O SOCIALISMO É A FILOSOFIA DO FRACASSO, A CRENÇA NA IGNORÂNCIA, A PREGAÇÃO DA INVEJA. SEU DEFEITO INERENTE É A DISTRIBUIÇÃO IGUALITÁRIA DA MISÉRIA.
Winston Churchill
O SOCIALISMO É A FILOSOFIA DO FRACASSO, A CRENÇA NA IGNORÂNCIA, A PREGAÇÃO DA INVEJA. SEU DEFEITO INERENTE É A DISTRIBUIÇÃO IGUALITÁRIA DA MISÉRIA.
Winston Churchill
Voltando ao caso dos submarinos (parte III, contrapartidas), vejamos o que (não) se passa.
A distinta Assembleia da República vai criar uma comissão parlamentar de inquérito (mais uma), desta vez sobre contrapartidas em geral - dos submarinos, dos carros Pandur, dos helicópteros e não sei mais de quê.
Parece que as contrapartidas estão atrasadas em mais ou menos dois mil milhões de euros. Os partidos comunistas e o PS encarniçam-se, em declarações públicas e em “bitates” para os seus serventuários na imprensa, à procura de encontrar um leque alargado de culpas para o Portas (Paulo), o CDS e (seria óptimo, vê-se no que dizem) o PSD.
Fazendo um pouco de história, teremos que:
a) A maior parte das compras foram começadas pelo governo PS/Guterres e finalizadas, com alguns cortes, pelos governos PSD/CDS, há para aí seis anos, nos termos de leis pelo PS aprovadas;
b) Das condições de tais compras fazia parte um compromisso dos vendedores de realizar determinados montantes de compras em Portugal, somando parte de tais compras os dois mil e tal milhões ditos em falta;
c) Já no tempo do glorioso Pinto de Sousa, foi nomeada uma comissão especializada, a qual, sob a chefia do ilustre diplomata reformado Pedro Catarino, tinha por fim tratar do cumprimento das tais contrapartidas.
d) Será isto que a tal comissão parlamentar, imaginada pelos comunistas do BE, apoiada pelos comunistas do PC e parece que aceite pelos demais, irá investigar e “julgar”.
Entretenham-se os senhores deputados como tiverem por bem. Percebe-se. Difícil de perceber é o coro anti centro direita que se tem constituído, com barítonos, tenores, baixos e fadistas.
Então:
e) Se as negociações e o fecho das compras em causa tiveram a participação e o beneplácito do PS, como podem os arautos do PS pô-las em causa?
f) Se a comissão das contrapartidas, nomeada pelo PS, chefiada por um simpatizante do PS, trabalhou - ou não trabalhou - desde a primeira hora sob a alçada dos ministros da defesa e da economia dos governos do PS, como pode o PS querer tirar o cavalo da chuva, ainda por cima acusando os outros de não ter feito aquilo que o PS não fez?
É certo, para quem quiser ver o que se passa, que, se culpas por mor dos atrasos na concretização das contrapartidas cabem a alguém, o culpado é, exclusivamente o PS, a comissão nomeada pelo PS, o governo do PS, o primeiro-ministro do PS.
Diz o povo que “pagar e morrer quanto mais tarde melhor”. Talvez tenha sido esta a filosofia dos alemães a este respeito. Critique-se, acho bem.
Mas a quem competia puxar por este comboio? A quem tem a pagar ou a quem tem a receber?
O que fez a Comissão das Contrapartidas, para além de confessar que está tudo atrasado, de declarar que já gastou trezentos e não sei quantos mil euros, sobretudo em salários (!!!), e que tem um défice de cento e não sei quantos mil?
Nada.
O que fizeram os ministros da defesa e da economia do PS, ao longo de quase seis anos, para pôr a comissão nos eixos?
Nada.
O que fez o primeiro-ministro, para além de conservar o embaixador Catarino no poleiro?
Nada.
Então para que querem os ilustres deputados uma comissão parlamentar de inquérito?
Não está tudo claro como água mineral? Querem mais? Os partidos comunistas, vá lá, sabe-se o que querem - desestabilizar os democratas - mas, e os outros? Andam a dormir?
Toda a gente sabe que as escutas telefónicas motivaram aos investigadores sérias dúvidas sobre o papel do primeiro-ministro nalgumas tramóias mais ou menos escanifaubéticas.
