O SOCIALISMO É A FILOSOFIA DO FRACASSO, A CRENÇA NA IGNORÂNCIA, A PREGAÇÃO DA INVEJA. SEU DEFEITO INERENTE É A DISTRIBUIÇÃO IGUALITÁRIA DA MISÉRIA.
Winston Churchill
O SOCIALISMO É A FILOSOFIA DO FRACASSO, A CRENÇA NA IGNORÂNCIA, A PREGAÇÃO DA INVEJA. SEU DEFEITO INERENTE É A DISTRIBUIÇÃO IGUALITÁRIA DA MISÉRIA.
Winston Churchill
Não te preocupes com o FMI. O que for se verá. Não vale a pena fazer sugestões nem andar com bocas sobre o que o acordo deve, ou devia ser. Assina-o e acabou-se. Será o que for. Será mau, péssimo, uma vez que é “negociado” por esta gente e esta gente é estúpida, incompetente e aldrabona. Não vale a pena fazer ondas.
Se fores eleito (isso é que é importante!) ficarás, gostes ou não, com o acordo nos braços, qual cereja no bolo do Pinto de Sousa, a coroar a sua hedionda obra.
Daqui às eleições, preciso é afirmares os métodos e objectivos políticos a aplicar no futuro, bem como as tuas decisões estratégicas, a tua equipa (com o Relvas caladinho!), as reformas imediatas e as que se seguirão.
Nem mais uma palavra de resposta ao bando. Deixa o bando a falar sozinho. O bando não merece o pingue-pongue. Merece ser corrido, e pronto.
Ao ouvir, ontem, as desastradas declarações do teu adjunto senhor Relvas (Miguel), veio demasiado ao de cima do espírito do IRRITADO a irritação que tal senhor lhe vem de há muito provocando e que o IRRITADO, por motivos patrióticos, tem calado.
Assim, aqui vai mais um conselho: se és nosso amigo, e dele, manda-o vestir o casaco de secretário-geral e deixar-se de parlapaté político. Ele é capaz de ser bom a organizar a máquina, como é, ou devia ser, a sua função. Mas é um desastre para a Nação que apareça quase como o único porta-voz do PSD, a dizer asneiras em tudo o que é sítio e a inculcar na cabeça das pessoas que aquilo é a tua equipa. Manda-o dar umas voltas pelas secções, mobilizar a malta, tratar das finanças, comprar umas resmas de papel A4...
Lembra-lhe, por exemplo, o trabalho discreto e eficaz do Capucho quando era secretário-geral. O Capucho, embora tenha cabeça e bom senso q.b., soube assumir-se como o que era, quando o era, e guardou a presença política para mais tarde.
Diversifica, meu caro. Faz aparecer gente, que por certo a terás, antes que a malta se convença que a não tens. Enfim, gente com um bocadinho mais de “inteligência específica”.
És a única esperança que nos resta. Só tu poderás acabar, não digo com a miséria e a vergonha em que nos meteram mas, para já, com os seus autores.
Sabes que não é possível país nenhum mais avançado que a Líbia, a Venezuela ou o Burkina Fasso, ser governado pela gente que nos vem, há tantos anos, enganando e arruinando. Apesar disso, somos.
É certo que, no que respeita à economia e às finanças, pouco poderás fazer por nós no curto ou no médio prazo.
Mas podes mostrar à Nação a diferença entre a honradez e a falta dela, entre a responsabilidade e a trafulhice, entre a competência e a incompetência, entre a verdade e a mentira. É esta a revolução de que precisamos ou, se quiseres, a mais fundamental e importante das mudanças imediatamente necessárias.
Depois, terás que abrir caminho para uma sociedade em que se recupere o valor da palavra, em que as pessoas tenham e aceitem livremente as suas responsabilidades em que deixem de ser meras máquinas de reclamação de direitos que só o são na cabeça de quem tem do Estado a ideia de um puro provedor de necessidades, mordomias ou subsídios, coisas devidas porque são devidas, não porque se mereçam.
Deixa que te dê alguns conselhos, feitos, se não de sabedoria, pelo menos de experiência.
Não respondas mais aos canalhas que passam a vida a insultar-te, por mais nada ter a dizer ou de mais nada ser capazes. Diz-lhes, e a todos nós, que a palavras loucas orelhas moucas. Não lhes dês mais conversa. Marimba neles.
Batalha para arranjar uma boa equipa. Gente da tua geração. Gente descomprometida e sabedora. Apresenta-nos, quanto antes, a tua gente, o teu Governo. Abana o brio dos competentes acomodados, para que assumam o serviço público de que precisamos.
Declara o fim dos cargos públicos de nomeação partidária. Anuncia que todos os titulares de cargos de chefia serão substituídos por concurso público. Anuncia a criação de uma Administração Pública profissionalizada e com base no mérito. Anuncia que não tolerarás mais corporativismos de espécie nenhuma, venham eles dos juízes, dos procuradores, dos professores ou das peixeiras.
Apresenta, quanto antes, o teu programa. Se esta gente continua a ter razão quando diz que o não tens, a mentira acaba por se instalar!
Como há matérias em que pouco podes fazer - a ditadura do FMI é inevitável - não vale a pena esbracejar. Deixa o esbracejar por conta deles.
Aproveita a oportunidade para dar prioridade a uma grande volta nos vícios e maus costumes por toda a parte instalados.
O teu programa tem que ser este: boa gente, competente e sem rabos de palha. Muita coragem: não temas que te chamem “liberal”, como se fosse um insulto. Explica que nunca houve democracia sem liberalismo, explica que a democracia, a única que existe, se chama democracia liberal.
