O SOCIALISMO É A FILOSOFIA DO FRACASSO, A CRENÇA NA IGNORÂNCIA, A PREGAÇÃO DA INVEJA. SEU DEFEITO INERENTE É A DISTRIBUIÇÃO IGUALITÁRIA DA MISÉRIA.
Winston Churchill
O SOCIALISMO É A FILOSOFIA DO FRACASSO, A CRENÇA NA IGNORÂNCIA, A PREGAÇÃO DA INVEJA. SEU DEFEITO INERENTE É A DISTRIBUIÇÃO IGUALITÁRIA DA MISÉRIA.
Winston Churchill
Nas conversas, altamente intelectuais, que por aí se têm ouvido ou lido, não raro surgem referências à “corrupção” motivada pelo “financiamento dos partidos”.
Trata-se de pura areia atirada aos olhos das pessoas. Jamais as empresas e os cidadãos deixarão de fazer contribuições financeiras para os partidos. A proibição de tais contribuições tem o efeito de as tornar opacas, o que muito pode convir, tanto a quem dá como a quem recebe.
Toda a gente sabe que só há uma forma de resolver o problema: legalizar todos os donativos tornando-os, em simultâneo, transparentes. Quer isto dizer, por exemplo que, se os donativos das empresas fossem levados à conta de mecenato ou coisa do género, com adequado tratamento fiscal e presença obrigatória nas contas dos ofertantes, ao mesmo tempo que qualquer dinheiro entrado nos partidos políticos sem justificação houvesse que ser devolvido em quádruplo a uma instituição de solidariedade e que os ofertantes clandestinos sofressem pesadas penas, tudo seria diferente. A Lei regularia uma realidade social, em si legítima, em vez de se preocupar com “abolir” o que não consegue controlar. Por outro lado, ficaria claro que, prestando um partido serviços a quem o financiou, tais serviços poderiam ser devidamente escrutinados, determinando-se se tinham sido legitimamente prestados ou se, faltando outra justificação suficiente e clara, se estava num caso de favorecimento ou de corrupção.
Parece, porém, que ninguém está interessado neste tipo de transparência. Mas não há quem não esteja pronto a defender a opacidade ao mesmo tempo que utiliza as mais rebuscadas trafulhices legais para disfarçar a coisa.
Aqui há tempos, fez o IRRITADO algumas considerações sobre o futuro da Pátria, tendo chegado à inevitável conclusão que o estado a que o partido socialista a levou não tem outra solução que não seja a intervenção do São Pancrácio ou da Santa Bárbara.
Acabada a Reconquista Cristã, extinta a intervenção no Norte de África que o Senhor Dom Afonso começou, acabada a exploração da costa ocidental, findo o comércio do Oriente, condenado o comércio dos escravos, esgotado o ouro do Brasil, aniquiladas as colónias modernas, menina dos olhos da Maçonaria, da Carbonária, da demais canalha da república e do Doutor Oliveira Salazar, as quais os sucessores daqueles passaram a odiar e “libertaram”, extintas as generosas contribuições da “Europa”, acabado o cavaquismo, governados como somos, nada nos resta a não ser a intervenção dos santinhos, aqueles ou outros, junto do Altíssimo.
Ou talvez não. O comendador Berardo, uma das mais altas, ilustres, celebradas e odiadas figuras da modernidade portuguesa, felizmente capaz de não estar demasiado imbuído de moral republicana, resolveu anunciar à Nação que há petróleo nas Caldas da Rainha e que se prepara para, de sociedade com uns canadianos, os quais, se Deus quiser, praticam a moral monárquica, explorar as jazidas e inundar a malta de poços, inshore e offshore (para os offshore espera-se autorização do BE), de dólares, de euros, e de fazer uma concorrência do caraças aos moinhos de vento do Partido Socialista
Realizada a profecia do grande comendador, aí teremos mais uns balões, não de oxigénio mas de petróleo, o que pode vir a tornar desnecessária a intervenção do São Pancrácio e da Santa Bárbara.
E se, entretanto, o país se livrar, pelo menos por uns vinte anos, do Partido Socialista, até pode ser que saiamos da merda.
O douto bastonário dos advogados oscila entre a apologia da justiça para todos e a defesa, à outrance, do primeiro-ministro, indivíduo acima de qualquer suspeita e, coitado, perseguido por uma malandragem sem escrúpulos.
Os meus ouvidos não queriam acreditar no que ouviam quando, no seu púlpito televisivo, o homem, falho de melhor argumento, dizia mais ou menos assim: “que diabo, o homem ganhou duas eleições seguidas!”
Notável postura, esta do bastonário, sedento de justiça e de elevação moral. Quem ganha eleições está acima de qualquer suspeita! É, com certeza, o que se passa com o Hugo Chávez, o Valentim e tantos mais.
Negar que tudo o que se tem passado com o senhor Pinto de Sousa, culpado ou não, não devia deixar de ter consequências políticas, uma e a mais evidente das quais não pode deixar de ser a demissão do homem, é o mesmo que negar a mais elementar das verdades: as consequências políticas de muita coisa antecedem, ou deviam anteceder, quaisquer consequências jurídicas ou judiciais. Politique d’abord. Em países civilizados, entenda-se.
O IRRITADO presta a devida homenagem à Dr.ª Manuela pela coragem com que abordou a questão no Parlamento, bem como ao desassombro, perigoso nos tempos que correm, com que a Drª. Paula Teixeira da Cruz e o doutor Saldanha Sanches defenderam, na SIC Notícias, a demissão do primeiro-ministro.
Mal ficaria se, por outro lado, não condenássemos com toda a veemência esse homúnculo mental que se chama Lacão, bem como um tal Assis, dois inomináveis trapalhões, que se desdobraram em insultos e patacoadas idiotas sobre o discurso da Dr.ª Manuela.
Uma transcrição a que, com a devida vénia, o IRRITADO não resiste. Publicado no “Público” de hoje por Pedro Lomba, jurista.
