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irritado (blog de António Borges de Carvalho).

O SOCIALISMO É A FILOSOFIA DO FRACASSO, A CRENÇA NA IGNORÂNCIA, A PREGAÇÃO DA INVEJA. SEU DEFEITO INERENTE É A DISTRIBUIÇÃO IGUALITÁRIA DA MISÉRIA. Winston Churchill

irritado (blog de António Borges de Carvalho).

O SOCIALISMO É A FILOSOFIA DO FRACASSO, A CRENÇA NA IGNORÂNCIA, A PREGAÇÃO DA INVEJA. SEU DEFEITO INERENTE É A DISTRIBUIÇÃO IGUALITÁRIA DA MISÉRIA. Winston Churchill

PROGNÓSTICOS

O Governo, o BdP e o FMI prognosticam que o PIB, em 2015, subirá 1,5%. A Comissão e a OCDE ficam-se por 1,3.

Quanto ao défice, as mesmas magníficas entidades diversificam: o governo fala em 2,7, o BdP está calado, o FMI prevê 2,5, a Comissão sobe para 3,3 e a OCDE profetisa 2,9.

Em que ficamos? Ficamos em que a oposição, possuída de alto fervor em relação aos ditames de Bruxelas, acha que as previsões de lá vindas são as boas, isto é, as más para o Governo e para o país.

Quanto ao PIB, a oposição acha que o Governo, o BdP e o FMI não passam de bestas-quadradas, enquanto a Comissão e a OCDE estão prenhes de sabedoria. No que ao défice diz respeito, as bestas são o Governo, o FMI ainda mais, e os sábios estão na Comissão e na OCDE. Estatisticamente, o governo e o FMI fazem o pleno da bestialidade, os sábios estão todos na Comissão e na OCDE, o BdP não conta.

Os mesmos números, mesmo os destes totobolas, servem para tirar conclusões opostas, servem de arma de arremesso ou de defesa, os que estão errados para uns estão certos para outros.

Os juros, esses, que baixaram de 6% em Janeiro para dois e picos em Dezembro, para uns (que não ligam a pormenores, como os da Grécia, por exemplo), são uma pura consequência das políticas do BCE, para outros, sem prejuízo da influência do BCE, são fruto do aumento da confiança no futuro de Portugal.

O melhor é não ligar. Wait and see…

 

28.12.14

 

António Borges de Carvalho

HÁ MALES QUE PODEM VIR POR BEM

O alto académico “disponível para tudo”, leia-se para ser candidato do PS à Presidência, de seu nome Sampaio (será primo do outro?) da Névoa, veio informar os indígenas com mais uma das sua bombásticas tiradas, a saber: “Não conseguirei viver neste país se surgir outro caso BES, gold ou Sócrates”.

O IRRITADO, que, por princípio, não deseja que surja uma coisa dessas, vê-se na posição contrária: havendo outra bronca do género, o homem, se é que tem palavra, emigrava!

Era tão bom!

 

28.12.14

 

IRRITADO

O SONO DA RAZÃO

Há uma interessante observação “psico-social” que salta aos olhos de toda a gente menos dos estatistas de serviço permanente, sendo estes:

- os partidos comunistas que, por definição, são contra toda e qualquer propriedade privada e de quem nada há a esperar que não seja patacoada ideológica mascarada de “argumentos” trogloditas;

- o PS, que vai dando uma no cravo outra na ferradura, consoante os tempos, isto é, vale tudo e o seu contrário, tudo se estiver no governo, o contrário se estiver na oposição, gente sem alma nem cabeça nem pensamento nem nada que não seja sede de poder;

- umas dúzias de comentadeiros e escrevinhadores, ou burros ou parlapatões.

Que observação psico-social? Explico: as greves são todas nas empresas públicas, as meninas dos olhos do socialismo, e no Estado proprietário, deus do socialismo. Greves no sector privado? Foi chão que deu uvas. Nem o Arménio consegue convocá-las. Se alguma houvesse seria a excepção que viria confirmar a regra. Dito de outra maneira, as greves são exclusivo de gente de um modo geral bem paga, ou muito bem paga, cheia de prebendas e contratos malucos, que não teme despedimentos, não sente a falta dos salários nos dias de greve e só em casos extremos pode ser posta na rua. A cavalo nos seus “direitos”, no seu trabalho, quantas vezes pouco e mau, os tipos da Carris, do Metro, da CP, da TAP e quejandos dedicam o seu tempo, o nosso tempo, a exigir o que lhes vier à cabeça, a prejudicar os demais, a causar problemas a toda a gente, a inviabilizar ainda mais as empresas onde dizem trabalhar, a desprezar olimpicamente os seus concidadãos, num porco profissionalismo de empecilhos e canalhas.

Na TAP, alguns acagaçaram-se com a requisição civil, outros não. O governo acabou, cobardemente, por se propor “negociar”, sem perceber que aquela gente é como o Estado Islâmico, não merece negociações.

Vamos assistir a mais não sei quantas greves nos próximos tempos. Os tipos, segundo as últimas informações, já conseguiram cancealar 20.000 viagens e causar prejuízos de 6,5 milhões. Mais umas greves, e eis a TAP a valer menos uma data de milhões, umas centenas, uns milhares, tanto faz, vale a pena, é tudo uma luta de “trabalhadores” a defender os seus “direitos”.

Os interessados na privatização vão olhando com ternura a actuação desta malta. Quanto mais greves mais barata será a coisa. Como sabem que o governo, não por razões ideológicas – quem for deste mundo e deste tempo sabe que as ideologias, como o socialismo no tempo do Mário Soares, são para meter na gaveta – mas por simples necessidade, não pode deixar de privatizar, assistem, felizes, ao espectáculo: quanto pior, melhor para eles. Mas os “trabalhadores”, por mais meia hora de trabalho ou equivalente, são capazes de tudo sacrificar. Até, estupidíssimamente, o seu próprio emprego.

O sono da razão engendra monstros.

 

27.12.14

 

António Borges de Carvalho

VIRACASAQUISMO

O pesado nortenho Carlos Abreu Amorim , homem de vasta envergadura (como nos pardais e nos aviões, envergadura é a distância que vai da ponta de uma asa à ponta da outra), veio surpreender as gentes ao afirmar que “deixou de ser liberal”, porque acredita num “Estado forte”. Há quem diga que este grande opinante é prodessor não sei de quê, jurista de uma especialidade qualquer e que, tendo entrado na política como independente pela mão de Passos Coelho, depressa se filiou no partido, sendo este social-democrata.

