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irritado (blog de António Borges de Carvalho).

O SOCIALISMO É A FILOSOFIA DO FRACASSO, A CRENÇA NA IGNORÂNCIA, A PREGAÇÃO DA INVEJA. SEU DEFEITO INERENTE É A DISTRIBUIÇÃO IGUALITÁRIA DA MISÉRIA. Winston Churchill

irritado (blog de António Borges de Carvalho).

O SOCIALISMO É A FILOSOFIA DO FRACASSO, A CRENÇA NA IGNORÂNCIA, A PREGAÇÃO DA INVEJA. SEU DEFEITO INERENTE É A DISTRIBUIÇÃO IGUALITÁRIA DA MISÉRIA. Winston Churchill

ESQUECIMENTOS

 

É verdadeiramente indigno, injusto, irracional e doentio que o senhor Mário Soares não desista de dizer inverdades e asneiras.

Deram-me - não compro - a revista “Visão”, publicação pouco interessante que o senhor Balsemão tem nas bancas.

Então não é que o senhor Soares, cronicando, se vem gabar que foi ele quem começou as privatizações em Portugal?

Esquece-se de se gabar também que foi ele quem as atrasou, entre 1982 e 1989. Só ele, mais ninguém que para tal tivesse poder. Gaba-se de ter feito o que acusa os outros de estar a fazer. Com ele, as privatizações (depois de 89…) eram legítimas e fundamentais. Feitas pelos outros, são condenáveis.

Acha que a venda, pelo Estado, de acções de uma empresa privada, é uma privatização.

Esquece-se do que terá aprendido em rapazinho.

Confessa-se defensor da economia de mercado. Mas acrescenta que nem por isso.

Acha que o Estado deve manter fortes posições de proprietário, o que, para ele, é a posição ideológica de um verdadeiro social-democrata.

Esquece-se do seu pai político, o malogrado Olof Palme que, sendo um social-democrata de referência, abominava as incursões estatais na economia, coisa que reduziu a menos de 5%. Esquece-se de Helmut Schmidt e de tantos outros, que fizeram triunfar a social-democracia sem precisar de fazer do Estado patrão dos cidadãos.

Parte do princípio que o dinheiro a receber pelo Estado a partir das privatizações vai ser mal gasto.

Esquece-se de se ver ao espelho, e ao seu partido, em matéria de dinheiro mal gasto.

Acha que o “povo” tem que ser “ouvido” nestas específicas matérias.

Esquece-se da sua tão propagandeada como, pelos vistos, mitigada fé na democracia representativa e na legitimidade do poder.

Esquece-se que não perguntou nada a ninguém quando impediu que se fizessem privatizações, como se esquece que nada perguntou fosse a quem fosse quando as fez. Talvez ache, mais uma vez que, sendo dele, o poder de privatizar é legítimo, sendo de outrem, não o é. Com ele, não era preciso “ouvir a vontade popular”, seja lá isso o que for. Com os outros, eleições não bastam, não conferem poder nem legitimidade, têm que perguntar às “massas”, que disso muito sabem, desde que lhe dêem a resposta “certa”.

Em suma, quando a cegueira política lho exige, esquece-se do que lhe der jeito esquecer e inventa o que estiver a dar, sem cuidar de mentiras, invenções ou meias verdades.

 

O IRRITADO não entrará na argumentação de alguns caridosos amigos e inimigos do senhor Soares. Uns e outros dizem que, coitado, o senhor está velho, já não sabe o que diz, falha-lhe a memória…

Tudo mentira. O senhor Soares nada tem de coitado, sabe o que diz, memória não lhe falta. Aldraba e tergiversa segundo as suas conveniências.

Nada tem de patético, nada diz que mereça o benefício da dúvida.

 

Não tem perdão.

 

30.12.11

 

António Borges de Carvalho

RENDAS

 

Talvez cheio de boas intenções, vai o governo alterar o regime do arrendamento urbano.

Desgraçadamente, querendo acabar com a bagunça imobiliária em que vivemos há um século,

(ao contrário do que para aí se diz, os males do arrendamento não começaram com a II República mas com a primeira…)

o governo, acusado de liberal (?), continua a insistir nos erros do passado, isto é, continua tudo a não ter nada de liberal.

O Estado continua a ter o monopólio do controle de negócios privados, onde jamais se devia ter metido. As rendas aumentam ou não aumentam segundo os critérios do Estado, os senhorios continuam a ser obrigados a substituir-se ao Estado na assistência social, o novo sistema afigura-se tão burocraticamente complicado como o anterior, os tribunais continuam a ser a instância competente para decidir evidências, cria-se pelo menos mais uma “repartição” pública para tratar dos assuntos, os velhinhos ricos são iguais aos velhinhos pobres, os deficientes ricos são iguais aos deficientes pobres… e a única coisa verdadeiramente útil de que se fala – a taxa liberatória – fica para mais tarde…

Tudo isto por mor da “justiça social” e do Estado do mesmo nome.

 

Umas décadas atrás, um governo mexeu nas rendas. Ai Jesus, que vai ser a desgraça de muita gente! Tal governo, pelos vistos mais “social” que o “liberal” que temos, assustado, criou um fundo de assistência aos inquilinos mais pobres. De tal fundo, os atingidos pela “desgraça”, pelo tal horrível problema social, utilizaram uns cinco por cento!

Mas o argumento da “desgraça” não deixou de fazer o seu rumo. Só que, agora, não vai haver fundo nenhum. Os senhorios que se aguentem e acabou-se. São obrigados a desempenhar, à sua custa, as funções do Estado… social.

Depois, não nos falem de reabilitação urbana e de outras lérias que só servem para o recreio intelectual das rosetas e dos costas, para gáudio, aliás estúpido, do fisco, e para a criação de mais umas burocracias, tão caras como inúteis.     