Vejam o que é uma verdadeira “campanha negra”.
Cronologia de um golpe
Acto 1. Estamos a 3 de Outubro de 2004 e José Sócrates é eleito líder do PS. A 9 de Outubro, Armando Vara regressa á direcção do partido pela mão de Sócrates. A 20 de Fevereiro de 2005, o PS vence as legislativas com maioria absoluta. A 2 de Agosto de 2005, há mudanças na Caixa Geral de Depósitos: Teixeira dos Santos
afasta Vítor Martins e Vara integra o “novo” conselho de administração.
A maioria dos membros desse conselho é afecta ao PS. Avancemos no tempo. Grande plano. No primeiro semestre de 2007, a Caixa financia accionistas hostis ao conselho de administração em funções no BCP. Cresce o peso do banco do Estado no maior banco privado português, Vara e Santos Pereira são incluídos em lista concorrente nas eleições para o conselho executivo. Os jornais falam no financiamento da Caixa ao empresário Manuel Fino que apoia Santos Ferreira.
A 15 de Janeiro de 2008, Armando Vara é eleito vice-presidente do BCP. Segundo documento divulgado pelo próprio banco, ficam a seu cargo as competências executivas mais relevantes. Armando Vara coloca-se precisamente no coração dos movimentos de créditos, dívidas, compras e vendas de acções e activos. No centro do fluxo de todos os interesses e influências.
Chegados aqui, com os actores certos nos papéis certos nas duas maiores instituições de crédito nacionais (CGD e BCP), tudo se torna possível. O primeiro golpe foi concluído. Começou então o segundo.
Acto 2. Com as possibilidades que o controlo do BCP oferece, o recém-chegado grupo Ongoing, que entretanto adquirira o Diário Económico e já tinha uma posição no grupo Impresa (SIC, Expresso, etc.), é financiado para novas acções. Com o grupo Ongoing: José Eduardo Moniz sai da TVI e controla-se a Media Capital, depois de uma tentativa de aquisição pela PT abortada pelo Presidente e pela oposição. Em Fevereiro de 2009 torna-se possível ajudar o empresário Manuel Fino a aliviar os problemas financeiros (em parte criados pelo reforço da posição no BCP) junto da CGD prestando uma dação em pagamento com acções suas valorizadas cerca de 25 por cento acima do preço de cotação e com opção de recompra a seu favor. Torna-se também possível ajudar o “amigo Oliveira” a resolver os problemas financeiros do seu grupo de media (Diário de Notícias, TSF, Jornal de Notícias).
Tudo factos do domínio público que muitos a seu tempo denunciaram. Sócrates respondia com a cassete familiar: “quem tem procurado debilitar os órgãos de supervisão, lançando críticas à sua actuação no BCP, está a fazer ‘política baixa’”.
Política baixa, diz ele. Estamos perto do fim desta operação bem montada. Sócrates ganhou de novo as eleições. Mas este encadeamento todo precisava de confirmação. Incrivelmente, nas escutas a Armando Vara no caso Face Oculta, eis que surge a arma do “crime’ libertando fumo: “O primeiro-ministro e o ‘vice’ do BCP falaram sobre as dívidas do empresário Joaquim Oliveira, da Global Notícias, bem como sobre a necessidade de encontrar uma solução para o “amigo Joaquim”. Uma das soluções abordadas foi a eventual entrada da Ongoing, do empresário Nuno Vasconcellos, no capital do grupo. Para as autoridades, estas conversas poderiam configurar o crime de tráfico de influências”. (Correio da Manhã, 7 de Novembro).
Escutas nulas, disse o Supremo. Os factos, meus amigos, é que não são.
***
A pedido de um leitor e como homenagem ao Saramago, o IRRITADO toma a liberdade de transcrever um artigo publicado pelo Doutor J.L. Saldanha Sanches, fiscalista, no “Expresso” de 31 de Outubro.
Uma ajuda inteligente para se aquilatar de uma verdade (in)esperada?
O Autor Laureado (AL): 'Sr. dr., cheguei a uma altura da minha vida em que finalmente o meu labor incansável foi compensado. Vendo bastante por toda a parte e pagam-me bem. Mas aqueles ladrões do fisco ficam-me com tudo. O que me aconselha?’
O Consultor Fiscal (CF): 'Que quer, meu caro Mestre, isto é o país da inveja. Em vez de premiar o mérito, tributa-se. Mas talvez tenhamos algumas soluções. Qual a origem dos seus rendimentos?’
AL: 'Uns são de cá, mas outros são do resto do mundo'.
CF: 'Óptimo. Está disposto a mudar de país?'
AL: 'Claro, estou farto desta piolheira. Este país não me merece.’
CF: 'O que me diz de Londres, meu caro Mestre? Nem precisa de mudar a nacionalidade, basta residir lá. Tem uma vida cultural muito intensa: museus, música, teatro.’.
AL: 'Ora, ora... arte burguesa e decadente. Literatura e teatro que não estejam ao serviço da transformação social não me interessam nada.’
CF: 'Claro, claro, meu caro Mestre. Esquecia-me que está de alma e coração com os explorados deste mundo. Como diz a canção: "De pé, famélicos da terra..."'
AL: 'Não é canção, homem, é hino. Deixe lá isso. Em Londres as casas são caríssimas e está a ver-me a morar num bairro social com aquela gentinha? Outra solução'.
AL: 'Detesto esses arrabaldes do imperialismo norte-americano. Um amigo da minha mulher falou-me das Canárias: diz que dá para uns arranjos fiscais muito interessantes. E está na União Europeia, essa coisa'.
CF: 'Não conheço. Mas vou ligar para o nosso escritório em Madrid'.
(Uns minutos depois)
CF: 'Já sei. Está tudo na net. É o Regime Económico Fiscal das Canárias, autorizado por Bruxelas por ser uma zona ultraperiférica. Como a Madeira, mas em bom...'
