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irritado (blog de António Borges de Carvalho).

O SOCIALISMO É A FILOSOFIA DO FRACASSO, A CRENÇA NA IGNORÂNCIA, A PREGAÇÃO DA INVEJA. SEU DEFEITO INERENTE É A DISTRIBUIÇÃO IGUALITÁRIA DA MISÉRIA. Winston Churchill

irritado (blog de António Borges de Carvalho).

O SOCIALISMO É A FILOSOFIA DO FRACASSO, A CRENÇA NA IGNORÂNCIA, A PREGAÇÃO DA INVEJA. SEU DEFEITO INERENTE É A DISTRIBUIÇÃO IGUALITÁRIA DA MISÉRIA. Winston Churchill

DA PERSEGUIÇÃO POLÍTICA

Docemente reunidos na chamada Comissão do BES, os pais da Pátria receberam uma missiva do Dr. Ricardo Salgado.

A que se destinava a coisa? Basicamente a assacar responsabilidades da derrocada da sua organização nada menos que ao Presidente da República, ao Primeiro-ministro, ao Vice-primeiro-ministro e não sei mais a quem. Os ditos, no douto parecer do remetente, estariam metidos na marosca... porque o tinham recebido por duas vezes!

Não é de espantar que o Dr. Salgado tenha tomado esta iniciativa, uma vez que culpar terceiros parece ser a sua mais querida, profunda e informada especialidade.

De espantar é que os ilustres deputados, pelo menos os da esquerda parlamentar, tenham desatado numa gritaria descomunal, que querem ver lá o PM, o VPM e até, imagine-se, querem que o PR, por eles interrogado (?), lhes responda por escrito.

Toda a gente sabe que o PR e o governo recusaram adiantar uns milhares de milhões para ajudar o grupo Espírito Santo a tapar a buracaria em que se meteu.

Mas os tais partidos não são de modas.

Se o Estado tivesse aberto os cordões à bolsa, aqui d’el Rei que estava a gastar - à moda do PS - o nosso dinheiro para ajudar banqueiros mamões e exploradores do povo. Como o Estado não se meteu na tramóia, aqui d’el Rei que é preciso apurar as responsabilidades daqueles senhores do governo e de Belém.

A oposição à portuguesa é, como se sabe, do estilo grego. Mas, que diabo, um bocadinho de vergonha não faria mal nenhum, nem ao Dr. Salgado nem aos partidos da esquerda.

 

30.1.15

 

António Borges de Carvalho

DESORDENS

 

Ontem teve o IRRITADO a desgraça de ouvir a desagradabilíssima criatura que a ilustre classe dos advogados elegeu bastonária da sua ordem. A mulher é uma espécie da passionária (para rimar com bastonária), que vomita as mais inacreditáveis aleivosias contra a ministra da Justiça. Não chegou o triste espectador, sequer, a perceber as razões, porventura ponderosas, que levavam tão horrível harpia a desbocar-se daquela maneira. A saraivada era de tal ordem que a fulana se deve ter esquecido daquilo que, de substancial, a levava a estar tão raivosa, ainda que, como de costume, lhe tivessem dado tempo de antena de sobra.

A locutora da organização televisiva veio em socorro do res+eitável público, esclarecendo que tão rebuscada indignação se devia ao facto de a ministra ter admitido, num papel qualquer, a presença de não advogados nas respectivas firmas. Se é isso, porquê tal e tão grande fúria? Será que as firmas de saúde só podem ter médicos no capital? E as de engenharia só engenheiros? Parece que, no parecer da distinta criatura, o Salvador Caetano – coitado, já lá vai - se quisesse fazer, ou mandar fazer, carroçarias, tinha, pelo menos, que ser especialista em construções metálicas devidamente homologado pela Ordem dos engenheiros. Há raciocínios cuja lógica, por demasiado inteligente, escapa ao pobre bestunto do IRRITADO. Distinta sucessora e seguidora do inacreditável produtor de bojardas que quer ser presidente da República, Màrinho de seu nome, esta autóctone consegue ultrapassá-lo em palavreado verrinoso, o que não é fácil.

Noutra zona do mais activo profissionalismo, temos um tal Silva, também bastonário, desta vez dos médicos. O homem tem uma noção muito especial das suas funções. Confunde ordem com sindicato, faz greves, e dedica-se à boca política em vez de tratar de assuntos deontológicos ou profissionais onde, se tivesse alguma noção do que lhe compete, não lhe faltaria que fazer.

Enfim, parece que as ordens, nesta terra, são mais desordens que outra coisa.

 

30.1.15

 

António Borges de Carvalho

SAUDADES DA UNIÃO SOVIÉTICA

Nos idos da perestroika - andava o tovarich Gorbacthev a braços com o evidente colapso da economia planificada - o IRRITADO passou uma semana em Moscovo.

Pasmado, assistiu à abertura do primeiro MacDonalds da URSS. Numa enorme praça apinhava-se uma monumental bicha de gente, em espiral – uns trinta de largura -, esperando pacientemente a enorme felicidade de comer um gorduroso hamburger. Um espectáculo verdadeiramente espantoso para um ocidental a quem, apesar de viver num país cheio de problemas, jamais seria dado pensar na simples possibilidade de estar dez horas ou mais (houve quem fizesse as contas) à espera de tal coisa.

Mas não era tudo. Por exemplo, lá no hotel onde, miseravelmente, o IRRITADO comia – quase não havia restaurantes – o camarada de serviço, a quem tratávamos por Jerónimo, além de servir à mesa, trabalhava em câmbios. Quem quisesse rublos metia uma nota de dez dólares dentro do guardanapo, chamava o Jerónimo, dizia-lhe que queria outro e, minutos depois, ele trazia um guardanapo lavadinho, dentro do qual vinha uma quantidade enorme dos ditos rublos.

Os taxistas que, sem excepção, vendiam caviar a 5 dólares a lata, levavam, por tabela, cinco rublos por uma corrida. Outros pediam cinco dólares, o que sugnificava que a tal corrida tanto podia custar 5 dólares como 5 cêntimos, ou menos.

O IRERITADO quis ir ao Bolchoi. Não havia bilhetes. Com uma nota de cinco dólares (seria a tabela geral?) instalou-se confortavelmente num camarote onde, sózinho, assistiu ao Evgueni. Porreiro pá.

No dia em que vínhamos embora, um amigo, de idade avançada, foi objecto de uma paradigmática cena. Depois de fazer as malas, chamou a mulherzinha das limpezas e deu lhe o molho de rublos que ainda tinha no bolso e que já não lhe serviam para nada. A funcionária, agradecida, fechou a porta do quarto e começou, sorridente, a despir-se.

