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irritado (blog de António Borges de Carvalho).

O SOCIALISMO É A FILOSOFIA DO FRACASSO, A CRENÇA NA IGNORÂNCIA, A PREGAÇÃO DA INVEJA. SEU DEFEITO INERENTE É A DISTRIBUIÇÃO IGUALITÁRIA DA MISÉRIA. Winston Churchill

irritado (blog de António Borges de Carvalho).

O SOCIALISMO É A FILOSOFIA DO FRACASSO, A CRENÇA NA IGNORÂNCIA, A PREGAÇÃO DA INVEJA. SEU DEFEITO INERENTE É A DISTRIBUIÇÃO IGUALITÁRIA DA MISÉRIA. Winston Churchill

PARLAPATICES


O  inigualável Magalhães (não confundir com o computador nem com o Fernão de) veio a terreiro defender que se um parlamento se guiar pela “disciplina cesárea”, será “uma aberração”.

Haverá que traduzir esta tão esclarecida opinião: o que o homem queria dizer é que os deputados do PSD, se votaram em bloco a história do referendo sobre a “co-adopção”, não passam de aberrações com pernas.

Demos de barato as diversas opiniões sobre o assunto. O que nos trás é a coerência deste alto socialista.

O homem foi ínclito deputado comunista, tonitruando as teses do PC como se fossem a verdade absoluta. Fosse qual fosse o assunto, não há memória de alguma vez ter votado sem respeitar a disciplina do comité central.

Depois, apagado o “farol” soviético, o fulano achou que tinha que se “aggiornare”. Meteu-se no PS, e lá foi parar ao Parlamento outra vez. Continuou a exercitar ribombantes oratórias, desta vez a favor do “socialismo democrático”. Também não consta que, uma vez que fosse, tivesse rompido a disciplina partidária, tivesse feito uma declaração de voto que fosse menos alinhada com o poder do partido. Até chegou a secretário de Estado não sei de quê. Teve assento na “Quadratura do Círculo”, local onde não fez história nem consta que alguma vez tivesse feito considerações menos convenientes ou menos alinhadas com o poder instalado no partido.

E é este parlapatão que, agora, vem chamar aberração aos que fazem, ou fizeram, exacatmante o mesmo que ele passou a vida a fazer!

Para que conste.

 

27.01.14

 

António Borges de Carvalho

DIÁLOGOS DO CANECO

 

-Olá, Pedro, tudo bem?

-Cá vamos, Marcelo, cá vamos..

- Tenho andado a pensar nesta história das presidenciais.

- E...

- É que, sabes, isto tem muito que se lhe diga

- Ai sim? E então?

- Então, olha. As sondagens dão-me primazia, pelo menos dentro da nossa área. Estou à frente!

- Ainda bem.

- Pois. Mas não vai chegar. É que, mesmo que os nossos habituais eleitores votem em mim, não chega, preciso de mais.

- Mas isso é a tua especialidade. Não é por isso que passas a vida a dar uma no cravo outra na ferradura?

- Pois, pá, mas hás-de reconhecer que tenho, por toda a parte, muitas simpatias. Isso deve-se à minha imparcialidade. Não é o que a malta espera de um presidenciável?

- Pois pois. Vá, desembucha.

-  A ideia é zangar-me contigo.

- Tens cada uma! Diz lá o resto.

- Precisava da tua colaboração.

- Quer dizer, tenho que te dar uma boa razão para te zangares, não é?

- Ora vês? Não há dúvida que és um tipo inteligente.

- Pois pois, diz lá mas é o resto.

- Olha: aí num discurso qualquer, vais arranjar maneira de dizer que eu não sou bom para candidato. Depois, eu zango-me, e desisto da candidatura.

- Continuas um maquiavelzinho do caneco!

- Nem mais.

- Mas, se desistes, como é que queres candidatar-te?

- Isso é fácil. Arranja-se uma vaga da fundo!

- Uma vaga de fundo?

- Sim, o Barroso já se pôs de fora. O Rio é para São Bento, quando te fores embora. Quem fica? O Marcelo, quem havia de ser? Eu! É o que a malta vai exigir.

- E como é que voltas com a palavra atrás?

- Palavra atrás? Nem pensar. A minha desistência foi anunciada num momento de confusão emocional, em estado de choque. Então não viste o que o Portas fez ao irrevogável, e até foi promovido? Nada estárá perdido. Pelo contrário. Os teus eleitores só me terão a mim para votar. E haverá uma data de gente de outras zonas a votar também, porque são contra ti. Percebes?

- Não percebo, mas não faz mal. Se assim o queres, vamos a isso. Depois não venhas dizer que tiveste azar, ou que eu é que sou o mau da fita. E não te garanto nada.

- Não precisas. Os acontecimentos é que determinarão o desfecho desta história. E, como sabes, quem faz os acontecimentos sou eu!

- Bom, ‘tá bem. Eu digo qualquer coisa. Depois logo se vê.

- Assim é que é falar.

- Bai bai. Beijinhos à prima.

Clik.

DA PRESIDENCIAL COMPLICAÇÃO

 

A propóstito do aniversário da presidência de Cavaco Silva tem-se ouvido os mais extraordinários disparates.

Para o efeito deste post, não interessa saber se o mandato tem sido positivo ou negativo. Para o IRRITADO, que não é admirador de Cavaco Silva, ainda menos dos seus antecessores, importante será pensar no que é o presidente da Republica em Portugal, se é que se trata de alguma coisa que se possa definir.

 

A discussão a que recorrentemente assistimos sempre que há uma eleição presidencial, sobre o que é ou deixa de ser o cargo, é mais que esclarecedora a este respeito: revela que ninguém sabe nem deixa de saber o que faz um senhor que somos obrigados a eleger sem saber para quê.  Ao certo, sabe-se que vai ocupar um Palácio Real, ter um numeroso staff, ganhar umas massas (não muitas) e que tudo isto, mais a eleição, mais a reforma, custa à Nação um ror de dinheiro. O PR, em Portugal, não tem poder mas tem poder. Não manda, mas quer mandar. Há quem ache que devia fazer mais, como quem diga o contrário. A discussão nunca terá fim.

 

Não há é quem ponha o dedo na ferida, quem se atreva a dizer que o rei vai nu, que o sistema não presta, não funciona, e será sempre, em vez do factor de união que há quem veja no chamado Chefe de Estado, uma fonte de quesílias, pasto ideal de discussão para demagogos, “constitucionalistas”, comentadores e oportunistas.

Na Europa que nos é próxima, todos os regimes são parlamentares e bi-camerais. Um único regime há que se intitula “semi-presidencial”, e onde o PR é eleito por sufrágio universal: o francês. Em França, o Presidente é o verdadeiro chefe do governo e o representante formal e executivo do país em política externa e de defesa. A V República, criada à imagem e semelhança de De Gaule, destinava-se a fazer do Presidente o chefe político número 1, mesmo nos raros casos de “cohabitação”.  As coisas são claras q.b..

