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irritado (blog de António Borges de Carvalho).

O SOCIALISMO É A FILOSOFIA DO FRACASSO, A CRENÇA NA IGNORÂNCIA, A PREGAÇÃO DA INVEJA. SEU DEFEITO INERENTE É A DISTRIBUIÇÃO IGUALITÁRIA DA MISÉRIA. Winston Churchill

irritado (blog de António Borges de Carvalho).

O SOCIALISMO É A FILOSOFIA DO FRACASSO, A CRENÇA NA IGNORÂNCIA, A PREGAÇÃO DA INVEJA. SEU DEFEITO INERENTE É A DISTRIBUIÇÃO IGUALITÁRIA DA MISÉRIA. Winston Churchill

VOLTA DINHEIRINHO, ESTÁS PERDOADO!

 

É difícil “encaixar” a desgraça que por aí anda e por aí vai continuar a andar e a ser cada vez mais desgraça.

Até quando? Ninguém saberá dizer. O mais provável é que a desgraça se instale e passe a ser “normal”.

Já toda a gente pensou, até há quem o tenha dito e escrito, que não é possível recusar a herança do senhor Pinto de Sousa como se ele tivesse sido nosso tio, nem evitar as dramáticas consequências do que vai por essa Europa fora, como se à Europa não pertencêssemos.

Apesar de perceber e até aceitar que não pode deixar de haver austeridade, e da dura, da difícil, todo o bicho careta acha que ela deve parar à sua porta.

Os tipos das SCUTS acham que não têm que pagar as portagens. Os funcionários, que lhes não devem ir ao ordenado. Os reformados, que nas pensões não se toca. Os meninos, que os empregos devem ser garantidos, universais, bem pagos e vitalícios. Os sindicatos nem sequer percebem que quanto mais greves fizerem pior para eles. Os partidos comunistas dizem que é possível fazer omeletas sem ovos ou acham que quanto pior melhor, porque abre caminho às vanguardas. Os professores acham que há lugares para todos, nem que seja um professor para cada aluno. Os médicos que isso das horas extraordinárias tem que ser garantido.

E por aí fora. Toda a gente acha que é preciso que os outros paguem. Bodes expiatórios não faltam, os bancos, os ricos, os políticos, os corruptos, o diabo a quatro. Se se tirasse o dinheiro aos bancos, aos ricos, aos políticos, aos corruptos, ao diabo a quatro, resolvia-se o problema! Não se resolvia coisa nenhuma, mas a malta vai alimentando estas revolucionárias ilusões.

A última “indignação”, expressa em ameaças de pacotilha, é a dos tasqueiros e quejandos. A bica a setenta cêntimos em vez de sessenta e cinco? Nem pensar! Vai tudo à falência. As camas de hotel a oitenta euros em vez de setenta e cinco? Acabou-se o turismo! E por aí fora. É o pânico fabricado por mais uns que não querem pagar, em vez de cortar as unhas.

 

Para além de todas as asneiras “sociais”, bancárias, dos governos, do welfare, há uma realidade que ninguém reconhece como tal: o dinheiro mudou de residência. Não desapareceu. O dinheiro nunca desaparece. Muda-se. Migra.

Se o dinheiro migrou, é preciso ir buscá-lo onde está. Como com as pessoas, é preciso atrair esse ilustre emigrante. O dinheiro, como as pessoas, só volta se lhe oferecerem boas condições de vida.

É aqui que bate o ponto. Fazer voltar o dinheiro, a bem, não é fácil. É preciso esquecer uma data de sentimentos nacionalistas, coisa, essa sim, que regressa e por aí grassa, como há cem anos. Sabe-se o que dá, e onde conduz. Sabe-se ao que levou, no século passado.

Julga o IRRITADO que, um dia, o dinheiro vai voltar. A bem ou a mal. Essa tão odiada categoria económica, condição de liberdade, pode voltar como tal, ou como ferramenta de guerra ou de domínio. É aqui que bate o ponto.

 

Entretanto, a opção de não pagar deixou de ser opção. E quanto mais se quiser resistir, pior.

