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irritado (blog de António Borges de Carvalho).

O SOCIALISMO É A FILOSOFIA DO FRACASSO, A CRENÇA NA IGNORÂNCIA, A PREGAÇÃO DA INVEJA. SEU DEFEITO INERENTE É A DISTRIBUIÇÃO IGUALITÁRIA DA MISÉRIA. Winston Churchill

irritado (blog de António Borges de Carvalho).

O SOCIALISMO É A FILOSOFIA DO FRACASSO, A CRENÇA NA IGNORÂNCIA, A PREGAÇÃO DA INVEJA. SEU DEFEITO INERENTE É A DISTRIBUIÇÃO IGUALITÁRIA DA MISÉRIA. Winston Churchill

COISAS QUE CHEIRAM MAL

 

1.Esta história da greve dos estivadores já cheira demasiado mal. Porquê?

Algumas respostas:

a) Trata-se, evidentemente, de abuso de direito e de abuso de poder, ambos tipificados no Código Penal;

b) Os prejuízos já causados a um país na situação do nosso são puro terrorismo económico;

c) É público e notório que os estivadores incitaram e incitam à violência e ao vandalismo;

d) Moralmente falando, estão a fazer troça de quem sofre mesmo com a crise;

e) As reivindicações que apresentam não têm outra razão de ser que não seja a manutenção de privilégios de classe de que os demais não gozam nem nunca gozaram;

f) O direito à greve, como todos os demais, tem limites;

g) Tais limites foram, há muito, ultrapassados.


2. Posto isto, ainda cheira pior que o governo ainda não tenha tido coragem para decretar a requisição civil deste bando de energúmenos.

 

25.11.12


António Borges de Carvalho  

CML E JUÍZES

 

Uma das reformas mais perniciosas que a III República introduziu no nosso sistema judicial foi a do acesso à magistratura.

Anteriormente, os candidatos a juízes eram licenciados em direito que ingressavam no ministério público e faziam um “tirocínio” de vários anos em diversos tribunais, assim adquirindo ums experiência da “vida real” da Justiça. Quando faziam a transição para a magistratura judicial, traziam consigo, tanto ou mais que a sua formação académica, um conhecimento alargado do funcionamento dos Tribunais, das manhas dos advogados, do funcionamento das secretarias, da irresponsável responsabilidade de julgar, do senso comum ou não comum dos juízes, etc.

A reforma veio alterar os passos necessários para chegar ao mesmo. Os candidatos são instruídos numa espécie de colégio que, com incontestável valor simbólico, veio a ser sediado na antiga cadeia do Limoeiro. Assim, desde há muitos anos, os nossos juízes passaram a sê-lo quando ainda miúdos de vinte e poucos anos, teoricamente instruídos para a profissão, mas quantas vezes totalmente incapazes de a exercer com um mínimo de real preparação, qualidade ou vera capacidade de julgar.

Quem não foi, como testemunha, declarante, assistente, réu, autor, queixoso, advogado, solicitador, já confrontado com um juiz deste tipo?

O IRRITADO não se atreve a dizer que a alteração do sistema de acesso à carreira é a causa maior dos males da nossa Justiça, mas que tem a ver com eles, disso não duvida.


Vem isto a propósito, ou a despropósito, da brilhante decisão camarária de reinstalar a escola do Limoeiro na Boa-Hora. Num momento em que as carências de tesouraia são mais que muitas, que sentido faz gastar milhões em obras no velho convento, edifício que, dada a sua localização, a sua qualidade e respeitando esta, se poderia colocar no mercado para os mais diversos tipos de localização, assim encaixando uns milhões em vez de os gastar?

Alguém poderá dizer que a qualidade do ensino judiciário melhoraria por mudar de sítio? Julgo que não.

Alguém dirá que o prédio do Limoeiro não tem condições para funcionar como funciona, mau grado alguma necessidade de manutenção ou conservação? Julgo que não.

Dizem-me que já houve propostas, ou projectos, para fazer da Boa Hora um hotel de prestígio, um centro de empresas, a sede de uma grande instituição, etc.. É provável. Mas seriam coisas privadas, o que não deve poder compaginar-se com a mentalidade socialista que entre nós vigora. Será isso O que leva a CML a cometer mais um pesado desmando financeiro? É difícil encontrar outra explicação que não seja a meramente ideológica.

Já “devemos” muita asneira a esta Câmara. É mais uma. Que se lixe, não é?  

  

Voltando à primeira forma, não seria melhor voltar às velhas práticas no acesso à magistratura judicial, pondo os candidatos a “amargar” por esse país fora em vez de os ter sentadinhos numa escola que muito lhes ensinará mas que, verdadeiramente, não os prepara?

 

24.11.12

 

António Borges de Carvalho

SEGURANÇA E INFORMAÇÃO


Para “sua segurança”, você é filmado por câmaras de vídeo em repartições, supermercados, elevadores, etc.. Se telefonar à EDP, à EPAL, à ZON, à MEO e a mais uma infindável série de organizações, a sua chamada é gravada. Se for ao multibanco é, muitas vezes, filmado.

Isto quer dizer que há uns milhares de fulanos que sabem onde você foi e a que horas e com quem, até fazer o quê, que dinheiro levantou, que contratos fez ou deixou de fazer e em que condições – se não decorou o paleio dos meninos e das meninas dos centros de tortura (vulgo call centers), está frito, porque ficou gravado que o menino ou a menina disseram o que disseram (e podem prová-lo!), você é que é meio surdo, ou burro ou, pior ainda, quer fugir aos encartes.


