O SOCIALISMO É A FILOSOFIA DO FRACASSO, A CRENÇA NA IGNORÂNCIA, A PREGAÇÃO DA INVEJA. SEU DEFEITO INERENTE É A DISTRIBUIÇÃO IGUALITÁRIA DA MISÉRIA.
Winston Churchill
O SOCIALISMO É A FILOSOFIA DO FRACASSO, A CRENÇA NA IGNORÂNCIA, A PREGAÇÃO DA INVEJA. SEU DEFEITO INERENTE É A DISTRIBUIÇÃO IGUALITÁRIA DA MISÉRIA.
Winston Churchill
No português iletrado que soe ser usado pelos jornais/rádios/televisões e outros, titulava o “Expresso”, numa pequena local: Provedor aconselha governo face ao ruído (sic!).
Referia o artigo que o Provedor de Justiça anda preocupadíssimo com a poluição sonora, coisa tremenda a que os municípios pouco ligam e que não é contemplada com as verbas que merece, nem com os recursos humanos e técnicos necessários à perseguição dos barulhentos cidadãos.
Muito bem. Só que não é verdade que faltem verbas, ou técnicos ou recursos humanos. Estes, é de pensar, não serão técnicos, isto é, tipos que, não percebendo nada do assunto, desempenharão tarefas de chefia, de assistência administrativa ou de auxílio indiferenciado, para não falar em motoristas, secretárias e contínuos.
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Um fulano que o IRRITADO conhece tem uma loja de cabeleireiro. Anda há uns seis ou sete anos a tentar obter o licenciamento camarário para a sua loja, que funciona na perfeição mas não possui o almejado papelucho da CML.
Aqui há anos, dizia-me o homem que estava muito aliviado porque o Costa tinha inventado um sistema, a que dera o nome de “Simplis”, coisa que garantia licenciamentos rápidos e desburocratizados. O resultado de tão meritória iniciativa foi ter que contratar engenheiros das mais variegadas especialidades, arquitectos de interiores e exteriores, electricistas, canalizadores, todos eles destinados a projectar e descrever tecnicamente o que já estava, com a maior das perfeições, executado há que eras.
Satisfeitas que foram, durante anos, as exigências do “Simplis”, o homem sentia-se na recta final do difícil trajecto técnico, leia-se burocrático.
Baldada esperança. Faltava uma coisa: o “estudo” do ruído. É que, como é do conhecimento público e, com certeza, do Provedor de Justiça, os cabeleireiros são actividade extremamente ruidosa. Os secadores de cabelo fazem mais barulho que um martelo pilão, as tesouras assemelham-se a caterpílares, o ensurdecedor matraquear das latas de laca a assoprar cola só é comparável ao dos canhões de Navarone, etc. Por isso, a CML, para "simplisficar" a vida ao homem, obrigou-o a receber a visita de uma missão técnica que vai julgar da situação, inspecionando o local, indo ao andar superior verificar a transmissão de ruídos através da placa de betão armado que o separa da loja, para o efeito produzindo barulheiras e medindo-as à chegada ao piso em causa, etc.
Como se vê, o Provedor não tem razão. Não faltam técnicos, nem recursos humanos, nem dinheiro – é o cidadão que paga a inspecção a que o obrigam! Nem falta preocupação dos municípios com a poluição sonora, designadamente a provocada por esses ruidosos infernos que são os cabeleireiros.
E terá o homem muita sorte se, a seguir, não vier um tipo do Instituto da “Qualidade”, a EPAL, ou outros sátrapas quaisquer, descobrir que a porca de três oitavos da torneira do lava-cabeças devia ser de meia polegada, que o disjuntor da máquina de lavar o chão tem 40 ohms em vez de 30, ou outra coisa qualquer que faça parte do “Simplis”.
O Provedor está enganado. Quem sabe da matéria é o Costa, com certeza na nobre intenção de arranjar emprego e “utilidade” para milhares de funcionários e “técnicos” que, coitados, têm o “direito” de infernizar a vida do cidadão, a fim de nos tornar a todos mais felizes e de aumentar a nossa “qualidade de vida”.
Desgraçadamente para todos os europeus, a malta que em Bruxelas soe reunir continua a dar mostras de repenicada estupidez e a pôr em causa os princípios que diz defender.
Desta feita, decidiu alargar a todos a possibilidade que a crise cipriota abriu: se houver dificuldades, quem tiver mais de 100.000 euros no banco, paga o que for preciso. E não bufa.
Não, o que irrita o IRRITADO não é que se taxem certas fortunas. É a consagração do roubo como política de Estado. Agora, pagam os multimilionários (???!!!) que têm mais de 100.000 euros. Mais tarde, porque não?, pagarão os outros. O princípio está estabelecido e, em caso de necessidade, ou há moralidade ou comem todos. Bonito!
O oco, ontem, deu-nos uma dica demonstradora da sua notória equanimidade. Em solene declaração, comunicou-nos as suas cordiais saudações a todos os que fizeram greve, bem como aos que queriam fazê-la mas não puderam.
Esqueceu-se de saudar a maioria dos trabalhadores propriamente ditos, que não fizeram greve porque não quiseram. É que, no pensamento socialista do oco, há o direito à greve, mas o direito à não greve é coisa inexistente, não digna de menção.
Reconheçamos que tem, formalmente, razão. É que a Constituição consagra o direito de fazer greve, mas não o de não aderir a ela.
Se o PS alguma vez for governo (t'arrenego!), veremos se este ilustre pensamento se mantém.
Há alturas em que temos que nos curvar perante a genialidade de certos pensamentos. É o que se passa, por exemplo, com o cogito ergo sum, o e=mc2,o epure si muove, e tantas outras asserções reveladoras de mentes privilegiadas.