O fulano consegue ser, ao que parece, de tudo um pouco. Dirá quem isto ler que o PSD não é social-democrata. Terá razão, porque o PSD, nas actuais circunstâncias, não é coisa nenhuma, isto é, cabe-lhe gerir a embrulhada nacional, o que exige pragmatismo e atenção às opiniões dos fulanos de Bruxelas e aos humores dos credores. O mesmo acontecerá ao PS, se tivermos a monumental desgraça de o ver voltar ao poder com o seu abominável cortejo de irresponsáveis.

No caso do nosso herói, como é evidente, o súbito abandono das convicções liberais, sem indicação clara das que as substituiram lá nos neurónios, não se deve, por isso a pressões partidárias. Nem se deverá a alguma iluminação, tipo São Paulo à beira do abismo, que o fizesse abjurar de anos e anos de postura liberal.

Segundo o douto parecer do IRRITADO a razão só pode ser uma: o rapaz não faz ideia do que seja liberalismo. Não terá lido, não se terá informado, não pensou no assunto, não olhou para a história: a coisa não passava de rótulo a que se agarrava para se sentir diferente, para ter um lugar aparte em colóquios e debates. Ou então o tipo é burro, o que não parece corresponder à verdade.

Quer um Estado forte? Confunde, com certeza, Estado forte com Estado proprietário, empresário, juiz em causa própria. Não vê, sequer, que os políticos que usam ser tratados por liberais ou ultra liberais, foram líderes fortíssimos de Estados tão fortes quanto eles. Ou seja, excluiram o Estado do que lhe não competia, e deram liberdade às suas sociedades. O tal Amorim não terá, sequer, na cabeça, as grandes máximas liberais que nos ensinam ser o liberalismo o capitalismo nos limites da lei democrática. Não é capaz de pensar que, onde o capitalismo falha, exagera, abusa, é porque o Estado ou não soube cumprir as suas funções ou se meteu onde não era chamado. O liberalismo é incompatível com ditaduras, como é incompatível com o socialismo. Há liberalismo onde há liberdade social, política e económica, lei, mercado. Em suma, onde cada um é responsável pelo que faz, respeitando os demais. Será legítimo, ou possível, abjurar do liberalismo, quando se compreende estes tão simples princípios?

Justo é dizer que, por cá, nunca houve liberalismo, nem quando, o chamado liberalismo político se impôs no sec. XIX, depois da guerra, nem no sec. XX depois da república, ainda menos depois do mergulho ultrasocialista que o 25 criou. O que pode ser motivo de tristeza ou alegria, segundo a postura de cada um, mas não devia servir para que liberias que como tal se afirmam deixem de ser o que são. A não ser que nunca o tivessem sido ou que nunca tivessem percebido o que andavam a defender. Amorins destes não fazem cá falta nenhuma.

 

23.12.14

 

António Borges de Carvalho

VÃO VER!

Como é bom nada fazer e ter tudo!

Nada ter, ou pouco, numa continha da CGD, mais uns empréstimos a pagar, mas sem problema, que há amigos! Que bom!

Ter um Mercedes dos bons, um motorista privativo, uma femme de ménage, uma secretária para os convites para almoçar no Aviz e para outras coisas indispensáveis a um homem da minha posição, um casarão em Paris, o Sena bruxulear aos meus pés, jantar na Lipp, na Coupole, no Café de Paris ou, melhor ainda, no Plaza Athenée, no Fouquet, na Tour d’Argent, passar os serões no Man Ray, no Boudha, no Costes, ir a Lisboa, ao Rio de Janeiro, a Miami, a Londres para reuniões com amigos, onde me apetecer, sempre em primeira, um magnífico andar no Marquês, vestir no Armani ou no Bichan (se não é Bichan é outra bichice do género) em Nova York e Los Angeles, ir, no Inverno de cá, até às Caraíbas, as salsas ondas a acariciar-me a fina pele...

... tudo sem fazer a ponta de um chanfalho, sem pagar um tostão, um amigo a tratar de tudo, a mandar as notas que forem precisas para onde for preciso, a pagar os andares, o Mercedes, o motorista, a secretária, os almoços, os jantares, as viagens e mais o que me apetecer, que bom!

Bem vistas as coisas, que mal há nisso? O amigo tem uma data de milhões em nome dele, não lhe faz diferença nenhuma, é tudo amizade e da boa. O Salgado não tem um amigo que lhe deu 14 milhões, por puros sentimentos de solidarieade e compreensão? Alguém tem alguma coisa com isso? Era o que faltava!

Porque é que há-de haver gente tão maldosa, tão invejosa, baixa ao ponto de pôr em causa a minha suave vidinha e a minha impecável pessoa? Não se compreende, é o fim da democracia, da reserva da vida privada, do respeito cívico, pura maldade, malquerença, cinismo, canalhice, como muito bem disse o meu camarada Mário Só Ares.

Vão ver que os macacões que me perseguem acabarão por não provar coisíssima nenhuma, a massa é toda do meu amigo, ele é que a ganhou, ninguém tem nada a ver com o destino que dá ao que é dele, não é evidente? Um benemérito da Nação, um homem que pegou nas reservas financeiras que tinha a render a bom recato e as repatriou, declarando ao fisco e pagando o que o fisco lhe exigiu! Quem poderá tocar-lhe na fímbria das vestes, ou na das minhas, sem se transformar, ou ser, um canalha? Ninguém.

Vão ver que, um dia, mais cedo ou mais tarde, me será reconhecida a minha real estatura de grande homem, daqueles que a Nação precisa, e serão arrastados na lama os que me perseguem. Aliás como sempre, não é? Os conspiradores bem tentaram, mas eu saí-me de todas, e por cima. Porque não me sairei desta?

 

Esperem e verão.

 

Évora, 22 de Dezembro de 2014

 

PSousa (Engº)

ATAQUES DE TAPRIOTEIRISMO SOCIAL-FASCISTA

Dizia-se que um feroz e violento nacionalismo era património exclusivo da extrema direita.