 

13.10.11

 

António Borges de Carvalho

ESPERANÇAS

 

Grande e risonha esperança animava, Nação fora, as distintas forças de esquerda. As broncas do Jardim eram garantia de um crescimento eleitoral nunca visto. Aleluia!

Vai daí, o pessoal roubou votos ao PSD, pois roubou, mas foi entregá-los ao CDS! O PS levou na pinha, o PC foi atrás, o BE nem se fala. A esquerda foi pelo cano abaixo sem apelo nem agravo.

O PS, se fosse coerente, ficava satisfeito: o Jardim fez um discurso de vitória totalmente socialista: intervenção do “Estado” regional em tudo e mais alguma coisa, investimento público, etc., tudo receitas tão do agrado do Pinto de Sousa e do seu rebento Seguro.

Estas coisas dos ilhéus, perceba-as quem for capaz. Viram à direita, levam com panaceias de esquerda nas fuças. Se calhar, se tivessem virado à esquerda, o Jardim fazia um discurso a fazer inveja ao George W. Bush!

 

Duas lições há a tirar do que se passou. A primeira é que os madeirenses, como a generalidade dos europeus, acreditam tanto nas “soluções” de esquerda como na vitória do Carcavelinhos sobre o Real Madrid. A segunda é que, para o Jardim tanto faz, desde que mantenha bem viva a imagem do inimigo “externo”. Quando fala de Lisboa é pior que o Pinto da Costa. E como, cronicamente, precisa de dinheiro, quanto mais falar em investimento público, em intervenção do Estado e noutras patacoadas do estilo, mais abichará. De parvo tem pouco.    

De qualquer maneira, uma jornada muito mais positiva do que se poderia temer. Se o PS, o PC e o BE tiverem experiência semelhante no continente, então haverá lugar a alguma esperança, da propriamente dita.

 

10.10.11

 

António Borges de Carvalho

15 DE MARÇO

 

Informa o Diário de Notícias, em destacado título, que “A democracia sai à rua dia 15”.

O IRRITADO sobressaltou-se com a notícia. A democracia na rua? Que é isto? Virão o Presidente, os deputados, outros eleitos, os partidos, o povo, para a rua, manifestar-se contra si próprios? Virá a república para a rua, com a Clementina de tetas de fora à frente? Que será isto?

E lá foi ver do que se tratava.

 

Pode agora garantir que se trata de coisa altamente importante, decisiva, cheia de “projecto”, de “linha de rumo”, de “coerência” e de “sede de justiça”.

E de pluralismo q.b.

Vejamos: ele é a JOC (Juventude Operária Católica), a PLAGAN (Plataforma Anti-guerra Anti-NATO, o M12M (Movimento 12 de Março), o SOS Racismo, o Opus Gay, a UMAR, União de Mulheres Alternativa e Resposta, a Marcha Mundial das Mulheres, o GAIA (Grupo de Acção e Intervenção Ambiental), a AGIR (agrupamento de Intervenção e Resposta), a Casa do Brasil, os Precários@Inflexíveis, a FERVE (Fartos destes Recibos Verdes), o A Cultura Está Viva e Manifesta-se na Rua, os Artistas e Públicos Indignados, o Socialismo Revolucionário filiado do Comité Internacional dos Trabalhadores, os Estudantes do Superior pelo 15 de Outubro, os (as?) Panteras Rosas e mais umas vinte “organizações” de que ninguém ouviu falar e que o IRRITADO não refere porque já está farto.

 

É de intuir que esta monumental salganhada se propõe acabar com a “homofobia”, com a “precariedade”, com a NATO, com o “aquecimento global”, com os recibos verdes, com os “transgénicos”, com o “capitalismo” e com outros horrores da sociedade moderna, através da “democracia participativa”, da “transparência”, do socialismo revolucionário e do fim de outra precariedade, recentemente inventada, a que chamam “precariedade de vida”, como se houvesse alguma coisa mais inevitavelmente precária que a própria vida.

Os objectivos parecem confusos, mas é fácil imaginá-los.