Entre nós, elege-se um PR directamente, mas o poder não lhe pertence. É do parlamento e, por incumbência parlamentar, do governo. O presidente, expressamente, tem como único poder efectivo a bomba atómica da dissolução do parlamento, entendida esta de utilização em circunstâncias especialíssimas. De resto, goza de poderes meramente formais. Ninguém de boa fé duvida que Sampaio se armou em comandante militar, dando conteúdo político a uma função formal, e dissolveu o parlamento através de um indiscutível golpe de Estado constitucional, isto é, usou um poder de que dispunha em oposição radical ao espírito e à letra da Constituição. Mesmo quem defenda as razões que para tal alegou não pode deixar de ver que se tratou de evidentes abusos.

Depois, há inacreditável falácia do “presidente de todos os portugueses”. O PR é Presidente da República e nada mais. Tal falácia leva, por extensão, a que se julgue o Presidente como alguém “independente” “apartidário”, “árbitro”, etc. Ora alguém que é eleito por um lado do eleitorado contra o outro, jamais é, nem é desejável que seja nada disso, em abono do bom funcionamento das instituições.

A “independência” presidencial levou a que tenhamos tido um presidente militar que se opôs a todos os governos, dois  presidentes civis claramente contrários aos governos (desde que não fossem socialistas...), e um, o actual, que, depois de aturar até à exaustão os desmandos do senhor Pinto de Sousa, tem, recentemente, dado uma no cravo outra na ferradura. É, apesar disso, quase universalmente acusado de estar “feito” com o governo! Como se, sendo verdade, não fosse a mais elementar obrigação do Presidente apoiar o governo que o povo elegeu! Num sistema minimamente são não pode haver legitimidades concorrentes ou contraditórias.

 

A estúpida originalidade do nosso sistema tem terríveis consequências no funcionamento das instituções. Mas isto, até entre aquela gente que passa a vida a louvar o que se passa “lá fora”, não faz parte do debate.

 

24.1.14

 

António Borges de Carvalho

MAGNO ALMOÇO

 

Esse produto indigno de saneamento básico que se chama Basílio resolveu almoçar com os amigos. Nada mais natural. Só que a coisa foi preparada com requintes, comunicada a hora e o local à chamada “comunicação” social, todas as facilities à disposição. Temerosa e ordinária, como é de estilo, a tal comunicação fez-se representar em tal e tão grandioso acontecimento, com todos os meios técnicos necessários

 

A que se destinava o almoço? A comer? A conviver? A estudar problemas e soluções? Nada disso. Destinava-se a pôr os convivas a papaguear aleivosias, para gozo e lucro dos comunicantes.

Distinguiu-se o papagaio Freitas, de longe o mais eficaz na satisfação da encomenda do tal Basílio. Como dizem os hediondos liberais, não há almoços grátis. No caso do inacreditável Freitas, foi caro, mas pago com gosto. Soares foi menos “assertivo” que de costume. Saiu-lhe mais em conta. Sampaio tirou o cavalo da chuva, não pagou o repasto. Caloteiro, deve pensar o Basílio.

 

Atingido o objectivo, voltaram ao cano. Uma aula magna em petit comité.

 

24.1.14

 

António Borges de Carvalho

DO RIDÍCULO INSTITUCIONAL

 

Viram, na primeira página dos jornais, a carinhosa doutora Maria apoderar-se um braço do Cristiano Ronaldo, ao mesmo tempo que o seu estremoso consorte segurava no outro? Não ficaram comovidos?

 

A coisa não tem importância nenhuma. O que tem inportância, de um ponto de vista institucional, é isto de a senhora andar permanentemente agarrada ao Presidente da República, como se fizesse parte de algum inseparável ticket. Não se percebe porque não haverá algum chefe do Protocolo de Estado que não intervenha, ou se, intervindo, os seus conselhos não são seguidos pelo destinatário. Contra todas as normas de todos os protocolos, contra o mais elementar bom senso, a senhora não pára de se passear ao lado do marido.

Nem aquelas que, por tradição, têm o “direito” a ser “primeiras damas” o fazem. Nem os príncipes consorte andam atrás das respectivas rainhas, nem as rainhas por casamento andam permanentemente atrás dos reis, nunca ninhuém viu o marido da Merkel, nem o da Tatcher, pelo menos em actividades das respectivas agendas oficiais.

 

Em matéria protocolar, tanto no Estado como entre amigos ou amigas, se os convites são para um, são para um, se se quer o consorte, diz-se. É uma tristeza ver a senhora atrás do marido, num mar de fulanos e de fulanas que não levaram os consortes, nem tinham que levar.

O PR não percebe isto? Não manda lá em casa? Não há, no palácio real que ocupa, quem o aconselhe? Não percebe o ridículo da coisa? Que mensagem pretende passar? Uma de saloiismo?

 

22.1,14

 

António Borges de Carvalho   

OMELETES E OVOS

 

Quando se vê uma senhora do PS, já de certa idade, bem arranjada, acabadinha de sair do cabeleireiro, a comandar as hostes de uma coisa que se chama “apre!”, o cidadão comum tem o direito de se perguntar até que ponto esta senhora foi reduzida à miséria pelos cortes nas pensões. Não foi.

Muito boa gente, IRRITADO incluído, que sente no seu dia a dia a hecatombe de impostos e cortes que lhe caiu em cima, bem como a impiedade dos funcionários públicos com quem tem a desgraça de ter que lidar, vai dando tratos à moleirinha para saber como vai aguentar, isto não falando nas despesas que já teve de cortar e na quebra de “conforto” a que está a ser sujeita. A tal senhora e seus aderentes e anexos, ainda que presos nas malhas da crise, não foram reduzidos à indigência. Têm que mudar de vida, como todos os que tinham um pouco, ou um muito, mais que o mínimo. Os que estavam no mínimo – infelizmente grande parte dos portugueses – nada sentiram. Pelo contrário, há preços desceram e, nalguns casos, até recebem um pouquito mais do que antes. Também há os que têm que ajudar filhos e netos desempregados. Mas não será isso o normal nas famílias no estado em que nos meteram?

Enfim, tudo é mau, mas não é tão mau como o pintam. A senhora que serviu de mote, por ser exemplar, usa e abusa da velha história do “contrato” que fez com o Estado para que este lhe garantisse um xis de pensão de reforma. Quer receber o resultado das suas poupanças, expressas em descontos e taxas. O problema é que, se tivesse havido tal contrato, se tinham “alterado as circunstâncias que levaram à sua subscrição” e, como diz a lei, o contrato teria que ser revisto, e ia tudo dar no mesmo. Mas não houve contrato. O que houve foi descontos para um fundo que o Estado usou para o que muito bem lhe aprouve, incluindo a “protecção social” dos que nunca descontaram um cêntimo ou descontaram tão pouco que, num sistema capitalista, pouco ou nada teriam a receber.

