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irritado (blog de António Borges de Carvalho).

O SOCIALISMO É A FILOSOFIA DO FRACASSO, A CRENÇA NA IGNORÂNCIA, A PREGAÇÃO DA INVEJA. SEU DEFEITO INERENTE É A DISTRIBUIÇÃO IGUALITÁRIA DA MISÉRIA. Winston Churchill

irritado (blog de António Borges de Carvalho).

O SOCIALISMO É A FILOSOFIA DO FRACASSO, A CRENÇA NA IGNORÂNCIA, A PREGAÇÃO DA INVEJA. SEU DEFEITO INERENTE É A DISTRIBUIÇÃO IGUALITÁRIA DA MISÉRIA. Winston Churchill

POUCA VERGONHA

 

 

Lisboa, 30 de Agosto de 2912

 

Estimado primeiro-ministro

 

Deixemo-nos de cerimónias, é assim que se trata as pessoas nos nossos dias – as Excelências acabaram, as Vossas Excelências, por maioria de razão, também, os excelentíssimos senhores nem pensar. Estimado, e é um pau. Se a dona Cristas chegasse onde você chegou, até já se ia ao PR, a Belém, de biquíni e jines, e tratava-se o homem por Senhor Aníbal.

É a vida. Aguente-se v., que eu faço o mesmo quando o jagodes do contínuo da retepum abre a porta e diz: ó presidente! Fique v. com o “estimado”, caro Pedro, e está com muita sorte.  

 

Vamos ao que interessa.

Antes de mais, devo dizer que, se julga que se vai safar desta, está muito enganado.

Sabe tão bem como eu que os que devem muito dinheiro nunca pagam, isto é, como os credores têm medo que eles não paguem nada, ficam à espera de sacar qualquer coisinha, e assim se resolve o problema a longuíssimo prazo e a contento de todos. Olhe o que o Soares fez ao Nabeiro e o que (não) vai acontecer ao Berardo.

Aqui, na retepum e na dois, é mais ou menos a mesma coisa. Trata-se de serviço público, como diria o camarada Soares, ou de uma pouca vergonha, como anda um tal Irritado a dizer. O que vale é que vozes de burro não chegam cá a casa, não é?

O Pedro mandou o Borges pôr a boca no trombone e olhe no que deu. Não há quem não lhe dê porrada, sejam os do costume, a começar pelo Soares e pelo Jerónimo, a continuar no Marcelo e no Capucho e a acabar nos inefáveis adeptos do Portas. A opinião pública, mercê da argolada do Borges, está completamente virada do avesso, os comentadores e jornalistas sem excepção repenicam opiniões contra o Relvas – v. está a tentar passar entre os pingos da chuvada – e é tudo. Daqui, mais uma vez lhe garanto que não se safa.

A provar o que digo, tratei de pôr os pontos nos is mediante a requisição de mais 81 milhões, como rezam as notícias de hoje de manhã. Não se assuste para já. Olhe que vai ser muitíssimo pior. Guarde o susto para mais tarde. Para já, venha de lá a massa, que a minha malta – uns dois mil marmanjos – não faz a coisa por menos. É que o salário médio cá na casa é de cerca de seis ordenados mínimos (uns cinco milhões por mês mais coisa menos coisa), e a malta ainda há-de, com todo o direito, pedir os aumentos que lhe são devidos. Está a perceber?

Por isso, estimado PM, meta a viola no saco. Eu até já disse que, a partir de 2013, esta coisa vai dar lucro. Os tipos do costume acreditam e acham que as minhas afirmações são indiscutíveis. Mesmo que achassem o contrário, continuariam a tecer-me loas. Estou na mó de cima e nela faço tenções de me aguentar.

Isto é um país socialista, não é nada daquilo que você sonha. Você contabiliza os meus prejuízos e eu trato de mim e da minha malta como deve ser: bem. Também não tenho nada de socialista, mas dou isso de barato. O que interessa é o meu, percebe?

Poderia dar-lhe mais uma série de razões para demonstrar como vai perder este jogo. Mas não vale a pena. O camarada Paulo Portas já o condenou. O rapaz é mais “social” do que aparenta, percebe?

Vai ver. Quando esta marmelada chegar ao fim, vai ficar tudo mais ou menos na mesma, o que muito me agrada. Como não há quem queira comprar esta porcaria, e como a intelligentsia socialista nacional não vai em concessões, que outro futuro é possível?

Bem pode o Borges - bem poderia você - demonstrar por a+b que a ideia dele é a melhor, que continuariam a levar porrada na mesma. E digo-lhe mais: seja o que for que venha a acontecer, v. continuará a levar na cabeça como um herói.

 

Quem tem a pouca vergonha de se meter com os instalados e com o socialismo, … não digo o que lhe acontece, mas estou certo que será capaz de completar a sentença com toda a propriedade.   

 

E boa tarde, caro PM

Seu amigo do peito

 

(assinatura ilegível)

 

Presidente da TV e da emissora nacional

 

30.8.12

 

António Borges de Carvalho

DEMAGOGIA, POPULISMO E CONTAS DE SOMIR

Afinal o que é o serviço público de televisão?

Será o que a RTP fornece ao respeitável público há anos e anos, futebol, concursos, telenovelas, filmes de pancadaria, notícias, publicidade, etc.? É ou não é exactamente o mesmo que fazem a SIC e a TVI? Então são todas de “serviço público”, ou nenhuma o é? O que distingue a RTP das outras?

