O SOCIALISMO É A FILOSOFIA DO FRACASSO, A CRENÇA NA IGNORÂNCIA, A PREGAÇÃO DA INVEJA. SEU DEFEITO INERENTE É A DISTRIBUIÇÃO IGUALITÁRIA DA MISÉRIA.
Winston Churchill
O SOCIALISMO É A FILOSOFIA DO FRACASSO, A CRENÇA NA IGNORÂNCIA, A PREGAÇÃO DA INVEJA. SEU DEFEITO INERENTE É A DISTRIBUIÇÃO IGUALITÁRIA DA MISÉRIA.
Winston Churchill
Há uma regra geral na língua portuguesa propriamente dita que postula que uma categoria onde há machos e fêmeas é designada pela forma masculina. Assim, diz-se “os pais”, “os parentes”, “os irmãos”, etc., sem prejuízo de, em cada categoria, haver masculino e feminino. O politicamente correcto - universal desgraça muito comum em Portugal – impõe, analfabetamente, que não se diga, por exemplo, “os portugueses” – abrangendo homens e mulheres - mas sim “os portugueses e as portuguesas”, segundo fórmula que se julga ter, em má hora, sido inventada pelo sr. Balsemão. Numa época em que a “igualdade de género” é um dos mais queridos temas e nobres objectivos da sociedade política, se os cidadãos acima se citassem só no masculino, poderiam entrar na categoria de machistas, falocratas, misóginos, ou outras coisas piores. Manda o politicamente correcto que lhe sacrifiquem a língua.
A regra geral tem excepções. Por exemplo, diz-se “rebanho de ovelhas”, esquecendo os carneiros, o mesmo se passando com as cabras e outros substantivos colectivos. Julgar-se –ia que o politicamente correcto, em nome dos carneiros e dos bodes, se deveria revoltar contra esta humilhante situação, e comunicar o caso a umas entidades, autoridades, observatórios e outras porcarias que há para aí com copiosa fartura, bem como às associações de agricultores, criadores de gado, ao PC, etc. Mas não se revolta: a indignação é de sentido único.
É claro que também vicejam para aí as “presidentas”, como a Gelma e a viúva rica, mas, com as bojardas destas artistas ninguém se incomoda.
Temos que ter paciência, quando a língua é tratada, ou comandada, por “especialistas” tais a dona Edite Estrela e o intragável Malaca Casteleiro.
Fecho o parêntesis.
A distinta colecção de figurões e figurãs (respeitinho pela igualdade de género!) que começa o seu paleio com a frase que abre este post obedece ao politicamente correcto. Outra coisa não seria de esperar.
Frustrados do centro e da direita, cérebros do PC e adjacentes, gente tão ridícula como Freitas do Amaral, oportunistas como Sampaio da Nóvoa – o tal que está “disposto a tudo” –, o mentecapto Ferro Rodrigues, o banqueiro Cravinho, a dona Helena, a dona Lídia, o repugnante Pacheco, o sinistro César, o parvalhão Adão, etc., uma colecção de cérebros animada pelo objectivo comum da baralhar o jogo, actividade a que chamam “relançar a economia”, “servir o país” ou outros slogans que soam a falso ou a verdadeiro segundo quem os pronuncia. No caso, a falso, como é evidente. Falso e ignorante.
Economia? Quantos deles, se é que algum, já produziu alguma coisa para além de bocas e “ensinamentos”? Quantos já venderam ou compraram alguma coisa? Quantos sabem o que é um armazém, um stoque, uma guia de remessa, uma letra de câmbio, um aperto de tesouraria, um gerente bancário que é parvo, uma menina que tem quatro menstruações por mês, uma comissão de trabalhadores do PC, uma feira industrial, enfim, quantos deles têm um mínimo de noção ou de experiência na pequena economia, na que dizem ser o motor do desenvolvimento? Nenhum. Zero. Népias. Nicles.
Mas todos são capazes de perorar sobre as razões da estagnação, das dificuldades, dos constrangimentos, e de entrar na ladaínha ad nauseam repetida por populistas de meia tijela que cavalgam os problemas das pessoas, que os aumentam, os exploram, à procura de audiência e pelouro. Tudo, é claro, desde que seja contra o governo, um governo que não lhes dá poleiro, nem a eles nem a banqueiros ou seja a quem for. O resto é conversa.