Mentira. Vimos assistindo, com uma sanha digna de Mussolini (Salazar fica a milhas desta gente), a manifestações do mais repenicado e primitivo nacionalismo a propósito da privatização da TAP. O único argumento contra a coisa é rigorosa e estapafurdiamentemente nacionalista, com tudo o que tem de absurdo e de populista. A TAP é nossa! Nós gostamos da TAP! Não queremos estrangeiros a mandar na TAP! Ai as nossas rotas! e tanta, tanta patacoada! Tudo a partir da esquerda teoricamente anti-nacionalista e de uma série interminável de pensadores de ocasião. Parece que lhes deu uma crise de fascismo, tão primário quanto estúpido. Produzem-se disparates sem fim, nenhuma das oposições à salvação da companhia é capaz de alinhar duas razões concretas para manter o status quo.

As coisas são tão evidentes que é difícil perceber a “argumentação”, cuja lógica jaz exclusivamente em preconceitos ideológicos, saudosismo imperial e “formatação” estatista.

Está provado e mais que provado que as privatizações das companhias de bandeira foram a salvação de muitas delas e que a sua manutenção na esfera pública acabou por provocar ribombantes falências. Está provado que as companhias privatizadas não deixaram de ser “de bandeira”, pelo menos na prática, que é o que interessa. Está provado que meter dinheiro dos contribuintes para salvar a TAP não tem pés nem cabeça, não só porque representaria obrigatoriamente uma “reestruturação” materializada no “encolher da companhia”, com as consequências económicas e laborais que toda a gente conhece, como porque é evidente que o Estado, ou seja, o contribuinte, não está em condições financeiras favoráveis à capitalização pública.

Os partidos e gentes do PC, do BE e apaniguados, adeptos de sistemas, regimes e procedimentos que diferença alguma fazem dos fascismos mais fundamentalistas e sanguinários, naturalmente, opõem-se à privatização, não se podendo esperar deles outra coisa. Do doido Mário Soares também não. As tergiversações do PS e do seu novo líder – que não hesita em produzir mentiras como a da privatização a 100% - são um espanto, mostram bem o tipo de organização de que provêm: nos vergonhosos tempos do PEC4, e mesmo antes dele, o PS defendeu a privatização. Negociou e foi o primeiro subscritor e responsável do memorando da troica que a previa. Agora, oposição gratia oposição, eis que vira o bico ao prego. Há outra gente ainda mais escabrosa: o prosélito defensor de Ricardo Salgado, de nome Sousa Tavares; o inacreditável “cristão novo” do esquerdismo, certo Peneda, um penedo acabado, um Vasconcelos, de quem nunca se viu dito ou escrito que não fosse esquerdoidamente idiota, e tantos outros que nem menção merecem.

Se esta nova versão do social-fascismo triunfasse, daqui a pouco a TAP, transformada em elefante branco aterraria de uma vez por todas.

 

19.12.14

 

António Borges de Carvalho

UMA OPINIÃO ABALISADA

Com a devida vénia, o IRRITADO transcreve carta de um magistrado do MP acerca da prisão do camarada 44

 



Exmo Senhor Presidente do Sindicato dos Magistrados do Ministério Público

No exercício pleno dos meus direitos de cidadania e após um olhar atento e reflexivo sobre os mais recentes acontecimentos que envolvem o funcionamento  do nosso sistema judicial e político, tomei a liberdade de recorrer a V. Exa, na qualidade de representante da classe dos Magistrados do Ministério Público, no sentido de me esclarecer acerca de algumas questões que se prendem com a detenção para interrogatório do antigo Primeiro Ministro José Sócrates e sua posterior prisão preventiva.

1º-  É admissível, do ponto de vista legal, que um cidadão colocado em prisão preventiva na sequência do interrogatório a que foi submetido em sede de Juízo de Instrução Criminal, após detenção, possa, a partir do interior da prisão, exercer o seu direito de defesa através de cartas, notas ou declarações enviadas regularmente à comunicação social. De acordo com a lei processual penal é esse o local, o tempo e o modo  próprios para o exercício da sua defesa?

2º- Pode esse mesmo preso preventivo, nessas notas enviadas à comunicação social, repito, a partir do interior do estabelecimento prisional, fazer considerações, apreciações valorativas e juízos críticos da intervenção dos Magistrados que tutelam a investigação e  instrução do processo. Recordo: " A minha detenção para interrogatório foi um abuso e o espectáculo em torno dela uma infâmia. "
" A prepotência atraiçoa o prepotente."
" O caso tem contornos políticos."
É que se tudo isto é possível sem que estejam postos em crise quaisquer princípios de direito penal ou processual penal, então parece-me legítimo admitir que o próximo passo seja a convocação de uma conferência de imprensa para o interior do estabelecimento prisional para um debate alargado com os Srs jornalistas para que, duma forma pública e sem limitações ou reservas, o cidadão José Sócrates possa partilhar com os portugueses a sua defesa no processo em que é indiciado.

3º- Presumo que os estabelecimentos prisionais possuem regras próprias com vista ao seu regular funcionamento e que essas regras se aplicam de forma igual a toda a população prisional, tanto no que diz respeito aos dias de visita como aos procedimentos que envolvem a vida do dia a dia no interior da prisão. Pergunto: Está ao alcance de qualquer presidiário receber visitas fora dos dias e dos horários regulamentados?
Qualquer preso pode fazer uso da cabine telefónica existente no interior da prisão para comunicar com o exterior?

4º- As declarações do cidadão Mário Soares, ouvidas por milhões de portugueses, à saída da prisão onde foi visitar José Sócrates num dia em que não eram permitidas visitas,  nas quais, duma forma despudorada e violenta, coloca em causa não só a  idoneidade e a  independência dos Magistrados que presidem à instrução do processo, como  a credibilidade e o normal funcionamento da Justiça , são insindicáveis, ou devemos concluir que o antigo mais alto Magistrado da Nação goza dum estatuto de privilégio perante a lei que lhe permite eximir-se ao cumprimento das normais regras dum Estado de Direito.
Sei que V. Exa, na qualidade de Presidente do Sindicato dos Magistrados do Ministério Público, reagiu, e bem, ao desconchavo dessas declarações, mas e consequências, não há? Pior que isso, não tenho conhecimento de mais qualquer outra reacção da parte da sociedade civil em geral e em particular das Instituições atingidas por essas declarações. Mais, o que vi foram pessoas com responsabilidades aos mais diversos níveis na comunidade de comentadores políticos avaliarem este episódio como sendo tudo normal e destituído de qualquer relevância, atendendo à pessoa em causa.