É enganoso, demagógico ou irrealista, sejam quais forem os ditames socialistas da Constituição, defender princípios de capitalização quando, ao mesmo tempo, ideologicamente, se exige que eles não sejam a regra! Ou seja, o socialismo impõe que se respeite regras contra as quais se bate, e grita que é devido às pessoas o que o capitalismo lhes garantiria. Por outras palavras, a ideologia oficial da Constituição e da senhora do PS propõe que se coma a omelete e se fique com os ovos. E, perante a crise que o socialismo criou, berra contra os que apanharam com ela em cima, com a incumbência de, melhor ou pior, a ultrapassar!

Facto é que a contestação se limita às senhoras como a penteadinha do PS e a dona Manuela, outro exemplo marcante. Não chega, ao contrário dos ardentes desejos do dr. Mário Soares e das inconfessas esperanças do Oco, à esmagadora maioria da população que, ou não está pior do que estava ou tem bom senso. Não há a desejadíssima violência, como não há espiral recessiva nem outras desgraças maiores. Bem pelo contrário, há uma ténue luzinha ao fundo do túel. Prouvera que não venha o PS dar cabo disto outra vez.

 

22.1.14

 

António Borges de Carvalho

AINDA AS BOLSAS

 

Um grupo de auto intitulados cientistas, ou a tal candidatos, manifestou-se nas ruas contra a diminuição do número de bolsas que lhes vinham sendo concedidas. Terão razão para o protesto.

A manifestação vem no seguimento de uma polémica que o IRRITADO já comentou. No entanto, como a confusão persiste, talvez valha a pena voltar ao assunto.

Anda por aí um coro a chamar ao governo os mais extraordinários nomes, que promove a ignorância, que favorece a emigração, que condena a Pátria a um negro futuro, que tudo submete a considerações orçamentais, que garrota o desenvolvimento, isto para citar as observações mais doces.

Ora a verba orçamentada para a ciência, ao contrário do que naturalmente se passa na generalidade da despesa do Estado, é mais alta que em 2013. O que, desde logo, destrói a argumentação do coro. É mentira, evidentemente, que estejamos perante as tais considerações orçamentais.

Mas há menos bolsas. Parece que isto é verdade, tal como haver mais dinheiro. Em que ficamos? Os críticos não esclarecem. Ouvi ontem um tipo que, apesar de socialista, costuma tecer comentários mais ou menos lógicos: António Vitorino. Neste caso, porém, ficou-se pelos argumentos do coro, sem, sequer, os sofisticar. O inexistente corte é um ataque político à ciência feito por um governo incompetente, e pronto. É prático, barato e as audiências gostam, não é?

Sendo verdade que, se falamos de dinheiro, está demonstrado que não há ataque nenhum, concluímos estar perante a habitual crítica pela crítica, a habitual verrina, própria de oposicionistas desonestos. Nenhum deles levantou a questão de fundo: se há mais dinheiro e menos bolsas, que aconteceu? Os critérios de atribuição foram mais exigentes? Houve descriminação política ou social? Houve selecção de candidatos com critérios duvidosos?  Um deles dizia à televisão, a coberto do anonimato, que aquilo das bolsas era o seu emprego, e que não sabia como ia sustentar a família, o que expressa bem o que vai nalguns espíritos.

O IRRITADO  está há que tempos à espera, ou por uma crítica com pés e cabeça, ou por um esclarecimento cabal do assunto por parte de quem de direito. Quem de direito, no caso, parece não ser o eterno culpado Crato. Ele deu a massa, quem a aplica é uma tal Fundação para a Ciência e a Tecnologia. Parece que esta organização gasta menos dinheiro com bolsas e mais com outras coisas. Com razão? Sem ela? Triste é que toda a gente se fique pela rama “orçamental”, mentindo, em vez de ir à matéria de facto.

 

Não percebo lá muito bem porque há-de o IRRITADO ser tão sensível a esta história. Talvez porque ela seja o exemplo ideal do que há de acéfalo, quando não desonesto, na chamada luta política.

 

22.1.14

 

António Borges de Carvalho

UM ESCOL, UM PROBLEMA

 

Várias senhoras e um senhor, pelo menos, fiéis serventuários do contumaz Pinto de Sousa, declararam à Nação estar dispostos a continuar a servi-la nas árduas tarefas a que se dedicaram em muitos anos de sacrifício no Parlamento Europeu. Que bom!

Dona Edite Estrela quer continuar o estrelato, de que há dez anos merecidamente goza, sobretudo, diz ela, para que não páre a sua cruzada a favor do aborto universal e ilimitado, quem sabe se com prémios crescentes, segundo as repetições.

Dona Ana Gomes está na mesma posição: o seu projecto de fundação de uma polícia política europeia, de que seria a indiscutível chefe, veria os dias contados na sua ausência. Além disso, viajaria muito menos.

O inefável Capoulas, coitado, ameaça com a paragem da reforma da Política Agrícola Comum, coisa a que há dez anos se dedica em Bruxelas e Estrasburgo, e que ainda não teve ocasião de mostrar ao mundo, isto é, ainda não deu nada.

Dona Elisa Ferreira, ainda que só com um mandato, coitadinha, também se considera indispensável às bancadas da União, por razões certamente atendíveis.

O IRRITADO comunga da inquietação de tão ilustre gente. Que seria de nós se este escol, a fazer lembrar os violinos do SCP, deixasse de tratar do nosso destino nas distantes plagas onde ele se joga? Sim, que seria de nós sem os abortos da Estrela, sem a polícia da Gomes, sem os insondáveis mistérios da PAC do Capoulas, sem não sei quê da dona Elisa? É difícil imaginar maior desgraça. Mais. Que seria de nós se, via despedimento do escol, o senhor Pinto de Sousa perdesse tão egrégios e bem colocados colaboradores?

 

Calcula-se o dilema, o trilema, o quadrilema em que, pobrezinho, vive o nosso Seguro, o Oco, segundo o IRRITADO, ao tratar de tão ingentes problemas, coisa que, se ceder às suas (deles) justas reivindicações, pode vir a prejudicar outros pretendentes a servidores da Pátria, tais o astuto Assis, o intragável Zurrinho ou a doce e espernéfica Maria de Belém, mesmo sem os respectivos pastéis!

Que se passará na cabeça deste grande líder, a quem a Nação tanto deve não se sabe o quê, mas lá que deve, deve. Aproveitará para se livrar de tantos pretendentes, pensará que é bom mantê-los lá longe, terá tanto medo do Pinto de Sousa que lhes fará a vontade? Compreenda-se que a ansiedade do povo a este respeito não tenha limites.

 

Não. O IRRITADO não está a brincar. Pois não é este o verdadeiro problema de todos nós? Que mais importante questão nos ocupa nestes dias, agora que o Rebelo de Sousa já não é candidato a PR - problema igualmente importante, mas que, até ver, está resolvido?

