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irritado (blog de António Borges de Carvalho).

O SOCIALISMO É A FILOSOFIA DO FRACASSO, A CRENÇA NA IGNORÂNCIA, A PREGAÇÃO DA INVEJA. SEU DEFEITO INERENTE É A DISTRIBUIÇÃO IGUALITÁRIA DA MISÉRIA. Winston Churchill

irritado (blog de António Borges de Carvalho).

O SOCIALISMO É A FILOSOFIA DO FRACASSO, A CRENÇA NA IGNORÂNCIA, A PREGAÇÃO DA INVEJA. SEU DEFEITO INERENTE É A DISTRIBUIÇÃO IGUALITÁRIA DA MISÉRIA. Winston Churchill

CARTA DE ATENAS

 

No merecido gozo do que resta de um passado cujo principal defeito é já ter passado, aqui está o IRRITADO em Atenas, a convite de velhos companheiros que, por amizade ou ilusão, são capazes de pensar que as arengas do autor podem ter algum efeito na talvez impossível solução da pessegada em que estão metidos.

O autor sente-se um bocado grego. Não, não é por ser português e fazer, como eles, parte dos PIGS.

Os gregos são como os portugueses. Foram o que foram, mas já não são nada do que foram. Berço da democracia, da filosofia, da estatuária, da arquitectura, da tragédia, etc., hoje tudo cinzas perdidas na poeira anárquica desta horrível cidade.

O que foram de nada lhes vale, e está certo que de nada lhes valha.

Como nós, que também fomos o que fomos - sem gozar sequer do universal conhecimento e reconhecimento de que os gregos gozam - e que tendemos a achar que, por termos sido, somos.

Substituímos o génio das descobertas pelo Mourinho, as grandezas do império pelo CR7 e pelo fado, este arrastado na lama em Bali perante a alegria alarve e pacóvia de uns excursionistas.

Como os gregos, nem sequer sabemos se somos os herdeiros genéticos dos que foram gente, tal foi a misturada que por cá, como por lá, entrou em antigas veias.

 

Digamos que o passado serve de motivo de orgulho, de estudo, de contemplação, mas não vale um caracol quando se trata de resolver problemas do presente. Isto apesar de gregos e portugueses pareceram ter a ilusão, ou a sensação, que podem pôr o que fizeram no prato da balança do que têm a fazer.

Há pessoas com quem se passa um fenómeno parecido. Fulanos que tiveram importância há décadas, por um momento que fosse, e se acham no direito de usar o feito passado para justificar a estupidez de um presente que deviam ter o bem senso de esconder. Gente desta, porém, tem a bênção da classe dominante, leia-se dos media. Como os excursionistas do fado, podem desbocar-se como entenderem. Terão sempre à porta, solícitos, servis e oportunistas, os vendedores de “informação”.

 

É verdade que, salvo poucas excepções, ninguém gosta de morrer. Difícil é perceber que se está morto em vida e querer usar o que já se não é como ainda se fosse. Não é mau ter passado, mau é achar que o passado pode ser usado como tal, ou que a autoridade que o que fez deu a cada um não acaba quando se acabou de o fazer. As pessoas que se demitiram da vida, ou não são capazes, ou não querem fazer outra coisa que não seja remexer no passado à procura de autoridade moral, melhor fariam se encontrassem outras missões, a fim de continuar vivas.

 

Para quê estas filosofias? Não sei.

 

Para dizer alguma coisa, conclua-se que estamos no “Rinoceronte” do Ionesco. Lá fora, ouve-se o tropel de um rinoceronte, de dois, de vinte, de milhares de rinocerontes. Na cena resiste-se. Rinocerontes, nós? Nunca! Aos poucos, ora um ora outro se vão entregando ao tropel. Até que o herói fica só. Só, e condenado.

Aos gregos, não valeu Aristóteles, nem Burke aos irlandeses, nem a nós o Gama. Aos italianos de nada valerá Galileu, nem aos castelhanos Cortez, nem os Habsburg vão valer aos austríacos ou os Orange aos holandeses. O duque de Brabante não virá em socorro dos belgas, nem o Hugo dos franceses.

E assim, por aí fora.

Até que, um dia, a dona Ângela, que é dura de ouvido e de bestunto, perceba que de nada lhe vão servir Goethe ou Beethoven ou Marx e que está a matar a galinha dos ovos de ouro… na estulta pretensão de conservar os que a galinha já pôs.

 

Todos somos culpados, todos estamos inocentes. O problema é que, se queremos deixar de ser rinocerontes, temos de começar por sê-lo. Todos.

 

30.11.11

 

António Borges de Carvalho

CAVACO E A TRAIÇÃO POLÍTICA

 

Quem, ao longo dos anos, tem feito o favor, ou a asneira, de ir acompanhando as opiniões do IRRITADO, talvez se lembre da forma pouco entusiástica com que acompanhou as presidenciais e como, com uma mão a tapar os olhos, foi votar no Doutor Cavaco Silva - como o Cunhal fez com o camarada Mário Soares.

O objectivo era, evidentemente, evitar a subida ao poder do intragável Alegre. Não há lugar a arrependimentos. Se o candidato da aliança BE/PS fosse eleito, a estas horas estaríamos mergulhados sabe-se lá em que águas, certamente num charco de paspalhices pseudo-democráticas, que muito caro nos custariam.

Visto, porém, o que se tem passado, haverá que concluir que, fosse o challenger alguém merecedor de uma ponta de credibilidade, o IRRITADO, a estas horas, arrepelava os cabelos por ter votado como votou.

O IRRITADO conhecia o Professor e sabia qual o seu estofo. Mas jamais imaginou que pudesse ir tão longe, por omissão, primeiro, por acção, depois.

 

Durante o primeiro mandato, diante do indiscutível descalabro nacional para que a “gestão” do senhor Pinto de Sousa nos arrastava, dizia o IRRITADO, como muita gente e com carradas de razão, que o Doutor Cavaco sacrificava tudo, mas tudo, inclusivamente a viabilidade da Nação – o que veio a verificar-se - às suas hipóteses de reeleição.