Para telefonar para casa impunha-se ir à recepção do hotel e marcar uma chamada. A menina dizia que amanhã, pelas 19 horas, a tal chamada iria directamente parar ao quarto do requerente. No dia seguinte, à hora aprazada, o citado estava, ansioso, metido no quarto. Às 20, desesperado, voltava à recepção, a fim de protestar. Ao que a menina de serviço respondia que a chamada tinha sido pedida pela sua colega da véspra, pelo que não sabia de nada. Nos dias seguintes, a mesma coisa: a menina marcava a chamada para uma hora em que já lá não estivesse, ou coisa assim. Ao quinto dia, através de um “amigo”, presume-se que do KGB, o IRRITADO lá conseguiu falar com a família. Foi então informado sobre a situação das meninas da recepção: cada uma trabalhava 24 horas seguidas, uma vez por semana. Estavam todas “empregadas”, 7 para um posto, ou dois, ou três, de trabalho. Nenhuma era responsável pelo que, na véspera, a colega tinha feito. Normal. Era o pleno emprego versão soviética.

*

A que propósito, perguntar-se-á, vem o IRRITADO, em 2015, chatear as pessoas com estas memórias?

Explicação: é por causa do Syrisa.

O camarada Vrofokakis, ou lá o que é, resolveu readmitir todos os funcionários públicos que tinham sido dispensados. Óptimo para os funcionários, quer fossem precisos quer não. Pleno emprego! Depois, ou antes, o mesmo Croposapoulos, ou lá o que é, decidiu readmitir 600 tarefeiras da limpeza que tinham sido corridas do ministério. Porreiro pá, pelo menos para as senhoras em causa. Ao mesmo tempo, despedia um número indeterminado de técnicos. Porreiro pá, para a propaganda do Syrisa, nada porreiro pá para os técnicos.

Estas corajosas medidas merecem algum esforço de “análise”. Se as mulheres da limpeza são necessárias, imagine-se o estado de imundície em que o ministério se encontrava, há meses sem ter quem o limpasse. Mas, e se o ministério não estava porco? Então para que se readmite as mulheres da limpeza? Pleno emprego, meus amigos, quer dizer, emprego soviético. E os técnicos? Ou eram precisos e foram mal corridos, como as mulheres da limpeza na hipótese um, ou não eram precisos e não se compreende: se as mulheres da limpeza, na hipótese dois, foram readmitidas sem ser precisas, porque raio hão-de os técnicos não precisos ser corridos? Há pleno emprego soviético para umas e não há pleno emprego soviético para outros?

A explicação é simples. As senhoras da limpeza são trabalhadoras e, em princípio, de esquerda; os técnicos são burgueses e, se calhar, são do centro (da direita não, que é sócia).

Não é só o pelo emprego soviético, é também justiça do mesmo nome. A Martins, o Tavares, o Pacheco, a Draga, o Jerónimo e o Costa aplaudem freneticamente.

 

30.1.15

 

António Borges de Carvalho

DA MULTIPLCAÇÃO DOS MINISTROS E DOUTRAS MINUDÊNCIAS

 

O camarada Tripas anunciou um governo de 10 ministros.

Quando, com enorme estardalhaço, o reuniu pela primeira vez, teve mais de 30 à volta da mesa e uns 60 no total da sala. Eis o primeiro milagre da esquerda bem pensante. Não se sabe o que diz o BE a este respeito, isto é, sabe-se: diz coisa nenhuma, coitado.

E, campeão da “paridade”, o BE nada diz sobre a ausência total de ministros-fêmea. Será que o tão incensado rapaz não passa de um falocrata? Será que o tipo andou aos beijinhos à Martins e à outra, grandes mulheres, para comprar o seu silêncio? A tal respeito, essa é que é essa, andam caladinhas como ratas.

O IRRITADO terá errado quando achou que o Tripas podia ser um Hollande II. Mais abalizados opinantes acham que é um novo Chávez. Talvez menos tarado, mas igualmente “eficaz”.

O camarada Tavares anda eufórico, a vender o seu amigo Varoufakis, ou lá o que é. Segundo parece, o dito tem três estrelas Michelin em omeletes sem ovos e o Nobel da geometria em quadraturas do círculo.

A Grécia, coitada, já suportou um perdão de dívida de 100.000.000.000 de euros. Já só deve mais uns 200.000.000.000, ou coisa que o valha. Está no bom caminho, segundo o Varoufakis, ou lá o que é. Aliás, este orago dos altares do Sirysa, do BE e - é bom não esquecer - do PS do Costa, teve o cuidado de informar urbi et orbe que quem vai pagar tudo é a Alemanha. Como se chega a um pensamento destes não se sabe, mas, na opinião dos supracitados crentes, deve ser genial, como é próprio de um “académico prolífico”, “economista acidental”, “radical moderado” e “marxista errático”. Em suma, um sábio.

 

O IRRITADO ficará atento aos próximos capítulos desta palhaçada.

 

29.1.15

 

António Borges de Carvalho

SINAIS DOS HELÉNICOS TEMPOS

 

Primeiros passos:

- O salário mínimo vai aumentar uns 30%;

- O Porto do Pireu já não será vendido;

- 300.000 vão ter electricidade à borla;

- Governo de 40 membros;

- Para já, estimativas optimistas indicam que, a curto prazo, a Grécia precisa de 12.000 milhões, logo seguidos de mais 15.000 milhões e, ligeiramente mais tarde, de uns 45.000 milhões;

- O governo grego apoia a Rússia na guerra da Ucrânia, é contra as sanções, contra a posição da UE nesta matéria e, logo no primeiro dia, o embaixador russo foi chamado para receber os beijinhos do Tsipras;

- O ministro das finanças confessa-se “marxista errático”, o que quer que isto queira dizer.

Muito interessante, não é? Como é sabido, les bons esprits se rencontrent. Assim se encontrou, no governo tsipeiro, a esquerda radical com a radical direita. Lindo! Há anos, andou para aí meio mundo a lançar anátemas sobre a Áustria porque um partido de extrema direita apoiava o governo local, ainda que não fazendo parte dele. O camarada Guterres, à altura na presidência da UE, deu por paus e por pedras e levou a União a cancelar contactos políticos com Viena. O camarada Sampaio, tremebundo de indignação, cancelou uma programada viagem lá ao sítio. Muito bem. E agora, que a extrema direita se junta à extrema esquerda? Agora, o PS está contentíssimo (o Papandreu nunca existiu, a internacional socialista é mera recordação) e acha que, às mãos do Tripas, tudo vai mudar para melhor. Haveria de explicar mas não explica: a extrema direita, coisa execrável, não pode ser aceite, como na Áustria, mas, no caso grego, como está unida à extrema esquerda (coisa muito democrática!), tem o aval do socialismo nacional, corporizado no PS . Ou seja, o PS toma as providências necessárias para entrar no comboio do BE, sem perceber que tal comboio se vai, evidentemente, espetar e, se não levar outros a reboque, já é será muita sorte. Que o PS se espete, é uma coisa. levar-nos atrás é que não!

Voltando a alguns dos primeiros passos:

- O salário mínimo vai aumentar. Ainda bem. Resta um pequeno pormenor: onde o dinheiro para o pagar? O Estado não o tem. Os seus funcionários ainda não sentiram nada, nem foram despedidos. Os privados que, à sua exclusiva conta, ou culpa, já criaram 25% de desempregados, no que respeita a liquidez estão mais ou menos na mesma;

- O Porto do Pireu continuará nas mãos do Estado, o que quer dizer mais uns milhões que deixam de entrar nos cofres. Bem pelo contrário, continuarão a sair, que é para o que serve a gestão pública.

