O SOCIALISMO É A FILOSOFIA DO FRACASSO, A CRENÇA NA IGNORÂNCIA, A PREGAÇÃO DA INVEJA. SEU DEFEITO INERENTE É A DISTRIBUIÇÃO IGUALITÁRIA DA MISÉRIA.
Winston Churchill
O SOCIALISMO É A FILOSOFIA DO FRACASSO, A CRENÇA NA IGNORÂNCIA, A PREGAÇÃO DA INVEJA. SEU DEFEITO INERENTE É A DISTRIBUIÇÃO IGUALITÁRIA DA MISÉRIA.
Winston Churchill
Quem, vindo de outro planeta, ouvir o Falhoufakis e o Tripas, concluirá que há umas dezenas de bandidos que os perseguem e que estão apostados em acabar com o euro e com a UE. Nada do que se passa tem a ver com eles, inocentinhos que são, só com a maldade dos outros. Nem um nem outro fala dos problemas que criaram e continuam a criar: só nas consequências que haverá para os demais caso não comam a refeição estragada que lhes querem dar. Ou seja, todos os países da União (não é só a dona Ângela, não é só o senhor Renzi, TODOS) , mais a Comissão, o Conselho, o FMI, o BCE, não há um que queira enfiar o barrete grego. Orgulhosamente, isto é sacanamente, o Falhoufakis e o Tripas, à falta de melhor, intensificam a chantagem. Ele foi a “aproximação” à Rússia, o apoio aos separatistas da Ucrânia, a aceitação sem crítica da anexação da Crimeia, as ameaças, veladas e expressas e, agora, o fim do euro, o fim da UE, isto é, o redobrar da chantagem com a história do grexit. Ou dobram a espinha ou partimos a loiça. Ou pagam ou lixam-se, são os "argumentos" dos macacões. Inspirados na sua própria demagogia, fingem que ainda não perceberam que a soberania já não é o que era, que assinaram os tratados, que se meteram em grandezas, em trafulhices, em manigâncias contabilísticas, que falharam redondamente os planos do primeiro resgate por incumprimento e fuga em frente, que enganaram os gregos com promessas ideológicas sem sentido nem viabilidade, que devem o que devem e não querem pagar.
Perceberam tudo. Em desespero culposo ou jactância balofa, resta-lhes intensificar a chantagem. E é com gente desta que um continente inteiro anda a “negociar”!
Nota: a “argumentação” grega é hoje repetida no DN pelo ilustríssimo patriota e entusiástico europeiista Mário Soares. Lógico, ainda que não patriótico nem europeiista.
Uma senhora muito compostinha veio à televisão alardear a sua indignação contra a ministra da Justiça que, disse ela, aldrabou o povo com inacreditáveis informações sobre as reivindicações salariais dos juízes. Depois, a senhora compostinha confessou que tais reivindicações estavam num documento destinado a ser discutido. Ficamos esclarecidos. Pelos vistos, o tal documento, com reivindicações milionárias, foi entregue à ministra. Juízes, afinal, são igualzinhos aos tipos das empresas públicas, da CGTP e quejandos que, quando preparam uma negociação, fazem um documento ondem metem as mais loucas reivindicações. Pelo que quem está a enganar o povo não é a ministra, é a senhora compostinha. A mesma pessoa reafirmou que os juízes, em alta solidariedade com os problemas da Nação, querem ganhar muito mais porque... os magistrados são independentes! Aqui está o que se chama “interpretação extensiva”, ou aldrabófona, de um estauto constitucional. É que, meus senhores, os juízes são dados como independentes (e irresponsáveis) no acto de julgar, não no direito a comer umas lagostas, ainda que este direito ninguém negue. Fora da sala de audiências, integram a sociedade em geral, e pronto. É bom que os juízes sejam bem pagos. Eles e todos nós. É mau que se ponham ao nível dos maquinistas da CP.