Acaba, de uma vez por todas, de falar ou deixar falar em consensos, coligações e cenários, ante ou pós eleitorais. O teu programa é a tua vitória, sem coligações, sem consensos, sem compromissos outros que não sejam os da honradez e da verdade.
Dir-se-á que a verdade de nada valeu à tua antecessora. Mas quem ainda acreditar que somos capazes de alterar o rumo de catástrofe em que seguimos, não deixará, desta, de votar na verdade. Deves jogar nisso, em vez de nos panos quentes de que tantos à tua volta fazem bandeira.
Aí tens. É simples. Eu sei que o que é simples muitas vezes é o mais difícil. Mas vale a pena.
Acho muito estranho que ainda não tenha - que eu saiba - havido um único comentador, jornalista, político, etc., a reparar que, no comício, dito congresso, do partido socialista, não tenha havido nem mãozinhas fechadas, à moderna, com rosas de (mau) design, nem à antiga, com o velho punho ameaçador, nem bandeiras vermelhas, sequer cor de rosa. Nada.
Nas patas dos carneiros tremulavam bandeiras da república! Sim, meus amigos, só bandeiras da república!
Desde os já remotos tempos do Doutor Oliveira Salazar não havia manifestações, comícios, congressos, o que lhes queiram chamar, convocados por partidos, onde só se usasse a bandeira da república.
A mensagem, subliminar mas evidente, é a seguinte: nós, PS, somos a república! Como a União Nacional era a Nação. Tal e qual, sem tirar nem pôr.
O socialismo, fascista, nazi, corporativista, bolchevista etc., sempre quis, e às vezes conseguiu, confundir o partido com a Nação. No caso em apreço, confundir o PS com a república.
Têm o poder, têm o chefe, tem a multidão arregimentada e, com a prestimosa ainda que estúpida, ou paga, mas sempre entediante colaboração da “comunicação social”, tentam enfiar nas meninges das pessoas que são únicos, que ou eles ou o dilúvio, que têm tais e tantas virtudes - o pecado e o erro são-lhes alheios - que só eles podem representar a Nação e fazer dela o que entendam. Como sempre, o problema é que (ainda) há muitas cabeças onde esta “patriótica” mensagem faz caminho, mercê da ululante gritaria das “massas”.
O IRRITADO já por várias vezes se tem feito eco da opinião, sua e de muita gente, que postula ser o senhor Pinto de Sousa um tiranete “democrático”, só não o sendo au complet porque o ambiente internacional não está para essas aventuras.
Mas a mentalidade - a insistência em se considerar um santo rodeado de horríveis pecadores, a não assumpção seja de que erro ou falhanço for - é própria dos ditadores, gente com quem, aliás, o senhor Pinto de Sousa se dá como Deus com os anjos.
A diferença substancial entre o tiranete da parvónia e Salazar, não é a pulsão autoritária ou a propriedade exclusiva da razão.
Salazar era, à sua maneira, competente. Sabia o que fazia, ainda que por meios de legitimidade mais que duvidosa. Ao contrário, o senhor Pinto de Sousa é ignorante, incompetente e irresponsável. Tem legitimidade, ainda que mitigada, mas, coitado, não tem ambiente que lhe propicie a criação do poder total ou de uma PIDE qualquer. Senão…
Algo me diz que as bandeiras da república continuarão, não a ser respeitadas como é de obrigação, mas a ser usadas partidariamente, em exclusivo, durante a campanha de enganos, trafulhices e acusações bandalhas que aí vem.
Algo me diz também que os comentadores, os jornalistas, os intelectuais e os políticos da nossa pobre praça continuarão a não dar por nada.
Um vasto leque, panóplia, grupo, ou o que lhe queiram chamar, de “altas personalidades” da pobre vida de Portugal (47 ao todo), publicou um manifesto que, sob a capa de uma espécie de apelo patriótico, a outra coisa se não destina que a defender o futuro político do senhor pinto de sousa.
Senão, vejamos:
Tais altas figuras vêm apelar ao consenso, ao governo maioritário, etc.
Nem uma só das criaturas em causa desconhece que ninguém de honra e convicção deste país, nenhum chefe de partido, ninguém que se preze, aceita ou aceitará entrar para um governo onde prepondere como primeiro-ministro, secretário de Estado, motorista, o que seja, o senhor pinto de sousa. Ninguém se sujeitará a ser enganado, insultado ou obrigado a ter a criatura a seu lado ou perto de si, seja para o que for.
Seguindo os conselhos deste escol, a trupe dos parvos e dos pagos atrairá votos, mediante um raciocínio que, sendo estúpido, é próprio de muita gente nesta terra de serviçais e de papalvos.
As personalidades subscritoras podem, por outro lado, ter em mente a hipótese de Passos Coelho ganhar, mas sem maioria absoluta, ou de, desgraça das desgraças, não fazer com o CDS a tal maioria. Sabem que, por aí, jamais haverá aliança alguma com pinto de Sousa. A aliança que fica de pé será, por isso, pinto de Sousa+Louça, com apoio parlamentar do PC, ou coisa do género.
Tais personalidades, se quisessem servir a Nação, e fazê-lo pleiteando a favor do chamado “consenso”, só poderiam fazer uma coisa: pedir ao PS que retirasse de cena a causa primeira não só dos nossos males como da própria impossibilidade de “consenso”.