O que as distingue é que a SIC e a TVI correm por conta de quem as tem. Se dão lucro é com elas, se não dão o problema é delas. Não pedem nada a ninguém. A RTP, para o mesmo efeito, custa ao erário público centenas de milhões de euros por ano (este ano parece que já lá vão uns quinhentos…) e ainda recebe o imposto da factura energética, mais as receitas da publicidade.

Para quê? Para nos dar mais do mesmo e andar, regurgitante de subsídios e impostos, a concorrer com as outras no mercado da publicidade?

Faz sentido? Faz sim senhor, pelo menos na douta opinião do PC, do BE, do PS e, de certa forma, até do CDS. Na de qualquer cidadão minimamente responsável e modicamente inteligente, não faz sentido de espécie nenhuma.

 

OIRRITADO tem vindo a condenar a privatização da coisa. Não porque seja contra as privatizações. Nem por sombras. O IRRITADO defende a pura e simples extinção do monstro, a venda do património, o pessoal para a reforma ou a rua com a indemnização da lei, a RTP Internacional e a RTP África contratadas com terceiros, contratos decentes, e pronto. Pendurice crónica nunca mais!

                                                                                                  

Olhe-se o que tem sido a demagogia, o populismo barato, a raiva, desencadeados por uma entrevista de um senhor que trabalha para o governo e defende a extinção da RTP2 e a concessão da RTP1 a privados.

“Todos os países têm serviço público de televisão”, dizia ontem um tipo do PC a quem a SIC Notícias dá abrigo não se sabe bem porquê. Terão, e se calhar custa-lhes uma fortuna. A extinção da RTP, a dar-se, poria Portugal à frente deles todos, já que a extinção destes cancros se vai dar por todo o lado, mais tarde ou mais cedo, quer se queira quer não. Se o fizéssemos, seria a primeira vez desde os descobrimentos em que estaríamos à frente de todos!

De resto, a coisa (a hipótese Borges) tem merecido os mais soeses insultos, crime, roubo, abuso, o caneco a quatro.

Os trapalhões do costume vociferavam, até ontem, contra a privatização. Merecem o crédito que merecem já que, sendo tais parlapatões contra todas as privatizações (tantos ões!), estariam sempre contra. Agora, que, segundo Borges, não vai haver privatização, são contra a concessão da coisa a terceiros, pagos com o imposto habitual, mas sem as centenas e centenas de milhões de “indemnizações compensatórias” da RTP (para compensar o quê?). Até o CDS, com um dos ataques de socialismo primário que frequentemente o assolam, veio, ou esquivar-se ou mandar à SIC um político hábil em dislates ditos com o ar mais sério deste mundo: o senhor Ribeiro e Castro.

Enfim, a luta anti-Borges é o que está a dar. Bem fez o governo em mandá-lo dar a cara. Olhem se fosse o Relvas!

Veja-se as contas que a Impresa, inimiga figadal seja de que medida for que altere o status quo da RTP, mandou fazer e espalha aos quatro ventos, na SIC, no “Expresso” e nos papalvos que as tomam por boas. Assim: o feliz concessionário que, na opinião dos calculadores da Impresa, ao contrário do que disse o Borges, não pagará nada ao Estado, vai receber 150 milhões do imposto, mais 50 milhões de publicidade, 200 milhões ao todo. Como vai gastar 180 milhões, terá um lucro garantido de 20 milhões por ano. Um raciocínio elementar, que os órgãos de “informação” se apressaram a tomar por bom. Falta  explicar onde está a garantia de que o imposto atingirá os 150 milhões, como se pode atribuir 50 milhões à eventual publicidade e como se sabe que o concessionário vai gastar 180 milhões e não 124 ou 239. Pequenos pormenores a que ninguém parece ligar.

Eis como a aldrabice pura e dura passa a verdade, se for bem e muito repetida, como diria, com carradas de razão, o camarada Vladimir Ilitch Ulianov.

 

O IRRITADO volta à sua. Pancadaria por pancadaria, mais valia que o governo acabasse com o cancro de uma vez por todas. Levar na touca, leva de qualquer maneira. Já agora, era de aproveitar. Mas está lá o CDS, o que é uma chatice.

 

25.8.12

 

António Borges de Carvalho

CATASTROFOMANIA

 

Uns dois anos passados sobre o pânico da gripe A, deliberaram as autoridades incinerar 1.300.000 vacinas destinadas a aniquilar os terríveis efeitos de um tal H1N1 que, segundo a ONU e quejandos, se preparava para aniquilar a humanidade.

É hoje evidente que o tal H1N1, de cuja existência a malta não sabia, era coisa que já andava há muitos anos em engripar o cidadão. É hoje evidente que, durante a terrível “pandemia”, morreu de gripe mais ou menos o mesmo número de pessoas que teria morrido sem ela.

Entretanto, o SNS, zeloso como pucos, gastou um número indeterminado de milhões, 9.700.000 dos quais vão ser gloriosamente incinerados. Culpar o SNS? Não creio. O SNS fez o que lhe era indicado por autoridades “científicas” desgraçadamente indiscutíveis, provenientes dos semi-deuses da ONU. Acresce que os particulares gastaram milhões em Tamiflu e outras porcarias, mais uns vastos cobres em desinfectantes para as mãos, máscaras de tapar a respiração e outras inutilidades comerciais.

Parece que seria justo que os autores desta milionária cegueira fossem incriminados por propositado falso alarme. Mas eles continuarão sentados nos seus “científicos” tronos. E continuará a haver os interessados em vender materiais cuja indispensabilidade é garantida por tantas e tão “credíveis” autoridades.

