O SOCIALISMO É A FILOSOFIA DO FRACASSO, A CRENÇA NA IGNORÂNCIA, A PREGAÇÃO DA INVEJA. SEU DEFEITO INERENTE É A DISTRIBUIÇÃO IGUALITÁRIA DA MISÉRIA.
Winston Churchill
O SOCIALISMO É A FILOSOFIA DO FRACASSO, A CRENÇA NA IGNORÂNCIA, A PREGAÇÃO DA INVEJA. SEU DEFEITO INERENTE É A DISTRIBUIÇÃO IGUALITÁRIA DA MISÉRIA.
Winston Churchill
Em mais uma das suas habituais diatribes, a dona Manuela insurgiu-se contra a dona Maria Luís. Nada que não seja calisto, habitual, e que não demonstre à saciedade o que a dor de corno pode fazer às pessoas. Desta vez, a senhora excedeu-se. Fez alarde de uma coerência digna do Sancho Pança. Diz a frustrada comentadora que a ministra só fala de intenções, não passa disso, intenções que ultrapassam a vigência deste governo e que, portanto, não têm consistência, já que a sua execução lhe não cabe. Por outro lado, o rancor impõe o contrário: dona Manuela acha que o governo devia comunicar “uma ideia para o país”, válida para os próximos trinta anos! Ou seja, um governo que a criatura considera ilegítimo para planear até 2019, deveria fazê-lo até 2035! Acrescente-se que os PECs são exigência de Bruxelas e têm que contemplar vários anos. Dona Manuela sabe disso mas, que importa, o essencial é dar à casca ou, se quiserem, à dor de corno. Uma tristeza.
Nesta história dos media pouco há que possa espantar o indígena. Devo confessar que me julgava preparado para tudo. Eis senão quando, o chamado serviço público de televisão, via canal 2, me dá uma espantosa bofetada.
Num programa “cultural”, dirigido por uma intelectual desconhecida, cheia de sorrisos e ademanes, a nossa inteligência é enriquecida, ou embrutecida, pela presença de duas personalidades, essas nossas conhecidas: nada mais nada menos que dona Maria Antónia Pala e o já famoso, mas ainda não tanto como é “preciso”, senhor Nóvoa. E esta, hem?
A idosa senhora foi dizendo umas coisas mais ou menos inócuas, umas recordações, um bocadinho a lembrar a dona Maria de Jesus mas sem surpresa nem história de especial. Estava ali, evidentemente, prestar um serviço ao seu filho (António Costa), o que, como mãe, se compreende. Que serviço? O de colaborar na promoção do Nóvoa, evidentemente.
Não por acaso, o tema da conversa era a “liberdade”. A liberdade, como é evidente, na sua qualidade de assunto “cultural”. Nada de política: uma jornalista com currículo e um académico “independente”.
Este tratou de explicar aos indígenas o que é a “liberdade”. A sua paixão. Uma coisa de que a “austeridade dá cabo”. A austeridade não é mais que uma “estratégia” para a destruir. Estão a ver? Temos medo, não somos livres. Nóvoa, coitadinho, vive “controlado pelo medo”. A liberdade é uma coisa que se impõe dentro de nós quando chegamos a um momento da nossa vida em que sentimos que temos que a construir com os outros e para os outros uma coisa “colectiva” que exige que nos expunhamos, para bem da liberdade dos demais, um momento em que nos “inscrevemos no colectivo”, em que temos que defender “uma causa maior”. Um serviço. Estão a ver?
Fiquemos por aqui. Para quê sublinhar mais o carácter interesseiro destes nobres e novo(a)s conceitos?
Importante é ver como a campanha se desenvolve por todos os lados, até com estes pouco subliminares “comícios “. O Costa, que não apoia o Nóvoa – ai não que não apoia! - e poucas vezes o viu – ai não que não viu - ou lhe falou –ai não que não falou -, encarrega a mãezinha de servir de “pivô” às suas aberrantes teorias e ambições políticas.
