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irritado (blog de António Borges de Carvalho).

O SOCIALISMO É A FILOSOFIA DO FRACASSO, A CRENÇA NA IGNORÂNCIA, A PREGAÇÃO DA INVEJA. SEU DEFEITO INERENTE É A DISTRIBUIÇÃO IGUALITÁRIA DA MISÉRIA. Winston Churchill

irritado (blog de António Borges de Carvalho).

O SOCIALISMO É A FILOSOFIA DO FRACASSO, A CRENÇA NA IGNORÂNCIA, A PREGAÇÃO DA INVEJA. SEU DEFEITO INERENTE É A DISTRIBUIÇÃO IGUALITÁRIA DA MISÉRIA. Winston Churchill

TANGA!

 

Os medicamentos vão aumentar, como é do conhecimento geral. Trocado por miúdos, os laboratórios vão receber menos (que se lixe!), as farmácias vão receber menos (que se lixe!), os utentes vão pagar mais, o Estado vai pagar menos.

Sinais dos tempos.

 

Quando há estas mudanças de preços - veja-se o caso dos táxis - é comum o vendedor ter uma tabela que mostra ao cliente para justificar o novo preço enquanto os taxímetros ou equivalente não estão devidamente programados. É simples.

No “Simplex”, porém, é complicado. O governo, não só não põe nas farmácias qualquer lista de novos preços à disposição do pagode, como impede que os laboratórios alterem as embalagens.

Simplex é Simplex, e o resto é conversa: ordena o governo que deixe de haver preço nas embalagens! Remédio santo.

 

Quer isto quer dizer que, ao contrário de qualquer outro produto, os medicamentos passam a ter preços mistério, que o contribuinte só passa a saber depois de lhe ser apresentada a factura. Se o farmacêutico não for sério, bem “trabalhadas” as coisas pode cobrar o preço que muito bem lhe der na real gana. Basta ter no computador um programinha lateral.

Ao consumidor nem sequer é dado saber a que comparticipação tem direito.

 

Protecção do consumidor no seu mais alto nível. SNS (Socialismo Nacional da Sacanice) do melhor.

 

30.9.10

 

António Borges de Carvalho

HISTÓRIA REPUBLICANA

 Vejam bem como se faz história:

 

(Há) dezenas de exposições, umas já patentes ao público, outras a inaugurar em breve, que traçam a história dos homens que forçaram a queda da monarquia e abriram, no Portugal arcaico e periférico, caminho a uma sociedade nova.

 

Os  homens que repeliram o velho País… deixaram um legado plural… os rostos, os corpos, o viajar por prazer (???) ou a resistência à ditadura salazarista em nome de uma sociedade democrática, são objecto das exposições acima referidas.

 

Há mais: uma exposição itinerante, com uma viatura adaptada, duas tendas e uma equipa de mediação (???), que desde o início do mês e durante todo o ano, levam história a mais de cem concelhos do país…

Evocam-se nomes, rostos, gestos. É um Portugal a sacudir a herança medieval (???).

 

Estes magníficos pedaços de prosa estão, preto no branco na edição de ontem do jornal do “amigo Oliveira”.

 

O "Portugal arcaico" tinha conservado o 'núcleo duro' do Império - que a república tanto prezava - apesar dos ataques de que fora alvo.

O "Portugal arcaico" tinha um conjunto de escolas universitárias que faziam inveja a muita gente, mais rica e mais 'culta'.

O "Portugal arcaico" tinha um conjunto de linhas-férreas que metiam num chinelo muito boa gente, e que, nos cem anos de república, não foram desenvolvidas, antes (ainda hoje!) são desactivadas ou abandonadas.

O "Portugal arcaico" vivia há 80 anos num regime político que, mutatis os mutandis temporais, era tão democrático como o de hoje.

O "Portugal periférico" era visitado pelos chefes dos mais importantes países da Europa, numa 'corrida' diplomática coroada de enormes êxitos.

 

Pode dizer-se que, neste “Portugal arcaico e periférico”, o sistema político, apesar dos esforços do Rei, funcionava mal. A república, porém, repetiu e aumentou todos os defeitos do sistema que abateu.

Os homens que “repeliram o velho país” deixaram, é verdade, “um legado plural”: o legado da desordem, da bomba, do terrorismo, dos assassínio políticos, da repressão, da ausência de liberdade de imprensa, das perseguições religiosas, das deportações dos adversários e dos sindicalistas, da proibição de partidos políticos, das crises intermináveis, da bancarrota, da guerra. Mais pluralismo que isto é difícil.

Tenebroso legado, a fazer jus às suas origens, já que construíram o seu miserável regime sobre o cadáver de um Rei que assassinaram, um Rei que foi um patriota indomável, que sofreu pelo seu país, um diplomata emérito, um cientista de valor, um artista talentoso, um Homem admirado em toda a Europa. E expulsaram o seu Filho, valoroso e patriota como o Pai.

Deixaram o legado dos grupos terroristas armados, que mantinham ao serviço do novo regime e das suas mais obscuras facções.

Deixaram a inevitável criação de uma nova república, que os seus herdeiros negam apesar de a comemorar, uma nova república autoritária que o Povo aclamou por indispensável à altura, que consolidou a república que fundaram, que defendeu a sua herança imperial feita de abandono e de miséria, que teve como defeito maior o de ter querido eternizar-se e tê-lo conseguido.

 

Foi assim que o 5 de Outubro “sacudiu a herança medieval”.  

 

O país inteiro vive mergulhado numa crise de cuja enormidade só uma geração já desaparecida teria memória.

O país inteiro vive uma História esfrangalhada na monumental aldrabice que as “comemorações” do 5 de Outubro lhe impingem.

 

Se houve homens sérios na primeira república, e houve, foram traídos pelos seus próprios erros. Se vivessem hoje, faço-lhes a justiça de pensar que gostariam tanto como eu destas “comemorações”.

 

27.9.10

 

António Borges de Carvalho

 

 

AVISO - No dia 4 de Outubro, no Palácio da Independência, abre uma exposição sobre “A repressão da Imprensa na I República”. Deve valer a pena. Pelo menos, na esperança de que não se dê, em tal exposição, mais pontapés na História.

BOYS DE AVIÁRIO

 

O diplomata Mira Gomes não é embaixador, tão só foi conselheiro em Paris. Não sei qual é a sua posição nas “letras” da função pública em geral, ou do MNE em particular.