Quem lhe quiser mal e tiver um amigo “magnético”, pode usar as informações que ele lhe der para lhe fazer a vida negra, etc., e ninguém apanhará o seu amigo, porque eles são tantos, tantos (às vezes estão na Índia, ou coisa do género), que jamais se saberá quem foi o bufo.


Mas se você for mandar umas pedradas à polícia, pode ficar descansado. A polícia só pode ter acesso ao que foi gravado após “edição” pelos profissionais da “informação”. Isto é, se você tiver um amigalhaço na TV, telefona-lhe e diz: ó Fulgêncio, edita lá isso à maneira, não quero que a bófia me veja! E o Fulgêncio, que é um gajo porreiro, lá corta a sua furibunda fuça a atirar coqueteiles molotov. Se a polícia de investigação quiser ver as gravações au complet, terá que ser por ordem  de um juiz. Mas as outras, as “editadas”, onde você se calhar até está, são do domínio público, porque a TV não as “editou” e as pôs no ar.

Por outras palavras, os profissionais da "informação" têm muito mais poder que os polícias ou os juízes, e até é do seu exclusivo critério divulgar ou não situações de flagrante delito, ou de só divular as que lhes der na gana, e ao público, porque, aos investigadores, nem por sombras!


Mais. Põe-se em causa, com fortes “argumentos” jurídicos, a legitimidade de a polícia gravar seja o que for! O senhor Bava, o senhor Belmiro, o gerente do banco ou o porteiro lá do prédio estão autorizados a seguir-lhe os passos e a gravá-los, em vídeo ou som, “para sua segurança”. Mas a polícia não pode, para sua segurança, filmar os que põem em causa... a sua segurança.


Para tratar destas matérias há para aí uma série de “comissões”, de “protecção de imagem”, de “dados” e de coisas do género. Todos, com certeza, bem pagos e cheios de critérios. Todos igualmente inúteis e parasitas, mas muito “modernos” e “indispensáveis”.


Esta a situação, que vem a propósito de um estranho episódio que hoje agita o país, em estertores de indignação. Um tipo qualquer da RTP resolveu pedir a demissão, cheio de brio profissional.  Porque? Porque parece que apareceu, não se sabe onde, um DVD com as imagens dos vandalismos por ocasião da greve dita geral, dia em que não trabalharam os grevistas mais umas centenas de milhar de portugueses que os ditos impediram de trabalhar, isto no uso do sacrossanto direito de impedir de trabalhar os que querem fazê-lo.

Parece que o dito fulano, quando lhe disseram que o tal DVD andava por aí, sem que se saiba ao certo que contém, desatou em profissional frenesi e, perante a informação de que ia haver um inquérito por causa do assunto, ofendeu-se de tal maneira que se demitiu do cargo.


Ao IRRITADO é soberanamente indiferente que a polícia tenha visto tudo ou só o que os donos da “informação”  determinaram que visse, que o DVD exista ou não, que contenha o que contiver, que seja preciso um juiz para ordenar a coisa (a troco de uns cobres, os arquivos da RTP, normalmente, fornecem o que qualquer macaco lhes pedir), que haja inquérito ou não haja, que a polícia veja o que quer ver (diz que não quer ver nada, para alimentar a bagunça) ou não veja cosa nenhuma, ou que o tal artista se demita ou deixe de se demitir.


O que não é indiferente é saber que o que sabe ou deixam que saiba é o que o demissionário e quejandos têm o direito de lhe dar ou não dar a conhecer, isto acima e para além de toda e qualquer autoridade que não a dos próprios.

O que não é indiferente é que o IRRITADO, como todos nós, seja vigiado por qualquer bicho careta, seja ele o porteiro, a menina do call center, o Bava, ou outro marreta qualquer.

O que não é indiferente é que as mais normais e comezinhas atitudes do cidadão comum sejam objecto de uma chusma de big brothers, e que as imagens de vândalos e díscolos de vária ordem tenham protecção legal, policial e “informativa”.


Só mais um pequeno apontamento. Se o cidadão comum, lá na empresa onde trabalha, resolver demitir-se, vai para a rua e acabou. Se não queres fazer o que a empresa te encarregou de fazer, vai bugiar! Na RTP não é assim. Aqui há tempos, o insuportável piscador de olho que, aliás legitimamente, está rico a vender livrinhos de histórias, qual prima dona, demitou-se de RTP por razões que a razão – o senso comum – desconhece. Foi embora? Nem pensar! Continuou empregado e bem pago. A este, que ontem resolveu bater com a porta em tremuras de “honra”, ou me engano muito ou demitiu-se uma ova; vai continuar bem empregado e bem pago.

       

É assim o Estado, as empresas públicas, o garrote económico, a mordaça informativa. Então, que venham as reformas! Não a dos demissionários, a do Estado!

 

22.11.12

 

António Borges de Carvalho


E.T.

23.11.12, 11 da manhã:

Abro o Sapo:

a) Afinal a polícia pediu as imagens a toda a gente. Ontem, não tinha dito a verdade.

b) A AR vai pôr 20 câmaras de vigilância à volta do edifício. Para quê, se não servem para a polícia identificar os desordeiros? Terão as imagens que ser "editadas"? Por quem? Para quê? Será que só servem para haver uns tipos a vender as câmaras e ganhar algum com isso? Verdade seja dita: se for só para isso, já valeu a pena, não é?