 

20.1.14

 

António Borges de Carvalho

DO ABUSO DA JUSTIÇA

 

É evidente que a chamada luta dos professores se subordina a critérios exclusivamente políticos, aliás confessos, já que os seus líderes e os chefes dos seus líderes, em todas as intervenções públicas, declaram que o que querem é empurrar o governo para a demissão. Este governo, ou outro governo qualquer. É também evidente que, no caso das presentes avaliações de competência profissional dos membros da classe, como em todos os processos do género, os chefes sindicais dos professores, como os da função pública em geral, não querem avaliações de espécie nenhuma, sejam elas amarelas, encarnadas ou azuis às riscas.

A tal luta nada tem a ver com o ensino, com os alunos, com os pais, até com os professores. Outra coisa não é que a extensão dos objectivos dos partidos comunistas, quantas vezes oportunisticamente aproveitadas pelo PS, que parece já não se lembrar do que aquela gente fez à dona Maria de Lurdes.

Há coisas ainda mais estranhas que esta recorrente atitude do PS. Como é possível que haja tanta gente a seguir a onda? Quantos professores representará, por exemplo, a chamada Fenprof? Quantos filiados terá? Ninguém sabe. O que se sabe é que um repugnante demagogo, membro do comité central do PC, é o supremo comandante destas forças armadas, sem que os seus objectivos tenham a ver, por pouco que seja, com os interesses da classe ou de cada um dos seus membros. Ainda mais estranho é que a sociedade em geral, os tribunais em particular, não reaja contra o uso, ou abuso, da Justiça para atingir fins que nada têm a ver com ela.

 

O marmanjo do PC lançou 20 providências cautelares para impedir os exames, arrastando uma parte da classe para uma espécie de suicídio colectivo, já que tais exames fariam com que fosse contratado um substancial número de docentes, com critérios objectivos, sendo a ausência de tais exames a melhor forma de garantir que todos ficarão sem trabalho. Se os exames fossem difíceis, o coro gritaria que o eram, e que se destinavam a excluir o maior número. Sendo fáceis, como é proclamado pelo poder político-sindical, também não prestam, porque são ofensivos para a “sabedoria e a competência” implícita nos cérebros da classe. Por outras palavras, nenhuma espécie de exame, ou avaliação, ou seja o que for, será jamais aceite, uma vez que a parte da classe que se vê (os restantes não têm força, nem são alcandorados à posição de “parceiros sociais”, não são vistos) não tem o bom senso de perceber que não está a seguir interesses próprios, mas exclusivamente interesses politicos que nada têm a ver com a sua situação laboral.

 

Posto isto, refira-se o que se passa na área da chamada “Justiça”. Há dois tribunais que acolheram favoravelmente as abstrusas pretensões dos sindicatos. Há uns quatro ou cinco que se consideraram incompetentes, o que parece uma evidência. Há outros que julgaram a providência improcedente. Haverá ainda mais, para aumentar a pessegada. Qual é a competência dos tribunais para “julgar” meras instruções do executico, com todo o poder legal para as impor? Como é possível que, num país dito estado de direito, uma norma administrativa tomada por quem de direito seja legal em Fornos de Algodres e ilegal em Freixo de Espada à Cinta? E como é possível que a decisão, no primeiro caso, tenha prevalência sobre a do segundo?

Eu sei que há um “sistema” que legitima esta borrada. Mas esse sistema também prevê que o mesmo “crime” não possa ser julgado mais que uma vez, ou seja, ninguém, pela mesma prática, pode ser “criminoso” em A e “inocente” em B.

 

É claro que as “providências” subirão a instâncias mais “abrangentes”. Quanto tempo passará até que tudo transite? Ninguém sabe. Mas a “Justiça” tem os seus caminhos, mesmo em caso de flagrante incompetência para julgar.

 

19.1.14

 

António Borges de Carvalho  

A VERDADE É UMA BATATA

 

Num jornal de ontem, havia uma local com o seguinte título: “Portugal recua décadas na ciência”. No mesmo jornal, noutra página, o título, sobre o mesmo assunto era: “Não houve desinvestimento na ciência”.

Na primeira notícia, citava-se um ilustre professor que afirmava que estamos a assistir a um processo “nefasto e muito perigoso” motivado pelo "desinvestimento na investigação científica", dado que "as bolsas da Fundação para a Ciência e Tecnologia sofreram um corte de mais de metade".

A segunda, que referia as afirmações de outro professor, aliás presidente da fundação em causa, afirmava que “não houve desinvestimento na ciência”. O investimento da FCT até cresceu, de 401 milhões em 2012 para 424 em 2013. Além disso temos “capacidade para de captar investimento europeu... na investigação científica há "muitos componentes, bolsas, emprego científico, unidades financiadas pela FCT e infraestruturas”. E “os números das bolsas individuais não reflectem o universo de bolseiros que financiamos em 2013 e que vamos financiar em 2014”.

 

Em que ficamos? O IRRITADO, que sabe tanto de bolsas como de paquistanês, fica perplexo. Será que tudo isto não passa de politiquice? Será que um dos ilustres professores gosta do governo e outro da oposição? Será que têm ideias diferentes quanto à concessão de bolsas? Se é facto que o financiamento aumentou, ainda que só 5% , estamos perante critérios opostos de aplicação da massa?

Não se sabe. Será muita areia para a nossa camionete? Talvez. Mas dá ideia que os distintos professores, ou pelo menos um deles, deviam explicar-se mais um bocadinho.

Ou então a verdade é uma batata.

 

18.1.14

 

António Borges de Carvalho

BERROS

 

Quem viu notícias naquele dia 26 de Junho de 2013, ficou a saber que houve um tipo que desatou aos insultos no parlamento e que resistiu denodadamante à polícia, espernenado e sacudindo os agentes, ao mesmo tempo que continuava “no uso da palavra”.

Ora a o distinto procurador da República que tratou do assunto, mui doutamente, escreveu que não dispunha, para acusar o díscolo, de “indícios probatórios suficientes”. E acrescentou que “a simples interpelação não constitui, no caso concreto, a prática de crime de perturbação do funcionamento de órgão constitucional, não existindo indícios da efectiva perturbação do funcionamentto normal da sessão a decorrer” (o português é do procurador, não do IRRITADO).

Fica o meu caro leitor a saber que, se for daqueles que odeiam o governo, ou a oposição, ou o parlamento, ou até o Presidente da República, ou todos ao mesmo tempo, está judicialmente autorizado a insultar quem muito bem entender, a desatar aos berros quando e onde lhe apetecer, e a sacudir os polícias que, injustamente, procuram calá-lo.

Fica a saber mais: que qualquer desacato, mesmo que filmado e visto por este mundo e o outro, não tem significado probatório.

