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irritado (blog de António Borges de Carvalho).

O SOCIALISMO É A FILOSOFIA DO FRACASSO, A CRENÇA NA IGNORÂNCIA, A PREGAÇÃO DA INVEJA. SEU DEFEITO INERENTE É A DISTRIBUIÇÃO IGUALITÁRIA DA MISÉRIA. Winston Churchill

irritado (blog de António Borges de Carvalho).

O SOCIALISMO É A FILOSOFIA DO FRACASSO, A CRENÇA NA IGNORÂNCIA, A PREGAÇÃO DA INVEJA. SEU DEFEITO INERENTE É A DISTRIBUIÇÃO IGUALITÁRIA DA MISÉRIA. Winston Churchill

EMIGRAÇÃO

 

Entre 1880 e 1910, a emigração portuguesa foi, em média, de 30.000 cidadãos.

A seguir ao advento da I República (1912) a emigração viu-se multiplicada por 3 (88.929).

Em 1920, teve outro pico (64.783).

Em 1930, já na II República, a emigração reduziu-se para 23.196, descendo a seguir até ao seu mais baixo número (893), em 1943.

Começou depois uma imparável subida: 21.892 em 1950, 35.159 em 1960.

O seu mais alto valor registou-se em 1970 (183.205).

Voltou aos valores médios “tradicionais” em 1980 (25.173), 1990 (42.584) e 2000 (35.489), ainda que com evidente tendência de subida.

A partir de 2.000 a emigração sobe de novo em flecha, cifrando-se em 108.388 em 2007 e em 101.595, em 2008.

Não há números relativos a 2009/2010, mas tudo indica que os números engrossam a cada dia que passa.

 

Se tentarmos uma curta análise a estas curvas migratórias, poderemos tecer algumas considerações interessantes.

- A I República fez fugir do país um número nunca visto de cidadãos;

- Tal número desceu, mas foi-se reforçando de novo à medida que a “esperança” republicana se revelava desesperante;

- A II República era tida por negação da desgraça da primeira e, por isso, trazia uma nova esperança. Por isso, e porque o controlo da emigração apertou, conseguiu, até aos anos 40, uma diminuição relevante do fluxo emigratório;

- A partir de 50, porém, o descrédito da II República começou a crescer, a emigração também;

- De 60 em diante, com as guerras ultramarinas e a miséria do nosso mundo rural, a emigração subiu em flecha, para números jamais atingidos;

- A III República trouxe outra vez alguma esperança. A emigração regressa a valores “tradicionais”, conhecendo o seu ponto mais baixo no princípio da década de 80 (AD);

- Voltou a subir novo, situando-se em valores aceitáveis até 2.000;

- O socratismo, arruinando (definitivamente?) a esperança democrática, criou nova curva ascendente, voltando a emigração a ultrapassar largamente a centena de milhar.

 

A grande diferença, que está à vista de todos, entre a emigração dos séc. XIX/XX  e a d séc. XXI, é a natureza do fluxo.

Antes, os emigrantes portugueses eram, quase sem excepção, gente pobre que demandava os brasis à procura de melhores dias ou, mais tarde, que ia engrossar os trabalhadores básicos na Europa.

No séc. XXI, ainda que se mantenha a emigração pobre em busca de melhores salários, a percentagem de gente qualificada que não tem futuro na Pátria e a procura lá fora é aterradora.

 

Merece reflexão, não é?

 

29.11.10

 

António Borges de Carvalho

GASTRONOMIA, HOTELARIA E CASACA

 

No dia 16 de Dezembro de 2005 (mais ou menos) fui jantar ao Eleven. Foi a primeira e a última vez.

Viria a ficar de boca aberta quando li que o local tinha sido contemplado com uma estrela Michelin. Ou os tipos mudaram tudo, ou o Guia Michelin anda muito por baixo, ou recebe umas massas para dar estrelas.

Li ontem que a coisa tinha perdido a estrela. Ou o Guia Michelin ganhou juízo, ou os tipos não pagaram a quota.

 

Há meia dúzia de anos, passei uma noite na Quinta das Lágrimas. Uma noite tenebrosa num quarto miserável, diante de um laguinho cheio de porcaria. O tipo do bar nem uma sanduíche sabia fazer. A menina da recepção tratava-me por Senhor António. O chá era tão miserável que, depois do lanche, não me coube na cabeça jantar lá. Há quem diga que fiz mal. Verdade é que o estabelecimento anda nos guias dos Relais et Châteaux e tem uma estrela Michelin. As quotas devem estar em dia.

 

O falecido “Independente” tinha uma secção de gastronomia onde, todas as semanas, vinham rasgados elogios a uma tasca invivível, em Cascais, chamada “Pereira”. Fui lá uma vez e jurei para nunca mais. Ressalvo que, anos depois, o “Pereira” se mudou para novas instalações e, hoje, não é mau.

 

Um tal Viegas, fulano que deve saber de tudo, de gastronomia a literatura, política, champôs anti-caspa, etc., com lugar cativo em vários programas da TV, tecia, já não sei onde, encomiásticas referências a uma coisa que se chama “Fronteira”, ali para os lados de Janes. Nem no mais repugnante rancho da tropa do antigamente se comia tão mal.

 

Aqui temos, para variar, algumas irritações que não têm a ver com política nem com o senhor Pinto de Sousa.

 

No entanto, helas!, uma dentadinha não gastronómica nem crítica do senhor Pinto de Sousa me assalta o espírito, sempre sedento de razões de queixa e atento ao que se passa.

As referências ao Eleven e à Quinta das Lágrimas trazem à colação o seu ilustríssimo proprietário, um tal Júdice. O Júdice tem sido de tudo um pouco na política deste país. Já foi do PSD, da direita do PSD, já saiu do PSD, pela esquerda, já apoiou os socialistas, o Sampaio, o Costa, já isto e já aquilo. Vai a todas. Agora, ao mais alto nível, claro, vestiu a casaca de apoiante do Prof. Cavaco. É membro da comissão de “honra” da candidatura. Vai daí, com certeza para que lhe não ponham em causa a “liberdade de espírito”, virou a casaca e publicou um livreco a dizer… mal do Prof. Cavaco.

Não, não esperou até depois das eleições para o fazer. Ou seja, como acha que o Prof. Cavaco vai ganhar, apoia-o. Para manter em funcionamento as pontes para outras áreas e mundos, sangra-se desde já em saúde e, dando belos argumentos aos inimigos do Prof. Cavaco, trata de proclamar a sua “independência”.