É por isso que mal ficaria ao IRRITADO, se não desse o devido relevo ao profundíssimo pensamento do camarada Seguro, há dias formulado em areópago internacional, mais ou menos como segue: para acabar com o desemprego há que introduzir nas constituições dos países da UE uma norma que o limite a uma certa percentagem.
Aqui temos como, dando largas ao incandescente brilho do seu pensamento, o camarada resolve um proplema angustiante que grassa como praga por essa Europa fora.
Cessem do Descartes, do Einstein e do Galileu, a fama das coisas que pensaram!
Quão injusto tem sido o IRRITADO ao chamar oco a tão esmagadoramente genial político! Deste humilde púlpito pede, contrito, o seu alto perdão!
O telejornal teve que ser visto mais cedo por causa do imperdível Espanha-Itália. Há que aproveitar o intervalo para dar parte da enorme esperança que poderá invadir os corações dos portugueses. É que vai ser um descanso: o Carlos, no rescaldo de mais um retumbante triunfo, veio resolver de uma penada todos os problemas da Nação.
Disse ele que, se as propostas da CGTP/PC fossem aplicadas teríamos, cito de memória e por defeito: o salário mínimo aumentado, o poder de compra dos pensionistas e reformados também, acabava o desemprego, acabava a emigração, abriam-se inumeros e largos horizontes aos jovens, a economia seria posta a funcionar, etc. etc.
Não é uma maravilha? Imaginem como é simples: mais cedo ou mais tarde, se as massas, entretanto, não ganharem o poder na rua, teremos eleições. Bastará, então, votar CGTP/PC para que tudo se resolva. Eureka! Viva o Carlos, futuro vice-primeiro ministro do Jerónimo, com o Pacheco Pereira a ministro da inducação, o Capucho a secretário de estado da cultura, o Vasco Lourenço ministro da tropa, o Viriato ministro da inteligência, a Constança da TV na condição femenina. Os quatro últimos para dar um ar pluralista à coisa, os restantes nomeados pelo centralismo democrático, que com coisas sérias não se brinca.
Quando a esmola é grande o pobre desconfia. E é uma pena, porque o Carlos, educado nos meandros do materialismo dialético, nunca se engana. Punha uns tipos a tratar da rua, nunca mais haveria greves, Caxias era recondicionada com larga cópia de instrumentos, simbiose perfeita entre a tecnologia do KGB e a da PIDE, e tudo seria uma maravilha.
Fosse isto um país verdadeiramente pràfrentex e outro galo cantaria.
Como o IRRITADO só vê televisão depois do jantar, teve uma invejável manhã. Tudo à sua volta funcionava. O café da esquina, como todos os outros, estava em plena actividade, a esplanada cheia de povo, muito sol, uma ligeira brisa a minorar os efeitos da canícula.
Havia mais trânsito do que habitualmente. Sem problemas, porém, já que não havia autocarros. Os aviões, surpresa, troavam no ar. O centro comercial do bairro regurgitava de clientes. As lojas pareciam ter mais movimento, as pessoas estavam mais simpáticas, parece que se sentiam orgulhosas. O IRRITADO fez as sua compras no supermercado, na tabacaria, no sapateiro. Reinava a calma, por causa do calor, ou talvez não. O IRRITADO foi ao Jockey ver a abertura do campeonato nacional de iniciados. Bom espectáculo, e de borla! Na loja das tintas preparam-lhe um litro de tinta de água para a parede da sala.
Nada de anormal. Tudo a trabalhar, os que chegaram mais tarde, os que chegaram a horas e os que vieram depois.
Tudo? Não! Por exemplo, não houve correio, o que proporcionau ao IRRITADO a suprema delícia de não ter a inquietação que provoca abrir a caixa com medo de alguma carta das Finanças. É possível que, no Hospital de Santa Maria os doentes tivessem menos assistência que de costume. É possível que os caixotes ficassem a abarrotar de lixo em acelerada decomposição. É possível que, na repartição do Registo civil, não houvesse casamentos. Muita coisa má é possível, mas a manhã do IRRITADO foi excelente.
À noite, é certo e sabido, se abrir o aparelho, o IRRITADO será submergido em declarações do Carlos, do Jerónimo, do casalinho meia-leca, do oco e seus rapazes, em entrevistas a inúmeras personalidades, todas Estado-dependentes, a incensar a brilhante iniciativa de uma greve “geral” que o IRRITADO não sentiu, certamente por se tratar de cidadão de segunda, que já não contribui para a produção e nunca contribuiu para greves.
Doutas exposições atroarão os ares, produzidas por uma multidão de artistas que tecerão informadas opiniões sobre um dia de inesquecível triunfo das classes trabalhdoras, bla bla bla, puf puf puf.
E agora? Agora, mija na mão e deita fora. Ficou tudo na mesma. Se o governo é mau, continua mau. Se é bom, continua bom. E se antes pelo contrário, a mesma coisa, não é? Se o Carlos e os outros agitadores eram bons, continuam bons, se eram maus, maus ficaram.
Em resumo, para nosso descanso, todos ficaram contentes. O Carlos e os outros porque a greve teve uma adesão de 485%. Os artistas porque tiveram mais uma noite de opinação paga. O governo, porque poupou um jorna de salários. O IRRITADO, porque passou um dia tranquilo, sem sobressaltos. A vida, má ou boa, ficou como estava ontem e estará amanhã. Quem tem trabalho público fez greve e ficou todo ufano. Quem tem trabalho privado trabalhou como nos outros dias, ou teve boa desculpa para ficar em casa. Quem não tem trabalho, ou anda a desenrascar-se e não faz greve, ou não anda a desenrascar-se e, por definição, nem trabalha nem faz greve. Nas ruas, houve quem, comandado por mesnadas de especialistas assalariados, desfilasse com pundonor, como há décadas desfilava, com o mesmo pundonor comandado pela União Nacional. Nem há décadas nem agora os desfiles serviram para o que fosse. Mas fizeram-se. A “informação” gostou e, passada a romaria, todos foram, felizes, para casa.