Agora, descobriram que a melhor maneira de negociar com o Fakis e o Tripas é fazer o que eles querem. A ignorância, desta vez diplomática, financeira e económica, é de cabo de esquadra. Segundo eles, o governo português devia entripalhar-se todo, desatar aos gritos, ser mais papista que o Papa, deitar para o caixote os sacrifícios que temos feito, os – poucos mas bons – resultados que temos obtido, arranjar maneira de aumentar os juros, de fomentar a desconfiança dos mercados, enfim, tudo o que necessário seja para nos fazer regressar o mais depressa possível aos doces braços da troica.
Mas têm audiência nos media, reportagens, entrevistas, o diabo a quatro. Objectivo atingido. Politicamente correcto.
“Não é com vinagre que se apanha moscas”, velho dito cá do sítio. Não sei se terá correspondente em grego. O que sei é que, mesmo que haja, o Tripas e o Vrofakis não estão a par da sabedoria popular.
É evidente o ataque de nacionalismo de que vão sofrendo, a fazer inveja ao velho Mussolini. A Pátria não se deixará pisar! O orgulho grego não admite tutelas! O nosso glorioso passado, como o nosso digníssimo presente, têm que ser respeitados, etc.). Exactamente a mesma retórica do partido-sócio, da dona Marine, do tipo do UKIP, do castelhano do rabo de cavalo e de tantos outros que por aí andam, a alma em estremeções, a vender populismo nacionalista aos incautos e a fabricar o inimigo externo, como é apanágio de todas as ditaduras, mesmo das “internacionalistas”.
É evidente que esta retórica não cola num continente que ainda se lembra do nacionalismo e das suas dramáticas consequências.
Há mais, nesta triste história. A começar, a visita aos mártires do nazismo. Logo a seguir, o “não cumprimos” do aumento do salário mínimo e da readmissão de mulheres da limpeza, obviamente desnecessárias, e de mais uma data de funcionários da mesma natureza. Tudo desafios, tão provocatórios quanto estúpidos. A culminar, o Tripas vai apresentar os seus respeitosos cumprimentos ao embaixador do camarada Putin, um rapaz simpático. Nesta senda de política externa, o homem veio, dias depois, a fazer, em Bruxelas, uma “declaração de voto” pró Russia.
Vai daí, o Fakis faz uma operação de charme em trajos menores, fralda de fora e casaco SS. O Tripas faz o mesmo, mas só sem gravata. Conseguem umas manifestações de “compreensão” meramente diplomáticas e um balde de água fria do entrevadinho, que não é de modas e tem o eleitorado à perna. Com o Draghi, um balde não chegou, foi um duche gelado.
Passados estes inteligentes movimentos, pensar-se-ia que a coisa amainava, isto é, que os tipos acabassem por perceber o adágio do vinagre e das moscas, e tentassem alguma coisa com um mínimo de lógica. Mas a inteligência não parece abundar lá no síio. Perante o mundo, Tripas declara que não recuará um milímetro. Num discurso desafiador, declara que os países (a Grécia) devem poder tomar “as suas próprias decisões” sem contar com os demais. Ainda não deu por que a Grécia é membro da União há quarenta anos e que, na União, é preciso contar com os outros. No meio da loucura, afirma que vai reabrir a TV e que haverá energia e refeições grátis para todos. Os tratados a que deve obediência servem para “humilhar os países”. “Se não mudarmos a Europa, a extrema direita irá fazê-lo”, decreta o demagogo, sem cuidar que, se alguém anda a fazer o trabalhinho da extrema direita, esse alguém é o próprio. Mas, louve-se a coerência e o medinho que já deve sentir, ele, que tinha recusado liminarmente a hipótese de um “acordo transitório”, anuncia que vai propor um “acordo de transição”. Estão a ver a diferença?
Enfim, muitas mais foram as patadas na poça. Mas fiquemos por aqui. Como o Fakis, diz-se, vai avançar hoje em Bruxelas com propostas “construtivas”, esperemos que algum bom senso entre na mioleira daquela gente.