Sei que, sem mais nem menos, foi alcandorado à posição de embaixador de Portugal na NATO.

Conheci um sem número de embaixadores naquele posto, todos “rapazes” já muito maduros ou até diplomatas em fim de carreira que tinham aquele posto como prémio de muitos e, em princípio, bons serviços prestados à diplomacia portuguesa.

Fica assim sem explicação a subida de uma data de degraus de uma só vez por parte deste jovem, coisa que, diz quem sabe, não foi lá muito bem vista, nem na NATO, nem na “carreira”.

Sem explicação? Nem por isso. O diplomata Mira Gomes foi secretário de estado no ministério da defesa. Passou, pois, à categoria de boy.

No melhor pano cai a nódoa. Não sei se o senhor em causa se enquadra no conceito de melhor pano. Demos isso de barato. Mas que a nódoa caiu, caiu.

 

27.9.10

 

António Borges de Carvalho

NEGÓCIOS LEGÍTIMOS

 

Hoje, como quase todos os dias, o jornal socialista do “amigo Oliveira” apresenta à Nação duas ou três páginas contendo centenas de anúncios de prostitutas que, generosamente(?), oferecem as mais variadas especialidades, manipulações, “massagens” e demais martingalas da profissão. Anúncios, como é de timbre, devidamente acompanhados por esclarecedoras fotografias de senhoras em posições tipo professora de Trás os Montes, ainda que menos sofisticadas.

Trocadas as coisas por miúdos, verifica-se que o “amigo Oliveira” promove a mais velha profissão do mundo e factura que se farta à conta dela. Se a raparigada que se dedica a tal função vive disso, o “amigo Oliveira”, pelo menos em parte, também.

Com uma agravante: o “amigo Oliveira”, ainda que, pessoalmente e que se saiba, não ofereça tais serviços nem cobre por eles, não há dúvida que, com intenção lucrativa, fomenta, favorece e facilita o exercício por outrem da nobre arte da prostituição.

 

Reza o Código Penal, art.º 169º (Lenocínio), o que segue:

Quem, profissionalmente ou com intenção lucrativa, fomentar, favorecer ou facilitar o exercício por outra pessoa de prostituição é punido com pena de prisão de seis meses a oito anos”.

 

Independentemente de se achar ou não legítimo que se exerça tal profissão (não será o          IRRITADO a lançar o seu anátema - não vale a pena - sobre as senhoras em causa), a verdade é que o Código Penal estabelece, com a maior clareza, que quem a promove e ganha dinheiro com isso comete um crime.

 

Vem isto a propósito de uma cartinha que, aqui há uns tempos, o IRRITADO dirigiu ao senhor Provedor de Justiça, na qual se interrogava sobre a legitimidade dos anúncios com que o “amigo Oliveira” ganha a vida.

Sua Excelência teve a amabilidade de responder, o que o IRRITADO agradece publicamente.

O adjunto de Sua Excelência que se desempenhou da missão demonstrou à crassa ignorância do IRRITADO que não, os anúncios do “amigo Oliveira” não têm nada a ver com lenocínio. Trata-se de mera publicidade, legítima num regime em que há não só liberdade de imprensa como liberdade pessoal de cada um anunciar o que muito bem lhe der na gana. Isto escrito, não com as palavras chãs do IRRITADO, mas assaz doutamente, como é próprio da alta instância em causa, com rebuscadas justificações técnicas e solenes considerações de ordem jurídica e até constitucional.

 

Talvez o IRRITADO não passe de um Velho do Restelo - ou das Avenidas Novas - que não compreende a evolução da sociedade e a moral vigente.

Pensa, porém, que o melhor é deitar fora o artº 169º do Código Penal, em vez de tentar demonstrar que as actividades do “amigo Oliveira” não se enquadram nas respectivas prescrições.

 

27.9.10

 

António Borges de Carvalho

DAS FARSAS REPUBLICANAS

 

O Dr. Passos Coelho declarou aqui há dias que “o governo não é sério a negociar”.

Grande descoberta!

O governo e o PM alguma vez foram sérios, fosse no que fosse?

O PM foi sério quanto a si próprio no caso do canudo? Foi sério a fazer projectos da treta lá para as beiras? Foi sério nas suas promessas eleitorais? Foi sério quando, para ganhar as eleições, deu aumentos impossíveis aos funcionários públicos? Foi sério no caso do aeroporto? No caso do TGV? No caso Cova de Beira? Foi sério ao negar a desgraça que criou? Foi sério na gestão dos negócios públicos?

O Dr. Passos Coelho será capaz de nos dizer quando é que o PM foi sério? Não. Presumo que ninguém o será.

 

O PM jamais negociou fosse com quem fosse. Nunca o quando fez tinha maioria. Quando a perdeu, inventou uma palhaçada de recepção aos partidos, dizendo que negociava com todos sem negociar com ninguém. Agora cavalga a onda jogando forte na proclamada impossibilidade de o PSD chumbar o orçamento. Mente desmesuradamente ou manda o rapazola da boca à banda dizer enormidades na televisão.

 

Não se sabe onde isto vai dar. O IRRITADO não se cansou de repetir que Passos Coelho devia ter acabado com esta gente na primeira oportunidade. O PR ter-se-ia visto obrigado a dissolver o Parlamento e a convocar eleições ainda este ano, mau grado as suas contas eleitorais.

Passos Coelho ou teve medo ou foi mal aconselhado. Achou que ainda não era o momento, que tinha a “obrigação patriótica” de deixar o governo governar, coisa que este governo, bem como o precedente, jamais souberam fazer. Em suma, encolheu-se. Deixou passar o PEC e a sua revisão. Agora, na mais completa escuridão quanto ao que o governo tem andado a fazer, ainda que se saiba que é o único governo europeu que aumentou a despesa, o PSD ameaça. Pinto de Sousa ri-se. Para ele cada dia que passa é mais um dia de poder, e ele quer o poder acima de tudo e seja à custa do que for.

Passos Coelho ou os seus conselheiros não quiseram perceber, e deviam tê-lo feito desde a primeira hora, que o pior de todos os males não é o défice, a dívida, a crise económica, o desemprego. É, sim, quem fabricou todas estas desgraças, o senhor Pinto de Sousa e o seu entourage. A “obrigação patriótica” de Passos Coelho era acabar com esta malta o mais depressa possível.