SOARES AO ATAQUE

 

Umas semanas antes do golpe de Estado constitucional perpetrado por Jorge Sampaio para pôr a esquerda no governo, dizia-me um amigo que, dadas as sondagens, a dissolução da AR seria necessária e legítima. É claro que nos desentendemos.


Ao passar, excepcionalmente, os olhos pelo excerto do artigo de Mário Soares no DN de ontem, publicado pelo Sapo, vejo retomado o extraordinário argumento do meu amigo. Com uma nuance, talvez mais “democrática”: Soares acha que o governo se devia demitir, não que outra golpada seja protagonizada pelo PR. Ou seja, acha que é a melhor altura para abrir uma crise política. O que se compreende, se olharmos para as sondagens, que dão ao articulista a esperança de repor o PS no poder. A mesma filosofia de Sampaio, sem tirar nem pôr. À boa maneira socialista, os fins legitimam os meios, não é?

As sondagens justificam tudo: se o ou os partidos do governo, estão minoritários nas sondagens, o governo tem que se ir embora. É por estas e por outras que, por cada governo espanhol das últimas três décadas, nós tivemos uns quatro ou cinco. Quanto ao amor à “estabilidade” política, estamos conversados.

Mas há mais: é da natureza do regime que os governos legítimos o são por um período determinado. O princípio geral é que, a ser substituídos, o devem ser por decisão eleitoral ou por impedimento do PM, neste caso, estando a legislatura a correr, respeitando os últimos resultados eleitorais. Nunca por sondagens. É da natureza destas dar meras indicações. Se, nos países democráticos, os governos que estão em queda em sondagens se demitissem, havia, nestes dificílimos tempos, eleições todas as semanas nalgum país europeu. Lindo.

Quantas vezes estiveram os governos de Soares em queda nas sondagens? Quantas vezes Soares se demitiu por causa disso?

Ninguém duvida que Soares deitou ao lixo alguma réstia de bom senso que ainda insistisse em ocupar-lhe as meninges. Há quem diga que é da idade. Não é. O homem é mesmo assim. Para ele, o que está certo é o que lhe convém. E o que lhe convém tem a ver cosigo e com os seus. O resto que se lixe.

 

21.11.12

 

António Borges de Carvalho

FUMAÇA


Qual a magna questão que, neste fim de semana, mais inquietou os media? Saber se foi o ministro que deu ordens para a carga da polícia em São Bento. Manchete do Expresso, letras gordas por toda a parte, telejornais uns atrás dos outros, um sururu dos diabos.

O IRRITADO atreve-se a perguntar: o que é que isto interessa, e a quem? É evidente que o responsável máximo pela carga é o ministro da tutela. Tenha ou não tenha dado, pessoalmente, ordem para tal. Notícia seria que, tendo o ministro dado ordem em contrário, a polícia tivesse carregado na mesma. Ou vice-versa.

O comissário, ou coisa que o valha, da PSP, encarregado das relações com os media, portou-se como um leão: “a ordem veio da cadeia de comando”. Perante a insistência da bestialidade jornalística, disse: “a ordem veio da cadeia de comando”. Como quem diz: vão àquela parte. Muito bem. Chapeau.

Coisa que não impediu a manchete do Expresso et alia.

Estupidez? Não é de crer. A coisa tem que interessar a alguém.

Se atentarmos nas abalizadas opiniões que por aí andam, não será difícil. Ondas de indignação são dadas à estampa e ao monitor sobre a carga ter sido “indescriminada”. Isto é, pela primeira vez na história das democracias ocidentais dever-se-ia ter assistido a uma criteriosa escolha dos tipos a zurzir. Portanto, a carga nenhuma. Dever-se-ia ter assistido à imediata chegada de inúmeros advogados à esquadra, a fim de dar cumprimento aos direitos dos cidadãos, gravemente ofendidos pela polícia. Não consta que seja que detido for tenha sido privado de advogado. Que interessa isso? Então, e a prontidão?

Parece que havia só uns trinta vândalos. As outras centenas de indivíduos estavam lá por acaso. Para ver as vistas. Alguns até achavam mal o vandalismo! Alguns até disseram que estavam lá porque eram da manifestação da CGTP, portanto do PC, outros que eram do BE. Mirones, poucos. Na generalidade, eram todos da greve geral, coisa tida, até pelo governo, por ordeira, civilizada, “cidadã”. Oficial e oficiosamente, da malta dos sindicatos, nem sombra! Uma maravilha.

Na matéria, o PC tem sido mais moderado. O BE, esse, grande defensor dos “direitos humanos”, mesmo instado, nem o vandalismo condenou. Ainda ontem, o Fazenda, apertado na TV, não conseguiu dizer uma só palavra de desagrado ou de condenação. Fugiu com o rabo à seringa que nem um macaco do Jardim zoológico.

Também se devia analizar o que diz a propaganda generalizada: foram os tipos do Benfica e do Sporting, foram os anarquistas, foram uns turistas estrangeiros.

Por tudo isto e muito mais se pode ver a quem interessa a fumaça do “Expresso” e quejandos. Nem vale a pena explicar.

 

18.11.12

 

 António Borges de Carvalho

O QUE SE SABE

 

O IRRITADO é, rigorosamente (como diria o Crespo), incompetente em matéria económica, seja ela micro ou macro.