 

Por conseguinte, se Vexa quiser assassinar a sogra, pode fazê-lo fimando a cena, para seu posterior divertimento, e até vender o filme à RTP, para serviço público. É que, não havendo indícios probatórios outros que o seu regito em vídeo, tal não servirá de prova, pelo menos para os ilustres procuradores públicos.  

Em alternativa minimalista, ficamos a saber que isso de insultar órgãos de soberania é uma atitude civicamente impecável e que interromper uma sessão parlamentar não perturba a sessão parlamentar, antes pelo contrário, contribui para o justo gáudio popular e para a cultura política dos cidadãos.

 

É de homens como os que nos dão tais exemplos de civilidade e como os nossos procuradores que a Nação precisa!

 

16.1.14

 

António Borges de Carvalho

DA GESTÃO CAMARÁRIA

 

Ao longo dos últimos anos, veio o IRRITADO denunciando as manobras dilatórias da CML no que respeita ao problema Parque Mayer/terreno da antiga Feira Popular, monumental imbróglio cujas visíveis consequências são o abandono de ambas as preciosidades citadinas, esmeradamente entregues a nobres habitantes, ratazanas e similares, e cujo aspecto urbano é uma vergonha de dimensões cósmicas.

Valeu tudo, desde pôr em causa decisões maioritárias (PS/PSD/CDS/PPM/independentes) da Assembleia Municipal, até manobras pidescas destinadas a pôr uma casca de banana debaixo dos pés de um odiado espertalhão lá do Norte, passando por processos judiciais contra pessoas sérias, tudo para individual auto-glorificação de um tal Fernandes, muito conhecido por, ao serviço de um camarada, querer pôr mais contentores em Alcântara.

Parece que, finalmente, o Costa chegou à conclusão que dez anos já era demais e que se estava a arriscar a levar na cabeça em Tribunal por causa das loucuras daquele seu apaniguado, a que tinha, inteligentemente, dado cobertura.

A situação a que toda a camarária trapalhada levou é de tal ordem que, de rabo entre as pernas, o Costa chegou a um acordo com o espertalhão de Braga: vai pagar-lhe 106,6 milhões de euros em dez anos, com certeza com os respectivos juros. E não é tudo. É que falta chegar a acordo sobre os dinheiros que o homem gastou com esta história ao longo dos anos, mais os encargos financeiros que teve que suportar, mais o que perdeu por ter sido impedido de fazer qualquer negócio com os terrenos, mais isto e mais aquilo e mais aqueloutro, num montante geral que ascenderá a “vários milhões de euros”.

Nada disto teria ocorrido se a CML tivesse a) respeitado as decisões da Assembleia Municipal a que deve obediência, b) se o Costa não se tivesse deixado levar pelas conspirações do Fernandes, c) se houvesse, na CML, alguma sombra de respeito pelos interesses da cidade.

Agora, o dinheirinho dos nossos colossais impostos, licenças, alvarás, coimas e outras receitas municipais, vai parar direitinho ao bolso do figurão de Braga que, se houvesse algum juízo por parte da Câmara, já tinha urbanizado em Entrecampos, e estaria a estas horas, com a crise, metido num belo molho de bróculos. Ou seja, uma data de problemas tinham saído da CML e entrado na Bragaparques.

Mas, ó felicidade!, o Costa (diz ele!) vai “recuperar” os mamarrachos mais “nobres” do Parque Mayer. Quanto ao resto, logo se vê.

Mais um admirável serviço que os alfacinhas ficam a dever à impecável “gestão” socialisto-roseto-fernandina da Câmara Municipal de Lisboa.

Demos graças.

 

16.1.14

 

A ntónio Borges de Carvalho

LA SPLENDEUR DE LA FRANCE

 

Nos esplendorosos salões do Eliseu - retrato da grandeur de la république -, iluminado por lustres rebrilhantes de cristais boémios, rodeado de preciosas tapeçarias, de gloriosos testemunhos da gaulesa história, de alabastros e balaústres, enquadrado por ogivas e arcarias, alçado em elevado palco, um pequenote mal enjorcado perorou ideias que, de baças e estúpidas, só têm paralelo lá para os confins das lusitanas plagas, no discurso dessoutro homúnculo, conhecido por Seguro nos jornais e por Oco neste blog*.

 

Agastado com a infame campanha sobre a sua vida privada, o jacobinão-mor deve estar a preparar o terreno para uma nova união de facto. Cansado da Segolène, da Rotweiller, da outra e do apartamento da máfia, o fulano já deve ter mandado preparar a Lambretta e o capacete para ir ao encontro da dona Ângela, rechonchuda e almejada substituta da actriz. Consta até que já mandou alugar um tê zero em Berlim. Que outra explicação arranjar para a extraordinária proposta de um “casal franco-alemão”?

 

Será que o homem nem sequer percebe que noiva se está marimbando para a França que há e que pouco tem a ver com a que o palerma acha que ainda existe?

Será que o homem não percebe que, lá na terra dela, as pessoas aceitam cortes nos vencimentos quando é preciso, em vez de vir para a rua aos gritos, como as mesnadas dos sindicatos franceses?

Será que ainda não meteu no bestunto que a noiva não aceitou até hoje nenhuma das propostas de namoro da importantíssima França, que já não tem importância, nem voz, nem dinheiro para andar por aí a armar ao pingarelho?

Será que ainda não interiorizou que está numa camisa de onze varas, como a Espanha e a Itália, e muito mais perto das lusas chafaricas que do poderio da noiva, ou até dessoutra grã-rival, a ditosa Britânia?

De certa forma, aceite-se que este ridículo pretendente mais não seja que um digno sucessor de tantos outros, que sempre declararam que a République era o máximo: o velho leão De Gaulle, que achava que tinha ganho a guerra e fazia a vida negra aos americanos e aos ingleses; o Giscard, que achava que La Fraaaannnce ia “dar” uma “constituição” à Europa; o gigante dos anões, Miterrand, e as suas fanfarronadas; o simpático Sarkozy, que teve que meter na gaveta os seus propagandeados eurobonds; etc..

Aos outros, ainda assistia poder gabar-se de uma economia a funcionar e de um Estado “social” longe de dar com os burrinhos na água. Este, que não tem nada disso, melhor faria se se “casasse” com os que, como ele, têm problemas graves, a fim de enfrentar com alguma força a noiva que escolheu, em vez de querer casar muito acima da sua classe. É que os casamentos desiguais não costumam dar bom resultado.

Para além da proposta de noivado, o mais que disse, ou foi puro bla bla, ou foi de tal ordem que o nosso estimado Soares, se o homem não fosse socialista, não tardaria a acusá-lo que ultra-hiper-super-neo liberal!

