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irritado (blog de António Borges de Carvalho).

O SOCIALISMO É A FILOSOFIA DO FRACASSO, A CRENÇA NA IGNORÂNCIA, A PREGAÇÃO DA INVEJA. SEU DEFEITO INERENTE É A DISTRIBUIÇÃO IGUALITÁRIA DA MISÉRIA. Winston Churchill

irritado (blog de António Borges de Carvalho).

O SOCIALISMO É A FILOSOFIA DO FRACASSO, A CRENÇA NA IGNORÂNCIA, A PREGAÇÃO DA INVEJA. SEU DEFEITO INERENTE É A DISTRIBUIÇÃO IGUALITÁRIA DA MISÉRIA. Winston Churchill

AÍ ESTÃO ELES (E ELA)!

 

 

Como o IRRITADO teve ocasião de prever, com desgraçada razão, o meritíssimo presidente do TC fez a selecção com a devida eficácia, com mais eficácia até do que o IRRITADO pensava.

E a procissão ainda vai no adro. Dentro de dias virá a decisão sobre os autarcas. Ou muito me engano, ou as contas dos meritíssimos vão ser feitas como segue. Quem é mais prejudicado se a decisão de não os deixar concorrer? A direita ou a esquerda? Se é a direita, então, pumba! E daí, dirá alguém mais preocupado com os “direitos” da esquerda, é facto que o PC também vai ter os seus problemas. Por isso, talvez o melhor seja auscultá-lo, a fim de não haver prejuízos de maior… quid juris? Uma batata difícil de “dijurir” não é?

Para já, a filosofia constitucional, como interpretada pelos meritíssimos, impõe uma coisa verdadeiramente extraordinária: a “segurança” do emprego público, coisa incompatível com a lei do governo, entendida a tal segurança como o “direito” ao emprego vitalício. Ora a natureza de qualquer relação contratual implica um começo e um fim, estabelecendo condições para uma e outra coisa. Até os contratos mais “blindados”, como, por exemplo, o casamento, têm salvaguardado o direito ao fim, no caso ao divórcio. A natureza do emprego é a precariedade, não a “segurança” como TC a entende, ou seja, como a esquerda diz entender.

Se, em termos de princípio, se põe as coisas de pernas para o ar, nada de positivo daí sairá. Uma coisa é reconhecer aos empregados o direito a recorrer dos despedimentos, outra é consagrar o emprego para a vida, seja na pública seja na privada.

É evidente que o TC outra coisa não faz senão política. Porque se quisesse encontrava na Constituição argumentos para decidir ao contrário. Se não encontra é porque não quer. O que faz é política. Por outras palavras, gosta tanto deste governo como o Jerónimo.

Se não temos moeda, a solução é a desvalorização salarial. O Mário Soares, com toques cambiais, desvalorizou os salários em 30 ou 40 por cento. Coisa que o actual governo não fez, nem nada que se pareça. Mas que, de uma forma ou de outra, acabará por acontecer, quer se queira quer não. Já está a acontecer. Toda a gente sabe isso, só que há quem pense, por pura cegueira ideológica, por inconsciência ou por ignorância, que há outras saídas. O que é, manifestamente, o caso do TC: os “despedimentos” na função pública outra coisa não são que uma das formas da tal desvalorização.

Enfim, estamos metidos numa camisa de onze varas. Ela, a Constituição, aí está ela, quando interpretada formal e restritivamente, continua a criar as varas. O TC, aí está ele, fornece o colete, via oposicionismo primário.

A fechar esta coisa, uma palavra mais ou menos cómica. O chefe da oposição, inamovível, indiscutível, principesco, poderosíssimo, sem nada nem ninguém que se lhe possa opor, imune a recursos, “pressões” ou críticas, fez uma figura do mais ridículo que se possa imaginar: tentar justificar a selecção, as férias, os privilégios. Foi de partir a moca. O “deus” a meter os pés pelas mãos por causa das férias do “anjos”. Quanto mais alto se sobe de mais alto se cai, não é?

 

29.8.13

 

António Borges de Carvalho

ANTÓNIO BORGES

 

As diatribes da esquerda contra o ilustre defunto, a quem chama os mais terríveis nomes, dão-nos uma imagem clara da cultura de esquerda, pelo menos da cultura de esquerda em Portugal.

Os que fazem gala em assacar-lhe as maiores tropelias são os mesmos que são capazes de tecer loas ao Cunhal, um estalinista feroz, que coonestou dezenas de milhões de mortos, que quis precipitar o seu próprio país na mais horrenda das ditaduras, que foi um dos mais fiéis representantes de uma potência estrangeira cujos interesses sempre serviu acima de quaisquer outros, que elogiou os tanques de Praga, que disse que em Chernobil tinha havido “uma pequena avaria”, que, que, que… tudo em nome do povo e dos trabalhadores, qual Hitler, qual Mussolini, qual Castro, qual Lenine.

E, no entanto, a direita portuguesa nunca insultou o seu cadáver nem se opôs a votos de pesar pela sua morte. Perante os restos mortais de alguém, de uma pessoa humana, boa ou má, a direita abstém-se de criticar. Fê-lo em vida, se o fez, e fá-lo em relação às suas ideias, se outras tiver.

A decência é algo que, perante a morte, mais deveria manifestar-se. A diferença entre o que pensamos e o que pensam os outros, se formos decentes, não se manifesta contra cadáveres.

O espectáculo que os comentadores de esquerda têm vindo a dar a propósito do passamento do Professor António Borges, mais do que uma imoralíssima porcaria,  é manifestação de uma cultura fundada no estranho convencimento de que a esquerda é dona e senhora da democracia, que o socialismo é a única doutrina válida, que uma Constituição esquerdóide e estúpida como a nossa pode ser fonte de felicidade, de emprego e de progresso.

Não colhe, neste post, defender ou atacar as ideias do extinto. Mas, que diabo, com o cadáver ainda quente, insultar um homem pelas suas ideias e pela frontalidade com que as defendia é mais que indecente. É porco!