Quem vai pagar os triliões que, por esse mundo fora se gastaram sem qualquer sombra de utilidade? A ONU? Mas de quem é o dinheiro da ONU? É de quem lá o pôs. Se a ONU pagasse o que fez os Estados gastar, pagaria com o dinheiro dos mesmos Estados! A seguir, como é natural, faria recair sobre os mesmos as necessidades financeiras criadas com as devoluções e as indemnizações. Ou seja, continuavam os mesmos a pagar, pelo que queixar-se não serviria para nada.

Exigir que os inventores do alarme vão imediatamente para o desemprego ou para um campo de concentração onde não possam fazer mais mal seja a quem for? Claro! Mas quem se atreve a contestar as sacrossantas agências encarregadas de gerar pânicos? Parece que ninguém.

 

Outra história.

Um bando de funcionários políticos, ou só funcionários ou vagamente conotados com a ciência propriamente dita, repimpados em Nova Iorque, resolvem manipular dados e decretar que há uma terrível ameaça: o aquecimento global. Mais decretam que, se há aquecimento global, a culpa é da humanidade.

Os governos, pelo mundo fora, acreditam e ficam muito agradecidos. Toda a gente sabe que tem havido mais desastres naturais do que era habitual nas últimas duas ou três décadas. Daí a culpar a humanidade, vai uma distância cósmica.

Que interessa? Os governos (os contribuintes!) pagam à ONU para tratar destes assuntos. Sentem-se na obrigação de acreditar no que a ONU produz. Não percebem que isto de a humanidade “mandar” no planeta é o mais estúpido pecado de orgulho que se possa imaginar.

Não se confundam os planos: é evidente que as nossas actividades podem, por exemplo, poluir um rio, e que outras actividades podem despoluí-lo. Mas extrapolar isto para o comportamento do planeta como um todo é de uma pesporrência abaixo de qualquer consideração. Faz lembrar a lógica da história da borboleta que, a voar no Amazonas, provocou uma guerra civil no Canadá!

Consequências: os milhões do CO2 a correr, a correr… “cimeiras da Terra” a borbulhar cheias de orgulho e de preocupação com o futuro. E os governos a abrir as perninhas ao populismo e à pseudo-ciência.

 

No fundo, porque há tanto quem embarque nas desgraças que outros fabricam e propagandeiam? Porque “dá” que se farta. Esquecer o bom senso, abraçar o sensacionalismo, embarcar nas parangonas, eis o que interessa.

Vejam, por exemplo, a tristeza que o abrandar do furacão dos Açores provocou no nacional-jornalismo. À medida que a ameaça ia perdendo força, os tipos das televisões, sedentos de sangue, iam mostrando terríveis imagens de arquivo, com barcos virados, gente afogada, casa destruídas, desgraças aos montes. Quando o simpático furacão foi à vida, que desilusão!

Quanto maiores forem os incêndios, melhor! Quando acabarem, é preciso perseguir seja o que for. Não para remediar seja o que for, mas para manter as emoções em alta. Desde sempre, um incêndio serve para condenar alguém, seja quem for e pelo que for, seja o ministro, o tipo da protecção civil, o coveiro de Atrás do Sol Posto, alguém que faça os deputados vibrar de indignação, os jornalistas gozar como uns porcos de bolota e a malta consumir “informação”.

 

O mundo vive submetido às grandes “causas” com que o assustam ou excitam. Aqueles a quem competiria moderação e bom senso ajudam à festa.

Aguardemos a próxima vacina ou algum arrefecimento global ainda mais terrífico que o actual “aquecimento”.

 

Onde é que isto irá parar?

 

22.8.12

 

António Borges de Carvalho

FRUTOS DA MESMA ÁRVORE

 

No tão solene momento em que se avizinha o abandono de funções – que pena! – do camarada Louça, mal pareceria se o IRRITADO não dedicasse uns minutos ao assunto.

Para quem quiser ficar bem informado sobre tão importante acontecimento, o IRRITADO recomenda a leitura do jornal privado chamado “Público”, que hoje presenteou a Nação com um relambório “histórico/justificativo/laudatório” digno de nota e escrito por uma senhora que muito sabe sobre a sua adorada extrema-esquerda.

Nas origens da nobre instituição que dá pelo nome de BE, estão, como não podia deixar de ser, as mais nobres tradições do bolchevismo, ainda hoje, na sua inata pureza, orgulhosamente representadas pelo PC.

Os desvios à ortodoxia, tão execrados pelo camarada Jerónimo, levaram, pela esquerda, à criação da nobre agremiação da UDP, pimpolho maoista/enverhoxista que, nos idos de setenta e oitenta, defendia com pundonor os progressos alcançados pela Albânia, país que, para além se ser o mais miserável da Europa, preconizava, seguido pela UDP, a morte indiscriminada de tudo o que cheirasse a burguesia ou a lumpen. PTA, PTA!, ululavam os udepistas, saudando, num mar de bandeirinhas, hordas esfarrapadas de “sindicalistas” do partido do trabalho da Albânia, em doce manifestação de solidariedade proletária a que o IRRITADO teve a subida honra de assistir.

Ficou na memória de todos a prestação parlamentar e não só de um capitão loiro, antigo ajudante de campo do general Kaulza e, diz-se, de ascendência germânica, com a casaca virada, Tomé de seu nome.