 

15.1.14

 

António Borges de Carvalho

 

*Ainda ontem, dizia este artista que, “se houver outro resgate em Portugal, só há um responsável: o governo e, em particular, o primeiro-ministro”. Este grito de alma calou bem nos nossos corações: é que, ignorantes como somos, julgávamos que o resgate em curso, que a crise em curso, que os cortes em curso, eram da exclusiva responsabilide do partido do Oco, quando, durante mais de seis anos, o senhor Pinto de Sousa se encarregou de nos arruinar. Mas, na imaginação psicopata do Oco, o senhor Pinto de Sousa nunca existiu, muito menos o “outro” PS. E, se tivessem existido, a culpa seria – um guess – do Dom Fuas Roupinho.   

SANGRIAS MENTAIS

 

Pegue em meio litro de tinto, misture meio litro de gasosa, duas colheres de sopa de açúcar, três rodelas de laranja e duas de limão. Mexa com uma colher de pau e junte umas pedras de gelo. Mexa outra vez. Fez uma sangria. Se quiser variar, varie como entender, ponha uns nacos de maçã, uma pitada de canela, ou o que a imaginação aconselhar. Terá uma sangria na mesma. Também há quem use vinho branco, mas isso já é um tanto ou quanto herético.

Esta agradável beberagem pode, como é natural, ser feita em qualquer parte do mundo, já que poucos serão os locais onde não seja possível obter os ingredientes, e não é preciso talento nenhum para misturar a coisa a contento.

 

Ora bem. Demonstrando à saciedade a exactidão do velho aforismo “quem não sabe fazer nada faz colheres”, um distinto escol de deputados europeus encontrou as colheres na sangria. Discutida a coisa em diversas comissões parlamentares, com discussões vivas e demonstradoras da mais elevada cultura, feitos dezassete relatórios, aprovados os ditos após a movimentação de inúmeras influências e de lentas negociações entre os diversos grupos políticos, o trabalho dos “pais da Europa” subiu finalmente ao plenário, sendo objecto de maioritária aprovação. E, com curto prazo para que todas as ordens jurídicas dos 28 países absorvam a nova lei, ficaremos seguros: a sangria, coisa dificílima de fazer e própria de altíssimos especialistas, passou a ser um exclusivo dos países ibéricos. Ninguém mais será autorizado a chamar sangria à sangria. Que orgulho não encherá os nossos corações, bem como os dos habitantes do império castelhano!

 

Aqui temos uma demonstração clara de como estas caríssimas manifestações de estupidez podem prejudicar as Nações. É que a sangria, essa coisa agradável mas primitiva, é posta ao mesmo nível, por exemplo, do Champagne ou do Porto. Quer dizer, o Champagne e o Porto ficam ao nível da sangria! Duas bebidas de renome internacional, que dependem de teatros geográficos únicos e de tecnicas de fabrico igualmente únicas, desenvolvidas ao longo de séculos em comunidades bem diferenciadas, passam a ter a mesma protecção que a sangria.

 

Quem não tem vergonha de uma coisa destas? Andam a sangrar-nos uma pipa de milhões e o que nos dão de volta é uma baratíssima sangria.

 

15.1.14  

  

António Borges de Carvalho

DA CELERIDADE DA JUSTIÇA

 

Há quantos anos rebentou a bronca do BPN? Sete? Oito? Já não sei.

O que sei é que, hoje, foi comunicado aos indígenas que o ilustríssimo juiz Alexandre (tido como o Ronaldo das acusações) acusou uns tipos de crimes de burla e de mais não sei quantos crimes.

O Oliveira Costa esteve preso preventivamente não se sabe quanto tempo, depois foi para casa com pulseira electrónca. Ultrapassados todos os prazos, acabou por ser libertado. O outro acusado “sonoro”, Arlindo Carvalho, julgo que não chegou a conhecer o sabor do cárcere. Nem outros, que não sei quem são. Nem o Loureiro, aquele do esconderijo na pia lá de casa.

 

O que se espreme desta portentosa vergonha é que o top, o vip dos nossos juízes de instrução, levou tantos anos para fazer uma acusação, que o mais natural é que aquela porcaria toda acabe por prescrever.

Agora, não me venham dizer que a culpa é do legislador, do executivo, do PR. Só pode ser do juiz, que até é de esquerda e não pode ser suspeito de “pressões”. Uma espécie de Baltazar Garzon de trazer por casa.

 

15.1.14  

  

António Borges de Carvalho

NOTÍCIAS FRESCAS

 

Um resumo alegre das notícias desta manhã:

 

Foi descoberta uma tartaruga “portuguesa” com 145 milhões de anos. Falta acrescentar que, tendo sido encontrada em Mafra, deve constituir mais uma magnanimidade do Senhor Dom João V. Em alternativa, haverá quem diga que, há 145 milhões de anos, Mafra era já habitada por inúmeros portugueses, quem sabe se membros da Associação Animal e felizes proprietários de tartarugas também portuguesas

 *

Seguindo o exemplo de alguns dos seus antecessores, cuja especialidade era despedir os treinadores quando o Benfica ganhava o campeonato, o senhor Vieira vai vender o Matic (o automatic, como era conhecido pelos adeptos), mais o Rodrigo, famoso por marcar golos, e o Garay, que ia fezendo boa carreira. Não admira, por isso, que o tipo do FCP já tenha garantido que, na segunda volta, vai dar cabo dos voos da águia.

*

Um grupo de ilustres clínicos, pertencente a uma das inúmeras classes que, nesta terra, jamais têm qualquer responsabilidade seja no que for, resolveu lançar um inquérito crime por causa das mortes alegadamente motivadas pelos calores do Verão passado. Pode ser que tenham razão. Mas lá que são chefiados por um tipo do PS e alberguem, em exclusivo, figuras gradas dos meios esquerdistas, legítimo é pensar que a procupação dos fulanos não está, propriamente, nas mortes estivais...

*

Grande espanto com o baptismo, pelo Papa Francisco, de uma criança filha de mãe solteira e de outra de pais casados pelo civil. Como se, nos nossos dias, e mesmo antigamente, não fosse estritamente obrigatório não recusar o baptismo fosse a que criança fosse. Se a escolha foi do Papa, quer dizer isso, e pouco mais. De qualquer maneira, se a mãe solteira e os pais casados pelo civil querem baptizar os filhos, à Igreja outra coisa não compete senão receber as criancinhas com toda a alegria. O Papa tem dito e feito coisas “revolucionárias”. Não parece, no entanto que esta pertença à série.

  *

Altas individualidades da Justiça que temos andam, afincadamente, a estudar a tipificação do  crime do roubo, num supermercado, de um produto no valor de 23 euros. Acresce às dificuldades e preocupações jurídico-filosófico-legais de tais e tão úteis espíritos o facto de não haver acusação particular, isto é, não há queixa. Como se perde tempo em Portugal, sobretudo na função pública (passe a heresia de chamar funcionários aos magistrados), é coisa que mereceria um estudo aprofundado cujas conclusões não poderiam deixar de ser as de mandar uma data de gente para casa.

