CULTURA
Diz-se, e com razão, que a cultura é fundamental para inúmeros e positivos efeitos.
O problema é que, com este argumento, se produz as mais ferozes diatribes, que os “criadores” não são devidamente subsidiados, que o teatro xis e a trupe ipslon não são apoiados pelo Estado, que os escritores não gozam de protecções especiais, que a câmara municipal não entrou com os dinheiros necessários a isto e àquilo, em suma, que um país que não investe, como devia, na cultura, está perdido para a civilização, para o progresso e para o prestígio internacional.
O IRRITADO que, daquilo a que soe chamar-se cultura sabe pouco, fica estranhamente surpreendido com este tipo de reclamações. Cheira a pendurice que tresanda.
Empurrado pelas televisões que, em legendas e programas vários, passam a vida a anunciar as mais diversas actividades culturais, de Freixo de Espada à Cinta a Macucos de Baixo, espantado com a quantidade de centros culturais, museus, pavilhões multiusos, etc., em tudo o que é povoação deste país, resolveu ocupar o olhar no que se passa na sua cidade.
Para tal, comprou, pela primeira - e se calhar última - vez na sua vida, uma publicação que se chama Time Out Lisboa, a qual está longe de ser exaustiva na descrição da oferta cultural.
Uma rápida inspecção da coisa fê-lo tomar conhecimento da realidade cultural de Lisboa, na corrente semana.
Assim:
- Exposições, 11
- Feiras, 3
- Workshps, 7
- Festivais, 4
- Passeios culturais, 3
- Visitas guiadas, 4
- Conferências, 3
- Museus, 28 (muitos com “eventos”)
- Galerias de arte, 8
- Filmes, 24
- Salas de cinema, 113 na cidade, outras tantas nos arredeores
- Filmes de culto, 93
- Outros filmes, 11
- Grandes eventos, 1
- Teatros em funcionamento , 14
- Teatro para crianças, 7
- Dança, 1
- Concertos, 104
- Fado, 9
- Outros, 31
Tudo isto, é de sublinhar, numa só semana do mês de Julho. Donde se conclui que,em Lisboa como por todo o país, sobretudo sem dinheiro do Estado, a oferta cultural nunca foi tão vasta.
O IRRiTADO permite-se deixar estes números à consideração dos leitores.
1.7.13
António Borges de Carvalho