Quando as oposições, cobardemente, em vez de tirar conclusões políticas com base nestas em inúmeras outras trafulhices do senhor Pinto de Sousa, separando o judicial do político, se entretiveram a arranjar uma comissão parlamentar de inquérito, ou caíram numa esparrela, ou deram um tiro no pé, ou são burras que nem um autocarro.
O que é político não precisa de prova, no sentido judicial do termo. Do que é político tiram-se consequências políticas, não outras, que não competem aos políticos.
Neste sentido, é evidente que a comissão parlamentar de inquérito não pode servir para outra coisa que não seja “safar” o primeiro-ministro de mais esta enrascada.
A cereja em cima do bolo foi hoje posta pela Justiça, mediante a destruição das escutas, única prova factual das malfeitorias políticas do senhor Pinto de Sousa.
É certo que partes das escutas foram reproduzidas nos jornais. Mas, destruída a prova material das mesmas, pode o senhor Pinto de Sousa dizer que os jornais inventaram tudo, a bem das conspirações várias de que o dito senhor acusa este mundo e o outro.
Por conseguinte e como de costume, tudo vai acabar em águas de bacalhau.
Se o Dr. Paulo Portas tivesse o estofo do senhor Pinto de Sousa já tinha inventado, sobre os submarinos, oitenta e quatro conspirações, duzentas urdiduras, várias dezenas de forças ocultas e um sem número de manobras negras.
E, afinal, o que o Dr. Paulo Portas diz querer é esclarecer tudo o que lhe diga respeito.
O problema é que, postas as coisas nestes termo, não interessam a ninguém.
Em tempos, produzi uns mamarrachos de que muito me orgulho. E não é que, tantos anos passados, me deu na cabeça voltar a pintar? Pois deu. Comprei telas e papel de desenho, tintas e pincéis. Depois, fiquei à espera de inspiração. Nem nada. Pode ser que, daqui a uns meses, a coisa me dê outra vez na cabeça.
A todos dão coisas na cabeça. Das mais inocentes às mais rebuscadas, às vezes fatais.
Quantos tipos que mataram a sogra não dizem em tribunal que foi uma coisa que lhes deu na cabeça, assim, sem mais nem menos, sem saber porquê? Quantos, em circunstâncias do género, não dizem que nem sequer sabem o que fizeram, ou quando? Foi uma coisa que lhes deu na cabeça.
Aqui há uns anos, deu na cabeça do Professor Cavaco acabar com o feriado da terça-feira de Carnaval. Também lhe deu na cabeça mudar a hora. Coisas que não se fazem, como matar a sogra. Mas que dão na cabeça do mais pintado.
Ninguém está livre de uma coisa que lhe dê na cabeça.
Vêm estas profundas e científicas reflexões a propósito, calculem, do congresso do PPD/PSD.
É que, quando vi o Dr. Morais Sarmento dizer a um magote de jornalistas (que para tal tinha convocado) uma série de inanidades de objectivo dificilmente vislumbrável e argumentação indecifrável, perguntei-me o que lhe teria dado na cabeça.
É difícil perceber o que é que o homem quer com este súbito regresso à ribalta das televisões, a não ser, é claro, que tenha sido uma coisa que lhe deu na cabeça. Não se encontra explicação que seja plausível. Quererá galarim? Há melhores maneiras de o conseguir. Quer perfilar-se desde já como sucessor do Passos? Parece cedo para tais manobras. Quer criticar os que alinharam com o Passos depois de se lhe ter oposto? Parece pouco inteligente, portanto impróprio do fulano. Então o quê?
A explicação é só uma: deu-lhe na cabeça. A frustração de ver o Passos no trono foi tão forte que perturbou os neurónios do rapaz e lhe provocou a emergência de inconsciente parvoíce.
Não é novidade que, se excluirmos os partidos comunistas, PC e BE, toda a gente está de acordo com a necessidade imperiosa de alterar uma série de preceitos constitucionais.
Toda a gente sabe, ou sente, que o sistema político precisa “recauchutado”, que os direitos sociais estão ultrapassados pelas circunstâncias e precisam de perder carácter imperativo se se quiser que tenham possibilidade de alguma sobrevivência, que a independência da Justiça tem que ser clarificada, que a administração pública tem que ser profissionalizada, etc.