 

31.12.11

 

António Borges de Carvalho

LA GRANDEUR DE LA FRANCE

 

Os franceses, do Presidente ao mais pequeno cidadão, são uns tipos cheios de grandeur. A coisa tem alguma justificação: aquilo é um grande país, uma grande economia, um grande produtor de ciência e de cultura.

Para além disso, trata-se de gente que faz das fraquezas forças, ou que ignora o que não lhe agrada. De Vercingetorix a Napoleão, de Alesia a Watterloo, os seus heróis vencidos são comemorados como se de vencedores se tratasse. Os franceses são, todos, vencedores da II guerra mundial, mesmo tendo começado por se render e por apoiar o inimigo. De Gaulle foi, por exigência própria, o primeiro a entrar em Paris em 45, recusando-se a reconhecer que o mérito da vitória era mais de outros que dele, mais de britânicos e americanos que dos seus.

A grandeur de la France está presente em todos os franceses, é uma verdade adquirida e inultrapassável, mesmo que o império se vá, mesmo que a língua se perca, aconteça o que acontecer. Ao contrário dos portugueses, que sabem que foram gente em tempos que já lá vão, mas interiorizaram que pouco lhes resta de tais eras, os franceses são grandes porque sim, haja o que houver.

 

Vejam o senhor Sarkozy, coitado, metido numa camisa de onze varas, com a economia a esvair-se aos poucos, o desemprego a galopar, a inquietação nas ruas, as finanças a fingir que são o que já foram, as agências a ameaçar, e ele, tão pequenino, sinceramente convencido que é enorme!

Vejam como ele se arrasta atrás da alemã, mero chevalier servant da gorducha teutónica. Nariz arrebitado e salto alto, fingindo não dar por nada ou não dando mesmo por nada, aí vai ele a gritar “eu também, eu também!”. A gorducha precisa dele, é verdade, não podia apresentar-se sozinha a dar ordens, o escândalo seria enorme ou maior do que já é, se aparecesse sem a bengalinha francesa, convindo-lhe o patético convencimento de grandeur do homenzinho.

 

E daí, meus amigos talvez os franceses, bem representados pelo seu Presidente, tenham razão. Quem se abaixa mostra o rabo, diz o povo. Num tempo em que parece que mostrar o rabo está na moda - é o que se vê nas ruas - é capaz de não ser estúpido andar a escondê-lo atrás do da dona Ângela, que é francamente mais largo.

 

29.12.11

 

António Borges de Carvalho

SUGESTÕES DE POUPANÇA

 

 

1. ACasa Real espanhola recebeu do Estado 8,4 milhões de euros em 2011.

Em2012, aPresidência da III República Portuguesa, em regime de alta poupança, custará ao Estado mais de 15 milhões de euros (número do OE).

Se acrescentarmos a estes 15 milhões os custos da eleição do PR (uns 5 milhões) e dividirmos por cinco anos de mandato, teremos 16 milhões.

Uma vez que estamos em austeridade, o IRRITADO sugere que se acabe imediatamente com o Presidente e se dê posse parlamentar ao Senhor Dom Duarte como Rei de Portugal. Ganhar-se-á em representatividade nacional, poupar-se-á 8 milhões e livrar-se-á a Pátria das bocas sacripantas de Belém e da dona Maria.

 

2. ARTP vai custar, em 2012, uns 120 milhões do orçamento - em austeridade, porque, de costume eram uns 350, mais outro tanto da contribuição, ou taxa, ou lá o que é, do “audiovisual” que o povo, pacientemente, paga na factura de electricidade, sob pena de… ficar sem electricidade.

O IRRITADO sugere que se feche a loja quanto antes, se venda o património, se pague a nova indemnização legal ao pessoal e se continue com a RTP Internacional e a RTP África, por compra de serviços à SIC e à TVI.

Acabar-se-á assim com a taxa, ou lá o que é, com as “indemnizações compensatórias” e com a mama do Rodrigues dos Santos. Dar-se-á um balão de oxigénio ao Balsemão - coitado, anda à rasca - e far-se-á a felicidade do senhor Amaral, que é um rapaz cheio de iniciativa.

 

29.12.11

 

António Borges de Carvalho

INCÊNDIOS

 

 

A opinião pública, devidamente incitada pelos media, é levada a crer que os fogos nas avenidas novas foram postos pelos respectivos proprietários.

Não se sabe se foram postos, ainda menos por quem. É notório que havia “okupas” nos prédios, é notório que cozinhavam e se aqueciam, lá dentro, com fogueiras. Quem foi? Quem dirá?

 

No caso da Elias Garcia, de que só resta a fachada, tem sido referido que o proprietário, que ali adquiriu três prédios, sendo um no gaveto da Av. da República, quereria construir um hotel. Anda há anos para trás e para diante na CML, tudo lhe sendo negado. Não se pode fazer ali um hotel. Porquê, se duas esquinas mais abaixo se está a construir um? Ninguém perceberá. Porquê, se na zona há dezenas de hotéis? A CML sabê-lo-á por ventura. Não se pode fazer um hotel porque se trata de um “conjunto edificado de interesse municipal”.

O prédio ardeu. O prédio ruiu. Para desgraça do proprietário, ficou de pé a fachada. Se foi ele que pôs o fogo, ou é incompetente, ou recorreu a tipos sem o devido profissionalismo.

Ninguém, a começar pela CML, sabe para que serve a classificação de imóveis de “interesse municipal”, a não ser para um efeito: fomentar a burocracia. Quem se dirigir à CML e perguntar por que carga de água lhe classificaram um prédio e o que é que isso quer dizer não obterá resposta outra que não seja a da total ignorância sobre o assunto. Total? Não! Dir-lhe-ão também que nem pensar em tocar no que é seu. Se o fizer, está feito, não se sabe ao certo porquê. Se pedir autorização para o fazer, então, passado um calvário de anos, acabará por desistir. Entretanto, o imóvel de “interesse municipal” vai-se degradando, restando ao proprietário pedir aos santos que se desmorone.