Algumas delas merecem uma referência:
- O Dr. Mário Soares, um dos mais ferozes inimigos do FMI e novel apoiante do mesmo. Não se sabe qual a coerência do ancião;
- O Dr. Sampaio, pai da presente desgraça, ainda por cima via indecente golpe de Estado, se tivesse um mínimo de vergonha, estaria quieto e calado;
- O Professor Antunes, conhecido salta-pocinhas político - tão depressa aparece no galarim do sampaismo como no do cavaquismo - melhor faria se se dedicasse à profissão, onde é considerado como bom, ainda que pedante;
- O mano, emérito escritor, devia meter-se em casa - do que tanto se gaba - em vez de se meter em confusões;
- O engenheiro Belmiro, depois das inúmeras declarações de independência em que as pessoas estão habituadas a acreditar, veio dar um tiro no pé, sendo melhor não elaborar sobre os porquês;
- O arquitecto Siza Vieira, comunista convicto, ou não é coerente ou só se percebe se achar que o Jerónimo vai apanhar o comboio;
- O bispo do Porto, intelectual respeitável, devia ir dizer missas em vez de andar a apoiar tipos que querem dar cabo das escolas católicas e da solidariedade ecuménica;
- O Professor António Barreto não se percebe;
- Explica-se a presença de uma série de figuras desconhecidas ou menores pela irresistível vontadinha de aparecer nos jornais em tão solene companhia;
- De outros, para quê falar?
Em resumo, se tão brilhante elite quisesse, mas quisesse mesmo, iluminar um pouco o bestunto dos eleitores, devia defender a formação de uma maioria coerente, que significasse verdadeira mudança de política e de costumes políticos, claramente inculcando que pinto de sousa nunca mais: votem à esquerda ou à direita, mas nunca neste fulano ou no partido socialista que lhe lambe as botas.
Esta sim, seria uma mensagem patriótica, democrática e apartidária.
- Que é que eu tenho com isso? O quarto está vago!
- É que o senhor engenheiro pode aparecer de um momento para o outro.
Passei a noite na albergaria de Viana do Castelo a remoer o meu ódio ao senhor engenheiro que, pelos vistos, era mais que os outros.
No dia seguinte, não resisti e perguntei quem era o tal fulano.
- É o senhor engenheiro Duarte Silva, dos estaleiros navais.
O Toni!, pensei. Grande sacana!
Logo que o encontrei, contei-lhe a história, que muitas vezes nos fez rir, e a outros connosco.
Faltei hoje, sem perdão, à missa do sétimo dia. O Toni morreu, assim, sem mais nem menos, de repente. Tinha a minha idade.
Ver partir um amigo é sempre de uma tristeza sem nome. O Toni era doce, bem disposto, tinha ideias frescas, sérias, até originais. Era difícil estar aborrecido ao pé dele.
Foi coisas grandes nesta vida, gestor de nome, ministro, autarca. Nada disto o encheu de vento ou de dinheiro. Coisa rara no nosso tempo.
(Extracto imaginário de uma sessão de propaganda do camarada Pinto da Costa, ontem parafraseado pelo senhor pinto de sousa no circo (congresso!) do PS.)
A sessão inaugural do chamado congresso do partido socialista foi encerrada com um discurso mais ou menos histérico do senhor pinto da costa, perdão, de sousa, - não merece maiúsculas - perante uma carneirada que se justificaria nas claques da bola, não na política.
Um discurso delirante, a lembrar o célebre ataque de loucura do camarada Vasco Gonçalves em Almada. Só lhe faltou atirar cravos ao povo. Lá chegaremos.
O homem virou do avesso os seus malefícios, pôs no altar tudo o que fez para arruinar a Nação, esqueceu-se dos falhanços, das promessas de manhã negadas depois do almoço, renegadas ao lanche, retomadas ao jantar, até que outra opinião lhe desse na cabecita aldrabona e maquiavélica à moda da Beira, como os cogumelos com veneno.
Faltou a charanga, é verdade.
Mas sobejaram os aparatchiques, os boys, os dependentes, a turba multa dos ai-que-sim, os servos, os ceguetas, os capachos, os beleguins, os sátrapas, os cobradores, os recebedores, os bufos, os bobos, os sequazes, os sectários, os partidários, os satélites, os lacaios, os lacões, os assises, os costas, os silvas com santos e com pereiras, os almeidas, todas as alas de todas as mesnadas, os mercenários, os ordinários, um oceano de arregimentados, de papagaios, de pinóquios.
Só um se revoltou, só um disse a verdade: Henrique Neto, qual menino da história do rei que vai nu. Honra lhe seja. Proveito, duvido. Coitado dele, mal sabe o que o espera.
Os canais do Dr. Balsemão não foram de modas. Meia hora de discurso na SIC propriamente dita, mais não sei quanto de locutora, mais não sei quanto de comentários. Uma hora, ou coisa que o valha, de discurso, mais não sei quantas de comentários na SIC Notícias. O director da coisa, diáfano e untuoso, rebolava-se de contente. Já se sabia que o tipo fazia, evidentemente, parte da trupe, só não se sabia que, enquanto “jornalista”, conseguia ir tão longe.
Mais tarde o director do “Jornal de Negócios”, na SIC Notícias, parecia o director dos negócios do senhor pinto de sousa. Um nunca acabar de loas disfarçadas de “opinião”.
É nisto que vamos viver mais de dois meses, depois de seis anos e tal a aturar a ignorância balofa e palavrosa do senhor pinto de sousa.
Pode ser que a verdade e a seriedade, desta vez, ganhem.
Algo me diz, porém, que há por aí, para além dos pagos, parvos que cheguem para gostar que os metam, ainda mais, no buraco sem fundo do socialismo.