Ou será uma consequência da moral republicana?         

 

29.7.13

 

António Borges de Carvalho

 

PROTAGONISMOS

Ontem, as parangonas dos jornais ditos “de referência” (não se sabe o que isto quer dizer, mas fica bem) proclamavam que as universidades tinham sido, pelo governo, proibidas de aumentar as receitas próprias. Muita gente, achou, e com razão, que o governo não estava bom da cabeça.

O IRRITADO ficou siderado. Então, e a desejável independência do ensino universitário? Letra morta? E a colaboração com a economia, os programas internacionais de investigação, tudo o que poderia encaminhar o ensino superior público para uma filosofia mais privada passava a ter limites de receita? Alguém devia estar a gozar com o pagode.

Os Magníficos Reitores das universidades reuniram de emergência. Depois, chamaram os media para, urbi et orbe, proclamar a sua justa indignação. O IRRITADO achou bem. Uma decisão inexplicável e burra do governo.

Pela calada da noite, resolveu o IRRITADO ir às letras mais pequenas. O que encontrou foi isto: os tipos do orçamento impõem que “o crescimento da receita superior ao valor de 2012 está sujeito a uma explicação detalhada assente nos factores de mercado ou incremento dos factores internos que o justificam’”. Dando de barato o hermético linguarejar dos tipos das finanças, o IRRITADO não consegue vislumbrar onde está a proibição de aumentar as receitas próprias. Ou o IRRITADO é burro, ou não está lá nada disso. O que está é a, pelo menos aparentemente absurda, criação de uma fiscalização especial para os tais aumentos de receita.

Aqui há tempos, lembram-se?, os mesmos Magníficos fizeram um escarcéu dos diabos porque o governo atrasou por uma semana os pagamentos das cantinas.  Ai Jesus, que os alunos vão padecer arrasadoras fomes, ai que os fornecedores não aguentam oito dias, ai ai ai. Como é evidente, não havia problema de espécie nenhuma. O problema era termos um grupo de Magníficos ansiosos de mediática promoção e cheios de rancor ao poder político.

Agora, estamos na mesma. Ou o IRRITADO não sabe ler, ou não houve proibição nenhuma. O que há, e que não tem explicação pelo menos para as pessoas normais, é uma vigilância acrescida, eventualmente um estorvo, sobre uma coisa que todos, a começar pelo governo, deviam desejar aumentasse sem outros entraves que não os da decência, da honestidade e do serviço do ensino, da investigação e da economia. Coisa que não justifica, antes torna redondamente falsas as parangonas dos jornais, bem como completamente desproporcionadas as movimentações dos Magníficos Reitores.

Do assento etéreo das suas cátedras descem às vergonhosas profundezas do bigodes ou da Avoila!

Para quê? Politiquice ou ânsia de notoriedade pessoal?

 

28.8.13

 

António Borges de Carvalho

SELECÇÃO 2

 

Quem vai lendo o IRRITADO já viu a grande preocupação dele com a selecção que o seleccionador do Tribunal Constitucional vai fazer, ou seja, com qual o plantel de convocados que sairá da sua privilegiada carteira de neurónios para as decisões que há a tomar a curto prazo. Um match importante para muita, toda a gente.

 

A imprensa dá hoje conta da posição do seleccionador. Assm: só dirá qual é o plantel quando o jogo acabar, coisa natural se considerarmos que o seleccionador tem muito mais direitos que o Ai Jesus ou o Paulo Bento. Tudo o que decide é indiscutível e não pode ser sujeito a contraditório ou a recurso. Uma espécie de deus, como nos tempos do dogma da infalibilidade do Papa. 

Não é, aliás, por acaso que a douta instituição não desceu ao ponto de dar qualquer justificação para não declarar porque não declarava a constituição da equipa. É normal. Os deuses alguma vez tiveram que justificar as suas decisões? Se o fizessem não eram deuses, ora essa!

 

Dada a estranhíssima situação de não se saber, em relação aos meritíssimos, quem está de férias e quem está de serviço, não podem os ignaros cidadãos comentar. Só conjecturar.

Conjecturemos então. Se o TC, em regime de turno ou de piquete por mor de merecidas férias de vários dos seus membros, todos inidentificáveis, pode reunir a seis ou a sete, e desta vez reune na sete, é de pensar que o respectivo presidente e líder da oposição será o número sete, ou o número um, segundo a ordem da contagem. Ficará em posição de nem sequer precisar de exercer voto de qualidade em caso de empate. O que leva a conjecturar ainda que os outros seis serão seleccionados paritariamente, três da oposição, três da situação. Desta forma o ilustre e doutíssimo chefe da oposição terá sempre a última palavra, garantidas que ficam as decisões que muito bem entender. 

Em relação à matéria com mais curto prazo (a história da limitação de mandatos), se o TC fosse um órgão jurisdicional considerar-se-ia incompetente na matéria uma vez que tanto o "de" como o "da" nada têm a ver com a Constitução, uma das raras coisas sobre as quais tal coisa se não pronuncia. O TC devolvia a coisa aos deputados e eles que assumissem as suas responsabilidades. Mas o TC não é, manisfetamenté um Tribunal. É uma instância política com poder para determinar as políticas do executivo. Como demonstram à saciedade os seus mais recentes acórdãos.

 

A novela vai continuar. O desfecho está garantido. 

 

27.8.13

 

António Borges de Carvalho     

UNS DEMOCRATAS!

 

O Bloco de Esquerda tem-se notabilizado pelas suas exigências "morais", pelo revolucionarismo serôdio do camarada Louça, pelo histerismo gritante da gordinha meia-leca, pelo "cristianismo" impuro do Pureza, pela linguagem soviética do marido político da pequena.

O mais notável, porém, é a tendência de oportunismo burocrático e de severidade interna, tipo centralismo "democrático", que norteia a organização.