Assim foi. O PR aturou, aguentou e coonestou o inaturável, inaguentável e incoonestável sem tugir nem mugir. Se excluirmos a guerra com os Açores, em que, ainda que com razão, falou desproporcionadamente alto, bem como a ridícula história da “espionagem” em que meteu os pés pelas mãos e se ia tramando, nunca Sua Excelência incomodou a fímbria das vestes do senhor Pinto de Sousa. Deixou passar tudo o que lhe puseram à frente sem um gesto, sem uma palavra, sem uma sugestão de desacordo ou de protesto. Precisava de votos na área dos flutuantes entre o PS e o PSD, não é? Pois é.

Agora, tudo mudou. Mal o governo diz uma coisa, aí vem ele, armado ora em moralista ora em técnico, dizer o contrário. Além disso, dedica-se a fazer guerra à dona Ângela – longe do IRRITADO defender a criatura! – e a tudo que anda por aí – na Europa - como se o que anda por aí se incomodasse com as suas tristes bocas.

No fundo, o Doutor Cavaco nada tem contra a dona Ângela. Mas, como o governo não tem outro remédio senão ir fazendo o que os mandatários e associados dela, bem ou mal, exigem, o Doutor Cavaco, a bem do espelho onde orgulhosamente se mira e admira, serve-se da dona Ângela para atacar o governo.

A coisa vem atingindo níveis absolutamente imorais. Chega ao ponto de mandar a dona Manuela morder as canelas do governo, o que não teria grande importância se não se percebesse que a senhora outra coisa não faz que não seja aviar receitas de Belém.  

Tudo pelo lado mais fácil, mais imediato e mais populista, o que torna a cruzada particularmente imoral. É o recurso permanente à revolta dos “mais fracos”, tipo maquinistas da CP, é, quer se queira quer não, quer se diga quer não, o apoio aos vascos, aos otelos, aos “indignados”, aos silvas, aos carecas da UGT e a quejandos. Tudo o que há de mais imediato lhe serve, tudo o que pode fazer vir à crista da onda o seu incomensurável ego, com todos os defeitos humanos e políticos, tantos!, que as pessoas, sobretudo as mais velhas, lhe conhecem de longa data.  

 

Que saudades, meu Deus, de um futuro sonhado em que o Chefe do Estado, um Rei, ou até um Presidente, pudesse representar a Nação, como acontece na esmagadora maioria dos países que nos são próximos!

 

Nada de bom pode a traição cavaquista (traição, mais que ao partido que chefiou, a todos nós) vir a trazer-nos. Cada dia que passa o homem acelera, sedento de primeiras páginas - como, sem as responsabilidades do PR, vai fazendo o camarada Soares.

 

Les bons esprits se rencontrent. Não é?

 

27.11.11

 

António Borges de Carvalho

PESADA HERANÇA

 

Ele há coisas que deixam o mais avisado de boca aberta.

 

Um tal Pina que ao, que consta nos anais do pintodesousismo, foi secretário de estado das finanças em tais e tão horríveis tempos, veio à estampa, por virtude de uma conferência de cérebros económico/financeiros, com declarações que merecem o maior dos destaques.

Mercê de inteligentíssimos cálculos, chegou o fulano à conclusão que vamos precisar, ou já precisamos, de mais uns 25 mil milhões, uma vez que o acordo com os tipos da massa foi mal feito, por não contar com a recusa dos mercados em financiar as empresas públicas.

É capaz de ter razão, tanto no que diz respeito aos milhões como no que se refere à qualidade do acordo que negociou e subscreveu.

 

Ficam por responder algumas pertinentes questões:

 

- Então quando ele era secretário de estado de um governo que andou dois anos a dizer que não precisávamos de dinheiro nenhum, de repente passa a achar que precisávamos sim senhor e de mais do que nos prometeram?

- Então um tipo que propôs quatro “PEC’s” que não contavam com a ajuda externa e eram todos suficientes e salvadores da Pátria, vem agora dizer que não só os “PEC’s” não eram suficientes nem salvadores da Pátria e que era, como é, preciso dinheiro, milhares de milhões, e que os milhares de milhões que ele próprio subscreveu como suficientes e salvadores, afinal eram só uma ajudinha, nem suficientes nem salvadores?

- Então um membro destacado do partido anda para aí aos gritos, que há folgas, que há almofadas, que há edredons, pufes, poltronas, etc., anda, pela porta do cavalo, a dizer que não há nada disso, que o que há, ou vai haver, não chega, e que são precisos mais 25 mil milhões?

- Então a criatura é capaz de dizer estas coisas sem pedir desculpa por se ter enganado ou pelos enganos com que andou a entreter a Nação durante anos e anos? Sem pedir perdão por ter negociado e subscrito um acordo que não chega, sem pintar a cara de preto antes de mandar as suas bocas?

- Então, então, então…

 

Aqui temos um exemplo vivo do que foi o pintodesousismo: seis anos e meio a enganar as pessoas, sabendo perfeitamente que as estava a enganar, consciente que nada lhe permitia fazer as promessas que fazia, que jamais teria dinheiro para pagar o que comprava, que cada coisa realizada era mais uma contribuição para a ruína do país e dos cidadãos.

Dir-se-á que o IRRITADO está a bater em mortos.

Não está.

Primeiro, porque essa gente não está morta. Está viva e continua a sua “obra”, agora por outros meios mas tão iresponsavel e aldrabonamente como dantes.

Segundo, porque é preciso lembrar o que fizeram e o que nos deixaram como herança.

 

Nunca a expressão “pesada herança” fez tanto sentido como hoje.

 

25.11.11

 

António Borges de Carvalho

A GREVE DOS INSTALADOS II

 

Ontem, aqui no meu bairro, tudo minha gente trabalhava como é normal e habitual, táxis, restaurantes, talhos, lojas de bebidas, capelistas, tabacarias, bancos, escritórios, etc., até os correios!