Segundo o Costa de ontem (amanhã é capaz de dizer o contrário), o PS quer mais unidades de saúde familiares. A coligação tem falado no mesmo, ou parecido. A diferença é que tais unidades, para estes, têm custos. Para o Costa, não: são de borla. Aqui está o que se chama descobrir a pólvora sem fumo. Estes socialistas são uns einsteinezinhos da penica, não são?
Em tempos que já lá vão, a Causa Monárquica, muito alinhada com o Estado Novo, era, para monárquicos da oposição, “a única causa sem efeito”.
É o que acontece com a “causa das causas”, novo dito do impagável Costa acerca do emprego – ou do desemprego (escolha o que quiser). A causa, causada por outra causa, causando-a, é causa de si própria, continua causa, não passa daí, fica sem efeito.
Deixemo-nos de crueldades. Sejamos caridosos. Como fará o Costa para causar a causa, assumindo que o que quer é criar empregos? É simples. Aumenta milimetricamente os rendimentos da maralha. No seu alto pensamento, isto vai aumentar o consumo de forma astronómica. Aumentando o consumo aumenta o emprego, não é? Acusado de não especificar com números, o Costa (ou Oco II, na opinião do IRRITADO), especifica: ao Domingo, prevê cinquenta mil novos postos de trabalho, à Segunda dez mil, à Quarta de manhã vinte, oitenta ao almoço e sessenta ao jantar. Com um jeitinho, chegará aos cento e cinquenta mil do seu guru e mestre Pinto de Sousa – este, encarcerado, coitadinho, à ordem da direita reaccionária que domina a Justiça.
É claro que isto pressupõe que os euros que quer (provisoriamente!) pôr no bolso das pessoas, serão gastos exclusivamente em produtos nacionais, jamais em bicicletas eléctricas, IPads, ou foie gras. Pressupõe ainda que não haverá uns canalhas que resolvam amealhar, já que sabem que, daí a quatro anos, terão que pagar o que receberam a mais, eventualmente com juros. Se não pagarem, adeus à reforma, ou a reforma aos oitenta, que o Costa é de confiança e já o sugeriu.
Temos de concordar que há uma certa originalidade nestas promessas. Se eu disser, “dou-te um Mercedes novo; ficas com ele durante 4 anos e, passado o prazo, devolves-me o carrinho, não o que eu te dei, mas um do mesmo valor”. Das duas, uma: ou não te dei Mercedes nenhum, ou meti-te os dedos pelos olhos dentro: não tenho culpa que sejas parvo, o problema é teu, venha mas é de lá o meu Mercedes!
A ideia do Costa é, pelo menos, original. Não sei se algum político, do Putin ao Obiang, se terá lembrado de uma destas. Lembrou-se o Costa. Arranja-nos uma “folga” por quatro anos, depois cai-nos em cima. Verdade confessada. E ainda há quem diga que o homem não é sério.
A Segurança Social com o Oco II não terá problemas: se tem falta de dinheiro, o remédio é sacar de lá mais algum. Estão a ver? Voltando a recorrer à caridade, diga-se que o indígena não quer sacar, quer que se lá ponha menos. O povo, grato, passará a trabalhar mais em menos horas, a produtividade atingirá inusitados píncaros, e o Sol brilhará para todos nós. Vai faltar ainda mais dinheiro na Segurança Social? Não importa, ora essa, vai-se buscar ao orçamento. Os vedores do orçamento, cientistas de alto valor ao serviço do PS, terão descoberto que o orçamento é um poço sem fundo, cheiinho de dinheiro. Admiram-se? Engano. Então o Cabral não descobriu o Brasil? Homens de pouca fé e velhos do Restelo são o que faz menos falta.
No enterro, o Costa tocará a viola do costume. E pronto.
Com a devida pompa e larga cópia de notícias e aplausos, deu entrada no Coliseu o palhaço-mor da política portuguesa: o inimitável frustrado, invejoso, desavergonhado e ignóbil António Capucho. Muito zangado por não ter sido convidado por Passos Coelho (há mais disso por aí…) para coisa nenhuma, e por o terem apeado da sua merecidíssima alta posição no Conselho de Estado, este indivíduo anda, como um tonto, a dar à casca. Hoje, coroou o casquismo apresentando os seus respeitos ao conclave do Costa.