É quase meia noite. Não sei se por causa da greve dita geral, a famosa Lua inchada dos últimos dias ainda não fez a sua aparição. Pelo menos aqui, no céu a que o IRRITADO tem acesso.
Dentro de uns 40 minutos, entraremos no glorioso dia que, seja qual for o resultado, ou o comportamento da Lua, o Carlos e o seu novo sócio, neste momento, já comemoram junto dos camiões do lixo.
Afinal, o que vai suceder? Não se sabe em pormenor, mas as grandes linhas estão traçadas. O monstro parará: os serviços públicos, barcos, combóios, autocarros, aviões, etc. Numa palavra, o Estado. O monstro. Os empregados.
Não, meus amigos, não se trata de uma greve contra o patrão, o que consubstancia o conceito de direito à greve. É uma mera manifestação política contra o governo (se o governo fosse outro os autores da brincadeira eram os mesmos e mesma a palhaçada), sem uma pinga que seja de “interesse dos trabalhadores”. Bem vistas as coisas, não podia ser mais contra os interesses dos trabalhadores. Uma greve da autoria do comité central, representado pelo Carlos, com o patrocínio do oco através de um tipo cujo nome o IRRITADO ainda não decorou, não podia ser mais contra os interesses dos trabalhadores.
Quem não quer ir trabalhar não vai. É natural. Os que querem ir trabalhar não vão poder porque os que não querem ir trabalhar os impedirão de ir trabalhar.
Quem sofre, isto é, quem está no desemprego propriamente dito (também há o desemprego não propriamente dito, isto é, que se safa no paralelo), não tem voto na matéria nem direito à greve. Que se cale. Que vá bugiar. Isto tem a ver com quem está instalado. Os manda-chuva dizem aos instalados que estão a defender os seus “direitos”. Os instalados acreditam, ou fingem acreditar. E lá vão eles, de colete vermelho no lombo, para os piquetes. É que, à cautela, é preciso dar uma forcinha aos que, canalhas, amarelos, querem trabalhar, isto é, há que intimidá-los, dar-lhes umas lições de “doutrina”, e mantê-los nos varais. Muitos deles quereriam trabalhar, ou não perder um dia de salário, mas ficariam devidamente apontados (fascistas!) na ficha da pide dos sindicatos. Coisa perigosíssima, a ficha, em termos de futuro.
Assim, a greve “geral” de amanhã – ou de hoje, porque o IRRITADO se distraíu e já passa da meia-noite – será um triunfo magnífico para o Carlos e o outro, o Jerónimo e a meia leca, uma monumental desilusão para os verdadeiros trabalhadores e, espera o IRRITADO, mais um fait divers no que ao futuro diz respeito.
Se acreditarmos nas aldabices do xarroco, 90% dos professores fizeram greve no dia do exame. Estavam, portanto, disponíveis só 10%. Estes 10% vigiaram os 80% dos alunos que fizeram a prova.
O xarroco não percebe no que se meteu. Se chega 10% dos professores para o trabalho, mesmo dando os mais generosos descontos é possível chegar à conclusão que há muitos professores a mais, para além dos que já o estavam por falta de alunos.
Parece que os escrúpulos democráticos e sociais do governo o fazem tratar o problema com pinças, sem perceber que, sejam quais forem as delicadezas que use, jamais evitará a fúria do xarroco. O xarroco não anda nisto para defender os professores (nunca andou), anda nisto para fazer a política do comité central. E não tem escrúpulos de nenhuma espécie. O resto é conversa.
O problema é que uma classe que se sonharia de bom senso e plena de noção das responsabilidades tem os mesmos escrúpulos do xarroco, ou menos.
Que gente formou a nossa universidade durante estes anos, ou décadas? Que gente, que se recusa a ver um milímetro para além do seu próprio nariz? Que gente, que “educa” a juventude com critérios da mais rebuscada irresponsabilidade? Que gente, que dá os exemplos que tem dado, com este governo como com os demais? Que gente que tripudia sobre valores, democracia e outras coisas que não usa nem respeita?
Onde vai parar a successor generation, formada por gente desta?
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Hoje, li um artigo escrito por um “professor”. Um tal António Jacinto Pascoal, para que conste.
O homem acha horrível que haja turmas de 28 ou 30 alunos! O homem acha que os “professores”, coitadinhos, “mal têm tempo para para preparação das aulas”, “em virtude da sua carga horária”, coitadinhos. É por estas e por outras, coitadinhos, que não querem o horário de 40 horas, sendo 22 de aulas!!!... nem “conseguem atender às especificidades dos alunos”, coitadinhos... “os professores estão acabrunhados(?) pelo trabalho”, coitadinhos.
Daí conclui: Então, e “os alunos é que se sentem lesados”? de facto, o Pascoal tem toda a razão: os alunos não passam de um pretexto para os “professores” ganharem a vida, não é? Que porcaria é essa dos exames?