Um tipo qualquer, ao que parece secretário de Estado do governo que (não) temos, veio clamar nos jornais que já poupou 10.000.000 de euros só com reformas na administração pública.
Ou está a mentir, seguindo o exemplo do chefe, ou não há problema nenhum. Trata-se da mesma quantia que se anda para aí a dizer será necessária em Maio. Só que está dentro da cabecinha tonta do rapaz. Talvez uma machadada no toutiço ajudasse a tirá-la cá para fora.
Apesar de vivermos num país de tarados, ele há coisas que ainda nos põem os cabelos em pé.
Durante uma das habituais greves dos coitadinhos da TAP, desta feita dos planeadores de operações de voo, a companhia, para evitar conflitos entre os grevistas e os “amarelos” e, simultaneamente, para dar algum seguimento a um trabalho que, se não fosse executado, prejudicaria não só a TAP mas muito mais gente, transferiu os segundos, que concordaram, para o hotel Radisson, a dois passos do aeroporto.
Até aqui tudo parece normal. O pior é que o sindicato resolveu queixar-se. Porquê? Porque o local de trabalho foi mudado e porque os trabalhadores tinham trabalhado mais horas que as que estão no contrato.
A queixa foi apresentada à ACT (Autoridade para as condições de Trabalho, mais uma!). Outra distinta entidade, de seu nome INAC (Instituto Nacional da Aviação Civil, mais um!) tem “uma investigação a decorrer”. Uma denúncia foi também apresentada pelo PC, estando o Ministério dos Transportes intimado a esclarecer o caso.
É evidente que esta gente diz que os trabalhadores (dois) aderiram à tal greve. Isto, como é óbvio, para convencer as pessoas que os ditos foram transferidos num carro celular, obviamente depois de levar um enxerto cada, e obrigados a trabalhar por dois gorilas especialmente contratados para o efeito e munidos de chicotes e soqueiras.
O pior é que os tais trabalhadores já declararam que ninguém os obrigou e que se refugiaram de livre e soberana vontade no hotel.
Alegam os contestatários que os dois heróis (ou bandidos, consoante a apreciação de cada um) desempenharam as tarefas normalmente atribuídas a 30 mânfios, dos quais, pelos vistos, 28 estavam em greve.
Conclusões:
a) Se dois trabalhadores, ainda que com esforço acrescido e horas a mais, fazem o trabalho de 30, então a maioria dos 30 mânfios está lá a mais, devendo ser dispensada o mais depressa possível, a fim de lhes dar a possibilidade de ir fazer greves para outro lado;
b) Neste país de tarados, em que, mercê da inteligência governativa do senhor Pinto de Sousa & Cª, há gente a alimentar-se dos restos dos restaurantes, uns fulanos bem pagos decidem, por dá cá aquela palha ou aquela regalia, pôr-se em greve e exigir que o patrão deixe, por causa disso, de prestar os serviços que deve, e pode, prestar à comunidade;
c) Um caso de lana-caprina como este põe em acção pelo menos uma “autoridade”, um “instituto”, um ministério, tudo gente a quem temos que pagar ordenados e não só, e que seria legítimo supor que prestam algum serviço em vez de andar a entreter-se com leninismos de porcaria;
d) O PC e o sindicatos seus filhos não existem para defender seja que direito for, muito menos o direito a não fazer greve, ou seja, a desobedecer às ordens do PC e dos sindicatos seus filhos.
Em cenário de grande standing, o “serviço” público de televisão entrevistou sua excelência o primeiro-ministro. Umas seis câmaras foram postas à disposição. Havia-as até no jardim, a apanhar a doce figura do chefe através dos vidros, diáfano e só: o poder! O salão rebrilhava de luzes, de quadros, de cadeirões, de ricos tapetes, de raras tapeçarias. O esplendor do Estado, da riqueza, a imponência de quem manda, de quem sabe, de quem é “pai”.
Um luxo indescritível e obsceno.
Comediante? Farsante? Aldrabão de feira? Vigarista? Qual será, afinal, a verdadeira profissão do senhor Pinto de Sousa?
Venha o diabo e escolha.
Comício? Sessão de propaganda socialista? Venda de banha de cobra? O que foi aquilo?
Venha o diabo e escolha.
Durante intermináveis três quartos de hora de chata lengalenga, o homem presenteou-nos com algo só comparável à célebre história do Bocage, quando desculpou a descuidada senhora que a seu lado se sentava: o traque que esta senhora deu, não foi ela, fui eu. O farsante inverteu o argumento, coisa em que é mestre: o mal que eu fiz, não fui eu, foi o Passos Coelho.
Passos Coelho foi o bombo da farsa: cínico, impreparado (vocábulo inexistente nos dicionários, mas que faz jeito), salta-pocinhas, oportunista, um interminável chorrilho de insultos.
Depois, com a mesma inocente tromba, o aldrabão sublinha: eu nunca disse mal dos líderes da concorrência, eles é que, malandros, se atrevem a dizer mal de mim! A verdade de pernas para o ar: há para aí um mês que o vigarista e seus sequazes não fazem outra coisa que não seja bolsar insultos sobre o adversário! Este, por virtude ou por desgraça, não lhes paga na mesma moeda. O que faz é o que todos fazem, o que concluiu foi o que não há quem não tenha concluído: com Pinto de Sousa, não!
O que se disse de mal do vigarista, enquanto pessoa, foi sempre motivado pelas suas próprias acções, que tudo fez para esconder, desculpar, cobrir com o pesado manto da mentira. Passos Coelho, bem ou mal, nunca a tal se referiu.
