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irritado (blog de António Borges de Carvalho).

O SOCIALISMO É A FILOSOFIA DO FRACASSO, A CRENÇA NA IGNORÂNCIA, A PREGAÇÃO DA INVEJA. SEU DEFEITO INERENTE É A DISTRIBUIÇÃO IGUALITÁRIA DA MISÉRIA. Winston Churchill

irritado (blog de António Borges de Carvalho).

O SOCIALISMO É A FILOSOFIA DO FRACASSO, A CRENÇA NA IGNORÂNCIA, A PREGAÇÃO DA INVEJA. SEU DEFEITO INERENTE É A DISTRIBUIÇÃO IGUALITÁRIA DA MISÉRIA. Winston Churchill

REALPOLITIK

O camarada Pinto de Sousa, regurgitando de amizade e gratidão, agradeceu ao Chaves a subida benesse de ter autorizado a transferência de um milhão de dólares reunido pelos portugueses da Venezuela para auxílio à reconstrução da Ilha da Madeira.

 

Prova-se assim:

a)   Que o camarada Pinto de Sousa se põe debaixo do Chaves por dá cá aquela palha, como se fosse algum favor deixar sair o dinheiro;

b)   Que o Chaves tem poder para impedir que os donativos dos portugueses sejam entregues a quem de direito;

c)   Que, na Venezuela, como em todos os países comunistas ou a caminho de o ser, não há qualquer sombra de liberdade de circulação de capitais;

d)   Que quem fizer economias na Venezuela está nas mãos do poder totalitário do Chaves para as poder utilizar;

e)   Que a Venezuela, sob a gestão do Chaves, não merece a mais remota sombra de confiança;

f)    Que o Chaves jamais pagará o que deve, a não ser que lhe apeteça;

g)   Que os portugueses que andam atrás do Pinto de Sousa a fazer negócios na Venezuela vão pagar com língua de palmo a ingenuidade própria e as maluquices do homem.

 

Os mil e não sei quantos milhões de euros que a comitiva de incautos que foi atrás do Pinto de Sousa a Caracas conseguiu não valem a ponta de um chanfalho. São mera propaganda.

 

A prová-lo, aí estão outros negócios já feitos, os quais, praticamente sem excepção, ou estão suspensos, ou encravados na burocracia chavista, e só andarão para a frente se o ditador quiser, quando quiser, e pelo valor que quiser.

Ai dos que o conseguirem! Quando chegar à altura de cobrar…

 

6.6.10

 

António Borges de Carvalho

MEMÓRIAS DE PREC

 

A certa altura dos idos do PREC deu-se uma coisa extraordinária: o MFA convocou os partidos para “negociações”. Tal era o poder das armas.

 

Revelava-se a verdadeira face do movimento, ou de quem nele mandava. Os militares, que tinham começado por dar aos incautos portugueses a imagem de quem surgira para entregar o poder ao povo, preparavam-se para se “institucionalizar”, isto é, para se perpetuar no poder. Havia que assegurar a natureza socialista do golpe militar de 25 de Abril, transformando a esperança de liberdade e pluralismo em marcha “popular” para os amanhãs que cantam, fosse ou não essa a vontade dos portugueses.

Em concreto, tratava-se de “negociar” um “pacto” entre os partidos políticos e os militares, a fim dar uma imagem “democrática” à transformação do golpe, que as pessoas tinham por libertador, em revolução bolchevista.

 

Lá fui, em representação do meu partido (fui fundador do PPM, em 74 e expulso dele em 85, por falta de “fé ecológica”), às ditas negociações.

Primeiro, fui recebido por um tipo da Força Aérea, capitão, ou major, já não sei, Pereira Pinto de seu nome. Meia dúzia de palavras depois, percebia-se que se tratava de um leninista convicto, ainda que de falas mansas e bem-educadas. Tratando-se de “uma primeira abordagem”, não havia muito a dizer. Regressei à base para fazer o relatório aos meus colegas.

Num dos dias seguintes, fui convocado para continuar as “negociações”, já lido e mal digerido o texto do “pacto” proposto. Em duas linhas, o que o MFA queria era “vigiar” a democracia, a fim de não haver desvios “reaccionários”. Para tal era criado o “Conselho da Revolução”, exclusivamente constituídos por militares, os quais deviam obediência ao MFA e não a qualquer poder eleito ou minimamente democrático. Os movimentos políticos eram “bem-vindos”, desde que se ativessem às normas do “pacto” e actuassem de forma a não prejudicar os objectivos do MFA, fossem eles quais fossem.  As eleições eram “aceites”, desde que não pusessem em causa a marcha triunfante da revolução.