Lembremos a "mão firme" que levou à "expulsão" do "independente" Fernandes*, por intoleráveis desvios doutrinários. Lembremos a enorme quantidade de deputados de que a camarilha se tem servido ao longo das diversas legislaturas. Tudo legal! Sim, tudo legal, o problema é que já se chegou ao ponto de haver mais deputados bloquistas que ninguém elegeu do que efectivamente eleitos.

Desta vez o centralismo entrou em paranóia. Uma senhora quialquer, muito conhecida lá em casa, vai substituir outra. Era a sua suplente? Não. Houve 14 candidatos que, segundo a lei, estariam antes da nova "estrela". Todos eles, coitadinhos, se declararam "impedidos" de tomar parlamentar assento. 

Que quer isto dizer? Várias coisas. Por exemplo, que quem se vai sentar não só não foi eleito mas estaria em 16º lugar numa lista qualquer. Por exemplo, que o Bloco abusa miseravelmente da lei, como outros socialistas, tipo Sampaio. Por exemplo, que não há no Bloco qualquer sombra de democraticidade que se possa sobrepôr à disciplina interna na sua versão mais leninista. Por exemplo outras coisas que não valerá a pena referir, que os tipos já me tomaram tempo a mais.

 

27.8.13

 

António Borges de Carvalho  

 

* Quanto ao Fernandes, saiu-lhe a sorte grande. Pendurou-se no Costa, e continua pendurado. É como o Tavares, que também se zangou com o Louça, e lá está sentadinho no Parlamento Europeu, à espera que o PS o leve ao colo para outro mandato. Grandes democratas!    

A SELECÇÃO

 

O semanário balsemónico titula hoje que os eminentes juízes do Tribunal Constitucional não vão interromper as suas merecidas férias por mor das decisões que têm que tomar durante as mesmas. No mais rigoroso cumprimento da lei, o meritíssimo escol reunirá em piquete, como a EDP para as faltas de corrente e os sindicatos para as greves. Nada de interromper das vacanças. É sabido que os senhores têm, durante as férias, que tomar importantíssimas decisões. Mas, que diabo, férias são férias, diz a lei.

 

A questão que se põe é a de saber quem vai integrar o piquete. Sabido é que ao verdadeiro chefe da oposição – o presidente do TC, o tal que se permite dar ralhetes ao primeiro-ministro – competirá seleccionar os juízes de serviço, não se percebendo se o seleccionador também selecciona que vai e quem não vai estar de férias, ou se quem está de férias está de férias, ficando os demais de piquete.

As almas mal-intencionadas, grupo a que o IRRITADO (segundo abalizadas opiniões) pertence, temem que a selecção saia “à maneira”, como diz o povo. Se for escolhida pelo chefe, aí, teremos a “política constitucional” do costume.

 

A ver vamos.

 

24.8.13

 

António Borges de Carvalho

SANGRAR-SE EM SAÚDE

Se se fizesse um concurso para encontrar os mais desagradáveis portugueses, o PS teria, de longe, a mais vasta escolha de candidatos aos lugares cimeiros: por exemplo, entre infindável escol, lembremo-nos do intragável Galamba, do insuportável Zorrinho, do pesporrente Brilhante, do inqualificável Ribeiro, daquele fulano de Viseu cujo nome não vislumbro…

 

*

Vem este preclaro pensamento a propósito de uma das mais notáveis saídas do Ribeiro, hoje publicada. Diz o homem que “Autárquicas não são um teste a Seguro” (“o oco”, em irritês). Fantástico, como confissão dos mais nobres critérios. Assim: o PS tem propagado a certeza de que um mau resultado do PSD nas autárquicas seria um cartão vermelho do eleitorado ao Passos e ao Portas. Aplicado, porém, o mesmo subido padrão ao PS, o resultado seria o contrário. Se o PSD perder, o PM deve demitir-se. Se o PS ficar por baixo, o oco não terá nada a ver com o assunto. O que acaba com um não belisca o outro. Bonito, não é?

 

A verdade, a seriedade, a honestidade das “análises” socialistas no seu mais esclarecedor melhor. Grande Ribeiro! Deve raciocinar com o bócio. Ou então está com um cagaço de tal ordem em relação às autárquicas que trata de tirar o cavalinho da chuva...

 

24.8.13

 

António Borges de Carvalho

NEM UM RATO PARIU!

 

A espantosa vergonha política, administrativa e judicial que esta fase de “preparação” para as eleições autárquicas vem sendo vale bem a pena de algumas observações.

 

Anda por aí meio mundo a tecer as mais desabaladas críticas aos políticos, ao sistema, aos partidos, etc.. Muito bem. Será de pensar que o tal meio mundo pensa que a chamada sociedade civil está ansiosa por mostrar a sua vitalidade e de demonstrar que a democracia não se esgota nos partidos, antes precisa de ser a(pro)fundada - como dizia em tempos a camarada Pintasilgo - através de variegadas organizações espontâneas, fruto das mais puras, solidárias e desinteressadas profundezas da vontade popular.

Aqui há anos, já não sei quem decidiu acabar com o monopólio dos partidos no que ao poder autárquico diz respeito. Não haverá quem não ache bem, IRRITADO incluído.

A lei que tal determina é, porém, igual a tantas leis que por aí andam. Em vez de ir ao encontro de fenómenos sociais concretos e respeitáveis, veio querer criá-los. A sociedade respondeu como está à vista: borrifou no assunto. Escassas candidaturas há por fora dos partidos, as mais delas povoadas por dissidentes, ambiciosos, para-quedistas, vereadores saneados, capuchos cheios de dor de corno e aspirantes a políticos. Nem uma só dessas candidaturas verá a luz da vitória. Pelo que por aí se lê, nem uma tem uma ideia atraente ou original a propor. Puro e simples jogo de ambição e poder. A montanha da “sociedade civil” pariu umas formigas sem asas.

