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irritado (blog de António Borges de Carvalho).

O SOCIALISMO É A FILOSOFIA DO FRACASSO, A CRENÇA NA IGNORÂNCIA, A PREGAÇÃO DA INVEJA. SEU DEFEITO INERENTE É A DISTRIBUIÇÃO IGUALITÁRIA DA MISÉRIA. Winston Churchill

irritado (blog de António Borges de Carvalho).

O SOCIALISMO É A FILOSOFIA DO FRACASSO, A CRENÇA NA IGNORÂNCIA, A PREGAÇÃO DA INVEJA. SEU DEFEITO INERENTE É A DISTRIBUIÇÃO IGUALITÁRIA DA MISÉRIA. Winston Churchill

FELIZ NOVIDADE - PAN!

 

Animem-se os espíritos que a crise e o governo, realidades gémeas e afins, têm desanimado. A salvação da Pátria está, finalmente, à vista!

 

Nasceu uma nova organização - o PAN, Partido dos Animais e da Natureza - capaz de resolver os nossos mais ingentes problemas.

Quer saber como sair da fossa? Pergunte aos cães.

Quer ganhar mais uns tostões? Pergunte às ratazanas.

Quer melhorar a sua qualidade de vida? Vá viver com os porcos, antes que acabem.

Tem larica? Alimente-se com o ar puro da Natureza virgem.

É mais ou menos o que propõe o PAN.

Deixe de comer carne, manda o PAN. É verdade. Se não comer carne, acabam os porcos, repugnante e poluente espécie.

Se não for aos toiros, acabam os toiros, mais os ganadeiros, os campinos, parte dos cavalos, para além dos tipos das quadrilhas e dos fabricantes de bandarilhas e de outros malvados artefactos.

Acabe-se com as vacas, miseráveis alimárias que dão carne e essa coisa horrível que é o leite, de onde saem os queijos e as manteigas, tudo autênticas fábricas de colesterol.

Estime o seu cão! Dê-lhe a comer saladas de alface biológica e feijão frade.

Nem mais um carapau para o gatinho da sogra!

Nem mais um pescador no mar.

Feche-se os talhos, os matadouros e as fábricas de chouriços.

Está doente? Vá à bruxa, ao astrólogo e ao exorcista. Acabe-se com o serviço nacional de saúde, que só gasta dinheiro e enche o povo de químicos.

Se não gosta de legumes, faça como cavalo do escocês: deixe de comer e verá.

Mude-se a constituição. Crie-se o “direito à ‘senciência’ (?) dos animais e ao seu direito à vida e ao bem-estar”, diz o PAN. As moscas e as osgas passarão a ter direito à greve, o que muito contribuirá para a sua qualidade de vida.     

Altere-se o código civil, diz o PAN. No código civil, diz o PAN, “os animais são reduzidos ao estatuto de coisa”.

 

O IRRITADO, preocupadíssimo que está com as preocupações do PAN, sugere ao seu promotor, um tal Paulo Borges, que altere a designação do partido para PANC - Partido dos Animais, da Natureza e das Coisas. Assim, poderia acabar com as ofensas às coisas, coitadinhas: não mais petróleo, nem cimento, nem pedras da calçada, nem pneus, nem, nem, nem…

Assim, o panorama seria completo: o homem, os animais selvagens, os calhaus e as árvores, sobretudo as que não fizessem sombra ao PANC.

 

Acabava a humanidade mas salvava-se o planeta. Não é o que diz o politicamente correcto e o engenheiro relativo?

 

Partido, haveria só um: o PANC e mais nenhum! O líder seria uma minhoca. Que delícia.

 

31.1.11

 

António Borges de Carvalho

CORRECÇÕES BERLUSCONIANAS

 

A moral do mundo mudou. Nos hábitos sociais tudo é diferente, nas relações entre as pessoas quase tudo passou a ser bem-vindo.

 

As meninas, sem limites, remorso ou sanção, entregam-se, de tenra idade, a quem lhes dá na gana. Meninos há que fazem o mesmo. Toda a gente chama “sair” a ir, depois da meia-noite, embebedar-se num qualquer buraco, sendo o objectivo da “saída” não divertir-se mas embebedar-se. Os adultos deixaram de se casar, passaram a juntar os trapinhos como, há cem anos, se fazia na província quando se não tinha dinheiro para pagar ao padre. Os chamados homossexuais, esses, eles(?) e elas(?), insistem em chamar casamento às suas junções, e a sociedade civil acha muito bem. Nas revistas “sociais” é ver as “famosas” e os “famosos” a trocar de parceiro todas as semanas e a gabar-se disso como larga cópia de compreensão, admiração e quase unânime aplauso. As mamãs e os papás levam criancinhas e jovens de ambos os sexos a programas de televisão destinados a meter nas cabecitas, algumas inocentes, as mais desvairadas ilusões sobre mundos de fama e moderna “felicidade”. É vê-los embevecidos a aplaudir as façanhas dos pequenos, as mais das vezes sabendo onde os estão a meter. E mais não digo porque já chega.

 

Ao contrário do que se possa pensar, o IRRITADO não trás estas coisas a lume para as condenar. Verifica, ou constata - como se diz agora - o que se passa, a condescendência moral da sociedade para toda uma série de práticas que soíam ser de esconder ou de evitar.

A tolerância, aplicada com novos critérios, invadiu a espécie na sua zona dita mais “civilizada”. O que era criticável (intolerância!) passa a ser digno da ambição de uns e do aplauso de outros.

 

Esta “filosofia” não se aplica, porém, a toda a gente. Há pessoas que, submetidas ao politicamente correcto - um dos maiores horrores da nossa idade -, são vilipendiadas na praça pública se se meterem nalguma das actividades que, para outros, são consideradas dignas da mais aberta estima social.

Não é imaginável, por exemplo, que um homem como Winston Churchill pudesse, nos nossos dias, ser primeiro-ministro. Quê? Um tipo que bebe conhaque em quantidades apreciáveis e fuma como uma chaminé pode ser primeiro-ministro? De forma alguma. Numa sociedade em geral fumadora e bêbeda, não se toleram coisas destas aos “escolhidos”.