5º- Finalmente, e a propósito do tão estafado debate sobre as violações ao segredo de justiça, ocorre-me perguntar se as afirmações postas a circular nas redes sociais pela mulher do advogado de José Sócrates de que, no interrogatório judicial a que o cliente do seu marido foi submetido, nunca lhe foram colocadas perguntas que envolvessem factos relacionados com corrupção, poderão, ou não, ter consequências para o Dr João Araújo.


Certo de que a importância e a actualidade  das questões supra referenciadas possam merecer de V.Exa a melhor atenção, subscrevo-me atenciosamente,

Francisco Lacerda Franco

 

18.12.14

GREVES E VENDAS

 

O pretendente Costa descobriu, não se sabe onde, que o governo ia vender 100% da TAP. Toda a gente sabe que a venda é de sessenta e tal por cento e que há, por promessa do Cravinho, 5% para os grevistas, perdão, para os “trabalhadores”. Mas, para entusiasmar as massas e os tipos da TV, nada melhor que uma mentira bem gritada.

Antes que quem lê pense outra coisa, o IRRITADO desde já declara que, na sua opinião, o governo devia vender tudo a quem cumprisse certas condições. Para os gananciosos grevistas, zero.

Posto isto, toda a gente sabe que, feitas as contas, a TAP tem toneladas de pessoal a mais e de dinheiro a menos. Qualquer gestão digna de tal nome começaria por tratar destes problemas, o que muito deve incomodar os grevistas. Para estes e para os adeptos do estatismo socialista, a solução seria que o Estado arranjasse mais uns milhares de milhões de dívidas, mantivesse o “posto de trabalho” de incontáveis inúteis, aumentasse os ordenados à maralha e, quando o buraco se abrisse outra vez, tratasse de arranjar mais dinheiro, fosse onde fosse e à custa de quem fosse. O socialismo tende para o abismo, mas que interessa, se é da natureza das coisas?

O Costa não tem coragem, ou tendência, para vir à praça pública dizer qualquer espécie de verdade. Está farto de perceber que a greve anunciada pelos “trabalhadores” da TAP é um miserável atentado contra Portugal e os portugueses. No caso, como dizer a verdade é chato, vai de arranjar maneira de camuflar o silêncio. Nada melhor que, sem falar na greve, falar da TAP. Como? Mentindo. Mudando o tema. Distraindo o pagode. Barulhando com questões laterais, fora do que, de imediato, interessa.

É uma forma de fazer política. Não é uma forma séria, mas, bem vistas as coisas, é capaz de compensar.

 

14.12.14

 

António Borges de Carvalho

MARIQUICES

 

Alguém se lembra de ter visto o camarada Costa, ao longo dos longos e tristes anos em que vem sendo chefe camarário, comemorar o 1º de Dezembro? Um doce a quem se lembrar.

No tempos da II República, os meninos da bufa desfilavam pela avenida abaixo entre bandeiras e charamelas, pletóricos de patriotismo e, como é natural, chatedíssimos por estragar o feriado. Cantava-se o hino da Restauração, ouvia-se tambores e trombetas, o povo assistia ao desfile, as mamãs e os papás babados ao ver passar os rebentos fardados e cheios de importância. A coisa foi-se perdendo com o tempo e com o inevitável declínio da MP.

Veio a III República e, sem grandes considerações filosóficas, a comemoração passou a ser, segundo o politicamente correcto, coisa de velhotes, patrioteiros ou até “fascistas”. O 5 de Outubro é que é bom: velhos maçons e demais filhos mentais do Afonso Costa recriaram, na Praça do Município, a fatídica data, com discursos, trombones e meia dúzia de passantes, curiosos e portadores de sentimentos obsoletos. Do 1º de Dezembro ficava o feriado, o que já não era nada mau.

Até que, numa de pouco esperta “moralização” do trabalho e dos costumes, o actual governo decidiu acabar com o feriado. Meteu a pata na poça. Não percebeu que, se mantivesse o feriado, seria acusado de pacóvio, incompetente, neoliberal e outros mimos da praxe. Acabando com ele, foi acusado de pacóvio, incompetente, neoliberal e outros mimos da praxe. Assim é em tudo, porque não havia de o ser neste caso?

Facto é que a abolição da coisa passou a ser um bom mote para excitar o “patriotismo” de uma data de gente, Costa incluído, e um pretexto de primeira para fazer uma sessão de propaganda da oposicão socialista, com a inevitável adesão de inúmeros fulanos que de socialistas nada têm, a proporcionar ao Costa uma farra “abrangente”.

Tudo isto existe, tudo isto é fado. Aceite-se, sem olhar para o evidente cinismo nem para o oportunismo da iniciativa. Antes as comemorações ressuscitadas que coisa nenhuma.

A partir daqui, vem o pior. E o pior é que o CDS, como sempre faminto de “temas”, resolveu agarrar-se ao assunto para dar sinal de vida. Mais uma mariquice, a juntar a tantas outras. Concordou com a abolição do feriado, assinou por baixo. Agora, achando que arranjava um assunto “popular”, resolveu “desassinar”, possivelmente usando o princípio filosófico da demissão irrevogável: o dito por não dito. Não sei se Passos Coelho fez bem ou mal em mandá-los bugiar. Sei que o mereciam.

Dito isto, o IRRITADO confessa que nunca gostou da decisão de acabar com os feriados, ainda que, a título de exemplaridade, a compreendesse. Mas uma coisa é criticar decisões dos outros, outra é faltar à palavra.

 

14.12.14

 

António Borges de Carvalho

ALGO DE NOVO

Não sei se com alegria se com tristeza, o 44 viu-se corrido das primeiras páginas. A saga entediante dos bichos-careta da informação sobre a sua distinta personalidade levou com a rolha do Ricardo Salgado. Agora, o que está a dar é o antigo DDT e o seu bem-amado primo. Quem terá razão? Não falta quem opine, desopine, teça considerações da mais diversa ordem, se entretenha a ajuizar, quem mentiu, quem não mentiu, quem tem ou não tem razão. Provavelmente mentiram os dois, disseram os dois a verdade, têm razão os dois, nem um nem outro a tem. O IRRITADO não faz ideia, não percebe nada, não se mete nestes sarilhos.