A RTP, “serviço” público, dá guarida “cultural” a esta propaganda. Vejam, ou serão cegos mentais, como a RTP usa a liberdade que este governo teve a originalidade de lhe dar.
Nesta história da corrupção há mais vozes que nozes,isto é, se às vozes correspondessem nozes que se vissem, era preciso um campo de concentração para meter essa floresta de corruptos que sugam a Nação, roubam o Estado, trafulham impunemente por toda a parte.
Dois exemplos paradigmáticos de vozes: um senhor Morais e uma senhora Morgado, ambos possuídos das mais profundas convicções sobre a matéria.
O primeiro chega ao ponto de querer ser Presidente, para poder dar largas ao seu ínclito combate. Muto bem. Força, ó maravilha fatal da nossa idade! O homem já acusou este mundo e o outro das mais inacreditáveis porcarias. Até é capaz de ter razão. O pior é que tem uma dificuldade terrível em fazer-se acreditar. As investigações, as denúncias, os artigos, as entrevistas, os livros, a cobertura “mediática” das suas actividades, tudo tem, até agora, resultado num rotundo zero. Porquê? Porque o homem não passa de um torquemadazito do quinto esquerdo, ou porque o “sistema” sabe defender-se das suas maquiavélicas teorias? Não sei. Facto é que este cidadão devia pensar em oferecer os seus préstimos à Judiciária, onde talvez fosse útil com a sua tão eficiente vocação policial, em vez de andar a desbocar-se por todos os lados e a não levantar mais que poeira político-inquisitorial. De nozes, népia.
A segunda desdobra-se em furibundas declarações de teor afim das do primeiro, com os mesmos resultados práticos. Com uma agravante, que é a de se tratar de uma magistrada do MP, com a faca e o queijo na mão para concretizar as acusações. Nem pensar. Na sua opinião, o MP não tem meios, os procuradores têm medo(!!!), até porque ganham pouco e os malandros muito(!!!). Das tão altas acusações que a senhora vai produzindo, e que não passam, como é evidente, de coisas genéricas e opinativas, nada se conhece que a senhora tenha feito de concreto, ou visível. Mais uma vez, nozes nem vê-las.
Pergunto: dado o exposto, não era melhor que se calassem? Fica a pergunta.
Ou então que concretizassem, se queixassem, produzissem alguma coisa com consequências outras que não a de excitar a opinião pública, a quem nada de concreto oferecem para além de uma proposta de ódio a tudo o que mexe nesta santa terrinha.
O IRRITADO recomenda vivamente a leitura de um livrinho que, provocatoriamente, se chama Eloge de la Corruption, onde a autora se pergunta até que ponto este tipo de moralistas encartados não serão, eles mesmo, mais indutores de corrupção do que a núvem dos genericamente atingidos pelas suas perseguições. Fica a sugestão.
Aqui há uns anos, este vosso criado andou a trabalhar pelo Cáucaso. Na Arménia, falei com imensa gente, até com o Papa lá do sítio, conhecido por Catholicos. Alguém me disse que me ficaria bem ir ver o monumento e o museu do genocídio. Lá fui, com ramo de flores e tudo, prestar homenagem às vítimas.
Como conheço relativamente bem a Turquia, por lá tendo feito amizades e ouvido opiniões, aquela história do genocídio dos arménios sempre me tinha parecido um tanto ou quanto treta, talvez motivada pela velha ocupação pela Turquia de boa parte do terrítório arménio.
Devo confessar que os testemunhos que vi, escritos e fotografados, a morte programada e executada, me fizeram mudar de opinião. São provas de coisas que, com aquelas características, pensávamos só ter sido possíveis sob o Hitler e o Estaline.
Hoje, penso que a Turquia, como a Alemanha, devia reconhecer a verdade histórica e tratá-la como tal sem mais complexos. Que diabo, vão cem anos!
Também penso que os pedidos de desculpa, tipo Mário Soares por causa do Dom Manuel I, não têm razão de ser.