 

Se cair, de quem é a culpa?

Aqui, não tem o IRRITADO nenhuma dúvida. A culpa é da Câmara, repugnante selva onde a iniciativa tropeça, onde os cidadãos são perseguidos, onde impera a burocracia, se não coisas piores. A culpa é da lei do arrendamento, dos labirintos das leis de urbanização, da multiplicidade das instâncias, da multidão de organizações parasitas que, devidamente “certificadas”, enxameiam os processos com papéis, bonecos, vistorias e facturas.         

 

Se perguntarem ao IRRITADO quem são os incendiários…

 

29.12.11

 

António Borges de Carvalho

INTELIGÊNCIA E ORIGINALIDADE, OU DA TÉCNICA DO LUGAR COMUM

 

Lembram-se daquela história do lente que, depois de ouvir o examinando, disse: “A sua dissertação é feita de ideias boas e de ideias originais. O problema é que as boas não são originais e as originais não são boas…”?

Estava tudo dito e o chumbo garantido.

 

Vem isto a propósito da mensagem de Natal do insigne Seguro. O homem espremeu as meninges e debitou coisas tão originais como “há mais política para além do défice”. Tal política, diz, faz-se “criando riqueza em vez de ficarmos mais pobres”. Notável, tanto o brilho das ideias quanto o uso da língua portuguesa.

Pobre imitador dessa desgraça em figura humana que sobre nós se abateu e se chamou Sampaio, Seguro não se lembra da guerra que o seu antecessor no PS fez à política orçamental da dona Manuela, gritando aos sete ventos a cassete de “economia”, nem parece ter dado pelos resultados que tal douta cassete acabou por nos oferecer.

Outra maravilha, digna do Guiness, é esta afirmação: “há outro caminho para sairmos da crise”, coisa martelada à exaustão pelo camarada Jerónimo, pelo arcebispo Louça e por tantos outros notáveis especialistas nestas matérias. Tal como esta fogosa matilha, o Seguro não diz - não sabe ou guarda segredo - que caminho será esse, levando-nos a pensar tratar-se do caminho por onde andávamos durante os inolvidáveis tempos do senhor Pinto de Sousa.

Sejamos justos. O homem, afinal, aponta um caminho de uma originalidade e de uma qualidade intelectual a toda a prova. Caminho que se fará “apostando no crescimento económico, no emprego e mobilizando os portugueses”, bem como “apoiando as nossas empresas e estimulando a nossa capacidade empreendedora” porque “só o emprego e o crescimento garantem…”, bla bla.

Depois, vêm o inevitável “sentido de justiça e de solidariedade”, o “equilíbrio”, a “sensibilidade social”, e outra vez o “sentido de justiça”. Fantástico!

Ah! É verdade! Com a originalidade dos orangotangos, o camarada dirige-se “em especial aos mais desfavorecidos”, por certo gente, como o povo português em geral, cheia de “talento e com muita competência”.

 

Estaríamos mais fritos do que já estamos se o Seguro fosse a incarnação do talento e da muita competência dos portugueses.

 

26.12.11

 

António Borges de Carvalho

DA VERDADE HISTÓRICA

 

Há verdades históricas que, sendo duvidosas, são universalmente aceites como irrefutáveis.

Outras, irrefutáveis, há quem ponha em dúvida.

O senhor Colombo foi à procura da Índia. Aportou a uma ilha das Caraíbas e voltou dizendo que tinha descoberto o que procurava. Desfeito o engano, a ilha e o resto passaram a “Índias Ocidentais”, o senhor Colombo foi promovido a Almirante do Mar Oceano, e passou à história como descobridor da América - nome, aliás, dado a partir de posteriores navegações de um senhor, Américo de sua graça. Os seus descendentes ainda hoje são podres de ricos à pala disso. Uma verdade duvidosa da qual ninguém duvida.

O senhor Adolfo mandou matar uns milhões de judeus, ciganos, maricas, etc. Passou à história como culpado, mas continua a haver quem ache que não foi bem assim e que o fulano era um patriota doce e esclarecido, que Auschwitz é uma lenda e que o gueto de Varsóvia foi tão giro como a Feira Popular. Uma verdade irrefutável que há quem refute.

 

Uma coisa é haver historiadores que coonestam falsidades ou fanáticos que negam evidências.

Outra é transformar opiniões em crimes. Onde vai parar a liberdade de pensamento e de expressão, se as verdades passam a ser oficiais? Não será uma maneira de “excitar” o negacionismo, ou o seu contrário?

Há já um bom par de anos que os franceses transformaram em crime a descrença no holocausto nazi. Para quê? Crime é o que os negacionistas usam fazer por conta das suas ideias, não as ideias em si.

Mas os franceses insistem. O holocausto dos arménios pelos turcos não só é, há muito, uma verdade oficial como, agora, a sua negação passou a crime.

O IRRITADO visitou, em tempos, o museu do holocausto, em Erevan. Não tem dúvidas sobre tão horrenda carnificina. Ouviu os argumentos turcos sobre o assunto, todos um tanto falhos de justificação. Mas não sabe - há tabelas para tal - em que conceito se enquadra, se no de crime de guerra, se no de genocídio, se no de holocausto, se em legítimo acto, se quê. Nem lhe interessa saber.

Seja como for, a verdade histórica é uma para os arménios, outra para os turcos.

Sendo certo que duas verdades opostas não cabem no mesmo saco, não o é menos que a atitude mais sensata seria que cada um ficasse com a sua.