- Quem vai pagar a energia dos 300.000? A dona Ângela? Brincadeira. A tsipeiragem não faz descontos, o que até se podia perceber: dá borlas, com certeza a achar que alguém se vai chegar à frente para tapar mais este buraco;

- Os milhares de milhões são uma espécie de ovo no cu de uma galinha que fez interrupção voluntária da gravidez;

- O camarada grego, de punho no ar, percebe o insuportável peso da sua demagogia. Ciente das dificuldades, procura amizades novas. Para o efeito, nada melhor que a Rússia (Putin é de extrema direita, não é?). Se ficasse sem a Ucrânia, a Grécia funcionaria como compensação. E, mesmo que a ocupe, a Grécia não será coutada que se despreze. Vale tudo.

 

28.1.15

 

António Borges de Carvalho

HOLLANDE II

Eis a grande questão: o Tripas (para usar a expressão de alguns “pivots” da TV) vai ser o segundo Hollande, ou não?

A pressa que o homem, nos últimos tempos, tem tido a pôr pachos quentes nas promessas aponta nesse sentido. Já percebeu que a realidade é uma coisa e os desejos outra. Por outro lado, como disse que a austeridade vai chegar ao fim, terá que explicar aos gregos onde vai buscar o dinheiro para acabar com ela. Aí, a porca começa a torcer o rabo.

Os gregos têm um estado “social” maravilhoso: reformas aos 50 anos, subsídios para tudo e mais alguma coisa, um sistema de saúde tão caro como miserável, etc.. A isto somam uma dívida monumental e um desemprego, caríssimo, de 25% da população activa. Desde sempre, têm o costume de não pagar impostos. A isto soma-se os Jogos Olímpicos, o novo aeroporto, autoestradas (ainda que longe das do Pinto de Sousa), campeonatos de futebol e outras inicitavas. A coisa, mais do que por cá, não podia deixar de dar o berro.

Tsipras vai começar por se deixar de exigências. Chegará a Bruxelas com “propostas”. É evidente que, por muita “abertura” que consiga, não poderá deixar de prometer acabar com a social-rebaldaria em que o país vive há décadas. Se quiser cumprir tal promessa, e receber mais massa e melhores prazos, que lhe acontecerá internamente? A malta aguentará durante uns tempos. Depois, desatará aos gritos: fomos enganados!, e lá virão, outra vez, a pancadaria e os coqueteis molotov.

Ou não? A dona Ângela, que já cedeu ao Draghi, comerá o feijão do Alexis? É pouco provável. Virá aí algum milagre? Isso de milagres não faz parte do jogo. Milagres, nem para o Tsipras nem para nós, nem para a Europa, que deixou de produzir e se abriu à feroz concorrência dos BRICS. Com Tsipras ou sem Tsipras, o futuro nada de bom augura. Pode haver tripas, mas não há feijão.

Ver-se-á se temos um novo Hollande, ou um novo Tsipras. Certo é que, com as promessas da campanha, como o colega, também não vai a lado nenhum.

*

Para já, na nossa piolheira, temos esfusiante alegria da Martins, temos o PC que, para elogiar o Tsipras, até se esqueceu que os seus camaradas estalinistas levaram uma tunda dos diabos e, notável desenvolvimento, temos o Costa a querer apanhar o comboio. Vai ser uma viagem alucinante.

 

26.1.15

 

António Borges de Carvalho

INQUIETAÇÕES

Diz-se que a chuva de dinheiro que o BCE vai injectar se destina a reanimar a economia europeia. Há já larga cópia de teorias sobre o assunto, montanhas de prognósticos, fartura de futurologia, elogios, apupos, incertezas.

Admitamos que se trata de coisa boa: entra dinheiro barato nos bancos, vai haver mais financiamento, ou alavancagem, ou lá o que é. O IRRITADO deseja que assim seja. Mas duvida.

Entre nós o problema já não é o de haver ou não dinheiro para emprestar, mas o de não haver quem o queira. Há que tempos que os bancos anunciam milhões e mais milhões à disposição da economia, quer dizer, das empresas. Mas o crédito concedido é pouco. Porquê? Os juros são mais altos do que deviam? Talvez. O escrutínio das empresas é mais exigente? Sem dúvida. As empresas já estão tão endividadas que hesitam em endividar-se ainda mais num cenário europeu que não é atractivo? Pois é. A burocracia estatal ainda não deu volta que se visse? Evidente. Os tribunais continuam em marcha lenta? Toda a gente sabe.

Não há empresários? Há. Mas a esmagadora maioria são as tão incensadas pequenas e médias empresas que, cada uma, pouco significa no panorama geral, ainda menos no emprego. Os grandes empreendedores são, quase universalmente, alvo da maior das desconfianças: mamões, fascistas, tubarões, o diabo a quatro. Alguns têm fornecido achas para esta fogueira. Outros, causticados pela burocracia e pelos impostos, vão governar-se para outras paragens.

O Estado não investe? Pois não, era o que faltava. O país tem medo das iniciativas do Estado, por regra mal geridas e fundadas em colossais buracos e contratos marados. Em muitas matérias, mais se pode dizer que o Estado é (foi) mais parvo que os privados ladrões. Por outro lado, é evidente que, ou há investimento privado ou a economia não sai da cepa torta. Como por cá, dinheiro próprio é coisa pouca, a grande “esperança” estaria em grandes investimentos estrangeiros. Mas, para além da já referida burocracia, dos tribunais e de outros incentivos negativos, quem quer investir num país onde o PC domina os sindicatos e faz deles autênticas máquinas de destruição económica? Ir às privatizações é uma coisa, criar é outra.

É de temer que a massa do BCE vá direitinha para o consumo.

*

Já agora:

Aqui há dias (o IRRITADO é insuspeito nesta matéria), uma menina do BE, por sinal engraçadinha (não, não é a chefe, é outra) disse coisas que vão no sentido das preocupações do IRRITADO. A miúda, ao que rezam as crónicas, tem origens numa qualquer versão da revolução socialista. Mas é tão inteligente que ainda acaba no PSD.

 

 

25.1.14

 

António Borges de Carvalho

UM BECO SEM SAÍDA?

 

Aconteceu o que há muito se esperava. O BCE vai despejar por aí uma chuva de notas. Resta saber se serve para alguma coisa, num continente que está economicamente anquilosado, que não sabe para que lado se virar, que já pouco produz de novo ou de único.

O problema não é falta de dinheiro, é falta de produção de bens que se imponham globalmente. O Ocidente em geral e a Europa em particular, ao escancarar fronteiras, não previram ser tão depressa apanhados na sua própria ratoeira. Quer isto dizer que os produtos que, pela sua qualidade, tecnologia, inovação e preço, eram “exclusivos” deste lado do mundo, deixaram de o ser. Há outros a produzi-los mais barato e mais depressa. A fatia de “exclusivo” que resta é cada dia mais fininha. E, como as fronteiras estão abertas, o yuan e outros, por estratégia política, não se valorizam, cada vez há menos para com eles concorrer.