Como é sabido, o IRRITADO não costuma debruçar-se sobre as bojardas, as calinadas, os dislates, as frustrações, as parlapatices e os insultos idiotas e gratuitos escritos pelo repugnante Mário Soares. Hoje, porém, está arrependido: é que, tendo-o excepcionalmente feito , deu com, pelo menos, três basilares asserções que fariam inveja ao Almirante Américo Tomás e que merecem antologia. Chapeau!
A saber:
A Grécia voltou a ser, após tentos séculos,... um motivo de debate na União Europeia.
Sensacional descoberta histórica: no tempo de Sócrates (o autêntico) já havia União Europeia, onde a Grécia era muito debatida...
(O Brasil vive) hoje uma situação difícil por causa da seca que o está a afligir em virtude da falta de água.
Outra descoberta, desta vez digna do Nobel: há secas que não têm nada a ver com falta de água...
(O Brasil, por causa da seca, tem) uma situação muito grave. Todos os Estados da lusofonia o devem apoiar.
Meus amigos, juntem-se aos angolanos, moçambicanos e outros, e vá de agarrar em dois baldes de dez litros de água da companhia e ir a correr até São Paulo. A solidariedade lusófila do autor é esmagadora...
Dona Ana Gomes “tresouviu” umas escutas e arranjou maneira de reinsultar o Portas. Os instintos pidescos desta diplomata, revelados em variadas ocasiões, são a evidente explicação para o camarada Seguro a ter posto a bom recato em Estrasburgo. Confundindo alhos com bogalhos, segundo os seus policiais interesses, tratou de lançar mais uma daquelas campanhas em que é especialista, a fazer inveja ao major Silva Pais e ao Dr. Barbieri Cardoso, a cuja organização certamente pertenceria se tivesse nascido uns anos mais cedo.
Dona Isabel Moreira, mui ilustre defensora e propagandista dos deficientes sexuais, foi aos arames e chamou à sua camarada todos os nomes que ela merecia. Manipulação de provas! Vícios persecutórios! Desonestidade!
Louve-se a coragem desta senhora, aliás tão espernéfica e convencida como a outra. Mas, desta vez, com carradas de razão.
A propaganda que, veiculada pela gente do costume, por aí viceja sobre o SNS, leva-nos a crer que os serviços públicos estão, sem excepção, em rotura, que os “ataques” do “neoliberalismo” levam direitinho à destruição do sacrossanto serviço, que cada defunto é defunto porque o governo cortou no investimento, que a desgraça que sobre nós se abate é de dimensões colossais, que o ministro da saúde afinal não presta, não passa de um “economicista”, um “financista” sem alma, que se aproxima uma hecatombe tal que nem a peste negra a suplantaria.
Vejamos os monumentais ataques desferidos contra o SNS e, claro, todos nós.
Falando de dinheiro, o ano de maior despesa foi 2012 (as dívidas da herança socialista!), depois, mais estabilizada a buracaria da mesma origem, tanto as previsões como a execução orçamental têm vindo a subir e, segundo aprevisão do governo, subirão mais em 2015. O equilíbrio está quase restabelecido, isto é, diminuem as dívidas, não as verbas a utilizar na prestação de cuidados.
Mais uns dados. Nos cuidados continuados, o número de camas, em 2013, era de 21.515, em 2014 foi de 21.613. Os doentes admitidos somaram 23.208 em 2013 e passaram a 25.009 em 2014. As altas, em 2013, foram 21.318 e, em 2014, 24.734. As intervenções cirúrgicas em ambulatório, em 2013, foram 55,8% do total e, em 2014, 57.9%. O número de médicos subiu de 7.400 para 7.594. O de enfermeiros desceu de 8.837 para 8.820. O de técnicos superiores de saúde subiu de de 662 para 669. O de técnicos de diagnóstico e terapêutica passou de 1.912 para 1.937. Se falarmos do médicos de família – ainda insuficientes – o progresso é de muitos milhares.
