissão do governo, dizendo-lhe que se está a meter onde não é chamado.
O incrível Marcelo Rebelo de Sousa acha que o juiz Ricardo Cardoso deu, no “Prós e Contras”, uma abada ao Dr. Marinho Pinto. E comenta que “um homem que teve a coragem para julgar os casos das FP25 e da Emáudio não se assusta nem com dez bastonários juntos”.
É uma opinião, quiçá respeitável. Deveria o seu autor, no entanto, acrescentar que, no caso FP25, quem se lixou foram os arrependidos e que, no caso Emáudio, ninguém se lixou.
Ficava o povo mais esclarecido.
A respeito do citado programa, sublinhe-se a sanha, verdadeiramente desproporcionada, quase louca, com que o bastonário defende tudo o que possa ser conveniente para o senhor Pinto de Sousa, e a mixórdia intelectual, quase paranóica, que faz, sem se calar, entre o que é político e o que é judicial, com o evidente objectivo de deitar areia para os olhos de cada um. Ao princípio do mandato julgava-se que este homem era independente, ou que actuava como tal.
Um doutíssimo reformado do Tribunal Constitucional veio a lume defender o “direito fundamental” dos magistrados a organizar-se em sindicatos, como todos os outros cidadãos. A argumentação do ilustre senhor é tão óbvia, tão imediata, que dá para a classificar como primária e para suscitar dúvidas sobre a qualidade dos nossos juízes, pelo menos enquanto “classe”.
Como bem refere o ex-juiz, quem queira defender o direito ao sindicalismo judicial tem à disposição centenas de documentos e de exemplos, desde a Constituição às mais diversas declarações, da ONU ao Conselho da Europa, do amigo banana ao senhor de Lapalisse. A demonstração é fácil. Tão fácil que não devia fazer parte da douta intervenção do juiz em causa.
O problema não é do de saber se os magistrados, como quaisquer outros cidadãos, têm ou não têm direito – positivo - a organizar-se em sindicatos para defender os seus interesses profissionais. O problema está resolvido. Têm.
Trata-se de saber se os magistrados são cidadãos como quaisquer outros. Não são. Os poderes que têm e que sobre os demais exercem tornam-nos diferentes e são claramente incompatíveis com reivindicações sindicais, com a luta contra o patronato, com a greve e com tantas outras demonstrações sociais e políticas que fazem parte da panóplia de objectivos dos sindicatos. A tão apregoada, e tão abusiva e extensivamente interpretada “independência” dos magistrados, só por si, demonstra à saciedade a diferença fundamental entre eles e os demais, militares incluídos. É que, em todas as profissões, as pessoas são responsáveis e devem ser responsabilizadas pelo que fazem ou deixam de fazer no exercício das suas funções. Os magistrados não. Quando investigam e, sobretudo, quando julgam, não são responsáveis nem podem ser responsabilizados pelas sentenças que proferem, as quais dependem da Lei e da forma como cada juiz a interpreta e aplica ao caso concreto. Se a decisão de uma instância modificar a da instância anterior, tal não significa que esta seja punida por ter julgado de outra forma.
É certo que, ainda há pouco, um juiz foi castigado por delito de opinião profissional. Mas isso deve-se, como toda a gente sabe, a uma criminosa intervenção legislativa do poder socialista para favorecer um dos seus, intervenção que, em total ausência de dignidade, houve magistrados que acolheram e reflectiram disciplinarmente. Trata-se de um episódio grotesco, que nada quer dizer em relação à essência da profissão dos magistrados.
Sendo diferentes dos demais, fazendo parte do poder (sem ser eleitos, o que lhes confere particulares obrigações morais, sociais e políticas), não podem, ou não devem, organizar-se como os outros. Que criem “ordens”, destinadas a velar por um código de deontologia profissional, a acreditar os profissionais, a criar esquemas de protecção social, vá que não vá. Associar-se sindicalmente, é não só não ter a noção da natureza do seu mister, como reduzir o poder de que, por mandato da sociedade, dispõem, ao simples exercício de uma profissão como outra qualquer.
É certo que o entendimento moderno da igualdade coloca o conceito entre aspas. A “igualdade” dos nossos dias é fonte das maiores iniquidades e das mais terríveis confusões. Os magistrados serão iguais às outras pessoas enquanto cidadãos, mas substancialmente diferentes enquanto profissionais da soberania.
O ilustre magistrado que é motivo próximo destas linhas defende os contributos dos sindicatos para “a denúncia dos males na administração da Justiça e da feitura da Lei”, para a cooperação “nas tarefas do legislador”, “empenhando-se na sociedade civil" e "promovendo o conhecimento”, isto revelado em várias publicações.
Dando de barato estas nobres tarefas, tal como alegadas pelo ilustre juiz (criticá-las daria para considerações bem mais longas…), não são elas nada que a uma “ordem” não pudesse fazer, mas coisas que estão a léguas do que a um sindicato compete. Os sindicatos da construção civil não se pronunciam sobre as normas de aplicação do ferro no betão. Nem os da construção naval sobre a espessura das chapas dos cascos dos navios. Se os magistrados estão organizados sindicalmente, isto é, se assumem para si a mesma natureza dos pedreiros ou dos soldadores, não têm, enquanto tal, qualquer sombra de competência para “denunciar os males na administração da Justiça” os defeitos “da feitura da Lei” ou, menos ainda, para cooperar nas “tarefas do legislador”.
As consequências lógicas - que as pessoas em geral tiram da existência destes sindicatos e de alegações como as deste senhor - são que os magistrados, afinal, são tipos como os demais e que, como tal, não merecem qualquer consideração especial.