Um paralelo e uma diferença.

Paralelo: talvez não por acaso, o caso do Salgado é da família do do 44. Fazem os dois o mesmo tipo de discurso. Ambos são, na opinião própria, umas angélicas criaturas perseguidas por alcateias de lobos esfaimados. As culpas, a havê-las, são do governo, dos polícias, dos políticos intriguistas, da mulher da limpeza, das cabalas, dos astros.

Parece que ambos cairam na cama que fizeram. Não por acaso eram parceiros em tanta coisa, e tanta coisa lhes caiu em cima. Unidos na glória, unidos na desgraça.

Diferença: a dos tempos. Antes, o governo do 44 e sua gente dedicava-se a ir a correr, com o nosso dinheirinho, apagar os fogos que outros atearam. Tal caríssima fantochada parece ter os dias contados. Quem paga? Resposta: quem arriscou em “produtos tóxicos”, como acções/obrigações do BES. É dos livros que quem não arrisca não petisca. Mas também o é que quem arrisca, arrisca. Desta, quem não arriscou, safou-se. Quem arriscou lixou-se. C’est la vie. Mesmo que os demais venham a pagar, será alguma coisinha, não milhares de milhões. É a diferença.

Outra diferença: a que há entre um governo que se metia em tudo e outro que procura só se meter onde é chamado - mesmo assim, na opinião do IRRITADO, que é um ultraneohiperliberal, ainda se mete em muitas em que se não devia meter.

Outra ainda: as autoridades judiciais davam cobertura a tudo e mais alguma coisa, queimavam provas, arquivavam o que conviesse a um governo metediço. Isso também acabou.

Ficará para um futuro longínquo saber se Salgado e/ou Ricciardi são uns anjos ou uns demónios, ou nem uma coisa nem outra. Para já, engalfinhem-se como entenderem, que é do que a malta gosta. Pelo menos até que outra bronca qualquer dê de comer a quem vive destas coisas. Antes isto que a casa dos segredos, xiça!

Que tenham as boas-festas que merecem.

 

11.12.14

 

António Borges de Carvalho

SABOTAGEM!

Não consta que os funcinários da TAP sejam mal pagos. Não consta que não tenham privilégios, benesses e regalias que não são dados ao comum dos mortais. O Estado é o Estado, que diabo, uma fábrica de salários, benesses e reaglias.

Consta que o Estado quer sair da coisa. A porca começa a torcer o rabo. Vêm aí uns patrões a saber fazer contas, se calhar as massas vão ficar mais perto do olho da rua, ou ter que trabalhar mais por menos. Inaceitável!

Por isso, as massas ditas trabalhadoras não podem deixar de resistir. Têm razão. Se a coisa continua como está, e não houver cofres públicos para tapar os buracos, onde vão parar as massas? Na conformidade com este justo raciocínio, as massas descobriram a solução: tudo fazer para desvalorizar de tal forma a empresa que não haja quem a queira, ou não haja quem a queira pelo mínimo que é lógico que o Estado exija. Assim se garantirá a permanência dos postos de trabalho e as respectivas condições. Bem visto!

Para começar, ou continuar, as massas, com alto sentido patriótico e de “missão”, vão realizar uma rábula grevista nos dias que melhor podem fazer jus aos seus “direitos”, ou seja, aqueles em que mais prejuízos económicos e sociais se pode causar. A verdade é que as outras greves já feitas este ano só custaram umas dezenas de milhões, o que é julgado pouco para a nobreza dos objectivos.

O IRRITADO lembra-se dos gloriosos tempos em que, por dá cá aquela palha, multidões de portugueses foram perseguidos ou encarcerados por “sabotagem económica”. E muito bem, pelo menos na opinião do Vasco Gonçalves e do MFA.

Os tempos são outros. O poder já não inventa tais crimes para se livrar de gente menos cómoda. Donde se conclui que está tudo de pernas para o ar: quando não havia sabotagem económica ia-se preso por sabotagem económica. Agora, que há sabotagem económica, ninguém vai preso por sabotagem económica. Agora é que está certo, mas lá que faz uma certa confusão, ai faz, faz.

 

11.12.14

 

António Borges de Carvalho

NÚMEROS E ALDRABÕES

 

O governo tem uma estratégia de empobrecimento dos portugueses, quem paga a crise são os mais pobres, o governo aumenta a dívida, vai para além da troica, pisa os mais fracos, protege os ricos, não tem sensibilidade social, há vida para lá do orçamento, o governo castiga o consumo, paralisa a economia...

 

Eis algumas das muitas afirmações que, de muito repetidas, arriscam a ser tidas por verdades.

No entanto... veja-se os números da OCDE. Por muito que a cegueira da ignorância e da partidarite não queira acreditar, aqui estão, referentes a 2007/2012:

 

- Indice de empobrecimento/ano dos países que precisaram de ajuda externa:

- Irlanda: 4,2

- Grécia: 8,3

- Espanha: 3,6

- Islândia: 6,6 (mesmo com desvalorização da moeda)

- Portugal: 2,3

 

Obs. Portugal, de todos os países da Europa com graves crises financeiras, foi o que menos empobreceu até 2012, pensando-se que, em 2013, tenha piorado, em virtude das decisões do Tribunal Constitucional.

 

- Perda (em %) de rendimentos entre os 10% mais ricos e os 10% mais pobres:

 

- Irlanda:+ pobres -10,2;+ricos -4,1                             

- Grécia:+ pobres -12,7;+ricos, -9

- Espanha:+ pobres, -12.9;+ricos, -1,4

- Portugal:+ pobres -1,9;+ricos, -3,7                       

 

Obs.No caso de Portugal, a crise e a subsequente política de austeridade retirou mais a quem mais tinha, ao contrário de todos os outros também sujeitos a fortes políticas de austeridade.

Enfim, é o que diz a OCDE. Alguma coisa valerá, pelo menos para quem tiver dois dedos de testa.