Daqui que só uma série rápida de saltos tecnológicos – será possível? – pudesse recuperar os passos já perdidos. Onde está, para tal, a iniciativa? Quem a vê?

Por tudo isto, é de duvidar que o maná do BCE venha a servir para alguma coisa que não seja recuperar a inflação, aumentar o consumo e meter na cabeça das pessoas que vem aí crédito mais fácil, com a concomitente tentação de, à falta de investimento criador, gastar a manancial fatia tão facilmente como se a obteve.

Do lado de lá do Atlântico, as coisas serão menos feias. Liberdade cambial, investimentos energéticos propriamente ditos (nuclear e xisto), mobilidade laboral, por exemplo, nada têm a ver com uma Europa que, mergulhada em preocupações sobre inexistentes ameaças “planetárias” e tolhida por enganosos conceitos de welfare, se compraz em não baixar os custos de produção. Por isso que os EUA consigam algum crescimento e a Europa não.

Faltam-nos políticos que nos digam a verdade em vez de nos entreter com patacoadas, tipo regionalizações e “direitos fracturantes”.

Enfim, pode ser que um dia... Pode ser, mas não é provável.

 

22.1.15

 

António Borges de Carvalho

DAS "REFERÊNCIAS" NACIONAIS

Uma rápida vista de olhos sobre o número de hoje do jornal privado chamado “Público”, publicação tida por “de referência” – seja o que for que tal quer dizer – permite-nos verificar o que segue:

1. O Papa Francisco disse que “não há contradição entre família numerosa e paternidade responsável” e que os católicos “não procriam como coelhos”. A partir destas frases, a fulana que manda na coisa zurze o Papa com uma diatribe descabelada, chamando-lhe “inconsequente” e outros mimos. A partir daqui, a mesma criatura dedica duas páginas ao assunto, páginas cuja finalidade é acusar a Igreja (o Papa) de passadismo medieval. Percebem a lógica?

2. Parece que o BE adiou a votação do alargamento da “prociação medicamente assistida a todas as mulheres”. A coisa merece chamada de última página e amplas críticas lá por dentro da edição. O IRRITADO não percebe lá muito bem o objectivo do BE, nem ficou esclarecido com os comentários sobre este “passo atrás” –nas palavras da redacção – da moribunda organização. Enfim, o IRRITADO até pensava que quem quisesse ir fazer filhos ao médico podia ir sem problemas de maior. Mas o IRRITADO não percebe nada de questões “fracturantes”, não é?

3. Chegados às páginas de opinião da irritante publicação, encontramos , para além das parvoíces do editorial, que já referi, o seguinte: na secção gloriosamante intitulada “Debate”, dois artigos a dizer a mesma coisa: que isso de ter “dois pais” ou “duas mães”, ou seja a “homoparentalidade” (porque não também a homomaternidade? Machistas!) é a coisa mais normal e desejável deste mundo. Como riqueza de debate é difícil encontrar melhor: dois “debatedores” cem por cento de acordo.

4. Segue-se uma página inteira onde um tipo diz cobras e lagartos da avaliação de professores.

5. E outra com um artigo de um conhecido neo-ultra-hiper-socialista – um tal André Freire – a vituperar a privatização da TAP.

6. A fechar este formoso e tão pluralista bouquet lá vem o Tavares do “Livre”, rapaz esperto e insuspeito. O IRRITADO pergunta-se quando é que o outro Tavares – o que não é socialista – será corrido. A ver vamos.

Uma pequena amostra do que, em Portugal, se chama “jornalismo de referência”: uma imprensa isenta, pluralista e sem fidelidades partidárias, não é?

 

Como é que o Belmiro paga um pasquim deste calibtre?

 

21.1.15

 

António Borges de Carvalho

TRANSPORTES AÉREOS

O IRRITADO nunca comprou uma companhia de aviação. Perdoe-se esta declaração da mais profunda incompetência na matéria.

No entanto, procurou meter-se na farpela dos compradores. O negócio é interessante, pensarão. Uma companhia com rotas bem preenchidas de clientela, com vasta experiência em certos mercados, tanto europeus como americanos e africanos, com comunidades que se deslocam neles com frequência, com um hub funcional, fazendo as ligações mais curtas entre os dois lados do Atlântico... ainda por cima vendida por um preço que não é bem preço, é investimento racional na renovação da frota, mais a cobertura de uns buracos... Muito bem, dirão. Vamos a isto.

Do outro lado, há os chamados trabalhadores, que quanto mais ganham mais greves fazem, cheios de impensáveis privilégios, exigências e ameaças. Vamos a ver.

Há um caderno de encargos, como é natural, com regras normais e justificadas. Tudo bem.

Eis senão quando, no Natal, época de grande facturação, os tais trabalhadores ameaçam com uma greve devastadora, a aumentar os buracos. Apesar de tudo, é coisa que quase se diria normal, pelo menos na Europa. Continuemos.

Mas tal greve, em vez de, simplesmente, implicar a requisição civil dos oportunistas - que vivem pendurados no contribuinte, com emprego certo, indespedíveis e insaciáveis, provocou negociações com os sindicatos. O governo resolveu que, durante uma data de anos, graças a leis mais ou menos medievais, ninguém podia ser despedido, entrando ou não no acordo. Ó diabo!

Bem, pensarão os compradores, o melhor é dar à sola. Como é possível gerir seja o que for sem redimensionar o que precisa redimensionado?

Esta gente, pensarão, não tem juízo nenhum. Então, por um lado, metem esta dos tais trabalhadores, por outro dão-nos oportunidade para, a prazo, pôr a sede da companhia em Tegucicalpa ou no Vanuatu, o hub na Cochinchina ou onde nos apetecer... porreiro pá.

Entre o positivo e o negativo, haverá que pensar. Se o IRRITADO fosse comprador de companhias aéreas ia pregar para outra freguesia, que isto de lidar com malucos não é coisa fácil. Mas o IRRITADO não percebe nada do assunto.

Nesta conformidade, só lamenta que o ministro Álvaro tenha sido substituído por um pomposo marmanjo que mete os pés pelas mãos e toma compromissos idiotas.

 

19.1.15

 

António Borges de Carvalho

ENCANAR A PERNA À RÃ

Em mais uma manifestação de “abrangência”, os senhores Rui Rio e António Costa, unidos no mesmo tempo e lugar em suave comunhão de objectivos e ideias, deram-nos a sua opinião, a mesma, sobre um alto “desígnio” nacional: a regionalização!