O brilhante raciocínio desde nobre “professor”, certamente transmitindo o sentir da classe, tem duas consequências. A primeira: é “uma vergonha” ter havido 10% dos professores, segundo as contas do xarroco, que foram aos exames. Uns desavergonhados, que não deviam ter ter o direito de não alinhar na greve. A greve não é um direito, é uma obrigação, segundo o Pascoal. O resto é uma vergonha. A segunda – fugiu-lhe boca para a verdade – é que “esta não é uma greve de professores, todos sabemos que aqui se joga muito mais campeonato”. Pois, é uma greve do xarroco, portanto do comité central. E acresenta: “não é desonra nenhuma dizer que esta greve serviu para molestar a realização do exame do dia 17”... e “só quem é parvo é que não sabe que é isso e muito mais do que isso”.
Aqui temos, bem escarrapachado: a) o que é vergonha para esta gente, b) a verdadeira natureza da greve do dia 17, c) o que é a “educação” que esta gente recebeu e que vende aos alunos, d) o que é o entendimento que esta gente tem dos valores democráticos e do próprio sentido do Direito, e) o português de 4ª classe do Pascoal.
Não se sabe, ou o IRRITADO não sabe, para que serve esta história do “Património da Humanidade”, para além de haver uns cómicos que se fartam de passear à conta da coisa.
Facto é que uns poucos embandeiram em arco com a tal classificação, se calhar convencidos que há um “reconhecimento universal” de “valores culturais” que lhes são caros. Aqui há tempos, o fado obteve tal classificação, de braço dados com meia dúzia de pantominas muito conhecidas de quem as interpreta ou pratica. O IRRITADO, que não é grande apreciador de fadistices, mas não é contra, revoltou-se com as ridículas companhias com que o fado foi irmanado, e achou preferível que a sentimental cantoria lisboeta continuasse entre portas ou a fazer as delícias de públicos ultra-restritos por esse mundo fora.
Desta vez, foi o diário de bordo de Vasco da Gama o classificado como Património da Humanidade. Se não há dúvida de que se trata de preciosíssimo documento, merecedor de todas as honras, já as companhias que lhe arranjaram desvalorizam completamente a distinção da UNESCO. Dando de barato que, no panegírico da organização, o diário de bordo é mimosamente levado à conta de “abertura da caixa de Pandora dos males do colonialismo” – como se tal “critério” fosse aplicável à extraordinária odisseia de Vasco da Gama ou a feitos do Século XVI – não se perde nada em referir os acompanhantes de Vasco da Gama na alta decisão da UNESCO: são eles o manuscrito do manifesto do partido comunista e... valha-me Santa Hermengarda!, os documentos relativos à vida e obra do Che Guevara, assassino, torcionário, revolucionário da pacotilha marxista, que condenou inocentes à morte e torturou quem lhe caiu nas mãos, verdadeira besta do nosso tempo, isto em conjunto com o seu diário da guerrilheiro... lado a lado com o diário da viagem de Vasco da Gama!
Se os promotores da distinção tivessem alguma noção do que é honrar o nosso património, não deixavam que, mais uma vez, o colocassem no mesmo saco de coisas ridículas ou malditas.
O desafio chegou ao fim com uma notável goleada da equipa da casa. É claro que os esborrachados se queixam do árbitro e ameaçam protestar o jogo como de costume, mas o resultado é o resultado, e aí está. A partida não foi bonita, mas ganhou quem merecia ganhar por margem ainda maior.
As diatribes e as aldrabices dos esmagados não passam de mau perder.
Como o IRRITADO só vê televisão depois do jantar, a estas horas (3 da tarde) não faz ideia do que se passa com os exames dos desgraçados estudantes, joguetes das manigâncias do bigodes e de outros díscolos da nossa praça. É de calcular que os ditos já tenham declarado que a greve aos exames teve uma adesão de 244 por cento e que o governo ainda esteja a fazer contas, a ver se tem número de exames que se veja para informar das suas contas.
Já tendo falado no assunto, o IRRITADO vem acrescentar três pequenas observações sobre as reivindicações da classe com menos classe e mais falta de dignidade, de vergonha e de sentido de responsabilidade das muitas que por aí andam a proclamar a austeridade para os outros.
Uma diz respeito às famosas 40 horas por semana. Passamos a vida a ouvir os “professores”, coitadinhos, dizer que trabalham mais que os outros, até em casa, que horror!, isto é, têm que preparar as aulas, têm que classificar os alunos, e outras tarefas absolutamente calistas. Ora se eles acham que já trabalham mais que as 40 horas, que diferença faz que tal esteja ou não esteja no horário de trabalho? Parece que, neste caso, ao contrário dos restantes funcionários públicos, os “professores” não são penalizados, uma vez que ficam a trabalhar eventualmente menos do que costumavam proclamar. Uma explicação seria que deixavam de receber horas extraordinárias, mas como o IRRITADO não sabe se as ganhavam, a explicação carece de fundamento. Ou seja, não há explicação que explique. Li por aí que a classe sem classe tem só 22 horas “lectivas” por semana e que uma turma de 30 é considerada um abuso (mais de 20 parece que também já é demais), não há por isso dúvida que a demagogia e a preguiça são, para esta gente, mais importantes que o seu trabalho e a sua “missão”. Em relação aos restantes funcionários, que passarão a trabalhar mais meia hora por dia, é de presumir que trabalhem mesmo mais meia hora por dia. Já os “professores”, tendo só 22 horas em que se pode fiscalizar se trabalham ou não, é de pensar que outra coisa não os mova, a este respeito, que política, e da baixa.
Outra questão é a da “mobilidade especial”, talvez eufemismo para “preparação para o desemprego”, mas que o governo já garantiu que evitaria sempre que possível no que aos “professores” diz respeito. Ora se tal triste história se aplica a toda a função pública, sendo de temer que venha a incidir sobre pessoas que até podiam ser úteis, por que carga de água hão-de os “professores” ficar isentos, ainda por cima tratando-se de mister em que, para bem ou para mal, cada vez são precisos menos profissionais?