Mas o que aconteceu, aconteceu. Não vale a pena disfarçar. A Turquia não precisa pedir desculpa, só tem que rever o seu olhar sobre a História. Mais valia que percebesse isto, em vez de andar para aí toda irritada com as declarações - politicamente imprudentes - do Papa Francisco sobre o assunto.
Afinal é tudo mentira. O Nóvoa nunca foi ao congresso do PS, não apareceu pendurado nas mais variadas iniciativas do partido, não foi à posse do Medina (que tinha ele a ver com tal coisa?). Não, nunca. O Costa nunca foi visto aos abraços ao Nóvoa, nunca o convidou para nada, não foi o principal fabricante – com o Soares e o Lourenço – da criatura, não lhe deu imprensa, tempo de antena, entrevistas, citações, não colaborou activamente no lançamento público do ilustre desconhecido, não pôs os servis media a publicar tudo o que o Nóvoa disse, fez, opinou. Não, nunca.
E sabem porque é tudo mentira? É simples: se fosse verdade, quereria dizer que o Nóvoa era o candidato à presidência escolhido pelo Costa. E isso é uma atoarda, já esclarecida pelos dois. Agora sabemos que nunca, jamais, em tempo algum, os dois falaram sobre o assunto. Só faltou que nos informassem, para completar a denúncia dos mentirosos, que nem sequer se conhecem e que só se viram, aqui e ali, por mero acaso.
Assim reposta a verdade dos factos, o IRRITADO, contente por esclarecer a opinião pública, retira-se em boa ordem.
Um jornal diário, num dos habituais suplementos de publicidade, vem tecer as mais rasgadas loas à indústria de energia eólica: é amiga do ambiente, a fonte é gratuita, dá emprego a uma data de gente, etc., uma política nacional (do 44, seguido pela do ministro do ambiente que temos) de energia cheia de virtualidades, o país à frente de tantos nesta matéria, um nunca acabar de benesses que devemos agradecer à “visão estratégica” da UE, gentilmente por cá adoptada.
Falta referir algumas qualidades do processo: a energia mais cara, ou quase, da Europa, uma agressão inominável à paisagem, um défice tarifário que ninguém entende, o trabalho insano e caríssimo de centrais térmicas de substitução, uma insuportável dívida pública a prolongar-se ad aeternum, e uma data de gente rica por mor da “saúde do planeta” e dos subsídos públicos.
Aqui temos um exemplo de um alegado bem que muito por mal vem.
A propaganda, bem oleada, do Nóvoa, chegou ao ponto de haver um tipo, na TV, que o compara ao Papa Francisco! O que vai haver por aí não se sabe, mas lá que promete, promete.
A mais engraçada talvez seja a loa da independência. Um homem sem partido, que nunca se meteu na política (?), um académico de qualidade, cheio de teses e feitos magníficos de que nunca ninguém ouviu falar mas não interessa (a culpa é do ninguém), um orador de excelência que, com mais um jeitinho, apesar de nunca ter dito nada que se veja para além de esquerdófilo-patriotiqueiras inanidades, passará a reincarnação do Padre António Vieira, o ideal para ser suporte fiel de governos de esquerda e feroz inimigo dos outros, homem de ambição modesta(!), enfim, o máximo.
A título de parêntessis, sublinhe-se que voltou à baila a discussão sobre os poderes do PR, coisa que ninguém sabe o que é já que todos os PRs andaram dez anos à interpretá-la, não se coibindo, porém, de abusar à fartazana. Casos de Eanes – que se serviu da presidência para produzir governos tontos e, depois, para criar um partido palhaço; de Soares - que fez dela permanente arma de arremesso contra o governo; de Sampaio – que chegou ao ponto de, via evidente golpe de Estado, correr com um governo maioritário que o próprio tinha empossado. Tudo gente do melhor, muito útil à Nação, como a história da III República demonstra à saciedade.