Neste momento, deve estar a revirar a casaca.

 

O homem tem razão. Nunca se sabe o que está para acontecer. Mais vale prevenir que remediar. Não é difícil virar a casaca quando se é “independente”.

 

28.11.10

 

António Borges de Carvalho

INSIGNIFICÂNCIAS

 

Dona Fernanda Câncio, muito conhecida na sua qualidade de ex amante (?) do senhor Pinto de Sousa, grande defensora de tudo o que é “progressista”, seja lá o que for o progresso na sua privilegiada cabecita, prosélita militante da omnipotência do Estado e da estandardização das pessoas segundo os seus critérios, vem à liça condenar veementemente os pagamentos de serviços de educação feitos pelo Estado às escolas privadas, coisa que o governo que temos quer anular ou encolher.

 

À primeira vista, a mulher até tem razão. Pois se os papás resolvem pôr os filhinhos na privada, que se arranjem, que paguem. O Estado não tem nada com isso.

Aliás, a criatura “não sabia” que, dos impostos que diz pagar, havia uma fatia que ia parar às mãos de tais privados. Revolta-se, cheia de razão, contra estes privilégios de uns tipos que negoceiam com a educação e que, ainda por cima, recebem dinheirinho do nosso.

 

Na senda do “pensamento” de impolutos democratas como os camaradas Jerónimo e Louça, pelos vistos seguidos também pelo nosso espantoso governo, cância protesta contra a “desigualdade”, melhor dizendo, contra esta falha grave na estupidificação generalizada das gerações actuais e seguintes, que o Estado tão generosa e tão “igualitariamente” proporciona.

 

Na sua extremada defesa do poderio estatal, a cância não dá por alguns detalhes:

a)   O ensino público não é gratuito para ninguém, é pago com os nossos impostos, não cai do céu nem sobe do inferno;

b)   Segundo a OCDE, o ensino público custa aos nossos impostos €5.200/aluno/ano;

c)   A mesma fonte descobriu que o ensino privado contratualizado, não subsidiado mas contratualizado, custa €4.200;

d)   O ensino privado não contratualizado custa zero.

 

Se a cância tivesse alguma sombra de escrúpulo, ou fosse menos jacobina, talvez percebesse que, se há “despesismo”, é nas escolas do Estado, não nas privadas.

Se tivesse alguma consideração pelos seus concidadãos, aplaudiria os serviços dos privados, que introduzem alguma pluralidade no ensino, “fugindo” à estatal “rebanhização” da sociedade, a qual, mau grado algumas tímidas excepções, é filosofia oficial da república e o pauperismo do futuro.

Se a cância tivesse alguma, vaga que fosse, noção de como é preciosa a diversidade social, proporia que todas as escolas, do Estado, das autarquias, das religiões, das empresas, das cooperativas, fossem contratualizadas, sendo cada uma responsável pela sua gestão, os seus métodos e os seus resultados.

Se a cância pensasse duas vezes, se calhar perceberia que a função do Estado, nesta área, deveria ser a de avaliar e fiscalizar a aplicação dos contratos que estabelecesse com as escolas. O mercado encarregar-se-ia da avaliação não administrativa.

 

Mas a cância, como os seus inspiradores ideológicos, não tem consideração por nada nem por ninguém, não sabe o que é a diversidade, não pensa duas vezes.

Se é que pensa uma, pensa que o que é preciso é aplicar a cartilha do estatismo a torto e a direito, que é o que a ideologia manda e a luta contra a Liberdade determina.

 

27.11.10

 

António Borges de Carvalho

FLOP!

Acordei cedo. Lá fora, os carros não eram mais do que de costume. Havia autocarros na avenida a despejar e a engolir passageiros.

As pessoas que trabalham no meu prédio apresentaram-se ao serviço a tempo e horas.

Pequeno-almoço no bucho, fui beber uma bica à pastelaria da esquina. Depois, fui comprar o jornal ao centro comercial cá do bairro. Tudo aberto, tudo a funcionar. Um dia como os outros.

Fui então pagar um buraco que tinha nas finanças. Pouca gente, a malta julgava que havia greve. Foi óptimo. Não havia bichas para nada. Mais tarde, fiz vários telefonemas, sempre devidamente atendidos, comprei uma bomba (de imersão!) e uns produtos para a “ajuda de berço”. E fiz mais o que tinha a fazer, sem perturbação alguma.

Em suma, na parte que me toca, um dia como os outros.

 

Não, não estou a defender o governo, chiça, caraças, t’arrenego!

 

Afinal o que aconteceu?

Para além dos idiotas da Auto-Europa, que obedeceram ao malandrão do Louça, entraram na greve alguns dos quem tem o emprego garantido até à morte: uns funcionários públicos, uns tipos da Carris que até têm barbeiro de borla, e mais uns quantos que não têm muito com que se preocupar, designadamente com mostrar serviço ou qualidade no trabalho.

Os que trabalham, ou seja, os que têm um trabalho propriamente dito, aqueles para quem o trabalho é uma coisa digna e não uma sinecura vitalícia, não fizeram greve.

Há os outros, os desempregados propriamente ditos - também os há, e muitos, que o são por opção ou conveniência - que não podem fazer greve. Esses são os verdadeiros prejudicados, não o governo ou os patrões. Mas isto não entra na cabeça dos condotieri destas coisas, porque não estão, nem de longe, interessados no problema dos desempregados. O que querem é manter as clientelas.

 

Há quem diga que o IRRITADO é contra o direito à greve. Não é verdade. É contra os que o utilizam como utilizam.  

Podem até dizer que o IRRITADO acha que não há razão para protestos. Também aqui não acertam. Há razões, inumeráveis razões, brutais razões. Só que não são as do Carvalho da Silva nem as do careca da UGT.

 

Resumindo:

A greve foi um flop. Os sindicatos que baralhem os números e falem de um grande triunfo. A ministro do trabalho que diga, com a propriedade que a caracteriza, que foi entre 5 e 90 por cento. Não interessa. O país que trabalha, que trabalha mesmo, trabalhou na mesma.

O efeito da greve, para além de privar os grevistas de um trigésimo do ordenado, foi nenhum.

O governo continuará a aldrabar-nos a todos e a fazer asneiras umas em cima das outras, exactamente como se não tivesse havido greve.

 

Tudo como dantes, quartel em Abrantes.

O abismo lá está, calmo como um mar sereno, à nossa espera. Não precisa esperar muito.