Não se pode perceber esta provocação francesa, puramente política, a um seu aliado na NATO, a um candidato muito sério à UE, a um país que, sendo muçulmano, é uma democracia cada dia menos discutível enquanto tal, um elemento de inegável importância na estabilidade possível de uma das regiões mais instáveis do mundo e uma incontornável potência económica. Por outro lado, se é verdade que há uma importante comunidade arménia em França, não o é menos que aquele país do Cáucaso, mau grado a proclamada vontade de ocidentalização, é fiel seguidor e admirador da Rússia e vive numa democracia gritantemente oligárquica e muito menos digna de consideração que a turca.

 

Os franceses perderam uma bela ocasião para ficar quietinhos.

 

27.12.11

 

António Borges de Carvalho

REQUIEM

 

Não esqueço ter parado uma vez numa estrada das beiras para ouvir na telefonia do carro o que foi a declaração de uma espécie de “comunismo do Norte”, decretado pelo coronel (graduado!) Corvacho, comandante de uma estrutura militar qualquer, das muitas com que o MFA nos brindou.

Vão trinta e seis anos. O homem dominava a tropa acima do Mondego e estava em luta aberta contra quem quisesse instalar em Portugal uma democracia “burguesa”. Grande figura do sovietismo militar, Corvacho ameaçava tudo e todos os que se opusessem à imparável marcha das massas contra o imperialismo e o capitalismo e a favor do socialismo geral e obrigatório.

Lembro-me que tremi de medo, ali, só, nas serras beirãs, rodeado de penhascos e de urzes. Se o meu país vai ser um país de corvachos, para onde levar os meus filhos? Irei a tempo de fugir com eles? Esta gente ganhará?

 

Malas feitas.

O Corvacho (e o Cunhal, o Jerónimo e outros que ainda andam por aí) acabou por perder a guerra!

É verdade que, a começar pela Constituição, muito ficou da sua obra e da dos seus.

Mas também é verdade que, postas as coisas em melhor sítio e em melhores mãos, foi possível desfazer as malas e ir ficando por cá. Por cá estamos, tant bien que mal. Pelo algo livres, o que não seríamos, nem pouco, nas mãos desses encartados ditadores.

 

O Corvacho morreu. Gostaria de poder dizer que o veneno morreu com ele. Não posso. O veneno ainda anda por aí, sedento de vingança, mas sem a força de que, manu militari, dispunha naquele tempo.

As minhas desculpas. Sei que é feio dizer mal dos mortos. Até porque, como dizia Caracala, “aos mortos deve-se sempre a maior das homenagens, desde que tenhamos a certeza de que estão bem mortos”.   

 

26.12.11

 

António Borges de Carvalho

RABO ESCONDIDO

 

Quem ouve os porta-vozes e políticos do PC é capaz de achar que o que move esta horrível gente é o respeito pelo regime, pelos direitos políticos e por outras coisas comuns, de que se vão servindo consoante lhes convém.

É claro que quem tiver a pachorra de ler um ou outro número do “avante!”, perceberá que o que estes seres defendem nada tem a ver com o que dizem defender. Estão formatados (passe o neologismo) em bitolas de um trogloditismo político à prova de bala, vivem na contemplação fanática e histérica das mais horríveis ditaduras e outro objectivo não têm que não seja a sua implantação entre nós, custe o que custar e doa a quem doer, só lhes faltando reunir as “condições objectivas” para a tomada do poder.

 

Há, no entanto, momentos em que a casca “democrática” não pode deixar de mostrar umas rachas. Na AR, num assomo de pública coerência, os tipos votaram contra um voto de pesar pela morte de Vaclav Havel. Não lamentam, nem podem lamentar, a morte de um homem que se opôs à férrea ditadura que defendem, um homem que ajudou a implantar a liberdade do seu povo. Não lamentam. Devem, pelo contrário, congratular-se com o desaparecimento de tal “reaccionário”. Em conjunto, diga-se, com alguns primitivos do BE.

Na mesma altura, o PC, que não teve lata para apresentar um voto de pesar pela morte do “querido líder”, enviou uma mensagem de pêsames ao “povo coreano e à direcção do partido do trabalho da Coreia pelo falecimento do Kim”. Povo e partido, coitados, sujeitos que estão às “pressões, agressões e tentativas de desestabilização do imperialismo”.

Há cinquenta anos havia quem falasse assim. Já nessa altura era ridículo. Hoje é pré-histórico. E seria só isso, se não continuasse a ser perigoso.

 

Recorde-se que o PC foi contra as congratulações civilizacionais pela queda do muro de Berlim, foi contra D. Nuno Álvares Pereira, até contra o Obama, contra os dissidentes cubanos… e propôs um voto de pesar pela morte do que foi um dos maiores traidores à Pátria que a Pátria conheceu: o Rosa Coutinho!

 

Um gato de que só se vê, e nem sempre, o rabo “democrático”. A cabeça totalitária, esse anda quase sempre escondida. Só aparece, às vezes, no “Avante!” e quando não pode deixar de ser.

 

Pobre gente, a que acredita nesta gente!       

 

23.12.11

 

António Borges de Carvalho

IMUNIDADE FERROVIÁRIA

 

Em 23 de Dezembro, os grandes dirigentes e educadores das massas ferroviárias confirmaram a greve que vão fazer no Natal e Ano Novo.

O IRRITADO já teve ocasião de classificar esta gente como pura trampa em figura humana.

Especificados os motivos que levam a tal greve, passa o IRRITADO a considerar a classificação com que os brindou como uma infame ofensa à trampa, coisa que todos os humanos produzem em maior ou menor quantidade e que, mau grado os odores que produz, tem com certeza mais dignidade e humanidade que os maquinistas da CP.