Esta gente, munida dos seus ipads, ipods, iphones, blackberrys, etc., propõe a destruição pura e simples de tudo o que lhes deu origem. Os seus gadgets de estimação passarão a ser coisa que, como os pacotes de leite e as drogas, estão no supermercado ou nas ruas porque sim. O emprego é uma coisa que os outros (quem?) lhes devem, até que a morte os leve. Sobretudo, nada de eleições, nada de partidos, nada do que existe. A “democracia” faz-se na rua, é “participativa”, é coisa de minorias e de “activistas”, sendo os “activistas” o povo que manda na rua e irá passar a mandar nas nossas casas, enquanto tivermos casa.

A tese é paralela às do Cunhal e colegas: quem manda é quem manda na rua, ou seja, quem manda em quem manda na rua.

Eles têm “razão”, têm direito a ser alimentados, a não ter outras responsabilidades que não sejam as de fazer barulho e de exigir tudo e mais alguma coisa, têm o direito ao emprego permanente com ordenadinho ao dia 30 quer trabalhem quer não, têm o direito a ter casa, saúde, educação (pouca, que estudar é chato), tudo a cair do céu, talvez produzido pelos escravos desta gente.

O Cunhal, ao menos, tinha uma solução: roubava-se à “burguesia” e punha-se a burguesia a sustentar o “povo”, isto é, o partido. Estes, nem isso: querem o que querem, e pronto.

Na sociedade ideal do 15 de Outubro, toda a gente será obrigada a ter a maior das admirações pelos deficientes sexuais. Os exércitos, as polícias, as leis, as eleições, a economia, serão abolidos e substituídos pela “justiça” e pela boa vida dos “activistas”. Os “artistas” serão toda a vida pagos pela “sociedade” quer prestem para alguma coisa quer não. Haverá serviços públicos de alto gabarito, independentemente de haver meios para os pagar. O dinheiro virá de quem o tem, quer dizer, do poço sem fundo que a maralha acha que existe. O arrefecimento global passará a ser obrigatório. Se for preciso um presidente da república, tal cargo será desempenhado em mandatos de um ano e entregue, por sucessiva inerência, ao presidente da ILGA, ao secretário-geral do opus gay e ao líder espiritual da Quercus. As religiões serão abolidas e, para esse fim, criado o correspondente campo de extermínio.

 

Só falta saber quem será o big brother. Não faltarão candidatos.

 

19.10.11

 

António Borges de Carvalho

O MIJARETE

 

No tempo da ditadura, o cinco de Outubro era motivo de uma romagem à estátua do António José de Almeida, ali ao pé do Técnico. Umas meias dúzias de indefectíveis jarretas punham umas flores e diziam umas inanidades sobre as saudades que tinham da gloriosa primeira república, coisa há muito falecida, afogada nas suas guerras, desmandos e mesquinhas questões, vítima de si própria e dos sinais de tempos menos “democráticos” cujos ventos assolavam a Europa.

Outros, ou os mesmos, faziam romagens à campa do Afonso Costa, quiçá para dar um sinal de pluralismo e não ressuscitar inimizades.

Os mais maximalistas, ou os mesmos, deslocavam-se ao túmulo dos bem simbólicos heróis da primeira república, os assassinos Buíça e Costa, onde recordavam com saudade e ternura os bons tempos em que a república se tinha afirmado da mais significativa forma.

A Maçonaria, oficialmente proibida e oficiosamente protegida pela segunda república através, por exemplo, da nomeação de destacados militantes seus - como Albino dos Reis ou Mário Figueiredo, ambos presidentes da assembleia nacional – não deixava, paralela e solidariamente, de se auto-homenagear pela autoria da gloriosa implantação da república.

Saudosistas da Carbonária e do anarquismo, mais discretos porque tinham deixado de estar na moda, não deixavam, também, de se rever nos assassínios e nas bombas com que tinham cimentado o nobre ideal republicano.

A PIDE assistia a tudo, discreta e tolerante, nas esquinas da Rovisco Pais e nos portões dos cemitérios. De vez em quando, para manter viva a chama da segunda república, prendia uns tipos daqueles, geralmente tidos por inofensivos, e voltava a soltá-los tempos depois ou mandava-os em vilegiatura para as colónias. Os perigosos eram outros, os seguidores da rádio Moscovo e quejandos. De um modo geral, eram estes que iam pagando as favas ainda que, por sinal, pouco ou nada tivessem a ver com o cinco de Outubro. Antes pelo contrário, os seus “maiores” tinham sido tanto ou mais perseguidos pela primeira república como o eram pela segunda.   