 

24.11.10

 

António Borges de Carvalho

DIA DE GREVE GERAL

 

1 - E PRONTO!

Leio, numa página de jornal, que as seguradoras “lucraram 272 milhões de euros nos primeiros 9 meses do ano”. Noutra página do mesmo jornal, dou com a afirmação de que “é preciso subir os preços dos seguros para recuperar a rendibilidade do sector”.

Contradição? As profundezas da minha ignorância admitem que não. Mas alguém devia explicar. 272 milhões em 9 meses é pouco? Talvez. Tão pouco que seja preciso subir os preços? Talvez.

É possível que os milhões se dividam de forma não equilibrada. Se assim é, haveria que explicá-lo: há seguradoras que estão bem, outras que estão quase falidas. Será?

Ninguém sabe nada, ninguém esclarece nada. Aumenta-se os preços, e pronto. Um hábito que se espalha pelo país fora. Ninguém esclarece ninguém, e pronto.

Não vivemos num país em que a oposição já fez milhares de perguntas ao primeiro-ministro sem que ele tenha respondido a uma só?

As seguradoras têm toda a razão. Aumenta-se os preços, e pronto.

Deve haver para aí alguma “entidade”, algum “alto-comissário”, algum “supervisor”, algum vendedor de hortaliças que ache muito bem.

É para isso que lá estão, não é? Dar satisfações é coisa que não faz parte do job description desta malta.

 

2 - GOODNESS, IS GIDNESS!

Aqui há meia dúzia de anos, fui a uma tasca irlandesa que há no Cais do Sodré.

Sentei-me. Veio um fulano. Declarei que queria uma imperial. O fulano olhou para mim como se eu fosse um verme, e disse:

- I beg your pardon…

- Uma imperial, se faz favor.

O macaco não sabia o que era uma imperial. De português nem uma palavra. Só um arzinho todo contemptuous.

É evidente que me vim embora sem imperial nenhuma.

É evidente que nunca mais entrei em nenhuma tasca irlandesa, em Portugal ou fosse onde fosse.

 

A mesma tasca, de seu nome O’Gilins Irish Pub, vem, na primeira página de um diário, lançar um grito de desespero: “vamos ajudar a Irlanda!”, dizem os rapazes. Pelos vistos, para fazer uns trocos já aprenderam a falar português. Propõem, então, duas Guiness pelo preço de uma.

Dupla aldrabice. Não estão a ajudar a Irlanda nem estão a dar nada a ninguém. Estão a ver se sacam mais umas massas ao “tuga”.   

 

É de julgar, com foros de certeza, que se trata de um swap, isto é, que a tasca em causa paga o anúncio ao jornal com uns cachorros, umas tripas à irlandesa e umas Guiness.

 

Se estes tipos representassem a Irlanda, haveria que a mandar àquela parte.

 

3 - A FOSSA DELES E A NOSSA

Os irlandeses atascaram-se em “produtos tóxicos”, uns de produção local, outros importados do tio Sam.

Daí, entraram no cano. Mas, se não considerarmos estas bolhas, a economia irlandesa é altamente produtiva. Mais do dobro da portuguesa.

Daí, as diferenças entre um país e outro.

A Irlanda tem um problema financeiro terrível e um problema económico relativamente fácil de resolver. Não é por acaso que o investimento estrangeiro cresce por lá a olhos vistos.

Cá no jardim, o problema financeiro não é tão terrível, se descontarmos as asneiras do governo (BPP/BPN etc.). Mas a economia, a produtividade, a vontade de trabalhar e organizar, não existem. A economia estiola e, com a ajuda do governo, vai entrar em recessão. O investimento estrangeiro não quer nada connosco. 

Dos dois, quem sairá da fossa mais depressa? Infelizmente, não é difícil responder à questão.    

 

4 - QUATRO MILHÕES E QUINHENTOS MIL EUROS

É o que a economia portuguesa paga pelas 300 mil toneladas de CO2 que produz.

É o mais rendoso de todos os negócios. Melhor que a banha da cobra. Os chineses e quejandos têm milhões e milhões de créditos de CO2 para vender. Estão forradinhos de dólares “verdes”. Os “brokers” estão inchados com negócios chorudos por todos os lados. Os preços tendem a aumentar, é um fartote!

O chamado primeiro mundo, do qual, sabe-se lá porquê, fazemos parte, suporta a canga do CO2 que, estupidamente, criou e promoveu, com os outros “mundos” agarrados à barriga, a rir que nem uns tontos.

Tontos somos nós. Enganados pela ONU, que viu no CO2 uma oportunidade de ouro como embrião do “governo mundial”. O nosso mundo especializa-se na criação dos instrumentos necessários para acelerar o caminho para a servidão.

 

Indiferente a toda esta pessegada, o planeta aquece e arrefece a seu bel-prazer. Está-se nas tintas para o CO2.

 

5 - DOIS MIL E SEISCENTOS MILHÕES

Foi o que a malta exportou para as ilhas Caimão.

1,6% do PIB.

Já lá “temos” 12,8 mil milhões.

Parece que dinheiro não falta, pelo menos do que está a salvo das manigâncias do governo socialista.

As seguradoras são os campeões da actividade exportadora de dinheiro. Deve ser por isso que precisam de aumentar os preços: para aumentar a actividade, pois então!

A grande distância delas estão os bancos. Precisam de dinheiro por cá. Somados, são 70% do total.

O resto são minhocas. Algo me diz que as maiores minhocas são as chamadas “empresas do regime”, aquelas que o regime trata como o Doutor Oliveira Salazar tratava as do regime dele, mas com mais inteligência.

Sendo certo que, formalmente, a actividade exportadora está correcta e não pode ser posta em causa, haverá que perguntar porque é que quem tem dinheiro o manda daqui para fora. Pergunta que podemos ter a certeza de não ter resposta, pelo menos se for posta ao governo.

 

24.11.10

 

António Borges de Carvalho

GREVE GERAL

Depois de amanhã, a tropa de choque do Carvalho da Silva, do Louça, do Alegre e do careca da UGT arregimentará a tristeza nacional e, diz-se, vai parar o país.

Na última grande manifestação, com autocarros e tudo, esta gente juntou dez mil protestantes e transformou-os em cem mil.

Desta vez, não sendo precisos autocarros, a coisa vai fiar mais fino. Se houver dez por cento em greve, pela mesma ordem de ideias serão cem e, se fosse possível, transformariam vinte por cento em duzentos. Não importa o número dos que vão parar, porque a greve será sempre “um êxito”.