 

Agora que o PR já não pode dissolver a assembleia, o país fica sujeito, de uma forma ou de outra, a continuar a precipitar-se no abismo. Se o orçamento passar, Pinto de Sousa continuará, para vergonha e indignidade de todos nós, a fingir que governa, pelo menos mais um ano. Se o orçamento não passar, então Pinto de Sousa ficará “em gestão”, com duodécimos, a poder continuar a delapidar o que tiver à mão, agora 100% à vontade para não cortar na despesa. Os seus acólitos, sob a sua batuta, fabricarão mais uma monstruosa campanha de desinformação a “demonstrar” que o culpado de todos os males é… o PSD!

 

Nesta alhada estamos, vítimas de análises completamente erradas e de um Presidente que se meteu em tábuas para, alegadamente, ter mais hipóteses de reeleição.

 

A eleição presidencial é uma brincadeira que os constituintes inventaram para dar um ar mais “democrático” à III República. Uma pessegada. Não se elege por sufrágio universal alguém a quem não são conferidos poderes que sejam compagináveis com a sua legitimidade.

Tudo não passa de uma palhaçada sem nome. Já que não temos um Rei, ao menos que o PR fosse eleito pelo parlamento, a fim de colmatar essa formalidade estúpida que é a necessidade da sua existência.

Mas, para o Doutor Cavaco Silva, para o senhor Alegre e quejandos, trata-se de coisa importantíssima, ainda que nenhum deles faça a mais remota ideia sobre o que vai, ou iria, fazer para o Palácio Real de Belém.

 

Assistimos, impotentes, a duas farsas simultâneas e quase tão deletérias uma como a outra: a da manutenção no poder do mais incompetente e desonesto governo da III República, e a da eleição de um Presidente que não mexe uma palha que interesse àqueles a quem o que pode fazer se destinaria.  

 

26.9.10

 

António Borges de Carvalho

DURA LEX

Então não é que o Queiroz foi ilibado das suas “culpas”?

Hi, hi.

Para completar o ramalhete, só falta o TAD confirmar o que se espera em relação ao processo selvagem movido pelos médicos - que já meteram os pés pelas mãos à farta - sob as ordens do Balbino e do Pinto de Sousa.

O IRRITADO espera que o Queiroz consiga pôr esta malta toda a pão e laranjas, e deseja-lhe um futuro próspero à custa das indemnizações que vai sacar.

 

23.9.10

 

IRRITADO

PLURALISMO, ISENÇÃO E INDEPENDÊNCIA

O jornal privado chamado “Público” tomou a notável iniciativa de pôr o “Povo” a “falar” com “os líderes políticos”.

 

Povo é toda agente. Não se sabe, nem interessa lá muito, como é que o “Público” faz a selecção dos felizes contemplados com o “diálogo” que lhes é oferecido. O IRRITADO, como não está interessado no assunto, não se queixa de não ter sido "seleccionado".

 

Já no que respeita à escolha dos “líderes” a coisa tem que se lhe diga. Trata-se de um elenco de luxo. Nada menos que 5 camaradas o Jerónimo, o Louça, o Assis, o Chico e o Defensor Moura. Depois, dois tipos que não se sabe bem como entram num baralho destes: Passos e Portas (Paulo). Dito de outra forma: 3 comunistas, 2 socialistas, um dito social-democrata e um dito democrata-cristão. Cinco à esquerda do centro, dois no centro-direita.

 

O IRRITADO agradece, penhorado, esta demonstração de pluralismo político, isenção informativa e independência jornalística.

 

Daqui a pouco passamos a tratar o Belmiro por camarada. Ele que se ponha a pau com o pessoal que lá tem.

 

23.9.10

 

António Borges de Carvalho

COMEMORAÇÕES

 

 

O IRRITADO não cabe em si de contente.

Calcule-se que recebeu um convite para se deslocar à Aula Magna, em 11 de Outubro, a fim de assistir à “Abertura do Ano Académico” “nas comemorações dos cem anos da Universidade de Lisboa”. É o que reza a capa do convite. Mas não só: trata-se também da outorga do grau de doutor honoris causa a “suas Excelências António dos Santos Ramalho Eanes, Mário Alberto Nobre Lopes Soares e Jorge Fernando Branco de Sampaio”.

 

Aberto o convite, verifica-se que se trata de mera propaganda da República e do cinco de Outubro. Aproveita-se uma data que não existe (o Decreto que cria a UL faz cem anos em 2011) para gastar mais uns cobres dos dez milhões de euros que foram, dada a nossa folgada situação, destinados à celebração da coisa.

 

Várias são as perplexidades que este convite suscita:

 

1)    Porque carga de água convidaram o IRRITADO? Tanto o blogue como o seu autor são insuspeitos de qualquer simpatia pela República, ainda menos pelo 5 de Outubro, nem tem especial consideração pelos homenageados para além da civilizada urbanidade que merecerão. O convite quer, por isso, dizer que foi preciso andar para aí à cata em bases de dados, antigos alunos, antigos deputados, clientes da EDP, etc., para poder ter esperança de ter a sala cheia, isto no justificado temor que o assunto não interesse a ninguém;

2)    Por alma de quem se comemora, em Outubro de 2010 uma coisa que aconteceu em 1911 e cujo primeiro ano lectivo foi o de 1911/1012? A resposta será que se pretende atribuir à República mais um grande contributo para a cultura do povo: uma nova universidade! ;

3)    Porque merece o decreto de 2011 comemoração especial?

4)    Vejamos:

a)    O Estudo Geral foi fundado em Lisboa em 1288, seguindo-se, em 1290, a sua promoção a universidade;

b)    Em 1308, a universidade de Lisboa foi transferida para Coimbra;

c)    Voltou a Lisboa em 1338;

d)    Outra vez para Coimbra em 1353;

e)    E para Lisboa em 1377;

f)      Para Coimbra em 1537;

g)    Em Lisboa, fundou-se, em 1825, a Escola Régia de Cirurgia que, nos anos trinta do séc. XIX, passou a Escola Médico-Cirúrgica;

h)    Na década de 30, foram criadas, em Lisboa, a Academia de Belas-Artes e a Escola Politécnica, tendo a Escola Régia de Cirurgia passado a Escola Médica de cirurgia;

i)       Na década de 50 criou-se, em Lisboa, o Observatório Meteorológico, o Curso Superior de Letras e o Museu Nacional de História Natural;

j)       Anos 90, é criado o Instituto Bacteriológico que, na mesma década, passou a Real Instituto Bacteriológico e depois a Instituto Câmara Pestana;

k)     Em 1911 é criada, por decreto, a Universidade de Lisboa; em 1914 a Faculdade de Direito em 1918 é autonomizado do Instituto câmara Pestana a escola de Farmácia que, em 1921 passa a Faculdade de Farmácia;

l)       Na década de 30 esta faculdade passa a Escola Superior de Farmácia e á criado o curso de ciências pedagógicas;

m) Nos anos 50 foi criada a ESBAL e construído o Hospital de Santa Maria, onde passaram a ser ministrados os cursos médicos;

n)    Nos anos 60, construiu-se a Cidade Universitária e a escola de farmácia passou de novo a Faculdade de Farmácia;

o)    Nos finais do anos 80, é criado o Museu da Ciência

 