Afinal, onde está o desinvestimento? Onde a desumanidade? Onde o “economicismo”? Que fundamentos tem a gritaria? E, se houver algures dados negativos, onde irá a demagogia buscá-los? Não se sabe, mas irá com certeza. De certeza também que, na ausência de provas, provas se inventarão. Na ausência de problemas gerais, generalizar-se-ão os pontuais. Esta, sim, uma verdadeira epidemia. Uma epidemia política, não sanitária. Sem sanidade nenhuma.
Ontem, o governo anunciou que tinha chegado a acordo com a indústria e que estava ultrapassada a questão do milagroso medicamento que cura a hepatite C. Parecia que a barulheira, a exploração ad nauseam de uma defunta e de um doente histérico, as horas e horas de telejornais, etc., tinham acabado. Pura ilusão. Já o mediático doente tinha mostrado que já tinha na mão (de borla) as almejadas pastilhas, ainda o estafermo do lacinho, do “Expresso”, anunciava aos pacóvios a chegada da “alegada” solução. Faz lembrar a história do leão do Jardim Zoológico que, no tempo da II República, tendo atacado um passante que, em seguida, o matou, como o tal passante era do reviralho, foi noticiada assim: “Um pobre leão barbaramente assassinado por um comunista sem escrúpulos”. O gajo do lacinho está ao mesmo nível. Só que a história do leão é anedota, a dele não. Enfim, uma noite inteira disto e de pior.
Havia um tipo que, no tempo dos socialistas, tinha um certo prestígio. Um tal Correia de Campos, ministro da saúde. Posto a bom recato na oposição, o homem desatou a escrever no “Público” (where else?) as mais absurdas diatribes, baralhando dados, engendrando teorias, assumindo-se como aquilo que, se calhar, é: um politiqueiro de meia tijela. Pois esta criatura, de sociedade com o do lacinho, depois de lhe ter sido contado, tim tim por tim tim, o que se tinha passado, não só se permitiu, sem ponta de conhecimento de causa, desmentir o dito, como entrou na conversa do costume, ainda que com uns inglesismos à mistura. E, para dar uma de conhecedor, engendrou um novo e estupendo argumento: “a morte está fora do algoritmo do governo”. Esclarecedor, não é? Depois, chamou “polichinelo” ao opositor, e desatou a dizer burrices que até umas ilustres desconhecidas que peroravam no mesmo local e que eram, declaradamente, críticas do governo, levaram, por a+b, às cordas.
Para quem vê notícias à noite, foram horas e horas de repetições e mais repetições. Coisa enfadonha, a fazer pensar que os espectadores estavam a ser induzidos a odiar os queixosos, fartos de os ver e ouvir. Há coisas que, quando exploradas até à abjeção, têm efeitos perversos.
Enfim, convenhamos que serviu para nos poupar às aventuras do Tripas. A propósito deste artista, duas frases de ontem, para aliviar a pressão.
- De um senhor espanhol cujo nome esqueci: Não há nada de bom a esperar dele (Tsipras), senão que baixe as calças.
- De Vasco P. Valente: (A sra. Merkel) avisou que não receberia Tsipras (para não aturar a mistura de chantagens e choradeiras com que ele anda para aí a maçar o mundo) e mandou o ministro das finanças comunicar ao jovem que, para ele, não estava.
O Renzi, jovem PM da Itália, de esquerda, deu uma gravata ao Tripas. Teve graça. Mas o mais engraçado, ou sem graça nenhuma, é que ninguém deu por que se tratava de um chàzinho muito bem dado ou, se se quiser, de uma estalada no focinho. O Tripas engoliu, mas insistiu na carroceirice: recebido com guarda de honra, enquanto o Renzi se perfilava diante dela, o selvagem ria a bandeiras despregadas. Testemunha: uma fotografia que, vejam lá, só veio num jornal: os outros devem ter achado que não era favorável ao desengravatado figurante.
Finalmente, as coisas começam a estar no sítio. As primeiras decisões da rapaziada custam, segundo se diz, uns meros 12 mil milhões. Uma bela e sensata entrada nas negociações, não é? Como aperitivo, nada mal. Assim como o Pinto de Sousa, desempregado e teso, a comprar carros de 100.000. Mas o Pinto de Sousa tinha um “amigo” que lhe cobria os desvarios. O Tripas não tem.