 

Mais engraçado, ou mais triste, é que tal sociedade não só pouco ligou à oportunidade que lhe era oferecida como, que seja legítimo pensar, a excepção que vai confirmar a regra do falhanço dos “independentes” – Oeiras - só logrará êxito no seguimento do que o meio mundo mais critica. A eleição é dominada por um presidiário cuja sombra protectora paira sobre as consciências dos eleitores. Estes, por muito moralistas e anti políticos que sejam, por mais condenatórios se afirmem contra a corrupção, o compadrio, a fuga aos impostos, etc., na hora da verdade estão-se nas tintas para a “moral republicana”, coisa que é brandida por aí como se fosse os dez mandamentos, mas que, se é que existe, é radicalmente imoral.

 

Como se isto não bastasse, a absurda lei da limitação de mandatos, destinada a impedir que os eleitores se exprimam como querem ou elejam quem preferem, ficou ainda mais absurda com a intervenção da dona Assumpção destinada a coonestar a repugnante cobardia nesta matéria demonstrada pelos partidos. Os oportunistas, como o Bloco de Esquerda, desataram a meter processos atrás de processos, eventualmente inspirados pela moral republicana mas destinados, não a clarificar a lei mas a criar mais politiquice e mais intrigalhada.

Desgraçadamente, temos o poder judicial que temos. Em vez de devolver ao legislador a clarificação da lei e se considerar incompetentes para fazer julgamentos meramente políticos, sem nada de judicial, os tribunais comprazem-se em dar o espectáculo que dão, com decisões contraditórias e argumentações inimagináveis. Nem sequer têm a decência de pensar que, sendo os juízes não eleitos, vitalícios e intocáveis pela sociedade, antes se fiscalizando a si próprios, não estão em posição moral ou mental para limitar ou deixar de limitar mandatos seja a quem for.

 

Só mais uma notinha, à laia de astrologia. O oco e seus amigos estiveram convencidos  que as autárquicas eram a sua grande oportunidade de esmagar o PSD. Com o triste exemplo de Guterres, que aproveitou o desastre autárquico para dar à sola, eram favas contadas que o governo ia cair, e lá vinham as legislativas antecipadas para mais uma retumbante vitória.

Mas...

Por um lado, o PM já disse que, seja qual for o resultado das autárquicas, o governo não cai nem deixa de cair por causa delas.

Por outro, a pessegada autárquica dentro do PS é de tal ordem, que não há uma só alma que preveja o almejado land sliding.

 

Boas notícias, no meio da vergonha.

 

23.8.13

 

António Borges de Carvalho         

OS OFENDIDOS

 

Em contorções de razão, levantam-se vozes indignadas, sendo o coro quase abafado pela estridência do oco, que se ufana de ofendida indignação. Então não é que o terrível Passos Coelho se atreveu a elencar os entraves possíveis a uma navegação mais ou menos pacífica, e para a frente, da nossa situação?

 

Vale a pena tentar reproduzir os riscos de que o homem referiu:

a)      O de uma recessão mais profunda nos países nossos principais clientes;

b)      O de haver políticas menos conseguidas;

c)       O da falta de sossego social;

d)      O de o ajustamento ser objecto de problemas constitucionais.

 

As vozes dos ofendidos (alínea d) proclamam essa coisa inacreditável das ofensas ao Tribunal Constitucional. Então não é um insuportável atrevimento isto de o PM andar a “pressionar” a doutíssima, sacratíssima, quase divina instituição, que até é tida por díscolos como o IRRITADO por chefe da oposição? Disparate! Ofensa! Ilegitimidade!

Há que perguntar se o que o PM disse não é verdade. Não é verdade que andamos todos a pagar com língua de palmo as esquerdoidices do TC? Não é verdade que o TC nos coloca à mercê das suas interpretações ultra ideológicas da Constituição, de forma a aumentar-nos os impostos e a pôr-nos mais longe da saída do pântano?

 

Já agora (alínea a), o camarada oco e os seus homólogos bem podiam proclamar que, se a Europa não sair do buraco e os nossos principais clientes comprarem menos, a culpa é do Passos. Seria de toda a justiça!

Já agora, não deixem de dizer que (alínea b) o PM já prevê que o seu incompetentíssimo governo desate a fazer asneiras.

Já agora, (alínea c) não é de desatar, de sociedade com o Jerónimo, o Carlos e o casalinho meia-leca, a proclamar a tão desejada revolta social?

 

E, a culminar o seu serviço à Pátria, não é de denunciar, mais uma vez, a desgraça que é ter baixado o desemprego, a dívida e os juros, e ter-se equilibrado a balança de pagamentos?

 

Força rapazes. Estão ofendidos? Tirem o indispensável desforço.

 

19.8.13

 

António Borges de Carvalho

ELEIÇÕES

 

Tudo serve para pôr em causa o que está. Às vezes com razão. Outras, é pôr em causa por pôr em causa.

Anda para aí uma data de organizações especializadas nestas intricadas matérias. Uma delas lembrou-se agora de pôr em causa que os deputados possam ser candidatos autárquicos. Se se tratasse de obrigar os eleitos a escolher uma das funções e abandonar a outra, ainda que fizesse ao IRRITADO justa confusão, poderia compreender-se. Mas os rapazes vão mais longe. Se queres ser autarca, antes de te candidatar tens que abdicar da parlamentar cadeira.

 

Em França, por exemplo, onde abundam câmaras municipais, arrondissements, departamentos regionais, prefeituras e não sei que mais mini autoridades, quase não há políticos que tenham feito carreira por fora de tal sistema. Os ministros, os deputados, os líderes políticos, são ao mesmo tempo maires, préfects e outras coisas que tais. Praticamente não há outra forma de subir na política. Sabe-se porquê. Sendo o sufrágio nacional por círculos uninominais, ninguém chega ao cimo sem ser conhecido na terra onde começou a carreira. Os políticos de topo candidatam-se onde têm a certeza de ser eleitos. Muitos deles mantêm os cargos locais em simultâneo com os nacionais.