 

Lembro-me, como se fosse hoje, do meu interlocutor em tais “negociações”: o almirante Rosa Coutinho.

Riso alvar, gargalhada fácil, troça permanente de quem lida com “inferiores”, ou seja, com quem poder não tem e está perante o poder total.

Postas as minhas reticências ao inacreditável texto, o homem desatou a rir como, imagino, se riria Satanás ao ver espetar ferros em brasa no rabo dos condenados. Pelo menos, foi a sensação que me causou.

“O que é que você queria? Que o MFA tivesse feito a revolução para se arriscar a que o poder caísse nas mãos de quem o não merece só por causa de eleições? Está muito enganado! O caminho é para o socialismo e o resto é conversa! Aqui está o texto para assinar. Não é para discutir. Vocês foram chamados, e estão com muita sorte, para tomar conhecimento, para ouvir detalhes, se quiserem, não para alterar o que aqui está!”

Assim se exprimia o meu interlocutor, ao mesmo tempo que deixava cair ameaças várias sobre quem não quisesse “alinhar”. Ou estás connosco ou contra nós.

 

Nunca tinha tido tanto medo. Um medo que ultrapassava os medos que se tinha no Norte de Angola nos idos de 60, um pavor que não tinha nada a ver com o medo ansioso da morte ou do combate.

Era o medo que se me entranhava na pele perante o negrume de um futuro desgraçado, o medo de ter apoiado, com as minhas ilusões, não os que nos traziam um futuro livre, mas algo de repugnante e maléfico, algo que a bota daquele homem horrível em cima do nosso pescoço representava.

 

À saída do IDN, onde estava estacionado o estado-maior das “negociações”, encontrei o Salgado Zenha, que saía de reunião paralela. Confessei-lhe o meu pavor. Disse-lhe que não era possível a democrata algum assinar aquela coisa.

 Zenha sorriu.

“Meu jovem amigo, tem você toda a razão. Mas, entre ir parar ao Campo Pequeno às mãos desta gente, ou ter a possibilidade de, com as armas dela, a contrariar, não acha que mais vale a segunda hipótese?”

Fiquei escandalizado.

“Um homem com o seu passado vai assinar esta merda?”

Zenha sorriu de novo.

“O que arriscamos não assinando é muito mais do que perdemos se o não fizermos, não percebe? Esta gente não tem escrúpulos. Mas há, no meio deles, alguns que serão capazes de resistir e de ser aliados de quem defende a liberdade. Pense nisto”.

 

Não aceitei o conselho. Levei o meu partido a recusar assinar o vergonhoso “pacto”.

 

Zenha tinha razão. O “Pacto MFA/Partidos” era preferível à guerra civil ou à pura, simples e imediata ditadura comunista. Seria? Hoje, a já tão grande distância, sou levado a pensar que sim.

 

O resultado foi, por um lado, ter sido possível estancar o sovietismo primário de Coutinho, Gonçalves e tantos outros. Por outro, foi esta coisa estranha em que vivemos. Foi o preâmbulo da Constituição, que se mantém décadas e três ou quatro revisões depois, a apontar-nos, compulsivamente, para uma sociedade socialista. Foi esta estranha coisa do semi-presidencialismo (ou semi-parlamentarismo?) à portuguesa. Foi uma bebedeira de “direitos sociais” que, sem que a utopia se cumprisse, inquinaram o nosso futuro económico. Foi a ruína das nacionalizações, que só conheceu alguma, tímida, abertura em 82, e que continuou, por imposição do PS, por mais sete anos. Foi a destruição do dinheiro e da iniciativa nacional, que foram à procura de novos horizontes.

É verdade que muito se realizou e muito se progrediu. É evidente que não se instituiu a tirania. Mas, como agora está patente aos olhos de todos, o que se realizou e o que se progrediu era de papelão, papelão que, já ninguém duvida, se vai desfazer na tempestade em que vivemos.