Assim, vistas as coisas por um ignorante, dá ideia que duas linhas de pensamento de confrontam em Portugal. Uma, acha que a austeridade deve ser violenta, para que dure menos, outra que deve ser leve, e mais longa. Como nos tratamentos para emagrecer. Uns acham que se deve enveredar por uma dieta de choque e umas drogas, até estabilizar e poder recuperar um bocadinho. Outros defendem que, step by step, se deve ir alterando os hábitos alimentares, até obter resultados. Como diria a magra Drª Jonet, passar já do bife com batatas fritas para o chispe com feijão branco ou, nas sábias palavras da gorda Drª Isabel do Carmo, continuar com umas bifalhadas, ainda que menos vezes.


Hemos de convir que,com razão ou sem ela, defender o alívio imediato da austeridade, bem como a intocabilidade de todas as contribuições do Estado para a felicidade do povo, é fácil, compensa, tem efeitos nas sondagens. À la limite dará resultado? Ninguém sabe.

Insistir no contrário é doloroso para quem insiste e para quem é insistido. Não é fácil, não compensa, vê-se nas sondagens. À la limite dará resultado? Ninguém sabe.


Mas há coisas que se sabe.

Antes de mais, sabe-se que os resultados não dependem, nem só nem principalmente, de quem nos governa.

Sabe-se que o tão desejado aumento das exportações dificilmente se compagina com a crise europeia, ainda menos com greves de privilegiados como os estivadores, gente para quem a Pátria se resume ao Cristianao Ronaldo, não merecendo outra consideração.

Sabe-se que isso de renegociar condições com os credores não é coisa que se possa fazer às claras. Ainda menos se pode anunciar que se está a pressionar neste ou naquele sentido. É um trabalho de sapa, que só se revela quando conseguido, sob pena de dar cabo do negócio. Foi o que aconteceu com aquele ano a mais que, para bem ou para mal, nos foi “concedido”.

Sabe-se que o coro universal sobre a intocabilidade do Estado Social – ainda por cima confundindo este com a democracia – é coisa de oposição pela oposição, o pior da democracia e do sistema partidário.

Sabe-se que a recusa sistemática do diálogo pode ajudar as sondagens, mas não ajuda o país.

Sabe-se que as privatizações são fundamentais e urgentes, menos por razões ideológicas que por motivos pragmáticos e morais. É que, enquanto o Estado for proprietário da economia, julga em causa própria, o que é, pelo menos, ilegítimo. Enquanto o Estado, em vez de “gastar” em fomento e “agitação” económica, andar a sustentar elefantes brancos – transportes, BPN’s, RTP’s e tanta outra cangalhada – o cinto dos cidadãos vai deixando de ter furos que cheguem, não por causa da dívida e do défice mas por razões internas de raiz ideológica e constitucional.

Sabe-se que isso de “reforma do Estado” é, felizmente, inevitável. E também se sabe que quem sabe disto tão bem ou melhor que toda a gente, se nega seja a que reforma for, a começar pela da hidra de sete cabeças que se meteu na Constituição e nos rói os ossos.


Muita coisa se sabe. O problema é que também se sabe que os mais próximos e mais violentamente responsáveis pela culpas internas da nossa desgraça, não só, a tal respeito, assobiam para o ar, como se entretêm a destruir por destruir, sem escrúpulos nem qualquer sombra de decência política.

Sabe-se que esta estratégia tem resultado. Pelo menos nas sondagens. Coisa que, afinal, parece ser o que mais importa.

 

18.11.12

 

António Borges de Carvalho

BOAS NOTÍCIAS. HÁ DISSO?

 

 

Boas notícias são coisa que não interessa a ninguém, ou quase.

Talvez com algum empurrão de dona Ângela, parece que se avizinham alguns investimentos alemães. A Fisipe foi adquirida por 29 milhões de euros por uma firma alemã. Há fortes possibilidades de uma fábrica da Bosh (500 empregos) vir cá parar, em vez de ir para a Roménia.  Um grupo alemão estará à frente na corrida à ANA.

Em princípio trata-se de boas notícias. E, no entanto, de todos os media, parece que só um (um!) tomou a iniciativa de falar delas. Se calhar porque estava com falta de assunto. Os restantes ignoraram olimpicamente a coisa.

Consta que há várias luzes ao fundo do túnel no que diz respeito aos estaleiros de Viana do Castelo. Mas os media estão muito mais interessados em greves e protestos que em sublinhar as hipóteses de solução ou chamar a atenção para os culpados da desgraça (os socialistas dos Açores e o camarada Chavez, por exemplo).

As exportações desceram, ainda que não muito. A culpa não é da crise europeia, nem da greve dos estivadores, nem do insucesso de uma ou outra empresa. É, evidentemente, do governo.

O odiado ministro da economia anuncia vastos avanços na exploração mineira. Solícitos, os media sublinham a ingente questão dos pastéis de nata.

Os media transformaram-se em arautos de más notícias (há muitas, é certo), super interessados em esgravatar tudo o que possa prejudicar qualquer sombra de esperança e em sujar o país internacionalmente. Se for o governo a dar más notícias (ou a dizer duras verdades), então é porque o governo destrói a auto-estima dos portugueses e cria revolta social. Sendo os media a fazê-lo, diária e reiteradamente, estão a prestar um serviço ao povo e a santificar revoltas. A culpa, essa, continua a ser do governo.         

O IRRITADO não quer com estas observações inculcar que o governo é a maravilha das maravilhas. É, com certeza, o menos pior dos possíveis. Já imaginaram o que seria uma crise política nesta altura? Já imaginaram o que seria um governo do Seguro ou do Costa, cheio de ignorantes e de socrélfios? Já imaginaram a dona Martins ministra da moral socialista? Já imaginaram o que seria o Jerónimo ministro da ortodoxia estalinista?