O senhor Berlusconi, por exemplo, um dirty old man independentemente de ser mau ou bom primeiro-ministro (mais de metade dos italianos acham que é bom), é universalmente condenado porque gosta de festanças com raparigas e, sobretudo, porque contratou para elas uma vacalhona ordinaríssima e repulsiva que, instigada pela mãe, se vende a quem pagar. Isto, independentemente de se ter metido, ou não, nela ou com ela (é pouco provável que, com 72 anos, se tenha metido nela). O problema é que a meretriz estava "à beira de fazer 18 anos”, o que acrescenta à coisa um piquinho de piripiri moralístico-legal. E, como a rameira é marroquina, só falta alegar que o fulano pratica o anti islamismo primário. Algo me diz que, se se tratasse de rapazinhos europeus, o politicamente correcto acharia muito bem.

 

Longe do IRRITADO defender as práticas pessoais do cavaliere. O homem nem o sentido do ridículo deve ter!

Muito menos acha o IRRITADO que os divertimentos do transalpino septuagenário sejam próprios de um primeiro-ministro, bom ou mau enquanto tal.

Mas acha inacreditável e repugnante que a filosofia e a moral em vigor se tornem selectivas quando interessa abater um alvo, ou seja que têm critérios duplos segundo quem está em jogo, ou seja que o politicamente correcto de correcto nada tem.

 

31.1.11

 

António Borges de Carvalho

ENERGÉTICAS BURRICES

 

De vez em quando surgem verdades verdadeiramente inconvenientes:

 

1. O presidente da EDP veio informar que os moinhos de vento do senhor Pinto de Sousa implicam um “sobrecusto”, em 2011, de 509 milhões de euros.

2. A ERSE, entidade a quem devemos a “regulação” dos preços da energia, acha que os “sobrecustos” com a “produção em regime especial” (eólicas e co-geração) serão, em 2011, de 1.200.000 de euros.

3. O senhor Rui Cartaxo (nada a ver com carrascão), chefe da REN, acha, com carradas de razão, que os custos das energias renováveis e da co-geração “têm de ir transitando para o mercado”, quer dizer, deixar de ser “regulados”.

 

Preparai-vos, ó gentes! Quando os custos dos disparates energéticos do chamado governo lhes caírem em cima, nem a alma se lhes aproveita.

Pior. De uma forma ou de outra, eles acabarão por lhes cair em cima. É uma questão de tempo. A alma foi condenada à extinção pelo senhor Pinto de Sousa.

 

27.1.11

 

António Borges de Carvalho

NORTE E DESNORTE, BOA E MÁ SORTE

 

Segundo notícias não desmentidas:

 

1. Uma associação de municípios, lá para as Beiras, sacou 25 milhões de euros (5 milhões de contos) à União Europeia, ao Estado e aos municípios participantes, a fim de criar sites na Internet para fins de “desenvolvimento”(!). Acontece que os sites não funcionam, os milhões desapareceram e jamais foram apresentadas contas da sua eficaz e produtiva gestão(?). Presume-se… presume-se o quê? Que os milhões fizeram um jeitão.

Dado o sucesso da operação, os municípios responsáveis(?) preparam-se para extinguir a associação, possivelmente antes que alguém comece a fazer perguntas desnecessárias.

 

2. Em Guimarães, foi criada uma “fundação”, a FCG - Fundação Cidade de Guimarães, da responsabilidade da Câmara local. A estrutura destina-se a preparar e gerir um “evento” cujo nome me escapa.

Tal como a caótica multidão de fundações públicas em que os anos mais recentes têm sido férteis, também esta tem uma “administração” e um “conselho geral”.

A “chefa” da administração foi contemplada com um ordenadinho de 14.300 euros por mês, 14 meses por ano. Quando se der ao luxo de ir a uma reunião, não se sabe se todas se só as do conselho geral, a madame será contemplada com mais 500 euros pelo trabalho, supõe-se que realizado dentro das horas de expediente. Desconhece-se se receberá também subsídio de refeição e horas extraordinárias, mas é de presumir que serão de inteira justiça. Disporá ainda, por conta da mesma conta, de um carrito, ou carrão, e de um telemóvel com chamadinhas pagas.

A esta ilustre cidadã, por certo muito conhecida lá no prédio, juntam-se uma administradora e um administrador, ambos executivos, desta vez, coitados, a ganhar só 12.500 euros por mês e 300 por reunião, mais carro, etc. Há depois um quarto elemento contemplado com uns míseros 2.000 euros/mês mais os sacramentais 300 por reunião. Algo me diz que este é o que vai trabalhar (maledicência!).

A servir de décor a este ramalhete, o conselho geral (15 cidadãos!) é integrado por altíssimas figuras da nossa praça, tais como Jorge Sampaio (500 por reunião), Adriano Moreira, Freitas do Amaral e Eduardo Lourenço (300 cada), presumindo-se que, como é natural, tenham transportes ajudas de custo garantidos nas suas deslocações ao Minho. Imagine-se o que custa cada reunião.

 

*

 

Diz-se que a região Norte é aquela que mais sofre as consequências de seis anos de consulado do senhor Pinto de Sousa. As Beiras não sofrem tanto, mas estão longe de “uma boa”.

É neste panorama que se inserem os dois acontecimentos acima referidos.

25 milhões desaparecidos, três tipos a ganhar mais de duas vezes o que ganha o Presidente da República. Tudo dinheiro público.

No caso da “fundação”, um bouquet de celebridades públicas nacionais coonesta a situação, o que, em si, é mais escandaloso e aviltante que tudo o resto.

 

O Norte perdeu o Norte.

Uns fulanos estão cheios de sorte.

A malta não tem sorte nenhuma.

 

Se houvesse regionalização era ainda pior, não era? É como quem diz a um tipo que partiu uma perna que tem muita sorte em não ter partido as duas.