Passos não concretizou, que eu saiba, o que quer alterar na Constituição. Tão só propôs a criação de um Conselho, não sei se em sede constitucional, para, acha ele, conferir maior independência a certas nomeações.
A primeira tentação que os constituintes desta legislatura terão será a que anda por aí a ser propalada por inúmeros “especialistas”, comentadores, “politólogos, etc.: a tentação presidencialista. Não há, na “nossa” Europa, um único sistema presidencialista, coisa própria de americanos do Sul e de países há pouco saídos da esfera de acção da União Soviética.
Dir-se-á que a nossa experiência é a de um “presidencialismo de chanceler”, sistema em que a verdadeira sede do poder é o primeiro-ministro, com apagamento do parlamento e do Presidente da República. Dir-se-á que isto só se verifica quando o governo dispõe de maioria absoluta, o que não é o caso presente. O que não é verdade. Num Estado profundamente viciado num poder estatal que vai muitíssimo para além da política, a maior parte das decisões são exclusivas do primeiro-ministro e não precisam de chancela parlamentar ou presidencial.
Dir-se-á também que, se a reforma política for no sentido do parlamentarismo puro e duro, se reactivará a “bagunça”, a discussão permanente de tudo e mais alguma coisa e que, num país como o nosso, a fidelidade partidária é muito mais importante que o sentido de Estado ou da noção da essência da representação política. É verdade.
Então, qual a solução?
A solução é pegar na proposta do Passos e ir muito mais longe, criando um contrapeso político através do bi-cameralismo.
Diminua-se drasticamente o número de deputados e crie-se uma Câmara Alta, um Senado, de origem diversificada (a discussão da sua composição será tema fulcral), com poderes de fiscalização da actividade da Câmara Baixa. Senado onde a filiação partidária não seja o principal critério de decisão.
Acabe-se com o anacronismo que é a eleição directa do Presidente da República e dê-se tal poder a um colégio formado pelas duas câmaras, com uma eventual componente de raiz municipal.
Faça-se do Presidente da República o representante protocolar e formal da Nação, tão independente quanto possível a um órgão eleito, e não mais a espécie de vigilante político encarregado de debitar opiniões aqui e ali, agora e daqui a bocado, que é o que sucede há 36 sem resultados outros que não sejam os de complicar as coisas.
Passos Coelho parece intuir a reforma de que o sistema político precisa como de pão para a boca. Aqui ficam os desejos do IRRITADO: que saiba aprofundar o seu pensamento, que seja capaz de colocar à sua volta as cabeças certas para o informar e que tenha força para levar a sua avante, se é que a sua for das boas.
O Dr. Amaral (Pais do) deu uma enorme bronca quando disse uma coisa que toda a gente já sabia: que a TVI, mais o Marcelo, mais o presidente Sampaio, andaram a trabalhar para derrubar o governo legítimo do Dr. Pedro Santana Lopes.
A este ilustre elenco haveria que juntar o Doutor Cavaco, ainda que haja quem diga que tinha razão quando escreveu o célebre artigo da moeda boa e da moeda má: é que o Dr. Sampaio correu com moeda boa (a coligação PSD/CDS), fazendo o que estava ao seu alcance para a substituir pela má: o socretinismo socialista. E conseguiu!
Esta interpretação da cavacal vontade é, porém, demasiado caridosa. Cavaco fez parte do elenco, por inveja, maus sentimentos e oportunismo. Tal e qual como o Marcelo e o Sampaio. E como aquele artigo demonstrou à saciedade.
Fica o testemunho de um homem que conheceu parte dos meandros da operação que havia de levar ao desavergonhado golpe de Estado. Tentou, ao que diz, evitá-la.
Como é que esta gente - ora devidamente desmascarada por quem sabe do assunto - não pinta a cara de preto, é coisa para a qual mais vale não ter explicação.
A insigne ministra da cultura que o senhor Pinto de Sousa foi desencantar aos Açores anunciou à plebe que vai distribuir, ainda este ano, 16 (dezasseis) milhões de euros, 3,5 milhões de contos, do fundo para o cinema.
Não fazia ideia que existisse tal fundo, ainda menos que fosse tão fundo como 16 milhões. Para “distribuir”.
Alegre-se a rapaziada dos filmes. Vão ter um balúrdio, mais que o euromilhões. Vão poder chatear o povo com produções pretensamente intelectuais, ou fazer uns filmes com umas tipas semi-nuas, cheias de calores, e uns gajos de pistola a imitar os camones.