O país (nós!) debate-se com conhecidas dificuldades. Vai daí, os dois estimados senhores, provavelmente porque nada têm a dizer a tal respeito, resolvem exumar uma questão a seu tempo enterrada pelos portugueses em referendo nacional. Há que criar distracções que permitam passar para segundo plano os problemas para os quais nem um nem outro têm outras soluções que não as vigentes. Alternativas, zero. Se calhar não as há. Uma boa cortina de fumo é o ideal para entreter o pagode e dar ânimo a todos os que, por esse país fora, sonham com um bocadinho mais de poder. Lado a lado, os dois pretendentes tratam do assunto. É o mesmo que dizer, como o PC, “uma política patriótica e de esquerda”: não quer dizer coisa nenhuma – se quisesse, imagine-se a desgraça. A regionalização, nova bandeira dos dois inesperados sócios, também nada quer dizer – se quisesse, imagine-se a desgraça.

De um deles (Costa) compreende-se a atitude. Sem nada de concreto, ou credível, para dizer, nada melhor que uns fogachos. Do outro, é uma triste surpresa. Um homem em quem tanta gente acreditava, metido nestas andanças. Rio quer chefe do PSD, primeiro ministro, presidente da república, tudo! Está no seu direito. Não está é no de defraudar tanta gente que nele pode ter acreditadso ou vir a acreditar.

A fim, com certeza, de poupar uns dinheiros, os “homens do futuro” querem arranjar mais uns “governos regionais”, umas “assembleias regionais”, uns “ministros regionais”, umas “eleições regonais”, tudo “transparente”, tudo “democrático”, tudo “descentralizador”. Mais umas centenas de “funcionários (centenas?) regionais”, de “automóveis regionais”, de “motoristas regionais”, de “adjuntos e assessores regionais”, etc. e tal. Um fartote.

O Porto conseguirá – finalmente! - ser a “capital do Norte”, haverá “capitais” nas Beiras, no Alentejo, no Algarve, por toda a parte.

Se não fosse ridícula, a ideia seria só perigosa.

Esperemos que os pretendentes ao poder ganhem algum juízo e se deixem de bocas para papalvo ouvir.

 

19.1.15

 

António Borges de Carvalho

SOMOS OS MAIORES!

Não há dúvida de que somos, como se diz?, bipolares, ou coisa que o valha. Tão depressa estamos em depressões do tipo fadista, a coçar as feridas e a bater com a mão no peito, como achamos o fadismo (património da humanidade!) uma coisa excepcional, do outro mundo, superior ao bernico! Não há emenda para isto.

O nosso inefável ministro do ambiente, seguido por uma multidão de crentes, pavoneia-se com o facto (diz ele) de sermos campeões do carbono, isto é, da falta de emissões de CO2. Pois é. É claro que as mesmas distintas cabeças não acrescentam que, por essas e por outras, pagamos a energia mais cara do que os nossos admiradores, parceiros da UE e da ONU. Esquecem-se de dizer quanto custam os moinhos de vento, as fotovoltaicas e outras preciosidades tecnológicas que nos põem nas mais altas esferas da “democracia ambiental" e da defesa de um planeta que se está, como é óbvio, nas tintas para estas artes.

Há dias, o PM japonês, um tal Abe, fez um discurso declarando que, se o Japão quer incentivar a indústria e ajudar as famílias, terá que entrar num programa nuclear de largo impacte. Um japonês! É que, ao contrário da caríssima bempensância internacional, o homem percebeu que o desastre de Fucoxima não se ficou a dever ao nuclear mas a um act of God de catastróficas dimensões. A bempensância moderna é igual à do século XVIII, que garantia que o terramoto de Lisboa tinha sido causado pelos pecados da cidade. Hossana, senhor Abe!

Facto é que, na cabeça do ministro, do Costa e de tantos outros amantes da Terra, somos os maiores. Pagamos, mas que importa, se somos os maiores! À indústria, à pouca que há, os preços da energia causam as maiores dificuldades, o investimento hesita pelo mesmo motivo, mas que importância tem, se somos os maiores. Do outro lado, somos os mais infelizes, os que não aguentam com os preços, os que pagam com língua de palmo as fantasias do ministro, os negócios do 44 e a insaciabilidade do Mexia e quejandos.

A inflação é negativa, o que faz vibrar as donas de casa e tremer os economistas. Negativa? Sim, mas sem contar com a “eficiência energética”, a que se deveria mais propriamente chamar violência energética.

Nesta senda entrou agora a CML, covil de costas, rosetas e fernandes. Raciocinando com brilhantismo sobre a cidade, concluiram que os menos de quinhentos mil indígenas que por cá vegetam têm a mesma “pègada” que os onze milhões de Londres. É preciso seguir os bons exemplos. Por isso, ó cidadãos, se quiserem ir à Baixa, tratem de comprar carros novos. Deve tratar-se de mais um nobre impulso para aumentar as importações. Somos os maiores, como Londres ou Tóquio. Esses tipos de Paris são uns idiotas, com a lata e a falta de respeito pelo planeta que os faz andar de carro nos Campos Elísios. A bestialidade camarária não percebe que a falta de dinheiro é mais que suficiente para pôr a malta nos autocarros, no metro, nas motoretas, nas bicicletas, ou a cavalo nos sapatos.

Temos centenas de piscinas públicas fechadas por falta de utentes, estádios às moscas, etc.. Uma pena. Mas o poder autárquico é o maior, o mais progressista, o mais amado!

Estamos a pagar uma rede de autoestradas do lá-vai-um, mas temos também a maior densidade delas de toda a Europa. Somos os maiores!

E por aí fora, um nunca acabar de fantásticas realizações e de fados da desgraçadinha.

O pior é que quem tem razão são os fadistas.

 

16.1.15

 

António Borges de Carvalho

UMA CITAÇÃO A RETER

Toda a gente teve ocasião de reparar nas características intelectuais dessa extraordinária personalidade do socialismo nacional que dá pelo nome de Ferro Rodrigues, largamente demonstradas ao longo da sua carreira pública.

A confirmar a opinião generalizada, aí vai um extracto de uma entrevista do citado senhor à SIC (enviada por um amigo):

FR – O Estado pode recapitalizar a TAP sem recurso ao dinheiro dos contribuintes.

SIC – Como?

FR – Através de uma injecção de capital por parte da Caixa Geral de Depósitos.

SIC – E onde vai a CGD buscar esse dinheiro, que manifestamente não tem?

FR – Ao Estado!

Notável.

 

16.1.15

 

IRRITADO

DA TURQUIA

Como é sabido, a democracia turca e o laicismo republicano foram revolucionariamente instituídos sob a direcção do senhor Mustafá Kemal, depois Atatürk (pai da Turquia). Mas este senhor sabia o que estava a fazer, isto é, sabia que a democracia e o laicismo não correspondiam à tradição, não estavam enraizados na maioria do povo turco. Por isso, fabricou uma solução castrense, deu às forças amadas o papel de guardiãs do respeito por tais valores. Foi assim que, a certa altura (fim da década de 70) as tais forças armadas suspenderam a democracia com a finalidade de a preservar. Foi assim que, nos anos 90, evitaram que um partido religioso tomasse o poder em Istambul.