Talvez houvesse menos gente na rua, talvez houvesse menos gente a trabalhar, não porque fizessem greve mas porque tinham sido presenteados pelos fabricantes de miséria com falta de transportes.

 

Logo de manhã, a tropa fandanga do Silva, do Jerónimo e do tipo da UGT causava as maiores chatices a quem quisesse trabalhar. Havia “delegados sindicais”, se calhar daqueles que - como o bigodes dos professores e a dona Aviola, ou lá o que é - há muitas décadas não põem os pés no trabalho, havia reformados com quarenta anos, como um que se veio como tal declarar às tipas da televisão, havia puros díscolos, sedentos de desordem, havia de tudo, com coletes vermelhos, ou seja, devidamente “identificados” e cheios de imponente autoridade, a invectivar os cidadãos ditos livres que queriam trabalhar ou a pôr-se, como toda a gente viu, à frente das camionetas e dos comboios para não os deixar andar e a queixar-se da polícia que defendia a liberdade de trabalhar como defende a dos grevistas, a intimidação sindical/política estava espalhada por toda a parte, sem peias, sem vergonha na cara, a vender ideias absurdas, a convencer as pessoas de coisas impossíveis, idiotas e mentirosas, na mais desbragada e indecente exploração da inocência, da crendice ou da impreparação das gentes, tudo isto como se a greve, dita geral mas parcialíssima, ajudasse a resolver fosse quer problema fosse.

 

Como o IRRITADO atempadamente informou, foi a greve dos instalados, ainda que com algumas honrosas excepções. Greve dos que estão de poleiro, dos que menos precisam, perante um povo que sofre e trabalha quando tem trabalho, contra um povo que não goza dos privilégios dos instalados, funcionários públicos, professores, polícias, malta das empresas do estado, um povo que quer ajudar a resolver os problemas - como todas as sondagens provam à saciedade e por larga margem - não agravá-los, tudo organizado para segurar os privilégios que o socialismo lhes pôs nas mãos mascarados de direitos, e que querem guardar doa a quem doer e custe a quem custar.

 

É evidente que o uso do direito à greve como é entendido pelos silvas, jerónimos e tipos da UGT * - servos do escondido Seguro - nada tem a ver com o direito à greve que os compêndios consagram.

É outra coisa, uma arma política, imoral, ilegítima e criminosa, apostada em tirar as últimas fatias de pão da boca das pessoas de bem, apostando em, sobre a sua fome, construir o “mundo novo”, seja o dos “amanhãs que cantam”, seja o do socialismo “democrático”.

Chegados à política, há que reconhecer que a mais cínica de todas as posições é a do PS. Oficialmente, vai dizendo que não participa na greve. Oficiosamente, manda o seu miserável exército apresentar-se, lado a lado com os inimigos da liberdade, a tentar destruir o que resta dela neste mundo desatinado, sem rumo, sem eira nem beira.

No fundo, é o desespero mais completo - o do PS - por se saber culpado, o mais culpado de todos os culpados, e querer transformar a culpa em vantagem! Que tristeza, que miséria moral, que vergonha seria se vergonha tivessem.

 

Uma jornada afinal pífia. Os portugueses não instalados deram à canalha uma lição brutal. Trabalharam. Todos ou quase. Isso de greves “gerais” é para os aldrabões a soldo do Silva, do tipo da UGT, do desavergonhado Seguro e do falecido Louça. As pessoas propriamente ditas, o país, continuaram a trabalhar. O Estado é que não - e não todo - sejam quais forem os “números” que por aí andam, todos aldrabados, como de costume.

 

25.11.11

 

António Borges de Carvalho

 

Já me esquecia do Louça que, a fim de não ficar totalmente fora de combate, foi a Palmela mostrar o seu triunfante quão feio sorriso de vitória. Olhinhos brilhantes atrás das cangalhas, a criatura comunicou ao povo, com incontida alegria, que “hoje não se produziu nesta fábrica um único automóvel!”. Em nove singelas palavras o indivíduo sintetizou todo o significado moral e económico da jornada. Que inteligência!

JARDINADAS?

 

Anda nas bocas do mundo um projecto de regimento da assembleia da Madeira. De um modo geral, tanto quanto o IRRITADO hoje leu, a coisa é mais ou menos inócua, nada que não se passe por aí, em parlamentos vários, de várias práticas e tradições.

Uma das normas projectadas, porém, dá razão às manchetes que, ontem, esqueceram o resto e, como é costume, se centraram no mais polémico, a dar ideia que todo o projecto de regimento era uma porcaria e uma ofensa a elementares princípios geralmente respeitados pelos parlamentos dignos desse nome. Assim não era.

O que não quer dizer que a norma que provocou a tempestade não seja um pontapé na gramática como há muito - talvez desde os impostos retroactivos do Dr. Soares - se não via na nossa praça. Parece que tal norma postulava que um deputado podia votar sozinho com o número de votos igual ao dos deputados do seu grupo, podendo estes estar a banhos no Porto Santo durante as votações.

Os tipos que tal proposta produziram, ou são um bando de ignorantes ou têm o rei na barriga e, na modesta opinião do IRRITADO, se houvesse moral comiam todos, isto é, veriam cassado o mandato e iriam ter ideias malucas lá para casa. Trata-se de assunto sobre o qual nem sequer vale a pena argumentar, de tão idiota.

Só não se sabe se o chefe do PSD local sabia da história e a deixou passar a ver se colava. Isso é que é preocupante porque, a ser verdade, o homem é mais primitivo do que o IRRITADO pensava…

 

24.11.11

 

António Borges de Carvalho

FADISTICES

 

Não sabe o IRRITADO para que servirá ao Fado passar a “património imaterial da humanidade”. Nem sabe o que isso é, nem se dá dinheiro, nem se aumenta o prestígio do país, nem nada. Ignorância total e até culposa, já que há meses, para além da crise e da bola, não se fala noutra coisa, sendo de presumir que a indispensável explicação já tenha sido referida nalgum dos unanimemente entusiasmados “órgãos de informação”.

O IRRITADO gosta de uns fadunchos de vez em quando, gosta de guitarradas, mas não é do milleu.