(Fonte: www.ul.pt )

 

Verifica-se, claro como a água, que:

 

  • Em 1911 não foi criada Universidade nenhuma, antes meramente agrupados os institutos universitários existentes no tempo do Reino;
  • A I República (o que agora se comemora) limitou-se a criar a Faculdade de Direito (1914) e a renomear a Escola de Farmácia sete anos depois;
  • A II República (que consolidou a República, mas que os comemoradores não consideram República), limita-se, nos anos 30, a renomear (outra vez!) a Faculdade de Farmácia e a criar um curso de Ciências Pedagógicas;
  • Nos anos 50, cria a ESBAL e o HSM, e
  • Nos anos 60, constrói a CU, torna a renomear a escola de farmácia (!) e, nos anos 80, cria um museu.
  • A III República, a que os comemoradores chamam segunda, segundo as mesmas fontes, não criou coisa nenhuma.

 

E é tudo.

 

Ligar a “criação” da Universidade de Lisboa ao 5 de Outubro e à I República é, pelo menos, um disparate indigno da Instituição.

Comemorar - antes de tempo - tal “criação” é, pelo menos, de um oportunismo altamente impróprio.

Aproveitar para, em vez de comemorar a Universidade e os seus “feitos”, doutorar três (ex) altos representantes da III República, neles incluindo o autor de um golpe de Estado, é uma vergonha.

 

Vistos os autos, o IRRITADO agradece, penhorado, o convite pessoal que lhe foi dirigido e declara solenemente que, por motivos de convicção pessoal, não estará presente à brilhante celebração.

 

22,9.10

 

António Borges de Carvalho

ONDE ESTÁ A DIREITA?

 

Os partidos comunistas passam a vida a clamar contra as chamadas “políticas de direita”. Fazem o que, no seu caso, tem alguma lógica, embora careça de fundamento. Para eles, o mundo divide-se entre maus e bons, sendo os bons de esquerda e os maus de direita. O PS, sendo de esquerda, se se “porta mal”, passa a ser de direita.

Trata-se de uma espécie de fundamentalismo sem a oportunidade de se tornar terrorista, pelo menos terrorista propriamente dito. Tudo o que é mau, ou corre mal, é de direita. Tudo o que acham que corre bem é de esquerda, mesmo quando corre mal.

 

Acontece que, em Portugal, não há políticas de direita. Nem as que o CDS defende o são. Portugal ainda não saiu da piscina de esquerda em que se afoga há trinta e tal anos. O chamado complexo de esquerda é o que mais manda entre nós.

O Estado é o que foi herdado do Estado Novo (anti-liberal e omnipotente), terreno de cultura ideal para a esquerda, que brutalmente o engordou - os anos Pinto de Sousa, a este respeito, são de um exagero que ultrapassa a imaginação - e é hoje obeso, omnipresente, balofo. E falido, como não podia deixar de ser.

 

O Estado aumenta todos os dias a despesa. Todos os dias aumenta os impostos.

O Estado acredita nas virtudes salvíficas do investimento público, mesmo que o investimento público se faça em áreas absurdas, improdutivas, inviáveis e ruinosas.

O Estado ataca os ricos, entendidos como ricos os membros de uma anémica classe média.

O Estado vai buscar aos privados os “grandes dinheiros”, engordando privados com investimento público sem, sequer, se preocupar em saber como e quando vai pagar os “grandes dinheiros”.

O Estado, campeão mundial das chamadas energias renováveis, enche a paisagem de moinhos de vento pagos a peso de ouro com subsídios e parcerias, sem perceber que as tais energias são renováveis, mas o que custam não é.

O Estado entra em todas as demagogias da moda, tipo “aquecimento global”, “luta contra o CO2” (um gás que não polui), coisas que, sem utilidade de nenhuma ordem, custam milhões de milhões à humanidade e a nós também.

O Estado, ao contrário do que se passa em todos os países com problemas financeiros, insiste num modelo social inviável e caduco.

 

Tudo isto - o Estado obeso, o Estado omnipresente, o Estado gastador, o Estado falsamente protector, isto é, criador de sistemas de protecção inviáveis, o Estado estúpido e fanfarrão - é de esquerda. Poderia, outrossim, ser de extrema-direita, como já foi, ainda que nada comparável aos nossos tempos.

 

Onde está a direita? Onde está seja o que for para além do comunismo, do socialismo, da social-democracia, da democracia cristã, tudo ideologias anti-liberais e auto proclamadas “solidárias”, tudo ideologias que implicam a desresponsabilização individual e a noção da utilidade do trabalho, fazendo do homem um sugador de benefícios e um utilizador de direitos, não um cidadão que use direitos tendo a noção clara das suas responsabilidades e dos seus deveres.

 

O socialismo nórdico é mais liberal que o odiado “neoliberalismo”, por cá tão ferozmente anatemizado.

No auge do poder do partido socialista sueco, a economia estatal resumia-se a cinco por cento do total. O Estado cobrava impostos e servia a sociedade em conformidade. Os sindicatos colaboravam com o patronato, nunca pondo em causa a sua essência de indispensabilidade. Ainda hoje assim é.

Nunca houve progresso social, nem liberdade, sem liberalismo económico, isto é, sem um capitalismo saudável. Os males do capitalismo curam-se com os remédios do capitalismo, não com injecções socialistas de capital em empresas falidas ou bandidas.

 

Onde está a direita em Portugal? Não a direita do nacionalismo fascista - hoje também comunista - mas a direita dos direitos propriamente ditos, os que geram e viabilizam os chamados direitos sociais. Ou seja, a direita da Liberdade, da responsabilidade e, para usar um chavão moderno, do “desenvolvimento sustentável”.