É evidente que, para os puristas da democracia liberal do ocidente, este tipo de poder armado sobreposto aos resultados de eleições é coisa inaceitável, para não dizer condenável. Esta situação levantava importantes resistências à entrada da Turquia na UE, aliada, é bom não esquecer, ao facto de a Turquia, com os seus 80 milhões de pessoas em imparável progressão numérica, viria a ter mais deputados, mais funcionários, mais isto e mais aquilo que... a Alemanha, por exemplo. Assim, a adesão, contra o parecer e os desejos dos kemalistas, foi sendo adiada. E assim também, a “vigilância” militar enfraqueceu, o partido islamita acabou por subir ao poder chefiado por um tipo pouco aconselhável o qual, ainda por cima, teve a sorte de apanhar o país em franco crescimento económico. O resultado está à vista: os generais democratas estão na cadeia, os juízes dominados, as leis alteradas à vontade do chefe, o sonho de Mustafá Kemal no caixote do lixo.

A Europa perdeu um aliado de peso porque teve pruridos ideológicos, a julgar que a Turquia era um país como os demais, não uma terra de vasta influência religiosa. A NATO já não sabe ao certo se pode contar com a Turquia, um país cuja força militar, na Europa, só terá paralelo no Reino Unido.

É nisto que estamos. A Turquia caminha a passos largos para uma ditadura violenta. O seu papel estabilizador no médio oriente deixou de estabilizar fosse o que fosse. As tergiversações militares são o prato do dia.

Haverá saída? É bom não esquecer no que deram, ou no que continuam a dar, as “primaveras árabes”. Às vezes, um bocadinho de bom senso e uma pitada de “realpolitik”, fazem imenso jeito...

 

14.1.15

 

António Borges de Carvalho

AINDA O CHARLIE

Dada a monumental berraria que por aí anda, parece nada justificar que o IRRITADO volte à carga com a história do “Charlie Hebdo”.

Apesar de tudo, há alguns detalhes que não será dispiciendo referir.

O primeiro diz respeito ao mais recente boneco que o “Hebdo” publicou, ou vai publicar e que aparece em todos os jornais: o senhor Maomé (julgo que seja ele o retratado), com cara de caso, ostenta um papel que reza o sacramental “Je suis Charlie”; por cima, uma legenda diz que “Tout est pardonné”.

Ainda não vi quem, para além dos obrigatórios elogios à coisa, explicasse o que aquilo quer dizer. Será que os cartunistas vêm comunicar que Maomé, em representação da generalidade dos muçulmanos, vem dizer que não está de acordo com os assassinos, sendo ele também “Charlie”? Se assim for, a frase por cima quer dizer que lhes perdoa? Se os condena, tão precipitado perdão é, pelo menos, absurdo. Será que são os cartunistas a comunicar que perdoam, quais Cristos, a quem lhe matou os colegas? Não parece lógico. Será que os autores do boneco estão a pedir perdão das caricaturas tidas por ofensivas do Islão, ou seja, é uma oferta de tréguas? Ah!, é verdade, o boneco do Maomé tem uma coisa a que chamam lágrima. Está a chorar porquê? Porque morreram os jornalistas ou porque morreram os que os massacraram? Ou os polícias?

Venha o mais pintado fazer a hermenêutica da críptica mensagem.

Eu sei que a minha inteligência está muito abaixo de muitos dos meus colegas mortais. Às vezes, dou comigo a decifrar cartunes, por aí publicados no “Expresso” e não só, e a pensar: que quer este gajo dizer com isto? Uma vez por outra, com algum esforço, interpreto, quantas vezes sem saber se a minha interpretação interpreta como deve ser. Paciência, como dizia acima, trata-se de gente para-genial, com todo o direito a gozar com a malta. Deve ser o caso deste Maomé.

Outro assunto. E se eu publicasse um boneco com a dona Maria Cavaco em trajos menores, a dar com uma moca nas bimbas do Santana Lopes? E se eu publicasse um boneco com o Cardeal Patriarca, com ademanes de horizontal, a engatar rapazinhos à porta da Casa Pia?

Onde acaba a piada e se entra no insulto? No Charlie Hebdo, o papa a elevar um preservativo, com um fundamentalista judeu e outro muçulmano a seu lado, o que é?

A intocabilidade da liberdade de expressão, que não se põe em causa, tem limites em todas as democracias. A França, por exemplo, manda para o chilindró quem diz coisas anti-semitas, a “compreensão” ou nagação do Holocausto é crime, etc.. Então, é proibido dizer cobras e lagartos dos que ofendem a democracia, a “Republique”e os judeus, ao ponto de os prender, mas não é proibido fazer o mesmo com o cristianismo e o muçulmanismo?

Entendamo-nos: matar os jornalistas do “Charlie” foi um crime hediondo, abominável, repugnante, como os são os do Boko Haram, da Alcaida, e de tantas outras organizações de inspiração semelhante. Entendamo-nos: a liberdade de expressão é um bem precioso. Como todas as liberdades tem os seus limites nas dos outros e no respeito pelos outros. A sátira, a troça, a irreverência, a diatribe, são direitos, ou armas preciosas de todos nós. Mas há limites.

Posto isto, espera-se que a indignação que, com toda a justiça, o caso causou, sirva para defender a segurança e liberdade de expressão das pessoas, não para “santificar” os abusos que, à pala dela, se cometem.

 

14.1.15

 

António Borges de Carvalho

DAS PRESIDENCIAIS

Anda para aí um sururu dos diabos sobre as eleições do chamado “mais-alto-magistrado-da-nação”, interessante fórmula herdada dos tempos da II República, a apelar a coisa que jamais existiu: um presidente que fosse magistrado ou tivesse alguma coisa a ver com tal qualidade. Enfim, problemas lexicais sem importância de maior.

À esquerda não parece haver problemas de escolha. Já que não é possível candidatar o 44, conhecido coveiro da Nação, recorre-se ao número dois, tão coveiro como o outro, só que mais doce: o célebre fugitivo do “pântano”. Isto de dar à sola parece ser rentável: um foi para a UE, outro para a ONU, em altos e trabalhosos cargos.

À direita perfilam-se diversos pretendentes, há tabus, avanços e recuos, numa palavra, ninguém sabe o que há-de fazer.

Talvez seja uma boa ocasião para pensar dois minutos sobre a importância deste magno problema. Põe-se um país inteiro a vibrar com ele, como se fosse mesmo magno. E, afinal, que importância tem, para além de ser palco para mais guerrilhas partidárias, forma de gastar mais uma data de milhões, de entreter a malta, de dar à III República mais uma eleição directa, coisa que nenhuma república usa, a não ser aquelas em que o presidente é o verdadeiro chefe do executivo? Importância não tem, mas é-lhe dada pelo politicamente correcto e por uma Constituição em que ninguém é capaz de mexer.