Depois, o fim da austeridade, ou do rigor, como se diz agora. Qual fim qual carapuça. Nem pensar, diz a Ângela com toda a razão. Depois de umas avançadas em Paris e Londres (viram o Tripas sem gravata no Eliseu e o Frofofakis, vestido para a caça às perdizes num dia de Inverno, em Downing Street?), em Berlim foi o caneco. E, em Frankfurt, mais ou menos o mesmo.
As ilusões macacas daquela gente, do tipo das paridas pela intelectualidade do Bloco de Esquerda, estão a entrar em colapso, como era evidente para quaisquer dois dedos de testa. Tirando o Fischer dos verdes, ninguém na Alemanha está pelos ajustes. Pudera! Diz o Forofikis que o dinheiro não foi para o povo mas para os bancos (90%!). O homem deve achar que, se os 325 mil milhões tivessem sido distribuídos pela malta, dava 29 euros por cabeça. Porreiro pá. Era uma pipa de massa “social”.
Muito a sério, já toda a gente percebeu que nada vai poder ser como os gregos queriam, ou tinham a triste ilusão de querer. Quando se propõe pagar a dívida à medida do crescimento económico, mas não se tem, na Grécia como em toda a UE, crescimento económico nenhum, está a contar-se com o ovo no rabiosque da galinha, no caso no da Ângela e de mais uma data de gente. É um continente inteiro, uma União inteira, que, de alto a baixo, deixou de ter economia que permita voos financeiros e consumos crescentes. Resta o “rigor” e uns restos de esperança, não passando esta de wishful thinking.
O IRRITADO é pessimista? Pois é. Basta olhar para a massa anda por cá nos bancos sem que ninguém a queira. Projectos? Que projectos? Investimento estrangeiro? Que investimento estrangeiro? Pois é. Resta o “rigor”.
Há uma data de anos, ao pé da estação de Cascais, brilha um mamarracho inacabado. Como é de timbre, a municipal burocracia licenciou, deslicenciou, tornou a licenciar, mais andar menos andar, mais papel menos papel, mais técnico menos técnico, mais regulamento menos regulamento, mais vereador menos vereador, enfim, um daqueles processos só imagináveis por loucos, mas que tão comuns são na nossa terra. Finalmente, para ajudar a distinta Câmara, parece que o construtor, ou o promotor, ou alguém, foi à falência. Orgulhoso, o mamarracho foi resistindo. Quatro anos depois – só quatro anos! – a autarquia resolveu demolir a coisa e encarregar o povoléu de dizer o que quer que lá se ponha. É a “democracia” directa, muito útil para desacreditar a outra. Nos jornais, pululam já os mais rasgados elogios à corajosa atitude da autarquia.
O IRRITADO está de acordo. Seja demolido o monstro. Não se sabe se, depois de pronto, seria tão monstro como isso. Dê-se esta asserção de barato. Muito bem, venha o camartelo, que já não é sem tempo.
Nesta matéria, talvez fosse de pedir alguma coerência ao simpático município. Para tal, conviria dar o mesmo destimo, por exemplo, às novas instalações da Polícia, mamarracho bem pior que o tal do largo da estação: uma caixa de fósforos colossal, colocada a 30 centímetros da faixa de rodagem, forrada de azulejos que nem o urinol da mais porca tasca aceitaria, completamente desinserida da paisagem urbana que a rodeia, uma miséria. Ainda por cima, leu-se não sei onde que as autoridades locais vão adquirir um palácio, salvo erro em Carcavelos, para alojamento da PSP. Então, e o mamarracho? O povo gosta? O povo não é chamado a pronunciar-se? A Câmara não faz nada?
Já agora, e o musseque (nome gentilmente dado pelo tal povo ao crime urbano que são os caixotes negros atravancados no nobre sítio onde um dia esteve o Estoril Sol)? Não merecem demolição? Merecem pois. Só que... só que, nada, estão ali para ficar, com grande e municipal orgulho. Nem há moralidade nem comem todos.