AL: 'Madeira!? Eu não quero nada com a Madeira... Sempre ouvi dizer que aquilo era uma completa pouca vergonha'.
CF: 'Não, não, é outra coisa. Até podemos sustentar que não é bem um paraíso fiscal. Mas se obtiver rendimentos e os reinvestir, ou fizer uma reserva, pode ter uma vantagem até 90%. Isso é que interessa!'
AL: 'Reinvestir!? Então tenho que ser empresário? Homem, poupe-me. Eu não posso com essa gente. Não sou nenhum explorador do povo'.
CF: 'Reinvestir é um modo de dizer. Tudo se arranja. Compra títulos de dívida pública das Canárias, com juros, ou certo tipo de activos, e está reinvestido. Para os rendimentos vindos de fora, se conseguirmos que sejam tratados como royalties, a taxa é muito baixa'.
AL: 'E isso não é ilegal? E não dará má-língua, falatório? Sabe, a minha imagem...'
CF: 'Perfeitamente legal. E só nós, consultores fiscais, é que sabemos disto e não temos o hábito de falar de coisas que possam prejudicar os nossos clientes'.
AL: 'E quanto aos rendimentos que vêm de Portugal? Como é que posso escapar?'
CF: 'Mestre, os direitos de autor já pagam tão pouco... Mas faça uma fundação. Para a defesa do ambiente, ajuda aos mais pobres, essas coisas. Assim sempre tem um escritório em Lisboa. Dá sempre jeito'.
AL: 'Boa ideia! E ainda hei-de conseguir que um político qualquer me dê uma sede. Até tenho uma debaixo de olho. Eu sei muito bem como se lida com essa gente...'
Um senhor canadiano, leitor habitual do IRRITADO, mandou este comentário ao post “Ó TIO, Ó TIO”:
Há uns anos, no meu pais (o Canadá), um Ministro da Indústria recebeu um frigorífico de um fornecedor... resultado? Quando se soube do "negócio" pediu de imediato a demissão e nunca mais se ouviu falar no senhor. Não teve direito a mais emprego no governo ou em empresas da Coroa. Há países e países... há gente com moral cívica e há os tugas....
Se calhar, no Canadá, como a moral é monárquica… o civismo é outro.
SOMOS O MÁXIMO
A França contestou a data proposta pela União Europeia para a correcção do défice.
Portugal não se pronunciou. É assim mesmo! Portugal, dada a inteligência do governo que temos, sabe que, daqui a três anos, as contas vão estar num brinquinho.
A França? O que é isso da França?
INFORMAÇÃO INFORMATIVA
O “Diário de Notícias” noticia que a epidemia de dengue em Cabo Verde não influencia as férias dos portugueses no arquipélago.
O “Público” afirma que “Epidemia de dengue leva portugueses a cancelar viagens”.
A “informação” no seu melhor.
JUSTIÇA DE COSTELA
A extraordinária Câmara que Lisboa tem vai taxar em triplo os prédios em ruína. Em vez de ajudar os proprietários a recuperar os ditos prédios, já que o Estado, há quase um século, acabou com o rendimento dos mesmos sem que a CML tugisse nem mugisse, o socialismo toma medidas para dar cabo de qualquer hipótese de recuperação minimamente viável. Assim se reabilita a cidade. Haja quem pague, não é?
MORALIDADES II
O Dr. Jaime Gama continua ao ataque. Deve sofrer daquilo que, em psicologia, se deve chamar “lapsos de bom senso”. Aqui há dias, como o IRRITADO referiu, atirou-se como um leão aos “desdobramentos de viagens” e às “milhas” dos deputados, em vez de os pôr a viajar em turística. Não contente com isso, veio agora acabar com as viagens dos suplentes das delegações às instâncias internacionais. Das duas uma: ou o senhor Presidente da Assembleia mandou as “equipas” passear, com suplentes e tudo, durante os últimos quatro anos (coisa que antigamente não sucedia), não fosse algum ficar “lesionado” e, nessa altura, andou a gastar dinheiro mal gasto, ou acha que os suplentes jamais poderão viajar mesmo que os efectivos não possam ir. Mais um que parece que anda a perder o juízo.
cientistas
O admirável “conselho científico para a avaliação do desempenho” dos professores pronunciou-se ferozmente contra a avaliação decretada pelo governo anterior. Teve quatro anos para o fazer mas, ‘tá quieto que com o governo não se brinca! Agora que o “novo” governo - a mesma gente, que horror - vem garantir que continuará as mesmas políticas ao mesmo tempo que a ministra da educação diz que as vai alterar, o ilustrérrimo presidente do conselho “científico” vem dizer cobras e lagartos do que apoiava, ou se esquecia de criticar, no tempo da dona Rodrigues.
Assim se alça um tipo à posição de secretário de estado, que é o que o fulano é agora!
MORALIDADES III
O presidente da CGD, meu ilustre ex colega de escola, vem alardear os seus, ao que julgo sinceros, sentimentos de rectidão e moralidade. Para ele, o senhor Penedos deve continuar de pedra e cal na REN, isto enquanto muito bem lhe der na realíssima gana. Esta a moralidade que, na sua esclarecida opinião, Portugal precisa.
Ai é? Ó Fernando, vou ali e já venho.