 

No momento em que, por todo o lado, se tece loas ao defunto almirante, como soe fazer-se com a generalidade dos mortos, pergunto a mim mesmo o que seria hoje o meu país se tal almirante e sua gente não tivessem tido a armada oportunidade de se apoderar, num certo momento histórico, da totalidade da soberania que nos tinham prometido.

 

6.6.10

 

António Borges de Carvalho

 

DA RESPONSABILIDADE CIVIL

 

Dizem as finanças que só há noventa mil casais registados como união de facto.

Se tivermos em conta que as uniões de facto só se registam nas finanças e em mais nenhuma parte, haverá que concluir que a lei fiscal protege gente que, tendo em vista benefícios, se “regista”. Pela mesma ordem de ideias, dizem as finanças, as restantes uniões de facto, que são muitas mais, não se “registam” por achar que não beneficiam com isso.

 

Quer isto dizer que a lei civil protege a responsabilidade à la carte.

Os “cônjuges” são livres de escolher quando o são e quando o não são, segundo as conveniências de cada momento. Passam de solteiros a casados, e outra vez a solteiros, e outra vez a casados, à medida das conveniências e das oportunidades. Um privilégio que aos demais não é dado.

 

O casamento civil tem efeitos na esfera jurídica de cada cidadão. Não é só um contrato entre duas pessoas, é um contrato entre elas e a sociedade, uma vez que altera a relação entre elas e o mundo exterior ao casal, simultaneamente modificando as obrigações e as presunções legais da sociedade em relação aos contraentes.

Ora as uniões de facto são contratos informais, válidos inter partes, oponíveis a terceiros, ou não, à vontade do freguês.

 

Não é, nem moral nem civilmente aceitável que as pessoas assumam as suas obrigações perante a sociedade quando lhes convém, sendo livres de não as assumir quando assim não é.

Os que se casaram, assumiram implicitamente um estatuto jurídico que os obriga perante terceiros a título permanente, ou até que, nos termos da lei, ponham fim ao contrato.

 

À lei não compete posicionar-se em relação ao amor ou a outras ordens de razões que levem duas pessoas a viver juntas. Mas compete-lhe, ou devia competir-lhe, distinguir entre as que assumem a sua união perante a sociedade e as que assim não procedem. A lei civil poderia e deveria ocupar-se das consequências das uniões entre pessoas, fossem elas matrimoniais ou de outra natureza, desde que tais uniões assumissem as suas responsabilidades e o corpo de direitos que a lei civil determinasse para cada caso, na condição de serem tornadas públicas, isto é, registadas, por via de casamento ou outra.

Razão pela qual as uniões de facto deveriam ser juridicamente irrelevantes, ou inexistentes.

A equiparação das uniões de facto ao casamento constitui uma negação de direito aos que se casam e uma ofensa grave aos interesses da sociedade civil.

 

É sabido que, no estado de desagregação da sociedade, ou de degradação das responsabilidades individuais em que vivemos, dizer estas coisas não só é inoperante como considerado retrógrado e objecto das mais duras críticas.

Por isso, é uma idiotia ou um arcaísmo do IRRITADO vir assim, sem mais nem menos, pronunciar-se sobre o assunto.

Não vale a pena, a não ser para consolo da mente perturbada do IRRITADO, que não compreende os benefícios da moral vigente, tão exemplarmente expressa nas uniões de facto e no “casamento” de quem casar não pode.

Já não é pouco. Afinal valeu a pena.  

 

5.6.10

 

António Borges de Carvalho

OS RIDÍCULOS

 

Não sem a sua lógica, as eleições presidenciais começam a mostrar a sua verdadeira natureza de risível e contraproducente inutilidade.

 

Os maus sentimentos de Soares conhecem um dos seus já tradicionais picos. A frustração de há 4 anos impera na mente ínvia do senhor. Não digeriu a derrota, o que é ridículo. Tomou de ponta o Alegre, o que se compreende, mas não deixa de ser ridículo. Não é aceitável que dê à casca como dá. Ainda por cima com o argumento que usa: Alegre vai contribuir para a queda de Pinto de Sousa.

Ridículo. A Nação inteira, dos partidos comunistas à direita mais direita, sem excepção, anseia pela queda de Pinto de Sousa. Até o PS, ressalvadas que sejam umas centenas de boys, não deixa de estar ansioso. O drama da Nação é não saber como nem quando se vai ver livre do inacreditável cidadão. Quereria que fosse já, mas tem medo das reacções externas. Um drama. Um ridículo drama.