 

27.1.11

 

António Borges de Carvalho

CONTAS DE SOMIR

 

O número de cidadãos que se viram impedidos de votar por causa da feroz incompetência do ministério da administração interna é coisa que ainda ninguém calculou, avaliou, ou se preocupou em calcular ou avaliar.

Todos conhecemos pessoas que se viram à rasca para votar, outras que desistiram da luta contra a burocracia em que se se viram envolvidas, voltando para casa sem votar, e outras ainda que nem de casa saíram, cientes da tramóia em que as tinham metido.

Ao mesmo tempo que ribombam os números da abstenção, nada se diz, nem se presume, sobre o que seria tal abstenção se não houvesse as confusões que houve.

 

Não se sabe, nem se levanta sequer a questão de saber se serão válidas e legitimas umas eleições em que um significativo número de eleitores se viu impedido de votar pela monumental trafulhice técnica em que o governo as meteu.

 

O culpado nem tuge nem muge. Devia ter-se demitido na hora, em vez de se aprestar a continuar a imensa série de asneiras com que tem brindado a Nação. O chefe do culpado, pelo menos politicamente tão ou mais culpado que ele, nem dá por que o problema existiu e foi gravíssimo. Passa soberanamente por cima, ou por baixo, como se queira. Não liga a estes “pormenores”.

 

Importante, para a “informação”, é demonstrar o indemonstrável: que a abstenção foi a maior de sempre e que o eleito o foi com menos votos que todos os outros. O pífio resultado do presidente Sampaio não existe, apesar de ter sido obtido numa eleição em que votou quem quis e ninguém ficou de fora por via administrativa.

Para a “informação”, o que existe é a evidente capitis deminutio do eleito.

Estamos conversados.  

 

25.1.11

 

António Borges de Carvalho

 

 

ET. Li hoje, já não sei onde, que nos cadernos eleitorais usados para estas eleições, estão recenseados 9.600.000 portugueses com direito de voto. Já não se mexe nos cadernos desde os ominosos tempos do Dr. Sampaio!

Abstiveram-se umas centenas de milhar de mortos?

Quem faz contas a isto?

Quem responde por isto?

Que raio significam os números da abstenção?

Somos aldrabados por esta gente vai para seis anos, mas esta, que diabo, é demais!

O sr. Pereira continua no governo? Continua.

O senhor Pinto de Sousa não se demite? Não.

Que raio de pessegada é esta? Nenhuma: segundo o socialismo em vigor deve tratar-se de um "lapso técnico" sem importância, um fait divers.

Canalhas!

TESTEMUNHA ABONATÓRIA

 

Coitado do Penedos!

Com os elogios do Dr. Sampaio, patrão da moral republicana, não vai longe.

 

- Um homem que dizia, para dar cabo do governo do partido rival, que “há vida para além do défice”, e se cala quando o governo, sendo da sua cor, faz muito mais, muito pior e mais mal feito;

- Um homem que, para dar poleiro aos do seu partido, não hesitou em dissolver um parlamento onde havia uma maioria a funcionar a contento, maioria que nem sequer tinha tido tempo para mostrar fosse o que fosse, bom ou mau;

- Um homemm que deixa passar sem uma palavra de repulsa o maior embuste político a que jamais assistimos - o orçamento putativo do Constâncio;

- Um homem que, pela primeira vez na história da III República, fez uma aliança com o PC em Lisboa:

 

Se atesta a moralidade de outrem, que crédito merece?

Nenhum, como é evidente.

 

Coitado do Penedos!

 

25.1.11

 

António Borges de Carvalho

VITÓRIAS

VITÓRIAS

 

Ontem, como em todas as eleições, houve uma enorme quantidade de vencedores.

 

O hediondo barbichas lá do Minho, com o seu por cento, conseguiu “confirmar”, segundo diz, as suas ordinaríssimas bocas de campanha. Grande vitória, como se alguém no seu perfeito juízo acreditasse num repolho daqueles.

 

O palhaço da Madeira registou um notável score. Eis o que um zero à esquerda pode conseguir com umas piadas e três canais generalistas mais três do cabo a dar-lhe cavalaria. Indiscutível vitória.

 

O funcionário do PC, que não conseguiu mobilizar as massas habituais, foi um magnífico herói, pelo menos nas palavras esclarecidas do Jerónimo. Denunciou as manobras do capital financeiro e de outros culpados do costume, conseguindo tudo isto sem ligar as suas receitas aos magníficos resultados que têm tido em Cuba, na Coreia do Norte - a menina dos olhos do camarada Bernardino - e noutros desvairados locais. A inevitável vitória.

 

O Dr. Nobre, chapeau, conseguiu muito mais do que a campanha podia fazer prenunciar. Queixou-se dos media, o que, por falta de razão, lhe fica mal mas anima as hostes. Só não se percebe porque é que esta candidatura se arroga o exclusivo da cidadania, inculcando que quem votou nos outros não é cidadão ou não merece o qualificativo. Grande vitória.

 

O camarada Alegre teve mais do que merecia, já que nada merecia. Apressou-se a realçar as suas excelsas qualidades, sem referir a maledicência barata e o negativismo bacoco e palavróide da sua campanha. Mais uma vitória, neste caso do país, que vai, finalmente, ver o homem ir para casa escrever umas quadras.

 

No meio de tantas vitórias dos seus inimigos, quem ganhou foi o Doutor Cavaco. Novidade foi que, em vez da abrangência habitual na circunstância, se atirou que nem um cão raivoso às canelas dos adversários. Se isto quisesse dizer alguma coisa quanto ao futuro, talvez nós também tivéssemos ganho. Não é de crer que esta hipótese tenha pés para andar, mas...

 

O que incomoda, no meio desta pessegada, é pensar que é provável que o grande vencedor destas eleições foi o camarada Pinto de Sousa.

Viu-se livre do Alegre de uma vez por todas.