Como estas brilhantíssimas demonstrações da nacional-possidonice são, na cabeça da Canavilhas, um magnífico contributo para a elevação da cultura do povo, justo é que o povo as pague. Razão pela qual as 16 cavilhas se tornam mais que justas.
Afinal, o que são 16 milhões de euros nos tempos de ditosa fartura socialista em que vivemos?
Admirável, o patriotismo das nobres gentes de Valença.
Aqui há uns anos, um ilustre minhoto brindou a Nação com um voto no Parlamento contra o seu próprio partido, a fim de viabilizar um orçamento socialista. Tudo isto por causa de um queijo. Ficou ele sem o queijo, e a malta no caminho mais curto para o pântano do Eng.º Guterres.
Não sei o que esta gente do Norte fez à dignidade.
Os valencianos podem ter carradas de razão. Têm-na todos, ou quase, os que se opõem aos desmandos do poder político que temos a desgraça de ter. Mas, que diabo, há limites, mesmo quando a indignação é justa. Esta de encher as ruas de bandeiras de Castela tem que se lhe diga. O Código Penal prevê estas coisas. São crime.
Já que não se pode mandar prender em flagrante delito todos os díscolos que assim se comprazem, que se prenda os cabecilhas, a começar pelo presidente da câmara, que parece andar metido na marosca.
Nem pensar!, dirá quem me lê. Nesta terra, quando prende alguém é para soltar no dia seguinte, não é?
O senhor Emídio Rangel tem vindo a dar ao povo espectáculos verdadeiramente excepcionais.
Estamos habituados a um sem número de servidores do senhor Pinto de Sousa (o Lelo, o Santos Silva, o Vitalino, aquele rapazito que é ministro não sei de quê, o cabeludo porta-voz e tantos mais), gente que não hesita em imaginar, inventar e baralhar o que necessário for para defender o chefe, às vezes de forma tão absurda e tão ginasticada que põe os cabelos em pé ao mais pintado.
Pareceria impossível ir mais além.
Contra todas as expectativas, Rangel consegue-o. Arranca do armazém das frustrações da alma as coisas mais inacreditáveis que se possa imaginar. A patética evidência do que lhe vai na cabeça chega a ser chocante. Acusa este mundo e o outro de não gostar do Pinto de Sousa. Ele próprio, Rangel, acha-se tão importante que, na sua opinião, há montes de pessoas que não pensam noutra coisa que não seja ele próprio. Para lhe fazer mal, é claro. Coitado! Um tipo de quem já ninguém se lembra! Dois terços da república, pelo menos, andam a rezar pela pele do querido líder, com que injustiça, com que malevolência. Tudo, mas tudo o que dizem, é pura mentira, feroz perseguição. Nem uma só das tropelias do senhor Pinto de Sousa tem seja que correspondência for com a verdade.
É nisto que, miseravelmente, estamos. A ridícula comissão de ética do Parlamento parece querer enredar-nos a todos nas raivinhas e nas queixinhas de uma data de gente. Para nada concluir, como já toda a gente percebeu, a começar pelos senhores deputados.
Nas brumas de São Bento, Pinto de Sousa ri-se. Consta que bebe uns copos de champanhe, ou equivalente, à saúde da tal comissão.
Lá para Lousada, um fulano assaltou a estação dos CTT. Já tinha sido condenado a 11 anos de prisão por ser co-autor de nada menos de 7 assaltos à mão armada. E ainda: a criatura tem pendentes vários outros processos por assaltos praticados em Paços de Ferreira, Felgueiras e Castelo de Paiva.
O douto Tribunal, dando como provada a autoria do assalto aos CTT, aplicou-lhe dois anos de prisão.
Depois, certamente por entender tratar-se de um cidadão exemplar, suspendeu a sentença e o nosso homem foi mandado em paz.
Venham lá os sindicatos e as associações de magistrados dizer que são as leis que não prestam.
Em plena Lisboa, a Zona de Protecção Verde ao Eixo Norte-Sul está a ser destruída, as árvores arrancadas, o coberto vegetal arrasado, magna, impressionante e extraordinária malfeitoria.
Coisa de gaioleiros, de patos-bravos sem escrúpulos, de especuladores imobiliários, dos suspeitos do costume, dirá quem me lê.