Põe-se no Palácio Real de Belém um ocupante sem poder político, que não toma decisões, que não tem iniciativa legislativa, que não tem autoridade sobre o governo, que “anda para ali” à procura de alguma coisa para fazer, de alguma fábrica para visitar, de alguma creche para inaugurar. De vez em quando, pode chatear estes ou favorecer aqueles, mandando coisas para o Tribunal Constitucional, fazendo uns discursos, mandando umas bocas mais ou menos crípticas. Pode, com algum golpismo, como foi o caso do intragável Sampaio, favorecer os seus mediante a dissolução do Parlamento. Mais nada. É garantido que será atacado, à esquerda ou à direita, sempre que abra a boca: dará imenso trabalho a jornalistas e comentadores, tempo de antena aos políticos que lhe vão às canelas ou o elogiam. E até pode, como fazia o inacreditável Soares, gastar umas massas com congressos, fundações e outras martingalas.

Tudo isto custa milhões e não serve para nada. Pior, é contraproducente. Dados os nossos hábitos eleitorais, o presidente será sempre o representante de um lado da política, nunca dos portugueses, apesar de se dizer de todos, coisa que nunca foi nem poderá ser. Presidente, sim, mas só da República a de mais nada nem de ninguém: pelo menos, é o que reza a Constituição e diz a lógica das coisas.

A eleição directa do Presidente foi uma invenção do Salazar até às bernardas do Delgado. Então porque é que a III República, orgulhosa e desgraçadamente (para nós) herdeira da primeira, não usa, como ela, a eleição parlamentar, como acontece em todas as repúblicas da Europa Ocidental, à excepção da França, onde o presidente é sede de poder político, assim dando lógica ao sufrágio universal? Mistério que os francófilos admiradores do professor Duverger talvez pudessem esclarecer, mas não esclarecem.

Caminhamos para mais uma imponente eleição directa, a fim de excitar as gentes e gastar uns milhões. Uma desgraça constitucional a somar a tantas outras.

 

12.1.15

 

António Borges de Carvalho

TERRORISTAS

Muito se tem dito, escrito e ouvido sobre os ataques terroristas em França, desde coisas sensatas até aos mais repelentes disparates, como os bolsados pelas habituais demagogas ao serviço do PS, tipo Não-sei-quantas Canavilhas e Ana Gomes. Tudo bem. Em toda a parte há pessoas sérias e pessoas que o não são. Adiante.

O IRRITADO, que não é politólogo, nem filósofo político, nem polícia, nem espião, nem nada que se pareça, acha um tanto estranho ainda não ter ouvido nem lido nada que vá ao fundo da questão, pelo menos pelo lado em que a encara.

Há terroristas como os de Paris, ou piores, por toda a parte, em pequenas células ou às centenas de milhar. De um modo geral, “justificam-se” por razões religiosas: uma leitura estúpida, ou maximalista, de certas passagens do Corão, implicaria o aniquilamento de quem não é muçulmano. Verdade é que os crimes que cometem são, a maior parte deles, contra outros muçulmanos, ficando prejudicada a teoria, praticamente única, da luta contra os “infiéis”. Talvez que os executores dos atentados sejam fanáticos religiosos. Quem os comanda, porém, são senhores da guerra, bárbaros sedentos de poder, a abarrotar de dólares, armados até aos dentes, dominando milhares de desgraçados a quem sujaram o cérebro. Aliás, muitos dos chamados “ocidentais” que alinham, fazem-no porque são bem pagos e porque, quando voltam aos seus países, não são acusados de coisa nenhuma, já que ninguém sabe ao certo de onde vieram ou o que andaram por lá a fazer.

Para travar esta malta seria preciso ir um pouco mais fundo: saber quem os financia e tratar de fechar a torneira, impedindo o fluir financeiro que os sustenta e arma. Depois, seria preciso dar-lhes cabo das comunicações. Que diabo, se uns tipos quaisquer entram nas comunicações do pentágono ou da CIA, não haverá quem seja capaz de lhes dar cabo do ciberespaço? Não me parece.

Por outro lado, temos ouvido, e ainda bem, reacções de repúdio por parte de imãs, das comunidades muçulmanas, de dirigentes de países oficialmente muçulmanos, etc.. Aceite-se que a maior parte de tais recções são sinceras. Mas… se eu fosse dirigente terrorista não faria o mesmo? Uma grande campanha de acção psicológica é indispensável, que leve os muçulmanos pacíficos a denunciar os restantes, que pululam em pacíficas mesquitas, madrassas e famílias e que, em grande parte dos casos, são conhecidos dos demais.

No meio de tantas teorias que por aí se ouve, não vi ainda nada que tenha, com sinceridade e com a eficácia possível, ido às verdadeiras raízes do problema.

Uma observação lateral. Parece que os assassinos de Paris estavam devidamente referenciados pelos americanos e pelos ingleses. Os franceses não davam por nada. Porquê? Parece que os franceses, aquando da sua tresloucada oposição à guerra do Iraque, passaram informações ao inimigo dos Estados Unidos e que, estes como os britânicos, fecharam, para a França, a cooperação entre serviços de informações. Compreende-se, independentemente de se compreender a oposição àquela guerra. Simplesmente, quando um dos beligerantes é nosso aliado, parece que aconselhável seria uma posição de neutralidade, não a barulheira dos diabos que a França fez, ainda por cima acompanhada de leaks em favor do inimigo do seu amigo! Pelo menos 12 franceses pagaram caro o orgulho nacional como trataram a questão.

Outra observação lateral. Para quem, como o IRRITADO, considera violentamente atacados e ofendidos valores básicos da humanidade e da civilização, parece estranho que se atribua tais valores à república. Qual república? A Francesa? Aceite-se. E se a república for a do Irão ou do Zimbabué, ou tantas outras com características semelhantes no que se refere a direitos humanos, liberdade, etc.? Será que os países da Europa Ocidental que não são repúblicas não respeitam e não amam tais valores? Fica a pergunta.

 

10.1.15

 

António Borges de Carvalho

TRAMPA DE SAIAS

Está o mundo inteiro horrorizado com os assassínios que hoje houve em Paris.

O mundo inteiro? Não! Em Portugal há uma gaja que vem à televisão manifestar a sua compreensão para com os assassinos. Uma fulana que, imponente no seu traje de pele de raposa (pirosa!), armada em boa (para quem não sabe, é um taco de pia), com um sorriso de plástico, toda coquette, acha que o “Ocidente” é o culpado, culpa que justifica a emergência do terrorismo, da violência, da cobardia, da trampa em forma de gente que por aí anda. Coitadinhos, foram empurrados para este tipo de manifestações, não têm outro remédio.

França caíu na asneira de acolher milhões de fulanos sem cuidar que boa parte deles se recusa terminantemente, sem que por tal seja responsabilizada, a integrar-se nos limites da lei de quem os acolheu, lhes proporcionou uma segurança social que ultrapassa todos os limites, lhes deu nacionalidade, os tirou da miséria e os deixa cometer todos os exageros, tudo em prejuízo da comunidade que os recebeu e lhes deu possibilidade de integração, sem que, sequer, tivesse ganho a força de trabalho que a oferecida inclusão justificaria.

A paga, para além dos custos astronómicos desta política humanitária, são exigências de privilégios culturais, sociais e religiosos, de auto exclusão da sociedade e, a la limite, de crimes como o de hoje.