O que equivale a dizer que, para além de todos os problemas que os magistrados enfrentam, que serão deles e são nossos, há a relevantíssima questão social de revelar que, sindicalizando-se, são os próprios magistrados a considerar-se e ao poder que detêm com dignidade muito inferior àquela com que deviam, naturalmente, impor-se à sociedade, isto é, agem em quebra da sua necessária proeminência social, do respeito a que deveriam fazer jus e do poder que a sociedade lhes confiou.
Aos confins do Norte, foi o senhor Pinto de Sousa repescar um dos mais ignaros demagogos da colecção para dele fazer líder parlamentar. O homem tem-se exprimido em sucessivas bojardas, pronto que está para demonstrar, a quem achava que o senhor Santos Silva era um trauliteiro desbocado, que é muito mais trauliteiro e muito mais desbocado que ele.
Para o tonitruante palrador já não chegam as “campanhas negras”, nem as conspirações das “forças ocultas”, nem os “assassinatos políticos”, nem as “condenações na praça pública”. Agora, no palrar idiota do fulano, quais carrascos, os tipos das forças ocultas preparam-se para a “decapitação política do governo e do PS”.
Devo deixar dito, para que duvidas não restem, que não é preciso estar filiado nas forças ocultas nem ter sido contratado por nenhuma campanha negra para desejar ardentemente que o senhor Pinto de Sousa seja mandado para casa, já que é notório que, pelo deu pé, não vai. É o caso do IRRITADO, que não é oculto e não faz nada de negro nem decapita ninguém, por muito que lhe apeteça. O IRRITADO jamais dará ao senhor Pinto de Sousa a honra de advogar que seja decapitado no Rossio, tipo Maria Antonieta. Mas lá que ficaria, como a esmagadora maioria dos portugueses, felicíssimo se o homem fosse chatear ou aldrabar outro, isso ficava com certeza.
Uma manada de vacas aceitou um convite para ir a uma festa dada por um milionário desconhecido. Prestaram-se, até, a apresentar-se a um casting, que as seleccionou segundo as características do físico de cada uma.
Para desilusão da vacaria, o milionário desconhecido era o senhor Cadáfi, dito pederasta convicto pela má-língua internacional. Quer o seja quer não, ficaram as vacas a chuchar no dedo. Nem convites para dançar, nem para umas sessões de fotografia em cuecas, nem para uma selecção para um filme pornográfico, nem para acompanhantes do milionário em viagens de negócios à volta do mundo, nem para deputadas de um partido qualquer. Nada. Elas, que iam dispostas a tudo, vestidas para matar, ansiosas por dar o corpinho ao manifesto, acabaram por arrastar as minissaias, os decotes, os saltos altos e as faixas de gaja pela porta fora, depois de ouvir uma prelecção de islamismo primário e de ter amargado horas para obter um autógrafo do palhaço num grosso volume do Corão.
Pena é que a manada tenha sido de voluntárias italianas, cidadãs de um país civilizado, tão ávidas de se vender como as centenas de gajas, às vezes bem boas, que, todos os dias, enchem as bancas dos jornais portugueses com as bem pagas memórias das respectivas cuecas.
Apesar da geral desilusão da vacaria, há por aí outras más-línguas que, quem sabe se por conta do fulano, garantem que houve umas três ou quatro que, à boa maneira muçulmana, tiveram a sublime oportunidade de aquecer os lençóis da tenda do ditador do deserto. Grande amigo, aliás, do senhor Pinto de Sousa.
Enquanto a Justiça vai dando o seu cada vez mais degradante espectáculo, o crime vai fazendo o seu caminho.
Se não, vejamos.
As almas socialistas, ou algumas almas socialistas, proclamam a inegável existência de terríveis crimes: ele é o assassinato de carácter do primeiro-ministro, ele é a ESPIONAGEM política por obra da polícia e dos magistrados, ele é a DECAPITAÇÃO não sei de quem não sei por quem, ele é o Dr. M. Soares a dar tratos à moleirinha para demonstrar a existência destes crimes e de mais alguns, um nunca acabar de malefícios, e ninguém se importa!
Os magistrados de Aveiro acham, para além de qualquer dúvida, que o primeiro-ministro é suspeito de vários crimes. Que país é este?
Então desconfia-se assim do primeiro-ministro? Que país é este?
As outras almas estão preocupadas com outras coisas.
Os mais altos magistrados do país, depois de andar à trolha nos jornais sem contenção nem vergonha, fizeram as pazes na base de considerar que os tipos de Aveiro são umas bestas e uns atrevidos. Que país é este?
Os mesmos altos magistrados nem sequer percebem que, objectivamente, estão a atirar bóias de salvação ao primeiro-ministro. Que país é este?
Também não percebem que, não dando conhecimento a quem de direito (nós) das escutas que tudo motivaram, ainda menos dos doutos despachos que redigiram para safar o primeiro-ministro, estão, por um lado, a desacreditar-se e às suas funções e, por outro, a dar aos portugueses a certeza de que há coisas que insistem em esconder. O que, como é evidente, dá às almas a certeza certezinha de que o protegido dos altíssimos magistrados é o que as pessoas, há muito, pensam dele. Que país é este?
Um tal Mota, suspeitíssimo de andar a fazer pressão, com certeza atmosférica, vê o respectivo processo no jazigo da Maçonaria nos Prazeres, ou noutro sítio tão silencioso quanto esse. Que país é este?
No mesmo local deve descansar o processo Freeport. Já lá estão a universidade do primeiro-ministro, a Cova da Beira, as assinaturas de projectos suspeitos, ou as assinaturas suspeitas de processos, e mais não sei o quê. Que país é este?
Anteontem, um tipo que matou a namorada e confessou o crime, foi pacificamente enviado para casa, já que o juíz ficou seguro da doçura do fulano, coitado, e do insofismável facto de ser incapaz de fazer mal a uma mosca.