Muitos males, defeitos e “gralhas” tem o sistema da grandiosa République. Mas não é desta circunstância que provêm.

 

Dir-se-á que, entre nós, com o sufrágio proporcional, as coisas são diferentes. Mas, ao querer proibir os deputados de, sendo-o, se candidatar às autarquias, não se está a diminuir o direito das pessoas de eleger quem bem entendam, tanto mais que o sistema autárquico já não é terreno de caça exclusivo dos partidos políticos?

 

Seria legítimo, profícuo e de bom senso que o sistema eleitoral fosse reformado, instituindo círculos uninominais com eleição maioritária em duas voltas e acabando com o monopólio eleitoral dos partidos? Com certeza. Mas, como é sabido, em Portugal tem-se da Constituição a maioritária ideia de uma espécie de múmia, um avatar de faraó rodeado de servos que lhe alimentam o caminho da eternidade. É ela quem estabelece o sistema vigente. Em resumo, uma desgraça entre muitas outras, como o socialismo obrigatório e os “direitos” marados.

 

É claro que isto abre caminho às organizações especializadas em perseguições, processos, providências cautelares, embargos e outros instrumentos destinados a tratar da espuma das coisas em vez de tratar das coisas em si, da pacotilha “democrática” em vez da democracia, do que é adjectivo em vez do que substantivamente nos interessa. Com a garantia, como é de timbre, de vigoroso apoio por banda da extremosa comunicação social, com tempo de antena e retrato no jornal.

 

19.8.13

 

António Borges de Carvalho

IVÓMETRO

 

Sei que esta vai irritar muita gente. Mas o IRRITADO não se irrita com as irritações de terceiros.

Aí vai.

Aqui há dias, os anos de uma amiga foram comemorados com um magnífico almoço. Como o IRRITADO não é perito em almoços e anda um bocado fora do “mundo” gastronómico, viu uma coisa pela primeira vez. A lista dos manjares tinha quatro colunas. A primeira elucidava os comedores sobre as iguarias disponíveis, a segunda ferrava o preço, a terceira informava sobre o IVA, a quarta somava as duas anteriores, dando o total a pagar. Pumba!

 

É evidente que os terríveis 23% de IVA nestas coisas são de um exagero a toda a prova. Mas não o é menos que os preços não subiram proporcionalmente. A bica continua entre os sessenta e os setenta cêntimos, o pão, se aumenta é por causa da farinha, os hotéis estão mais baratos, etc. e tal. Ou seja, bem vistas as coisas, o respeitável público, neste particular, não tem sofrido por aí além.

 

Diz-se, aos gritos, que as pequenas empresas, leia-se tascas e afins, vão à falência. Mas, no país da Europa onde há mais estabelecimentos do ramo, a maior parte deles da treta, não será bom que haja uma “selecção natural”? E não será o problema mais dos milhares de estaminés que sempre fugiram ao IVA e deixaram de poder fugir? Não será dos milhares de outros que não pagavam renda nenhuma e passaram a ter que pagar alguma coisinha? Parece que, no fundo, o que está a acontecer é uma chegada a condições mínimas de verdade, um mar onde muitos se afogam porque andavam a garrados a boias que furaram?

 

Nestas coisas é sempre difícil separar o trigo do joio, o que é justo do que é injusto, o que é mesmo um problema do que é simples gritaria. Mas lá que parece haver, ao fundo deste túnel, algo de mais real e mais estável que as ilusões e as aldrabices, disso poucas dúvidas haverá.

 

19.8.13        

 

António Borges de Carvalho

DOUTO SINDICALISTA

 

O IRRITADO leu hoje uma coisa verdadeiramente extraordinária: uma opinião do presidente dos juízes. Não, não se trata do presidente do Conselho Superior da Magistratura, trata-se do presidente do sindicato, ou lá o que é.

A seu tempo, o IRRITADO denunciou a inacreditável bagunça que ia dar a história do “da” e do “de”, na tristemente célebre lei da limitação dos mandatos autárquicos.

Como o legislador (a AR), cobarde e inexplicavelmente, se recusou a clarificar o sentido de tal lei, é evidente que a luta política se ia transferir para os Tribunais. Ora o douto presidente acima referido vem dizer ao povo que é a coisa mais natural deste mundo que os ditos se pronunciem assim, assado e antes pelo contrário sobre o mesmíssimo assunto. Os ditos foram empurrados pelos políticos para decidir. Os políticos politizaram a Justiça.

É exactamente o contrário. A questão não é a de condenar ou absolver o senhor A ou senhor B. É a de saber o que diz a Lei. O que não é, simplesmente, possível, nem para os tribunais nem seja para quem for, a não ser para quem a fez. Por isso que os tribunais, ao contrário do que diz o senhor presidente, autor da opiniosa opinião, deveriam – e houve alguns que o fizeram – declarar-se incompetentes para decidir a questão.

O que é ainda mais espantoso é que, em boa verdade, nem o Tribunal Constitucional pode, de ciência certa, dar um sentido definitivo e esclarecedor à inacreditável lei. É que lhe compete verificar a constitucionalidade da lei, não decretar o que ela diz. E se tanto uma como outra das interpretações – o “de” ou o “da” - forem conformes à Constituição, que raio tem o TC a fazer? Nada. Ou, em alternativa, faz política. O que não lhe diz respeito, ainda que, às vezes, pareça arrogar-se competência na matéria.

Entretanto, a bagunça é galopante. Chusmas de oportunistas põem os tribunais a decidir o que não podem. Os candidatos não sabem se podem concorrer ou não. Os tribunais, salvo raras excepções, acham óptimo exercer poder político. O presidente do sindicato, ou lá o que é, acha que, coitadinhos, estão a metê-los em trabalhos. Opiniões jurídicas, que é isso?