Se alguém, um dia, resumiu numa frase os tais poderes foi Jaime Gama, que cito de indelével memória: os poderes do PR são os que estão, rigorosamente limitados e delimitados, na Constituição revista em 82, e mais nada. Jamais algum dos visados percebeu, ou quis perceber, o que Gama disse, expressando claramente o espírito do legislador. Fabricaram o “poder moderador”, como se fossem Reis da Carta Constitucional; armaram-se em críticos expressos e em governantes subliminares. Inventaram a extraordinária tese do “presidente de todos os portugueses”, como se tal coisa não fosse absurda e inconstitucional. Nunca se limitaram a ser representantes do Estado, ou da República, de que tanto gostam. É a “moral republicana” numa das suas mais “profundas” manifestações. Foram sempre inúteis, contraproducentes, empecilhos, politiqueiros e invejosos dos poderes governativos que o povo a outrem conferiu.
A imaginação política vigente regula-se por este “princípio”: se o PR for de esquerda e o governo de direita, tem aquele a obrigação estrita de se opor a este; se forem ambos de esquerda, o primeiro deve, com toda a legitimidade, apoiar o governo por todos os meios ao seu alcance; se o PR e o governo provierem ambos da direita, então o primeiro, se apoiar o este, estará a trair a Pátria.
A “independência” do Nóvoa é vista à luz deste nobre princípio, isto é, uma vez eleito será a favor do governo, se este for do PS e quejandos; far-lhe-á a vida negra, se não for.
A “independência” do fulano tem sido demonstrada à saciedade em várias ocasiões. Por exemplo: veio a público (raio de escolha) pela primeira vez, num 10 de Junho, aproveitando para, além das habituais fantasias literárias, produzir cobras e lagartos contra o governo. Depois, foi estrela convidada do congresso do PS, onde arrancou, via inocuidades várias, lágrimas de comoção à jacobinada. Mais tarde, foi manifestar a sua mais profunda solidariedada ao Soares e à cambada de múmias que, a seu convite, quase encheram a aula magna. E arrancou “independentes” aplausos às entusiásticas massas congregadas na Gulbenkian por esse maioral da patacoada castrense que se chama Vasco Lourenço.
É esta a “independência” do Nóvoa. E é por causa desta “independência” que o Costa, não o dizendo, para já, com a exigível honestidade, o quer pôr em Belém.
Será que a malta vai perceber esta história, ou será que vamos mesmo ser entregues à bicharada?
No PS, uma nova tendência, de alto nível e profissional eficácia se vem destacando: a TC, Tendência Carroceira.
Lançada pelo inestimável – ne sentido de não merecedor de estima – Costa, alvoreceu com a distinta reacção do dito à candidatura de Henrique Neto, e foi, de imediato, integrada pela luminária do socialismo nacional que se chama Lelo e por essoutro opinador encartado, Santos Silva (amigo fiel do Pinto de Sousa, ainda que não conste que, como o outro, lhe empresta uns tostões) que usa a TVI para carroceirar à vontade.
Entre várias manifestações da TC, destaca-se agora a resposta que a organização deu a uma carta em que a ministra das finanças, em nome do governo, pedia opiniões sobre vários assuntos. A TC, mandatária do PS, respondeu dando largas à sua filosofia de base, o carroceirismo político-ideológico, isto é, mandou uma cópia do conjunto de inanidades que o Costa usou para apresentar a sua “candidatura a primeiro-ministro”. E, num rasgo de génio, acrescentou que o PS “não é uma direcção-geral ao serviço do governo”, nem aceita que este o “encarregue” de fazer propostas.
Compete-me realçar mais esta demonstração do espírito verdadeiramente democrático e patriótico que sempre foi apanágio dos carroceiros e que, felizmente, se mostra agora aos nossos olhos com redobrado vigor.
O preclaro chefe de uma das 489 florescentes agremiações da esquerda radical, senhor Rui Tavares (o que pôs os paus ao Louçã), merece a nossa mais profunda gratidão.
Atenção, quando digo “nossa”, é em sentido lato: a gratidão de toda a Europa, e mesmo do mundo inteiro.