O crime parece compensar, ou não descompensar em demasia.
Ao pé dos parágrafos de cima, este caso, é um fait divers. Mas é exemplo, um entre muitos. Que país é este?
Infelizmente, este país é Portugal, o tal que deu mundos ao mundo e que foi, quase sempre, um país livre.
“O nosso Rei é livre, e livres somos nós” - gritava o povo. O Rei assegurava o cumprimento da Lei e a unidade do Estado. Era livre e protegia a Liberdade do seu povo. Hoje, o rei - leia-se, o poder - é livre, mas alicerça a sua liberdade no desprezo pelos demais.
A UMAR (União das mulheres não sei quê - cheira a PC que tresanda!), fez às gentes uma notável proposta: a criação do crime de “femicídio”. Sim, não estou ironizar, é mesmo “femicídio”. Antes de mais, uma demonstração de profundos conhecimentos filológicos.
Para além da categoria intelectual demonstrada na formação da nova palavra, vê-se que as senhoras acham que homicídio quer dizer matar um homem.
Alguém devia tomar conta deste assunto e mandar as raparigas tirar a 4º classe.
Adiante.
Para quem não entender, “femicídio” será o assassínio de mulheres que vivam - antes de morrer, claro - com quem as mata, subentendendo-se, evidentemente, um homem. As “umaristas” acham, como já disse, que o homicídio acontece quando um homem é assassinado e que a velha palavra uxoricídio está condenada pelos novos costumes da sociedade. Dizem as nobres senhoras que uxoricídio cobre apenas o que diz respeito a fulanas assassinadas pelo seu legítimo marido. Estando consagrada pela moral social a vida em comum - anglo-saxónicamente conhecida por living in sin, isto é, as uniões de facto, o homem (tem que ser um homem) que mata a mulher com quem não é casado, está impedido, coitado, de cometer um uxoricídio. Daí que as congregadas da UMAR tenham toda a razão em dizer que o nosso direito penal tem absoluta necessidade de criar o “femicídio”. Cristalino, não é?
Nos casos, mais que improváveis, em que seja o homem ser morto, como resolver a questão filológica? Se homicídio serve para qualquer homem, se o homem for marido, ou namorado, ou coisa que o valha, como nomear o crime? Machocídio? Amantocídio? É de pensar nisto, minhas senhoras.
Para as ajudar e lhes excitar a penal imaginação, o IRRITADO chama a atenção para mais alguns problemas sobre os quais o seu elevado espírito não deixará de reflectir.
Quando o senhor Pinto de Sousa conseguir, finalmente, pôr os homossexuais a casar, como é que se resolve o problema? Se uma Lésbica casada com outra lésbica a mata, como se chamará o crime? Talvez “fufocídio”, mera sugestão do IRRITADO. Haverá ainda a complicada questão de saber se, no casal, a assassinada é mulher ou marido. Se for marido, como se chama o crime? “Batepratoicídio”? E se se tratar de outros pupilos do senhor Pinto de Sousa e do Louça? Como proporá a UMAR que se chame? Por um lado, levanta-se a importante questão de saber quem é quem no “casal”: ele (ela?) ou ela(ele?). Depois, levantar-se-á o problema da nomenclatura penal. Se o morto(a) for ele(a) como se poderá chamar ao crime? Maricocídio? Homossexocídio? Pederastocídio? E virado o disco? Se o(a) defunto(a) for ela(e) Panascocídio? Filarmonicocídio?
É importante que as senhoras tenham presente que “homicídio” não é assassínio de um homossexual.
Com estas prevenções, julgo que o mulherio da UMAR, sob a direcção do comité central, não deixará de brindar a Nação com a clareza e das suas distintas ideias e com a luz da sua inestimável inteligência.
António Figueiredo morreu. Soldado do império, admirador da inteligência, empresário de génio, lutador pela liberdade posta em causa pelos inimigos, dela e dele, António Figueiredo enfrentou os tempos novos empenhando-se em que fossem tempos de sucesso, o sucesso que o socialismo de esquerda impedia, sem sequer saber herdar o que, de reserva de progresso, apesar de tudo lhe tinha sido deixado pelo socialismo de direita.
António Figueiredo viveu como um príncipe e trabalhou como um mouro. Seguiu sempre em frente, deu cem vezes “a volta por cima”, foi amigo de quem com amizade o tratou e votou à ignorância os que, com maldade ou sem ela, se lhe atravessaram no caminho. Não era de vinganças, seguia em frente.
Sendo velho, morreu no auge da juventude, vítima do mar que sempre amou, como tinha amado os céus na sua carreira de “pilotaço”.
Permita-se-me uma palavra sobre dias a que os comentadores e os panegiristas póstumos se não referiram. Li várias referências à sua passagem pela comunicação social como accionista do “Semanário” e ao empenho que teve em tornar o jornal uma arma liberal e livre, coisa que, em Portugal, trinta e tal anos depois de instaurada a liberdade de imprensa, ainda não houve. Saiu quando viu que tal não era possível - coisas que não contarei.
Depois, tornou-se líder incontestado do grupo que adquiriu o “Século” e o antigo “Jornal Novo”, ao tempo chamado “A Tarde”.
“A Tarde” nunca foi o que se chama um sucesso editorial. Mas, com o apoio desinteressado de António Figueiredo, foi importantíssima “arma” na luta contra o Bloco Central e na criação de condições para o que havia de vir a ser o período “cavaquista”. “A Tarde” foi sempre um jornal com cara, a cara da libertação da sociedade civil contra os desmandos morais e políticos do socialismo. Cara que, nem como máscara, há jornais que ostentem.