Sabe que haverá uma probabilidade em mil de ser corrido do poleiro pelo Presidente da República, já que o homem não é, como o seu miserável antecessor, dado a golpes de Estado.

Acredita, com razão, que o “novo” Presidente não vai à bola com o Passos Coelho, sendo que jamais gostou que alguém do seu próprio partido ganhasse fosse o que fosse.

Pensa (se é coisa que faça ou saiba fazer) que, com este Presidente, com mais umas esmolas e mais umas sessões de propaganda, talvez se aguente três anos.

É preciso perceber que o Pinto de Sousa jamais teve outro objectivo que não fosse aguentar-se.

Por tudo isto, deve dar por bem empregue o seu voto no Cavaco (vil e ignominiosa insinuação do IRRITADO).  

 

Outra coisa vale a pena dizer sobre estas eleições. O palhaço da Madeira teve, na ilha, trinta e três por cento. O que quer dizer que o “patriotismo” madeirense veio ao de cima, mesmo que representado por um palhaço. Calcule-se o que aconteceria se se tratasse de um tipo com alguma credibilidade!

Isto levanta a questão da independência da Madeira.

A descolonização foi racista, isto é, deu a independência aos pretos e negou-a aos brancos. Talvez, vistos os resultados eleitorais, seja de pensar em mudar a mão. Por outro lado, há quem diga que o senhor Pinto de Sousa já pensou que, se calhar, em vez de andar a mendigar, talvez fosse de vender umas ilhas em hasta pública, ou em negociação directa, que é a sua especialidade.  

 

A ver vamos, como diz o cego.

 

24.1.11

 

António Borges de Carvalho

NO REINO DA TRAFULHICE

 

Em mais uma bem-sucedida sessão de propaganda, o nosso ditoso primeiro-ministro inaugurou mais uma floresta de moinhos de vento, desta vez composto por 48 reluzentes turbinas.

Muito bem, diz a malta.

Vamos “poupar”, diz o propagandista. Nada menos que 7 milhões de euros por ano em importações de crude. Ou seja, se tudo correr bem, isto é, se o vento for constante, daqui a 18 anos teremos recuperado (em crude), o actual investimento de 126 milhões.

Como ninguém sabe o que vai acontecer ao vento, teremos que ter uma central térmica auxiliar, a gás, carvão ou petróleo. Esta, para garantir o abastecimento na calmaria, terá que estar num oneroso stand by, quer dizer, tem que se manter a trabalhar em baixo regime. Estas contas não foram, como é lógico, apresentadas pelo ilustre cavalheiro.

Não faz mal. Partamos do princípio que os números de sua excelência estão certos. Se os novos 48 moinhos custaram os tais 126 milhões, teremos 2.625.000 euros por cada um. Como também diz que já há, em Portugal, 2.000 coisas destas, o investimento irá em cerca de 5.000.000.000 (cinco mil milhões de euros), só em pazinhas rotativas.    

Continuando a usar os números oficiais, coisa que crédito algum merece, como é sabido e largamente comprovado, ficamos a saber que a benemérita EDP faz tenções de facturar 20 milhões por ano com estas 48 borboletas, aos preços actuais. Uma regra de  três diz-nos que, com os dois mil gadgets já em funcionamento, a EDP facturará 884.000.000 (oitocentos e oitenta e quatro milhões de euros) por ano.

Outro número propagandeado pelo senhor Pinto de Sousa diz-nos que, hoje em dia, 53% da electricidade consumida em Portugal se deve a energias renováveis. Ainda que este número não seja o mesmo que a EDP há dias avançou, resta saber qual a proporção entre eólicas e hídricas, e qual o investimento por unidade de produção.

 

Como quem teve a pachorra de ler isto até aqui já deve ter percebido, nada disto é para perceber.

E como o que o cidadão comum o que quer saber é se paga mais ou menos pela energia que consome, o que percebe é que lhe estão a meter os dedos pelos olhos dentro. O país pode, nas magníficas palavras de sua excelência, estar “à frente” da esmagadora maioria da humanidade nestas matérias. A conclusão é que quanto mais “à frente” mais caro.

Como se pode engolir o maná de benesses lançado pelo senhor Pinto de Sousa sobre o povo e, ao mesmo tempo, ver o preço da electricidade a aumentar todos os dias, sendo ainda o povo acusado pelas “autoridades”, de estar a provocar um monumental défice de facturação que vai ter de pagar de uma forma ou de outra.    

 

A “consolação” estará em saber que, segundo o ilustre governante, só por causa destes 48 moinhos, vamos produzir menos 117.500 toneladas de CO2 por ano, o que, segundo os meios oficiais que se debruçam sobre o “aquecimento global”, muito deve agradar ao planeta. Isto, enquanto o dito planeta, borrifando-se em teorias e trafulhices, faz humanidade inteira, e nós com ela, tiritar de frio e morrer afogados em chuva.

 

23.1.11

 

António Borges de Carvalho

FRASES

 

De dona Helena Garrido, muito conhecida lá em casa:

O frágil estado em que começa a estar a classe política limita perigosamente a sua capacidade para combater a implosão social sem controlo da revolta.

Julga o IRRITADO que o que a senhora quer dizer, posto o texto em português, será qualquer coisa deste género: Se a classe política não arranja maneira de se prestigiar, será difícil conter a revolta das pessoas.

Por outro lado, notemos o uso da palavra “implosão”, aplicada para significar exactamente o contrário do que significa.

Nada disto impede que a senhora “comente”, nem que as suas lapidares frases sejam citadas, com o devido destaque, na nossa tão culta imprensa.  

 

De dona Catalina Pestana, ex dirigente de várias coisas:

A ética republicana está pelas ruas da amargura.

Como é que uma coisa que nunca existiu ou, se existiu, foi pela negativa, pode estar pelas ruas da amargura?

 

Do senhor Rogério Chambel, seja lá ele quem for:

A escola é um mundo onde a violência anda à solta. Está na fila da frente e nunca falta.