Não, não imaginaram. Mas não brinquem com coisas sérias.

 

15.11.12

 

António Boges de Carvalho

DA CANGALHADA POLÍTICA


Uma militante do Bloco de Esquerda dizia ontem que os vândalos que andaram por aí à solta não passam de hordas de “neonazis” que a polícia bem conhece, mas que não distingue de “pessoas de idade” e “pais de família”.

Está a ver-se, não está? Na distinta opinião desta “cidadã”, os polícias, antes de desatar à marretada às pessoas, deveriam perguntar a cada uma: V. Exª é neo nazi, pessoa de idade, ou pai de famíia? É evidente que os neonazis assumiriam imediatamente a sua condição e levariam na touca. Pelo contrário, as pessoas de idade e os pais de família seriam tratados com merecido carinho. Assim se faria Justiça, pelo menos no democrático conceito da mulher.


Lidas as coisas de outra maneira, o que se passou foi o seguinte: a malta que fez feriado foi encanada pelos controleiros do PC e do BE até que, como cereja em cima do bolo, ouviu cordata e pacificamente o discurso do Carlos. Nas entrelinhas do discurso, lá tinha ficado o incitamento à bagunça.  O mesmo se passou com as entrevistas do careca do Bloco. Depois, o Carlos foi-se embora e o careca sumiu-se. Com eles, desapareceram os coletes da greve geral e as pancartas da CGTP e afins. A coisa estava bem preparada. A tropa de choque, já sem coletes nem pancartas que a identificassem, ficou por lá, com o evidente fim de fazer o que fez. Tudo neonazis, gente de idade e pais de família, não é? Nem um só da CGTP, do PC ou do BE, não é?


Conseguido o descrédito internacional do país, devidamente minado o que, com mais ou menos êxito e mais ou menos razão, pode levar a alguma solução, estava atingido o objectivo: desorganizar, amedrontar, destruir, vandalizar. Tudo a pretexto do exercício do sacrossanto direito à greve.

Só faltava o ramalhete final:

- o Carlos, angelicamente, decretou que, nem ele nem os seus camaradas, tinham a ver com o vandalismo;

- o careca, ainda que dizendo mais ou menos o mesmo, tratou de manifestar a sua “compreensão” pelos neonazis, velhotes e pais de família. Menos esperto que o Carlos, como é evidente;

- mais cordato, o PS tratou de mandar o Soares filho à SIC manifestar, melífluo e sibilino, a mesma “compreensão”.


Quem quiser perceber, perceba.

 

15.11.12

 

António Borges de Carvalho

OS INVEJOSOS


A Drª Isabel Jonet disse há dias umas coisas que parece terem chocado inúmeras almas, a começar pelo eminente Francisco Louçã, que teve a ambilidade de dizer que a senhora era uma reedição do Movimento Nacional Femenino. É evidente que o fulano não faz a mais pequena ideia do que foi o MNF, até porque não tem idade para ter estado nas guerras ultramarinas e, se a tivesse, teria obviamente fugido delas.


Ora a obra da senhora a) nada tem a ver com o antigo MNF, b) não se rege pelos mesmos princípios, c) não prossegue os mesmos objectivos e d) não tem nada a ver com o poder político.


Então, o que disse a senhora que tanto incomodou a gentil alma do Louça e de mais uma série de bem-pensantes esquerdocráticos? A resposta é simples: disse, melhor ou pior, um data de verdades. Coisa que faz arrepios àquela repugnante gente. Ao ponto de pedir a demissão da senhora e de lhe chamar os mais terríveis nomes.


A chamada solidariedade social, para tal vilanagem, ou é de esquerda, ou inspirada pela esquerda, ou simplesmente não presta. Ora a tal esquerda, declarando-se “solidária”, serve-se da tal solidariedade para convocar manifestações, apoiar greves, excitar as indignações, e coisas do género. Mas não consta que alguma vez tivesse dado um prato de sopa fosse a quem fosse. Por isso, o que a senhora consegue arrecadar para dar a terceiros, ou não serve para nada, ou faz mal à tripa.


Em alternativa, se a esquerda conseguisse tomar conta da coisa, a paparoca passaria a ser da melhor quaidade, e servida com panfletos do BE, do PC, do PS, para além de um retrato a cores do Vasco Lourenço.

Dadas as dificuldades ideológicas que os canalhas têm em penetrar em organizações tipo Misericórdias, Caritas, Cruz Vermelha, Banco Alimentar, etc., não há nada a fazer senão tratar de as insultar, decapitar ou chamar-lhes nomes do piorio, a ver se arranjam lá uns lugarzinhos para a sua miserável propaganda. Invejosos.

 

13.11.12

 

António Borges de Carvalho

CRIMINOSOS

 

Quando se assiste indefeso, a meses de greve dos estivadores de Lisboa, há que pensar várias coisas:

  1. Os estivadores de Lisboa são ricos. Se o não fossem, não aguentavam estar tanto tempo sem ganhar, sem que lhes faça qualquer diferença.
  2. Os estivadores de Lisboa, objectivamente, são criminosos. Numa altura destas, prejudicar violentamente o comércio externo, empurrar clientes para portos estrangeiros, engarrafar os transportes marítimos de forma irremediável, não pode deixar de ser crime de abuso de direito ou de poder.
  3. Os estivadores da Lisboa, em linguagem de que muito devem gostar, são “traidores de classe”. Os dos demais portos chegaram a acordo sem dificuldades de maior.
  4. Não se percebe, não se pode perceber nem aceitar, que o governo não tenha há muito decretado a requisição civil destes energúmenos, aproveitando para pôr na rua os que fizessem greve de zêlo. Que falta de “fruta”!