QUEIXINHAS
O PC queixou-se amargamente de a dona Fátima - aquela da televisão do PS, conhecida por RTP - não ter convidado os bolchevistas para se fazer representar num programa. Estavam lá o governo, o PS, o PSD, o BE. Tem toda a razão o líder da tenebrosa organização. Então isto faz-se? Eu também acho que não se faz, embora não tenha pena nenhuma do PC. Quem com ferro mata…
SOFISTICAÇÃO
Em manobra altamente sofisticada anda a contra informação dos socialistas a propalar que, há não sei quantos anos, o CDS recebeu uns tostões do sucateiro. Percebe-se o governamental afã dos rapazes, já que, para eles, deve ser importantíssimo desviar as atenções da “Face Oculta”. Já o conseguiram, com assinalável êxito, em relação ao Freeport, ao canudo, ao andar, à Cova da Beira, sei lá mais a quê. Não há esqueleto do armário do senhor Pinto de Sousa que os fulanos não dissolvam em ácido manobrorídico. Esqueceram-se que, a ser verdade o que dizem, não houve ilegalidades porque não havia, à altura, lei que proibisse a coisa. O Portas Paulo já veio comunicar que nem quer ouvir falar no assunto, esperando-se que o tiro tenha saído pela culatra aos seus autores.
Já viram bem o que se está a passar com as escutas dos telefonemas Vara/Pinto de Sousa, Pinto de Sousa/Vara?
O PGR chuta para o PSTJ, o PSTJ chuta para o PGR. São tão bons neste ténis que o João Lagos devia contratá-los para o Estoril Open.
O defensor oficioso do senhor Pinto de Sousa, o ilustre* Júdice, já declarou ex-catedra que as escutas que envolvem o primeiro-ministro não valem um chavo e “devem ser sumariamente arquivadas”.
Entretanto, parece que o PGR e o PSTJ querem ir mais longe que o ilustre* causídico, só que tiram o cavalo da chuva dizendo que é ao outro que compete, não arquivar, mas destruir as escutas.
Para além ou para aquém do que dizem os jornais, o que, em resumo, se sabe, é que, sem que nada se tenha esclarecido, o senhor Pinto de Sousa já está safo do Fripór (grafia correspondente à pronúncia do indivíduo), da história do andar, do romance do canudo, dos projectos da Covilhã, das trafulhices da Cova da Beira…
Nas televisões, vemos os mais distintos comentadores atirar-se ao Vara, ao Penedos, ao Loureiro, àquele tipo do Eurojust, que todos, culpados ou não, deviam ter-se demitido com a maior prontidão, como fizeram os impolutos cidadãos Coelho e Vitorino.
A pergunta, para estes comentadores, deve ser a seguinte: e o senhor Pinto de Sousa? Não é evidente que, dentro da mesma ordem de ideias, já devia ter-se demitido há uma data de anos? Por que carga de água fica fora do baralho? Basta-lhe alegar que é vítima de forças ocultas e está o problema resolvido? Basta-lhe falar em campanhas negras para ser esquecido pelos comentadores e pelos jornais?
Já repararam que toda a porcaria que por aí se badala (o Fripór, os lixos da Cova da Beira, as sucatas, etc.) começou no tempo em que o senhor Pinto de Sousa era ministro dessas coisas? E isto quer dizer coisa nenhuma?
Sempre será verdade que o homem passa entre os pingos de chuva sem se molhar com a mesma facilidade com que abre faculdades ao Domingo, com que projecta impunes mamarrachos, com que faz quatro exames de cada vez, com que compra andares, com que com que?
Julgo que sim. Todos os inquéritos, todos os processos, todas as investigações com que os agentes da Justiça nos vão brindando parecem não ter outro objectivo que não seja o de mostrar serviço, tendo o cuidado de concluir coisa nenhuma.
Que país este!
10.11.09
António Borges de Carvalho
* Em sentido etimológico. O que não dá luz, não ilumina, não radia, é baço e vive nas trevas. ABC
Um grupo de infelizes residentes no Bairro Azul resolveu enfrentar a PT. Querem os ditos que a colossal companhia deixe de encher os prédios de fios ao dependuro. Que insensata pretensão! Parece que são parvos!
Esta gente não percebe que a PT, monstro com quem o diálogo é impossível, filha dilecta do comunismo que nos arruinou, hermética organização apostada na exploração das pessoas, fiel serventuária do governo que temos, se debruce sobre a estética da cidade (dos prédios dos infelizes) e tenha a monumental generosidade de libertar Lisboa (ou o bairro dos infelizes) das florestas de fios, das caixas, dos caixotes, das trampas electrónicas com que invade a propriedade alheia sem a ninguém pedir licença, sem pagar a ocupação do espaço (as paredes) que é dos outros, sem dar satisfações, sem consideração por nada nem por ninguém, a abrir buracos nas nossas empenas, a dar cabo dos rebocos, a transformar a capital numa espécie de aldeia turca, uma vergonha, uma porcaria.
Permitam Vossas Excelências que lhes conte uma história exemplar, que dedico aos portugueses em geral e aos infelizes do Bairro Azul em particular:
Um amigo meu que é o infeliz proprietário de um imóvel na capital, apesar de causticado pela ausência de rendimento líquido do mesmo (as rendas, ai as rendas), vendo o que é seu a degradar-se conseguiu meter-se num empréstimo que lhe vai levar o resto da vida a pagar e que, eventualmente, - a morte é uma chata - vai ficar de herança para os filhos.
Com os maravedis que o banco generosamente lhe emprestou, o meu amigo fez obras de fundo no seu imóvel, entre elas a construção de uma coluna para os fios da poderosa PT. Esta, prenhe de zelo, exigiu um projecto, feito por técnico “credenciado”, projecto que, elaborado e pago, construído e pago, a PT, passados meses, aprovou.
Feliz, o meu amigo requereu então à ditatorial organização que lhe metesse os fios na tal coluna.
Estúpido! A dona PT exigiu-lhe que abrisse uma vala. À porta do prédio, dirão Vossas Excelências. Cais quê? Uma vala que quase dava a volta ao quarteirão! A PT não é de modas. Queria aproveitar para, à custa do meu amigo, fornecer uma data de clientes. Notável zelo.