 

15.8.13

 

António Borges de Carvalho

POLÍCIAS ANÓNIMOS

 

Esta coisa da internet, diria o amigo banana, é formidável. Por muitas razões, diria o mesmo abananado patarata.

Feitas estas doutas considerações, o IRRITADO, talvez por razões ou valores já fora de moda, tem o topete de se irritar com o omnipresente anonimato que faz o seu glorioso caminho nestas ciberparagens.

 

O meu pai costumava dizer que “anónimas só as esmolas”. Queria significar que só é legítimo que uma pessoa se esconda para evitar que alguém lhe fique a dever um favor, ou para que não a acusem de andar a exibir os seus brilhantes feitos. Para além disso, anónimos eram os bufos, os pides, as alcoviteiras e outras gentes de semelhante jaez.

 

A “moral” republicana ou – não sejamos maus! – a internet deu cabo deste tipo de valores. Na net, o pessoal pode insultar à vontade, pode denunciar o que lhe apetecer, verdade ou mentira, pode fazer as mais extraordinárias afirmações, perseguições e intrigas, pode incensar a pedofilia e a prostituição, virtualmente pode dizer tudo e o seu contrário a coberto do anonimato.

 

(Em abono da verdade, diga-se que também há a posição oposta, isto é, milhões de pessoas que põem na net coisas que, antigamente, faziam parte da privadíssima esfera de cada um. Tudo com fotografias, nomes, “amigos”, etc., quer dizer, para muita gente os feitos mais comezinhos deixaram de fazer parte de uma esfera a cada um reservada para passar a ser motivo de pessoal propaganda, esta por definição avessa ao anonimato.)

Mas isto foi um parêntesis.

 

A reflexão vem a propósito de uma auto-laudatória local de hoje, no jornal privado chamado “Público”. O dito medium gaba-se de ter dado uma machadada no anonimato dos comentários que usa publicar no seu site. Quem quiser mandar as suas bocas poderá fazê-lo, mas tem que se identificar. O IRRITADO não faz a mais pequena ideia do que seja tal identificação, mas demos de barato que se trata de coisa séria.

Muito bem. Desiludam-se os bufos, os pides, as alcoviteiras e as gentes do mesmo jaez.

Verdade?

Não. Mentira. É que o jornal em causa guarda os últimos parágrafos para informar que quem quiser fazer denúncias ou outras coisas tão nobres quanto elas, poderá sempre fazê-lo anonimamente.

Bastará ligar para a redacção e dizer de sua justiça. Mais ou menos assim:

- Está? É da redacção do “Público”?

- Exactamente. Faça o favor de dizer.

- Posso falar com o funcionário que trata das denúncias anónimas?

- Com certeza. Só um momento.

Trrim, trrim.

- Jeremias Picolete. Boa tarde. Faz favor de dizer.

- Olhe, é para comunicar que a prima da porteira do ministro da guerra, viu o dito com uma grandessíssima piela a fazer xixi à porta do Trombinhas às seis da manhã.

- Interessante. Tem fotografias?

- Não. Mas há mais quem tenha visto.

- Está bem, vamos investigar. Muito obrigado pela sua comunicação. Boa tarde.

Pode imaginar-se o que se segue. Após investigações dos profissionais do “Publico”, veio a provar-se que um segurança do Trombinhas assistiu à mijinha, libertada em catadupas na via pública por um tipo que foi identificado como ministro da guerra através de uma fotografia do mesmo, levada pelo jornalista que o entrevistou no local do crime. Livres somos de imaginar a continuação da história. Não será difícil.

 

A notícia provocou a presente irritação. Mas há pior. O ministério público, as polícias, outras autoridades, também adoram denúncias anónimas e, oficialmente, agem em conformidade com elas.

 

O tempora, o mores!

 

14.8.13

 

António Borges de Carvalho

DA FABRICAÇÃO DA VERDADE

 

Que aconteceu afinal nos chamados swaps, coisa que continua a encher de orgulho os profissionais da "informação", que não há forma de calar?

 

Que aconteceu?

a) Houve, quase a cem por cento durante os governos socialistas, uma interminável série de contratos daquele tipo celebrados pelas empresas públicas, que a tutela deixou à vara larga, não tomando a mais pequena atitude, presumivelmente porque lhe convinha;

b) Consta que alguns (muitos?) de tais contratos eram altamente ruinosos para o Estado;

c) É certo que os governos do PS fizeram inúmeras operações destinadas a mascarar o défice, como os tais swaps, a fundação da Estradas de Portugal, etc.;

d) Houve duas propostas de contratos desse tipo que foram apresentadas aos assessores do senhor Pinto de Sousa, os quais emitiram parecer favorável, vindo o director da dívida pública (do PSD) a opor-se-lhes e, in fine, o ministro das finanças a recusá-los em definitivo;

e) Um dos assessores em causa é hoje o conselheiro financeiro do senhor Seguro.

f) O demissionário secretário de Estado das finanças terá estado, ou não, nas reuniões com os assessores, sendo já certo que não interveio na formulação das propostas;

g) Está provado que o actual governo tem feito inúmeras diligências, algumas bem sucedidas, para minorar as consequências da herança swap recebida.

 

Ora bem, ou mal.

Que aconteceu ao longo dos últimos dias, em termos de informação?

1) Os swaps problemáticos desapareceram como por encanto;

2) As diligências do governo a este respeito perderam-se em combate;

3) O governo do senhor Pinto de Sousa não tem nada a ver com o assunto, uma vez que, santamente, até recusou as únicas propostas que passaram a estar em causa;

4) Apesar de o Sec. de Estado já ter ido para casa, a única coisa batida e rebatida por toda a "informação" continua a ser saber se esteve ou não esteve nas reuniões com os assessores e dar o "devido" realce ao facto de as propostas do City, feitas em 2005, não terem sido aceites.

 

Concluindo:

Uma montanha de ruinosa e pública trampa financeira foi metida debaixo do tapete.

Quem tem tratado de limpar o possível de tal trampa é acusado(a!) das mais terríveis malfeitorias.