 

13.11.12

 

António Borges de Carvalho

O VELHO, A MIÚDA E O BURRO

 

Às vezes vêm à memória coisas do passado, por exemplo as velhas “Farpas” e o gozo que as tricas partidárias davam. Os Reformistas tinham várias tendências, ferozes inimigas umas das outras: os Reformadores, os Reforminhos, os Reformagófagos, os Reformagogos... não seria bem assim, mas mais ou menos.

Agora, mais sofisticado, temos o inenarrável Bloco de Esquerda: bolchevistas, mencheviques, estalinistas, leninistas, revisionistas, trotzquistas, maoístas, enverhoxistas... A diferença é que não são piada de escritor, correspondem à verdade dos factos. Um conjunto da sacos de gatos a fingir que vêem dois palmos à frente do nariz e a bradar que estão “unidos”. Não passam de figadais inimigos, como sempre foram e serão as várias “facetas” do comunismo. Não se assassinarão uns aos outros, a moda ja não é essa , mas vontade não lhes deve faltar.


Reconheça-se, são coisa importante, pelo menos na esclarecida opinião dos produtores de “informação". Dando de barato as inúmeras parangonas sobre a despedida do camarada Louça, há para aí três dias que a organização têm por conta horas e horas de telejornais e de primeiras páginas nos media - cá no sítio conhecidos por “mídia”, em brasileiroanglosaxónica manifestação de ignorância.

Um desses tipos que têm a mania das estatísticas devia fazer as contas a quantas páginas de jornal, quantas horas de televisão, e rádio, quantas entrevistas com o camarada Louça e quejandos, quantos editoriais, quantos artigos de opinião, quantas reportagens, quantos abraços, quantas palmadinhas nas costas, quantas fotografias, etc..

Esta noite tem sido um fartote. A miúda já apareceu 47 vezes no ecran, sempre a dizer a mesma coisa. O mesmo se passa com o velho. E até o burro, coitado, tem direitos de antena especiais para além dos de que já goza na SIC e no Expresso, e que acha que, do pedestal da negra barba, convence seja quem for, para além da já gasta dona Clara.

Qual Merkel, qual Cavaco, qual Benfica, qual Seguro, qual Passos, qual Pinto da Costa, qual governo! O que é esta gente? Nada. Nada, a comparar com o frenético ódio dos verdes olhinhos da miúda, com a verve melíflua do velho, com o estentor da voz do burro.

As martingalas do Bloco “emocionam” os jornalistas. As “receitas” do Bloco oferecem-se ao povo com o destaque que merecem aos donos da opinião, ainda que só sirvam para enganar pacóvios e agravar os problemas.


E é nisto que estamos.

O que vale é que amanhã chega a dona Ângela.

Vai ser recebida em conformidade, isto é, o nobre povo vai tratar de a convencer que, entre isto e a Grécia, o diabo que escolha.

Depois queixem-se.

 

11.11.12

 

António Borges de Carvalho

DA NACIONAL-INTELIGÊNCIA


Pense-se o que se pensar da política da dona Ângela, o facto de ela vir até cá com um vasto grupo de investidores (coisa que não fez com os gregos, por exemplo), não é, não pode ser, má notícia.


O consenso, que, pelo menos formalmente, já houve em relação à situação, foi quebrado pelo chamado PS, com base em queixinhas, vigançazinhas e outras mariquices, aliadas a uma visceral ausência de sentido de Estado (nem discutir aceitam!!!). No momento em que a nossa credibilidade externa leva esta monumental machadada, a visita da principal credora devia ser saudada como manifestação de boa vontade e de abertura.

Pode ser que tal visita nada adiante. Mas o mais provável é que sirva para alguma coisa. Numa altura em que qualquer hipótese de alívio é uma bênção, nada mais estúpido que chamar à senhora personna non grata. E, no entanto, é o que faz uma trupe de “intelectuais”da nossa misérrima praça. Apresenta-se a incentivar as massas a vaiar a visitante.

Que patriotismo!

Que santa irreverência!

Sobretudo, que brilhante inteligência!.

Os pataratas em apreço, com cujos nomes não sujarei este blog, revoltam-se contra o extraordinário facto de a senhora não ter sido eleita por nenhum português, como se seja que governante estrangeiro o fosse, e que venha a Portugal “interferir nas decisões do Estado”, como se alguma vez na história da humanidade a visita de um político estrangeiro se destinasse a outra coisa que não fosse interferir ou influenciar as decisões do visitado. E mais: se a dona Ângela traz consigo investidores, dizem estes díscolos mentais, não é com outra intenção que a de comprar, “a preço de saldo”, o património português privatizado. O bando deve com certeza achar que a Siemens e a Auto Europa, por exemplo, são cancros nacionais, por não ser propriedade de portugueses! Rua com essa gente, e já! Umas dezenas de milhar mais para o desemprego, mas fica salvaguardada a honra desta cáfila de alarves.


Uma  desgraça nacional, a proliferação deste tipo de “intelectuais”.

Todos de esquerda, como é evidente.

E com todo o apoio dos media, tão inteligentes como eles.

 

9.11.12

 

António Borges de Carvalho

OBAMA GANHOU


Obama ganhou as eleições. Por uma unha negra, mas ganhou. Ficou demonstrado que a América está partida ao meio, pelo menos em matéria moral. Mas também em termos políticos e sociais.