 

As repugnantes criaturas privam os seus concidadãos de transportes no Natal e Ano Novo porque… a empresa moveu processos disciplinares a alguns deles… e se propõe anular apenas os que sofram de vícios formais ou materiais.

Isto é, os criminosos recusam todo e qualquer processo disciplinar contra algum deles instaurado. Consideram-se acima dessas coisas. Recusam integrar o comum dos mortais. Têm poder sobre os outros e exercem-no sem quaisquer limites.   

Eles, grandes e bem pagos heróis, de quem depende o transporte de gente a quem não devem consideração nem respeito - meros animaizinhos sobre os quais exercem um poder discricionário - são, por definição, anjos puros insusceptíveis de qualquer recriminação, o que significa que o poder de que, de facto, dispõem, lhes permite actuar como muito bem entendam, sem que seja quem for os possa recriminar. Por isso exigem, inchados de razão, estar acima e para além de qualquer processo que não dependa da sua própria autoridade. Processos disciplinares contra eles, nem pensar! Eles proíbem!

 

A greve dos maquinistas da CP no Natal e Ano Novo nada tem a ver com o exercício legítimo do direito à greve, não só porque o motivo alegado é totalmente improcedente como porque, ofendendo com a mais impiedosa brutalidade os direitos dos demais, constitui um desbragado desrespeito pela democracia, pela legitimidade, pela legalidade, pelos direitos humanos, exercido em plena consciência e total ausência de escrúpulo.

 

Tratando-se de adjectivar esta gente, chamar-lhes trampa é um elogio.

 

27.12.11

 

António Borges de Carvalho

BOAS FESTAS

 

Aos que o lêem sempre, aos que só de vez em quando, aos que gostam dele, aos que o odeiam, aos que nem uma coisa nem outra, aos que o comentam, aos que dialogam com ele, aos que nele dialogam, o IRRITADO deseja paciência, resistência, calma, descontracção, cuidado com as Finanças, contenção no ódio à Ângela e, sobretudo, saúde e sorte.

Durante a quadra, o IRRITADO promete poupá-los-á às suas irritações. Haja Paz!

Boas Festas!

 

22.12.11

 

António Borges de Carvalho

TRABALHAR FAZ CALOS

 

À hora a que estas linhas são produzidas está o camarada Silva a invectivar a Nação com a cassete do costume.

O fim de uns feriados e de uns dias de férias, mais a meia hora de trabalho, é tudo estratégia de classe, destinada a pôr os trabalhadores “a pão e água”. Não me lembro de igual protesto quando se trabalhava ao domingo, de borla, na “batalha da produção”, para “defender o socialismo”.

Trabalhar mais pelo mesmo dinheiro é manobra do grande capital para esmagar as massas trabalhadoras. Não me lembro de o mesmo ter sido dito quando o horário de trabalho diminuiu ou as férias foram alargadas. Se há que pagar mais quando se trabalha mais tempo, porque não reclamaram menores salários quando se passou a trabalhar menos?

Parece que, feitas as contas, há quem passe a trabalhar mais 22 dias por ano. Não sei se as contas estão certas, mas acho que, se assim for, ainda bem.

Os patrões deveriam ser incitados a, havendo um aumento na produção claramente motivado por estes 22 dias, de alguma forma o repercutissem no bem dos seus trabalhadores.

 

O que querem os silvas senão dar cabo do que ainda resta, a bem das suas convicções trogloditas? Nada há, nem nada jamais haverá que os faça pensar de outra maneira. E, se conseguissem, pôr todos na mais horrenda miséria, como conseguiram em vários sítios, continuariam a dizer que a culpa era dos mesmos, mesmo que já tivessem acabado com tais mesmos.

Uma coisa há que está, ou devia estar, na mão de quem trabalha: acabar com os sindicatos que tem e arranjar outros com outra visão das coisas, muito bom senso e alguma inteligência. Mas isto é puro wishful thinking.    

 

22.12.11

 

António Borges de Carvalho

EMIGRAÇÃO

 

Em tempos idos, os professores dos liceus eram licenciados que faziam umas cadeiras a mais, as chamadas “pedagógicas”. As licenciaturas, por seu lado, eram, no mínimo, de 4 anos.

A chamada democratização do ensino trouxe ao universo escolar, e ainda bem, muito mais alunos. Isto obrigou a recrutar professores de forma mais expedita. As licenciaturas passaram a ser mais curtas e a poder ser interrompidas ao fim de dois anos, seguindo-se uma coisa a que, salvo erro, se deu o nome de “via do ensino”. A preparação para a universidade, por seu lado perdeu qualidade e, em consequência, também os cursos. Uma verdadeira diarreia de opções inundou o ensino universitário, muitas delas totalmente desfasadas de qualquer lógica e de qualquer futuro ou empregabilidade. O sistema, pela negativa, perdeu qualidade. Pela positiva, muito aumentou a literacia.

  

Depois, do numerus clausus de há uns anos, passou-se rapidamente à carência, não de oferta, mas de procura de ensino.

As consequências da evolução dos costumes, potenciada pelo Estado com a facilitação do divórcio, a não necessidade de registo das uniões, os incentivos ao aborto e tantas outras “medidas”, bem como a desvalorização do conceito de família levada a extremos da mais radical insensatez, contribuíram para inchar a tendência egoísta dos tempos modernos e a irresponsabilidade social galopante, pondo a procriação em plano menor.

Passadas quase duas décadas deste tipo de políticas e de ideias “modernistas”, as suas consequências fazem-se sentir com brutalidade. A procura de ensino emagrece todos os dias. Se não há procura, para que servem tantos professores, tantos funcionários, tantas escolas - incluindo as fruto das loucuras do último governo. Para que serve um sistema dimensionado para uma sociedade que já não existe?