Não sei se será. Quem isto lê, há-de pensar que “a escola” - todas as escolas - é uma espécie de coliseu, com gladiadores, facas, feras e defuntos. Não é verdade. O que é verdade é que se pretende fazer entrar o “crime” nas escolas, a substituir umas coisas que usavam chamar-se disciplina e autoridade. O que é crime é crime por ser crime, não há crimes “especiais” por ser praticados dentro das paredes de uma escola. Há aqui duas tendências, qual delas a mais perigosa: criar leis “especiais” e desresponsabilizar quem é ou devia ser responsável nas escolas. A “entrada”, nas escolas, de uma miríade de novos sujeitos com “competência escolar" (alunos, pais, empregados, ministérios, governo, etc.) em vez de criar “comunidades escolares”, serviu para que todos se desautorizassem uns aos outros. Responsável é sempre “o outro”.

A frase em apreço é de um alarmismo e de uma irrealidade a toda a prova.

 

23.1.11

 

António Borges de Carvalho

CAMPANHA ALEGRE

 

Ontem, um canal qualquer reuniu um dos habituais leques de brilhantíssimos comentadores para opinar sobre a campanha presidencial.

De um lado, as donas Avilez e Alves. Do outro, o novel director do Expresso, Costa de seu nome, fulano que tem, ao que consta, a desgraça de ser irmão do outro, o da câmara (lapso imperdoável do IRRITADO, que não tem nada a ver com a família de cada um e deixa que o veneno lhe tome conta da crónica).

 

Os três estavam de acordo: a campanha tinha sido uma miserável xaxada – o cargo bem o merece – e que outra coisa não tinha havido senão maledicência e fofoca. Até aqui, tudo bem.

O pior é que as três preclaras personalidades, do princípio ao fim, não disseram coisa que não fosse maledicência e fofoca.

A dona Clara (que voltou a pintar-se de preto e já não é nada clara), excedeu-se em pormenores. Todos os cavacais malefícios foram esmiuçados pela ilustre intelectual, como se o homem tivesse alguma obrigação de andar para aí a mostrar escrituras, não tivesse o direito de fazer permutas ela-por-ela, fosse um tenebroso membro do gang do BPN, etc. Um ataque em forma, uma acção de campanha do Alegre ainda mais agressiva que as do próprio ou as do parvo do Moura.

O Costa lá foi deitando água na fervura, ainda que não se deixando de insinuações e dentadinhas. A dona Avilez, essa, não fazia parte do filme, isto é, não tinha estaleca para o Costa, ainda menos para a morena (restaurada).

 

Enfim, um comício do Alegre mascarado de “informação” e de “opinião independente”. Ainda por cima de borla. Perfeito.

 

22.1.11

 

António Borges de Carvalho

UMA VIAGEM E PERAS

Rezam as crónicas, diga-se que sem o devido e merecido destaque, que o admirável ministro das finanças que tínhamos (as finanças, não o ministro) se ausentou de uma reunião com os seus colegas em Bruxelas para ir a correr ao Abudabi, ali, ao virar de esquina, vender mais uns papéis de crédito a dois abchalás com quem tinha encontro marcado. O pior é que os abchalás borregaram e, quando o nosso incomparável ministro chegou, não teve outro remédio senão ficar a falar para as paredes.

O IRRITADO tem a secreta esperança que o nosso estimável ministro tenha aproveitado para umas banhocas nas salsas e tépidas águas da região e que tenha aproveitado a happy hour do hotel, com uns copitos e uma boa dança do ventre.

Se assim foi, ainda bem. Valeu a viagem – em first class, pois então!

 

22.1.11

 

António Borges de Carvalho

MARAVILHAS AUTÁRQUICAS

 

A inimitável câmara de Lisboa acaba de anunciar a repavimentação de 200 ruas, com novas técnicas (?), coisa que vai custar a módica quantia de sete milhões e meio.

O IRRITADO espera que tal e tão meritória obra não seja como aquelas que o Costa mandou fazer antes das eleições. Lá na minha rua, por exemplo, correram com os carros do povo e apareceram umas máquinas e uns camiões carregados de asfalto. Em dois ou três dias a extraordinária obra foi completada. De tal e tão competente forma que deixou de haver sarjetas, valetas e outras costumeiras inutilidades. A rua ficou transformada num leito de cheia, com certeza para não abusar dos esgotos, os quais têm o simpático hábito de regurgitar rios de caca para dentro das lojas e das casas das pessoas assim que chove mais um bocadinho.

 

Mas, hossana!, nem tudo é mau. Sem olhar a despesas, a CML lançou uma vasta campanha de publicidade com o fim de anunciar que a central da trampa da avenida de Ceuta já está a funcionar, isto é, que o Tejo deixou de ser a latrina da cidade.

Muito bem! A iniciativa não foi do Costa, mas ainda bem que a obra já está pronta. Tenhamos a infundada esperança que desta vez funcione. Até pode ser que o Costa se lembre de drenar melhor a porcaria com que nos brinda (ver acima).

 

Debrucemo-nos ainda sobre mais uma notabilíssima iniciativa da nossa bem amada autarquia. O vereador da “mobilidade” anunciou mais uma formidável medida para nos privar da dita: os carros mais poluentes vão deixar de poder circular do Marquês para baixo! Esmiuçada a coisa, verifica-se que tal proibição vai incidir sobre as viaturas que não têm catalisador. Tratar-se-á de carritos com mais de vinte anos. Ainda bem. Assim, a nobre medida camarária só vai aplicar-se a meia dúzia de donas elviras.

Podemos continuar a circular.

A Câmara pode gabar-se na mesma.

Porreiro, pá.   

 

22.1.11

 

António Borges de Carvalho

ABALIZADA OPINIÃO

 

Um magote de protestantes reuniu ontem para invectivar o PM por causa dos salários e mais não sei de quê.

Todos sofremos com o PM que temos e com a situação que ele criou e anda, numa correria, a agravar. Só que a maior parte de nós não vai fazer borradas à porta do PM, quanto mais não seja porque já percebeu que não serve para nada.