Os culpados estão a bom recato e, disso, não se fala.

Assim o povo é "informado".

Assim se fabrica a verdade.

 

9.8.13

 

António Borges de Carvalho    

 

 

ESPANHOLICES

Já não sei quem dizia, com certa razão, que aquilo a que se chama Espanha mais não é que o império de Castela sobre algumas nações ibéricas, ou espanholas, se se quiser. A própria língua oficial, tida por “espanhola”, é a língua castelhana. Línguas espanholas, ou hispânicas – na acepção latina do termo-, há várias.

Não se entenda com isto que o IRRITADO é adversário da unidade do reino espanhol, coisa que a História já consagrou e que não vale a pena, antes pelo contrário, pôr em causa.

Posto isto, olhemos os ainda vivinhos sentimentos ibero-imperiais de Castela, agora evidenciados pelas comichões que uns pedregulhos lançados ao mar pelo governo gibraltino nas suas – dele - águas territoriais lhe causaram. A reacção, verdadeiramente histérica, do governo e da oposição de Madrid põem a coisa em gritante evidência.

Há para aí 300 anos, os britânicos tomaram Gibraltar. Mais tarde, a situação consolidou-se por mor de um tratado internacional que consagrava a soberania britânica sobre o território. Os castelhanos, que parecem não ser adeptos de tratados, não param de pôr os seus compromissos em causa e de fazer exigências soberanistas.

Uma comparação há que não pode deixar de ser feita. 200 anos atrás, um general castelhano invadiu Olivença. Mais tarde, a chamada Espanha subscreveu um tratado em que se comprometia a devolver Olivença. Nunca foi fiel à sua palavra, nunca a devolveu.

Tanto em relação a Olivença como no que a Gibraltar se refere, não valerá a pena terçar armas: os gibraltinos, a cem por cento ou quase, não querem ser espanhóis, como os oliventinos, a cem por cento ou quase, não querem ser portugueses.

A diferença está em que, em face da lei internacional, enquanto Portugal tem todo o direito a não reconhecer a soberania espanhola sobre Olivença, a Espanha não tem direito de espécie nenhuma a querer apoderar-se de Gibraltar.

O imperialismo ibérico de Castela revela-se assim em toda a sua “qualidade” moral.

E nada nos diz que, lá no fundo, não lhe baila no espírito o inconfesso desejo de ir um pouco mais além nas suas ambições… chegar ao Atlântico, não é?

Dizia de Gaulle que le Portugal est une Catalogne qui a réussi. É bem mais do que isso, mas o dito é bem achado. Convém ir estando a pau.

 

8.8.13

 

António Borges de Carvalho

POLÍTICA, ESTUPIDEZ E PIDISMO

 

O IRRITADO sabe que o que aqui diz vai ser objecto, expresso ou não, das mais radicias críticas. A avaliar pela mentalidade, por exemplo, do senhor Óscar Mascarenhas, grande representante da “informação” em Portugal  – que acha, por exemplo, que os briefings do governo são manifestação de fascismo e que um jornalista, perante duas versões do mesmo acontecimento, em vez de noticiar deve escolher a “melhor” – tudo é possível quando a sanha policial ao serviço do botabaixismo toma o lugar do interesse geral.

 

É sabido que os contratos de substituição, designados por “swap”, são uma forma legítima e normal de contratação financeira, usados por muita gente, dos particulares aos Estados. O que não impede de haver os que são celebrados por gente séria e inteligente e aqueles que gente estúpida, pouco séria ou oprtunista (quem vier atrás que feche a porta!) aproveita para mascarar os seus próprios falhanços e malfeitorias.

Sabido que é que, nos ominosos tempos em que o PS “governava”, tal instrumento foi usado de qualquer maneira, ao sabor das circunstâncias e das conveniências do momento, sem que a “tutela” ligasse pevas ao assunto. Tratava-se de mais uma manobra de desonesta desorçamentação, o que era comum - está mais que provado -  na “política financeira” do “governo” do senhor Pinto de Sousa e da sua ruinosa (para o País) organização partidária.

 

O actual governo começou a tratar do assunto. Teve a coragem suficiente para fazer cair dois dos seus membros por os considerar envolvidos, enquanto profissionais, na subscrição de contratos inconvenientes. Teve a coragem e a competência necessárias para enfrentar as poderosas entidades com quem outrem tinha negociado. Conseguiu, e continua a conseguir, minorar os espantosos resultados das asneiras do seu antecessor. Está em litígio com quem não quer aceitar as renegociações propostas. Com custos inferiores aos que a continuação do cumprimento dos compromissos assumidos pelo “governo” do senhor Pinto de Sousa, conseguiu pôr fim a uma série deles. Etc.

 

Qual é a atitude do PS? Fazer tábua rasa de tudo isto e construir uma abominável maquinação, evidentemente destinada a vendar a opinião pública com uma núvem de trampa, sempre contando, como é de timbre, com a prestimosa colaboração dos profissionais da “informação”, muito mais interessados em polémicas conspiratórias que nos problemas reais que nos afligem.

É certo que o secretário de Estado cuja cabeça a tramóia conseguiu cortar não tinha propriamente jeito para enfrentar os ditos profissionais. Meteu os pés pelas mãos em vez de assumir claramente a verdade dos factos. Factos que nada tinham de ilegal ou criminoso. Propôs a venda do que tinha para vender, e pronto. Só não terá vendido porque estávamos em 2005 e o senhor Pinto de Sousa ainda não tinha descoberto o filão das desorçamentações.

Como não podia deixar de ser, acabou por se ir embora. Na sua carta de demissão põe o dedo na ferida com toda a clareza.

 

Não foi a tempo. A teia estava montada.

O pidismo ganhou. O País perdeu.