 

Vem isto a propósito das declarações do Primeiro-Ministro sobre o futuro sombrio dos professores desnecessários. Mais ou menos assim: reciclem-se ou emigrem, não faltam ofertas de emprego nos países em crescimento demográfico. À primeira vista, parece que Passos Coelho está a correr com as pessoas, a confessar algum falhanço, a desrespeitar os cidadãos e o país, que é o que por aí se badala. Não está. Está a ser realista, a dar um sinal de bom senso, a apontar um caminho, a dar bons conselhos, a dizer a verdade, por dura que ela seja. O que podem fazer pessoas de cultura média e muitas vezes indiferenciada ao ponto de não ser útil a ninguém em Portugal? Têm que procurar mercados onde as suas aptidões tenham procura. Se tiverem coragem, diga-se sem crueldade nem desprezo, acabam por agradecer à crise o êxito na vida, como tem acontecido com tantos milhões de portugueses.

É pena? Claro que é. É duro? Evidentemente.

Mas não se pode, ou não se devia poder, levar a mal que o PM diga a verdade ou aponte soluções.

Não foi ele quem criou a situação. É ele quem está a tentar ultrapassá-la.

 

19.12.11

 

António Borges de Carvalho

NEPOS

 

Nepos (nominativo singular), em latim, quer dizer sobrinho.

Daí a palavra nepotismo, posição de relevo dada pelos papas a pessoas da família.

Com o andar dos tempos, nepotismo passou a significar protecção de terceiros, amigos ou familiares, independentemente da valia pessoal de cada um.

 

O nepotismo é, por cá, prática comum. Atingiu o auge com Mário Soares.

Como é sobejamente sabido, o alegado pai da III República, o herói da descolonização exemplar, o grande socialista europeu, tem, ao longo da sua já longa vida, sabido compensar os seus próximos, tanto quanto, da forma mais cruel, os vota ao ostracismo quando, por qualquer motivo, lhe desagradam.

Exemplos não faltam. Toda a gente sabe que a simpática bonomia do grande homem se transforma no mais radical desprezo com a maior das facilidades. Felizes os que lhe estão nas graças. Tremam os que o enfrentam!

 

Vem isto a propósito da guerra movida pelo seu sobrinho Alfredo Barroso, que se queixa amargamente de ter sido esquecido no livro de memórias de Mário Soares, que não é um livro de memórias na opinião do autor, o que não quer dizer que não seja um livro de memórias.

Alfredo Barroso, alcandorado por Mário Crespo à categoria de opinante permanente da SIC Notícias, é, nos nossos dias, conhecido pelo seu virulento esquerdismo, pela forma desagradável como trata quem tiver à frente, chegando a ser chocante o fel que brota do seu pensamento e das suas medonhas palavras. Aparte isto, ninguém já se lembra do que o homem foi, nem ninguém sabe quem é.

O seu protesto contra o tio - por exemplo, diz que quem inventou a “magistratura de influência” foi o ele e não Soares, coisa que, na sua cabecinha, deve ter uma importância cósmica - veio despertar a curiosidade dos jornais.

Uma das coisas que se publicou por aí foi a biografia “profissional” do ofendido. Através dela, podemos verificar que Alfredo Barroso foi “pescado” por Soares juntamente com um grupo de refractários - tipos que, por ter fugido da tropa, passaram a “exilados políticos" - para servir de jovens raminhos de salsa ao grupo de pessoas que, na Alemanha, anos sessenta, fundou o PS.

À relação familiar vinha juntar-se a irmandade política.

O jovem Alfredo nunca mais foi abandonado. Para além dos lugares que o tio lhe arranjou, jamais fez fosse o que fosse.

O mais acabado exemplo de nepotismo que se pode imaginar.

 

Deve ter-se zangado com o tio, ou o tio com ele, a ponto de tudo o que terá feito ter sido esquecido nas memórias do protector. A ponto de suscitar a ultra ridícula, risível e patética guerra de que os jornais foram eco.

O que não quer dizer que a independência e a moral socialista e republicana não dêem para o sobrinho perceber, já que nada foi na vida para além de sobrinho, que devia estar calado quando se apresenta, na televisão, a criticar aquilo a que chama nepotismo de terceiros.

 

Lata não lhe falta. O pior é o ridículo.

 

19.12.11

 

António Borges de Carvalho

SUGESTÃO RODOVIÁRIA

 

Exmo Senhor Presidente do ACP

Exmo Senhor Presidente da Estradas de Portugal

Exmos Opinantes, Teóricos, Sabichões, Protestantes, Indignados e Quejandos

 

CC. Exmos Cidadãos Atónitos

 

Dada a nacional selvajaria opinativa, protestante, revolucionária e vândala que se tem abatido sobre a ingente questão das portagens nas ex-SCUT’s, vem o IRRITADO, humildemente, solicitar de todos V.Exas o seguinte ensaio técnico-rodoviário:

a)   Ponham-se Vexas no vosso carrinho, munidos do necessário material, moderno, informático, strate of the art, etc;

b)   Façam-se Vexas à estrada – por exemplo a N125;

c)   Ponham a parafernália técnica em funcionamento;

d)   Andem uns 50 Kms, de A a B;

e)   Façam as contas do que gastaram: combustível, pneus, desgaste do carrinho, tempo, risco, mais um valor “imaterial” respeitante à nervoseira;

f)    Cheguem a um número;

g)   Depois, façam o mesmo pela Via do Infante, somando o valor das portagens ao resultado;

h)   Comparem o resultante de f) com o de g).

 

Ou muito se engana o IRRITADO ou valor de g) será inferior ao de f).

 

Publiquem o resultado, ou seja, esfreguem-no na cara dos protestantes, indignados, vândalos, caloteiros e outros de tal igualha. Estes talvez não percebem, porque não querem perceber. Mas o português normal perceberá que o que esta gente quer é andar de cu tremido à custa de todos nós pelas auto-estradas que a monumental estupidez do Cravinho & Cª nos “ofereceram”.    