A rapaziada e o mulherio de ontem, em manif. ao que parece ilegal, estava ali para provocar, como toda a gente viu. A polícia aturou-os como pôde, como toda a gente viu. Não houve bastonadas, nem canhões da água, nem blindados, só um pelotão de polícias a querer conter um bando de díscolos e de histéricas, gritões e violentos, como toda a gente viu. Dois tipos foram dentro. Toda a gente viu porquê. Um já esta cá fora. O outro será cobardemente absolvido num mar de protestos e queixinhas.

 

O camarada Alegre aproveitou para pôr os pontos nos is. Confessou nada ter visto nem ter recebido informação alguma sobre o assunto.

Depois, decretou: Não tenho informação mas critico na mesma. Lapidar opinião do patarata. Nada sabe, mas critica. Uma questão de princípio. Como o lobo para o cordeiro: se não foste tu, foi o teu pai. Ou como o capitão da polícia de Casablanca: prendam os suspeitos do costume. Ou como a PIDE, que fazia o mesmo. Ou ainda, mais simplesmente, como o célebre intelectual que afirmava, peremptoriamente: Chuva em Novembro, Natal em Dezembro.

 

Tudo malta fixe, gente culta, fuuuuuu…

 

19.1.11

 

António Borges de Carvalho

TERCEIRO MUNDO

 

Em tempos, o IRRITADO andou por São Tomé e outros territórios do estilo.

O trabalho da “cooperação internacional” era uma doidice. Por exemplo, se alguém estivesse interessado em pescas, encontrava estudos e relatórios elaborados pelo Banco Mundial, pelo Banco Africano para o Desenvolvimento, pela UE, por Cuba, pela URSS, pelo raio que os parta. Todos os estudos e relatórios tinham a notável característica de dizer mais ou menos a mesma coisa. E todos, sem excepção, eram cópia de estudos e relatórios elaborados durante a administração portuguesa.

Quem fala de pescas, pode falar de muitas outras coisas. Passava-se o mesmo em virtualmente todos os sectores.

Havia “financiamentos”. Por exemplo, havia um de dez milhões de dólares para a recuperação das estradas. Uns malucos portugueses ofereceram-se para cumprir o mesmo caderno de encargos por mais ou menos um milhão dos ditos dólares. Nem pensar. Como é evidente, porque era preciso que os nove milhões sobrantes fizessem a devida circulação… As estradas nunca foram recuperadas, mas correram umas massas em estudos e projectos…

 

Na nossa terra, país da Europa civilizada, membro da UE e da zona euro, estado de direito, democracia estabilizada, etc. e tal, é mais ou menos como em África. O alter-mundialismo e o terceiro-mundismo que tantos adeptos teve por cá, foi mais bem sucedido que se aplicado pelos seus defensores e teóricos.

Estudos e mais estudos, outsourcing e mais outsourcing para tudo e mais alguma coisa. Empresas públicas que, se se mexeram foi perder dinheiro, melhor sendo que nada fizessem. As quietinhas custam ordenados e mordomias, sendo fornecedoras líquidas de cargos públicos aos pontapés. Fundações, autoridades, altos comissariados, empresas municipais, organismos autónomos, o diabo a quatro  pelo país fora, sempre a crescer em número e em despesa. Enxames de empresas públicas encarregadas de pagar ordenados e perder milhões, quantas vezes com a suprema utilidade de comprar coisas ao Estado mediante financiamentos com aval do Estado, coisas que, na privada, se não são crime pouco falta.

Ninguém saberá dizer onde começa e onde acaba o Estado. Ninguém saberá dizer o que significa o orçamento do Estado, se é que significa alguma coisa para além de ruinosa aldrabice como base nos milhares de milhões de euros perdidos no mundo das entidades e empresas públicas e aldrabonamente desorçamentados. Ninguém sabe qual é a dívida pública. Ninguém sabe o que é a contabilidade nacional. Ninguém sabe o que é o défice. O governo começou funções a aldrabar o orçamento, tomou o gosto à aldrabice, e prepara-se para sair deixando-nos neste mar de enganos, arruinados os portugueses e cheios os que souberam servir-se do governamental repasto.

 

O Terceiro mundo é aqui. Não é preciso ir à Guiné ou ao Bangladeche para o encontrar. O mesmo desvario de gastos, a mesma pendurice no Estado, o mesmo Estado onde a lei é o despacho e a Lei não interessa a não ser para abrir excepções. Um Tribunal de contas que é uma espécie de avó sensata a pregar no deserto sem que nada a oiça. Um universo estatal que nada nem ninguém controla, nem o parlamento, nem o Presidente, nem os tribunais, muito menos o governo.

14.000 (catorze mil!) entidades, empresas, autoridades, fundações…, tudo à vara larga, por aí, inúteis, redundantes, excepcionais…

Quantos milhares de farnienti? Não se sabe. Para “justificar” este putrefacto universo chega a dizer-se que, se se acabasse com ele, o desemprego aumentaria à grande. Não é bem assim, sobretudo se se fizer contas às “comissões de serviço”, “destacamentos” e outras manigâncias da ordem.

 

O Passos Coelho deve estar louco. Ninguém no seu perfeito juízo quererá herdar o que Pinto de Sousa tem para deixar.

Passos que se prepare: tem que fazer uma “revolução”, e tem que, claramente, explicar aos portugueses que, sem essa revolução, não haverá futuro para eles, para seus filhos e netos e para a existência minimamente soberana deste “jardim à beira mar plantado”, ou deste vale de lágrimas e mentiras em que o jardim foi transformado pelo socialismo.

 

Ah! É verdade! Desculpem, não foi o socialismo, foi o “neo-liberalismo”! Não é? Hihi.

 

Cambada!   

 

19.1.11

 

António Borges de Carvalho

GENTE DO MELHOR

 

Aqui há dias, o virtuoso senhor Assange, amigo do Bloco de Esquerda e guru do prelado Loiçã, confessava que os suecos, com as suas acusações, o estavam a fazer perder nada menos de 480.000 euros… por dia! Ou seja, considerando um mês de 22 dias, o rapaz factura honradamente dez milhões e quinhentos e sessenta mil euros por mês.