É que, após aturada reflexão, o homem chegou à conclusão que segue: O ponto da situação, então, é que o desastre ainda não acabou. Mas, se derem espaço à democracia grega, e aproveitarem o balanço para criar uma democracia europeia que funcione, aí poderemos mesmo ultrapassar esta crise(“Publico”, 8.4.15).
Ora aí está o que todos, há anos, andávamos à espera: uma solução. O nosso grande Tavares terá abandonado a teoria da árvore das patacas, comum à nossa esquerda, tanto à “moderada” como à radical, à caviar, à bolchevista e até ao importantíssimo MRPP . Muito mais simples do que plantar árvores das patacas por essa Europa fora: bastará “dar espaço à democracia grega” e, seguindo o seu brilhantíssimo exemplo, “criar uma democracia europeia” para poder “ultrapassar a crise”. Simples, barato e inteligente. Até é de estranhar que o Mário Soares ainda se não tenha lembrado desta.
Portanto, meus amigos, vamos a isto. O Tripas, maravilha fatal da nossa idade, e o Fakis, a quem nem a morte matará, verdadeiros aggiornamenti do génio clássico e actuais donos da democracia grega, tratarão de tudo. Bastará dar-lhes “espaço”. E pronto. A partir daí, a Europa remir-se-á dos seus erros, nectar e ambrosia correrão por montes e vales.
Parece que o Tripas, sempre solidário com o amigo Putin, vai voltar a Moscovo a fim de reiterar a sua oposição às sanções e a reforçar a profunda amizade que tem pelo regime russo.
Entretanto, não de motocicleta mas de invejável limusina Cadillac, o Fakis vai a Washington fazer charme à patroa do FMI, instituição ontem odiada mas, a avaliar pelo sorriso derretido da dita senhora, ora digna dos helénicos amores.
Os tipos não são parvos. Já perceberam que a “Europa” tem medo de ver a Grécia cair na zona de influência da Rússia e do seu pouco escrupuloso presidente. A realpolitik recomenda que um boa chantagem a assuste ainda mais.
O pior, parece-me, é que a comédia grega pode vir a ter um final feliz, isto é, por um lado sacam a massa, por outro vão ser uma toupeira do Putin em Bruxelas. Dois em um.
Quando, com as bielas bem oleadas pelo presidente Sampaio, o actual 44 foi eleito com maioria absoluta, subiu à pasta das finanças um senhor, salvo erro Campos da Cunha de seu nome. Semanas passadas, para espanto do rebanho, demitiu-se. As razões do acontecido nunca foram devidamente esmiuçadas. O novo PM estava no auge da fama, pouco interessando esgravatar no assunto.
Facto é que o demissionário percebeu no que estava metido e com quem estava metido. Preferiu dar à sola a ver-se na contingência de ter que obedecer ao saloio malandreco que a Nação, com tanto entusiasmo, tinha posto no poleiro.
Sucedeu-lhe outro senhor, que por lá ficou até à inevitável bancarrota do Estado, isto é, que levou uns seis anos para perceber o que o outro tinha percebido em seis semanas. Coonestou toda a monumental insensatez que foi o consulado do Pinto de Sousa, a criação de colossais compromissos financeiros, os aumentos eleitorais da função pública, etc., para dizer o menos. Dada a competência técnica que lhe é reconhecida, não há dúvida sobre a boa, ou má, consciência que teve da “obra” em que estava metido e nos metia.
O tempo passou. O homem, fiel ao patrão, enrolou-se em problemas, fez PECs e mais PECs, até já não poder mais. Acabou por assumir o inevitável resultado de seis anos de desvario, megalomania e provinciano novo-riquismo. Apertado pelas circunstâncias, cabeça no cepo, apelou à troica. O parceiro e chefe zangou-se, diz-se que até deixaram de se falar. Mas era tarde. Já zangados, apareceram na televisão: o Pinto de Sousa, no paroxismo da aldrabice, a dizer que a troica era uma maravilha, que ninguém ia ser prejudicado, que tudo estava nos conformes e no interesse do povo, que o PEC4 era bom mas a troica era melhor. O Teixeira dos Santos, com cara de enterro, dizia o contrário sem precisar de falar.