Mais:

i)     Estudem, com fins mais que não seja didácticos, o problema dos transportadores de longo curso que, se não podem, sem grave prejuízo, deixar de utilizar as auto-estradas, e expliquem-lhes o que poupam com elas;

j)     Proponham, se for caso disso, tarifas especiais para tais utilizadores, com o mesmo critério (+ f - g).

 

Finalmente, perguntem ao São Pancrácio (talvez o São Pancrácio saiba explicar) por que carga de água, havendo um sistema de cobranças a funcionar a contento, houve quem (quem?) inventasse um novo, que não vale um caracol e dá cabo do bestunto a toda a gente. Indaguem quanto custou a nova estrutura das cobranças, quem vendeu e quem comprou os gadgets, quem fez o sistema levar quase dois anos até começar a funcionar, quem ganhou com esta monumental e caríssima bagunça.

 

A sugestão é gratuita.

 

Cumprimentos

 

IRRITADO

 

18.12.11  

 

António Borges de Carvalho

O ESCOL DO XILOFONE

 

Está mais que glosado o discurso do homem das marimbas, bobo ao serviço do PS, truão de quinta ordem de entre os muitos que o estudante(?) da Sorbonne(?) nos deixou. Nada a acrescentar, que o discurso marimbado nem um escarro merece.

Interessante é ver como este desgraçado, assim que o exilado chefe abriu a boca lá nas franças, tratou de o glosar, de o apoiar, até de ir mais longe que ele na propaganda da doutrina do calote, ao ponto de achar que, com as suas bocas, os bancos alemães se borrariam de medo!

Interessante é verificar que este homúnculo mental é nem mais nem menos que vice-presidente do Zorrinho, quer dizer, do ilustre grupo parlamentar do partido socialista!

Interessante é olhar, e ver que o gatuno dos telemóveis (e não só), um tipo tão mau, tão mau, que nem o César o quis lá nas ilhas é outro vice do Borrinho!

Interessante seria saber quem são os outros vices … esperem aí!, lembrei-me de mais um, um vira-casacas de alto gabarito, um parlapatão que apelida de ordinário tudo o que não for do PS, um gajo que veio do CDS (fundador!), comeu um lugarzinho em Paris na malga do PSD, passou a serventuário encartado do Pinto de Sousa e continua, ferocíssimo, a tonitruar as cassetes que o ex ou actual chefe lhe envia de cidade da luz!

 

Ao ver os inúmeros representantes do emigrante que pululam na bancada, somos levados a ter pena da insegurança do Seguro. Coitado, cercado pela gentalha do outro!

Mas o homem não merece a nossa pena: a gentalha, o miserando “escol”, não subiu a escada sem o seu acordo, presume-se. Sem o seu acordo não se teria rodeado de “conselheiros económicos” tais que o tipo das marimbas e essa intragável e desagradável criatura que dá pelo nome de Galamba.

O Seguro, afinal, tem o que merece. Se calhar até gosta.

 

17.12.11

 

António Borges de Carvalho

CARTA ABERTA AO SAPO

 

Exmos Senhores

 

O Sapo, a quem o IRRITADO agradece o favor de, gratuitamente, o albergar, é, julgo, propriedade da PT.

Dada a fama desta companhia no que diz respeito à sua largamente manifestada preferência política pelo senhor Pinto de Sousa, sua obra, seu governo e seu partido, talvez fosse aconselhável que o Sapo deixasse de ser tão evidentemente engagée, mais que não seja por uma questão de pudor corporativo ou de imagem pública

Quem ler a primeira página do Portugal online dá, os mais dos dias, de caras com evidente e continuada propaganda socialista. Nos últimos tempos, por exemplo, fomos contemplados, na secção “na rede”, com uma semana de publicidade do senhor Galamba, desvairado socialista/socratista, atacando o governador do BP, que lhe terá chamado uns nomes. Durante uma semana, todos os dias a mesma coisa! Quando virou o disco, entrou em cena o senhor Oliveira, do BE, que resolveu publicar no “Expresso”, e repetir no seu blog, uma palinódia laudatória do senhor Pinto de Sousa e das magníficas declarações que proferiu em França. Coisa que o Sapo acha ainda não ter tido suficiente audição.

A ver vamos quantos dias fica o Oliveira nas manchetes do Sapo, bem como o que se lhe seguirá.

 

O IRRITADO sugere aos excelentíssimos chefes do Sapo que se deixem de propaganda política, coisa que não é ou não devia ser a sua missão profissional.

 

Com os cumprimentos possíveis

 

IRRITADO

 

13.12.11

 

António Borges de Carvalho

DA NACIONAL PENDURICE

 

 

O discurso da subsidiodependência usado por gente que vive a expensas do orçamento, de modos duplos e triplos, não resolve um problema maior e que é o da estruturação democrática constitucionalizada das artes e da cultura no todo nacional.

 

Neste belo português se exprime um senhor que opina sobre cultura num jornal diário.

A conclusão a tirar do arrazoado é que a estruturação democrática constitucionalizada das artes e da cultura é coisa que obriga o Estado.

Lidas as coisas um bocadinho mais fundo, quer dizer que ao Estado compete pagar - sem bufar - as altas iniciativas culturais das sociedades recreativas, dos grupos de saltimbancos, das bandas de rock, dos animadores “culturais” e de todo e qualquer auto proclamado "produtor" de “cultura para o povo”, coisa democrática, é de ver, e por isso os contribuintes que a sustentem.

 

O IRRITADO, dada a sua anglofilia, estendida aos hábitos dos sobrinhos do tio Sam, acha deplorável que se tenha deixado espalhar por toda a parte este tipo de mentalidade.