 

7.8.13

 

António Borges de Carvalho    

EM TERRA DE MALUQUINHOS

 

Em meia dúzia de dias vários sinais, de loucura se tornaram evidentes. Não, meus senhores, não estamos a falar do Gaspar, do Portas ou do Cavaco. Nada disso. Falamos do poder judicial e judiciário.

 

O IRRITADO já fez as devidas honras ao caso exemplar do cão Mandela, assim baptizado após se ter banqueteado com um bebé e, mudado o nome, levado com pompa e circunstância para um lar de cãezinhos com stress pós traumático.

 

Mais ou menos na mesma altura, um tribunal superior(?) pariu uma das mais notáveis sentenças de que há memória sobre uns tipos que, bêbados como uns carros, espetaram a camionete do patrão num barranco. O colectivo resolveu não só condenar o patrão a readmitir os alcoólicos, como tecer doutas considerações obre a utilidade da bebedeira para a eficácia do trabalho e para a dignificação dos tão nobres praticantes da modalidade.

 

A fechar esta pequena série de sérias decisões, a seriedade judicial manifestou-se mais uma vez no seu melhor. Nem mais nem menos que deduzindo a sua oposição ao fecho da Maternidade Alfredo da Costa, valendo-se de extraordinária argumentação exclusivamente política. Mesmo para quem não faz ideia se fechar a maternidade é ou não boa ideia, a decisão do fecho é meramente administrativa, não se destina, como é evidente, a pôr as parturientes (uma espécie em extinção) a dar à luz no meio da rua, nem a negar-lhes quaisquer cuidados, nem a nada de nada que tenha a ver com os tribunais.

 

É de estranhar que as instâncias que têm poder disciplinar sobre os magistrados não metam estes, como muitos outros, na devida ordem, não os chamem à pedra, não os impeçam de ser politicões e não lhes ensinem quais são as suas funções e limites, já que, evidentemente, não aprenderam nada na faculdade nem naquela coisa que é tida por escola de juízes. Facto é que nem sequer da vida social têm qualquer noção ou que tenham qualquer resquício de bom senso.

 

4.8.13

 

António Borges de Carvalho

SONDAGENS

 

O IRRITADO não percebe nada da intricada “ciência” das sondagens, não entende que se faça perguntas a 1.500 cidadãos e se tire das respostas dados “certos”, com uma margem de erro determinada, raramente esta passando de 2 ou 3 por cento.

O IRRITADO está farto de ouvir as prelecções de uma tal Oliveira Costa, ex-PSD, deputado e tudo, ex (ou actual?) PS, ex-sindicalista da UGT, ex (ou actual?) figura da noite fina, empresário de sondagens que usa encher as noites dos crentes com as suas abalizadas opiniões. Há outros, mas este é o melhor exemplo de “cientista” da matéria.

 

Postas estas “declarações de interesse”, vamos ao que nos traz.

No mesmo dia, dois jornais (DN e Expresso) publicam duas sondagens sobre as intenções de voto dos portugueses.

Assim:

PS – DN 35%, Expresso 37,4%

PSD – DN 32%, Expresso 24,4%

PC (dito CDU) – DN 11%, Expresso 12.5%

BE – DN 7%, Expresso 7.5%

CDS – DN 3%, Expresso 7,7%.

Onde está a “ciência” dos oliveira costas da nossa praça?

Como é que o PSD tem 32% num e 24.4% noutro?

Como é que o CDS tem 3% num e 7,7% noutro?

Como é que ambas as sondagens têm “margens de erro” mais ou menos equivalente e desprezíveis?

Como é que esta gente se sente no direito de nos tentar convencer que as intenções de voto estão dentro de uma curtíssima margem?

 

Uma sugestão destinada a quem mandar nesta gente. Já que se fazem tantos regulamentos, façam um que imponha aos sondagistas que digam só quantas pessoas ouviram e onde, de que sexo e de que idade. Assim: houve um inquérito com as perguntas aa, os inquiridos bb, e os resultados cc. Mais nada. Nada que induza as pessoas a acreditar que se trata de resultados científicos, de conclusão garantida, isto é, algo que evite que os sondageiros enganem deliberadamente o cidadão sem que nada nem ninguém os denuncie.      

 

3.8.13

 

António Borges de Carvalho

COISAS ANIMALESCAS

 

Como acontece frequentemente, um cão de raça dita perigosa comeu uma criancinha ao pequeno-almoço. Bem mais fácil e mais tenra a criancinha, diga-se, que a velhota que, há uns meses, serviu de prandial repasto a um colega do nobre animal. Muitos outros casos do género costumam ser repasto da imprensa.

É de pensar que a besta que limpou o sebo à geronte foi, como se mete, ou devia meter, pelos olhos dentro, devidamente abatida e entregue o cadáver a uma fábrica de rações. Não sem que as animalescas criaturas da chamada AA – Associação Animal – tenham protestado veementemente contra o “assassínio” da fera. Só faltou a esta gente dizer que a culpa foi da velhinha, que não tinha nada que se meter nas fauces do canídeo.

No caso da criancinha, as coisas foram mais longe. As animalescas almas, sem uma palavra para a vítima, decidiram “recuperar” o bicho dando-lhe merecido refrigério e prestando-lhe a assistência de uma veterinária especializada e, é de pensar, de vários psicólogos, sociólogos caninos, nutricionistas e praticantes de outras distintas profissões, para o exercício das quais devem abundar licenciaturas, mestrados e doutoramentos pagos pelo contribuinte.

 

Exemplar! Quando o bicho homem se recusa a perceber a sua própria circunstância de pico da cadeia alimentar e de único ser vivo capaz de abstracção e de alteração significativa do meio, acontecem estas bestialidades. Com base em “sentimentos”, tidos por nobres, esta gente trai a sua espécie e tente mergulhar-nos na mais animalesca barbárie.

As autoridades, por seu lado, continuam a emitir regulamentos sobre perigosos animais de estimação, em vez de, simplesmente, proibir a sua posse.

Assim vai o mundo.

 

3.8.13

 

António Borges de Carvalho

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