Erro, meus senhores, erro crasso: trata-se da construção de uma escola!
A Parque Escolar, jovem empresa de capitais públicos (ou pública?) no seu melhor, a mostrar que, na asneira, de pequenino é que se torce o pepino.
Uma escola em cima do nó rodoviário de maior tráfego do país, com a maior concentração de emissões de gases de escape e de ruído!
Vejam bem. Tudo sob o olhar terno do Costa, do Fernandes e da camarada Helena, todos a proteger, com paternal olhar, o tipo da retro-escavadora que, dirão as más-línguas, ganha à tonelada.
Ou será que o Fernandes morreu? Não se perdia grande coisa, mas não é ocorrência que se deseje. Estará de licença sabática, a escrevinhar alguma memória descritiva para os projectos do Camarada Ribeiro Telles?
Ou está na jogada? Convenhamos que esta é a hipótese mais provável. O que muito nos diz sobre o carinho com que o fulano trata a cidade.
O jovem turco do PS, António José Seguro de seu nome, rapaz cheio de ambições e a espirrar moralices por todos os poros, revoltou-se, inchado de razão, contra o ordenado anual do Dr. António Mexia.
Independentemente de discutir as razões ou a falta delas da indignação do remexido político, pergunta-se o IRRITADO sobre os altos critérios de que se terá servido para a escolha do seu alvo.
É que, como toda a gente sabe, há pelo menos umas largas dezenas de Antónios Mexias por esse país fora, a maior parte deles camaradas do PS, muito seguros na coisa pública.
Então porque se indigna o Seguro, com tanta segurança, com os rendimentos do homem? Porque não se indigna, por exemplo, com as gorjetas do boy Soares, o da PT?
Porquê se, ainda por cima, o Mexia tem algumas realizações no currículo. O outro, e tantos outros, só têm militância socretina.
Esta segura selectividade (é bom não esquecer que o Mexia foi ministro do PSD) cheira a porcaria que tresanda.
Será que, seguramente, o Seguro tem algum candidato mais seguro (entenda-se do PS) para pôr em segurança no lugar do Mexia?
Não há moralidade, mas há muito quem coma. O Mexia, apesar de ter sido seleccionado pelo Seguro, não é, seguramente, dos piores.
É bonito ver que o companheiro Passos Coelho não se dedicou à caça às bruxas. Pelo contrário, prometeu - e está a cumprir - chamar à ribalta do partido os que se lhe opuseram em eleições internas. Muito bem.
Chamar o Dr. Rangel para presidir ao Conselho Nacional, onde, por certo, rangerá em conformidade, parece bem achado.
Já encarregar o Dr. Branco para presidir à redacção do novo programa do PSD, parece coisa de estranhar.
É que, sendo Branco tão PSD como Coelho, este perfilou-se, perante o partido e o país, com ideias bem diversas das dele. Branco representa a continuidade de Manuela, Coelho passou dois anos a opor-se a tal linha, de quem disse tanto mal quanto podia.
Uma coisa é tratar de unir o partido, outra é meter no mesmo saco quem pensa assim e quem pensa assado. A sensação que fica é que Coelho não tem nada na cabeça e que, ao contrário do que prometeu, qualquer coisa lhe serve. Desde que cale as vozes antes que desatem aos gritos.
Houve um preto que percebeu o que era óbvio, mas não era fácil: que a África do Sul precisava de paz como de pão para a boca.
Houve um branco que percebeu o que era óbvio, mas não era fácil: que o apartheid era tão injusto como insustentável.
Estes dois homens foram capazes de dominar os seus sentimentos mais profundos, de esquecer as suas fundamentadas razões e de sacrificar sentimentos e razões em favor da fundação de um país novo, a maior potência de todo o continente africano, com todas as condições para continuar a sê-lo e para se tornar um farol e um exemplo de progresso, liberdade e concórdia.
Nobre ilusão.
Como no Zimbabué, os impulsos mais rascas continuaram, primeiro em fogo relativamente brando, depois num crescendo em que o exemplo zimbabuense foi, por absurdo que seja, criando raízes.
Até que chegou ao poder um selvagem com um número indeterminado de mulheres e de filhos, que se diverte em cerimónias absurdas, que é suspeito de corrupção, que alimenta um líder da juventude do ANC cujo lema é “morte ao bóer”, que espalha uma seara de ódio pelo país fora, e que, last but not least, é um distinto amigalhaço do repugnante tirano Mugabe.