 

À v. consideração

 

10.12.14

 

António Borges de Carvalho

DA EXTINÇÃO DO SOCRETISMO

 

O famoso jurista Correia de Campos, antigo ministro da saúde dos ominosos governos do camarada 44 e actual comentadeiro com assento no jornal socialista chamado “Público”, talvez recordando os seus tempos de chefe da nacional medicina, veio passar douta certidão de óbito aos “socratistas”, que considera “extintos”.

Veja-se o alto critério de Sua Excelência. No momento em que toda a cáfila do socretinismo regressa ao poder na agremiação e volta a ter fundadas esperanças de poder, este intelectual declara-a acabada. No momento em que o novo generalíssimo da coisa, à boa maneira do socretinismo, informa os indígenas das suas intenções de meter uns milhõezinhos debaixo do tapete, de pagar a dívida de forma “imaginativa”, dominando a “Europa”, a Merkel, o Draghi e os credores em geral e de voltar à loucura das obras públicas, o inteligente Correia de Campos acha, ou conclui, que tal gente está “extinta”, que tais ideias também, que tal mentalidade acabou. É de estalo.

Compreende-se a sanha do senhor em acalmar as massas desconfiadas. Os socratistas voltaram ao de cima? Que ideia! Se estão extintos, como podem voltar ao de cima ou seja onde for? Nem pensar. Dizer tal coisa é obra da imaginação da direita, quem sabe se uma das costumeiras cabalas.

Bem vistas as coisas, o homem está borradinho de medo. Percebendo o quanto pode prejudicar o PS a convicção generalizada de que, em ideias e pessoas, o Costa, não conseguindo parir nada de novo ou de diferente nem tendo outra gente a quem se agarrar, está a ressuscitar a desgraça socretina no seu máximo esplendor, o Campos adopta a tese da “extinção”.

Bem visto quanto estúpido.

 

10.12.14

 

António Borges de Carvalho

A QUEDA DE UM ANJO

É bom ser ambicioso. Mas a ambição, às vezes, é má conselheira.

Veja-se o caso de Rui Rio. O homem teve uma actuação notável, conquistou o Porto contra o Pinto da Costa (feito notabilíssimo!), governou bem a cidade, prestigiou-se. Tinha uma carreira partidária imaculada, um estatuto profissional decente, uma postura cívica – seja lá isso o que for – sem mancha, um conhecimento público generalizado, boa imprensa. Em resumo, estava em posição de ter ambições. Se quisesse, mais cedo ou mais tarde podia ser líder do PSD, primeiro-ministro, presidente da república.

O pior é o resto. O resto, na opinião do IRRITADO, é que a ambição o fez começar a asnear. É notório que coisas intermédias já não lhe chegam: a presidência é que é bom.

Assim, desdizendo-se, aparece sem pudor a apoiar o Costa, a lançar bocas presidencialistas, a armar-se em reformador do regime. Como se pudesse vir a ser candidato com o apoio do PS, ou sem o apoio do PSD! Não vê que tanta “abrangência”, tanta “independência” o podem, por um lado, prejudicar e, por outro, o metem no saco do mais evidente oportunismo?

Pode ser que ainda vá a tempo de arrepiar caminho. Se não, é a queda de um anjo.

 

10.12.14

 

António Borges de Carvalho

AVENTURAS DE UM PARLAPATÃO COM SORTE

A sorte de Soares coincidiu com a nossa num tempo curto, mas importante. Entregue o ultramar à URSS, de acordo com o chamado “pacto de Paris”, já não havia desculpa para Cunhal continuar incendiar as “massas”. O prometido, da parte de Soares, estava cumprido. Internamente, Cunhal tinha que cumprir também, com a especial ajudinha do parceiro, que o viria a considerar “indispensável à democracia”. Além disso, a fúria popular contra sovietização do país era de tal ordem, que se transformou no cavalo certo. Urgia montá-lo para não perder a corrida e não ser metido no saco em que a malta já tinha posto o camarada Álvaro.

Depois, a conquista do poder não foi difícil. Sem maiorias que se vissem, Soares fez as alianças que mais lhe convinham, ora com o CDS, ora com o PSD, ora, quando as coisas corriam mal, com o FMI. Jurou vingança contra Eanes, um chato intrometido.

Sá Carneiro foi o primeiro a fazer-lhe frente, a ele e aos diversos bandos de artistas que sempre povoaram o PSD. Houve o “interregno” da AD, que durou pouco, aliás como Sá Carneiro. O imperador voltou. Entretanto, houve que limpar a casa. Aos poucos, foi funcionando o cilindro: foi-se o Manuel Serra, foi-se o Salgado Zenha, foi-se o Rui Mateus, e mais uma data de gente foi abolida. Ai de quem lhe tocasse a fímbria das augustas vestes do nosso homem. Eanes que o diga. É certo que houve alguns, mais espertos ou mais resilientes, que se foram deixando ficar, Sampaio e Guterres, por exemplo. Ao tempo, Soares não conseguiu fazer-lhes a cama, mas ficou à espera de poder servir-se deles. Cavaco fê-la, mas durou pouco, já que Soares voltaria pela porta do cavalo do poder, sita em Belém, e dedicou a vida e o cargo a dar-lhe cabo do juízo, num entendimento assaz original, mas muito apreciado, da função do ocupante do palácio real.

E lá foi apoiar Sampaio, o chefe do ex-secretariado, odiosa organização. É assim que tem que ser. É preciso cavalgar os bons cavalos, os que podem ganhar, mesmo que se engula uns sapos pelo caminho. O tempo viria a demonstrar a razão que lhe assistia quando Sampaio veio a usar um poder que, segundo a antiga opinião do imperador, lhe não assistia. E muito bem, terá pensado, as coisas são o que são, dependendo do momento. Para correr com o “inimigo”, interpreta-se a Constituição de pernas para o ar. E muito bem. O que está certo é o que convém, o resto é conversa antidemocrática.

Mais tarde, por azar ou distracção sua, Cavaco por duas vezes o contrariou, indo parar a Belém. E ele, que nem sequer tinha apoiado o rapazola de Vilar de Maçada (o que é isso?), viu-se na contingência de o aturar. O tal rapazola veio a revelar-se uma chatice, cheiinho de rabos de palha e de esqueletos no armário. Paciência, se é dos nossos ou, pelo menos, não é dos deles, há que virar o bico ao prego e apoiá-lo.