Mas não ficou por aqui. Exigiu que o buraco fosse aberto por uma “firma credenciada”… pela PT, firma cujas picaretas devem ser melhores que as das demais. O meu amigo pediu que lhe indicassem uma. Consultada a “credenciada” coisa, foi-lhe apresentado um orçamento cuidadosamente elaborado, o qual era três vezes mais caro o de um empreiteiro a quem pediu um preço “de controlo”. Mas, não sendo este empreiteiro "credenciado" pela PT, mesmo que abrisse o buraco, o buraco não seria utilizado, bem pelo contrário, o meu amigo ainda podia ser vastamente penalizado pela CML, por utilização indevida da via pública! há buracos e buracos, gaita!
O meu amigo percebeu então - só então, o burro - que andava a ser enganado.
Enganado quando julgou que a PT preferia os fios dentro das paredes (perguntou a um funcionário da cáfila, que lhe disse que ao ar livre, para a organização, era galinha da perna). Enganado porque sonhou que a PT até lhe agradeceria ter mandado fazer a tal coluna. Enganado porque lhe passou pela cabeça que a PT, ganhando dinheiro com a cidade, tinha alguma sombra de respeito por ela. Enganado como todos somos todos os dias pelos monstros que o socialismo criou e de que o arremedo grosseiro de capitalismo em que vivemos se alimenta.
O meu amigo só talvez não se enganasse se pensasse que a PT é um polvo de muitos braços, todos eles "credenciados", quer dizer, participantes num bolo a quem há quem chame terríveis nomes.
Agora, apesar de feliz por ter mandado a PT às urtigas, o meu amigo senta-se, melancólico, à porta do prédio e, impotente, assiste aos trabalhos das empresas "credenciadas" que vão continuando a castigar a fachada com mais fios pendurados com pregos às paredes e mais caixas e caixinhas - ele é a MEO, a ZON, ele é o caraças a quatro.
Bem feita, que é para não ser parvo.
O IRRITADO deseja as maiores felicidades aos infelizes do Bairro Azul, os quais parece que ainda acreditam no pai natal.
Parece que as distintas autoridades com poder de iniciativa na matéria andam numa fona à procura de corruptores activos e corruptores passivos.
Pois que andem.
Parece que os fulanos do poder não quiseram adoptar umas medidas quaisquer com que um senhor de nome Cravinho os queria encravar e até deram ao dito um tachão de luxo em Londres, a fim de não os chatear com moralidades inoportunas. A corrupção paga bem. Paga-se ao homem, o homem, todo contente, deixa-se afastar e cala-se.
Ora bem, parece que há por aí uns fulanos, da órbita daquilo a que se chama Estado, que recebem umas lecas e uns popós de outros a fim de os ajudar nas suas actividades económicas.
Muito bem. Averigue-se, persiga-se, desmascare-se, castigue-se.
O problema é que tudo se passa a jusante do problema. A montante, nada.
Ainda ninguém viu um intelectual, um comentador, um opinion maker, um “politólogo” (novidade absoluta), um líder político, um aparatchik, um professor, um tipo qualquer, tentar imaginar o que é a maior fonte de corrupção em Portugal. Pelo contrário, o que se deixa passar, ou se passa, para a opinião pública nacional e internacional, é que os portugueses, políticos, funcionários públicos, o povo em geral, tudo não passa de um bando de miseráveis à espera que uma notas lhes passem ao alcance da mão. E ninguém põe a questão de saber como é que isso acontece e porquê.
Ora os portugueses não são nem mais nem menos corruptos que quaisquer outras gentes. O que se passa é que vivem num sistema que transforma a corrupção numa coisa quase legítima aos olhos das pessoas.
Quem poderá atirar a primeira pedra?
Quem ainda se não viu metido no labirinto das câmaras municipais, na floresta das companhias majestáticas, nas malhas dos ministérios, nas profundezas das conservatórias, e por aí fora? Quem ainda não deu uns tostões a alguém para resolver um problema em dois dias, problema que, pela ordem “natural” das coisas levaria sete anos a resolver, se se resolvesse?
Que empresa ainda não resistiu, via uns tostões, a ver-se excluída de um concurso público porque lhe faltava um papel, um das dezenas ou centenas de papéis que tem que apresentar e que não têm nada de substancial a ver com o objecto do tal concurso?
E estes concursos públicos são coisas transparentes, visíveis, compreensíveis, eficazes e justas, ou dédalos infernais que dão de comer a exércitos de funcionários, de serviços, de repartições, de “instâncias técnicas”, quase todos igualmente supérfluos ou inúteis, numa trama que parece ter sido fabricada com o propósito de criar buracos onde a tal corrupção se possa meter?
Desburocratizar o Estado não é abrir lojas do cidadão (por muito úteis que sejam) onde as pessoas têm à disposição inúmeros representantes das mesmas burocracias, exactamente das mesmas burocracias, a criar exactamente as mesmas dificuldades. Não é continuar a considerar, como ponto de partida, que o cidadão é um mentiroso compulsivo cujas afirmações têm que ser comprovadas de quarenta e duas maneiras diferentes para que se tornem aceitáveis pelas “autoridades”.
Quanto mais burocracia mais corrupção, quanto mais leis, regulamentos, exigências, relatórios, fiscais, fantasmagorias absurdas, mais corrupção.
Com isto, ninguém se preocupa. A filosofia do Estado continua, e cada vez mais, a ser a de criar instâncias, novas instâncias, mais modernas e mais exigentes, ao mesmo tempo que se atira à cara das pessoas com a “reforma administrativa”, com a “descentralização”, coisas óptimas para pagar a uns “técnicos” e a uns políticos, mas que não consta que tenham aliviado a pressão burocrática que nos oprime.
Ainda que as desgraçadas circunstâncias em que o país vive não sejam o momento ideal para a coisa, será bom que se ponha fim ao “monstro tentacular” que parece andar para aí a corromper os tipos do PS.
Muito melhor e mais eficiente que isso seria acabar com essoutros monstros tentaculares - a burocracia e a “florestação” da administração pública - que, em boa medida, são o pai e a mãe daquilo que se persegue e, muito mais grave que isso, porque se trata materialmente ilegítima criação do poder, legítimo mas estúpido e/ou mal intencionado.