Outro comportamento transviado foi o do camarada Louça, o qual resolveu adoptar a filosofia de um tal Trotsky, figura desviada do leninismo em boa hora liquidado pelos ex-camaradas e, por conseguinte, saído de cena. O Louça fundou novo partido, o PSR, e rodeou-se de um escol de socialistas revolucionários. Sob a sua douta batuta, andaram todos anos e anos a apanhar bonés nas margens da política.

Mais desviante ainda foi a saída, pela direita segundo o Jerónimo, do grupo comunista que se intitulou Política XXI. O seu principal fundador foi o já falecido Miguel Portas que, em linguagem muito cara aos ortodoxos, traiu a classe a que pertencia, burguesa, latifundiária e intelectual, para se dedicar a tempo inteiro, com a dignidade da sua origem, à salvação da humanidade.

Toda esta gente mandou o PC às urtigas. Isto, é claro, sem prejuízo do marxismo, antes lhe dando interpretações mais livres que as determinadas pelo abandonado Jerónimo.

Meras questões de família, que guardam o “sangue” e não prejudicam os objectivos comuns.

 

Parêntessis:

Não faltará quem diga que o IRRITADO se esquece, de propósito, dos inúmeros políticos também pertenceram à familória e que a abandonaram. Não é a mesma coisa. Estes saltaram o muro da insensatez e do ódio. O que, confessamente, não aconteceu aos que vieram a formar o Bloco de Esquerda, e o lideram.

Fim de parentessis.

 

À falta de melhor, isto é, de ideias que vão para além das diversas nuances da cartilha, esta malta adaptou-se à democracia, certamente porque, não estando os tempos para revolucionarismos, achou que mais valia destruí-la por dentro que atacá-la por fora. Adoptou as causas fracturantes: a propaganda do aborto e o acendrado proselitismo dos defeitos sexuais, por exemplo.

Isto, segundo o “Público”, para fundar uma nova “democracia”, desta feita liderada por minorias em vez de maiorias, atenta à rua e não às urnas, feita de barulho gratia barulho. Tudo, pensa o IRRITADO, com o insigne objectivo de fazer emergir da minoritária babel a vanguarda iluminada que há-de liderar os portugueses até às alturas do “homem novo” e dos “amanhãs que cantam”.           

 

Nova liderança? Porquê?

Diz a agremiação que se trata de renovar, já que as lideranças querem-se a prazo. Deve ser por isso que o camarada Louça anda nisto há trinta anos.

Diz também que há que dar paridade à tal coisa. Paridade, no cérebro dos tipos, quer dizer um homem e uma mulher. Não quer dizer um intelectual e um operário, um professor e um aluno, um do Norte e um do sul, ou coisa do género. Perguntar-se-á: então não podia ser duas mulheres? Somos todos iguais ou quê? Não, meus senhores, duas mulheres jamais, que isto de igualdade, para esta gente, tem a ver com genitais, não com competências.

Mesmo assim, paridade relativa. É que o terceiro – o líder parlamentar – vai ser um homem. Reconhecendo que é difícil, num leque de três, haver paridade socialista, o IRRITADO atrever-se-ia a sugerir que fossem quatro os contemplados: dois homens e duas mulheres. Ou cinco, dois homens, duas mulheres, e um transsexual. Ou seis, dois homens, duas mulheres, um gay e uma lésbica. Qualquer destas soluções traria muito mais coerência à expressão do “pensamento” do Bloco.

As coisas, no entanto, são o que são. Tinham que ser três, um da UDP, outro do PSR, outro da Política XXI (os independentes não contam).

Donde se conclui que a única preocupação é a de evitar que o BE se transforme, à vista de todos, naquilo que, afinal, nunca deixou ou deixará de ser: um saco de gatos. A grude daquela coisa é o poder parlamentar. Mais nada. Ou há lugares ou vai cada um para seu lado.

 

20.8.12

 

António Borges de Carvalho

TRABALHAR FAZ CALOS

 

Toda a gente sabe que, por exemplo no Alentejo, quem quiser apanhar o pinhão (este ano há pouco) tem que recorrer a moldavos, romenos e outros turistas forçados. Há tarefas que os portugueses consideram indignas do seu status social.

Lá para o Norte, segundo os jornais, parece que, à falta dos tais turistas, não há quem queira vindimar. Em concelhos onde a taxa de desemprego atinge os 25% não há um só desempregado que queira suar as estopinhas nos socalcos do Douro.

Dir-se-á que as pessoas estão no seu direito de recusar tais tarefas, duras e quiçá mal pagas. Talvez.

Mas o que isto significa é que os portugueses, atolados em “direitos” sociais, continuam a viver à espera que seja quem for os sustente. É seu “direito”, não é?

Questão de “dignidade”, pois claro.

“Dignidade” socialista, pois claro, coisa de que parece que só uma hecatombe convencerá as pessoas que nada tem a ver com dignidade, mas com o seu contrário.

Este tipo de postura, criada, alimentada e acarinhada durante décadas pela esquerda e pela democracia cristã – agora até pelos bispos! - é a mais forte e evidente garantia de que tal hecatombe não deixará de nos cair em cima. Muito mais garantia que as asneiras dos governos ou os malefícios da crise internacional.