 

21.9.10

 

António Borges de Carvalho

A PATA NA POÇA

 

A pedido de várias famílias, vem o IRRITADO meter-se num grave sarilho, isto é, na história do senhor Sakozy e dos ciganos.

Já está a ouvir os gritos do pessoal, mas, mesmo assim, aí vai.

 

O erro fatal do Presidente francês não foi expulsar os ciganos, foi dizer que estava a expulsar ciganos. Segundo a moral vigente, isto não é aceitável, nem justificável. Convenhamos que com alguma razão. A raça há muito deixou de ser critério seja para o que for. E bem.

 

O senhor Sarkozy, ele próprio filho de imigrantes magiares, não pode, nem deve, expulsar comunidades. Mas pode, e deve, expulsar quem, sendo estrangeiro, se não rege pela lei e costumes do país, nem os aceita ou tolera, quem seja profissional da mendicidade, quem se “porte mal” vis-a-vis a lei em vigor, quem se encontre ilegalmente no território, quem cometa crimes, etc. Qualquer entidade soberana tem o direito de o fazer, nada havendo na lei nacional ou internacional que o impeça. Mas os critérios têm que ser estes, não o da raça ou da nacionalidade.

Assim, se o senhor Sarkozy tivesse ordenado uma “campanha” contra a presença de ilegais e de indesejáveis, estaria no seu direito. Se, “por acaso”, muitos desses fossem ciganos, que culpa tinha disso o senhor Sarkozy?

 

Não é verdade que, entre nós, a maioria dos mendigos, que alugam crianças, que enxameiam os semáforos, que aldrabam os cidadãos, são ciganos romenos? É. Nem o mais fanático defensor dos “direitos humanos” terá coragem para o negar. Teremos que os receber de braços abertos? Que os pôr a viver à custa da Segurança Social? Parece que não. Não por serem ciganos nem por serem romenos, mas porque são indesejáveis.  

 

Um senhor que é um cigano proeminente, presidente da câmara não sei de onde, veio à liça nos jornais dizer que a comunidade cigana portuguesa não gosta nem quer ser confundida com os ciganos estrangeiros que por aí vegetam a roubar, a mendigar, a aldrabar cada um.

Nem os ciganos os querem! Se os fossem buscar aos semáforos e os levassem ao aeroporto não seria “de direito”?

 

A tempestade parece amainar. A vibrante comissária europeia que disse cobras e lagartos do senhor Sarkozy já meteu o rabo entre as pernas. Tendo declarado, a propósito das expulsões em França, que “A Europa não quer voltara ver uma situação como a da II Guerra Mundial”, já veio espernear dizendo que jamais tinha dito tal coisa a propósito da França!

 

O que o senhor Sarkozy, agora, tem a fazer, é pegar numa molhada de indesejáveis e ilegais, brancos, pretos, amarelos, europeus, asiáticos, católicos, protestantes, muçulmanos, lituanos, russos, malteses, ugandeses, o que se queira (tem lá disso com fartura), e mandá-los de volta às origens. Desde que provadamente indesejáveis e/ou ilegais.

 

É tudo. A harpia de Bruxelas cala-se, os ciganos ficam “reabilitados”, e até pode ser que o senhor Sarkozy não faça mais asneiras.

 

20.9.10

 

António Borges de Carvalho

DO CALIFADO DO ALGARVE

Vão anos e anos, um grande intelectual e filósofo ligado ao extinto jornal “57” propôs, com humor e sabedoria, que Portugal fosse dividido em diversos “países”, cada um com um regime político apropriado. Teríamos assim a República Popular do Alentejo, o Califado do Algarve, a República Pontifícia de Braga, o Principado da Beiras, etc.

Tratava-se, como é evidente, de uma paródia à peregrina ideia, então nascente, da regionalização.

Tal ideia fez caminho na Constituição social-comunista de 1976, ainda que com o tempero, certamente por engano, da criação simultânea de todas as regiões. Nas revisões que, devagarinho por causa do reaccionarismo do PS, vieram a, minimamente, democratizar a Constituição (1982 e 1989), ninguém se lembrou de alterar o artigo, ficando as regiões em banho-maria. O tudo ou nada paralisou a tramóia.

  

Ninguém se entendia - nem entende - quanto a que regiões, que critérios, que poderes, que limites, que “capitais”, etc. Para além do habitual e demagógico palavreado sobre a “descentralização” e outros clichés já gastos, as regiões mirraram nas nossas preocupações.

Até que houve quem se lembrasse de pegar no marcador e cortar o mapa aos bocados, sujeitando a coisa a referendo. O resultado foi claro. A malta não estava para isso.

 

Ressuscitada a regionalização por via dos equilíbrios internos do PSD, voltamos à vaca fria. Propõe-se a criação da região “piloto” do Algarve, com indisfarçado regozijo de grados exemplares, género Mendes Bota, Macário Correia ou José Apolinário, tudo alta gente de provinciana saúde mental e ambições de califa.

 

Não sei até que ponto Passos Coelho tem tendências maquiavélicas. Espero bem que as tenha e que a proposta, para além de servir para fazer olhinhos aos putativos futuros califas, se destine a não passar, assim metendo outra vez no saco, oxalá por muitos anos, a espúria ideia.

 

Se assim for, tudo bem. Se não, tudo mal.

 

20.09.10

 

António Borges de Carvalho

PARVOÍCES

 

É sabido que muita, muita gente (de direita, de esquerda, católicos, ateus…) ficou com um pó de morte ao Doutor Cavaco quando ele cometeu a suprema desonestidade de aprovar o casamento dos defeituosos sexuais.

 

Daí que, não sem alguma lógica, tenha surgido a ideia de contrapor ao candidato Cavaco um outro, oriundo da direita. É evidente que se tratava de uma espécie de “defesa da honra” em relação a um homem que gravemente a ofendera.

Não tinha hipóteses de ser eleito, o tal putativo candidato. Mas mereceria consideração, se se tratasse de alguém de mérito político, conhecimento público e incontestável valia pessoal. Alguém que pudesse, com honra ainda que sem proveito, levar a candidatura avante.

Quixotesco? Com certeza. Mas bem intencionado e clarificador.

 

O Dr. Bagão Félix encaixava perfeitamente no perfil necessário. Não quis. Está no seu direito. Compreende-se.

 

O que não se compreende é que o Dr. Ribeiro e Castro ande para aí a manobrar no sentido de ser ele o tal candidato.