 

Veio a terceira república. Sabe-se o que fizeram os tipos do PC e seus parceiros. Os outros, os do cinco de Outubro, à pala de umas concessões à esquerda comunista ou comunóide, conseguiram, por exemplo, que a Constituição deixasse de reconhecer a Nação, substituindo-a pela república (Portugal é uma Republica… art.º 1º), o que quer dizer que, antes do cinco de Outubro, Portugal nem sequer existia. Faz lembrar um compêndio de história “vendido” em África pelos cubanos que rezava que a história da humanidade tinha começado, depois de séculos de trevas, com a gloriosa revolução de Outubro – a soviética, claro.

 

O cinco de Outubro passou a feriado nacional.

Mutatis mutandis, as respectivas comemorações pouco ou nada são mais que as do tempo da ditadura. É certo que metem bandas, paradas e discursos oficiais, onde uns, como o Presidente, dizem coisas que toda a gente já sabe, outros, como o Costa, aproveitam para dar uma de esquerdista, já que ficava mal elogiarem o Buíça, a primeira guerra, ou os tempos em que se querem rever. Desta vez, em escolha que muito agradaria ao doutor Oliveira Salazar, até puseram uma prendada menina a dizer umas coisas.

O povo, esse, liga tanto às cerimónias como ligava às romagens do antigamente. Vão lá uns tipos que andavam a passar na baixa, outros que gostam de bandas e de cornetas, festões e bandeiras. Talvez uns cem. Significam tanto de “amor” à república quanto a menina do discurso representa “a juventude”.

 

Substancialmente, as comemorações do cinco de Outubro são o mijarete que sempre foram.

No fundo, a olímpica indiferença do povo a tais manifestações é a melhor maneira de comemorar tão infausta memória.

 

8.10.11

 

António Borges de Carvalho

FARMACOLOGICAMENTE FALANDO

 

Durante anos e anos, fomo-nos habituando à repetida presença, na TV e nos jornais, de um senhor de estranha barba e ar feroz, que se apresentava como uma espécie de patrão de todas as farmácias.

Herdeiro da farmácia Cordeiro de Cascais, célebre por diversas razões, o senhor Cordeiro era nada mais nada menos que o mui ilustre presidente de uma coisa chamada, salvo erro, Associação Nacional de Farmácias.

Não sabe o IRRITADO como a coisa começou. Sabe que o chefe Cordeiro transformou uma aparentemente inócua associação empresarial num gigante financeiro, sediado num enorme palácio, com o Tejo aos pés e grandeza q.b.

Não sabe o IRRITADO como se transforma uma associação num banco, nem como se utiliza os dinheiros dos sócios criando uma espécie de mútua financiadora dos atrasos dos pagamentos do Estado às farmácias, mas sabe que isto conferia ao grande homem o direito de falar de alto com os governos, os bancos, os media e o povo em geral. Sabe outrossim que a mais pequena coisa que parecesse atravessar-se no caminho do senhor Cordeiro era, imediata e bombásticamente, transformada numa alta questão nacional, em risco que estavam as margens de comercialização ou coisas do género, pondo em risco a vida do conglomerado que a associação representa e, por conseguinte, dizia ele, o abastecimento de medicamentos ao povo.

Isto durou o que durou. Veio a crise, os preços dos medicamentos desceram, os bancos fecharam-se em copas. O resultado foi que o nosso feroz Cordeiro deixou de ter argumentos para falar de cátedra com este mundo e o outro.

Vai daí, rabo entre as pernas, o homem demitiu-se. Dirá, com certeza, que foram maus para ele, que lhe coarctaram a capacidade de gestão ou outras coisa do estilo, sendo inevitável, em sinal de indignado protesto, passar à peluda.

Ou seja, o homem, ou estava em posição de falar de poleiro ou, deixando estar, a coisa já não lhe interessa. Boa noite, ti Pedro! Quem vier atrás que feche a porta.