Assim se vê a verdadeira natureza da coisa: um supermercado de informações roubadas, fundado e detido pelo respectivo receptador. Para quem julgava, como o Bloco de Esquerda, que o senhor Assange era um santo, a confissão do homem deve ser uma chatice. Ou não. O Bloco de Esquerda é contra todos os negócios e todos os negociantes mas, no caso do amigo Assange, deve abrir uma excepção. Para o Bloco, a roubalheira, se funcionar contra os americanos e contra a civilização em geral, em vez de crime é excelsa virtude.

 

Alegre-se o Loiça. O senhor Rudolf Elmer, a ser julgado na Suiça por vasta série de crimes, “ofereceu” ao camarada Assange o cadastro bancário de nada menos de 2.000 pessoas e entidades.

Tratando-se de mais uma machadada no capitalismo e na Liberdade, é de presumir que o prelado Loiçã organize um tedeum de acção de graças ao camarada Trotzky.

19.1.11

 

António Borges de Carvalho

ALEGRES BACORADAS

 

Tinha pensado não mais falar das presidenciais. Mas, ofendida pelo Alegre a mais elementar inteligência, não resisto.

 

Ribombou o fulano, a respeito do adversário, que se trata de um candidato neo-liberal.

Besteira, diriam os brasileiros. Bestialidade, dizemos nós. É preciso ser intelectualmente uma besta, um ignorante, um aldrabão, um demagogo, para dizer tal coisa. Cavaco não é, nunca foi, nem liberal (helas!), nem neo-liberal - o que quer que neo-liberal queira dizer.

Como é que um tipo que passa a sua troglodítica existência a queixar-se da PIDE - que chamava comunista a tudo o que não fosse pró II República -  aparece agora com os mesmos métodos, a chamar ao homem aquilo que nunca foi?

Não que “liberal”, ou “neo-liberal”, seja algum insulto. Bem pelo contrário, é ao liberalismo que se deve a Liberdade e a Democracia que o Alegre diz defender. Só que, em relação a Cavaco, é mentira. A alegre criatura, ou é completamente estúpida, ou sabe que é mentira. Tonitruante, afirma-a como se fosse a primeira das verdades.

Compagine-se a trampa referida com esta trovejante declaração: (esta eleição) é uma luta de vida ou de morte pela democracia, e imagine-se o que é que um tipo, com a postura pidesca que alardeia, pode ou quer fazer pela democracia, para além de a confundir com socialismo. Não é o que fazem os partidos comunistas?

Compagine-se estas trampas com as gongóricas declarações do candidato sobre o facto de não devermos considerar que a crítica é um insulto e que o impróprio é não esclarecer o que deve ser esclarecido. Então um fulano que adjectiva o adversário com o que sabe ser mentira, com o que o próprio deve considerar um insulto (se for coerente…), acha-se com altura moral para dizer este tipo de baboseiras?

       

E, no entanto, se calhar a criatura tem razão: as presidências serão um passo na defesa da democracia, ou seja, o mais importante, nelas, é mandar o Alegre pentear macacos.

 

18.1.11

 

António Borges de Carvalho

POVO IGNARO

 

A EDP mandou para os jornais um monumental relambório sobre os seus heróicos feitos. As energias renováveis, hídrica e eólica, são as jóias da coroa.

Muito bem. 

O problema é que, em duas páginas de alta e encomiástica filosofia, ficámos a saber o valor, presume-se que de venda, de cada uma das fontes de energia, mas não ficámos a saber quanto custou cada uma delas, quais os compromissos financeiros que trouxeram, em suma, qual a sua real produtividade. Quanto em subsídios do Estado? Quanto em subsídios da União? Quanto em pêpêpês? Quanto nos sai do bolso e quanta energia recebemos por cada euro que lá pusemos? Como se compara os custos de uma fonte e de outra? Quais os critérios com que são feitas as contas? Quando o break even dos moinhos? Como?

 

Se eu acreditar no que foi publicado, ficarei a saber, por exemplo, que a energia dos moinhos de vento representou, em 2010, 6,4% da factura energética ao consumidor.

Se quiser guiar-me pela factura da EDP, verificarei que a energia eólica fornece à rede 38,8% do que me chega a casa.

Problema insolúvel. Alguém está a enganar alguém. O segundo alguém sou eu.

 

Com enorme generosidade, a EDP fornece ao povo ignaro, num site dedicado ao assunto, as fontes de energia utilizadas, as emissões atmosféricas provocadas e os resíduos radioactivos produzidos. Quanto a custos/benefícios, zero. O povo ignaro terá direito a tudo menos a saber porque paga o que paga.

Sobretudo, o povo ignaro não tem o direito de saber o que lhe custam os moinhos de vento, ainda menos as centrais térmicas em stand by para os dias de calmaria.

Tem, em contrapartida, o direito de saber que paga uma “contribuição áudio-visual”, acrescida de IVA! E sabe também que paga IVA pela “potência contratada”, ainda que não saiba o que isso é, e pela “taxa de exploração”, que também não sabe o que é. Tem o direito a saber que, nestes como em muitos outros casos, paga impostos sobre impostos, isto é, que quanto mais pagar mais paga pelo que já pagou.

 

De resto, fica in albis.

Uns artistas, estes tipos da EDP e dos impostos!

 

17.1.11

 

António Borges de Carvalho

É SÓ CHATICES

 

O panorama informativo não podia ser mais chato, ou mais triste.

Tirando o Mourinho, é tudo patético ou sórdido, abusivo ou desinteressante.