 

18.8.12

 

António Borges de Carvalho

COISAS DO ARCO DA VELHA

 

O gatuno/espião intercontinental denominado Assange, responsável confesso de roubos e de receptações de materiais roubados – aliás de impacto praticamente nulo – está refugiado numa embaixada de um país do terceiro mundo (do ponto de vista mental), situada numa nação do primeiríssimo mundo (de todos os pontos de vista), onde decorre um processo de extradição por crimes sexuais (parece que o homem se recusava a usar preservativos e as parceiras não gostavam…), a pedido de outro país, também do primeiríssimo mundo.

Se está inocente na história das camisas, como invoca, que risco correria se fosse julgado por um sistema dos mais transparentes e garantistas da história da humanidade? Dois meses de pena suspensa? Umas coroas às ofendidas? Uma multa? Nenhum risco de especial. Absolvido ou cumprindo uma pena de chacha, o canalha sairia da coisa cheio de glória, pelo menos da parte dos adeptos do tipo de “liberdade” e de “transparência” que vêem nele uma espécie de santinho.

Mas tal não lhe chegava. O homem é mestre em publicidade, ou em manipulação das massas. Conseguiu um aliado num país ordinário, conseguiu pôr uma nação civilizada às voltas com uma chatice dos diabos (entre o Equador e a Suécia, qual é a escolha?) e, sobretudo, arranjou publicidade gratuita, urbi et orbe, em todos e mais alguns dos meios soit disant de informação.

Golpada de mestre, bem ao nível moral e mental, bem como da “decência” do bandido.

 

Por cá, uma das inúmeras reacções aos acontecimentos merece especial atenção do IRRITADO.

O senhor Costa, director do “Expresso”, presenteia-nos com uma longa arenga. Espremida esta, conclui-se que o senhor Costa não está longe da opinião do IRRITADO. Acha ele que o homem, se fosse sério e decente, iria à Suécia tratar do assunto, e nem sequer teria razão para ter medo da Justiça americana, bem mais dura que a sueca, uma vez que os EUA não fizeram qualquer pedido de extradição nem estão muito preocupados com os crimes do fulano, aliás praticados fora da sua jurisdição, ainda que a partir de roubos nos EUA praticados. Não por ele, mas por um tipo que vai passar o resto da vida a ver o Sol aos quadradinhos.

Muito bem, senhor Costa!

O engraçado da história é que o senhor Costa comprou as informações “cedidas” pelo receptador e comercializador dos materiais roubados.

O senhor Costa foi o grande divulgador nacional dos materiais em causa.

O senhor Costa foi o grande defensor da “excelência informativa” das pulhices do criminoso.

O senhor Costa foi o grande defensor dos esquemas fraudulentos do porco.

Agora, é o mesmo senhor Costa que vem declarar, preto no branco, que o seu amigo Assange não passa de “alegado defensor da transparência, da justiça e da liberdade” e que “não devia ter medo de se apresentar” aos juízes suecos.

Passou, como que por magia, a “alegado”. Deixou de ser santo. Parece q    ue a nora está a dar a volta. Há que prevenir, não é?

Numa coisa o senhor Costa se engana. O seu (ex?) amigo não tem medo nenhum dos suecos.

Pesadas as coisas, resolveu preferir o golpe publicitário. Quem gosta disto que coma disto.

 

18.8.12

 

António Borges de Carvalho

REGRESSO ÀS SCUTS

 

O peregrino assunto das SCUTS continua, desesperadamente, a tentar entrar na agenda.

Esta coisa da austeridade é percebida e até aceite por toda a gente. O problema é que a mesma gente acha muito bem quando a coisa toca à porta do parceiro. Quando toca à porta cada um, nem pensar. Das mais altas patentes da República ao mais modesto membro da classe média (os mais debaixo não pagam nada) toda a gente se considera atendível excepção.

Foi um erro crasso do governo ter aberto algumas. Imperdoável e pouco inteligente.

 

As SCUTS são um mero detalhe no meio de um ror de desgraças. É evidente que esta desgraça em particular tem que ser tão paga como as outras. E os primeiros a ter que a pagar são os que as utilizam. Mete-se pelos olhos dentro do mais estúpido.

Os espertos, esses, sabichões e caloteiros, querem ser mais que os outros. Um vício nacional.

Vem esta arenga a propósito dos protestantes que se juntaram, aliás sem grande adesão popular, na chamada festa do Pontal, que já não é festa do Pontal mas continua a chamar-se festa do Pontal.

O IRRITADO não é “algarvista”, mas vai fazendo umas contas, e atreve-se a pedir a outros que as façam também.

Rezaram as notícias que percorrer a Via do Infante de ponta a ponta custa a astronómica quantia de 11 euros. Quase 200 quilómetros. 11 euros.

Um carro de consumo médio, digamos 8 litros aos cem, gastará em combustível cerca de 27 euros (gasolina 95). Mais 11 de portagem, teremos 38 euros. Fará a viagem à média de 100 à hora, calmamente, sem chatices, nem cruzamentos, nem semáforos, nem travagens. O carrito será poupado. Não há para/arranca, não há consumo de pastilhas, nem o motor aquece, nem a paciência se gasta. Os acidentes são pouco frequentes. A autoestrada é a alternativa ideal à N125. Incontroverso.

Além disso, façam as contas e chegarão à conclusão que, para além do tempo perdido, da paciência cheia de buracos, das paragens e dos arranques, das rotundas, dos semáforos, dos polícias, o carrinho, em vez de gastar 8 aos cem gastou uns 11 litritos. O que, directamente, quer dizer um custo adicional de 10 euros. Não me venham agora dizer que os custos indirectos da N125 - o desgaste da viatura, a vossa estabilidade emocional, a vossa segurança, etc. - não valem 1 euro!