Na idade provecta, já não há muito a fazer. Esgotadas as “razões”, fica a verve e as servis simpatias da “informação”. A luta continua, como diria o velho camarada Cunhal. Quem não é comigo é contra mim, ora essa! Já nada havendo no deserto do socialismo, agarremo-nos à retórica do Alegre, ex-amigo, ex-inimigo, amigo. Isto de democracia é coisa de amigos. Quem não for amigo é para cilindrar, os neoliberais (que tal coisa não são, como ele sabe) passam a fascistas, salazaristas (coisas que também nunca foram, como ele sabe), cambada, políticos, juízes, o que der jeito é para demolir, sendo certo que, para o camartelo da “informação”, o que vale é o que vende jornais e dá publicidade.

Apesar de tudo, ainda havia, no fundo de todos nós, alguma compreensão, até apreço, por certos feitos de um passado já distante. Agora, o que pode restar disso? Talvez alguma caridade para com um velho que, sem perder a tineta (única desculpa que podia ter) traz ao de cima a verdadeira face de um homem mau.

 

7.12.14

 

António Borges de Carvalho

MINISTERIAIS PRIVILÉGIOS

Segundo uma revista que há para aí, o ministro P. Lima e a ministra M.L. Albuquerque, ambos residentes no concelho de Cascais, terão querido fazer umas obritas lá em casa. Tanto um como o outro caíram na asneira de pedir licença à Câmara local. Se tivessem vindo perguntar ao IRRITADO, este, cidadão que se preza de ser irresponsável, tê-los-ia aconselhado a fazer as obras sem pedir licença nenhuma. Se a câmara viesse chatear, paciência, as obras estavam feitas e, mais papel menos papel, mais ano menos ano, ficava tudo nos conformes.

Dado que são membros do governo, terão sido ilegitimamente ajudados pela autarquia, no parecer da revista em causa e da oposição camarária. Assim, o P. Lima viu a sua pretensão autorizada em 541 dias (um ano e meio), enquanto a M.L. Albuquerque esperou 1.462 dias (quatro anos e dois dias). Acresce que o primeiro precisou de esclarecer cinco questões, sabe Deus com quantos papéis à mistura, tendo, à segunda, sido levantadas “pelos técnicos vinte e cinco questões”, com certeza com a obrigatoriedade de, pelo menos, uns cem papéis.

O IRRITADO, felizmente, não tem relações com a câmara de Cascais. Conhece a de Lisboa, à pala da qual tem sofrido e pago com língua de palmo as suas preocupações legalistas, o que justifica o conselho acima dado aos ilustres membros do governo.

Imagine-se que os cidadãos objecto da denúncia da revista pertenciam às gentes que, tendo nome, costumam ser tratadas, com desbragada falta de respeito, por “cidadãos anónimos”. O que lhes teria acontecido? Quantos anos teriam esperado pela licença da câmara? Oito? Dez? Nada que não seja a receita normalmente aplicada ao comum dos mortais pelas democráticas autoridades, seus “técnicos”, engenheiros, arquitectos, juristas, economistas, contabilistas, mangas de alpaca, contínuos, vereadores (vereadores é pouco provável, já que tais e tão altos senhores não têm por hábito descer à fala com a canalha),isto sem contar com o enxame de parasitas que circulam nestas áreas, os da Certiel, os da EPAL – no caso vertente o SMAS ou lá o que é -, os da certificação energética, os tipos que tratam do ruído, o Instituto da Soldadura e mais as “autoridades”, as “entidades”, as “comissões”, os tipos do património, os da classificação arquitectónica, os bombeiros, isto, é claro, se o infeliz não cair nas garras da Junta de Freguesia, da Assembleia Municipal, etc. e tal.

O IRRITADO junta-se, portanto, à revista que pôs a boca no trombone. Não há direito! Então um ministro espera só um ano e meio? Uma ministra espera só quatro anos e dois dias? O que é isto?

Privilégio! Ilegalidade! Falta de respeito pelo poder local democraticamente eleito! Quem sabe se corrupção?

Além de tudo o mais, o fantástico presidente da Câmara de Cascais já veio descansar as almas: vai fazer inquéritos, suspender, despedir, perseguir os culpados de tão curtos prazos de decisão e, se calhar, de coisas piores. Onde iriam parar as câmaras se os seus funcionários fossem sempre tão rápidos como o foram nos casos dos ministros? Despediam metade do pessoal? Ficavam com menos taxas? Que horrorosa perspectiva!

Acabar com os privilégios, e já! O povo é quem mais ordena.

 

6.12.14

 

António Borges de Carvalho

HÁ VENDAS E VENDAS

O camarada 44 veio declarar que as vendas da mãezinha ao Silva foram feitas por preços normais de mercado. O pior é que se refere a uns andarzecos lá para o Cacém ou coisa parecida. Os outros, a crème de la crème, esses, moita carrasco. E ninguém dá por isso!

 

3.12.14

 

António Borges de Carvalho

A REACÇÃO AO ATAQUE

O xarroco do PC que manda nos “professores” veio declarar que usará todos os meios ao seu alcance, que são muitos, para impedir a municipalização das escolas.

O IRRITADO, sempre atento aos problemas dos outros, vem declarar a sua compreensão para com o pobre troublemaker. Já viram que isso de municipalizar vai tirar das mãos do Estado central muito do poder que tem sobre as escolas? E depois? Quando for preciso protestar, chatear, insultar, desestabilizar, condenar, gritar, tripudiar, como vai ser? Imagine-se o que é a descentralização da barafunda: trezentos e tal municípios, cada um com os seus problemas, uma diversidade difícil de reduzir a manifestações unitárias. Bater em trezentos presidentes de câmara, em vez de num só ministro? Um trabalhão! Toda a estrutura da organização terá que ser alterada. Vai ser preciso brigadas e mais brigadas, já que é impossível ubiquar as existentes fazendo-as estar ao mesmo tempo em Portimão e Bragança. E como protestar contra uma coisa em Boticas e contra o seu contrário em Olhão? A diminuição das possibilidades de controlo vai ser terrível, as despesas vão aumentar, o recrutamento ficará muito mais complicado, a conspiração dos reaccionários pode triunfar. Um horror.