Nos ominosos tempos da ditadura, dita fascista, era o IRRITADO, obrigatoriamente, membro de um sindicato qualquer da “corporação da indústria”. Descontava 1% do seu salário para a organização. No dia 26 de Abril de 1974, todo contente, mandou o sindicato pentear macacos, e nunca mais se meteu ou deixou que o metessem em tal tipo de agremiação. O PC ainda tentou, à força como na anterior ditadura, restaurar o sindicalismo obrigatório. Acabou por não conseguir, mas manteve até hoje basta influência naquelas coisas, arrogando-se até o direito de, através delas, “representar” quem trabalha, ou acha que trabalha. Coisa, aliás, aceite como tal pelo poder político e pela opinião generalizada que o socialismo criou.
Vem isto a propósito de um dos projectos da nova organização que agrupa umas dúzias de grupelhos que, mui democraticamente, acham que é “tempo de avançar”. Para onde? Dizem eles, por exemplo, que há que “reforçar a centralidade da negociação colectiva”, isto é, tirar a cada um o direito de se expressar por si, de contratar o que acha que lhe convém e de usar mecanismos do Estado de Direito se vir ofendidos seus interesses. Para esta gente, a liberdade individual e a “preocupação com as pessoas” leva a “centralizar” os seus interesses e em dar o privilégio da representação de cada um a organizações que cada um não representam.
Mas há mais. Os cerca de cinquenta movimentos, associações, partidos, filarmónicas, etc., ansiosos por avançar (só líderes são três por cada cinco filiados), querem estabelecer um “rendimento básico” para toda a malta e acabar de uma vez por todas com o “carácter assistencialista” dos subsídios actualmente em vigor. É de saudar esta tão inteligente medida: acabar com excepções descriminatórias. Existes, logo recebes. Um aumento do rendimentos para todos nós! Ficamos também a saber que os tostões que o Estado dá passarão a muito melhores porque deixarão de ser “assistencialistas”, isto é, um euro não assistencialista vale mais que um euro assistencialista! Uma descoberta digna de manuais para a educação de adultos mais ou menos analfabetos. Contra os subsídios assistencialistas, avançar, avançar! É tempo!
Nesta senda, nada melhor do que “valorizar o salário mínimo”, isto é, aumentá-lo, presume-se que para mais ou menos igual ao do Luxemburgo. De onde vem a massa? É de presumir que da mesma inesgotável fonte de onde brota o “rendimento básico”, seja ela qual for.
A decorar o ramalhete vem o “condicionamento das instituições de crédito”, obrigando-as a juros de excepção para as pequenas e médias empresas. Por outras palavras, juros determinados pelo Estado. Desiluda-se, meu caro, se esta malta mandar, você nunca mais poderá discutir os juros com os bancos. A coisa fica planificada. Igualitariamente!
É bom não esquecer que, quando o "Avançar" avançar, as privatizações serão ”travadas” e as empresas já privatizadas serão objecto de “recuperação para a esfera pública”, isto é, nacionalizadas. Pois então! A árvore das patacas vai chegar para tudo? Talvez não. Deve tratar-se, como é natural e lógico, de nacionalizações segundo o sistema do MFA, caso em que serão de borla. É tempo! Tempo velho, mas tempo.
Ah! É verdade, há que “desencadear a renegociação da dívida”. Vá lá, que desta não dizem “não pagamos”, o que é, pelo menos, uma inqualificável cedência burguesa. Há que chamar a atenção da rapaziada para estes lapsos.
E também “avançam” numa receita tipo CDS! Como, evidentemente, não precisam de dinheiro, vai de baixar o IVA, desta vez com o carinhoso nome de “realocação e distribuição das taxas”. Claríssimo,não é?
Ia passando em claro a magna questão das “remunerações exorbitantes”, que serão objecto de “contenção”, e cuja exorbitância será, é de julgar, objecto de determinação colectiva dos juízes do “Avançar”. Presume-se que se refiram a alguma intervenção na esfera privada, já que, na pública, remunerações exorbitantes... não há. Mas, na opinião dos convencidos convencionados, a esfera privada é coisa para acabar, devendo ser esta a explicação para os objectivos formulados.