O farsante não desarma: ele que, coitadinho, nunca insultou ninguém, foi sempre a favor dos acordos, da cooperação, da negociação, do compromisso. Afirma-se fervoroso adepto de tudo o que sempre negou. Quer o poder todo, mas diz que o quer partilhar.
A festa teve mais bombos.
O FMI, por exemplo. Apesar de o próprio Soares já ter vindo declarar que tal organização, de que somos sócios contribuintes, já nos tirou da lama duas ou três vezes, o FMI é o inferno!
Aqui, a boca do aldrabão fugiu para a verdade: disse ele que o FMI impõe regras, e que temos que as cumprir! O problema é que não cumprir regras é a regra do vilão, nem que as regras sejam dele mesmo: foi assim que não cumpriu o orçamento, nem o PEC 1, nem o PEC 2, nem o PEC 3 e, como é evidente, também não cumpriria o PEC 4. Cada PEC foi vendido pelo farsante como a salvação final. O PEC 4 também. Mas a abjecta criatura, como sabe que não o cumpriria, criou as condições para que a culpa de ter que cumprir regras seja assacada aos outros, ou ao outro. Que crime, este de cumprir regras!
A criatura quer, ou queria, “medidas criativas”. Mas exime-se a dizer quais. É que, diz ele, "não as pode revelar". Os outros, esses, malandros, canalhas, deviam ter já dito, em detalhe, que medidas querem tomar. Ele, porém, está no pleno direito de não revelar as suas.
A criatura é grande! Está a “salvar a Europa”! Sim, meus senhores, a salvar a Europa! A Europa espera ansiosamente que o senhor Pinto de Sousa a salve! Isto é que é grandeza, lucidez, sentido de Estado.
Uma inominável vergonha.
Quem não está com ele, não está de boa-fé. Só ele, o grande engenheiro dos projectos marados, o grande estudante de inglês técnico, o legal promotor do Freeport, o homem da Cova da Beira e de tantos outros notáveis feitos, é o único, em Portugal - se calhar também na Europa - que está de boa-fé!
Uma inominável falta de vergonha.
Tudo o que é mentira lhe serve. A Irlanda, por exemplo, teve que baixar o salário mínimo por causa do FMI. Falta dizer que o salário mínimo na Irlanda é, ou era, de quase mil e quinhentos euros. Nós não queremos o FMI, como a Grécia, a cobrar 4,5% de juros, queremos os mercados, que cobram mais de 9%.
Uma brutal quão aldrabona estupidez.
O défice aumentou de 6,8 para 8,6? Com certeza. Foram os malandros do Eurostat que a tal obrigaram: alteraram as regras em Julho e, pobre dele, viu-se obrigado a aplicá-las… oito meses depois!
Aqui, o argumento também é verdadeiro: é que o “objectivo” do governo é “tirar as empresas de transportes do “perímetro orçamental”. Quer dizer, quando tudo, para além das estradas, das empresas de transportes, das empresas públicas, etc., estiver fora do “perímetro orçamental”… deixa de haver défice!
A genialidade desta trafulhice, assumida como “objectivo” ultrapassa o que se poderia esperar, mesmo de um tipo do calibre deste palhaço!
Outro grande “objectivo nacional” é o CAV (TGV no galicismo oficial). O CAV, poço de virtudes, condição de progresso, não pode deixar de ser construído!
O que o farsante quer dizer, mas não diz porque é aldrabão, é que não tem dinheiro para pagar as indemnizações àqueles com quem o governo já assinou contratos burros para o efeito. Uma das muitas e pesadíssimas heranças que vamos receber do socretinismo. O dobro das dívidas, o triplo dos juros, a nula confiança no futuro, são só pequeninos itens do inventário.
Mas, apesar de tudo, podemos ficar descansados. O truão vai dialogar com todos, “fará o seu melhor”, que é um zero e uma aldrabice, para “negociar” um governo com os demais, se não tiver maioria absoluta. E que fique claro: não participará no governo se Passos Coelho estiver nessa situação. Uma coisa e o seu contrário na mesma frase!
E mais, muito mais guinchou o comediante.
Quem não percebeu que, se quiser ter uma, mesmo que tremeluzente, luzinha ao fundo do túnel, tem que contribuir para a maioria absoluta de Passos Coelho, mesmo sendo habitual votante socialista ou outra coisa qualquer, não percebeu nada do que se está a passar.
Um britânico qualquer, rapaz esperto, sugeriu que, para resolver o problema da falta de dinheiro, o Brasil tomasse conta disto.
Falam a mesma língua, dão-se bem, o Brasil é uma grande potência, Portugal não é viável sozinho, a Europa, enquanto espaço comum, deixou de existir ao primeiro abanão, tudo aponta para uma solução mais imaginativa do problema português, dizia, mais ou menos assim, o nosso bife.
Uma data de portugueses, malta patriótica, desatou a protestar, chamando-lhe uma série de nomes.
E, no entanto… a ideia não tem nada de estúpido. O Brasil, como a Madeira e os Açores, não é território povoado que Portugal tenha ocupado. Não tinha presença humana, à excepção de algumas tribos índias que ainda hoje se escondem nos confins do Brasil ou que, melhor ou pior, são absorvidas.
O Brasil foi povoado por portugueses, por africanos para lá levados pelos portugueses no tempo do comércio de escravos, foi desbravado por portugueses e transformado por portugueses, à custa de muito suor e muitas vidas, no maior território da América do Sul. Os portugueses da Europa - o seu Rei! - outorgaram a independência aos portugueses do Brasil e enquadraram-lhes os primeiros passos de grande Nação americana. Os brasileiros, neste sentido, são portugueses. O Brasil tem boas relações com Portugal, políticas, económicas, sociais, culturais e humanas.