 

Feitas estas declarações, de interesse ou do seu contrário, diga-se que o IRRITADO começou a avaliar a patriótica importância destas movimentações, por certo tão trabalhosas como caras, ao dar de caras com os “parceiros” do Fado no grande concurso mundial que, aos que o ganharem, fará mudar de dono. No nosso caso, o Fado deixará de ser nosso para passar a sê-lo “da humanidade”. Uma espécie de take over ou de vitoriosa OPV.

 

Aqui vão alguns dos tais parceiros, tidos pelos jornais por mais importantes:

- A Sabedoria dos Yurupari, ameríndios que gostam de jaguares;

- O Nijem Kolo, dança sem música da Dalmácia;

- A Tsiattista, dança cipriota, com cantorias várias;

- A Peregrinação a Qoylluriti, coisa que há peruanos que fazem num glaciar qualquer;

- Umas espanholadas de Algemesí, seja lá isso o que for;

- As Práticas e expressões musicais de Senufo, no Burkina Fasso;

- O Jultagi, funambulismo coreano;

- Etc. e tal.

Tudo coisas importantíssimas, que muito vão acrescentar ao património da humanidade, como é de ver!

 

O IRRITADO, que não é fadista nem acha que o Fado seja uma arte por aí além em matéria de sofisticação ou qualidade musical, fica de rastos com a companhia que lhe arranjaram. Goste-se ou não, o Fado tem uma dignidade que não se pode compaginar com manifestações folclóricas de jaez tal que as expressões do Senufo, os jaguares dos Yurupari ou as habilidades dos coreanos na corda bamba.

Se a candidatura fosse do Carnaval de Boliqueime ou da Associação dos Vendedores de Banha da Cobra, o IRRITADO apoiava sem reservas. Mas do Fado?

Que diabo, há, ou devia haver, limites para tudo. Há, ou devia haver, um pouco mais de respeito próprio dos portugueses em relação ao que lhes é querido, como o Fado.

É evidente que há uma data de fulanos e fulanas que ganham o seu à conta, que vão à Indonésia e mais não sei onde à conta, que se auto promovem à conta, que dizem coisas à conta, etc.

À conta de quem? O IRRITADO não sabe, mas desconfia.

 

Em conclusão, mais vale que o Fado seja só nosso. A “humanidade” que se lixe.

 

24.11.11

 

António Borges de Carvalho

A GREVE DOS INSTALADOS

 

É uma da manhã, o céu tem estrelas, não há vento, nem uma aragem.

A cidade das pessoas de bem dorme.

Nos nas alfurjas sindicais, as coisas agitam-se. Há piquetes, gente feroz à espera de insultar os canalhas que vierem ou quiserem vir trabalhar.

Lá em casa, Mário Soares rejubila. Mandou a sua malha, voltou às manchetes dos jornais e aos seus servos das televisões.

Em casa, quem trabalha, ou quem ganha a vida a trabalhar - coisa rara nos cidadãos portugueses, inchados de direitos, de slogans e de preguiça - pensa como há-de ir trabalhar de manhã, sem metro, sem autocarros, sem nada.

Nos aeroportos, os passageiros estiolam pelas arcadas, com fome, cansaço e sono, sem saber quando chegarão ao destino.

Nos covis dos ricos comandantes divertem-se pilotos e hospedeiras com garrafinhas de champanhe da executiva, comemorando a folga.

Os controladores de voo aproveitam para controlar os cabarés.

O maralhal da Carris, do Metro, da CP, os professores, os actores dos teatros do Estado, os enfermeiros, os médicos, tudo minha gente se prepara para o feriado.

Sim, meus senhores, com toda a razão. Este feriado é deles, não é da Igreja nem do governo. É da malta que regurgita direitos por todos os poros e que aceita obrigação nenhuma.

É da Nação número um.

Portugal, nestes dias negros, não é uma nação, é duas. A dos que trabalham e, queiram ou não, que têm que assumir alguma responsabilidade perante o patrão, perante a família e perante si próprios, a número dois, e a outra, número um, a dos que dependem do Estado, funcionários, professores, médicos, enfermeiros, tipos da Carris, do Metro, dos ferries, dos comboios, das empresa públicas, das polícias, da chusma de inúteis, ou quase, que se acoitam sob a asa protectora do Estado que o socialismo criou, gente que jamais poderá ser despedida, que jamais será responsável seja pelo que for, que é paga quer trabalhe quer não faça a ponta de um corno, gente que não vê um palmo à frente do umbigo, que acha que a crise é dos outros, não sua, que anuncia ao povo em geral, via canalhas como o Silva, o outro da UGT ou o Soares, a grande mensagem desta greve: nós somos os instalados, ai dos outros! Que se lixem! A nós ninguém lixa, ha,ha!

 

A noite tem estrelas, o ar é sereno, a temperatura é fresca, doce, as gentes dormem, os trafulhas agitam-se, amanhã ninguém vai à escola, nem ao trabalho, nem à missa, nem seja onde for.

A não ser, é claro, os parvos e os que sofrem na carne o estado do gloriosíssimo Estado que o socialismo nos deu, prenhe de direitos e de militante estupidez.  

  

24.11.11

 

António Borges de Carvalho

COERÊNCIA SOARISTA

 

 

 

 

O espantoso Mário Soares, que nada tem de fixe, encabeça um manifesto contra a austeridade, incitando os portugueses a ir para a rua, gritar a sua “indignação” e condenar veementemente a brutal arrancada do governo contra o nosso estimável povo.

 

 

 

A este propósito, para além de quaisquer considerações sobre a justiça dos tempos, convirá recordar a austeridade dos anos 80, comandada com mão de ferro por Mário Soares: impostos retroactivos, subsídios de Natal anulados, desvalorização maciça do escudo, anulação da capacidade de viajar, brutalidade total no ataque ao consumo, proibição de cartões de crédito fora do país, juros a rondar os 20%, etc., etc., até o Júlio Iglésias foi proibido de actuar em Portuga... um nunca acabar de cortes, recortes e desgraças.