 

É sempre agradável, gratificante e fácil ter muito dinheiro para gerir e ter a árvore das patacas à disposição. Está-se no trono.

Quando a coisa começa a dar mais trabalho, isto é, quando a porca começa a torcer o rabo, já não dá. É uma chatice. Adeus.

 

7.10.11

 

António Borges de Carvalho

PESTE NEGRA

 

O “reinado” de Sócrates foi uma peste negra, disse ontem, por duas ou três vezes, o Dr. António Barreto.

O IRRITADO cumprimenta efusivamente o conhecido intelectual pela agudeza de espírito com que soube caracterizar o consulado do senhor Pinto de Sousa.

 

5.10.11

 

António Borges de Carvalho

DO NACIONAL SOBRINHISMO

 

Ontem, ó delícia, o IRRITADO assistiu a mais uma exibição do notável (porquê?) socialista Alfredo Barroso.

O homem costuma não passar de desagradável, antipático e odiento. Desta vez excedeu-se. Decidiu atacar o adversário usando o mapa de famílias que o Diário de Notícias acusa de subir na vida ou ter empregos de favor via a generosidade do Jardim. O adversário, jardinista convicto, considerava toda aquela gente como altamente meritória e objecto de favor nenhum. A verdade deve estar algures no meio da coisa, sendo o IRRITADO incompetente para julgar.

O que é engraçado, engraçadíssimo, é que o Barroso (Alfredo) tem, como argumento número um para ter ocupado bons cargos públicos, bem como para a reforma com que deve ter sido contemplado, o facto de ser sobrinho do Dr. Mário Soares. Um dos mais evidentes exemplos do nacional sobrinhismo, no seu caso do sobrinhismo literal, tem o topete de chamar a atenção para o sobrinhismo alheio. É de estalo!

Tiro o chapéu ao seu televisivo inimigo, por se ter abstido de usar o argumento para que o IRRITADO chama agora a atenção. Parece que, afinal, a falta de educação soarista consegue ser pior que a jardinista.

Nada melhor para comemorar a República.

 

5.10.11

 

António Borges de Carvalho

 

E.T. – Para que não passe em claro, diga-se que outra pérola do Dr. Alfredo (doutor é como exige ser tratado, sobretudo por aquela rapariguinha do CDS que teve a desgraça de casar com o Tavares) foi a que se refere aos números da dívida madeirense. Nove mil milhões, dizia ele. Seis mil e tal, dizia o outro. Para “fundamentar” a sua afirmação, o Alfredo avançou que os nove mil milhões é o número jurado pelo do chefe do PS na Madeira e, ó maravilha!, também “por um professor de economia”… Francisco Louçã de seu nome!

Em matéria de credibilidade, de um lado e de outro, estamos conversados.

UMA BOA NOTÍCIA

 

Anda meio mundo numa fona de acerbas críticas ao governo por ter acabado com os prémios em dinheiro que eram dados aos melhores alunos do secundário.

Em abono da verdade, diga-se que a coisa não se percebe lá muito bem. Bons alunos há poucos e quinhentos euritos a cada um dos melhores não devia ter peso que se visse na nossa miserável tesura.

 

No entanto, como diria a minha avó, Deus escreve direito por linhas tortas. Foi o que sucedeu. Gerou-se um movimento tendente a substituir os abolidos contributos do Estado por outros, da sociedade civil. Uma coisa quase inédita. À primeira vista, parece que nenhum estudante, dos seleccionados, deixará de receber o seu prémio.

Um a boa notícia. Um importante avanço da sociedade civil, avanço que, acha o IRRITADO, deveria fazer caminho e tornar-se habitual, como o é, por exemplo, nos países de tradição anglo saxónica,.

 

Porém…

 

É evidente que este embrião de evolução não deveria servir para demagogias, auto-elogios e gabarolices.

Mas… somos portugueses, não perdemos pitada do que nos possa servir de propaganda.

Ouvi hoje um ilustre clínico, bastonário dos médicos ou coisa do género, que se pavoneou meia hora na TV à pala de uns milhares que a Ordem deu a uma dúzia de estudantes. O homem aproveitou para dizer mal deste mundo e do outro, para se queixar que os médicos, coitadinhos, passam atestados piratas sob ameaça (‘tá-se mesmo a ver, não ‘tá-se?), que dão baixas por dúvida, que o governo (este) tal como o governo (o outro) não fazem nada de jeito, etc. e tal.