Se, como diz Soares, Alegre contribui para esse objectivo nacional, então a alegre candidatura, enquanto tal, é bem-vinda.

 

O Pinto de Sousa, esse, leva o ridículo ainda mais alto. Não há quem não saiba que tem um ódio visceral ao Alegre desde os tempos já recuados da história da co-incineração, um dos feitos de estimação do, à altura, ministro dos negócios do ambiente.

Passado mais de 4 meses da gloriosa apresentação da alegre candidatura, Pinto de Sousa vem, subitamente, descobrir que lhe dá um “apoio convicto”.

É claro que teve que recorrer, à maneira do PC, ao voto de braço no ar, contra todos os proclamados princípios. Pudera! Se o voto fosse secreto, como em assembleias civilizadas se usa quando se trata de votos sobre pessoas, outro galo cantaria. Pinto de Sousa não quis arriscar. Se ficasse sem Alegre ficava descalço.

Por tudo isto, quando se diz “convicto", ou é aldrabão, o que é verdade, ou é ridículo, o que também é verdade. Ou as duas coisas, o que é a verdade.

 

O putativo candidato Cavaco Silva, depois de se ter coberto de ridículo e de opróbrio com as ridículas e absurdas desculpas que foi arranjar para aprovar a destruição do conceito de casamento, continua a fingir que anda mais preocupado com o mau estado da Pátria que com a eleição presidencial. Não há quem ainda não tenha percebido que Cavaco se levanta, passa o dia, e se deita sem pensar noutra coisa. Até nos sonhos e nos pesadelos a eleição o deve assaltar.

Não podia ser mais ridículo nem andar mais longe daquilo que se poderia pensar ser sua obrigação.  

 

Aparece agora um movimento de contornos difusos a querer arranjar um candidato que, sem ser de esquerda, seja contra Cavaco.

Começa esta gente por se declarar católica. Nada mais ridículo. O pretexto apresentado (a promulgação da porcaria) merece o nojo de muita, muita gente, por mera convicção moral, intelectual, civil e civilizacional. Gente de esquerda e gente de direita, ateus, agnósticos, católicos, metodistas, muçulmanos, hindus, budistas.

Os tais católicos, que põem o rótulo para aparecer na política, são parvos ou ridículos. Ou andam a fazer fogo de vista, que é o mais provável. Ridículo.

 

Uma ressalva. O Dr. Santana Lopes declara-se contra Cavaco e confessa que gostava que outro candidato lhe fosse às canelas. Com boas razões para tal. Não passa pela cabeça de ninguém que o Dr. Santana Lopes pudesse apoiar Cavaco, o mais violento dos seus inimigos, o homem da “moeda boa e da moeda má”, o homem que assistiu sem um protesto ao miserável golpe de Estado anti-democrático do seu antecessor, o homem que, como algumas tribos africanas, desconhece a palavra gratidão.

Neste particular, o ridículo fica por conta do ilustre comentador Dr. Morais Sarmento. Sem conseguir conter a ridícula inveja que tem de Santana Lopes, aproveita para classificar a alternativa a Cavaco como “um epifenómeno peripatético”. Qualquer coisa me diz que este ilustre comentador não sabe, nem o que é um epifenómeno, nem o que quer dizer peripatético. Era preciso dizer qualquer coisa contra Santana, e foi do epifenómeno peripatético que o homem se lembrou, como se podia lembrar de outra parvoíce qualquer. Um dicionário seria um óptimo presente para este senhor.    

 

No fundo, o problema que fica é o de saber se morder nas cavacais canelas vale a pena, mais que não seja pela honra do convento, ou se é melhor não perturbar a eleição de homem a fim de não arriscar ver o Palácio Real de Belém ocupado por um tão sinistro fala-barato como o senhor Alegre, ainda por cima às ordens do Louça.

 

4.6.10

 

António Borges de Carvalho

TRABALHOS DE GRANDE MONTA

 

O IRRITADO não cabe em si de contente.

 

Porquê?

Resposta: a inenarrável Câmara costo-roseto-fernandasca vai “requalificar” a placa central da Praça de Londres!

É o que reza um panfleto de publicidade não endereçada que, ilegalmente, foi metido na caixa do correio do IRRITADO.