 

    

 

Como é possível que a mesma pessoa venha agora reclamar?

 

Com que coerência?

 

Será uma pessoa? Um bicho?

 

Os problemas, no tempo dele, seriam outros?

 

A austeridade era uma fantasia de reaccionários?

 

A malta vivia melhor com a austeridade Soares que com a austeridade Passos Coelho?

 

Deixemo-nos de fantasias.

O que esta porcaria revela é a verdadeira natureza desse velho oportunista que se chama Mário Soares.

Um vilão.

Um bocas.

Uma das muitas desgraças da Nação.  

 

 

 

23.11.11

 

 

 

António Borges de Carvalho

 

CESARISMOS

 

O IRRITADO tem, por diversas vezes, expressado a sua revoltada indignação em relação à recusa do governo do senhor César em receber o navio construído nos estaleiros de Viana do Castelo, evidente manobra para fazer ajustes directos milionários com empresas gregas de aluguer de navios, não de algo de coisa que pudesse, tecnicamente, justificar-se.

 

O navio foi recusado por uma diferença entre velocidade ínsita no respectivo caderno de encargos e a velocidade efectiva do navio. Ainda que tal diferença não fosse significativa, o governo do senhor César aproveitou a deixa para efectuar negócios cuja legitimidade pode facilmente ser posta em causa.

Mais. O governo do senhor César procedeu de forma a arruinar uma empresa do Estado, contribuindo, sem a mais leve sombra de escrúpulo, para a nacional desgraça económica e financeira, para o risco de desemprego de centenas de trabalhadores qualificados e para o descrédito da nossa indústria de construção naval.

Nada nem ninguém caiu em cima do senhor César por este autêntico crime de lesa Pátria. Os ditames da sacrossanta autonomia foram mais fortes que o sentido crítico dos nossos governos, que o nosso Presidente da República, que as nossas leis, que os nossos procuradores, que os nossos tribunais, que a nossa polícia. Tudo minha gente se calou, se agachou, achando “uma pena” e, implicitamente, acusando os estaleiros de incompetência. Por causa de um nó de velocidade ou coisa que o valha!

Acresce que parece que o tal nó se ficou a dever a alterações ao projecto inicial, motivados pelo senhor César ou aceites por ele.

Acresce ainda que os últimos ensaios, há dias realizados, apontam para a ausência do alegado quão mísero defeito do navio. O navio viajou à velocidade do caderno de encargos entre Viana e Lisboa. Parece que o ensaio, nos preciosismos técnicos dos fiscais, só será válido se o mesmo resultado for conseguido no caminho inverso. No parecer das dormentes autoridades, vale mais tal preciosismo que o interesse de Portugal, seja ele continental ou insular.

Admitindo que, em sentido inverso, se verificasse a falta do nó em causa, que moral, mesmo assim, há na reiterada recusa do navio?

 

É claro que, no tempo do senhor Pinto de Sousa, estava tudo no melhor dos mundos. O senhor César era lá da organização, não podia ser chamado à pedra. A colmatar a maravilha, o camarada Chavez propunha-se comprar o navio. Mais barato, mas comprava.

Como era de calcular, a compra do camarada Chavez não passou de mote para uns dias de propaganda do senhor Pinto de Sousa. O camarada não comprou coisíssima nenhuma, o pessoal esteve à beira do desemprego, e não sabe ainda o que vai acontecer, ao dito e aos estaleiros.

 

Mais estranho ainda é que o actual governo, que parece estar a fazer o que pode para salvar a empresa e vender o navio a outrem, não tenha uma palavra de condenação do “patriotismo” do imperial senhor César, não mande a Judiciária investigar o negócio do aluguer de navios aos gregos - milhões por ajuste directo - e que não tenha havido, que se saiba, fiscalização do Tribunal de Contas, tudo parecendo claro como a água e legítimo como… o caraças!

 

22.11.11

 

António Borges de Carvalho

 

 

ET. Nem de propósito: foi anunciado que nos  comptentes ensaios, o nó em fata foi ultrapassado - mais um nó - na viagem de Viajrm depara Lisboa. Mas, por mais que fique demonstrado. o hierarca do socilalismo ibérico não ceVe. Será porque está feito com os gregos? Conosco,de certeza, nnão está. 

SACROSSANTA DATA

 

Andaram para aí uns jornais a dizer que o PS concorda com a abolição do feriado do 5 de Outubro.

Miserável atoarda da mais negra reacção!

Indignados, os serviços de “informação” do distinto partido apressaram-se a desmentir a notícia. Na sua douta opinião, o 5 de Outubro é “o símbolo maior do regime político português.

 

Pois é. É?

Como querem os socialistas incensar o regime, se escolhem, para seu “símbolo maior”, a data que marca o triunfo de sociedades secretas e de grupos terroristas, de assassinos (tão assassinos que haviam, até, de se matar uns aos outros), de “intelectuais” pseudo “modernos” e sequiosos de poder e honrarias?

Como querem os socialistas simbolizar o “regime político português” se para tal escolhem a imposição armada de uma ditadura de ideias macabras à revelia dos mecanismos democráticos que facultavam aos republicanos o direito à propaganda e à representação política e parlamentar? 

Como querem os socialistas rever-se num sistema que diminuiu o direito de voto dos portugueses, que perseguiu tiranicamente todos os movimentos sociais do seu tempo, que prendeu, torturou e degredou milhares de portugueses, que envolveu a Pátria no inútil banho de sangue da I Guerra Mundial, metendo num chinelo as tropelias da ditadura em que havia de se converter 16 anos depois?

 

Pobre regime o nosso se se orgulha de tal data!

Será esta a explicação para o estado a que chegámos?

 

21.11.11

 

António Borges de Carvalho

OS COMBUSTÍVEIS AFINAL SÃO BARATOS

 

Pode dizer-se que todos os portugueses acham que os combustíveis são caros. Caríssimos!