Garantir a “universalidade no acesso às funções sociais do Estado”. Esta, à primeira vista, parece contraditória. Ricos, remediados e pobres, todos com as mesmas condições de acesso. Mas não é. A verdade é que, se os altos ideais destes paraquedistas vingassem, todos seríamos igualmente pobres, o que conferiria impecável justiça ao tal acesso.
Como diria o poeta, “acabava, quando uma núvem que os ares escurece / sobre nossas cabeças aparece”, ora corporizada por esse alto objectivo, que irmana os circunstantes na sessão com o impagável Rio e o parlapatão Costa: a “regionalização”. Uma bela rosa a colorir o bouquet.
Para já, é tudo. Há os que comem disto. Poucos, mas maus.
2.2.15
António Borges de Carvalho
PS, O IRRITADO desafia os ilustres economistas da nossa praça a quantificar os custos da operação do “É tempo de avançar”, bem como a dar-nos algumas pistas sobre a natureza de qualquer eventual árvore das patacas.
É sabido e incontroverso que o Costa tem andado por aí a meter os pés pelas mãos a propósito de tudo e mais alguma coisa. Quanto ao Syriza, o homem anda de cabeça perdida. Desta feita, descobriu que o PS não tem nada a ver com o PASOK. Nas suas palavras, “o PS não é nem será como o PASOK”. Assim, clarinho para militante perceber.
Convém lembrar o que o PASOK foi para o PS, a estrénua amizade entre Soares e Papandreu pai, as andanças ultra fraternas na Internacional socialista, os parceiros de eleição, como o Craxi, trafulha maçon mais tarde fugido no norte de África para evitar extradição, a profunda comunidade ideológica e política com o Papandreu filho, os rasgados elogios à sua última vitória eleitoral, as loas ao Venizellos. Se havia partidos verdadeiramente irmãos, eram eles o PASOK e o PS.
Agora que o Papandreu filho levou uma tunda de morte nas eleições, meus senhores, há que tirar o cavalinho da chuva. O Syriza é que é bom!
Afinal, que fez de mal o Papandreu para ir à vida? A resposta é simples: fez o mesmo que o PS em Portugal: um Estado social tresloucado, uma sociedade mergulhada em subsídios, reformas e prestações malucas, um programa de obras públicas tão absurdo como insustentável, a criação tresloucada de hábitos de consumo e de endividamento pessoal e institucional, um desprezo profundo pela produção de bens transaccionáveis, uma lógica económica sem saída, uma corrupção generalizada... tudo, tim tim por tim tim, igualzinho à obra política dos senhores Soares, Guterres e Pinto de Sousa, antes e agora figuras de proa e referências máximas do PS.
Costa nega tudo, passa generosa esponja sobre a obra do seu miserável partido. Não, não somos nem seremos como o PASOK, que ideia, que fantasia, quase um insulto pensar o contrário! À boa maneira soviética, Costa, em vez de pedir perdão ou respeitar a verdade, rasga as fotografias de família, dá o dito por não dito, manipula a história. Como o sócio do Benfica que rasga o cartão quando o clube perde.
Porquê? Por duas razões. Primeiro, porque o PASOK caíu, e quem cai não presta: uma demonstração evidente da qualidade moral que enche a alma do Costa. Segundo, porque, sendo gritante que não tem, na manga ou fora dela, qualquer sombra de solução, de caminho, de ideia salvífica a propor, acha que o melhor é pendurar-se em quem ganhou, mesmo sabendo de ciência certa que quem ganhou não vai trazer nada senão mais suor e mais lágrimas, se não trouxer também mais sangue. Costa sabe disto. Mas também sabe que, para além das mirabolantes propostas e promessas do Tripas, pouco ou nada lhe resta para dizer ou prometer.
O Syriza ganhou. Tem com ele cerca de 20% dos gregos, destes sendo a maior parte meros protestantes.O PS tem hipóteses de ganhar cá no sítio. Por isso que a mais patrótica, socialmente aceitável, talvez positiva e, sobretudo, moralmente decente das atitudes será fazer o possível para que tal desgraça nos não caia em cima.