A ideia de “responsabilidade” deste bando, que marcou a greve para o dia dos exames, fica demonstrada: são tão responsáveis que até “admitem” aparecer nalguns exames, desde que o governo mude a data dos ditos! Porque não mudam eles a data da greve? Não mudam porque são completamente irresponsáveis em relação às suas mais elementares obrigações. Queixam-se da irredutibildade do governo, culpado por não mudar ele a tal data. Brada aos céus! Ainda por cima dizem que, se o governo quiser mudar a data, serão eles a escolhê-la. Se for no dia 20, trabalharão. Se for noutro dia qualquer logo se vê. A culpa será, é, sempre dos outros.
Ou o governo se mantém irredutível, mesmo irredutível, e trata esta gente como merece (mandando-a “negociar” com o raio que a parta) ou fica em causa o nosso conceito de democracia –conceito que, até certo ponto, a própria constituição socialista consagra, a nossa liberdade e o direito dos nossos filhos a uma educação minimamente decente, coisa impossível com esta indecente gentalha.
Uma manada de “professores”, segundo fotografia de primeira página de um jornal de hoje, ostentava um cartaz gigantesco em que se lia “deixem-nos ensinar, porra”, sendo que o porra ocupava, garrafalmente, dois terços da pancarta.
Às vezes é bom que estas coisas sejam assim, ordinárias, rascas como quem as escreve, para que as pessoas tenham uma noção mais clara de quem temos pela frente. Gente dominada, arrastada, usada ditatorialmente por um agente do comité central do PC, putativo ensinante da instrução primária que há décadas não ensina nem trabalha, se é que alguma vez ensinou ou teve alguma coisa para ensinar, se é que alguma vez trabalhou fora do partido ou do sindicato, jumento rasca e teimoso, feio e mau. Pode ser que esta gente perceba no que está metida e onde nos mete.
Todos apertamos o cinto mais do que alguma vez pensámos vir a apertar. Com o descalabro da Europa, apertaremos ainda mais, ninguém sabendo onde isto vai parar, se é que vai parar.
Mas os chamados professores não, porra! Eles estão acima da crise, acima dos demais funcionários públicos, acima de nós todos. Não há quem não tenha que sofrer, à excepção, é claro, dos ditos professores, gente de primeira, autênticos aristocratas no pior sentido do termo.
Sua excelências, às ordens do ferocíssimo camarada dos bigodes, marcaram uma greve para um dia em que já sabiam que ia haver exames. Sem escrúpulos, sem noção das responsabilidades, sem respeito por nada nem por ninguém. E mantêm-na. Na sua maneira de pensar, aliás seguida por uma chusma de tipos que, se não são parvos são vis, o governo é que devia adiar os exames, como se os tivesse marcado depois do pré-aviso de greve! Tudo o que não for ceder à horda é um “atentado” contra o sacrossanto direito à greve! É demais.
Não cedas, Crato, porra! Não cedas! Mostra a essa gente que a democracia existe, que ainda não chegámos à bagunça política, nem à anarquia, nem estamos interessados em dar ao bigodes o poder que ambiciona. Defende a democracia, defende a legitimidade, defende o ensino, defende quem estuda, defende-nos, porra!
Da Europa, as últimas novidades são aterradoras. Todos os nossos parceiros estão em recessão. Até a presunçosa Holanda, a grande França, a riquíssima Alemanha, a antipática Finlândia. Todos! Não escapa um.
Por obra e graça das estúpidas malfeitorias do senhor Pinto de Sousa, fomos dos primeiros a cair no buraco, um buraco bem maior que os dos outros, à excepção do da Grécia. Agora, são os nossos clientes de estimação que dele se aproximem.
Pode ser que a recessão generalizada provoque um sobressalto que faça a dita Europa mudar de rumo. Deixou de se justificar manter na agenda a “ajuda ao Sul”.
Agora, ou todos se ajudam uns aos outros, esquecendo os regulamentos do senhor Barroso, os limites do défice do senhor Schäuble, as patacoadas da dona Cristina, a fantasia da não inflação, etc., ou a buracaria será cada vez maior e mais alargada.
Agora, ou todos percebem que só há duas saídas, acabar com o euro ou criar um euro de facto comum, isto é, que não seja mais caro para os que mais precisam e progressivamente mais barato para quem melhor vai estando, ou o desastre não pode deixar de ser geral.
Agora, ou entra na cabeça das pessoas, dos políticos, dos Estados, da “Europa”, que o Estado social (ou socialista) tem que, progressivamente, acabar, de modo a que as pessoas, progressivamente, voltem a ser livres e responsáveis, ou a nossa civilização tem os dias contados.
A alternativa é a recessão endémica, permanente, inultrapassável, progressiva e ruinosa.
A Grécia não é coisa que faça inveja seja a quem for. Com uma excepção: o governo grego fechou a televisão pública. Grande alarido interno e externo. Maravilha!
Neste caso, justifica-se a inveja. É que, no meio de tanto corte, tanto apertar de cinto, tanta chatice, continuamos a pagar uma coisa que não faz falta a ninguém: a RTP.
O defunto Relvas, em relação à RTP, meteu os pés pelas mãos de tal maneira que acabou por ficar tudo mais ou menos na mesma. Agora diz-se que, a prazo, vai deixar de haver subsídios, que a RTP vai passar a viver só à custa do contribuinte e da publicidade. Mas como o contribuinte põe a RTP em crónico último lugar das televisões generalistas, a publicidade vai sendo cada vez menos, ou mais barata. Resultado é que ninguém de bom senso acreditará que, mais dia menos dia, os subsídios não tenham que regressar, os buracos não tenham que ser tapados e a saga não continue. Por outro lado, a contribuição para o pomposamente chamado audiovisual continuará, sem apelo nem agravo, a onerar a factura da electricidade, como mais um dos parasitas que, aliados à ganância dos fornecedores, tornam a energia um bem muito mais caro do que as pessoas e a economia podem aguentar.