Todos? Não! O inenarrável Costa, desgraçadamente presidente da Câmara de Lisboa, acha que não. Vai daí, para colmatar os buracos da sua magnífica gestão, propõe que, sobre os combustíveis, seja cobrada mais uma “taxa”, isto só para Lisboa e arredores. A alta consideração socialista em que tem os seus munícipes leva-o a imaginar mais uma forma de os explorar. Tem toda a razão. Quem cometer o crime de ter um carrito já sabe. Pumba! Pimba! Toma!

 

Os combustíveis, teatro dos mais evidentes cartéis, dos quais o Estado faz parte via impostos ad valorem (mais de metade do preço ao consumidor), são um dos mais evidentes sinais da total inutilidade das “agências” estatais, das “autoridades” estatais, dos “observatórios” estatais e de outros que tais, teoricamente destinados a controlar os preços, a fiscalizar a concorrência, a tratar da energia e dos produtos petrolíferos, etc. 

Talvez abolindo esta gente os preços baixassem, já que esta gente é cara, caríssima, e que os efeitos da sua (in)acção são, pelo menos, catastróficos.

 

Entretanto, há que dar ao Costa o benefício da dúvida. Ele quer entrar em força na gestão dos transportes da capital.

Para tal, uma vez que tais transportes estão super falidos, como toda a gente sabe, para além da bordoada nos combustíveis, o camarada quer “participar” nos proventos das taxas de entrada na cidade, leia-se nas portagens de pontes e auto-estradas. Como as respectivas empresas não vão, sem mais nem ontem, entregar parte da sua facturação ao Costa, se o Costa lhes cai em cima, pumba, pimba, toma, aumentam os preços.

Trata-se, diz o Costa, de angariar fundos para sustentar as empresas estatais de transportes. Genial. Quer mandar em tudo, até nas concessões. Mas como está farto de buracos, quer pôr-se a colmatá-los, sacando às pessoas, para depois se sentar mais à vontade nos conselhos de administração.

 

Aguardemos calmamente o desenrolar dos acontecimentos.

 

21.11.11

 

António Borges de Carvalho

GREVE GERALMENTE GRAVE

 

Antes de se saber ao certo a dimensão do estrondoso êxito (garantido pelo Jerónimo!) da greve geral do PC e Cª, talvez não seja mau recordar o que é o direito à greve e o que justifica o seu exercício.

 

Partindo do princípio que quem trabalha por conta de outrem é objecto, por parte do outrem, das mais inacreditáveis tropelias, não tendo “armas” para se defender terá como recurso a greve, a fim de, prejudicando o outrem, o convencer a fazer aquilo a que os grevistas têm, ou se acham com direito.

Nesta ordem de ideias, e ao contrário do postulado, o que se verifica é que os trabalhadores por conta de outrem - entenda-se os representados pelo Silva e quejandos - têm, hoje em dia, as mais variadas “armas”, todas exteriores à greve: sindicatos aos pontapés, hordas de jornalistas às ordens, televisão à porta sempre que entendem, conselhos de concertação onde concertam e desconcertam à vontade, dois ou três partidos políticos por conta, etc. Não pode dizer-se que se não exprimam como entendem e quando entendem, com altifalantes aos montes e “informação” ao serviço.

 

Por outro lado, quem pode fazer greve são aqueles que, por uma questão de princípio, não precisariam: os que têm emprego.

Vivemos num país onde após largos anos de rebaldaria financeira, gostosamente apodada de “pouca” pelos dirigentes dos grevistas, as pessoas se dividem em duas categorias fundamentais: as que são pagas, umas trabalhando outras não fazendo nenhum, e as que o não são porque estão no desemprego (muitas) ou não querem trabalhar (algumas).

Numa primeira abordagem, ficaríamos com a ideia de que a greve seria legítima para os que a não podem fazer, problema sem saída, e menos justificável para os outros, os que podem fazê-la e a fazem porque, apesar do privilégio do trabalho, acham pouco o que recebem.

Não é assim. Os campeões da greve são os que têm emprego e, destes, os que melhores empregos têm. Os exemplos são muitos: os magníficos pilotos da TAP, coitadinhos, os maquinistas da CP, gente bem paga por pouco trabalho, os antipáticos tipos da Carris a quem até o barbeiro é pago pelo patrão, e por aí fora, num nunca acabar de enjeitados desta vida.

Distinta malta que, devidamente reforçada pelos profissionais do PC e pelo Louça mais meia dúzia, devidamente engrossada pela malta da CGTP e da UGT e acompanhada por legiões de habitués, vai conseguir, presume-se, a maior greve de todos os tempos - na doce prémonição do camarada Jerónimo.

 

Só não vai lá estar quem precisa, quem não tem emprego, quem tem um emprego de xaxa, quem corre o risco de ir para a rua a qualquer momento.

Uma greve contra quem precisa, contra os pobres, contra os enteados do socialismo.

Vai haver piquetes por toda a parte, a liberdade de trabalhar será letra morta, o povo ficará prisioneiro nas estações, nas paragens de autocarro, em casa, os que não quiserem alinhar serão obrigados a fazê-lo e ficarão para o resto da vida classificados como “amarelos”, votados ao ostracismno  sindical e olhados de lado, o país perderá milhares de milhões, os credores ficarão (mais) desconfiados, os juros aumentarão,  enfim, a greve geral vai ser a maior e mais destrutiva iniciativa dos últimos anos, um acto político contra a cidadania, os cidadãos e o país em geral.    

 

20.11.11

 

António Borges de Carvalho

PORTUGUESES HÁ MUITOS

 

O Prof. Cavaco Silva, Presidente da República

 

- é o que diz a Constituição, e muito bem, ficando liminarmente excluído, preto no branco, e muito bem, que Sua Excelência seja Presidente de Portugal, ou da Nação Portuguesa, ou dos Portugueses, ou de qualquer Português,  Presidente da República e é um pau -

 

andou, e muito bem, a propagandear a República por terras do camarada Obama.

O IRRITADO aplaude.