Não é uma figura que cause empatia, ou que irradie simpatia, bem pelo contrário. Não é conhecido da esmagadora maioria dos eleitores. Não tem, no serviço público - ou privado - currículo que justifique a candidatura. Ser uma pessoa de bem, que o é com certeza, não chega. Ser, em exclusivo, oriundo de uma área restrita da direita, é curto. Andar há que tempos a dizer “coisas” mais ou menos sem nexo, é fatal. Preparar assim uma estrondosa vergonha para si próprio e para os seus, que ideia mais bronca!

 

Já que Deus parece não o iluminar, o Dr. Portas (Paulo) que o faça, e o mais depressa possível.

 

20.9.10

 

António Borges de Carvalho

MALANDRICES DO CHOCO

Os direitos do “amigo Oliveira” à “privacidade e à palavra” foram violados pelo “Sol”. É o que diz a já famosa ERC, recentemente sacudida com a demissão de um dos seus membros que não estava para aturar os “critérios” da organização.

A ERC condena veementemente a publicação das escutas entre o Vara e o “amigo Oliveira”.

Muito bem.

Porque será que a mesma ERC se não debruçou sobre os célebres emails que o jornal do “amigo Oliveira” publicou em altíssimas parangonas, entrando na “privacidade e na palavra” de uns tipos do "Público", a fim de dar cabo do PSD em plena campanha eleitoral?

 Será porque, para a ERC, tais tipos trabalhavam num jornal rival do do “amigo Oliveira”?

Será que os jornais do “amigo Oliveira” estão isentos das malandrices da ERC?

Será que a “privacidade e a palavra” do “amigo Oliveira”, para a ERC, valem mais que as dos outros?

 

Depois, ainda há quem diga que o polvo não existe. Será um choco?

 

20.9.10

 

António Borges de Carvalho

 

 

NB. O Ministério Público arquivou a queixa apresentada pelo “amigo Oliveira” a respeito do mesmo assunto.

DO NACIONALISMO SOCIAL-COMUNISTA

A extrema-esquerda, isto é, os partidos comunistas, PC+BE, vigorosamente acompanhados pelo camarada Manuel Alegre, estão com um ataque de nacionalismo primário.

É vê-los, aos berros, que a “Europa” quer fiscalizar as nossas contas, que se trata de uma insuportável perda de soberania, que a dona Ângela é uma ditadora, que é a má da fita, que cai a quatro patas em cima dos pobres portugueses, e mais isto e mais aquilo.

Quando se trata de demagogia, esquecem-se do internacionalismo da cartilha. Minto. É que o tal internacionalismo é o proletário. Como já não há proletários, ficam sem internacionalismo.

Como o que vendem aos adeptos é a bambochata dos “direitos sociais”, coisa que jamais foi minimamente respeitada nos países em que a doutrina desta gente vingou e só existe nos sistemas que esta gente odeia, isto é, nos sistemas capitalistas, acham, ou seja, dizem que acham que os nossos problemas se resolvem internamente, aumentando os salários para aumentar o consumo, aumentando os impostos a uma plêiade, que seleccionaram, de pagantes, baixando a idade da reforma, protegendo o aborto e os deficientes sexuais a fim de aumentar a natalidade (!), numa palavra, oferecendo ilusões aos crédulos e aos invejosos.

Agora querem que “a Europa” se responsabilize pelas asneiras do senhor Pinto de Sousa, e que o faça sem fazer contas. Querem que o “mercado” baixe os juros da dívida, que a Alemanha ponha à disposição do senhor Pinto de Sousa, sem olhar a números, as massas que a sua economia vai criando, que os “ricos” desembolsem para dar aos pobres - suprema aldrabice, já que, acabando com os ricos, acaba-se com o que resta de emprego enquanto os ricos vão, calmamente, criar mais riqueza noutras paragens. O que, aliás, já aconteceu!

É ver o Tavares (Rui) a insurgir-se contra os que acham que o camarada Alegre, na sua crassa ignorância, meteu a pata na poça ao revoltar-se contra o chamado “visto prévio” que “a Europa” vai impor. É ver os pêésses a meter os pés pelas mãos a este respeito, cada vez com mais dúvidas quanto ao juízo do fulano. É ver o camarada Jerónimo, seguido de perto pelo Louça, a gritar loas à “independência nacional” e a outros valores que, anos atrás, consideraria “fascistas”.

 

É certo que não se prevê que esta gente tenha hipótese de chegar ao poder. Mas tem a possibilidade de explorar a credulidade de muita gente. Não se esqueçam que Portugal é o único país da Europa onde esta gente se mantém com números importantes. Ou seja que Portugal, também nesta matéria, é o mais ignorante e o mais “nabo” dos povos europeus.

Por isso, as previsões podem sair furadas. Por isso, podemos ainda acabar por ficar atrás de outros, que não sendo europeus, já não acreditam em “amanhãs que cantam”, nem no “homem novo” nem na banha da cobra. Por isso que esta gente tem hipóteses. O senhor Pinto de Sousa não as tem? Como vêm, tudo é possível.

 

19.9.10

 

António Borges de Carvalho

PONTAPÉS

 

Parece ter chegado ao fim a farsa do seleccionador de futebol.

Mas não chegou. A seguir à lamentável cena do convite a Mourinho – como se os castelhanos fossem parvos… - aí está a nomeação do novo treinador.

Há quem fique tranquilo? Só se for o novo treinador, que é tranquilo por natureza e mais tranquilo fica com o ordenadinho que lhe vão pagar e que, de certeza certezinha, jamais tinha feito parte dos seus mais ambiciosos sonhos.

Quem é ele? Um jogador de futebol que, sem as habilitações necessárias (que não sei nem quero saber quais são, mas que existem) foi alcandorado a treinador do Sporting. São conhecidos os brilhantes resultados que, tranquilamente, obteve.

Agora, a Federação, apesar de ter os cofres cheios do cacau que o Queiroz lá meteu, não foi capaz de ir além do rapazola, treinador com um curto historial de… falhanços.

 

A inteligentsia futebolística nacional parece que ficou satisfeita. Donde se conclui que inteligentsia nada tem a ver com inteligência.

 

Com franqueza, acho que podemos ficar “tranquilos”. Este, à partida, tem desculpa.    

 

19.9.10

 

António Borges de Carvalho

INTELIGÊNCIA SOCIALISTA

Os meus olhos não conseguem acreditar no que vêm.