Nestas matérias, a caloteirice, a ânsia de fazer barulho e se tornar notado, a demagogia barata, a politiquice (não é por acaso que a “manifestação de indignação”, segundo os jornais, era maioritariamente constituída por tipos do BE) são o que impera.

 

O IRRITADO está farto de dizer que as autoestradas são alternativas às estradas nacionais, não o contrário. Quem quer gastar gasolina, dar cabo do carro, perder tempo, viver cheio de nervos, que o faça. Mas não chateie as pessoas decentes, nem o IRRITADO, nem o PM, que têm mais em que pensar que em oportunistas barulhentos e interesseiros.

 

Apostilha: diz-se que foi o camarada Cravinho quem “criou” as SCUTS. Ele, coitadinho, nega. Diz-se que foi ele quem prometeu 20% da TAP aos pilotos. Ele, coitadinho, nega. Ainda o havemos de ouvir dizer que nunca colaborou com o Marcelo Caetano!

 

16.8.12

 

António Borges de Carvalho

 

MISTÉRIO

 

Há coisas que não se entendem.

Esta história da CGD que, às ordens do socialismo, meteu milhares de milhões no BPN nacionalizado-“nosso”, não querer apoiar o Roquete - depois de a tal se ter comprometido – sem que este meta ao barulho o que tem e não tem, é um insondável mistério.

Tratando-se de quem se trata - um homem com um historial de sucesso, de independência, de competência, de modéstia pessoal, de austeridade, que avança para um grande projecto com o apoio expresso das autoridades, não se compreende o que se passou.

Se foi o governo que mandou a CGD encolher-se, então o governo que se explique. Se foi a administração da CGD quem decidiu, então o governo que ponha a tal administração a ferros.  

 

Ou será que a CGD também já está falida e não quer confessar?

 

12.8.12

 

António Borges de Carvalho

O MAR!

 

As civilizações nascem, crescem, vivem, morrem, como diria o amigo banana.

Olhem os gregos. Criadores, diz-se, da democracia, da filosofia, da estatuária, da arquitectura. Hoje andam à rasca com a democracia e, das outras glórias, nem sombra. Andam aos bonés. Nada têm a ver com os seus alegados maiores da antiguidade.

O mesmo com os romanos. Do alto do império, caíram até ao desaparecimento. E os maias, os incas, os astecas, o império do meio, os egípcios…

E nós? Se olharmos o espelho, onde estão os navegadores, os descobridores, os guerreiros, os santos, os homens que sabiam que a Índia estava no Oriente? Onde os albuquerques, os gamas, os cabrais, os vieiras, os nunes, os ortas?

Não, meus amigos, os portugueses modernos, como os gregos, pouco ou nada têm a ver com essa gente que tinha uma estratégia, uma visão do mundo e do futuro, uma missão a cumprir. Zero.

 

Vem isto a propósito da recorrente história do mar. É certo que hoje como antanho, os portugueses têm no mar a grande ilusão e a grande oportunidade. Pelo menos é o que se diz. A maior zona económica da Europa, os alegadamente maiores recursos que lhe correspondem, um mar de marítimas oportunidades.

Não há quem não fale nisso, os “empreendedores”, as universidades, os políticos, os cientistas, o Presidente da República, tudo minha gente grita: O mar o mar o mar!

E, no entanto, se vamos ao mar é ao petróleo de Angola, às jazidas do Brasil, aos carapaus de Marrocos…

De resto, zero.

 

Haja um, só um dos que berram O mar, o mar, o mar!, que me diga o que havemos de fazer com o mar para além de umas banhocas na Caparica.

Haja um, só um, dos tonitruantes arautos das nossas fortunas marítimas que me diga o que se propõe fazer com o mar, e que o faça mesmo.

Só um. Já não era mau.

 

12.8.12     

 

António Borges de Carvalho

ENERGIA E "DIREITOS"

 

No princípio dos anos oitenta do século passado, houve uns deputados que conseguiram fazer passar uma lei que abria aos cidadãos a possibilidade de produzir electricidade para seu consumo.

A lei passou, mas, como é costume, não foi regulamentada. Portanto, o “direito” que instituía não era praticável, já que só o seria em condições técnicas específicas, por óbvias razões de segurança técnica e ambiental. A companhia da electricidade do tempo não gostava da ideia, como é de calcular, por razões de concorrência e de defesa do seu monopólio.

Passar-se-iam anos sem conta até que, não sei se por aplicação da tal lei se por outro motivo qualquer, do tipo “liberalização”, lá passou a ser possível produzir energia em casas particulares, indústrias, etc.

Muito bem? Não. Muito mal. É que, se se quiser pôr uns painéis foto voltaicos, um pequeno moinho de vento, um burro às voltas a uma nora ligada a um gerador, o produto da coisa é obrigatoriamente vendido à distribuidora e o valor da venda creditado posteriormente na factura, ou coisa que o valha.

Evidentemente, o sistema foi vendido às pessoas como uma espécie de mina de ouro que lhes era generosamente posta à disposição. Você investe na produção de energia, nós arranjamos o financiamento em suaves prestações e, ao fim de n anos, você começa a ganhar dinheiro que nem um nababo.

Então, e se eu e o meu vizinho comprarmos a meias o tal equipamento, e produzirmos só o que necessitamos, não tendo sobras, só, por vezes, faltas a colmatar pela energia da rede, por que carga de água somos obrigados a entrar no esquema da distribuidora?