Para quê? Para ter a honra de aturar todos os dias o Rodrigues a piscar o olho à gente? Para ter a tristeza de levar todos os dias com o Mendes na cara? Para alargar a bebedeira das telenovelas? Para ver lésbicas em furores uterinos? Vale a pena pagar isto? Vale a pena, para um Estado e um povo arruinados andar a pagar a coisa? O que nos dá a RTP mais do que a SIC ou a TVI?
Não nos venham com a falácia socialista do “serviço público”. Quando há quem o preste (mau, é certo) de borla, porquê pagá-lo?
Não nos venham com o canal internacional, que os demais também o têm. Se querem manter o África, concessionem-no!
O IRRITADO compreende as monumentais dificuldades do governo, por todos os lados acossado por comunistas serôdios, por socialistas sequiosos, pela burrice sindical, pelo politicíssimo Tribunal Constitucional, pela estupidez da Europa, pela macacagem, tipo professores e quejandos, que acha que tem o direito de ficar de fora da crise...
O governo já cortou nas PPPs, diz que vai cortar ainda mais, já cortou nas swaps, diz que vai cortar mais, já cortou nos salários, nas pensões, no desemprego, etc. porque há-de a RTP ficar de fora? Não há coisas mais importantes a manter?
É evidente que falta cortar em muita cangalhada que por aí ainda anda. Mas, que diabo, porque hão de pôr o IRRITADO a ter inveja da Grécia?
Cessa hoje funções o ilustre jurisconsulto Noronha do Nascimento, a partir de amanhã ex-presidente do Supremo Tribunal de Justiça.
Segundo os costumes, o PR condecorou esta excelentíssima personalidade com alta distinção comendatória.
A douta quão sinistra personalidade, entre outros feitos, ficará celebrizada para todo o sempre pelo seu alto critério quanto a escutas telefónicas: mandou destruir as que se referiam ao tenebroso Pinto de Sousa et alia, e validou as que ao Passos Coelho dizem respeito, assim demonstrando a alta independência que é timbre do acto de julgar.
Diz a tradição que “o diabo não é tão mau como o pintam”. Na hora da despedida do senhor, é de esperar que a tradição esteja errada, isto é, que o Pintam seja melhor que o Noronha. Reza também a vox populi que “depois de mim virá quem de mim bom fará”, o que dificilmente se aplica ao caso, uma vez que ser pior que o ido será uma tarefa sobrehumana, quase impossível.
Falo do seu exemplo de seriedade pessoal, da coragem na adversidade, da audácia na acção, da capacidade de resistir e de persistir, da clareza nos propósitos e objectivos, da firmeza e da tenacidade na luta.
… ninguém lhe pode negar a entrega total e pessoalmente desinteressada àquilo em que acreditava, a coerência firme e inflexível, a militância constante.
(Do discurso do presidente da Câmara de Lisboa, na festa de inauguração da chamada “Avenida Álvaro Cunhal”).
Lidas estas linhas, e pondo-as fora do contexto, verifica-se que se aplicam como uma luva a Estaline, Lenine ou Hitler, todos eles cheiinhos de “coerência”, de “coragem”, de “militância”, etc. O problema é que julgar políticos pelas suas qualidades pessoais é muito pouco. Primeiro, porque não se sabe se se trata de qualidades ou de fundamentalismo cego e de intolerância assassina. O que é o caso. Segundo, porque tais qualidades se medem pela forma como foram usadas, não apenas por elas.
Cunhal jamais lutou pela liberdade dos seus concidadãos. Lutou, sim, pela substituição de uma ditadura por outra bem pior. Aliás, nunca alinhou fosse com que tentativa fosse de acabar com a II República, e a todas acusou de “aventureirismo burguês” ou equivalente, sendo que há até quem diga, com foros de verdade, que algumas delas foram denunciadas à PIDE por sua iniciativa. Cunhal só viria a apoiar o fim da II República quando teve a garantia de ter o MFA devidamente infiltrado pelos seus fiéis.
É evidente, e historicamente provado, que Cunhal era um peão da URSS - o “Sol da Terra”, nas suas próprias palavras - que o sustentou, apoiou política e financeiramente, o louvou e condecorou.
A sua fidelidade à ferocíssima ditadura comunista da Rússia é um dado indiscutível. Cunhal apoiou a invasão da Checoslováquia pelos tanques soviéticos e chegou ao ponto de classificar o desastre de Chernobil como um acidente menor, para citar dois exemplos marcantes de cegueira, desonestidade e fundamentalismo.
Comandou o PREC com mão de ferro, e só aliviou a pressão depois de ver o êxito dos seus sequazes na tomada de poder do bolchevismo nos territórios africanos, “libertados” do garrote português e entregues, por escravidão ideológica, à destruição económica, à guerra fratricida, à doença e à fome, com o seu cortejo de mortos, estropiados, de assassínios políticos e de socialismo “esquemático”.
É esta a coerência e demais excelsas qualidades a que o Presidente da Câmara de Lisboa, destituído de qualquer resquício de probidade intelectual e política, presta pletórica homenagem, quiçá a troco de uns votos. Ou pior, porque se calhar é sincero nos elogios.
Que vergonha ter um presidente como este, e vê-lo dar a uma rua da minha cidade o nome do que foi, de longe, o maior canalha político do século XX!