O dinamismo da economia americana, bem como os seus mecanismos de controlo, que, tendo falhado imperdoavelmente nalguns casos, continuam a ser muito mais fiáveis e eficazes que os europeus, são dignos de alguma confiança. O mesmo no que diz respeito à Justiça. Com Obama ou com o outro.


No plano externo, as razões de inquietação são muitas e graves. A doutrina oficial vai continuar a ser a do entrenchement, palavrão muito do gosto do Presidente e seus áulicos. Trench quer dizer trincheira, como é do conhecimento geral. Por muito que se adoce esta pastilha com traduções caritativas e melífluas, dúvidas não restam de que a administração Obama continuará “entrincheirada”.

Primeia consequência, já assaz sentida: o evidente menosprezo pelas alianças a Ocidente, a substituição do Atlântico pelo Pacífico, a entrega desta Europa em declínio à sua sorte.  É verdade que há já muitas décadas que os EUA, com democratas ou republicanos no poder, vem insistindo com a Europa para não descurar a sua defesa militar, mais para evitar a guerra que para a tornar possível. Mas a Europa, mergulhada nos custos do “estado social”, vem sistematicamente menospresando as suas capacidades militares, Com a tímida excepção do Reino Unido, a Europa da desfesa é pouco meis que um tigre de papel. A prová-lo, não há intervenção que a Europa faça ou queira fazer para a qual não seja indispensável o apoio militar dos EUA. Assim foi na ex-Jugoslávia, na a qual a contra gosto eles se deixaram envolver, assim é noutros teatros por esse mundo fora. Os Eua estão longe de “apreciar” a Aliança Atlântica, hoje mantida quase como uma “infelizmência”.

No comércio, o mesmo se passa. Obama está muito mais virado para o concerto de posições com os países emergentes do que com a “solidariedade” com a Europa. É certo que, nestes teatros, pouco ou nada tem conseguido, mas a prioridae é evidente.

O médio oriente, ainda que com cuidados especiais com a Turquia, está na mesma, entretendo-se Obama com a crendice na excelência da primavera árabe, coisa que toda a gente já percebeu de primavera ter pouco.  No fundo, é a política de Bush com outra cara: “exportar” a democracia, mesmo que o poder venha a cair na mão de extremistas.

O Irão continua calmamente a progredir no fabrico da bomba e, para além de uns embargos aqui e acolá, não se viu ainda, da parte de Obama, qualquer atitude digna desse nome.

O Conselho de Segurança da ONU, cuja necessária reforma tão propagendeada tem sido, continua exactamente na mesma. 

Dona Hilária vai esperneando aqui e ali, mas nada de novo “descobriu”.

Até as relações com Israel andam pelas ruas da amargura.

Não se trata, da parte de quem escreve estas linhas, de exigir intervenções militares nos locais mais instáveis. Trata-se de ter uma diplomacia mais criteriosa e menos “entrincheirada”.


O que à Europa diz respeito, diz-se em duas palavras: cada vez mais fraca. E o “chapéu de chuva” norte americano muito bem enroladinho.


Romney seria melhor? Ninguém o saberá dizer. No que nos diz respeito, o mais provável é que ficasse tudo na mesma.


 8.11.12


António Borges de Carvalho

ESBORRACHE-SE O CRATO

 

É conhecido de muita gente o sistema alemão do ensino secundário.

Segundo a capacidade (não o estrato social, não a economia ou a cultura familiar), os alunos são avaliados e, por critérios objectivos, encaminhados para diversos tipos de aprendizagem. O objectivo é o de conseguir que a conclusão do secundário seja, para uns, o acesso livre às universidades e, para outros, a competência para o imediato exercício de uma actividade profissional, sem prejuízo de, a termo, poder subir na escala lectiva. Os alemães conseguem, assim, evitar a impreparação de base para o trabalho, por defeito ou por excesso. Isto implica, por exemplo, a formação em empresas, quer para os que não seguem estudos quer para os demais, isto é, o contacto com a vida real, antes de nela entrar como profissionais remunerados.

É indiscutível que o sistema funciona em termos de emprego, de capacidade tecnológica, de progresso científico e de paz social. Terá, como todos os sistemas, os seus casos de injustiça, mas a injustiça não é a base ou a filosofia do sistema.


Vem isto a propósito do recente acordo celebrado com os alemães pelo ministro Crato.

Crato deve estar consciente da profunda inadequação e injustiça do sistema que o igualitarismo constitucional gerou, fundado na doutrina das licenciaturas a esmo, alternadas com a impreparação geral para profissões em que os estudos universitários não são a primeira das condições, ou nem sequer são condição.

Quando se diz que Portugal tem hoje uma nova geração mais educada que em qualquer outro momento histórico, diz-se a verdade. Mas trata-se de uma verdade de Pirro, isto é, a educação recebida não corresponde a nada de verdadeiramente útil à economia, portanto à sociedade. À crise do desemprego, para além de outros males, junta-se a inadequação da nova geração ao mundo do trabalho, ou ao que é preciso no mundo do trabalho dos nossos dias.

Crato procura, pois, uma solução diferente da actual. Vai onde ela funciona, com o objectovo de aprender e de vir a experimentar.