A corrupção da própria lei é bem mais grave que os seus inevitáveis resultados.
Tenho a melhor das impressões do Dr. Jaime Gama. Homem sereno, discreto, senhor de grande finura intelectual e de indesmentível bom senso.
Não percebo porque é socialista, mas admito que tal incompreensão possa advir de alguma limitação da minha parte, já que, visceral e intelectualmente, tenho horror ao socialismo.
Posto isto, confesso o meu espanto pelas recentes decisões do dito senhor, inspiradas em tudo menos ao que eu chamaria finura intelectual ou bom senso.
Não se sabe bem com que lógica, talvez para mostrar serviço, tratou de proibir aos deputados, de uma assentada, o chamado “desdobramento” de bilhetes aéreos e o encaixe de “milhas”.
No primeiro caso, trata-se de transformar, sem custos para o Estado, um bilhete aéreo de classe executiva em dois de classe económica. Lembro-me de esta prática ser oficialmente incentivada, por exemplo quando era protocolarmente aconselhável que os deputados viajassem com as respectivas mulheres ou maridos. De, qualquer forma, se o Estado não era lesado, que mal vinha daí ao mundo?
Se o Dr. Jaime Gama quer “moralizar” os procedimentos e poupar dinheiro ao erário público, então que acabe com o direito aos bilhetes de luxo e que ponha os deputados a viajar com bilhete de cão, que é o que se passa com a maioria dos portugueses. Manter o status quo é que não se
justifica, ainda por cima como que chamando corrupta a uma prática tão humana como natural.
Em segundo lugar, esta de os deputados não poderem contabilizar as milhas, é coisa que não cabe na cabeça seja de quem for. Não há Estado, empresa, organização de qualquer tipo que se preocupe com as milhas dos respectivos funcionários. Nem tais bónus são acumuláveis pelos empregadores de quem viaja. Por isso que a atitude do Presidente do Parlamento mais não seja que uma baixíssima demonstração da nacional-invejosice do costume, nada tendo a ver com moralidade ou com contenção de custos.
Pura demagogia, que muito mal fica a quem dela tem a iniciativa.
A distinta Câmara de Lisboa, não contente com a presença de cartazes electrónicos inventados pelo social comunismo do Dr. Soares, cartazes que têm a distinta virtualidade de distrair os condutores da condução e que são, por isso, indiscutíveis fontes de “toques”, acidentes, atropelamentos, discussões, etc., vai espalhá-los ainda mais e enriquecê-los com imagens mais diversificadas e movimentadas.
Tudo, confessadamente, nos locais de “maior afluxo de trânsito e de peões”.
Veja-se o que é a “mobilidade” nas privilegiadas cabecinhas do demagogo Costa, da tonta Helena e do caloteiro Fernandes.
Segundo pontapé:
Uma fulana, oito dias depois de o namorado ter posto fim ao namoro, agarrou num garrafão cheio de ácido sulfúrico e despejou-o pela cabeça do rapaz abaixo. O desgraçado, todo queimadinho, acabou por morrer no meio do mais atroz sofrimento.
“Não és para mim, não és para ninguém”, justificou a doce pequena.
Provados os factos, as distintas autoridades que temos decidiram que uma fulana, que tem “inteligência” para ir comprar ácido sulfúrico (o IRRITADO, mesmo que quisesse, nem sabia onde havia de ir à procura de tal coisa), para fazer a necessária espera ao namorado, para lhe despejar o líquido no focinho, coitadinha, não é responsável porque uns psiquiatras disseram que não tem o juízo todo. Pois não. Se o tivesse não despejava ácido sulfúrico na tromba fosse de quem fosse.
Consequência do brilhante raciocínio das autoridades, a assassina foi calmamente para casa, sujeitando-se, coitadinha, a tratamento em regime ambulatório e a pagar as despesas que o malandro do rapaz causou no hospital e na agência funerária, entre o banho de ácido e o cemitério.
O IRRITADO deseja ardentemente que nenhum dos seus leitores tenha a desgraça de encontrar a fulana por aí, não vá ela “sulfurar” a vida de alguém que conhecido ou estimado.
Anteontem assisti a uma cena verdadeiramente repugnante. Numa estação de televisão, um debate político.
Normal.
À direita, Bagão Félix (CDS) - normal - e Pacheco Pereira (PSD).
Normal.
À esquerda, Carlos Carvalhas (PC).
Normal.
Também à esquerda, imagine-se, em representação do PS… José Miguel Júdice!!!
É evidente que esta excelsa criatura se dizia em representação de si própria. Mas estava na cadeira do PS e defendia, à tord ou a raison, o senhor Pinto de Sousa e a suas estúpidas políticas. Por isso, mais do que representante do PS, ele era um “homem da sociedade civil”, ali presente com a missão, encomendada ou não, de se mostrar mais pintodesousista que o Pinto de Sousa. Até no estilo, a criatura imitava o criador: o esgar trocista, o ar da superioridade do poder, a piadinha desdenhosa e primitiva, a provocação pedante, a pose majestática, alhos contra bugalhos, bugalhos contra alhos. Um primor.
Nunca será demais passar os olhos pelo brilhante passado deste indivíduo. Vindo das áreas mais fascistas da Nação, léguas à direita do Estado Novo, o senhor Júdice veio a trepar na vida sob o patrocínio do já falecido António Maria Pereira. Foi, como ele, figura do PSD, ou seja, não como ele, foi gente na ala direita do PSD. Depois foi-se afastando, diriam os incautos para a direita.
Acabou agarrado a esta gente. Foi mandatário do Costa a troco da presidência desse monstro administrativo mascarado de empresa que manda em boa parte de Lisboa. Desistiu disso antes de começar, mas ficou amigo do Costa e do caloteiro Fernandes. Pinto de Sousa não lhe saiu do coração, sendo disso prova a descabelada, paranóica e trocista performance com que nos brindou no programa a que me referi.