Neste patético mergulho no pior insere-se o assassinato do chefe dos extremistas brancos e de mais 17 fazendeiros, só nos últimos 30 dias.
O drama zimbabuense está em vias de repetição, desta vez em colossais dimensões.
Mandela já não tem autoridade. O seu sucessor parece, como aconteceu com Mugabe, preferir a vingança, mesmo à custa da mais radical miséria do seu próprio povo.
Se algum bom senso não vier a prevalecer, e nada parece indicar que prevaleça, isto pode trazer ao mundo inteiro uma crise de consequências devastadoras.
Afinal, se virmos bem, também pela Europa há quem tenha pulsões paralelas às dos que se propõem destruir a obra de Mandela.
É o caso “ busca da verdade histórica” dos espanhóis, ou das comemorações do 5 de Outubro em Portugal.
Coisas bem mais “civilizadas”, mas fruto dos mesmos “nobres” sentimentos.
Um grupo de deputados, um de cada partido, a discutir na TV a questão dos 14+21 (para já) projectos da responsabilidade do líder socialista, elaborados (ou assinados?) pelo primeiro-ministro que nos calhou em azar, nos tempos em que era só deputado e recebia um tanto para não ter actividades profissionais.
À excepção do camarada Lelo, que, à rasca com mais esta camisa de onze varas, disse as enormidades e as inconsequentes alarvidades em que é especialista, todos os ilustres pais da Pátria foram unânimes em duas coisas:
a) Que esta história não passa de mais um dos inúmeros rabos de palha do senhor Pinto de Sousa;
b) Que a coisa não é importante, importante é condenar, pela esquerda e pela direita, as políticas com que o homem vem, paulatina e orgulhosamente, arruinando a Pátria de há 5 anos a esta parte, e deixá-lo continuar no poder.
Lá que tais políticas são condenáveis, só não as condenando quem for cego, surdo e mudo da cabeça, toda a gente sabe.
Mas, e os rabos de palha? Não são importantes? Parece-me que, ou os distintos deputados em praça também se sentem cheios deles e se querem sangrar em saúde, ou deviam dizer que são importantíssimos.
Tais rabos de palha (estes e o interminável rol dos demais) tornam inaceitável que o senhor Pinto de Sousa seja primeiro-ministro. Não são importantes?
Tais rabos de palha, para quem ouve e vê, gritam que o senhor Pinto de Sousa não tem dignidade, nem carácter, nem altura moral, nem estrutura intelectual que lhe permitam ser primeiro-ministro na Somália, quanto mais em Portugal. Não são importantes?
Tais rabos de palha mostram à saciedade que, enquanto ele for primeiro-ministro, não haverá solução seja para que problema for dos que a sua governação nos causou e continua a causar. Não são importantes?
Os senhores deputados metem-se em tábuas, vá lá perceber-se porquê.
Afinal, parece que o Estado (ou o governo, que é o que existe) vai decretar a falência do BPP.
Quantos dos nossos milhões gastou entretanto, para manter a coisa? Não sei. Foram muitos. Em vez de pôr em acção os instrumentos legais de protecção dos depositantes no já longínquo momento em que se chegou à conclusão que o banco não tinha condições para honrar os seus compromissos, o governo nomeou uma administração nova e manteve em caríssimo banho-maria aquilo que já toda a gente, menos o governo, sabia que não tinha salvação.
A esquerda acusa o governo de “proteger os capitalistas”. A direita, estúpida como um comboio, cala-se.
As medidas do governo nada têm de liberal, coisa em que nem a esquerda nem a direita se revêem.
Se o negregado liberalismo - que não tem nada a ver com “a protecção dos capitalistas” - tivesse voz, então o banco já teria falido há que eras, os depositantes já teriam recebido aquilo a que tivessem legal direito através do fundo que para tal existe, a administração da falência já teria produzido os seus efeitos e o assunto, pelo menos do ponto de vista bancário, estaria morto e enterrado.
Como os princípios básicos do liberalismo não foram respeitados, o erário público gastou não sei quantos milhões e os depositantes continuam aos gritos. O governo, olhando-se ao espelho da sua alta competência, acaba por fazer o que deveria ter sido feito, mais eficaz e mais barato, há para aí dois anos.