Quatro anos são passados. Teixeira dos Santos remeteu-se a uma existência discreta, até que... bom, parece que vai voltar à montra, a fazer não sei o quê. Vai daí, talvez por achar que quatro anos chegam para apagar muitas memórias, o que está certo, e ei-lo a perorar na TV, que tinha toda a razão, que aquilo foi uma chatice, etc..
Não sou contra a reabilitação de cada um. Mas às vezes não consigo resistir à tentação de pensar que, se a lata fosse ouro não tínhamos problema nenhum.
As eleições para PR (Pobre Ridículo) estão a animar. Mas a animação vai tendo notícias aterradoras.
Por exemplo:
A dona Roseta, coitadinha, declara-se interssada na subida ao palco, mas não tem dinheiro. Fiquei de rastos com esta. Ficamos privados de tão ridente possibilidade, a de poder votar nela e ter a perspectiva de a ver, de boina e rosa ao peito, a passar revista às tropas. Que pena!
O senhor Nóvoa, esquerdista “independente”, frequentador de congressos do PS, de reuniões soaristo-radicais e de banhas da cobra castrenses, pregador de frases feitas, esteio da nacional-parlapatice, foi violenta e virulentamenmte atacado por uma alta figura do PS, um tal Pinto, distribuidor de camisas de Vénus na Costa da Caparica e pai da Pátria por nomeação socrélfia. Uma vez que se trata de destacado membro do sanctus sanctorum do largo do Rato, é de assumir que, ao dizer o que disse, estivesse a mandar um recadinho do big chief Costa. Mais uma má notícia. Ficamos privados, também, de ver o magno académico a presidir às paradas da Guarda Republicana.
Pobres de nós!
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DO FULGOR DA INTELIGÊNCIA
O camarada Ferro, passados dias de profunda reflexão, chegou à conclusão que “ninguém almoça nem janta sondagens”. O brilhantismo desta afirmação, a ombrear com aquela do camarada Sampaio quando disse que “há vida para além do défice”, enche-nos de lapaliciana admiração. Sem, por uma questão de respeito, esquecer o amigo banana e o João da Ega, convenhamos que ainda bem que a política portuguesa pode contar com homens capazes de tanto fulgor intelectual.
*
PONTOS E PRÉ PONTOS
Um rapaz do CDS veio, por detrás de escuras barbas, anunciar mais um importante desenvolvimento com que projecta brindar os portugueses, bem como pô-los a par com as políticas de “mobilidade” de outros países europeus. Consiste a ideia em oferecer aos motoristas doze pontos na respectiva carta de condução, os quais serão perdidos à medida das prevaricações de cada um em relação ao código da estrada. Muito bem!
O mais interessante é que os pontos são tirados antes de ser dados. Explico: diz o rapaz que, antes de nos pontuar, vai ao nosso passado e, à partida, come os pontos a que tivermos “direito”, isto é, para a maioria de todos nós, não haverá doze pontos, mas só os que o rapaz das barbas resolver ter a subida bondadade de nos facultar. Julgava o IRRITADO que havia um princípio expresso na Constituição que postula a não retoactividade da lei penal. Se calhar achava mal: o rapaz acha que a retirada dos pontos, e da própria carta, é uma coisa administrativa, sem incidência penal.
Sobre “princípios”, compulsada a jurisprudência do Tribunal Constitucional, já nada se entende de útil. E algo me diz que, em matéria de cartas de condução, o TC, ou não se pronuncia, ou vai achar que isso da não retroactividade foi chão que deu uvas.
Mais um para atrapalhar o Costa, ou para lhe prestar um servicinho? O futuro dirá.