Trata de uma manifestação de empregados, os “privilegiados” da situação que o socialismo criou. Os que não têm emprego, que são quem mais precisa, não podem fazer greve.

Eis a consideração que esta malta tem pelos desempregados. Eis a consideração que os caudilhos da greve têm tem pela situação a que chegámos. Eis a consideração desta gente pela sorte dos que sofrem. Eis a defesa que fazem da economia, à qual, segundo cálculos eventualmente abalizados, causarão um prejuízo de muitas centenas de milhões de euros.

Para quê? Para nada que não seja agitar as massas, arranjar problemas, sobretudo para quem, realmente, os tem.

 

Bramarão a favor da “estabilidade do emprego” sem cuidar que a estabilidade de uns causa a instabilidade dos outros. Vociferarão contra as “políticas de direita”, sem perceber que as soluções, se as há, não estão à esquerda, e que quem causou os problemas foi a demagogia da esquerda, autora das tais políticas, não a direita, que não cheira o poder há uma data de anos. Ribombarão slogans a favor do “Estado social”, coisa que, como toda a gente sabe, tal como é não tem futuro nenhum. Atroarão os ares com palavras de ordem a favor das nacionalizações, sem se querer lembrar da miséria que causaram e ainda causam. Incharão de opiniões sobre o Estado salvador, o Messias da esquerda, obrigando as gentes a “perceber” que o Estado deve ser proprietário de tudo, como se não estivesse mais que provado que o Estado proprietário suga o sangue das nações sem criar sangue novo. Exigirão a mudança das leis do trabalho, não para que proporcionem mais emprego mas para que causem mais desemprego e mais miséria. Organizarão piquetes para impedir de trabalhar os que o querem fazer. Darão à coacção e ao anátema o nome de “liberdade”.

 

Há que reconhecer que muitas razões assistem a quem protesta. O problema não é esse. O problema é que o protesto é comandado por quem, por cegueira ideológica ou sede de poder, conscientemente procura encaminhar a sociedade para uma situação muitíssimo pior que aquela contra a qual diz lutar.

 

Os donos da greve geral não têm a mais remota intenção de melhorar a vida de quem está mal na vida. A sua táctica é protestar sempre que para tal houver motivo, não para ajudar a resolver os problemas mas para os agudizar, a fim de, sobre a terra queimada, comandar a revolta e ter ocasião de atingir o seu objectivo estratégico, a tomada do poder. Foi sempre assim. Quanto pior, melhor.

 

É para isso que as “massas” servem.

 

22.11.10

 

António Borges de Carvalho

IMPORTANTE EXPLICAÇÃO

 

Muito se especula sobre a colagem do senhor Pinto de Sousa ao poder. Ele não se demite, ele não sai, se quiserem eleições antecipadas terão que se haver com ele. Vai continuar líder, vai continuar PM, vai continuar a sua desgraçada e mentecapta obra.

O PS assiste a isto como um rebanho de sapos: mole, estúpido e sujo.

Porque será que o senhor Pinto de Sousa se agarra assim ao poder quando já não há um português pensante – só os burros, que são muitos - que ache bem?

 

Alguém me deu a mais plausível das explicações: Pinto de Sousa tem que se aguentar até 2012. Porquê? Porque em 2012 prescreve o caso Freeport.

 

Pensem nisto.

 

21.11.10

 

António Borges de Carvalho

SAMPAIAL ERRATA

 

O mui ilustre advogado Jorge Sampaio, ex-Presidente da terceira versão da República Portuguesa, célebre por a ter tratado tão mal que nem hesitou em, sem qualquer escrúpulo, perpetrar um golpe de estado constitucional destinado a pôr no poder os seus camaradas de partido, veio agora corrigir o que toda a gente julgava ter sido dito por ele: que “há mais vida para além do défice”.

“Não é isso”, afirma agora o extraordinário político, “É ‘há mais vida para além do orçamento’”.

Atente-se na abissal diferença entre uma coisa e outra. O amigo banana não se exprimiria com mais propriedade.

Dando de barato a importância da correcção, coisa especiosa certamente destinada a especiosas mentes, há que perguntar por que carga de água veio o dito senhor, quase oito anos depois(!), emendar a galegada.

A resposta é que não há qualquer explicação, nem faz falta nenhuma. O amigo banana nunca foi de explicações.

 

Mas é bom que fique escrito, mais que não seja neste blogue, que há que recordar o que antecedeu e motivou tal frase, numa ou noutra das suas formulações.

À época, andava a Dr.ª Manuela, Ministro das Finanças, a bramar que era preciso equilibrar as contas do Estado. Estas, com o guterrismo, tinham começado o seu caminho para a desgraça.

Ao mesmo tempo, o senhor Pinto de Sousa, em encontros semanais na televisão, saracoteava-se todo contra a Dr.ª Manuela e o seu governo, o que era preciso era tratar da economia, as preocupações com o défice não passavam de incompetência, os problemas que ela punha não existiam, era conversa de guarda-livros, etc.

O Dr. Sampaio, de Belém, assistia a tudo. Mas não era só assistir. Era intervir. A douta intervenção presidencial foi essa de vir apregoar que havia vida para além do défice, ou do orçamento, ou do que ele quiser. Sempre com o evidente significado de apoiar o senhor Pinto de Sousa e o PS nas suas alegações “a favor” da economia, contra as questões financeiras, a favor dos "seus", que era preciso ajudar, contra "os outros", que era preciso desacreditar.

Depois, foi o que se viu. Barroso deu à sola, Sampaio deu posse ao governo Santana Lopes. Logo à partida, Santana Lopes foi acusado de se ter atrapalhado no discurso de posse. Mas Sampaio não foi acusado de ter, ele mesmo e na mesma ocasião, feito um discurso condicionante da actividade de tal governo, o que é totalmente anti-democrático e ofensivo da maioria parlamentar. Na altura, não se suspeitava de que se tratava da preparação do golpe de Estado. Mas era. O golpe chegaria quatro meses depois, sem que nada o justificasse para além das “bocas” da imprensa e dos invejosos.

Depois, foi o que se sabe. Veio o senhor Pinto de Sousa e a sua ruinosa obra. O país passou a comer demagogia ao pequeno-almoço, propaganda ao almoço e fanfarronadas ao jantar.

O resultado está à vista.