Nada menos que isto:

 

Fisco obriga os gestores de falências a pagar as dívidas das empresas (DN).

 

Você, meu caro, é economista ou coisa do género. O Tribunal nomeia-o para tratar da massa falida de uma empresa qualquer.

Você faz o que pode. Revê as contas, avalia os activos, confirma o que há a pagar, reúne com os credores, negoceia com eles, etc.

Depois de uns meses de aturado e sério trabalhinho, chega à conclusão que pouco há a fazer. Uns leilões, umas dações em cumprimento, mas fica um balúrdio para pagar ao fisco, à Segurança Social, ao diabo. Os credores privados, pobres deles, voltam a casa com o rabo entre as pernas.

Mas o socialismo não. O socialismo não pode ser prejudicado. Ora, como ficou provado que não há massa para pagar, o que faz o socialismo? É fácil. Vai-se ao andarzinho que v. anda a pagar há vinte e cinco anos, e saca-lho. Vai-se ao Fiat Uno, e saca-lho. Vai-se-lhe àqueles cobres que anda a poupar para a velhice, e saca-lhos. Vai-se ao seu ordenado e, como é generoso, só penhora um terço.

Compreende-se. Você é culpado! Meteu-se no buraco e não foi homem para o tapar.

 

Para a próxima, não seja parvo. Se o Tribunal o quiser obrigar a tratar de uma chatice destas, confesse a sua incompetência, meta um atestado médico, corte a mão direita. Faça o que lhe der na gana, mas não seja parvo, que isto do socialismo tem que se lhe diga.   

 

19.9.10

 

António Borges de Carvalho

ESTÚPIDA ESPERANÇA

Quando Passos Coelho se candidatou a líder do PSD já era conhecido o plano inclinado onde Portugal escorregava em movimento cada dia mais acelerado. Passos Coelho já sabia que nada do que o PM dizia era verdade. Já sabia que o PM e a sua corte de desinformadores e aldrabões não mereciam a mais leve sombra de crédito. Já conhecia a brutal desonestidade da central de notícias do governo. Estava a par da dívida que o socialismo criou e que jamais parou de aumentar. Tinha plena consciência de que, tanto por uma questão de dignidade como pela sua ruína iminente, o mais grave problema de Portugal, a maior força de bloqueio, o cancro da Nação, era o primeiro-ministro, o seu apalhaçado governo e um partido socialista que perdera toda a noção de serviço e toda a honestidade política e intelectual.

Sabendo tudo isto e muito mais, Passos Coelho deveria ter posto no seu programa eleitoral interno a promessa de derrubar o governo com uma moção de censura mal fosse eleito.

Sabendo tudo isto e muito mais, Passos Coelho deveria preocupar-se com uma rápida mudança de rumo.

O que fez? Achou que o governo devia descalçar a bota, e que ele, Passos Coelho, só lhe saltaria em cima com ela já descalçada. Apresentou cumprimentos ao rival, ajudou-o a continuar a enganar os portugueses, fechou os olhos à crise que o PS todos os dias agrava, aprovou um orçamento impossível, deixou passar o PEC 1, e o PEC 2, e vai deixar passar de novo um orçamento sem futuro.

Aquilo que o IRRITADO a seu tempo disse – que Passos Coelho ou agia depressa ou se desgastava – acabou por acontecer com a maior brutalidade. Menos 10% para ele nas sondagens, mais 10% atascados na lixeira socialista.

E agora? Passos Coelho a cair, o PR a apoiar o PS com todas as suas forças, ou com toda a sua ambição eleitoral, sem respeito por nada, nem por si mesmo, os partidos comunistas a prometer as habituais omeletas sem ovos, o CDS aos berros que é democrata-cristão, as “forças intelectuais” a bramir contra o “neo-liberalismo” como se houvesse algum liberalismo, “neo ou não “neo”, em Portugal, como se Portugal não fosse a piscina estatista, esquerdista e socialista em que todos nos vamos afogar, como se o “estado social”, agora na berra, não fosse, como diz a Cavilhas, um sonho insustentável e falido, como se alguém, na Europa ou no mundo, não tivesse há muito chegado à conclusão que somos governados por palhaços, como se, como se.         

 

A não ser que Passos Coelho tenha um ataque de bom senso e nos ponha a viver em duodécimos na esperança que o PR venha a dissolver a AR quando puder e que as pessoas percebem que Pinto de Sousa nunca mais.

 

Esperança estúpida? Talvez. Mas é a alternativa que resta à inevitável queda no abismo que, braços abertos, nos espera.

 

18.9.10

 

António Borges de Carvalho

CUBA E NÓS

O camarada Castro, cinquenta anos passados sobre a revolução de que foi autor e que, dizendo libertá-los, escravizou os cubanos, descobriu que, afinal, estava tudo errado. O sistema económico falhou, a escravidão reduziu o povo à fome e ao atraso, numa palavra, o socialismo teve, em Cuba, o mesmo resultado que se verificou em todos os países que a ele foram submetidos.

Esta serôdia auto-crítica, se feita com sinceridade, deveria levar o camarada Castro pelo menos à auto-flagelação ou, mais logicamente, ao suicídio. Em alternativa, cinquenta anos a impor um sistema e chegar à conclusão que o sistema imposto é, como a humanidade quase inteira já percebeu há que tempos, uma inenarrável e criminosa trampa económica, social e política, deve, ou devia, ser motivo suficiente para ser condenado a prisão perpétua no Tribunal de Haia, se houvesse justiça internacional, ou se o juiz Garzon fosse isento.

Quantos morreram por causa do regime castrista, quantos passaram, sem culpa nem julgamento, boa parte da sua vida nas prisões comunistas do Castro, quantos foram torturados, estropiados, maltratados à ordem do canalha? Como explicar que, como por toda a parte onde esta gente imperou ou impera, milhares de milhões de pessoas tenham sido assassinadas, reduzidas à miséria, à falta dos mais elementares benefícios da civilização, à carência alimentar, à vergonha de assistir impotentes aos privilégios das gentes do partido, à vilania de ver as suas filhas vendidas aos estrangeiros nas praias e nos hotéis, à desonra de andar a vender-se por uns dólares – a moeda do “inimigo” – para obter as coisas mais insignificantes e comezinhas?

A explicação é só uma: o socialismo, cujo resultado nunca foi outro.