Dos privilegiados palcos da aula magna do Soares e da trupe do Vasco Lourenço, organizações onde se graduou em socialismo frentista, surge, cheio de canudos, cátedras e honrarias, o subitamente indispensável senhor Nóvoa.
Muito bem. O homem que “está disposto a tudo” (a maralha aplaudiu, frenética, esta douta declaração de “princípios”), o homem que “dá a vida pela liberdade” (a maralha entrou em transe com esta, sem perceber que o homem é livre de dizer o que lhe vier à cabeça e, portanto, não corre o risco de morrer por coisíssima nenhuma) vem coroar as suas investidas com uma candidatura a Presidente da República.
Um dos seus apaniguados apressou-se a descansar as almas declarando que a criatura “está disponível, mas não está disposta a sacrificar o perfil de independente com que sempre se orientou”. Notável. O senhor em causa serve de estrela ao Soares % Cª, faz as delícias de tudo o que é esquerda radical, põe-se ao serviço dos lourenços, pezarás e outros que tais, e acha-se independente? Será independente porque, com a bonita reforma que terá, pode pagar ao merceeiro e às finanças. Politicamente, é tão independente como o bicho-da-seda o é do casulo. Que ele e os seus adeptos, irmãos, confrades, camaradas e demais aderentes o considerem como tal, vá, é o que lhes convém. Mas, por favor, não nos tratem como pacóvios, ou parvos, ou atrasados mentais. Independente uma figa!
Não sei qual é a especialidade de tão alta figura. Mas, segundo os entendidos, é perito em frases grandiloquentes, em citações de poetas e em gongorismos. Qualidades que, de um modo geral, caracterizam os demagogos.
Até à data, tínhamos um só aspirante ao inútil cargo: Henrique Neto. Este, que não é universitário, nem se diz independente, que muito fez na vida, que tem algumas ideias razoáveis e sérias na cabeça, muito para além de ideologias e demagogias, foi prontamente posto à margem pelo PS, e da forma mais primitiva e carroceira que imaginar se possa. Nóvoa, sem que ninguém se comprometa, recebe as loas do Soares e de inúmeros camaradas de mesma trupe.
Não se sabe, ou sabe-se bem de mais, que o Neto (e qualquer outro) estará redondamente enganado se achar que, a partir de Belém, pode levar à prática seja que ideia for. Mas, pelo menos, tem alguma coisa para dizer, sem patacoadas esquerdóides, citações de poetas e frases parlapatórias.
Tinha dito, aqui há dias que, da área do PS e arredores, havia já nove aspirantes. Que se comam uns aos outros. Agora, há dez, dois deles declarados: um, claramente fora do baralho. Ainda bem. Outro do baralho e da baralhada castrense, caviar e radical. Ainda mal.
Hoje apetecia-me chamar a este blog algo diferente. IRRITADO é pouco. Talvez ESTUPEFACTO, INDIGNADO, RAIVOSO, COM-VONTADE-DE-DESATAR-AOS-TIROS, ou coisa do estilo. Era pouco, mas faltam-me os adjectivos. Imagine-se porquê: um comentador resolveu ir ler um papel onde uns tipos provam à saciedade que o desemprego em Portugal não é de 13, nem 14 por cento, mas sim de… 29!
Os tipos em causa são o intragável Boaventura Sousa Santos e o bolchevista Carvalho da Silva, altíssimos dirigentes de um organismo (mais um!) pomposamente intitulado “Observatório Sobre Crises e Alternativas da Universidade de Coimbra”. Estes dois assalariados do Orçamento do Estado produziram um relatório no qual provam por a+b (na cabeça deles) a veracidade dos tais 29 por cento. Assim, começam por, em título, sublinhar esta pergunta: Estará Portugal a, maquilhar os seus dados do desemprego?, desde logo se percebendo a resposta.