Até ao fim, António Figueiredo sempre se orgulhou de ter apoiado “A Tarde” e quem fazia “A Tarde”, sem jamais se ter intrometido no que cada um escrevia, embora não se abstivesse de criticar aquilo de que não gostava sem jamais perseguir quem insistia em defender o que tinha criticado.
“A Tarde”, como empresa, terá sido o maior flop da sua carreira. Um flop de que se orgulhou até morrer.
Como vejo este passo da sua vida esquecido nos doutos comentários dos Marcelos Rebelo de Sousa, dos Pedros da Anunciação e de quejandos, aqui fica a recordação de um tempo em que, apesar de tudo, muito valia a pena, e de um homem que se batia pelo que valia a pena.
Dona Cância, aproveitando a abertura de que dispõe no DN (órgão oficioso do PS que usa da mais radical imoralidade jornalística quando se trata de ajudar o chefe), veio a lume com uma artigalhada – o dobro do espaço habitual, que já é demais – revoltar-se, coitadinha, contra o facto de as autoridades encarregadas da moral (republicana) dos profissionais da coisa não terem dado o devido provimento aos seus protestos contra o surgimento, na imprensa,de gente que a “acusa” de ser “namorada do primeiro-ministro”.
Trata-se, na opinião da ilustre plumitiva, de uma invasão da sua vida privada, um pecado sem nome. Há até, protesta com justa indignação, fotógrafos, a que chama paparazzi (quem é a senhora para se achar com direito a ser paparazzizada?), que a apanham, em locais públicos, na doce companhia do senhor Pinto de Sousa.
Brada aos céus, não é?
Não é, não senhor. Dona Cância é uma das mais ferozes defensoras da “liberdade contratual” entre homens e mulheres, mulheres e homens, homens e homens, mulheres e mulheres, e do mais que não me dou ao trabalho de imaginar. É uma acérrima prosélita das uniões de facto, dos namoros de alcova, de tudo o que, para ela, significa direito e respeito civil por tal direito.
Dona Cância deveria tentar perceber que o senhor Pinto de Sousa, namorado ou não, é primeiro-ministro do saco de desgraçados em que transformou o país. E que, em todo o mundo civilizado, as pessoas têm o direito, esse sim, um verdadeiro direito, de saber do estatuto civil dos seus dirigentes. Ora se as uniões de facto, as ligações de alcova, os namoros de toda a espécie, são, na opinião da dona Cância, iguais ao estatuto civil de “casado”, tais ligações, no caso dos políticos, tendo igual dignidade entre si, devem ser, como é óbvio, do domínio público. Se o Presidente da República é casado, dúvida não resta que as pessoas têm o direito a saber que assim é, quer dizer, o facto de o Presidente da República ser casado ultrapassa largamente o limiar da sua respeitável privacidade. Toda a gente tem direito a conhecer da sua situação civil, o que não significa que tenha o direito a saber o que se passa em casa do senhor. Se a dona Cância, como os seus escritos postulam, acha que a sua ligação com o primeiro-ministro tem a mesma dignidade que o casamento do Presidente da República, com que direito protesta contra o facto de haver quem o diga e escreva?
Terá, sem dúvida, tal direito, se o que dizem não for verdade. Mas se o é, não se trata de “vida privada”, não tem nada a ver com as festas que o Presidente da República faz, ou não faz aos netinhos lá em casa! Bem pelo contrário, é coisa tão pública como os projectos que o senhor Pinto de Sousa assinava lá nas berças.
O que a dona Cância devia fazer era informar as pessoas sobre a situação “marital” do primeiro-ministro. São amantes, ou não? Aqui está uma questão de inegável interesse público e pouco de interesse privado.
O inenerrável Pinto da Costa veio a terreiro dizer que pensa de que o campo do Oliveirense não é digno de ser pisado pelos delicados pezinhos dos seus atletas. O feroz Jesualdo apoia incondicionalmente esta nobre atitude do caudilho. O FêCêPê, institucionalmente, coloca na net os protestos da mais elevada indignação por ver a sua requintadíssima gente na contingência de se ver obrigada a jogar à bola em tão inaceitáveis condições.
Na cabeça das elites do FêCêPê, as autoridades da bola deviam ter estes casos em atenção e transferir o jogo do campo do Oliveirense para o Santiago Barnabéu, ou melhor, para o Old Trafford ou o Maracanã. Acho muito bem. É uma violência, uma indecência, realizar um jogo em condições tão miseravelmente precárias para a nobreza, a delicadeza, o nível, a cultura, a categoria social, global, universal, cósmica, do FêCÊPê.
Das profundezas da sua plebeia e triste condição, o IRRITADO atreve-se a dar a tão insignes rebentos da Pátria um humilde conselho: se não querem sujeitar-se a tão terríveis ofensas, os FÊCÊPÊs deveriam retirar-se dignamente de uma competição em que entram adversários que, manifestamente, não são dignos de receber tão altas criaturas.
Em alternativa, metam a viola no saco. Vão protestar para o caraças.
21.11.09
António Borges de Carvalho
E.T. E não é que sua excelência o árbitro cancelou o jogo, alegando que estava a chover muito? Ora vêm como elas mordem? Como diria o propagandista Santos Silva, quem se mete com o Pinto da Costa lixa-se. Tudo se passa, como é evidente com a aristocracia de pernas para o ar, isto é, com a aristocracia socialista.
Em Portugal, a palavra classificação caiu em desuso. Não se é classificado, entra-se, umas vezes no ranking, outras no rating. A palavra ranking já não é só inglesa: segundo o dicionário deste computador, por exemplo, é portuguesa(!).
Modernices.