Como não podia deixar de ser, o maralhal lá do sítio fez gala em mostrar o seu acendrado patriotismo, querem ajudar, querem investir, querem pôr à disposição as suas monumentais economias, querem aproveitar as oportunidades de que o Presidente fala, etc., mas… mas em Portugal é o diabo, a burocracia, a administração pública, a inenarrável constelação de empatas cheios de poder, a “mentalidade de complicar em vez de ajudar”… enfim, os fulanos são uns patriotas, mas aturar o que nós por cá aturamos nem pensar.

Carradas de razão.

Está tudo certo. O que não está certo é o que o Presidente respondeu a estas queixas. Disse ele, em relação ao investimento dos emigrantes, que lhes “deve ser dada a possibilidade de o fazer sem entraves burocráticos ou constrangimentos administrativos”.

E nós?

Então o senhor Presidente acha que isso de prescindir dos entraves burocráticos e dos constrangimentos administrativos é só para emigrantes? Os emigrantes são portugueses de primeira e nós de segunda?

Ou o Presidente, na sua sanha propagandística prometeu o que sabia não poder cumprir?

Ou o Presidente acha que o é de outra república que não esta?

 

16.11.11

 

António Borges de Carvalho

TROPA FANDANGA

 

Quando se vê uma multidão de militares desfilar nas ruas em manifestação sindical, fica a perceber-se que alguma coisa está muito mal entre nós.

Não, desta vez o que está mal não é a crise, não é o governo, não é o orçamento, nem a oposição, nem a AR, nem o PR, nem a Justiça, nem a Constituição nem a Lei.

Nada disso. O que está mal é o estado de miséria moral e profissional a que os militares chegaram. Todos os militares, já que parecem dividir-se entre os andam na rua e os que não protestam por eles andarem na rua. Ninguém fica de fora.

Parece que as invectivas dos estúpidos - para aplicar um substantivo soft - tipo Otelo ou Vasco, fizeram caminho nas fileiras. Aliás, se nos lembrarmos dos capitães do 25, cujo acto se enraizou, ressalvadas honrosas excepções, mais em descontentamentos sindicais que em sentimentos democráticos, verificamos, clara e tristemente, que o sentido aristocrático e nobre da sua profissão, perdido nos anos do fim da ditadura, em vez de ser recuperado em trinta e tal anos de democracia, está na mesma, ou pior.

Os militares acham-se, como os agulheiros da CP, os motoristas da Carris, os pilotos da TAP e demais chusmas de dependentes do Estado, muito acima dos demais. Os sacrifícios não são para eles. Que se lixem os outros, que se lixe a Nação. Se lhes não tocarem no pote, tudo bem. Se tocarem, vêm para a rua defender os seus intocáveis direitos, sem querer perceber que o que era direito é agora privilégio.

Os que dependem do Estado (é o caso do autor do IRRITADO, via CNP), deviam perceber que não podem deixar de ser os primeiros a valorizar, sem um protesto, a relativa estabilidade de que gozam e que a outros não assiste. Por maioria de razão os militares, já que tanto se gabam dos seus “altos serviços”. Isto se ainda tivessem alguma noção da dignidade do que fazem e do que deles temos o direito de esperar.

 

16.11.11

 

António Borges de Carvalho

O IMPÉRIO DO RIDÍCULO

 

O IRRITADO tem passou uma semana na risota. É que anda para aí um jornal a publicar uma enorme “investigação” sobre a Maçonaria, a irmandade em tempo conhecida, por razões desconhecidas, como dos “filhos da viúva”.

 

Já lá vão muitos anos, um maçon meu amigo, convidou-me para entrar na organização.

A coisa começaria por ir a uma “sessão branca”. Que é isso? - perguntei. É uma sessão aberta aos “profanos”, em que o “templo” tem os “altares” tapados.

O que é isto? - pensei, a lembrar-me dos tempos em que, no luto da Semana Santa, os altares das igrejas tinham as imagens tapadas com panos roxos. O que é isto? Templo? Altares? Profanos? Uma religião? Mas as religiões - pelo menos a mais comum entre nós - têm as portas abertas e recebem toda a gente!

Metido na enrascada e não querendo ser antipático, pedi ao meu amigo que me desse os estatutos da organização, para que pudesse avaliar dos direitos e deveres que a filiação implicava. Ao que me foi respondido que não, a “constituição” era coisa não pública, coisa de “iniciados”. Saíramos do domínio do religioso para entrar no do esotérico.

A conversa, como é de calcular, ficou por ali.   

 

Agora, às voltas com o jornal, vejo-me mergulhado outra vez em estranhas linguagens, aventais, compassos, olhos a espreitar por triângulos, báculos ou coisa que o valha, bonecada avulsa, outra vez os templos, as iniciações, as cerimónias, o secretismo, os títulos honoríficos, rebuscados, impossíveis, inacreditáveis, os graus, toda uma patética panóplia de símbolos e de linguagens, coisas reservadas aos “irmãos” segundo os decretos da hierarquia da coisa.

 

Tudo isto, para quem vê de fora, é pelo menos ridículo, patético e idiota. A Idade Média ressuscitada no Bairro Alto.

Ou então será outra coisa, que não pode deixar de ser ilegítima, opaca e inconstitucional, e daí perigosa. Senão pergunte-se em que “Diário da República” vem publicada a respectiva “constituição”.

 

16.11.11

 

António Borges de Carvalho

COMUNICAÇÃO SOCIAL

 

Aqui há dias, os jornais, rádios, televisões, tudo manchetes, primeiras páginas, aberturas, etc., não falavam noutra coisa que não fosse as declarações do ministro Álvaro sobre o fim da crise.

É evidente que o ministro Álvaro perdeu uma bela ocasião para estar calado, como há anos o homem do “oásis”, ou o senhor Pinto de Sousa no seu dia a dia. Previsões são coisas de que nunca se deve abusar, muito menos no estado e no Estado em que estamos.

O homem escorregou, é certo, deu ideia que as suas esperanças eram realizáveis, e quando. Mas o que “anima” a chamada “comunicação social” não é isso. O homem disse a coisa de duas formas diferentes, dentro e fora da reunião.