Tudo sem uma palavra do Dr. Sampaio. Sem um reparo do Dr. Sampaio quando o camarada Constâncio produziu um défice putativo, rapidamente transformado na maior aldrabice de que há memória desde o Alves do Reis. Sem um sobressalto do Dr. Sampaio quando o resvalar da nossa vida colectiva se tornou tão evidente que até um cego o via.

 

O Dr. Sampaio acordou agora, para dizer que tinha dito. Não era défice, era orçamento.

 

Ora bolas!

 

21.11.10

 

António Borges de Carvalho

ROMPER, ROMPER!

 

Ao aproximar-se data em que faz 30 anos que Sá Carneiro morreu, é capaz de valer a pena pensar um bocadinho sobre o que, com ele, tivemos, e sobre o que, sem ele, hoje temos.

 

 *

Sá Carneiro comandou uma rotura. Rotura com o comunismo institucional, rotura com o socialismo dito democrático, rotura com um passado recente feito de tentativas totalitárias e de tibieza política nas subsequentes “soluções”.

Afastada a aterradora ameaça do sovietismo, importava dar sentido de liberdade à democracia, manietada que continuava por uma superestrutura eivada de preconceitos e de complexos.

Sá Carneiro não contemporizava, nem com o comunismo nem com o socialismo, nem com a continuidade, com vestes democráticas, da ordem instituída, inspirada pelo bolchevismo.

Por isso que tenha decidido e comandado o movimento libertador da AD, que tenha apostado na criação de uma sociedade sem garrotes estatais, coisa a que, durante muitas décadas, com um sinal ou com outro, a sociedade portuguesa se habituara.

Seria trabalho para uma geração. Mas era preciso começá-lo quanto antes.

Batido por ventos e marés, traído por até aí insuspeitas figuras do seu próprio partido, peado por problemas de saúde, Sá Carneiro não transigiu, não tergiversou, não desistiu.

Pouco mais de um ano depois de chegar ao poder, no auge de mais uma rotura, embrenhado na luta contra a continuidade socialista, bem ou mal corporizada pelo General Eanes, Sá Carneiro era assassinado. Ou era vítima de acidente - para quem em tal queira acreditar.

 

No princípio da AD, quando o movimento de apoio popular era já gigantesco, lembro-me de descer a Avenida da Liberdade com ele, na primeira grande manifestação de rua. À frente, um grupo de Zés-Pereira ribombava tambores. O ambiente era de exaltação, de júbilo, de esperança.

Junto de mim, Snu estava inquieta.

Lembro-me, como se fosse ontem, de lhe ter perguntado a razão do seu ar aflito. Sabe, disse ela, estes tambores, esta multidão, em vez de me alegrar, traz-me um cheiro a tragédia. Tenho a sensação de marchar, não para o triunfo, o futuro, mas para o cadafalso, o fim.

A minha juventude entusiástica respondeu com uma ironia qualquer. Só mais tarde viria a compreender a terrível premonição.

 

* 

Nos tristes dias que agora vivemos, um sem número de sabichonas vozes dedica-se ao fabrico de mezinhas para resolver os nossos problemas.

Ele é a “grande coligação”, ele é o “bloco central”, ele é o “acordo parlamentar”, o “pacto de regime”, o diabo a quatro.

 

Mais uma vez a resposta adequada ao estado em que estabilidade quer dizer crise - a única coisa estável que por cá temos - não é a das sabichonas vozes que se recreiam com cenários, que congeminam soluções. Soluções para quê? Para dar ainda mais continuidade a todas as crises em que estamos mergulhados? Para manter os mesmos actores, ainda que assessorados por novos? Para mudar algumas moscas em vez de limpar a casa?

 

Não. Não é disso que Portugal precisa. Precisa de rasgar, romper o colete-de-forças que o manieta, colete que a III República criou e do qual acabou por nunca se livrar, colete servido por políticos que, ao contrário de Sá Carneiro, se revêem, como Marcelo Caetano, numa espécie de “evolução na continuidade”.

Quem será capaz de tal rotura? Quem poderá ter a força moral, a tenacidade, a coragem, a temeridade de Sá Carneiro? Quem será capaz de denunciar o socialismo em todas as suas formas, até na sua forma “cristã”, mesmo que para isso tenha que assumir a sua própria tragédia?

 

Eis a pergunta que devíamos fazer, em vez de andar à procura de bengalas para estabilizar a desgraça.

 

16.11.10

 

António Borges de Carvalho

GRANDE CRAQUE!

 

No Economist de hoje:

 

Portugal's finance minister said the Irish government must take into account what is best for the euro zone as well as the country when it decides whether to seek financial help from the European Union and International Monetary Fund.

Mr. Teixeira dos Santos said there has been a "contagion" effect for Portugal arising from concerns about Ireland's ability to repay its debts. "I would not want to lecture the Irish government on that," Mr. Teixeira dos Santos said. "I want to believe they will decide to do what is most appropriate together for Ireland and the euro. I want to believe they have the vision to take the right decision."

 

Como se pode ver, o admirável ministro das finanças que o senhor Pinto de Sousa nos deu, sem querer dar lições de moral à Irlanda, vai avisando que, como há fortes dúvidas que ela possa honrar as suas dívidas, o melhor é ter em conta os interesses do Euro na sua tomada de decisão acerca do recurso à EU/FMI.

É assim mesmo! Somos os maiores! Não só ninguém tem dúvidas quanto à solvabilidade deste jardim como este jardim está na melhor posição para dizer à Irlanda como deve proceder.

Qual poderosa Merkel, Teixeira dos Santos impõe as suas regras! Qual é, afinal, a diferença entre o jardim do Pinto de Sousa e a manta de retalhos da Merkel? Hem?

 

E qual é a diferença entre Portugal e a Irlanda?

Há várias. Uma, que me vem à memória neste momento, é nada menos que esta: a Irlanda, com 4,5 milhões de habitantes, produz mais uns trinta por cento do que Portugal, com 10,5. Chega?

 

Se juntarmos a isto a entrevista que o grande, o magnífico, o extraordinário Teixeira dos Santos deu ontem ao Financial Times, com os resultados financeiros que são conhecidos, teremos um quadro quase completo, ou pelo menos esclarecedor sobre o que nos espera.

 

16.11.10

   

António Borges de Carvalho

A LUTA CONTINUA

 

Não sei se se lembram de ver o Abrunhosa amarrado com pesadas correntes às portas do teatro Rivoli, no Porto. A ridícula cena foi causada pela cedência do tal teatro ao Filipe La Féria. Culpados? Os do costume: o Dr. Rui Rio, a “direita”, os “interesses inconfessáveis e quejandos.