No momento que passa, em que a Europa, simplesmente, deixou de funcionar, talvez não fosse estúpido que Portugal se repensasse como Nação marítima, transformando de novo o Atlântico em traço de união da civilização luso-tropical de que falava Gilberto Freire. Não foi só há 50 anos que Portugal assumiu uma posição continental, pela primeira vez depois da Idade Média?
Daí que a ideia de uma Federação Luso-Brasileira não seja nem utópica nem pouco inteligente.
Dir-se-á que o que move quem defende esta hipótese não é mais que a procura de novas especiarias, de outro ouro, por outras palavras, de resolver, à custa de terceiros, os problemas que os desvarios da terceira República causaram.
Há que ir um pouco além da circunstância e tentar pensar em termos de futuro. De sonho, se quiserem. Não foi o sonho que fez de Portugal alguma coisa?
Portugal não representaria, para o Brasil, um mero encargo financeiro. O apport português seria muito mais valioso que tais custos. Seria a porta da Europa, pelo menos marítima se tivéssemos que sair da União. Seria a maior zona marítima da Europa somada a uma das maiores das Américas à disposição da federação, seria um imenso ganho cultural e social para os dois países. Seria a entrada do Brasil num concerto muito mais vasto que o de que hoje dispõe.
Por isso que a ideia do inglês, posta de outra maneira, nada tenha de despiciendo. Merece ser discutida e disseminada.
O Estado pagou cerca de 20.000 abortos em 2010, dos quais 97% por opção da grávida. 350 grávidas abortaram mais do que uma vez no ano. O Estado pagou, para além dos custos hospitalares, um subsídio de maternidade (?!) de umas centenas de euros por cada aborto.
Argumenta-se dizendo que, não fora a generosidade pública, estes 20.000 bebés teriam morrido na mesma e teriam, canalhas, posto em causa a vida das respectivas mamãs, via abortadeiras clandestinas. Talvez.
Num país que perde população a cada dia que passa, incentivar o aborto é uma obscenidade criminosa. Ocorre ainda perguntar quantos milhões custam as inúmeras instituições que se dedicam à nobre tarefa de ensinar “planeamento familiar” – um eufemismo de todo o tamanho - e a promover os negócios das empresas que produzem gigantescas panóplias de meios de combate à natalidade, transformando a hitleriana regra da “solução final” – o aborto, a morte – em objectivo da sociedade e ponto alto do exercício dos “direitos humanos”.
Não é preciso recorrer a preceitos ou conceitos de ordem religiosa para perceber que estamos perante um autêntico crime contra a humanidade, promovido pelo Estado e aceite por uma população que têm sido amputada, via “educação” pública, de capacidade de raciocínio e de julgamento.
Uma excepção:
Se o Presidente da República tivesse abortado o governo do senhor Pinto de Sousa quando podia e devia, o IRRITADO não teria dúvidas em pagar-lhe o subsídio de maternidade.
Teria sido, com todo o rigor, uma atitude conforme aos direitos humanos, além da consagração de um outro, que não vem nas declarações universais: o direito de uma Nação a não ser sistematicamente sodomizada pelo respectivo governo.
É recorrente o recurso à greve pela malta dos transportes. Trata-se de uns senhores “devidamente” empregados, isto é, sem nenhuma espécie de “precariedade”.
Os mais críticos alegam que estas greves são injustas e, objectivamente, constituem um feroz atentado aos legítimos interesses e direitos da sociedade civil no seu todo. Igualmente dizem que os grevistas andam, objectivamente, a fazer troça dos desempregados e dos que “sofrem” com a “precariedade”. Têm razão.
Os mais “compreensivos” tendem a achar que os grevistas, coitados, são pagos miseravelmente e têm, por isso, todo o direito a protestar via greves quase diárias.
A ilustrar o que se passa, porém, foi publicada uma resenha da “miséria” em que vivem os grevistas e da “legitimidade” do que andam a fazer.
Os maquinistas do Metropolitano de Lisboa, por exemplo, ganham a módica quantia de 2.850 euros por mês, 14 meses por ano. Há-os também que recebem 3.570, nas mesmas condições. Há pelos menos um que ganhou, em 2010, 4.600 euros/mês x 14. Note-se que, para este artista, com certeza especialista em greves, de um total de 64.000 euros num ano, 11.000 eram relativos ao subsídio de agente único(?) e 5.600 de subsídio de antiguidade. O Metro paga 25 diferentes espécies de subsídios aos seus trabalhadores, somando 3.300.000 euros por ano (antiguidade) e 1.100.000 euros (agente único). Há, ainda os “maquinistas de manobras”, os quais, dada a altíssima tecnologia de que são exímios agentes, recebem uns tostões a mais, cifrados em 6.300.000 euros por ano.
A rapaziada da CP, por seu lado, é contemplada com complementos de ordenado de 195 espécies, sendo estas justas prebendas mais de metade dos custos com pessoal da nossa querida CP. Por miúdos, teremos que a CP gastou em 2010 uns 4.000.000 de euros em subsídios “de condução”, 2.400.000 em “prémios de produtividade”, 3.000.000 em “prémios de chefia” e 3.300.000 em diuturnidades.*
Assim se pode ajuizar da justiça das greves que estes tipos e quejandos andam a fazer, certamente sob as ordens bandidas do Carvalho da Silva, do Jerónimo e do Louça.
Assim se vê o que a sociedade portuguesa deve a esta maralha.