Isto da independência das escolas tem que ser visto de forma integrada, a fim de não dispersar esforços. Trata-se, como é evidente, de mais uma manobra do capitalismo e do imperialismo, a soldo dos EUA e da UE, para prejudicar a massas trabalhadoras pondo em perigo a unicidade dos protestos. Um ataque ideológico, já que é sabido que, o centralismo democrático é a grande defesa do proletatriado contra os desmandos do poder burguês.

O IRRITADO não pode deixar de manifestar a sua solidariedade revolucionária para com o xarroco dos bigodes. Em que posição ficará o pobre funcionário perante o Comité Central, se deixar passar mais esta? Será despromovido? Terá que ir fazer o que nunca fez, isto é, ir dar aulas de trabalhos manuais na primária de Carcassas de Baixo?

 

4.12.14

 

António Borges de Carvalho

BEM FEITA!

 

Quando este governo entrou em funções, teve o IRRITADO a esperança que a RTP, sorvedouro inútil do dinheiro das pessoas, fosse simplesmente fechada. Fartou-se de escrever sobre o assunto, mas linguém ligou bóia.

Podiam vender o património, pagar as indemnizações e pôr o pessoal com dono. Se quisessem manter certas valências (internacional, África...) que contratassem o serviço com as privadas.

O Relvas andou para aí a tergiversar, sem coragem para afrontar a esquerda de maneira que se visse. Depois, foi o que se sabe.

Veio o Poiares Maduro e lá arranjou uma solução, de forma a que o governo sacudisse a água do capote e a malta continuasse a pagar, mas dando a organização menos prejuízo. Além disso, houve a louvável intenção de afastar qualquer suspeita de intrusão governamental na chamada comunicação social, coisa de que, como o passado demonstra, o PS tanto tanto gosta. Tirando isto, ficou tudo mais ou menos na mesma.

Agora, os ilustres administradores da organização resolveram comprar a liga dos campeões por 18 milhõezitos.

Como declaração de interesse, diga-se que o IRRITADO até gostava de ter a liga dos campeões à disposição e, com a maior das boas vontades, até seria capaz de aceitar que, no fim da picada, não fosse mau negócio. Mas, meus amigos, era mau negócio, sim. Se os privados não chegaram à verba da RTP, o mais provável é que tenham achado o negócio ruinoso... A RTP tem limites na publicidade que os outros não têm...

Resumindo, os administradores são corridos por intervenção ciumenta de um conselho, autoridade, entidade ou coisa do género. Como se, por cá, houvesse falta de tais e tão contraproducentes organizações.

Virão outros, sem que ainda se tenha percebido se o negócio da bola está ou não subscrito, isto é, se os novos não se verão na contingência de ter que respeitar um contrato que os velhos tinham o direito formal de subscrever.

Em conclusão, se o governo tivesse seguido os sensatos conselhos do IRRITADO – uma reforma a sério - a estas horas já toda a gente se tinha esquecido que a RTP tinha existido, dado que não faria falta a quem quer que fosse. Assim, fica uma trapalhada, mais uma bronca e... continuamos a pagar um elefante branco que, como tantos outros, fazia e faz o poder e a glória do PS e dos demais penduricalhos da esquerda.

Ninguém negará que este governo tem coragem. Porque se acobardou nesta matéria? Agora, apanha com as consequências e... é bem feita!

 

3.12.14

 

António Borges de Carvalho

A CABALA PROPRIAMENTE DITA

Mal o 44 perdeu as eleições, a sua bem amada mãezinha desatou a vender património. A quem? A um amigo do peito do filhinho, um tal Santos Silva. Os preços foram dos bons, muito acima do valor comercial dos andares transaccionados. O dinheirinho foi legítima e legalmente oferecido pela senhora ao seu rebento, o qual estava em dívida com a CGD e vivia modestamente em Paris. Entretanto, o amigo Silva comprou, por quase três milhões, um belo apartamento nas margens do Sena. Depois, emprestou o apartamento ao 44, a fim de que este pudesse viver com a dignidade própria de “um grande homem”, nas palavras luminosas de Mário Soares.

O amigo tinha uns vinte milhões a bom recato num local simpático. Para, patrioticamente, ajudar o país a recuperar dinheiros vários estacionados algures, tinha o 44 legislado no sentido de quase os isentar de impostos se fossem repatriados. Foi assim que o amigo Silva, bem como, ao que consta, o amigo Salgado, patrioticamente, fizeram entrar nos bancos nacionais a maior parte dos seus milhões, agora sem qualquer problema legal ou fiscal. Tudo certinho, tudo nos termos que o amigo 44 tinha proporcionado. Entretanto, as firmas de que o nosso herói era funcionário, financiadas pelo amigo Silva, iam-lhe pagando os salários a que tinha todo o direito. Para colmatar alguma necessidade do estudante em Paris, o motorista ia-lhe levando umas maletas com notas (ao que se diz entregues pelo amigo Silva), o que é absolutamente legítimo e legal. Desde quando é que os amigos não podem ajudar-se mutuamente?

Vai daí, aparecem uns polícias em Braga a manipular os factos, acabando por levar à prisão do 44, do Silva e do motorista.

E agora? Como vão os vis acusadores provar que o dinheiro da venda dos andares ao Silva - que a mãe deu ao 44 -, o do apartamento junto ao Sena, o das malas do motorista, o dos rendimentos do insano trabalho do pobre senhor 44, eram dele, não do Silva? Não provam. O dinheiro era do Silva e só andava em trânsito por partes várias por uma questão de boa gestão. Evidente, não é? Como se atrevem a dizer que houve corrupção do 44 se o próprio, como tem afirmado, não tem um chavo, ao passo que e o Silva trabalhava com milhares de milhões do Chávez – tudo proveniente de legítimas empreitadas?

 

Vêm o que é a única, a verdadeira cabala? É o esquema montado. O juiz de instrução, quando chegar ao fim da linha e se o PS for governo, arrisca-se a ir parar ao xilindró por “erro grosseiro”. Não foi o 44 quem inventou o erro grosseiro para safar o Pedroso e lhe dar umas massas dos impostos?

Quem vai ao mar avia-se em terra. Disto sabe o 44 com fartura.

 

2.12.14

 

António Borges de Carvalho

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