O caso do PBN ainda é pior. Mais caro. Mais ineficaz. Mais estúpido.
Enfim, consequências da luta contra o “neo”-liberalismo que comanda os nossos destinos, sob o alto patrocínio do Dr. Mário Soares e o terno olhar da esquerda e da direita.
O camarada Raul Castro comunicou ao mundo que se está nas tintas para a morte dos grevistas da fome.
Tem toda a razão.
Ele, Castro, autêntico benfeitor da humanidade, que já autorizou os cubanos a comprar torradeiras e micro-ondas, que até permite que se compre arroz (dois quilos por mês por família de cinco pessoas) em moeda local, que permite a importação de carburadores para carros americanos de 1950, que apoia, nos hotéis para turistas, a prostituição das cubanas, moças prenhes de patriotismo, autênticas produtoras de dólares e de euros para o povo socialista, ele, sucessor ungido pelo seu augusto irmão, fonte incarnada de toda a legitimidade democrática e socialista.
Ele?
Como poderia ele ceder aos gritos histéricos dos imperialistas que o acusam, desses europeus de mierda e desses americanos vigaristas que, em nome dos direitos humanos, andam para aí a pedir piedade para os inimigos do socialismo? Vitoria o muerte! No passaran! Se esse gajo morrer será porque quer! Que tem o socialismo a ver com isso?
É assim mesmo, querido líder! É assim mesmo! É preciso mostrar ao mundo a verdadeira face do socialismo!
Como é sabido, o João Semana era um médico dedicado aos seus doentes. Tratava-os com carinho e, sendo pobres, não cobrava.
Nos nossos dias já não há joões semana. Uma espécie extinta, ou quase. Os médicos cobram que se fartam, não vão a casa de ninguém, não são capazes de diagnosticar sem, previamente, se pague trezentos exames e oitocentas análises.
Não fiquem tristes. É que, se os médicos estão neste estado, o mesmo não se passa com os engenheiros relativos.
Oiçam estas escutas ilegais:
Trimmm…
- Tá?
- Tou. Fala o Grumecindo.
- Tas bom, pá?
- Vou andando…
- Então diz lá.
- Olha, pá, tenho aqui uns bonecos para entregar na câmara, mas a gaita é
que foram feitos pelo tipo da farmácia, sabes, o Tiroliro, que é jeitoso…
- Sim, sei, é um gajo porreiro.
- Pois é, mas não pode assinar os bonecos. A câmara não aceita... se tu não
te importasses…
- Claro que não me importo, pá. Manda-me essa coisa, que eu assino.
- Obrigadinho, pá. E… enfim… não é?
- Oh pá, não penses nisso, a gente depois conversa. Nada de facturas.
Somos amigos, não é?
- Claro, claro.
- Olha, a propósito, tens visto o Caraça, da Edibronca?
- Anda por aí, pá. Queres que lhe diga alguma coisa?
- Se o vires, diz-lhe que não se esqueça daqueles projectinhos da minha
responsabilidade…
- Não me digas que o gajo não te pagou!
- Não, pá, não é isso, eu assino mas não recebo nada! É uma coisa residual,
estás a perceber? Residual!
- Não sei o que quer dizer residual, mas percebo. Queres que eu lhe diga o
quê?
- Diz-lhe só que não se esqueça.
- Que não se esqueça de quê?
- De nada, pá. Diz-lhe que não se esqueça, e já chega. Nada de falar em
dinheiro, não é disso que se trata, ‘tás a percebejar?
- OK, chefe, não te preocupes. Olha, já agora, o macacão do Zacarias, o faz-
tudo, o da urbanização Casa ao Vento, ‘tás a topar? Aquele casado com a
filha do Fagundes, a Tânia Vanessa - boa como o milho, hi hi.
- O que é que esse palhaço quer?
- Bom, não sei ao certo, mas o gajo diz que já tratou de tudo contigo mas
que tu não ligas bóia às obras…
- Mas como é que tu queres que eu ligue às obras se estou aqui em Lisboa,
em exclusivo? Aliás, ele sabe que foi só umas assinaturas… o que é que ele
quer mais?
- Isso não sei, filho. O que sei é que o gajo é do Cadalhufense e tu do
Caganovense, estás a perceber, ganhaste o campeonato, os gajos não te
perdoam!