Vem isto a propósito, calculem, do excelentíssimo ministro das Finanças que temos. O IRRITADO assinala, com o mais genuíno júbilo, que este insigne governante subiu no ranking dos ministros seus colegas europeus, publicado pelo “Financial Times”.
Pois é. Corações mão alto! Há dois anos, o senhor Santos era o pior de todos. Agora é 15º entre 19! Subiu na tabela classificativa.
Injusto seria se o IRRITADO, que não se esqueceu de sublinhar o caso quando o homem era o lanterna vermelha, não o fizesse agora.
A continuar na sua vertiginosa subida, se a criatura se aguentar no poder mais uns sete anos, passa para o meio da classificação.
A fim de podermos avaliar do estado de avanço intelectual em que se encontra o PC, a seguir repito a transcrição da opinião do “Avante” publicada no “Expresso” sobre o fim do bolchevismo e a queda do muro de Berlim.
Diz um tal Casanova (nada a ver com o autêntico) no extraordinário jornal:
Se há um balanço negativo do socialismo construído na União Soviética é o da derrota sofrida: a derrota é que foi negativa.
Diz um certo Fonseca:
O derrube do muro de Berlim não foi a vitória da liberdade, como agora se apregoou, mas sim a vitória da avidez consumista.
Dizia eu que as tão inteligentes palavras do Casanova e do Fonseca eram motivadas pelo fim do bolchevismo. Falava, como é evidente, do resto da Europa, uma vez que por cá ele continua de boa saúde, já que temos nada menos que dois partidos comunistas com quase 20% dos votos.
Somem a isto os 40% de votos do PS e pensem porque é que ainda há quem se interrogue sobre as causas profundas - e superficiais - da nossa pobreza…
A castelhana que terá casado com o Saramago e se prepara para receber, bem adubada com as isenções fiscais de Lanzarote, a choruda herança do velhote (rima e é verdade), insiste em ordinarices e pontapés na gramática.
Na revista do jornal privado chamado “Público” da semana passada, entre outros mimos, disse:
Estes colunistas de merda, tão jovens, submissos, obsoletos, têm uns óculos que lhes deve dar para verem o tamanho do seu pénis… pequenino.
Vejam, deliciem-se com este verdadeiro primor de sentimentos, admirem a delicadeza, a feminilidade, a altura moral, a categoria intelectual da senhora! Notem a inteligência do critério com que utiliza as palavras “merda” e “pénis”, aprendam a pôr formas verbais no singular quando o sujeito está no plural, aprendam a pôr infinitos impessoais no plural… ah!, vejam quanto têm para aprender com esta preciosa aquisição da nossa cultura, nada menos a senhora presidenta* de uma fundação à qual o presidento* da Câmara de Lisboa, pelos vistos um criminoso à solta, deu a nossa Casa dos Bicos.
Vejam como ela sabe, de um saber de experiência feito, com certeza, de ciência certa, pois então, as dimensões dos órgãos dos nossos jovens colunistas… Comovam-se com a preocupação da senhora com a miopia e a má qualidade dos óculos de tais jovens, que nem para ver o pénis servem…
Bem merecemos mulheres como esta, bem educadas, com um pensamento cristalino, uma decência moral acima de qualquer crítica, amigas do Costa, presidentas*…
Na cabeça das pessoas, o problema é haver um primeiro-ministro que, provadamente:
- assinou projectos inacreditáveis, os quais, se eram de sua autoria, são uma vergonha, se não eram são outra;
- tirou um curso à la manière;
- adjudicou um concurso, hoje em julgamento nos tribunais criminais, ao fulano que lhe tinha “propiciado” tal curso;
- comprou um andar por um preço estranhíssimo;
- autorizou, após reunião com os promotores, um investimento em que as suspeitas são mais que muitas, quer o envolvam quer não;
- manteve conversas telefónicas com um suspeito de crime de corrupção, e que tais conversas, para os investigadores, oficialmente, contêm sinais de crime de atentado contra o Estado de Direito;
- … chega. Há mais, mas já chega.
É assim que as pessoas, adeptas ou não do primeiro-ministro ou do seu partido, põem a questão. Questão que não é a de saber se o primeiro-ministro cometeu algum crime ou não cometeu crime nenhum, mas sim a de saber se um cidadão com a colossal “agenda” de rabos de rabos de palha e de esqueletos no armário, pode, num país civilizado, num Estado de Direito, numa democracia liberal, no Ocidente europeu, ser primeiro-ministro.
As pessoas sabem que não pode, não deve, que tem que se ir embora, que já devia há anos, há anos devia ter dado outro rumo à sua vidinha.
As pessoas sabem que o primeiro-ministro não tem, minimamente, o perfil (chamemos-lhe assim) para ocupar o cargo que ocupa, sem grave ofensa à dignidade dos cidadãos e do país.
As pessoas percebem que não há “campanhas negras”, mas processos administrativos e judiciais.
As pessoas percebem que não há “forças ocultas”, mas pecados e pecadilhos que nunca foram desmentidos, uns, ou julgados, todos.
As pessoas percebem que não há “espionagem política” mas legítimos inquéritos judiciais.
As pessoas vêm que não há “assassinatos de carácter”, e sabem que, em questões de carácter, é o próprio primeiro-ministro que a si mesmo prejudica, e não terceiros.
As pessoas sabem que a imprensa é o que é, às vezes muito má, mas que as notícias são notícias e que a esmagadora maioria das notícias que têm aparecido e que afectam o primeiro-ministro são verdadeiras.
Todas as pessoas? Não! Qual serôdio Abraracourcix, Mário Soares não está com elas. Não pensa como elas. Os romanos são doidos!
Escreve o senhor que o problema é, quase em exclusivo, o de haver uns canalhas que não respeitam o sacrossanto “segredo de justiça”, isto é, se nada saltasse nada cá para fora não havia problema nenhum.