Assim se vê como é possível ter a “consciência social” necessária a contribuir para a destruição do tecido social.
Assim se vê como o exercício de um direito legítimo pode ser objecto de abusos tais que melhor se chamariam crimes públicos ou sociais. Com a característica geral de ficar impunes.
Calcule-se o que aconteceria se alguém pusesse em causa este tipo de abusos. A tropa fandanga do Carvalho da Silva, do Jerónimo e do Louça saltaria para as ruas aos milhares, os comentadores dar-lhes-iam carradas de razão, as televisões embandeirariam em arco, e as rádios, os jornais, as revistas, condenariam em uníssono o tenebroso atentado à liberdade e ao direito cometidos por esse alguém.
Assim se prova que Portugal, enquanto consciência crítica individual e colectiva, já não existe.
Segundo um administrador da EDP, Acabou o paradigma da energia barata. A eficiência energética vai ser central no futuro do sector.
Ora aí têm uma declaração de irrefutável honestidade. Literalmente, nem precisa de interpretação.
A EDP prepara-se para sangrar ainda mais os cidadãos, e declara-o solenemente. A “eficiência energética”, que já nos custa milhares de milhões, vai custar ainda mais, desta vez com a chancela e a garantia de um novo “paradigma”. Explicado fica que se gaste o que se gasta em moinhos de vento, com custos inacreditáveis e nenhuma “eficiência”.
Segundo um notável vendedor de moinhos de vento – “professor e gestor na área de energias renováveis”, diz o próprio – Carlos Pimenta de seu nome - A factura energética passou em três anos de 4.900 milhões para 8.000 milhões só porque o petróleo ficou mais caro.
Para inglês ver, esta verdade “funciona”. É que, fora os transportes, a energia propriamente dita, quando térmica, é mais a gás natural e a carvão que a petróleo. Por outro lado, esquece-se o vendedor de gadgets eólicos de referir quanto custa à Nação a sua industriosa indústria.
Esta gente vai falando, falando, cuspindo as “verdades” que o senhor Pinto de Sousa inventou para lhes encher os bolsos.
Quem pensar no assunto chega a conclusões opostas.
É assim que um estudo feito pelo BPI, que não tem interesses no sector, conclui que, sem prejuízo do consumo, há 11 mil milhões de euros que podem ser poupados, a fim de deixarmos de pagar com o sangue dos nossos bolsos os negócios de pimentas & Cª.
Vale a pena ir à internet, ler o estudo, para perceber e concluir.
Ora vejamos o que aconteceu ou se soube que aconteceu, só nos últimos dez dias:
As despesas do Estado com aquisições de bens e serviços subiram seis por cento em 2011 (3 meses);
O défice de 2010 passou de 6,8 para 8,6, sendo certo que a nova contabilidade era conhecida desde Junho;
100.000 euros é quanto vai custar a inauguração da CRIL;
O governo legislou aumentos milionários para os “ajustes directos”.
Quatro amostras de desvarios canalhas, cujas culpas, na opinião da matilha socialista, devem ser do PSD. Ainda não descobriram como, mas hão-de descobrir.
A primeira não teve resposta nem desmentido.
A segunda foi “justificada” com as alterações do sistema do Eurostat (uns malandros!), que obrigou a meter na despesa coisas que lá não estavam. Imagine-se o que aconteceria se todas as despesas que foram desorçamentadas por esta gente – olhem as estradas, por exemplo – fossem metidas nas contas. Há quem diga que o défice não seria inferior a 14%! A “justificar” o largamento do buraco, diz também o governo, que há culpas do submarino, despesa classificada como extraordinária (!) mas que há uma data de anos se sabia cair em 2010.
A terceira, embora cheire a poisson d’avril, está por desmentir. Como se enquadra nos hábitos megalómanos do governo, é capaz de ser verdade.
A quarta contém uma componente psiquiátrica: a mania das grandezas é uma doença mental devidamente identificada. Rezam as más-línguas, por outro lado, que, neste caso, é capaz de haver outra componente, conhecida por propiciatória. É que, quanto mais à vontade houver para comprar, mais fáceis serão as gentilezas.
Estamos a falar de dez dias! Só de dez dias. Multipliquem por 36 e vejam como se asseguram défices anuais cada vez maiores.
Esta gente não pára de fazer uma coisa e jurar a contrária.
Mesmo assim, diz-se por aí, ainda tem 30% de intenções de voto. Que país é este? Já não sei.
Como o IRRITADO cientificamente previu, logo a seguir à demissão do senhor Pinto de Sousa estalou uma infrene campanha de desculpabilização própria e de culpabilização alheia.
O que IRRITADO não previu, por muito pessimista que tenha sido, foi a intensidade da marosca.
Tudo estava programado, gravado e decorado há uns 15 dias.
A golpada (António Barreto dixit) do senhor Pinto de Sousa resultou em cheio.
Que o IRRITADO tenha ouvido, o pelotão dos aldrabões já repetiu a gravação pelo menos umas cinquenta vezes. Não é possível ver um noticiário sem que a apareça um ou dois ou três ou quatro soldados do pelotão a dizer exactamente a mesma coisa, a propósito ou a despropósito. E não há um jornalista que os interrompa e lhes diga que essa já é velha, veja lá se arranja outra.
Façamos justiça. Ontem, foi acrescentado à lenga-lenga um argumento de peso: a falta de legitimidade de um governo de gestão para pedir “ajuda externa”.