Qual mal há nisto? Muito, muito mal. É o que dizem os “especialistas”, desde já cheios de “preocupações” e erguidos em coro contra a ideia. “Orientação compulsiva”, gemem eles; a CNE (?) está contra, etc. Além disso, imagine-se, a via profissional já é possível para quem tem duas “retenções” (em português diz-se chumbos) no mesmo ciclo ou três em ciclos diferentes. Os “especialistas” acham que assim é que está bem: quem for estúpido, mandrião, calaceiro cábula, então que seja electricista, metalúrgico, informático, etc. Nada a ver com aptidões.  Basta a preguiça e o insucesso.

É gente desta que tem direito à opinião e aos títulos dos jornais. É por estas e por outras altas manifestações de inteligência que temos uma juventude totalmente impreparada para a vida, cheia de canudos, de ignorância e de incapaciades teóricas e práticas,


De qualquer maneira – é esta a verdade a que vamos assistir - ai do Crato se quiser dar uma volta ao que está. Se não se põe a pau, os “especialistas” esborracham-no.

 

7.11.12

 

António Borges de Carvalho

CRAVINHADAS


O grande, o magnífico, o extraordinário ex colaborador de Marcello Caetano, socialsta emérito, famoso por invenções tão geniais como as SCUTS, e por magníficos tachos, como a administração de um banco em Londres, João Cravinho de seu nome, acordou-nos há dias para a realidade: o PS não, deve, a título algum, colaborar com o governo na chamada reforma do Estado. Nem Pensar!

Porquê? Porque, segundo ele, não está nos interesses do partido. Acima de tudo, os interesses do partido! Um patriota, este engenheiro!

Por outro lado, o ilustre maçon demonstra por a+b, gentilmente acolitado por uma emérita jornalista da oposição, a inefável Ana Lourenço, que tudo o que se sabe é pura mentira. Com mestria, exibe e manipula ininteligíveis gráficos (a este respeito devia pedir umas explicações ao Medina Carreira), os quais demonstram, sem lugar a réplica, que este mundo seria muito melhor se governado por ele e pelo seu partido.

Nada do que é real lhe interessa. O défice não interessa, a dívida passa-lhe ao lado, o remédio para tudo sabe-o ele.

Se o Seguro realizasse que tem tão alto cérebro lá no partido, então teria garantido o seu Dom Sebastião. Sem ofensa para este.


Como é possível que um canal tido por credível dê meias-horas de trono a um indivíduo deste quilate?

 

5.11.12

 

António Borges de Carvalho

MALES DO MUNDO


Porque foi Obama eleito há quatro anos? Porque: a) é mulato, b) tem o dom da palavra, c) fez promessas aos pontapés.


Agora, depois quatro anos sem cumprir, nem aquelas que estavam na sua exclusiva mão, como a história de Guantanamo,(diz que a culpa é do congresso) ou  como a retirada do Iraque, nem as outras, como a descida do défice, a criação de emprego, a celebérrima reforma do health care e tantas outras, volta a apresentar-se aos eleitores guardando como trunfos, já não velhas ou novas promessas, mas explorando à saciedade as alíneas a) e b). De resto, a sua obra está à vista. No exterior, não resolveu um único problema. Debate-se com os que herdou e arranjou mais uns. Internamente, conseguiu malcontentar os que dele tudo esperavam e pouco ou nada obtiveram. Resta, pois, a verve, a cor e a mulher, esta com jeito para a popularidade e para dizer umas coisas à multidão.

Tem outro importante trunfo. O adversário que, além de pertencer a uma seita religiosa que causa as maiores dúvidas, se apoia no que há de ideologicamente mais retrógrado, o que lhe torna virtualmente impossível conquistar votos no campo do presidente. Internacionalmente  mais “agessivo” (parole parole) , internamente mais conservador (de quê, se até aceita certas “reformas” do adversário, nem que seja para americano ver?).

Desgraçadamente para ele, o politicamente correcto, lá como cá, tem uma força tremenda. Bush foi mau por causa do Katrina (cujos vestígios já são raros), Obama é um herói por causa do Sandy. Como cá, todos os dias, com tudo. Citemos um exemplo comezinho, triste se não fosse ridículo: em São Tomé, em visita formal, Soares pôs-se em fato de banho e, perante os engravatados dignitários locais, foi dar uma mergulhaça nas salsas e tépidas ondas: para os media, um herói. Mais tarde, em férias, Cavaco subiu a um coqueiro: para os mesmos, uma atitude patética, risível e indigna. Se o governo socialista corta verbas no Estado “social”, coitado, não havia outra solução. Se o governo não é de esquerda, então tais cortes são um crime de lesa-pátria, uma coisa “salazarenta” até, pelo menos na opinião de dos maiores alarves a que a nossa democracia dá guarida. E assim por diante.

Romney é vítima da mesma “correcção”. Não se pense, porém – as sondagens são claras – que os americanos reagem como os “progressistas” europeus.


Obama, entre nós, seria um reaccionário dos piores. O que não impede a nossa pobre intelligentsia de o considerar um revolucionário e de lhe tecer as maiores loas. Saloios!

O problema da América é o mesmo que o nosso. Mais cedo ou mais tarde, o défice, a dívida,  a austeridade, caem-lhe em cima. E se o dólar entrar em colapso, o que não é tão impossível como possa parecer? Hecatombe americana, hecatombe universal.

Trunfo será a inesgotável capacidade de trabalho dos americanos, a resiliência das suas estruturas sociais, a espantosa vitalidade da sua sociedade civil. Mas, por muitos anos e maus, as coisas vão ser difícies.

Com Obama ou com Romney.


Venha o diabo e escolha.

 

5.11.12

 

António Borges de Carvalho

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