Os delatores, os que passam informações, os jornalistas que as publicam, tudo não passa de um bando apostado em “julgar as pessoas na praça pública”, assim criando um problema que, sem informação, não existia. Bandidos!
A polícia Judiciária e o Ministério Público, cheios de curioso espírito inventivo, investigam coisas que, sem excepção, ficam em águas de bacalhau. Face oculta parece ser… a da Justiça. Destes departamentos da Justiça vêm as “fugas” do tal segredo organizadas estrategicamente, em momentos específicos (quem o ler há-de pensar que a “Face oculta” foi lançada antes das eleições…), para desprestigiar a Justiça (e as pessoas a julgar que o que desprestigia a Justiça são as tricas entre o PGR e o PSTJ!), e certos políticos, para enfraquecer e desacreditar o sistema democrático, em que alguns outros políticos inconscientemente se intrometem, com fins imediatistas e oportunistas, tentando visar os seus adversários de momento.
Quer dizer, no douto parecer do Dr. Mário Soares, o que desprestigia o sistema democrático e seus agentes não são os esqueletos do armário do senhor primeiro-ministro, são os comentadores, são vozes escolhidas a dedo, são os tipos das “fugas” e os adversários políticos.
E as pessoas a pensar que os adversários políticos do primeiro-ministro têm tido posições escandalosamente soft em relação às asneiras do primeiro-ministro! Burras!
O Dr. Soares acha que não devia haver segredo de justiça. Mas revolta-se contra o que se sabe do segredo que há, isto é, da forma muito corrente de denegrir a honra de figuras públicas, que ainda por cima não têm como se defender! Vá-se lá perceber a lógica de pensamento do senhor.
O Dr. Soares acha que os julgamentos na praça pública constituem verdadeiros assassínios morais e políticos de homens públicos sem provas nem julgamentos. Esquece que os julgamentos políticos não têm a ver com provas nem com julgamentos judiciais. Têm a ver com o merecimento político de cada um. Não há, como dizem para aí os socialistas, julgamentos de carácter (morais e políticos, na expressão do Dr. Soares). Quando muito, no caso vertente, haverá um suicídio de carácter, se é que o primeiro-ministro tem carácter para “suicidar”.
Facto é que, se o primeiro-ministro, se tivesse a certeza de não ter, nos telefonemas escutados, dito nada que lhe pudesse ser assacado, pediria ao PGR que os tornasse públicos, não que lhos facultasse só a ele. Não é?
O Dr, Soares não quer perceber, por inultrapassável handicap partidário, que é muito mais importante para as pessoas e para o país saber que primeiro-ministro têm, do que ver na choça o sucateiro e os seus “sócios”. Isto sim, é um caso para a Justiça. Aquilo, é um caso meramente político, sobre o qual os cidadãos têm o sagrado direito de ser informados, para que possam tomar as atitudes políticas que muito bem entendam.
O extraordinário filósofo e historiador, deputado europeu eleito pelo BE, um dos mais indefectíveis compagnons de route do camarada Louça, confessou aos jornais que, em Bruxelas, anda de bicicleta, coisa compreensível e politicamente muito correcta.
Até aqui, tudo bem. Só que o distinto comuno-socialisto-bloquista diz que o faz porque… “Bruxelas é uma cidade plana”.
O IRRITADO jura que adorava ver o rapaz a pedalar pelas planícies do Boulevard Botanique, ir de bicicleta da Rue Neuve à Place Louise, da Gare du Midi ao Parlamento, da ópera ao Petit Sablon. Teria pernas para tanto?
Tem desculpa. Antigamente também se julgava que a terra era plana.
*
Entretanto, o camarada Portas Miguel, possuído do mesmo prosélito fervor, e de furor progressista, declarou que a diferença entre a esquerda e a direita é que esta usa gravata e aquela não.
Veja-se a profundidade do pensamento deste homem. Atente-se no brilho da mente deste comunista fino, que terá feito a sua opção de classe no meio da maior angústia existencial! De tal maneira que até já deixou de saber que a gravata se usa consoante as ocasiões e não depende do esquerdismo nem do direitismo de cada um.
O IRRITADO recomenda ao senhor Presidente da República que não deixe esta gente entrar no palácio sem gravata, já que o Dr. Gama parece já ter perdido o respeito pelo Parlamento.
Andam para aí tantos mistérios que o IRRITADO se sente no direito de colaborar no desvendar de um que traz muita gente inquieta.
Tem a ver com o primeiro-ministro, mas nada, garanto, com as suspeitas de que é alvo por parte das forças ocultas que, através de espionagem política, insistem em campanhas negras. Nada disso, que o IRRITADO não participa em tais campanhas. São coisas de magistrados e de polícias, destinadas a mostrar serviço e a excitar a opinião pública.
Trata-se de saber porque é que o nosso primeiro-ministro tem como nome de guerra do grande e homónimo pensador da Grécia antiga.
Os pais do nosso homem tiveram o mau gosto de lhe pôr tal nome próprio a seguir a José, quem sabe se para lhe excitar o bestunto e lhe animar o QI. O resultado não foi brilhante. Terá o homem julgado que, usando tal nome, se tornaria melhor?
O IRRITADO pensou no assunto e acha que não. A “Sócrates” seguem-se nomes normalíssimos: Carvalho, da mãe, Pinto de Sousa, do pai. Aqui, o mistério adensa-se. Porquê deitar fora a família?