O sargento do pelotão deve ter ouvido alguma dica sobre o discurso do Presidente. Sabendo que o homem ia dizer que o governo era para tal competente, foi decidido sangrar-se em saúde. Daí que a declaração de incompetência tenha inundado a informação durante todo o dia, quem sabe se para dissuadir o PR de exprimir tal opinião.
O PR declarou o pelotão competente.
O “pai da Constituição”, o impagável Miranda, da esquerda baixa, declarou o governo competente.
O professor Canotilho, da esquerda alta, declarou o governo competente.
Todos os partidos políticos declararam o governo competente.
O Tribunal Constitucional já tinha produzido um acórdão declarando o governo competente.
Só o senhor Pinto de Sousa e o pelotão, qual duquesa de Brabante perante o cadáver do príncipe, acha o contrário.
Mais: hoje, um dos furriéis veio declarar que a competência é… do Presidente! Após seis anos a dizer que o Presidente não tem nada a ver com nada nem competência seja para o que for – o que não anda longe da verdade – o pelotão descobriu que a competência era dele.
Resumindo: desesperado por perceber que ninguém já come aquela das culpas do PSD, o pelotão tem esta extraordinária arrancada. A partir dela a culpa passa a ser também do Doutor Cavaco.
A soldadesca do Largo do Rato, essa, a começar pelo 1º sargento, não é, nunca foi nem jamais será culpada seja do que for. Quem o negar ou é um reles caluniador ou está feito com as “forças ocultas”.
Desde o primeiro momento em que a excelsa pessoa do primeiro-ministro foi confrontada com os seus podres e os seus malefícios, o homem nunca mais fez outra coisa senão fabricar conspirações, culpar este mundo e o outro, dar pinotes mais ou menos carnavalescos para se safar. E lá se foi safando, que este país gosta muito de “estabilidade”, nem que seja a estabilidade da miséria e da mentira.
Pode ser que, desta, os eleitores, que já por duas vezes tiveram a colossal estupidez de votar nas ilusões e nas aldrabices deste sorja desonesto e ignorante, tenham uma iluminação qualquer e corram com ele para sempre.
Há dias, olhando a montra da Bertrand, viu o IRRITADO, copiosamente exposto, um livro do David Baldacci, escritor de thrillers que muito lhe agrada. Olha, já o traduzem! Ainda bem. Como não conhecia o título – “A Conspiração Do Silêncio” -, sem mais pensar comprou um exemplar que custou uma data de euros.
Até aqui tudo bem.
À noite, o IRRITADO pegou no livro, decidindo entreter-se com ele ao serão.
Passada página e meia de péssimo português, o IRRITADO teve uma forte sensação de déjà vu. Folheou mais um pouco e teve a certeza. Já tinha lido o livro! Mas não se lembrava de nada com um título que, de perto ou de longe, tivesse a ver com “A Conspiração Do Silêncio”. Pensou pensou, e lá lhe veio à memória o título que o autor deu à sua obra: Deliver Us From Evil.
Calcule-se as dificuldades intelectuais que os tradutores devem ter tido para traduzir a estranha coisa. “Livrai-nos Do Mal” é uma expressão de tal maneira rebuscada e desconhecida que não a conseguiram enxergar. Era intraduzível. Não é?
O IRRITADO recomenda vivamente aos seus leitores:
a) Que nunca comprem uma tradução sem procurar o título original e sem a folhear com todos os cuidados;
b) Que, se puderem e souberem, não comprem traduções;
c) Que se defendam, não gastando com eles um chavo, dos senhores Maria Dulce Guimarães da Costa e Vasco Teles de Meneses, tradutores encartados de uma editora desconhecida, “Clube de Autor” de seu nome.
Ontem, caminhava o IRRITADO, muito sossegado e contente, pela Avenida 5 de Outubro (raio de data!), eis senão quando dá com umas vedações a formar um quadrado, cercadas de tipos com câmaras de televisão devidamente atarraxadas a uns tripés - a coisa estava programada - mais uns fulanos mal vestidos com cara de jornalistas. Por dentro da vedação, uns circunstantes com cara de caso.
De um dos lados, frente às câmaras, um carro de som ou coisa parecida. Ao meio, sentadinhos, dois fulanos. Um era o xarroco dos bigodes, incontestado chefe das hostes “docentes”, com lugar cativo em telejornais e outras martingalas ditas informativas. Outro era um barbaças, tipo Marx da Cascalheira.
O Marx estava no uso da palavra. Os altifalantes ribombavam, avenida acima avenida abaixo, frases que andamos há anos a ouvir, a dignidade dos professores, as malfeitorias do poder, não às avaliações, não às correcções de testes, não a mais meio minuto de trabalho, tudo tem que ser pago até ao último tostão, a classe tem montanhas de direitos, todos reconhecidos pela Constituição, a classe tem os deveres que escolhe, não vêm na Constituição, e por aí fora.
Parece que a coisa não resultou como estaria programado. Não houve lugar, pelo menos que o IRRITADO visse, a reportagens laudatórias. Ou porque a coisa já não dá audiências ou porque não apareceu a esperada e indignada multidão. As pessoas normais passavam, olhavam sem interesse de maior, quiçá com desprezo, ou porque já estão fartas desta gente ou porque o Jerónimo e o Silva, desta vez, deram outro destino ao seu exército privativo de ululantes contestatários.
Que diabo, alguma coisa há-de correr bem neste país.
Quando ao marxes da Cascalheira deixarem de arrastar multidões, quando os professores passarem a ensinar mais e a rugir menos, quando os donos dos empregos vitalícios se virem a braços com a “precariedade”, isto é, com a responsabilidade, e deixarem de ter parvos à trela, talvez haja alguma esperança.