 *

As aventuras nocturnas do senhor Hollande não são, diz-se em França ao mesmo tempo que se faz da coisa um gigantesco estardalhaço, coisa com que o respeitável público tenha a ver. A não ser, acha o IRRITADO, com a parte humorística do assunto. É de partir a moca imaginar o Presidente da República a atravessar Paris a cavalo numa Vespa, de capacete e sapato de cerimónia. Parece que a amante oficial do François teve uma pataleta quando soube que o amásio, em vez de ir a uma reunião secreta, quem sabe se por conta do Mali ou da Síria, ia passar o serão na alcova de terceira. Ainda por cima, parece que tal alcova era paga pela máfia siciliana. Mais cómico é impossível.  O homem, que só terá valido um caracol na cabeça de Seguro, o Oco, agora nem uma minhoca vale (a não ser, talvez, na citada cabeça).

 *

O BE, em clara demonstração de grande “abrangência democrática”, vai “pensar” o futuro da Europa com inúmeras figuras de “outros quadrantes políticos”, designadamente do 3D e de outras facções da extrema esquerda, entre as quais as representadas por fulanos como o Carvalho da Silva, o Daniel Oliveira, o José Reis, o Cláudio Torres ou o celebérrimo – lá em casa – escritor José Luís Peixoto. Imagine-se a “abrangência”! Um saco de gatos, todos da mesma área e todos à procura de um tachito europeu. Quase tão ridículo como o Hollande.

 *

A fechar o “noticiário”, o IRRITADO que, desta vez, não se irrita, antes se diverte, falemos, pasme-se, de arte.

Os quadros do senhor Miró, a que o IRRITADO, na sua extrema ignorância, chamaria mamarrachos, pertencentes ao “espólio” do BPN, vão ser vendidos num leiloeiro londrino. Inexplicavelmente, parece que valem milhares de milhões. Ainda bem. E ainda bem que são vendidos num leiloeiro da especialidade. Mais inexplicável ainda é que os tipos que passam vida, com alguma razão, a dizer cobras e lagartos do que temos que pagar pelo BPN em consequência da sua estúpida nacionalização, sejam mais ou menos os mesmos que andam para aí a fazer petições tentando impedir a venda. A coerência é, ou não, uma batata?

 

13.1.14

 

António Borges de Carvalho

RECORRÊNCIAS

 

Parece que, para os mais altos cargos da Justiça, temos, recorrentemente, o azar a perseguir-nos. O IRRITADO  tem, também recorrentemente, e por exemplo, chamado a atenção para a vasta quantIdade de “argoladas” dos titulares da PGR, a que hoje volta.

 

Sua Excelência a Procuradora Geral, a propósito das também recorrentes violações do segredo de justiça a partir da organização que dirige, mandou instaurar um inquérito. Muito bem. Concluído este, ciente das suas altas e públicas responsabilidades, veio à Pátria as brilhantíssimas conclusões de tal inquérito: zero.

Zero quer dizer que, na Procuradoria, não há culpados, nem acusados, nem investigados. O que permite, ao IRRITADO, não aos inquiridores, concluir que as fugas do segredo de justiça foram fruto de osmose entre as paredes de algum gabinete e a redacção dos jornais. Em alternativa, terão sido segredadas aos jornalistas pelos mamarrachos de pedra que ornamentam a porta do Palácio Palmela, luxuosa instalação da ilustre senhora e dos seus súbditos.    

Não havendo, como parece provado no inquérito, mão humana intramuros, haverá que a encontrar cá por fora, opinando a preclara cidadã que talvez o melhor seja pôr os jornalistas sob escuta. Notável.

Nesta ordem de ideias (“a debater”, claro!) a situação será simplificada: o delator dirigir-se-á à cabine telefónica mais próxima, telefonará ao jornalista da sua escolha e desbocará os segredos que entender. A haver azar, condena-se o jornalista, e pronto, está o problema resolvido.

 

Nada que, por cá, não seja recorrente. A culpa, ou é de terceiros, ou morre solteira.

 

10.1.14

 

António Borges de Carvalho

MISERÁVEIS

 

São conhecidas as palavras pronunciadas pelo incrível Soares sobre a morte de Eusébio. Mais baixo não se pode descer.

Ao pode pode. A tais palavras “reagiram” os media com um silêncio quase tão sepulcral como o do pobre Eusébio, lá na tumba.

As TV’s não sabem nem comentam. Os jornais, que o IRRITADO tenha visto, também. E, cúmulo dos cúmulos, quem pôs os ditos do velho chacal na net, viu o post cortado. “Indisponível”, ou “removido”, diz o Sapo.

O mesmo aconteceu ao livro do Mateus, não é?

Há quem diga que a censura foi abolida. Foi, mas há excepções, se o PS estiver em causa!

Experimentem ir a
http://corta-fitas.blogs.sapo.pt/5593182.HTML<http://corta-fitas.blogs.sapo.pt/5593182.html

E vejam o que acontece.

 

8.1.14

 

António Borges de Carvalho

 

ET. O IRRITADO pergunta a si próprio se este post não será também “removido”.

A VONTADE DO POVO

 

Por razões que julgarei respeitáveis, os votos de melhoras que resolvi mandar à dona Ângela tiveram o condão de disparar alguns interessantes comentários sobre a excelência das nacionalizações. Dando de barato tais eventuais razões, haverá que esclarecer que, pelo menos no distinto pensamento do IRRITADO, nada poderia vir mais a despropósito.

 

Mas merece uma pequena reflexão. É que há estimável gente que, preocupadíssima com os “maus”, que integram os partidos, e os “bons” que são os que estão de fora (o IRRITADO está de fora há para aí vinte anos, mas não se considera nem “bom” nem “mau” por causa disso), acabam por ir tão longe nas suas reflexões que são levados à conclusão que o Estado se deveria meter ainda mais na economia e na vida de cada um. É que, pensarão como o senhor Victor Melícias que “quem não rouba nem herda, é rico mas é uma merda”. Ou seja, para se ser “bom”, é indispensável não ter passado da cepa torta. O raciocínio prossegue: é preciso acabar com os “maus”, substituindo-os pelos “bons”, que não se sabe quem sejam nem haverá forma de determinar, o que parece não preocupar os preocupados.

Desta postura até chegar à excelência das nacionalizações vai um passo. Mais um passinho, e está-se na “reforma agrária” que, manu militari, converteu o Alentejo num mar da mais inacreditável bagunça agrícola e no mais repenicado insucesso económico. Das nacionalizações, atitude, à data, totalmente selvática, temos ainda inúmeras floridas consequências: um jardim de empresas públicas, todas gloriosamente deficitárias, todas sem excepção a viver à nossa custa. A estas, junta-se a actividade em que o PS de Pinto de Sousa se especializou: tirá-las do orçamento, transformando-as nessa coisa fantástica que são as empresas de direito privado e capitais públicos. Veio a UE e acabou com (mais) esta aldrabice. Daí, os que se seguiram apanharam com uma dívida a dobrar e com um défice anteriormente inimaginável, por “inexistente”.