Perante isto, a única coisa que sai do ultra rasca bestunto da mulher é condenar o “Ocidente” por causa do Iraque e da Síria, onde os erros cometidos (na opinião da gaja) tudo justificam. E mais: a única preocupação da harpia em relação ao acontecido é que a extrema direita francesa saia reforçada. Tudo o resto é conversa. Morreu uma data de gente às balas dos selvagens, o mundo inteiro, das arábias às rússias, das américas às áfricas, se revolta e choca com a vilania.

Só a dona Gabriela Canavilhas, alta figura do socialismo nacional, mostra, com sorrisinhos de rameira, o seu desvelado carinho pelos autores da proeza, certamente acicatados pelos desmandos de terceiros, outra coisa não sendo que um fruto maduro de tais desmandos.

É de pensar que o incitamento à violência é um crime nos países civilizados. É de pensar que quem o comete devia ser exemplarmente castigado. A não ser que se trate de uma alta figurona do PS. Não anda por aí uma data de figurões e de figuronas do PS a dizer que, em casos que atinjam altas figuras do partido, a lei é boa para o caixote do lixo?

Onde iremos parar se algum dia esta gente chegar ao poder?

 

7.1.14

 

António Borges de Carvalho

QUESTÕES DE ENGENHARIA FINANCEIRA

Confirmando as suspeitas existentes por aí, veio o sr. Pinto de Sousa, dito engenheiro Sócrates, tornar público, via bons ofícios da TVI, que, sim senhor, o Santos Silva, ao que parece engenheiro como ele, o vinha, há anos, sustentando. Ficou tudo cristalinamente esclarecido.

Corrido do poder por via eleitoral, o impoluto cidadão não quis ficar no Parlamento, preferindo o desemprego não registado. Os seus objectivos de vida não se coadunavam com o magro salário de um deputado. Nada mais natural. Trabalhar faz calos, mesmo na distinta Assembleia onde, se quisesse, tinha assento. Além disso, sentia-se impelido a enriquecer os seus conhecimentos filosóficos e queria, legitimamente, conhecer o excitante mundo de uma grande capital europeia. Escolheu Paris, escolheu o 16eme, e escolheu muito bem. Tudo coisa do seu nível socio-político-cultural. Infelizmente, não do seu nível económico, que não compotava a realização do sonho. Não era possível ter um Mercedes-Benz (ao que se diz, dos melhores) com motorista, para deslocçãos em Lisboa e idas a Badajoz, nem, é de pensar, outro carrinho no 16eme, uma secretária, filhos a estudar, as propinas da filosofia, uma vida decente, coisa condizente com o seus altos standing, relações e importância. Não era possível vir todas as semanas a Lisboa educar o povo através da televisão pública, cujo ordenado disse ter recusado. Não era possível sustentar o condomínio do Marquês, nem almoçar no Aviz, ainda menos na Tour d’Argent e similares.

Daí que, como é natural, normal e legítimo, tenha recorrido a um velho amigo. Este era possuidor de uns vinte milhões escondidos algures, milhões que tinha repatriado sem cair nas garras do fisco, que o nosso homem tinha transformado em acolhedores braços sem pedir nada em troca. Os milhões foram-lhe postos à disposição,e ele, para nosso descanso e esclarecimento, desde já declarou que, um dia, os pagará, não se sabe se com juros ou sem eles. Trata-se, como muito bem disse, de assunto privado, coisa de amigos com quem ninguém tem nada a ver.

Para pôr as coisas em pratos limpos, Pinto de Sousa esclarece ainda que, quando a mãezinha quis vender uns andares, a pôs em contacto com o amigo, que se disponibilizou a comprá-los. Feito o negócio a generosa senhora deu ao filhinho o que, por sua morte, lhe caberia em herança. Nada mais claro, nem mais legítimo.

Finalmente, ao que parece para amedrontar os investigadores, o “entrevistado” desanca-os por não fazerem outra coisa que não seja aplicar as leis que ele próprio inventou e subscreveu. Está certo. Ao legislar, ter-se- á esquecido de salvaguardar a sua pessoa, achando, com toda a razão, que, ça va sans dire, as suas leis eram para aplicar aos outros, não a um ex-PM, como aliás tem dito e repetido esse grande luminar do Estado de direito que se chama Mário Soares.

E agora? Agora já toda a gente percebeu tudo. Poderá segundo a “fé” de cada um, dar-se-lhe sentidos diversos. Mas, quanto à matéria de facto, não restam dúvidas: está tudo confessado e assinado pelo interessado.

Podem os juízes não conseguir provar os crimes que investigam. O homem comum, esse, só não sabe o que se passou se for completamente estúpido.

 

4.1.15

 

António Borges de Carvalho

SÃO MANAS!

 

Não sei se repararam no cortejo brasileiro de lançamento do segundo mandato da dona Dilma. Nada de especial, não é? Um Rolls de certa idade, uma tipa gorda vestida de rendas e bordados (parecia uma almofada de lupanar), uma pequena multidão para ela saudar e mandar a reportagem ao mundo, uma pirosada sulamericana - à excepção do Rolls. Tudo normal. Na frente da nobre viatura, a matrícula, a condizer com a patroa, rezava: PRESIDENTA DA REPÚBLICA.

(À laia de apontamento, talvez fosse de sugerir ao Prof. Cavavo, quase tão possidónio quanto a Dilma, que pusesse no carro presidencial uma tabuleta a dizer PRESIDENTO DA REPÚBLICA. Por uma questão de justiça e de decoro, convenhamos que o homem não cairia nessa, mesmo que tal lhe apetecesse).

Por cá, temos uma imigrante que usa do mesmo tipo de respeito pela língua: nada menos que a excelentíssima PRESIDENTA de uma fundação, ali para os lados do Campo das Cebolas.

Duas fulanas que, pior que ignorantes, são assassinas da língua. Desta da presidenta nem os tipos do acordo ortográfico se lembraram, ainda que não tenham hesitado em se pôr a jeito e encher o Português de brasileirismos, coisa que os brasileiros, com razão e gozo, devem achar digna da maior troça.

Facto é que, uma foi eleita Presidente da República Federativa (outro primor linguístico) do Brasil, outra foi contemplada com a Casa dos Bicos. Uma diferença: a primeira foi eleita pelo povo, a outra ninguém elegeu, nem ninguém perguntou a ninguém se achava bem que uma preciosidade lisboeta fosse dada, devidamente adaptada - à nossa custa - aos desejos da espanhola, uma fulana antipática, pesporrente, esquerdófila – a meter-se na nossa vida ao mesmo tempo que despreza a língua – , a impingir publicamente o castelhano a partir da grande “altura” “nacional” que lhe foi conferida pelo camarada Costa.

A malta, entretida com as visitas a Évora, as gravações do GES e a trampa da casa dos segredos (outra mulher “notável”, a patroa de tal casa), não dá por estas coisas.

Sem qualquer esperança, o IRRITADO permite-se chamar a v. atenção para estes tristes factos.

 

2.1.15

 

António Borges de Carvalho

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