A partir deste resumo curricular é legítimo pensar o que se quiser acerca do que estará por trás da viagem “ideológica” da hedionda personagem.
Será estúpida?
Julga-se que não.
Terá algo a ganhar com a propaganda que faz ao PS?
O quê?
Haverá financiamentos da UE para a pensão que tem em Coimbra, os quais dependam do governo?
Os pêèsses serão clientes assíduos do Eleven?
Haverá na forja alguma nova empresa, entidade, autoridade, fundação, chafarica do Estado onde a criatura se possa encaixar a convite do primeiro-ministro?
Tudo é possível. O que não o é, de certeza certezinha, é que o fulano tenha tido alguma evolução intelectual, algum imperativo de consciência, alguma inspiração divina que o tenha precipitado nos acolhedores bracinhos do senhor Pinto de Sousa.
Ou talvez a coisa não passe de alguma opção de costumes, ou de resultado da influência dos representantes do Grande Arquitecto do Universo, com sede no Bairro Alto.
Uma olhadela ao programa do governo torna facílimo concluir que estamos fritos.
Na linha do PC e do BE, o PS é um ás a fazer omoletas sem ovos.
Numa mão, as mais mirabolantes promessas, sem qualquer quantificação de custos, sem calendário, sem planeamento financeiro.
Noutra, nada, isto é, nem uma palavra sobre como pagar tanto “estado social”, tanta “modernização”, tanta “infra-estrutura”.
O PC ainda vai dizendo que, sacando umas massas aos “ricos”, se resolve tudo. Não resolve nada, mas é uma ideia.
O BE, mais sofisticado como convém à burguesia urbana e bem pensante, acha que, acabando com as offshores e lançando mais uns impostos, também “paga” a demagogia. Não resolve nada, mas é uma ideia.
O PS, nada. Ninguém sabe onde vai buscar o dinheiro, sendo esta a diferença entre ele e os partidos comunistas.
As consequências das abordagens dos três partidos socialistas são as mesmas. Toda a gente as conhece mas, mesmo assim, os tipos insistem.
Tão iguais, ou tão pouco diferentes.
Todos sabem que estão a mentir, todos disfarçam a mentira diferentemente.
A malta, essa, bem à portuguesa, vai metendo a cabeça na areia. Enquanto o pau vai e vem...
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Um pequeno grande exemplo da gente com quem estamos metidos.
A nacionalização do BPN já custou 3,5 mil milhões de euros (se dizem isto é porque foi, com certeza, muito mais). Ninguém é capaz de explicar porque se gasta tanto do nosso dinheiro para “salvar” um banco falido e envolvido nas mais rebuscadas aldrabices, enquanto, para as famosas obras públicas, tem que se ir pedir dinheiro emprestado que não se pode pagar, ou fazer essa brutal asneira das "parcerias público-privadas".
Se, como disse o presidente da CGD, ao fim do caminho, os 3.500.000.000 serão reprodutivos, porque não utilizá-los para as obras públicas que, no parecer do governo, também o são?
Há uma lei que previne os depósitos até certo montante. Então porque não se acciona os seus mecanismos e se deita o BPN ao lixo, que é onde ele pertence, em vez de andar a tapar, com o dinheiro dos outros, os buracos que uns abriram?
A resposta é simples.
Havia duas soluções para o caso, uma socialista outra capitalista.
Nacionalizar é uma solução verdadeiramente socialista.
A falência é um instrumento de regulação do capitalismo.
A diferença é que a solução socialista é muito mais cara, própria de quem usa o dinheiro dos outros sem pudor nem honestidade nem bom senso.
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O programa do governo é isso mesmo. Gestão ruinosa. Prometer, depois logo se vê.
Se o governo cumprisse as promessas, seria à custa de quê?
O governo sabe, nós todos sabemos que se está, conscientemente, a preparar o mais negro dos futuros. Não só financeiramente, mas social e culturalmente.
Convence-se as pessoas de que estão “protegidas”.
Guarda-se o poder.
O último a sair que feche a porta.
Este o silogismo socialista, em versão pintodesousiana, a mais estúpida de todas.
Aqui há tempos, no seguimento de várias e chorudas facturas, a Santogal/Volvo deu-me a subida honra de me oferecer um GPS da marca portuguesa NDRIVE.
A coisa funcionava menos mal. A ponto de, indo passar umas férias na Escócia, resolvi comprar à dita companhia o mapa do Reino Unido. Após uns bons três quartos de hora inutilmente agarrado ao computador, desisti. Pedi então ajuda a um especialista, o qual, perdendo também três quartos de hora, lá conseguiu o tal software.
Um dia depois da minha chegada ao Reino Unido, parei numa estação de serviço, comprei um mapa dos antigos e meti o GPS na mala, antes que me perdesse, sem remédio, nalguma montanha dos highlands.
Pouco tempo depois, já em Lisboa, a coisinha que serve para “bater as teclas” do zangarelho começou a cair porque não clicava no respectivo buraquinho.
Foi o menos. Passei a clicar com um lápis.
O pior é que, dias depois, o botão de ligar/desligar, ao ser pressionado, enfiou-se nos intestinos do aparelho e nunca mais foi visto.
Passei a introduzir uma chave no buraco, o que, às vezes, dava resultado.
Por fim, passada mais meia dúzia de dias, ao ligar a ficha USB através da qual se mete energia no gadget, vejo a fêmea da dita desaparecer, igualmente, nas electrónicas entranhas da coisa.
Desta vez não havia nada a fazer. O aparelho tinha durado uns três meses, e sempre com defeito.
Possuído de justa indignação, o IRRITADO resolveu enviar a coisa à procedência com uma cartinha a solicitar que a comessem com batatas e a dizer que não valia a pena preocuparem-se em pedir desculpa ou em accionar alguma garantia, uma vez que não estou interessado em ser o feliz proprietário de produtos NDRIVE.