- Deixa lá que eu trato disso. Não te metas no assunto. Mando daqui um
gajo tratar de lhe pregar um cagaço.
- OK. Tu é que sabes.
- Esses calhordas não percebem os favores que eu lhes faço. Não me dão
valor. Eu sou o João Semana da engenharia!
- Ai és? Olha que ainda não tinha dado por isso.
- Sou sou, os meus doentes são os gajos dos projectos. É só borlas!
- Pois pois.
- Olha filho, até loguinho, está-me cá a parecer que também andas metido
com o Cadalhufense! Por este andar ainda te dou algum aperto.
- Eu? Ó Sousa, desculpa, eu nem sou de cá…
- Adeus e juizinho, é o que eu desejo.
Clic.
Como vêm, ainda há quem se preocupe com os problemas dos outros. Ainda há quem faça o bem, sabendo a quem.
A história dos fumos de corrupção a propósito da compra dos submarinos tem tido, como resultado imediato, o surgimento de novos e insuspeitos estrategos, que muito enriquecem o pensamento pátrio nestas matérias.
Prenhes de mais rebuscada ignorância, figuras como o storyteller Tavares (Sousa) e como a grande referência do socialismo vale-tudo Almeida Santos expelem acrobáticas opiniões tendentes a cavalgar a onda poluída que por aí espuma destinada a pôr em causa o que governos de várias cores decidiram e tornaram a decidir ao longo dos anos, o que vários parlamentos de várias cores foram, repetidamente, aprovando: a aquisição de dois submarinos para a Armada.
Parece, imagine-se, que até o General Valença Pinto (um erro de casting de ciclópicas consequências) foi, coitadinho, assaltado por dúvidas metafísicas acerca do assunto!
Poderá compreender-se que se pense que a despesa que os submarinos envolvem não é, na situação actual, coisa bem-vinda. O que não tem a ver com a compra em si, efectuada no tempo em que o socialismo ainda não tinha chegado onde chegou na sua ruinosa obra, nem com a necessidade de dar crédito às pretensões marítimo-territoriais da Nação.
Se houvesse, hoje, que decidir, talvez fosse de pensar duas vezes. Mas, quando os submarinos estão prontos, quando o Estado tomou os compromissos que tomou, “borregar” não seria muito pior para todos nós? Que credibilidade internacional traria ao país uma atitude dessas? E como se esgrimiriam argumentos, na ONU, sobre a soberania portuguesa na plataforma continental?
No entanto, o governo que temos pede “pareceres” sobre a “legitimidade” de anular a aquisição!
Assiste o governo, angelical, à polémica das contrapartidas, como se não tivesse toda e exclusiva responsabilidade em tal matéria. Há anos e anos que uma distinta comissão, chefiada por um embaixador (Pedro Catarino, na reforma, simpatizante do PS) tido por alta figura da nossa diplomacia, anda a tratar do assunto sob o patrocínio e a tutela dos ministros da defesa e da economia.
Compete aos alemães velar pelas contrapartidas, ou ao governo e à sua ilustre comissão? Algo me diz que a tal comissão, para além de cobrar umas senhas, não fez a ponta de um chanfalho nos últimos seis anos! Se fez, fez mal. Isto é, pelo menos, flagrante. O que é flagrante não precisa de inquéritos, precisa de acção, de decisão. Precisa que a comissão seja, imediatamente, posta no caixote do lixo e que o governo faça alguma coisa com cabeça tronco e membros em vez de andar a sacudir a água do capote.
Nada disto foi feito. O governo anda calado como um rato, a pedir pareceres sobre a nobre decisão de faltar a um compromisso assumido e reiterado há anos e anos, compromisso que já produziu os seus efeitos finais, mesmo que, demonstrando ao mundo a mais radical desonestidade, se queira, hoje, virar o bico ao prego.
O que ao governo e ao PS interessa é que alguém da oposição seja envolvido na eventual corrupção. O resto é conversa. O governo sabe que não tratou das contrapartidas, o governo sabe que não há volta a dar à compra firmada, o governo manda altas figuras do PS pôr em causa legítimas e fundamentadas decisões, o governo anda a ver se se safa de mais uma em vez assegurar os créditos de seriedade que o país merece. Ainda por cima, fá-lo agitando culpas de terceiros em matérias, talvez graves, mas que nada têm a ver com a substância do que, em termos nacionais, está em causa.