A subsídiodependência de que fala o opinante como se de alta virtude se tratasse - uma vez que só é posta em causa por gente que vive, de modos duplos e triplos, a expensas do orçamento (?) - é o contrário do que seria de esperar dos criadores de cultura dignos desse nome.

Se esta malta precisa de dinheiro - do que não se duvida, não há quem não precise - que faça como a capelista lá da rua: abra a loja e trate de arranjar clientes. Se não há clientes, a capelista fecha.

Se os artistas querem dinheiro, façam alguma coisa que interesse aos seus concidadãos e cobrem-lhes bilhetes ou apelem à sua generosidade. Desenrasquem-se.

O Estado poderia ou deveria aparecer quando, comprovado e apreciado o valor da obra dos artistas - não antes! - resolvesse contratá-los para prestar serviço público.

Até lá, eles que se imponham à comunidade. É difícil, custa sacrifícios mas, se é por amor à arte e não ao dinheiro dos contribuintes, então que façam como a capelista. Se não houver freguesia, paciência.

Nos países de tradição anglo-saxónica é assim. Os grupos de teatro, de música, dança, etc. recorrem ao dinheiro dos outros mediante venda de bilhetes ou interessantes actividades de fund raising. Por outras palavras, trabalham. Desenrascam-se.

O dinheiro público nada tem a ver com isso. A não ser, às vezes, com rigorosíssimos critérios de qualidade, de serviços já prestados à comunidade, etc. Ou então através de serviços públicos, desde que esteja demonstrada a viabilidade de certas iniciativas. Nunca pondo a carroça à frente dos bois.

 

Por cá, infelizmente, as coisas não se passam assim. Os governantes são, na opinião dos interessados e de mais uns quantos, obrigados a despejar dinheiro em cima das suas actividades, todas elas, evidentemente, “indispensáveis” à “cultura” e ao “progresso” do “povo”.

Não concordar com isto é viver a custas do orçamento, de modos duplos e triplos. Não fazem a coisa por menos. Quem se quer pendurar chama penduras a outros.

Em matéria de argumentação, nada de novo.

 

12.12.11

 

António Borges de Carvalho

SERVIÇO PÚBLICO

 

Dizia ontem um intelectual da nossa praça quando perguntado sobre as recentes opiniões do senhor Pinto de Sousa, que “esse personagem não merece qualquer referência”.

Tem razão. Facto, porém, é que a criatura mandou umas bocas não se sabe onde nem perante quem – diz-se que em França mas, como foi em português, é capaz de ter sido nalguma reunião do PS de Carrazeda de Ansiães, já que não haverá um só francês que se preste a ouvir aquele tipo de alarvidades.

Nada disto é importante, como diria o tal intelectual.

Importante é que a RTP tenha proporcionado à cretina personagem prolongado palco para que pudesse “esclarecer” as suas patacoadas. Vezes sem conta, o senhor Rodrigues dos Santos e a sua camarilha puseram no mais alto destaque os “esclarecimentos” do indivíduo, dando-lhe a publicidade que qualquer pessoa de bom senso negaria. Isto é que é importante, e grave, não as parvoíces do aldrabão de feira.

Uma coisa ficou por esclarecer, talvez por lapso: onde terá o artista aprendido economia, ciência de cujos conhecimentos tanto se gabou?

Não interessa. O que interessa é mais esta demonstração de “serviço público” que a RTP nos deu. Exemplar!

 

Como pode haver, na cabeça do senhor Relvas, alguma dúvida quanto à imperiosa necessidade nacional de acabar com aquilo?   

 

11.12.11

 

António Borges de Carvalho

DEIXEM-NOS TRABALHAR!

 

Esta coisa das cimeiras e das salvíficas ideias da dona Ângela, do melga Nicolau, seu serventuário, do rebelde Camarão e de mais uns tantos craques, faz uma confusão dos diabos.

Querem obrigar os governos a limitar a 3% o défice orçamental dos Estados. Não contentes, querem que a malta toda ponha a regra nas constituições respectivas, ou em instrumento especial.

Então não há já, há uma data de anos – pelo menos desde que há euro – uma regra que estabelece exactamente a mesma coisa? Uma regra que quase ninguém cumpre, uma regra a que o anterior presidente da Comissão chamou “estúpida” (não sei se é estúpida, foi o homem quem o disse), regra cujo desrespeito foi “fundado” pela Alemanha e pela França, ainda que sem consequências para os próprios, que isso de consequências é para os outros, regra cujo cumprimento pode ser um compromisso firme, mas que ninguém pode dar absoluta garantia de cumprir?

Quem falhar, lixa-se, quer dizer, fica pior do que estava.

De resto, tudo na mesma. Perguntava aqui há dias o professor Miguel Beleza o que acontece ao ministro da finanças se o défice for de 3,2%? E respondia: castiga-se o ministro das finanças mandando-o ver filmes do Manuel, perdão, Manoel de Oliveira. O IRRITADO acha bem.

Resumindo o resultado desta última cimeira no que nos diz directamente respeito: fica tudo na mesma. Vamos andar uns tempos entretidos em saber se se deve mudar a constituição ou meter a coisa na lei do orçamento, e pronto.

De resto, o Passos Coelho e o Gaspar continuarão a tentar tirar-nos da fossa (o pior é o Relvas!), o cinto vai apertar ainda mais, os comunas da CP e os fascistas da TAP continuarão a fazer greves, a CGTP continuará a dizer leninices, o PR continuará a desbocar-se, etc.

 

Já que temos um PM decente, resta-nos esperar que a coisa, daqui a uns anos, comece a dar resultado.

E pronto. Façam lá as cimeiras que quiserem, mas deixem-nos arrastar a nossa miséria sem chatear mais do que já chatearam.

 

11.12.11

 

António Borges de Carvalho

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