É tudo para seu bem, meu caro, tudo para seu bem. Esquemas é connosco, não consigo e com o vizinho, está a perceber? A coisa tem que ser controlada, a fim de que, nem você venha a ter falta de energia, nem que venha a produzi-la para deitar fora. Temos aqui o regulamentozinho, o equipamentozinho, o financiamentozinho, o fornecedorzinho, o fiscacalinho, tudo preparadinho para si. E a tenebrosíssima CERTIEL. Uma maravilha.

E mais. Você só pode produzir se houver megawatts “disponíveis”. A licença tem limites! Não queria mais nada? Pode haver vento disponível, sol disponível, burros disponíveis, mas, se não houver megawatts, não há nada a fazer. Talvez em 2014…

Além disso, ao mesmo tempo que o preço da electricidade que você compra aumenta, o preço da electricidade que você vende ou é obrigado a vender diminui! Está a ver a lógica disto?

   

O resultado é que o exercício do “direito” que uns malucos quaisquer inventaram nos idos de oitenta não tem nada a ver com a sua liberdade de o exercer. É coisa que depende da soberana vontade daqueles de quem você, com a sua energia, se queria livrar.

 

Assim são os tempos.

 

12.8.12

 

António Borges de Carvalho

SOLUÇÕES PRÁTICAS E DEMOCRÁTICAS

 

A polémica do Relvas já cheira mal. Não vale a pena voltar ao assunto.

Mas é engraçado lembrar à geração que, hoje, anda por volta dos cinquenta, mais coisa menos coisa, a forma como tantos dos seus membros, alguns em altíssimas posições nacionais e internacionais, chegaram ao canudo.

Sabem como foi? Com uma coisa criada pela desordem que o 25 provocou: as “passagens administrativas”.

Mais ou menos assim:

Os alunos punham os professores (bandos de fascistas!) na rua. Davam-lhes porrada. Faziam plenários nas aulas. Arrastavam professores pelos corredores puxando-os pela gravata. A universidade andava sem eira nem beira, mas muito à la page.

Dada a situação revolucionária, os alunos, coitados, não podiam, antes pelo contrário, ser prejudicados: Passavam “administrativamente”. Um carimbo qualquer e já está.

Quantas cadeiras comidas, quantos anos passados com honra q.b. e eficácia muita!

Há que reconhecer que era muito mais prático do que as burocracias em que os relvas se meteram para obter resultado semelhante. E sem as chatices a que os relvas se sujeitam.

 

12.8.12

    

António Borges de Carvalho

FUNDACIONAL REBALDARIA

 

Na sua irremediável ignorância, pensava o IRRITADO que uma fundação era uma instituição privada, criada a partir dos meios financeiros e funcionais postos à sua disposição para fins sociais, culturais ou outros não lucrativos ou quase. O seu ponto comum seria o de prestar serviços à sociedade a partir da gestão de tais meios. Assim, tratar-se-ia, por definição, de algo que não dependia do Estado mas, a cem por cento, da boa gestão dos meios “em caixa” e daqueles que a sua actividade pudesse gerar, mas sempre ao nível exclusivamente privado. Pelo menos é o que sucede, por exemplo, nos EUA, onde há hospitais, universidades, bibliotecas, um mar de instituições criadas por beneméritos e funcionando a partir dos meios que as criaram, no exercício, quer dizer, dentro dos limites dos fins para que foram criadas. Ao Estado compete enquadrá-las legal e fiscalmente. Mais nada.

 

Em Portugal, estas ideias são pura fantasia. As “fundações”, salvo raros casos, destinam-se a sacar dinheiros públicos para os seus “beneméritos” fins, bem como a fugir aos impostos. Além disso, inventou-se, negando o próprio conceito de fundação, uma coisa extraordinária, absurda e abusiva: as “fundações” públicas.

No tempo dos anteriores governos, este sistema atingiu o paroxismo da escandaleira. Ao ponto da haver uma fábrica de computadores que recebe, de uma “fundação” cem por cento pública, a fundo perdido, várias centenas de milhões de euros do erário público para o desenvolvimento do seu negócio.

Ponhamos de lado saber se a distribuição de computadores às criancinhas é uma coisa boa ou uma coisa má. O que nos traz, por agora, é saber como saem tais milhões, sem concurso (as “fundações” não são legalmente obrigadas a fazer concursos), sem impostos, sem outro controle que não seja o do próprio receptor dos tais milhões. Os computadores não são vendidos ao Estado, mas a uma benemérita “fundação”… do Estado.

Este exemplo, mais gritante que os demais, é seguido em inúmeros casos. Há fundações formadas para glorificar ad eternam fabulosas personalidades, tais a de Mário Soares ou a de Saramago. Aquela, além de receber umas largas massas, chega ao ponto de alugar ao Estado o gabinete do fundador na fundação, para alojar o ex-presidente, que é o presidente da fundação! Esta, para além de outros caros e excepcionais privilégios, chega ao ponto de receber a título gratuito, devidamente “adaptado” aos seus fins, um edifício emblemático de inegável importância para Lisboa e para o país, a Casa dos Bicos, onde, alegadamente, guarda preciosidades tais que a biblioteca do coronel/camarada Gonçalves, uma das mais sinistras figuras da nossa história recente.   

Depois, como tem vindo nos jornais, as trafulhices assumem dimensões oceânicas. E o Estado só fala em cortar cinquenta por cento! Devia cortar tudo!