Pegam nos números do INE ou coisa parecida. Vai daí, acrescentam-lhes os “desempregados ocupados”, os “inactivos desencorajados”, os “activos migrantes”, e o emprego a tempo parcial, a que chamam “subemprego”. Não se sabe onde foram buscar estas categorias ou se, simplesmente, as inventaram bem como aos respectivos números. O que se sabe é que somaram tudo, e chegaram aos tais 29%. É de louvar a honestidade intelectual desta gente. É que, se não fossem tão “independentes”, juntavam à coisa os reformados e as criancinhas e passariam, à vontade, dos 50%. Se se acrescentassem a si próprios, por exemplo na categoria de “trabalhadores inúteis, fingidos e contraproducentes”, ainda chegariam a maior percentagem.
Para além do nojo que esta gente causa, acrescentemos que há uma Universidade que lhes dá cobertura, os sustenta (deve ser para isso que anda sempre aos gritos por mais dinheiro) e, pior, suja o seu histórico prestígio com “observatórios” como este.
Ninguém terá ilusões sobre a qualidade moral e intelectual de fulanos como o Boaventura e o Silva. Mas, que diabo, dar-lhes o direito de, em nome da UC, produzirem esterco deste calibre, vai, ou devia ir, alguma distância.
Com a devida vénia a João Miguel Tavares, que motivou estas linhas.
No solene momento em que Costa se retira da CML, há que prestar-lhe a devida homenagem, sobretudo no plano musical. É que, à semelhança de Luísa Todi, no canto, ou de Viana da Motta, no piano, o nosso homem merece todas as distinções no que ao assobio aéreo diz respeito. Este ramo das artes musicais foi reabilitado com mestria pelo “candidato” a Primeiro-Ministro. Ao longo do tempo, tem prestado altos serviços à cultura pátria através de inúmeros trinados assobiativos virados para as alturas.
Eis alguns exemplos:
- Quando se fala nas centenas de milhões que pôs a Câmara a dever ao Névoa, o assobio é em dó menor;
- Quando os joelhos das criancinhas se rasgam no famoso piso do Terreiro do Paço, a melodia é de um stacato digno do melhor barroco;
- Quando alguém lembra o estado do Parque Mayer e de Entrecampos, os ornitológicos dotes do homem, ares fora, trinam com encanto;
- Quando se trata do 44, aí, é um nunca acabar de trinados quase sinfónicos, o virtuosismo atinge as raias do génio, desta feita pianissimo, à cause des mouches;
- Falando-se do desastre da Ilha da Madeira, céus!, estremecem as núvens com a canora flauta dos grossos lábios.
Registe-se, com inteira justiça, o contributo musical deste poderoso ex-autarca, e imagine-se o que sucederá lá pelas europas, quando (t’arrenego!) ele desatar aos assobios.
Não sei se alguém percebe esta história das taxas dos turistas. A coisa parecia simples: quem aterrasse em Lisboa pagava um euro à câmara. Tinha a sua lógica. O Costa precisava de dinheiro e, em vez de continuar à porrada aos munícipes, cravava um eurito a quem cá chegasse de avião ou paquete. Fácil, barato, não faria mal a ninguém. Quando a malta pagasse os bilhetes, juntava o tal euro às outras taxas, essas violentas, que são neles incluídas. Aliás, um pouco por todo o mundo, há taxas municipais que se cobram aos turistas em tudo e mais alguma coisa.
Simples, não é? Era, ou podia ser. Mas de simples passou a uma confusão dos diabos. Para já, os invejosos do Porto e de Faro, em vez de fazer o mesmo, desataram aos gritos. Depois, alçapremou-se o ingente problema da cobrança. Como cobrar? A discussão prosseguiu, acalorada e confusa. Até que, vá lá saber-se porquê, os gauleses da ANA resolveram pagar a taxa: mais uns milhões menos uns milhões, parece que a generosidade é muita, havendo que pensar o que pode estar por trás dela. Mais uma vez, os tipos do Porto e de Faro entraram em polvorosa. Também queremos, também queremos!
É como a história peregrina da lista VIP. À boa maneira portuguesa, complicar é preciso. Quanto mais se complicar, mais os complicadores triunfam. Ora bolas!