À volta do Abrunhosa acotovelava-se uma pequena multidão devidamente arregimentada pelos protestantes do costume, o PC, o BE, o PS e, como é natural, a chusma de “artistas” que vivem à custa dos subsídios do Estado sem produzir seja o que for a que a malta ache graça, ou que contribua para atrair público ao teatro.

 

La Féria tomou conta da coisa, encheu a casa, terá ganho o dele, divertiu as pessoas com espectáculos de razoável qualidade artística, pôs a cidade a frequentar e a gostar do seu teatro, que até aí era pasto das mais chatas intelectualices.

 

É evidente que esta claríssima demonstração da vitória de uma solução não conforme à cartilha estatal da esquerda não podia deixar de causar a maior das indignações, desta vez corporizada em processos judiciais que obrigaram a Câmara a dar uma volta qualquer ao texto, a fim de continuar a manter o teatro vivo nas mãos do La Féria, não morto nas garras dos traficantes de subsídios.

 

Nem tudo, ao que parece, terá corrido de acordo com o contratado, diz o Bloco de Esquerda, diz o PC. Querem ver as contas! Querem ver o contrato! Querem auditar tudo! Ou seja, querem destruir o que não conseguiram, a seu tempo, pôr em causa com sucesso.

 

O IRRITADO lança um apelo ao Dr. Rui Rio:

 

- Não se deixe levar por esta gente;

- Não lhe dê informações ou satisfações;

- Ignore-a;

- Faça contas com o La Féria;

- Ponha-o na rua, se for caso disso;

- Mas não ceda;

- Não dê cavalaria a esta gente!

 

15.11.10

 

António Borges de Carvalho

INVESTIDAS GAY

 

O diáfano deputado socialista Miguel Vale de Almeida, um dos patrões da “comunidade” gay, pai da espantosa lei do casamento dos deficientes sexuais, grande derrotado pela sociedade na medida em que a resposta a tal lei se cifra em meia dúzia de aderentes, resolveu chamar ignorante ao tipo do beicinho à banda que é ministro não sei de quê.

É que o rapaz terá esticado o referido atributo com o fim de declarar que o governo é contra o apadrinhamento de crianças - seja lá isso o que for - pela malta do Almeida.

O fulano, que já andava ofendidíssimo por não o terem deixado adoptar criancinhas, quer avançar com outros esquemas de efeito semelhante.

A coisa não pára. Com a desculpa de inventados “direitos” esta minoria de deficientes quer continuar a alterar as instituições civis dos outros, sem escrúpulo, nem decência, nem vergonha.

Já basta o que basta.

 

Pode ser que o governo, recorrendo algum resquício de respeito que ainda tenha pelas pessoas, resista a mais estas investidas do Almeida.   

 

16.11.10

 

António Borges de Carvalho

ANEDOTA

 

Contaram-me uma anedota que, como metáfora, muito vale.

Mais ou menos assim:

 

O autocarro do governo sofreu um gravíssimo acidente no Alentejo. Morreu um ror de gente. Os locais, pressurosos, puseram-se a enterrar os mortos.

Quando chegaram os socorros, o chefe da protecção civil perguntou:

- O primeiro-ministro também morreu?

Respondeu um dos “coveiros”:

- Ele dizia que não, mas como só diz mentiras, enterrámo-lo na mesma…

 

Sábia fábula!

 

Politicamente, o governo está morto, ou é um cadáver adiado. De um modo geral, já todos, como o Dr. Amado – a diferença é que o diz -, perceberam que estão mortos.

Só o primeiro-ministro ainda não percebeu, não percebe nem quer perceber.

Por mais que se diga vivo, precisa, com urgência, de um mau enterro.

 

Eu sei que anda por aí uma série de filmes de vampiros, mortos vivos, etc. Deixar a moda entrar na política parece demais, não é?

 

À atenção de Sua Excelência o Presidente da República, pedindo-lhe que não deixe que isto se transforme num necrotério.

À atenção do que resta do PS, a fim de que não se enterre ainda mais.

À atenção do senhor Alegre, para que vá encomendando a coroa de flores.

O Pinto de Sousa, esse, já encomendou uma para o Alegre.

 

14.11.10

 

António Borges de Carvalho

BATER NO FUNDO I

 

Com tantas histórias que a Justiça portuguesa oferece à malta, não há quem não pense que, como nas finanças, na economia e noutras matérias, também na Justiça estamos prestes a bater no fundo.

 

Há casos em que batemos mesmo.

Calcule-se que há um juiz, de seu nome Afonso Dinis Nunes, que decidiu, reagindo à quebra do salário e ao aumento dos impostos, trabalhar menos! Sim, meus senhores, trabalhar menos duas horas por dia, menos dez horas por semana, menos quarenta e quatro horas por mês, menos quatrocentas e sessenta horas ou cinquenta e sete dias ou dois meses por ano.

 

Toda a gente, pelo menos o comum dos mortais, é aconselhado a mudar de vida, a gastar menos, a não se endividar, a produzir mais e melhor, a contribuir com o seu sacrifício para sarar as feridas que o socrato-aldrabismo abriu.

Mas um juiz não é toda a gente, ainda menos faz parte do comum dos mortais. É um senhor que tem o direito de estar acima e para além dos outros, de se vingar individualmente, de fazer “justiça” pelas próprias mãos, de “julgar” em causa própria!

 

Em ausência de dignidade pessoal e institucional, não se pode ir mais fundo.

 

Mas há quem o faça.

O senhor Nunes fez uma longa peça escrita – um despacho! – a comunicar ao orbe a sua atitude e a respectiva “justificação”.

Perante isto, o juiz José Manuel Duro, que de duro deve ter nada, membro do CSM, declarou que o ‘caso está a ser averiguado, para aferir se será, ou não, de “tomar alguma medida”’. Será ou não. Ou não?

 

Há que perguntar:

Quem bateu no fundo? O Nunes ou o Duro? Ou os dois?

Quem bateu mais no fundo?

Que é, para esta gente, o fundo?

Haverá fundo?

Ou o abismo não tem fundo?

 

14.11.10

 

António Borges de Carvalho

BATER NO FUNDO II

 

Rezam as crónicas que o DIAP e a Procuradoria vão passar a aceitar as denúncias que lhes forem generosamente enviadas por… denunciantes.

Estes passam a merecer o respeito e a gratidão da dona Cândida Almeida, ilustre produtora de inanidades e de contradições.