O pior, o pior absoluto, o pior total, o pior que me faz amanhã, logo de manhã, ir apresentar a devida queixa a todas as eventualmente (in)competentes autoridades, é que tenho aqui, em cima da secretária, o envelope dos correios, enviado registado com aviso de recepção e que foi RECUSADO pelo destinatário. Ou seja, os ilustríssimos engenheiros da NDRIVE não aceitam reclamações. Ou então, são tão modernos tão modernos, que só recebem correio electrónico.
Tenho uma imensa vergonha de viver num país onde a indústria “de ponta” é desta qualidade técnica, humana e comercial.
Tenho uma imensa vergonha de ter visto, orgulhoso e aldrabado, o nosso Presidente da República oferecer a Sua Majestade o Rei de Espanha um telemóvel, ou coisa do género, fabricado por esta gente.
Este post vai ser enviado por e-mail à distinta organização. Na certeza, porém, que tal e tão abominável gente se absterá de acusar a recepção. E tudo ficará, como é costume, na mesma.
Há mais de um ano, sua excelência o primeiro-ministro, com as habituais parangonas nos jornais, rádios e televisões, foi, lá para o Minho, lançar a primeira pedra de um investimento alemão, uma fábrica de pás para ventoinhas.
Passado mais de um ano, os alemães ainda não conseguiram alvará da câmara para fazer as obras, ainda menos conseguiram licença de uma coisa que se chama direcção geral de economia do Norte.
Possivelmente, ainda não sabem que falta ouvir o património, a quercus, a sociedade portuguesa de dinossauros, a associação de protecção da mosca da fruta, a fundação dos bonecos de Foz-Coa, para além de trinta e sete outras organizações, públicas e privadas, cujo parecer às vezes não é vinculativo, mas é indispensável.
E o impacto ambiental? Já pensaram nisso? Há, há!
Parece que fizeram umas terraplanagens, sem licença, como é óbvio. Agora, não têm coragem para começar a obra. Com certeza ainda ninguém lhes disse como é que, na piolheira, se acelera as coisas. Hão-de aprender, coitados.
Verdade, verdade, é que o primeiro-ministro que temos lançou a primeira pedra de um edifício ilegal, clandestino, sem a aprovação das várias dezenas de “entidades” com voz activa nestas matérias. Ou seja, para o primeiro-ministro que temos, o valor propaganda sobrepõe-se a todos os outros, incluindo o tão falado emprego, uma vez que os tudescos se propõem, ou propunham antes de saber do que a casa gasta, criar 500 postos de trabalho.
Modestamente, o IRRITADO aconselha os fulanos a fazer a obra sem licença, como fez o corte inglês e tantos outros, incluindo entidades públicas, a pôr a fábrica a funcionar, que se lixe a direcção geral, a dar umas palmadinhas nas costas dos fiscais que por lá forem aparecendo e a mandar uma esferográfica pelo Natal a um leque de entidades criteriosamente seleccionadas, primeiro-ministro incluído.
Vão ver que, afinal, a coisa não é tão difícil como estão a imaginar.
O omnipresente Dr. Sampaio “recordou”, não sei onde, as eleições de 1969. Disse o referido senhor que tais eleições mostraram haver “uma perspectiva de trabalho em conjunto” dos que se opunham ao Estado Novo.
Falso.
Em 1969 passou-se exactamente o contrário: as eleições revelaram, não pela primeira vez, a clivagem fundamental entre os que apostavam numa viragem democrática da ditadura e os que, ou queriam simplesmente substituí-la por um regime marxista ultra ditatorial, ou achavam possível instaurar a liberdade política tendo comunistas por parceiros de eleição.
A expressão de tal clivagem ficou marcada pela presença nas urnas, em Lisboa, de duas candidaturas opostas: a do MDP (comunistas e compagnons de route), a que o Dr. Sampaio aderiu, e a da CEUD, chefiada pelo Dr. Mário Soares, que agrupava um largo leque de democratas, republicanos e monárquicos, que apostavam em valores substancialmente diversos dos defendidos pelo MDP/PC, ou seja, que tinham uma visão “ocidental”, ou liberal, da democracia e não a consideravam compatível com o esquema piramidal do centralismo “democrático” ou com a “democracia” dita “proletária”, em vigor na Europa oriental.
O Dr. Sampaio como que lamenta que, “a partir de alguns acontecimentos a seguir ao 25 de Abril”, se tenha quebrado a “visão unitária” das oposições e, só aí, se tenha quebrado o tal unitarismo.
Falso.
Antes de mais, mau grado os entusiasmos subsequentes ao golpe militar, muita gente se opôs, desde a primeira hora, a qualquer “visão unitária”, o contrário do pluralismo democrático. Mesmo o PS que, como os comunistas, usa chavões socialistas, rapidamente tratou de marcar as diferenças, primeiro chamando “democrático” ao seu socialismo, depois opondo-se ao PC e chegando ao ponto de, num momento de iluminada noção das realidades, o próprio Soares ter metido “o socialismo na gaveta”.
O Dr. Sampaio, nesse tempo, militava em facções urbano-burguesas da extrema-esquerda, o MES, a IS e outras organizações que acompanhavam com afã a trajectória dos bolchevistas, atingindo o auge da “democraticidade” quando se opuseram à realização das primeiras eleições livres, em 1975.
Só em 1979 o Dr. Sampaio fez opção pelo socialismo dito democrático do PS, onde alinhou reiteradamente na oposição ao Dr. Soares, tido por desviacionista de direita! E, não esqueçamos, foi o Dr. Sampaio o primeiro membro do PS a advogar e levar a efeito uma aliança eleitoral com o PC.
Que o Dr. Sampaio tenha direito à “evolução” ideológica, se é que a fez, ninguém o poderá negar. Mas mascarar certas fases do seu próprio passado com falsificações da história como a que as suas declarações revelam, esse direito não tem.