O IRRITADO, certamente frágil em matéria de QI, por mais que fizesse a profunda exegese das duas declarações, não conseguiu distinguir a profundidade da diferença entre uma e outra. O homem disse mais ou menos a mesma coisa em dois momentos diferentes e por diferentes palavras.

Mas a “informação” é o que é. Não há nada a fazer. Não houve órgão da dita que não encontrasse monumentais diferenças entre uma e outra, quem não acusasse o Álvaro de “recuar”, de se “desdizer”, de não saber o que diz, o diabo a quatro.

Malta escrupulosa, independente e séria.

 

16.11.11

 

António Borges de Carvalho

PILARES DO PENSAMENTO

 

Um grupo de altas individualidades, auto intituladas “moderadas”, iluminou a Nação com as suas doutas opiniões.

Tudo gente do mais fino: o “saudável” Arnaud, glória do socialismo maçónico, a dona Roseta, viajante partidária de alta velocidade, o professor Miranda, especialista em confusões constitucionais, o Maltez, perito em graças, gracinhas e graçolas, uma tal Marina, declarada “politóloga”, o colega dela André Freire, empedernido socialista, o arquitecto Portas, surgido do lado esquerdo do nevoeiro de Vila do Conde, e mais não sei quem.

Gente de uma finura a toda a prova, com denominador comum em simpatias esquerdóides mais ou menos nefelibatas.

O “manifesto” que assinam diz, repete e glosa o que está dito, repetido e glosado por toda a parte. Nada de novo. A mesma paranóia, a mesma condenação gratuita do orçamento, sem uma linha que aponte para qualquer solução que não seja a de ir alimentando a ideologia.

Que diabo, parece que, se houvesse alguma solução menos dura, não havia quem a não quisesse, a começar pelo governo. Por isso que esta gente, se quisesse ajudar a malta teria pensado no assunto e dito como devia ser.

Já que se queixam da insegurança do Seguro, resolvem reafirmar grandes princípios, a fim de chamar a atenção para si próprios, para a sua fertilidade crítica, para a sua fidelidade ideológica e para a sua total ausência de pensamentos que, na situação em que estamos, valessem a pena.

 

14.11.11

 

António Borges de Carvalho

NO QUARTEL DA CAÇA ÀS BRUXAS

 

O pessoal da caça às bruxas é incansável. Pega nuns exemplos, generaliza, e aí está este mundo e o outro metido nas mais inenarráveis tropelias.

Quando, porém, se trata de alguma coisa que pareceria ir ao encontro dos seus desejos, o dito pessoal nem dá por isso.

É assim que, no quartel dos caçadores, passou despercebida a decisão do governo de limitar os vencimentos dos gestores públicos.

O rapaz da TAP leva um boléu de 82%. O camarada da impossível RTP vê 69% do cacau ir à vida. O grande comandante dos CTT fica sem 62%. Etc., por aí fora.

 

Do pessoal da caça às bruxas, nem uma palavra. A luta continua.

 

14.11.11

 

António Borges de Carvalho

WISHFUL THINKING

 

Ninguém, que se saiba, sabia da existência de uma comissão encarregada de estudar a “informação televisiva”.

A coisa passou a ser conhecida no dia em que três altíssimas (?) personalidades da nossa praça se demitiram. Que maçada!

Então não é que, na tal comissão, havia quem achasse que a informação devia ser reduzida na televisão pública? Que topete!

E o IRRITADO que se irrita tanto com os telejornais do senhor Rodrigues dos Santos, grande exegeta bíblico, intragável piscador de olho, socialista “independente”? Uma hora, meus senhores, uma hora de notícias em que mais de metade é preenchida com patacoadas! E o IRRITADO que se irrita tanto com aquela rapariga da SIC Notícias que guarda para os dois minutos finais, depois da publicidade, as notícias que interessam?

Há países civilizados onde a informação diária é transmitida em meia hora, condensando o importante. Os tipos que deram umas facadas à sogra e a prima da cunhada da vizinha do prédio onde rebentou uma garrafa de gás ficam para outros momentos e outros programas. Por cá, os intelectuais demitem-se, indignados, se alguém propuser tal coisa. “Independência nacional”?!

 

Bom, a origem de tudo isto está na estranha política do ministro Relvas. O homem, decididamente, não sabe o que quer, a não ser que não quer fazer o que fazer devia: acabar com a RTP, e pronto. Vai daí, nomeia uma comissão, decisão clássica em casos destes.

Os senhores ou senhoras da dita comissão desatam à cacetada, vão embora, des-solidarizam-se. Caldo entornado.

E agora? Agora, teria o ministro Relvas um bom pretexto para repensar a matéria e tomar uma atitude.

 

Wishful thinking!

 

14.11.11

 

António Borges de Carvalho

MISÉRIA MORAL

 

Uma das jóias da cidade de Lisboa e do país, um dos mais originais testemunhos da época áurea da nossa história, a Casa dos Bicos, vai ser, com pompa e circunstância, entregue pelo Município, na intragável pessoa do seu presidente, ele próprio consequência da imperial miscigenação, a uma espanhola!

Não se percebe porque há-de a Casa dos Bicos estar na dependência, ou ser propriedade, da Câmara. A Casa dos Bicos tem valor e significado nacionais, não municipais ou não principalmente municipais.

Não se percebe porque há-de um precioso testemunho do nosso séc. XVI ser entregue aos restos de um discutível escritor do séc. XX, talvez o mais chato, prolixo e pedante da nossa língua.

Não se percebe porque há-de o município gastar uma considerável fortuna para adaptar a Casa dos Bicos às necessidades e exigências de uma espanhola, ainda por cima senhora e gestora de considerável fortuna e de consideráveis rendimentos, coisas que ficam a salvo dos gastos que exigiu.

Não se percebe o alheamento de tanta gente tida por responsável perante o atentado ao património que vai consumar-se depois de amanhã.

 

Mas há tanta coisa que não se percebe nesta terra que também não se percebe porque há-de o IIRTADO querer perceber esta.

 

14.11.11

 

António Borges de Carvalho

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