 

A “intervenção” “tem uma duração prevista de execução” - ignorante pleonasmo -  “de quatro meses”, “e vai transformar, de uma forma global e integrada”, a dita placa. Ninguém saberá dizer o que significa fazer umas jardinagens  de (“uma” está a mais) “forma global e integrada". Mas demos isso de barato.

Importante é saber que “a intervenção vai aumentar a consciência interna do jardim”. Sabem o que é a “consciência”, ainda por cima “interna” de um jardim? Eu também não. Se fosse “consistência” ainda merecia um esforço de interpretação, sobretudo para inconscientes como o IRRITADO.

 

Mas há mais. Num gesto verdadeiramente inédito e inovador, a formidável câmara vai “implementar” - estranho inglesismo, sobretudo quando aplicado ao caso - relvados! Não, meus senhores, a CML não vai semear relvados, ou plantar relvados, vai implementá-los! Formidável inovação, gloriosa novidade, fantástica tecnologia! Mais, o relvado da câmara terá “capacidade de carga”. Não se sabendo o que este primor quererá dizer, é legítimo pensar que os propagandistas da obra querem significar que o povo poderá andar em cima da relva, ou deitar-se nela, coisa que, igualmente, constitui uma novidade universal, digna do Science Digest.

Vai também ser criado um “efeito de interioridade”, dizem eles, o que muito anima o munícipe. Munido da “consciência interna” e do “efeito de interioridade”, mais facilmente poderá o munícipe interiorizar a excelência das camarárias benesses.

 

Vejam bem:

O ciclópico esforço da edilidade consubstanciar-se-á no plantio de “4 (quatro!) novas árvores”, no transplante, ó maravilha, de uma palmeira de médio porte (uma palmeira de médio porte!!!) e de um “arbusto de grande porte” (um arbusto de grande porte!) no arranque, que extraordinário feito paisagístico, de 2 (duas!) “árvores de pequeno porte com problemas fitossanitários” - extraordinário contributo para a fitossanidade das massas.

 

In fine, que ternura, a CML, “lamenta eventuais incómodos” e  “solicita a maior compreensão dos Munícipes”, agora contemplados com maiúscula.

 

Tudo isto em folhas de papel couché de 40 gramas, impresso a duas cores, coisa profusa e abusivamente metida na caixa do correio de cada um.

 

Convenhamos que, tratando-se de tão ciclópicos trabalhos e de tão gigantesco melhoramento, é de enaltecer o procedimento.

 

Cada um publicita o que é capaz de fazer, e escreve como é capaz de escrever.

 

1.6.10

 

António Borges de Carvalho

O IRRITADO E AS COMEMORAÇÕES

 

Não sei por que carga de água insiste a distintíssima e riquíssima comissão das comemorações do 5 de Outubro em mandar ao IRRITADO convites para as suas actividades, “culturalmente” destinadas a convencer os papalvos das virtudes da golpada dos terroristas da Carbonária e dos burgueses ricos e cultos que a ela ficaram a dever o poder político. Coisa que tão mal usaram e tão torpemente ofenderam.

 

Sob a pretensiosíssima epígrafe “Literatura Portuguesa e a Construção do Passado e do Futuro” (um primor de sabedoria gramatical), a gloriosa imanência do nacional primitivismo jacobino, em notável trabalho de casting, apresenta uma plêiade de senhoras e senhores, altas figuras da cultura republicana, que se propõem, para comemorar a coisa, utilizar a obra literária de figuras tão republicanas como Gil Vicente, Fernão Lopes, Fernão Mendes Pinto, Fernando Pessoa ou Sophia de Mello Breyner Andresen.

 

Tudo isto com o nobre objectivo da “construção do passado e do futuro”.

Se calhar o passado que a patriótica comissão gostaria que a República nos tivesse dado, não o passado do caos da sua primeira versão ou da ditadura da segunda edição da desgraçada coisa.

Com certeza o futuro que a imaginação republicana, fazendo jus aos seus “maiores”, deve querer “construir”, e que, é lícito pensar, pedirá meças aos bons tempos da Carbonária ou da PIDE.

 

Enfim, a comissão tem dez milhões de euros para se entreter. Há que gastá-los com estas manifestações de rigor histórico e de probidade intelectual.

Sursum corda! É obra!    

 

Obrigado pelo convite. Por óbvias razões de agenda o IRRITADO não poderá comparecer. Sentidas desculpas.

 

1.6.10

 

António Borges de Carvalho

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