O IRRITADO está preocupadíssimo com a situação a que o Costa levou a própria mãe. Segundo confessa, a Senhora queixa-se de já não poder ir à Avenida da Liberdade.
Porquê? Por causa das “reformas” que o seu ilustre rebento introduziu na zona. Mas o rebento esclarece: “o meu objectivo é que as pessoas não vão lá de carro”. Nem a própria mãe, senhora com certeza de provecta idade!
Segundo diz, instalou o caos na Avenida com um nobre objectivo: a defesa da “saúde pública”. É por isso, diz ele, que podemos ir à Avenida, “não podemos é ir de carro”.
Tudo isto seria risível, se não fosse tão estúpido. Há muitos anos, ouviu o IRRITADO dizer a um dos mais ferozes apaniguados do Costa que, se continuassem a subir as cércias da avenida, todas as árvores morreriam. Passaram décadas, as cércias subiram, as árvores lá estão. Aliás, resistem muito melhor aos prédios e aos carros que à ausência de cuidado e tratamento por parte do Costa e da sua câmara. Porque não será o mesmo com as pessoas, é coisa difícil de entender.
O homem quer que as pessoas andem de transportes públicos. Muito bem. O IRRITADO é um fan dos transportes públicos, e usa-os quando não há greve. Mas, se o Costa quer que as pessoas andem de transportes públicos em alternativa aos carros, então melhore os transportes públicos em vez de os pôr às voltinhas no Marquês. Então mude a sinalética do metropolitano, transporte mais complicado em Lisboa que em Londres ou Paris. Então faça alguma coisa para convencer as pessoas, sem precisar de lhes cercear a liberdade, ainda por cima na avenida da dita.
Resta o absurdo de andar a apoiar a pululação de lojas e hotéis de luxo na avenida, e depois contar que os milionários que lá fazem compras vão de autocarro.
O nosso Costa terá uma desculpa, uma vez que parece não ser doido. É que os seus mais próximos áulicos (Roseta e Fernandes, por exemplo) parecem não gozar do juízo todo.
Só mais um pequeno apontamento. Para se “justificar”, o nosso homem, à semelhança dos camaradas Castro e Chávez, fez, à nossa custa, um discurso de duas horas! Muita gente deu à sola antes do fim. Mas todos foram para casa com noventa páginas de gabarolice, devidamente ilustradas com fotografias e gráficos. Valha-nos isso.
Excelentíssimo Senhor Engenheiro Belmiro de Azevedo
Excelência
É Vossa Excelência um industrial e um comerciante de merecido renome. Felizmente, parece que não se dedica à especulação financeira, não anda a pavonear-se na “sociedade”, não usa exibir helicópteros, aviões, iates, carros de futebolista ou outras martigalas do género. Não se baixa perante governos nem anda de mão estendida à cata de dinheiro público. Parabéns.
No seu poderoso grupo, tem Vossa Excelência um jornal que, apesar de privado, ostenta o estranho nome de “Público”. O jornal nasceu sob a batuta de um curioso esquerdóide, um tal Silva, que, noutros locais, ainda hoje maça as pessoas com os seus contorcidos raciocínios. Dada a relativa moderação desses primeiros tempos – que atribuí à influência de Vossa Excelência – o jornal, apesar de próximo do PS, manteve alguma independência. Depois, e em boa hora, resolveu Vossa Excelência substituir o Silva pelo Fernandes, o que muito contribuiu para o prestígio da marca, ainda que mantendo a porta aberta a influências plurais.
Há algum tempo, porém, foi o jornal entregue a uma senhora que depressa o transformou, quase totalmente, em instrumento de eleição do socialismo nacional nas suas diversas vertentes e versões, ou seja, num mero porta-voz da oposição ao actual governo.
Atente Vossa Excelência, por exemplo, na edição de hoje. Dando de barato o editorial – destinado a louvar a greve dos professores e a dizer que a mesma é culpa “caos” instalado pelo governo(!) – toda a opinião publicada vai na mesma onda: Pacheco Pereira, despeitado opinador e marioneta voluntária das organizações soaristas, dedica uma página inteira a descascar no líder do seu próprio partido, uma cassete já gasta mas que ainda mexe; a dona S.J. Almeida exerce as suas demolidoras e quase diárias funções; uma tal Joana e um César Israel Paulo(!) zurzem no Crato; os senhores Freitas e Estanque afinam pela extinção do estado “Social”, afirmado que se trata de objectivo de ouro do governo; o intolerável Junqueiro produz uma das suas habituais quão burras diatribes. Safa-se o MEC, que escreve sobre macacos propriamente ditos, de baixa estatura.
Só falta pôr na rua o Fernandes, praticamente o único opinador que não toca o mesmo gramofone. A continuar neste caminho, pouco deve faltar.
Isto no que diz respeito à opinião do jornal e à escolha de opinadores. Se Vossa Excelência se dedicar a ler as “notícias” terá, certamente, surpresas do mesmo jaez.
Compreender-se-ia tudo isto sem dificuldade se, no seu livro de estilo, o jornal declarasse que se destina a defender o socialismo e apaniguados de todas as cores e feitios. Não enganaria o povo declarando-se democrático e pluralista. É comum nos países civilizados que os jornais tenham cor, daí não vindo mal ao mundo nem se enganando as pessoas. Sei que, por cá, tal não é uso, mas é um intolerável abuso que a coisa se pratique sem que seja declarada.
Daqui venho fazer um humilde apelo a Vossa Excelência: se quiser manter o jornal nesta onda, mude-lhe o nome. Em vez de “Público”, designação em si absurda, chame-lhe “Diário Socialista”, “Correio da Esquerda”, ou coisa que o valha. Poderá, assim, a senhora directora continuar a sua prosélita missão sem enganar o leitor com falsos democratismos e pluralismos aldrabões. Essa gente que mostre a cara, raio!