Se o Estado chegasse a tal ponto, levantar-se-ia, da parte dos muitos que, agora, o criticam por ficar a meio caminho, um coro de indignação: é que haveria pelo menos mais uns dez mil desempregados a juntar aos que já existem.

Ninguém quer aceitar que cortar na despesa publica é, em muitos casos, quase só cortar em despesas de pessoal.

 

Tal a selva em que nos meteram.    

 

4.8.12

 

António Borges de Carvalho

ESPANHOLADAS

 

Calcule-se que, segundo o jornal privado chamado “Público”, “Há alunos de “Espanhol” que vão ser obrigados a aprender Francês“.

Pus espanhol entre aspas por duas razões que pouco ocorrem às pessoas mas são importantes.

A primeira: tal língua não existe. Há várias línguas espanholas, sendo o castelhano a que como tal é referida. Há o basco, o catalão, o galaico-português… tudo línguas espanholas.

A segunda: mesmo na floresta de horrores do Acordo Ortográfico, o nome das línguas, em português, não se escreve com maiúscula. Não somos ingleses…

 

A grande questão é a de saber por que raio de carga de água há-de um português perder tempo a aprender castelhano.

Em tempos que já lá vão, era comum aos portugueses, machões e marialvas empedernidos, aprender castelhano com as espanholas. Dado o aumento exponencial da oferta local, este sistema deixou de ser utilizado com a mesma intensidade. Mas, como a fronteira se abriu e os jogadores de futebol passaram a ser espanhóis ou sul-americanos falantes de castelhano, a convivência com tal e tão desagradável língua passou a proporcionar contactos bem mais frequentes que os das antigas espanholas. Por outro lado, é sabido que qualquer português minimamente esperto percebe, sem qualquer necessidade de aprendizagem, entre sessenta e cem por cento do que os espanhóis dizem em castelhano. Quem precisar entra um pouco mais fundo na coisa, sem gastar tempo e dinheiro em inutilidades escolares.

 

Não sei se há ou se não há criancinhas portuguesas que, por alguma tenebrosa decisão do poder, sejam “obrigadas” a mudar do castelhano para o francês. Se há, ainda bem. Aprenderão uma coisa útil, em vez de gastar as meninges a estudar uma coisa que só não sabem se não quiserem.

É claro que a embaixada da federação espanhola está, ao que se diz, muito inquieta com esta história e até sugere reciprocidade, isto é, o corte do ensino de português na federação a que Castela preside. Patética preocupação, já que por lá, os cidadãos não percebem patavina do que nós dizemos (como dificilmente percebem seja que língua for), se quiserem entrar no nosso mundo é natural que precisem de aprender alguma coisa.

 

Dado o exposto, o IRRITADO informa que, a ser verdade esta notícia, acha muito bem a decisão de substituir o espanhol pelo francês, o alemão, o russo, o chinês, ou alguma coisa que possa vir a ser útil aos portugueses.

 

4.8.12

 

António Borges de Carvalho

DESCOBERTA ESTIVAL

 

O IRRITADO há muito não se metia à estrada para ir até Sesimbra, antiga piscosa terra, no dizer do poeta, hoje bosque de cimento. Enfim, podia ser pior.

No regresso, uma agradável surpresa: numa das rotundas da estrada - há-as dúzias - surge uma tabuleta a dizer: A33 – Monte da Caparica.

O IRRITADO não resistiu e, passados uns quinze ou vinte quilómetros e incontáveis portagens, chegava ao seu destino. Terá encontrado pelo caminho para aí uns dez carros, isto contando com os dois sentidos. Uma maravilha, acelerar à vontade e não ter vivalma a chatear!

Pelo caminho foi pensando: se isto vai dar, para um lado, ao Monte da Caparica, onde levará em sentido contrário?: a Faro?, a Bragança?, a Elvas?, a Leiria? Nada disso. Em sentido contrário, a A33 leva o feliz cidadão até Coina!

Estamos assim perante uma importante infraestrutura, que nos conduz da soberba metrópole de Coina, passando pela enorme cidade da Quinta do Conde, pelo complexo de indústria pesada da Aroeira e por outros progressivos aglomerados urbanos, industriais, turísticos e patrimoniais cujo nome a ignorância e a fraca memória do IRRITADO não conseguiram fixar.    

Que felicidade! Que orgulho pátrio se sente ao percorrer tão importante via! Que profunda gratidão enche os nossos corações quando pensamos no Homem que, qual Duarte Pacheco, qual Fontes Pereira de Melo, quase diria qual Vasco da Gama, imaginou e ordenou a construção desta incontornável e indispensável obra!

Falamos, como já devem ter percebido, falar desse inigualável herói que se chama “engenheiro” Pinto de Sousa, modestamente conhecido por “Sócrates”, hoje refugiado em Paris, alto merecedor dos nossos mais profundos sentimentos e homenagens!

 

Postas as coisas na linguagem dos incréus e dos ingratos, trata-se de mais um elefante branco, dos muitos que o fulano por cá deixou, para que quem cá ficasse fechasse a porta enquanto ele come umas coquilles na Tour d’Argent. Como é possível, uma autoestrada de Coina para a Caparica? Não é coisa que se explique, a não ser pela teoria da conspiração, isto é, da comissão ou comissões.

No fundo, uma pequena imagem das contas por pagar que o homem por cá deixou. Coisa de somenos, gota de água no oceano da nossa desgraça.

 

4.8.12

 

António Borges de Carvalho

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