Postas de lado as nacionalizações, há, em alguns dos meus estimados críticos, o honesto objectivo de fazer com que a política sirva para “fazer a vontade do povo”. Duas observações: primeiro, não se sabe o que é esse povo; segundo, há o problema de se saber como determinar a “vontade do povo”. Precederá a questão de saber se os “maus” são do povo, ou se devem ser abatidos no Campo Pequeno, como opinava o assassino Otelo? Em alternativa, talvez metê-los num campo de concentração.

Por outro lado, como se determina a “vontade do povo”? Há quem proponha que tudo, mas tudo, desde o urinol público aos decretos do governo e às leis do parlamento, deve ser submetido a referendo popular. Bonito! Resta ainda saber se a tal “vontade do povo” é, por natureza, boa para o dito. É que, no estado a que as coisas chegaram, e até antes dele, o povo é um amontoado de indivíduos, cada um com os seus interesses próprios, cada um a querer sempre mais e a não admitir que lhe toquem na vidinha: só na dos outros, como vem sendo demonstrado à saciedade nos tempos que correm, dos juízes aos contínuos, dos generais aos básicos, dos administradores aos motoristas da Carris, e por aí fora, tudo minha gente a defender a sua capelinha. Só não protesta quem mais precisa, com certeza porque quem mais precisa, ou quer trabalhar, ou, na sua modéstia, nunca foi tocado pelos males dos tempos.

 

Eliminar o processo de legitimação do poder, em vez de optar pela sua reforma – vão lá falar nisso ao PS! – parece ser a pior forma de determinar a vontade do povo, se é que a há. É evidente que os programas eleitorais mais não são que intenções, é evidente que os eleitores votam mais em pessoas e são mais levados por simpatias que por ideias. Não é o que acontece em toda a parte? Será um defeito do sistema? Talvez.

 

Deixar-se cair em receitas estatistas ao mesmo tempo que se abre caminho ao poder piramidal é o mesmo que optar por uma férrea ditadura, coisa que o diabo escolheria mas o IRRITADO não.

 

Aqui fica, para alguns, sucintamente, a forma como o IRRITADO vê o que seria o resultado do maniqueismo primário a que são levados a cair nestes tristes tempos de magríssimas vacas.

 

7.1.14

 

António Borges de Carvalho

NAS MALHAS DO REGIME

 

 

Muitas são as vozes que se debruçam sobre o papel do PR na actual circunstância. Uns dizem que o PR está ao serviço da maioria, que não fala quando devia falar e que, se fala ou age, é na exclusiva defesa do status quo do governo. Outros dirão o contrário, que o PR faz de oposição, quando veta ou manda para o tribunal as medidas políticas do executivo, quando faz discursos contra o governo, como, por exemplo, o do “novo imposto” ou o da “espiral recessiva”.

Tudo isto redunda numa confusão do caneco. Porquê? Porque o regime encontrado na revisão constitucional de 1982 é de difícil compreensão ou interpretação. O PR é tudo e nada ao mesmo tempo. Não é responsável pela política do governo, mas é suposto “vigiar” governo, pelo menos na opinião de maioria dos “constitucionalistas”, espécie em viçosa proliferação entre nós.  Não há bicho careta que não se declare “constitucionalista”, mais que não seja para bater no Presidente. Faz lembrar um tipo que, nos idos de 70 e 80, tendo tirado um curso de mecânico de aviões em Inglaterra, conseguiu, no meio da bagunça instituída, entrar para a ordem dos engenheiros: além disso, quando publicava umas bocas sobre não sei quê, intitulava-se “ecologista”. Enfim, parece que cada um assume a “especialidade” que a cada momento mais lhe convém.

 

Vendo as coisas de uma forma simples, recorramos ao direito comparado. Nenhum país da nossa vizinhança política tem um sistema parecido. O único que elege o Presidente por sufrágio universal é a França, ou seja  a República gaulista, cujo objectivo era proporcionar a existência daquilo a que, entre nós, se chamou “uma maioria, um governo, um presidente”. Conseguiu-o. Quando, raras vezes, aconteceu a “coabitação”, funcionou mal, mas havia uma clara supremacia presidencial, da qual o governo dependia. Noutros países, ou há um Rei de aclamação parlamentar,a quem, politicamente, compete apoiar as políticas do governo que o povo elegeu, para além de ser indiscutível e indiscutido representante da Nação, ou há um presidente de origem parlamentar, por isso reflectindo claramente a maioria e o governo que ela apoia.

 

Por cá vivemos no absurdo, “republicano à portuguesa”, de ter um Presidente eleito pelo povo que não tem poder para governar o povo, ou para intervir em tal governação a não ser em condições muito especiais. Pior. Gerou-se a ideia de que o Presidente, fruto de universal competição eletoral, é um órgão “independente”. Nada de mais absurdo. Não há um só PR, na III República, que não tenha sido claramente eleito por uma facção do eleitorado, uma vez sem clara origem, cinco vezes de esquerda, duas não. Mas a todos se exigui, ou pediu, ou achou natural, uma distância absurda entre aquilo que o eleito pensa e aquilo que faz. O que jamais aconteceu. Eanes sempore foi opositor dos governos, Soares e Sampaio, sempre apoiaram os governos da sua cor e sempre lutaram contra os que o não fossem. Um houve, até, que não hesitou em ferrar um golpe de Estado constitucional, quando o governo lhe não agradava. E quem não se lembra dos discursos de Eanes ou das múltiplas sacanices de Soares?  Por outras palavras, os Presidentes da nossa República interpretam a Constitução a la carte, já que ela é mãe, nesta matéria como noutras, de monumentais confusões.

Se se acusa este Presidente de apoiar o governo, o que é mais que discutível mas faz jeito a muita gente, estar-se-á a fazer-lhe um elogio, pelo menos vis-a-vis o que se passa nos regimes que nos são próximos. Isto é, a acusação faz parte de uma enraizada ignorância da natureza destas matérias. Se se acusa do contrário, a ignorância é mais ou menos a mesma. O Presidente não é um “senado” com duas pernas e uma só cabeça.

 

Como é que se sai disto? Não sai. A Constitução é sagrada e nem quarenta anos de experiência são capazes de meter algum bom senso na cabeça dos “constitucionalistas”, as mais das vezes entretidos com rogdriguinhos técnico-jurídicos, mas sem capacidade ou vontade de alterar seja o que for.

A opinião do IRRITADO a este respeito já tem sido diversas vezes expressa nesta sede: Presidente de eleição parlamentar por maioria simples, criação de uma câmara alta. Talvez haja outras slouções, até melhores que esta. Mas, por favor, saltem para cá com elas em vez de andar às voltas com uma história que, como está, só é fonte de problemas e confusões.

 

6.1.14

 

António Borges de Carvalho

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