 

O que é que isto faz lembrar? A Inquisição? A Gestapo? A PIDE?

E nós que julgávamos…

 

14.11.10

 

António Borges de Carvalho

UM CANALHA!

 

Um castelhano qualquer, se calhar movido pela frustração e pela inveja, disse que o Mourinho é um canalha.

Não sei se o dito castelhano tem razão ou não. Não sei, nem me interessa lá muito saber o que o Mourinho anda a fazer no império castelhano.

Mas vêem-me à tona do bestunto as últimas tão cândidas declarações do nosso primeiro-ministro.

Veio o tipo dizer, com a maior das inocências, que, se não há governo maioritário, ou coligações, ou acordos parlamentares, tal se deve a terceiros, uma vez que ele, Pinto de Sousa, fez tudo o que estava ao seu alcance para que houvesse.

É sabido que o senhor Pinto de Sousa, para além de ser um mentiroso compulsivo, não faz a menor ideia do que é vergonha nem conhece a palavra “escrúpulo”. Juntando a isto uma lata estanhada, aí temos o nosso homem.

Parece, no entanto, que nada disto chega para justificar as declarações em apreço.

A expressão do castelhano parece-me mais adequada. Um canalha!

 

14.11.10

 

António Borges de Carvalho

HÁ LIMITES PARA TUDO?

Há dias, ia o IRRITADO na A5 a pensar na vida, eis que o realejo da viatura desata a reproduzir uma canção do Sinatra. Sendo um “sinatreiro” antigo e feroz, o IRRITADO pôs-se à escuta. Quanto mais escutava, mais irritado ficava. É que não era o Sinatra a cantar, era outro tipo qualquer, um assassino desapiedado das boas canções do grande Frank.

Com os ouvidos a arder e a irritação a perturbar os reflexos, o IRRITADO esperou para ouvir o nome do dito assassino. Era o Carlos do Carmo!

O IRRITADO nada tem contra o Carlos do Carmo. É certo que não é uma figura simpática, é um tipo convencido e algo pedante. Mas é filho de uma grande fadista e é, ele mesmo, um fadista de alguma qualidade, afinadinho q.b.

Mas, que diabo, pôr-se a dar cabo do Sinatra ao mesmo tempo que diz admirá-lo… pôr-se a ganhar umas massas com corruptelas da música do homem… que diabo, há, ou devia haver limites! 

 

14.11.10

 

António Borges de Carvalho

DAS ALTERAÇÕES CLIMÁTICAS

Por várias vezes tem o IRRITADO tecido considerações sobre a maior e mais cara aldrabice de todos os tempos: o aquecimento global e a culpa que, nele, cabe à humanidade.

Trata-se de assunto que tem feito correr rios de tinta - ainda que a "tinta" dos "não crentes", "negacionistas" e  quejandos não mereça, as mais das vezes, eco nas parangonas dos media.

Não sendo a vastidão do tema compatível com o espaço de um blog como este, o IRRITADO tenta hoje contribuir para esclarecer os seus leitores de forma clara, sem entrar em considerações complicadas. Com a devida vénia, traz ao seu conhecimento alguns elementos esclarecedores. 

 

 

 FIGURA 1

 

 

 

 

É certo que as temperaturas estimadas dos últimos 11.000 anos podem não ser de uma absoluta fidelidade ao real, uma vez que não há delas medições directas. Os cálculos são feitos via estudo de cores dos gelos ditos eternos, dos anéis de árvores fósseis, milenares ou seculares, etc. A sua fiabilidade é suficiente para que se tenha uma noção clara de que, nos últimos oito milénios, a tendência geral é para o arrefecimento do globo, não para o contrário. O gráfico começa na altura em que a Terra emergiu da Grande Idade do Gelo.

Podemos dizer que 11.000 anos têm algum significado na vida do planeta, o que não se passa com recentes "certezas". De notar a subida das concentrações de CO2, que começou há cerca de 600 anos, altura em que não havia as actividades humanas que hoje são acusadas de o produzir. Assim, se se quisesse encontrar "culpados" teria que se recorrer a outros "arguidos"... Outro dado esclarecedor  que este quadro nos dá é o mostrar que, se as temperaturas subissem de acordo com as concentrações de CO2 talvez se pudesse relacionar directamente uma coisa com a outra. Manifestamente não se pode.

 

A linha preta refere-se às variações de temperatura, a cinzenta às concentrações de CO2.

(segundo G. Bond et al e Parrenin et al.).  

 

 

 

FIGURA 2

 

 

 

 

 

Um longo e significativo declínio de temperaturas entre 2002 e 2009. Sete anos de arrefecimento global. As previsões, electronicamente viciadas, do IPCC (International Pannel on Climate Change) da ONU - cone ascendente - vão no sentido inverso do que veio a acontecer na realidade - traço a negro.

Fonte: Science and Public Policy Institute.

 

 

FIGURA 3

 

 

 

 

Temperaturas versus CO2 (1998/2008). Como é evidente, as temperaturas do decénio - linha negra - contrariam brutalmente as "previsões" dos "crentes". Os níveis de CO2 - linha cinza - sobem quase na razão inversa das temperaturas, tornando totalmente erróneas as teorias do "consenso científico" sobre o aquecimento global, coisa que nunca existiu a não ser na cabeça do senhor Gore et al.

Fonte: MSU (Metheorological Service of the United Kingdom). 

 

 

 

FIGURA 4

 

 

 Aqui temos o gráfico das temperaturas da baixa troposfera medidas por satélite a partir de 1979. Mais uma vez a verdade a trair os fabricantes de teorias catastróficas. Sem comentários.

Fonte UAH Satellite

 

 

FIGURA 5 

 

 

 

Em complemento da figura precedente, aqui temos a comparação entre as temperaturas medidas à superfície (cada vez menos fiáveis porque influenciadas por inúmeros factores locais), segundo um dos grandes profetas ao serviço da ONU, o senhor James Hansen, e as fornecidas por satélite. A linha de cima é a de Hansen, a de baixo de satélite. É fácil verificar que os valores de Hansen estão, em média, nada menos de 4ºC acima da "concorrência".

 

 

 

FIGURA 6 

 

 

 

 

A fechar estas informações, um interessante quadro de temperaturas dos últimos mil e cem anos, absolutamente insuspeito uma vez que produzido no âmbito do IPCC. A Idade Média - tempo em que o homem não tinha qualquer influência na produção de CO2 - conheceu um período muito quente, conhecido por Período Quente Medieval. Seguiu-se-lhe a Pequena Idade do Gelo, que se prologou até finais do século XIX. No século XX a temperatura global volta a subir, mas o dealbar do século XXI conhece novas descidas. O que isto tem a ver com o CO2 ou com a actividade do Homem é coisa que nem o mais arguto conseguirá perceber. 