É evidente que Vossa Excelência, queira ou não queira, é o culpado da situação a que o seu jornal foi conduzido. Por isso que, em alternativa, lhe sugiro: ponha tal gente na ordem, a directora na rua, e o jornal nos varais.
Para satisfazer a curiosidade de um estimado leitor, vem o IRRITADO dizer de sua justiça sobre o ingente e importantíssimo problema daquilo a que os prosélitos dos defeitos sexuais decidiram chamar coadopção, ou co-adopção.
Há argumentos favoráveis com um certo peso, reconheça-se.
O problema não é o que a lei proposta pelos missionários dos defeitos quer resolver. Porquê? Porque o problema não é esse. O problema é ter passado a ser obrigatório reconhecer, louvar e privilegiar os humanos defeituosos, alçar os seus defeitos à categoria de virtudes cívicas e, pior que isso, a uma inexistente igualdade que se projecta em termos de direito. A igualdade mal entendida sempre foi uma pecha da civilização e do exercício da Liberdade.
Tudo começou pelas uniões de facto, erigidas à categoria de uniões de direito, isto é, conferindo a quem não assume (não regista) a sua situação perante a sociedade os mesmos direitos, ou a mesma esfera jurídica que se reconhece a quem assume, perante terceiros, a sua situação. A partir desta entorse ao respeito pela segurança jurídica de terceiros, tudo passou a ser possível.
Há direitos que são inerentes à pessoa humana. Outros que o não são. Para gozar de tais direitos há que declarar as alterações da esfera jurídica de cada um perante a sociedade. É de admitir, e proteger, que a vida em comum, com sexo ou sem sexo à mistura, possa ser fonte de direitos pessoais. Desde que, como é evidente, os unidos assumam a sua união (a registem), para que os direitos de terceiros possam ser protegidos. Confundidos os direitos inerentes com os que se podem adquirir, todas as confusões podem ser possíveis.
Daí que as tendências mais regressivas da sociedade venham ao de cima e que se passe a achar igual o que o não é, ao ponto de estraçalhar instituições seculares como o casamento através da sua confusão com outros tipos de união quiçá merecedores de protecção jurídica, mas noutros termos, já que são de diferente natureza e provêm de diferentes origens.
Tomado o caminho de uma “igualdade” tão falsa quanto espúria, abriram-se portas a tudo o que a seguir veio: o “casamento” entre pederastas ou entre lésbicas, os filhos com dois pais ou duas mães como se tal fosse possível ou até aconselhável, como anda a ser, etc., num mar de confusão e de negação das evidências.
Sempre houve quem fosse o que hoje se chama homossexual, como sempre houve quem, como a gillette, cortasse dos dois lados. De um modo geral, tratava-se de gente discreta que, conhecedora dos seus defeitos genéticos, hábitos, perversões ou limites, vivia calmamente em sociedade e pouco ou nada perturbava a vida de cada um. De repente, houve quem começasse a fazer a propaganda da coisa. Acto contínuo, forças ditas progressistas (regressistas, na opinião do IRRITADO) tomaram tal bandeira com o habitual fim de desestabilizar as sociedades e as instituições, valendo-se de arremedos grosseiros de conceitos respeitáveis e de “interpretações” perversas de valores igualmente respeitáveis.
A chamada co-adopção mais não é que um passo mais nesta desgraçada senda de aldrabices cívicas alcandoradas a altos níveis “morais” e jurídicos.
Parece que um tal Pais do Amaral, fulano que conheço dos media, mas que nunca vi mais gordo e goza da minha soberana indiferença, tinha um quadro pelo qual lhe ofereceram uns milhões. Vendeu-o. O quadro terá ido para França.
Por todos os lados se levantam vozes indignadas. Que não pode ser, que se trata de património inexportável, que o Estado devia impedir o negócio, etc. e tal. Mais. Que o governo, por decisão de um Viegas que parece que foi secretário de Estado, deixou sair a tela. Um horror, uma ofensa à Pátria, etc.e tal.
Punhamos as coisas no sítio. Ninguém põe em dúvida que o quadro estava legitimamente nas mãos do tal Pais do Amaral. Era de sua indiscutida propriedade. Se o Estado, ou a nacional bem-pensância, não queriam deixá-lo passar a fronteira, então que o comprassem pelo preço oferecido pelos estrangeiros. Se não podiam comprá-lo, o que se compreeende, como é possível que tivessem legitimidade para impedir o proprietário de o vender a quem quisesse? Facto é que parece que a têm. Senão não teria sido precisa a autorização do Viegas, não é?
Por outro lado, que diferença faz à Nação que a obra esteja em França ou nas paredes da sala do Pais o Amaral? Diferença, poderá fazer ao dito e aos amigos que lá iam a casa. À Nação, nenhuma. Pelo contrário. Entram uns milhões. Parece que o fulano gosta de investimentos, coisa que o governo adora, a oposição ama e toda a gente recomenda.
Facto é que ninguém sabia da existência da preciosidade em causa. Facto é que tal preciosidade só passou a existir no momento em que o governo, o qual delendus est, decidiu autorizar a exportação, em nome não se sabe bem de quê. Facto é que isto de ter coisas boas, para além de terrível pecado, põe quem as tem sob a alçada de quem se acha no direito de as fruir sem pagar. Facto é que o Estado republicano e socialista e laico, não deve, na opinião dos nacional-pensadores, respeitar a propriedade de cada um, mas sim controlá-la, taxá-la, imobilizá-la, e até apropriar-se dela se lhe der na realíssima gana. Entre outras coisas, é disto que nos devíamos livrar.