 

O caso Castro/Seabra, repugnante historieta, há quinze dias não nos larga. Ele é a mãe de um, as irmãs do outro, os amigos do morto, os colegas do preso, a missa das balzaquianas na basílica da Estrela, a Xixinha, a Canecas, os elogios, os amores, as amizades proclamadas de lagriminha a não querer surgir e sorrisinho amarelo, falsamente contido para as TV’s. Ele é as revistas cor-de-rosa, melhor diria cor de caca, coisa que não leio mas de que vejo as capas no quiosque e no dentista, os pormenores, o saca-rolhas, o laptop, os testículos, o manicómio, o procurador, o advogado, as cinzas, sei lá.

Uma Chatice.

O Dr. Henrique Monteiro titulava no Sábado, a propósito das dívidas que o senhor Pinto de Sousa nos arranjou, que o problema, segundo o Wall Street Journal, era saber se se trata de “Um horror sem fim ou de um fim horroroso”. Aforismo que, mutatis mutandis, se aplica na perfeição ao caso do pederasta cronista cor-de-rosa, ou cor de caca. Teve um fim horroroso. O rapaz, pretendente ao mal cheiroso mundo da moda, vivia num horror sem fim: saiu dele da pior maneira.

Tão horrível como o que aos dois aconteceu é esta emoção social que, sedentos de tostões, os media criam, servidos por exércitos de “psicólogos”, de “famosos”, de intriguistas, trafulhas e oportunistas de todos os tamanhos e feitios. Não podia ser mais sórdido, ou mais nojento.

Uma chatice.

 

A seguir, vem a campanha eleitoral para a Presidência da República. Coisa que toda a gente já percebeu só interessar na medida em que há quem queira evitar o Alegre - as pessoas normais - e quem se empenhe em mandar o Cavaco para casa - certos esquerdistas mais ou menos obsoletos.

É sabido que isto de eleger o Presidente é uma maçadoria insuportável e serve para pouco. É sabido que o Presidente é uma excrescência do regime, cuja função é, ou mandar umas bocas ou (caso Sampaio) fazer asneiras.

A campanha é um reflexo desta triste realidade. Dois candidatos propriamente ditos mais um homem sério mas nefelibata mais três pataratas mais um palhaço. Todos debatem o indebatível: os poderes que (não) vão ter, as decisões que (não) vão tomar, sendo de acrescentar, em quatro deles, a perseguição sem quartel do mais cotado e, no caso do Gomes, ou Lopes(?), as “soluções” estalinistas que tão brilhantes resultados deram por esse mundo fora.

Horas e horas disto.

Uma chatice.

 

Há também, ainda que algo prejudicada pelos casos acima referidos, a piscina informativa do défice, da dívida, da mão estendida, do FMI. O PM a dizer que não pediu esmola ao Catar, o MNE a dizer o contrário, o MF a arrancar elogios ao seu servo do “Expresso”, um tal Santos.

Já toda a gente percebeu. Há para aí um ano que não há quem não se pronuncie, as pessoas de uma maneira, os partidos comunistas de outra e o governo de maneira nenhuma, como é seu hábito. Toda a gente já percebeu que, com esta gente, não vamos longe. O FMI, que já por aí andou duas vezes sem fazer propriamente mal a ninguém, antes pelo contrário, passou a bombo da festa, bode expiatório e perigoso mafarrico, até na boca daqueles que o mandaram vir, como o Dr. Soares.

O diagnóstico está feito, o governo não quer que esteja, tem um cancro e acha que está só constipado.

Jornais e jornais, noites e noites disto.

Uma chatice.     

 

A fechar, as cheias do Brasil. Coisa séria, coisa desgraçada para os brasileiros e para quem sente por eles. Tiremos o chapéu.

Para os media trata-se de explorar à exaustão o corpo que é levado centenas de vezes pela enxurrada, os desalojados, os afogados, os socorristas, a dona Gilma "presidenta" e, q.e.d., "ignoranta", o número de mortos a crescer, a prima do cunhado do morto, a polícia, a lama, tudo em catadupas, horas e horas. Uma desgraça tratada como se fosse a palhaçada dos óscares ou a volta a Portugal em bicicleta.

Uma coisa séria transformada em patética chatice.

 

17.1.11

 

António Borges de Carvalho

AOS SENHORES MAGISTRADOS

Na sua cruzada a favor dos sindicatos de magistrados, apraz ao IRRITADO informar os ditos que os seus colegas da Guiné-Bissau vão fazer três dias de greve.

Assim se verifica que, em países altamente civilizados e progressistas, também os senhores magistrados usam os seus inalienáveis direitos para defender as suas causas.

Sem dúvida um exemplo a seguir no nosso país, a fim de que não fiquemos atrás daquele exemplar paraíso africano.

 

13.1.11

 

António Borges de Carvalho

EMISSÕES GASOSAS

 

É preciso que se saiba que uma vaca de 600 quilos produz por ano mais gazes com efeito de estufa que um carro de tamanho médio em 15.000 quilómetros.

Michel Rollier

 

Posto perante esta declaração, o IRRITADO consultou algumas sumidades em matéria de emissão de gazes de origem vacum. Os mesmos foram unânimes em considerar que as palavras do gestor francês não devem andar longe da verdade, ainda que não seja possível confirmar a sua exactidão,

Devem os nossos governantes estar conscientes da verdade em causa. Assim sendo, é de recomendar que se mande matar todas as vacas do país, a fim de, como no caso dos moinhos de vento, podermos dar ao mundo um exemplo de preocupação com os tais gazes e com as alterações climáticas, vulgo aquecimento global, vulgo efeito de estufa.  

Recomenda o IRRITADO, além disso, que sejam duramente punidos ou aniquilados todos os seres que respiram, reservando-se a prisão perpétua para os humanos que se peidam.

Nesta ordem de ideias, o nosso governo, para além de se poder justamente gloriar de ter transformado a Pátria numa floresta de ruinosos moinhos, também poderá dizer que, tendo acabado com a nossa “raça”, muito contribuiu para que o planeta fique de melhor saúde. Ainda que o planeta, um imoralão, não ligue pevas à suas magníficas decisões, ainda menos aos ditos gazes.

 

13.1.11

 

António Borges de Carvalho

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