O IRRITADO já tinha ficado estarrecido quando o senhor Pinto de Sousa tomou posse pela primeira vez. É que, feita pelo próprio a lista dos convidados para o dourado e Real salão, o Arquitecto Pinto de Sousa não fazia parte de tal lista e até teve, compreensivelmente, um televisivo desabafo de tristeza. Porquê, interrogaram-se as massas, sideradas: o homem não só não usa o nome do pai, como o deixa à porta na tomada de posse!
Há poucos dias levantou-se, perante os olhos do IRRITADO, uma ponta do véu que cobre a misterioso facto. Calcule-se que o Arquitecto Pinto de Sousa foi número dois de uma lista do PSD na Covilhã, lista que concorreu contra o PS e ganhou! Assim se ofende um filho. Suprema ofensa! Daí, Pinto de Sousa nunca mais.
Restava esclarecer porque é que o fulano, não gostando, com carradas de razão, do nome do pai, não passou a usar o da mãe (Carvalho), como há quem faça. O Doutor Pulido Valente, por exemplo, é Correia Guedes do pai e usa o apelido da mãe. Lá terá as suas razões. O senhor Lelo - leviano, presunçoso, vaidoso, maluco, segundo o dicionário - também não usa o nome do pai, Ribeiro de Almeida. Neste caso compreende-se.
Mas o nosso José, nem Pinto de Sousa nem Carvalho. Sócrates! Se o ridículo matasse, onde estaria o nosso bom primeiro-ministro! Mas ele aguenta tudo. O nome da mãe é que também não.
Vista a árvore genealógica do homem, a coisa esclarece-se. Do lado da mãe, é tudo pessoal que nada tem de socialista. Bem pelo contrário, é gente que se conhece (e celebriza!) pelas suas actividades capitalistas.
Tudo claro. Não havia escolha possível. Entre um ramo que é do PPD e outro que, pelo menos, é industrioso, que fazer?
Só José era pouco. Vai, então de arranjar Sócrates como nome de família, que deve ser o que lá fora, com inevitável sorriso, se pensa.
E, no entanto, como diria Galileu, continua a ser o senhor Pinto de Sousa.
Da vox populi: o camarada Vara, segundo foi oficialmente comunicado, foi para casa, mas o ordenadinho, ou ordenadão, vai continuar a ser pago a tempo e horas. Consta que o camarada Vara já fez as necessárias reservas para uma estadia em Cortina d’Ampezzo, outra nas Bermudas, uns quinze dias no Pierre, em Nova Iorque, uma semana em cruzeiro pela Antártida, cabine presidencial, e que planeia com todo o pormenor, sobrando-lhe imensa massa, mais um ou dois anos de merecidas férias.
*
A dona Cância protestou oficialmente contra os infames que, na imprensa, a tratam por “namorada de Sócrates”. Não se sabe se o veemente protesto da distinta criatura se deve a desejar que ninguém saiba da sua relação de alcova com o primeiro-ministro, se se trata de desmentir, indignada, tal e tão indignificante epíteto.
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Aqui há tempo, a gentalha do PS, a começar pelo ministro da defesa que temos a vergonha de ter, insurgiu-se contra o facto de Joaquim Ferreira do Amaral ser presidente da Lusoponte, tendo sido, dez anos antes, o ministro que lhe deu as concessões. Agora, exactamente a mesma gente, acha óptimo que Jorge Coelho seja presidente da Mota-Engil, ele que deixou de ser ministro das obras públicas uns três anos antes de para lá se promover. Uns artistas, os tipos do PS.
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O Santos Silva, que anda por aí a dizer, e com razão, que é ministro da defesa, desdobra-se em declarações que têm a virtude, até agora, de não querer dizer absolutamente nada. Minto, o senhor ministro contribuiu, pelo menos uma vez, para o enriquecimento do nosso léxico. Dizia ele, há dois ou três dias, que é preciso “interseccionar” não sei o quê. Ninguém ficou a perceber se se tratava de “seccionar” ou de “intersectar”. Mas não faz mal. Por um lado, tanto faz, o que ele disse não interessa seja a quem for. Por outro até é de agradecer este contribruto do distinto universitário para o progresso da língua.
*
Já repararam que andamos em maré de destruição de coisas que só interessam aos tarados, os espiões políticos, aos tipos das forças ocultas, aos prosélitos das campanhas negras? Ele foi o incêndio que consumiu, em terras de Sua Majestade, a contabilidade da Freeport. Ele foi o incêndio que destruiu a papelada do tipo das sucatas. Ele vai ser, agora, a discussão sobre se as cassetes da “face oculta” devem ser destruídas pelo fogo, com ácido sulfúrico ou de outra forma qualquer, desde que sejam mesmo destruídas. Sugere-se o auto de fé, para que, como na Idade Média, o povo fique a saber o destino que o poder dá àquilo que não se conforma com a moral em vigor. Desta feita, a moral republicana.
*
O camarada Pinto de Sousa foi pedir ao camarada Chávez, seu amigo do peito e irmão em ideais, que se portasse bem naquela inútil pessegada da cimeira ibero-americana que andam parta aí a organizar. O comportamento do carrasco da liberdade na Venezuela será, assim, a medida da influência do senhor Pinto de Sousa na América do Sul. Na do Norte ninguém sabe quem o tipo é.
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Os diversos espectáculos que têm sido oferecidos ao povo pelo chefe do executivo, pelo chefe dos magistrados judiciais, pelo chefe dos magistrados do ministério público, pelo chefe dos deputados e pelo poder de uma forma geral, SEPIIIRPPDAACS* incluído, levam-me a pensar se viverei num país ou no palco de alguma ópera bufa.
*Sua Excelência o Presidente da III República Portuguesa, Professor Doutor Aníbal António Cavaco Silva.