Fonte: J.T. Houghton et al., IPCC First assessment report, 1990 

 

 

*

 

 

Deixarei alguns comentários para mais tarde, dando aos meus leitores tempo para "digerir" estas informações e/ou procurar outras.

 

 

13.11.10

 

António Borges de Carvalho 

GAUDEAMUS!

As minhas desculpas por voltar a um assunto recorrente nas iras do IRRITADO: os grafitti.

Depois de ter pocalhonamente mandado borrar as paredes de um quarteirão da Fontes Pereira de Mello, a coisa continua noutros lados. O inimigo público que dá pela sigla CML dá tintas, escadotes, gruas, andaimes, todo o material necessário a merdificar as fachadas. Não sei se até dá umas massas aos borradores, a quem carinhosamente chama “artistas urbanos” ou equivalente.

 

Estas brilhantes iniciativas tem a evidente vantagem de incentivar hordas de merdosos a pintar mais paredes por toda a parte. Deixa de haver qualquer justificação para lhes negar o direito de tal fazer. Pois se é a própria Câmara quem, a alguns, em vez de os punir até paga, que moral há para tratar de outra forma aqueles que, de sua conta e risco, fazem o mesmo?

 

Não ficamos por aqui. O monstro estatal chamado Estradas de Portugal vai pelo mesmo caminho. Como está cheia de dinheiro, já gastou nada menos de 47.000 euros a esborratar o IC19, com o cullot de se gabar dizendo ser “a primeira concessionária a dignificar esta expressão artística conciliando-a com o ambiente rodoviário”. Como deve ter achado pouco os tais 47.000 euros, a EP anunciou que anda à procura de graffiters para gastar mais uns cobres.

 

Longe vai o tempo em que a) havia dinheiro e b) se contratava artistas de renome para produzir esculturas, baixos-relevos, painéis de azulejos, etc. Agora, se calhar gastando o mesmo (quando se gasta dinheiro que se não tem, tanto faz ser pouco como muito), vão seguir-se vários troços da CRIL e, de acordo com a secção de “ambiente” da distinta empresa, a coisa é para continuar.

 

Gaudeamus!

 

11.11.10

 

António Borges de Carvalho

DA CACA CAMARÁRIA

 

Quando vejo por aí as recorrentes notícias sobre a “impermeabilização” do solo em Lisboa, parece-me estar a ver uma fábula da minha quase infância.

Centenas de vezes a mesma história, centenas de vezes os mesmos protagonistas, centenas de vezes as mesmas teorias repetidas à saciedade, os mesmos bonecos, a mesma preocupação “verde”.

Com o triste advento político da sinistra figura do vereador Fernandes, um novo impulso foi dado à velha história.

 

Ocorre perguntar porquê tanta preocupação com a “impermeabilização” e nenhuma com o saneamento básico e com o esgotamento das águas pluviais. Porquê ter as sarjetas entupidas ou enterradas nos asfaltos aldrabados que nos impingem antes das eleições? Porquê tanta demagogia com a mobilidade e nenhuma com as condições de circulação dos peões?

À custa da permeabilidade, todos os dias se torce pés e tornozelos, todos os dias se parte pernas, todos os dias há pessoas a estampar-se nos passeios cobertos com a maldita calçada portuguesa - a fim de não impermeabilizar os solos! -, coisa de que não se cuida porque não é possível cuidar, já que não há, nem jamais haverá, um exército de calceteiros capaz de manter os passeios sem buracos nem altos e baixos nem pedras arrancadas.

À custa permeabilidade dos solos, hectares e hectares de terrenos, no interior dos quarteirões, estão entregues ao lixo e ao mato, ou ocupados com barracas e barracões.

Ao mesmo tempo que se mantém a cidade “permeável”, os efeitos que a cidade sente são o contrário do que tal permeabilidade promete. Sempre que cai uma chuvada mais forte, aí estão as caves inundadas, os bombeiros num virote, o pessoal a salvar os tarecos, não só em bairros degradados, mas no centro da cidade, nas avenidas novas, por toda a parte.

Acresce que a “solução” que a CML, ó inteligência!, inventou para este problema foi a de, quando as condutas de águas pluviais estão prestes a estourar, ligá-las aos esgotos domésticos. O resultado é que, em vez de termos inundações de água da chuva, as temos de caca! 

 

Fácil é concluir que a apregoada permeabilidade dos solos não resolve problema nenhum.

 

Olho cidades com menos declives que Lisboa, portanto mais difíceis de drenar.

Paris, por exemplo. Em Paris ninguém se preocupa com a impermeabilização dos solos. Estão todos impermeabilizados, à excepção, naturalmente, dos jardins. Os prédios encostam-se uns aos outros, costas com costas, desde os tempos do velho Haussman. No meio, um pátio devidamente impermeabilizado, às vezes com uns canteiros de flores, não para permeabilizar mas para melhorar a qualidade de vida das pessoas. Tudo devidamente drenado. Todas as semanas, todos os regueiros e sarjetas de Paris são percorridos por água bombada do Sena, para os manter abertos e desentupidos. As caves - quase não há prédios sem elas - não se inundam, por muito que chova.

Isto quer dizer que o que falta a Lisboa não são passagens de águas para o subsolo através da permeabilidade, mas um sistema de escoamento capaz, capazmente mantido, inteligentemente gerido. São condutas à profundidade necessária. São sistemas de bombagem adequados. É manutenção, cuidado, inteligência, eficácia, em vez de demagogia. São jardins em vez de hortas “sociais”. Numa palavra, é respeito pelos munícipes e não por ideias tão idiotas quanto lunáticas e prejudiciais.

 

Enfim, o que falta à cidade, na drenagem como em tudo o resto, é um mínimo de preocupação com os legítimos interesses de quem não serve para outra coisa que não seja pagar impostos e taxas sem qualquer retorno em serviços ou infraestruturas, das que são necessárias, não das que são boas para a propaganda e pouco mais.

 

11.11.10

 

António Borges de Carvalho

 

PS. Infelizmente, não é só o poder costo-roseto-fernandesco que nos mete na fossa. Segundo os jornais, o CDS, na pessoa de um tal Monteiro, parece afinar por parecido diapasão.

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