 

A política tem, às vezes, um carácter quase bíblico. Castro é louvado, qual filho pródigo, pela malta da política. Em vez de condenado, é elogiado. Mais vale tarde que nunca. É como se o Hitler e o Estaline ressuscitassem e dissessem que, afinal, se tinham enganado: perdoar-se-lhes-ia os crimes? Pois com Fidel, parece que sim.

 

O mano Raul já andava há tempos a dar grandes benesses ao povo. Tinha, até, autorizado as massas a comprar torradeiras e micro-ondas. Agora, animado pelas palavras do chefe, tratou de pôr na rua 500.000 funcionários públicos. Que se desenrasquem. Que abram tascas e lojas de telemóveis, bordéis e sex-shops, o que lhes apetecer desde que deixem de andar pendurados no Estado!

 

Bons exemplos para nós. Quando, a breve prazo, deixarmos de ter dinheiro para torradeiras e micro-ondas, a solução será parecida. 500.000 funcionários para a rua talvez seja demais. Uns 450.000… quem sabe?

 

Entretanto, imagine-se, há quem diga que o camarada Kim Jong Il, já abriu umas frestas.

A ser verdade, dentro de pouco tempo só em Portugal haverá lugar a Jerónimos e a Louças, ou a partidos socialistas ultra-reaccionários como o nosso, que proclama não mexer em nada que nos possa safar da miserável enrascada em que nos meteu com o seu socialismo de pacotilha, feito de promessas falsas (como as do Castro) de ruína financeira (como a do Castro) de estagnação económica (como a do Castro), ainda que, reconheçamos, com uma tal dose de demagogia e de capacidade para a mentira, que consegue almejar os mesmos resultados do Castro sem precisar de acabar com a democracia, antes transformando-a na mais profunda aldrabofonocracia de que há memória e fundando-a na ignorância de um povo ingénuo, crédulo e desinformado.      

        

17.9.10

 

António Borges de Carvalho

A MENTALISTA

Dona Helena Roseta, subitamente alcandorada à posição de presidente da Câmara de Lisboa - o Costa e o Salgado foram passear para a China! -  resolveu embargar uma obra de modernização de um estabelecimento com a desculpa de que o edifício em que se encontra é capaz de vir a ser classificado “de interesse municipal”.

Estamos assim perante um não regulamento, uma não ordem, uma não classificação, perante efeitos sem causa. Ou abre-se-nos, deslumbrante, a visão inédita da aplicação retroactiva, não de normas, mas dos pensamentos da senhora vereadora/presidente em exercício, que, qual médium, aplica no presente as normas que pensa poderem vir a estar em vigor no futuro.

Ficamos a saber que não têm as pernas cortadas só aqueles proprietários que tiveram a desgraça de ver os seus bens classificados, sabe Deus com que critérios, pela distinta e veneranda CML. Em igualdade na desgraça estão aqueles que a dona Roseta acha, na sua privilegiada cabecinha, que podem, um dia que lhe dê na gana, vir a ser objecto dos ditames da zelosa câmara.

Vasco Gonçalves e Otelo não fariam melhor.

 

Já agora, o IRRITADO recomenda aos leitores que, se tiverem pachorra, se debrucem sobre o PDM da cidade e façam uma visita a meia dúzia de edifícios que foram objecto do “interesse municipal”. Verão onde podem levar os “critérios” de furiosos burocratas à solta.

Recomenda também que se dirijam à poderosa CML e perguntem o que quer dizer, em termos reais, a classificação de “interesse municipal”. Aposto que ninguém o saberá dizer. Ninguém, ainda menos a câmara, sabe ao certo quais as consequências práticas de tal classificação.

No entanto, quem quiser “mexer” num dos tais e tão interessantes imóveis, terá uma alcateia de “técnicos” à perna, e chegará à conclusão que o melhor é ficar quietinho, porque, se mexe muito, ainda lhe vão ao bolso, em vez de o compensarem pelas limitações que lhe impõem, por absurdas e idiotas que sejam.

Em alternativa, façam as obras à sorrelfa, que é, comprovadamente, a melhor maneira de fazer obras em Portugal. Os tipos do Corte Inglês que o digam.

 

16.9.10

 

António Borges de Carvalho

VERBORREIAS

Há largos anos, era o doutor Jorge Miranda assistente na FDL, sendo professor da cadeira André Gonçalves Pereira.

À altura, as provas orais eram presididas por um juiz conselheiro que, a maior parte das vezes, tinha que fazer hercúleos esforços para se manter acordado.

Miranda interrogava um aluno. A certa altura, apercebeu-se que o examinando não sabia a data da revolução francesa, ou a data em qua é comemorada. Deu uma descasca de morte ao rapaz. Que parecia impossível não saber tal coisa, que uma ignorância de tal ordem não era própria de um estudante de direito, que isto e que aquilo, e aí vai uma interminável lição de história, com o conselheiro a dormitar e Gonçalves Pereira quase na mesma.

A finalizar a descompostura, Miranda declarou solenemente:

- Pois fique sabendo que a data do início da revolução francesa é 14 de Julho de 1789!

Gonçalves Pereira descerrou uma pálpebra e acrescentou:

- À tarde!

 

Vem esta história a propósito do prolixo e repetitivo raspanete que o Professor Miranda deu ao PSD por causa da proposta de revisão constitucional. Que não se faz, em vésperas de eçleições presidenciais, que não está certo vir do partido em vez de vir dos deputados, que não há direito que se altere a "razão atendível" para "razão legalmente atendível", e patati e patata, etc. e tal.

Como se alguém quisesse, ou pudesse, impor que a revisão se faça antes das presidenciais. Como se o Presidente a eleger, ao jurar a Constituição, não estivesse a jurar que aceitava as suas alterações, desde que feitas nos seus termos. Como se o Professor Miranda não tivesse congeminado as alterações que propôs em 1982 e que veio a defender em nome da defunta ASDI, comandando os três ou quatro deputados que a organização tinha. Como se, ao fim de cinquenta anos de vida académica, ainda não tivesse percebido que o imobilismo laboral é fonte das maiores injustiças e motivo de desemprego e de desgraça.

 

O IRRITADO não foi dotado pela natureza com a superior inteligência de André Gonçalves Pereira, ainda menos com o seu requintado quão brutal sentido de humor.

Mas apetecia-lhe imaginar qualquer coisa como o "à tarde" do ilustre professor, a fim de calar a prosápia catequista do doutor Miranda. 

 

14.9.10

 

António Borges de Carvalho

 

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