Perdeu o ilustre esculápio uma oportunidade de ouro de estar calado, não se servindo da ocasião para vir vender o seu peixe à rapaziada.

O ponto de vista dele é outro: se pagaram os prémios aos rapazes, há que ganhar com isso. Meia hora de TV. Os prémios já estão a dar lucro!

 

3.10.11

 

António Borges de Carvalho

A VER NAVIOS

 

Anda o pessoal entretidíssimo com as histórias do Jardim. A tal respeito está tudo mais ou menos dito, para bem e para mal.

 

Quem anda a passar pelos pingos de chuva sem se molhar é o colega dele dos Açores, um fulano desagradável e peneirento, que quer mandar mais que a Constituição e as leis, que compra os funcionários com ordenados ilegais, que tem tanta educação como o Jardim, por exemplo em relação ao Presidente da República, etc., etc.

O dito condotieri, a ressumar pesporrente importância, ferrou uma monumental bordoada nos interesses do país, da economia e dos trabalhadores (o fulano é socialista!) recusando, por dá cá aquela palha (2 nós!), um navio construído em Viana do Castelo. Depois, por ajuste directo!, alugou na Grécia uns naviozitos para a cabotagem que caberia ao navio recusado, gastando uma fortuna que poderia ter salvo os estaleiros do Estado. Sem dó nem piedade, com o apoio paternal do senhor Pinto de Sousa, o homem deu um contributo importante para a miséria nacional, como está à vista de todos, e mandou uns largos milhões para a Grécia - há quem diga que não só para a Grécia - dando largas ao seu atlântico poderio, em brutal demonstração de desprezo pela nossa (e dele?) terra.

Não contente com isso, mais uma vez com o terno aval do senhor Pinto de Sousa, o indivíduo tratou de sacar uns 40 milhões de indemnização, se calhar para pagar aos gregos ou a quem andou de permeio no ajuste.

Ora os ENVC, arruinados como toda a gente sabe, pagaram 7 dos 40 milhões e fecharam-se em copas, por evidente falta de dinheiro. O manda-chuva das ilhas não é de modas: ameaça ir para os tribunais para sacar o que “é” dele.

A pergunta que fica é esta: como é possível que o governo do país, dono da empresa arruinada, não tenha metido o fulano na ordem logo à partida, não o tenha obrigado a engolir o navio, não o tenha mandado prender por fazer ajustes directos de milhões, aceite que haja indemnizações milionárias num assunto de lesa pátria, “devidas” a quem a lesa?

Fica a pergunta. Resposta não há.

 

3.10.11

 

António Borges de Carvalho

  

MORAL A MENOS, MORAL A MAIS

 

 

Antes de mais, o IRRITADO agradece a quem lhe desejou boas férias. Cá está de novo, mais novo (gostava!) e ao dispor.

 

A primeira coisa que o IRRITADO encontrou por cá, digna de nota, de riso, de troça, de choro e de tristeza, foi a inigualável história do Isaltino.

 

As almas ofendidas, com toda a razão, com as isaltínicas peripécias, prenhes de proselitismo moral e de críticas ao sistema que as permite, aproveitam a maré para tecer os mais altos encómios ao inteligente Marques Mendes, o qual se “portou exemplarmente” ao correr com o dito Isaltino das fileiras partidárias. Muito bem.

O pior é que se esquecem que o mesmo Marques Mendes também não hesitou em adiantar-se ao poder judicial quando correu com um homem sério da Câmara de Lisboa, isto para além de outras manifestações suicidárias que, mascaradas de “ética”, tiveram como gran finale o poder do tenebroso Pinto de Sousa.

Indómito, corajoso, probo, impecável, Marques Mendes, com inquisitorial exagero, tratou da mesma forma dois homens que nada têm a ver um com o outro, como o futuro acabaria por demonstrar.

 

Se isto é cortar a direito, vou ali e já venho.

 

3.10.11

 

António Borges de Carvalho

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