Andam para aí bastas almas, animadas de fervor socialista e de moral republicana, a acusar estes e aqueles de querer politizar a Justiça, isto é, de tirar efeitos políticos do que se diz e escreve, quando o que se diz e escreve, dito e escrito por razões políticas, tem relação com ou origem em processos judiciais.
Debita tal gentalha que está em causa o Estado de Direito, as liberdades e garantias dos cidadãos, o respeito pela Lei e pela Justiça, o segredo de justiça, a própria democracia, o diabo a quatro. Por isso, propalam haver uma “campanha negra” pelo país fora, instigada por “forças ocultas” que se dedicam à “espionagem política” e que têm por objectivo injuriar o primeiro-ministro, impoluto cidadão e honestíssimo político, tão impoluto e tão honesto que, à la limite e no auge da paranóia, se trata, na opinião do bastonário dos advogados, de um cidadão que “foi eleito duas vezes”!!!
A “campanha”, com simultâneo eco em todos os jornais, todas as televisões, todas as rádios e todas as conversas, é um quebra-cabeças para a gentalha. Não se pode fazer a todos o mesmo que se fez à Manuela e ao José Manuel. Impraticável. Também não há ambiente para fazer como é costume do camarada Chávez, embora as “forças ocultas” achem que, neste como noutros campos, o camarada Chávez já tenha dado muitos e bons conselhos ao primeiro-ministro.
Assim, a gentalha dedica-se a procurar outras formas de resolver o problema mais recente, já que a outra dúzia está, ou esquecida ou relegada para um limbo qualquer, mercê das diligências da gentalha. Os ingleses, por exemplo, fizeram o favor de queimar, num bem sucedido incêndio, os vestígios fosse do que fosse, o que, do ponto de vista tecnológico, é uma solução notável. Sem mais papéis para consultar, os tipos da “campanha negra” lá do sítio viram-se na contingência de arquivar o que já tinham feito. Por cá, no caso das escutas, havia que arranjar solução paralela. Como é difícil deitar fogo à Judiciária, aos procuradores da república, ao jornais, às televisões e ao povo, o primeiro-ministro viu-se obrigado a recorrer a meios mais “democráticos". Começou por manifestar a sua indignação com o que se estava a passar, exigindo das autoridades judiciais que lhe dissessem – repita-se, lhe dissessem, não que tornassem público o que as gravações diziam. Depois, declarou que nada sabia, "oficialmente" ou por "informação prévia", sobre o caso PT/TVI.
Entretanto, o pessoal assistiu, atónito, a uma patética guerra entre o PGR e o PSTJ. O primeiro queria, ou dizia que queria, tornar pública toda a história, acto eminentemente cívico e única forma de respeitar o povo. O segundo insinuava uma data de coisas, baralhava o caso com histórias técnicas para insinuar a incompetência dos serviços do outro. Depois de uns dias de miserável pingue-pongue, o segundo comunicou ao primeiro que tinha mandado destruir as provas, fossem elas do que fossem, e o primeiro comunicou ao povo que, por intervenção do segundo, o povo jamais viria a saber fosse o que fosse.
A manter-se a situação neste pé, far-se-á a vontade à gentalha, não tendo o povo oportunidade de saber se aquilo de que suspeita é verdade ou mentira. O povo, no meio disto tudo, não passa, mais uma vez, de uma coisa estúpida que se manipula consoante convém.
Como parêntesis, analise-se o que disse o primeiro-ministro:
a)Que queria saber de que meios dispunha a Justiça, isto é, queria saber em primeira mão o conteúdo das gravações, obviamente para poder ajuizar se era de “deixar” que viesse a lume ou não;
b)Que não sabia do caso PT/TVI, porque não tinha disso tido “conhecimento oficial” ou “informação prévia”. Veja-se o cuidado da linguagem, o qual a outra coisa não corresponde senão à confissão de ter falado sobre o assunto com o camarada Vara, portanto tido conhecimento da coisa por outra via que não o “conhecimento oficial”, que não a “informação prévia”, portanto que, à altura estava, todo contente com a coisa, e sobretudo por poder alegar que nada sabia, sabendo tudo. Portanto, mentiu ao Parlamento, como alega o “Sol” e, no fundo, qualquer pessoa medianamente inteligente sabe de ciência certa.
A ordem do PSTJ tem o efeito do incêndio inglês: sepultar a verdade, seja ela qual for. Q.E.D.
O que se passou não foi a judicialização da Política, mas a auto-politização da Justiça. A Justiça tomou a decisão de destruir os elementos que julgou improcedentes, mas que tinham uma gigantesca importância política, ou seja, tomou a decisão política de sonegar ao povo o conhecimento de factos que o povo tinha todo o direito de conhecer, porque fundamentais para a informação e a transparência a que tem direito.
Mais uma vitória política da gentalha, desta vez pela mão de um altíssimo responsável da Justiça.
Já pensaram que, se as gravações nada tivessem de politicamente relevante, seria o primeiro-ministro o primeiro a pedir que se tornassem públicas? Não se mete pelos olhos dentro?
15.11.09
António Borges de Carvalho
E.T. O “Expresso da meia-noite” da última 6ª feira foi um exemplo de como os media podem contribuir para a judicialização da política. Com toda a certeza, foi concebido e realizado para distrair as pessoas do cerne do problema da “Face Oculta”. Envolveu uma série de sujeitos apostados em “explicar” às pessoas que o que está em causa é o funcionamento da Justiça, é saber quem deve ou não deve dirigir as investigações, ajuizar do que deve ser os papel dos media nestes momentos (o representante dos media era nem mais nem menos que um tipo do “Diário de Notícias”, conhecido trombone do governo e propriedade do “amigo Oliveira”), bem como outras questões laterais que as agências por conta do PS têm vindo a atirar à cara das pessoas com o nobre objectivo de encanar a perna à rã.