Entre parêntesis, preste-se homenagem a cerca de 25% dos apaniguados socialistas que abandonaram o circo quando o fulano subiu ao palco. Talvez que, afinal, ainda haja no PS quem tenha algum sentido da honra e saiba distinguir o que é um Homem do que é um alarve.
No que a dor de corno pode transformar uma pessoa! Capucho até tinha alguns méritos, pelo menos até ter virado as costas à Câmara de Cascais, por “motivos de saúde”. A partir daí, a viagem foi tenebrosa e a insigne criatura acabou por naufragar quando achou que a sua altíssima categoria tinha sido beliscada.
Agora, Costa – que tem pouco de sério e muito de oportunista – lançou-lhe uma boia: se queres ser gente outra vez, anda cá, que fazes falta para apoiar a malta. E lá vai ele despejar o fel acumulado. O homem do musseque do Estoril outra vez na berra! Deve estar satisfeitíssimo. O Costa, idem. Resta saber se estas palhaçadas dão votos ou os tiram.
Uma vez, o ilustre criticado neste post (era ministro não sei de quê) deu-me a honra de me telefonar perguntando se eu sabia de algum nome que pudesse ser indicado para secretário de Estado do ambiente. Sem pedir ou exigir, indiquei-lhe o nome de um senhor. Ele nomeou o Pimenta das ventoinhas. Voilá.
ET. Uma correcção: o Capucho insiste em dizer que “foi expulso do PSD”. Sabe que mente com quantos dentes tem na boca. Autoexpulsou-se ao apoiar outro “traidor de classe”, o abominável Basílio. Sabia que isso significava, estatutariamente, a obrigatória saída do partido. Pode repetir a mentira à vontade: não passa a ser verdade por causa disso.
Declaração de interesse: sou benfiquista. Já o disse, mas tenho gosto em repetir.
Posto isto, fui acometido de uma crise de vergonha: o Benfica, zangado com o Jorge Jesus, mandou retirar a fotografia do homem do poster do campeonato. De um ponto de vista estético, o poster é a coisa mais horrível que conceber se possa. Mas isso é o menos. Pior é a inferioridade moral, social, cultural e histórica que a obliteração da fuça do homem representa. Então não foi com ele que o clube ganhou dois campeonatos e mais não sei quê? O homem nunca existiu?
Faz lembrar a “expulsão" do Beria ou da carantonha do Trotsky da enciclopédia da URSS. Que diabo, ó Vieira, não sejas ainda mais primitivo do que pareces!
O admirável generalíssimo do PS, em mais uma das suas habituais manifestações de indiscutível genialidade, veio informar o povo desta maravilhosa promessa: o PS, se o deixarmos (xiça penico!), proporcionar-nos-á gastar mais 1.900 milhões de euros provenientes da baixa da TSU, ainda que tal baixa custe à Segurança Social a módica quantia de 5.000.000.000 (leu bem, cinco mil milhões de euros). Não é possível ligar uma coisa à outra, sendo de duvidar que os altamente esclarecidos economistas contratados pela irmandade socialista, o consigam fazer.
Talvez por isso, alguns esclarecimentos foram prestados pela agremiação: a baixa da TSU é para recuperar… daqui a 4 anos! Estão a ver: a malta recebe do Estado um empréstimo que, a seu tempo, lhe será cobrado. Esse tempo será… depois de acabada a legislatura que o PS quer comandar. É a filosofia do 44 na sua mais requintada expressão: gastar agora para pagar depois. Se forem os outros a pagar, então, é uma maravilha! A habitual doutrina do “quem vier atrás que feche a porta” a funcionar na maior.
É claro que isto é fruto de um olhar enviesado, o meu e de mais alguns incrédulos, olhar que a organização do generalíssimo já corrigiu, noutros papéis e declarações: os 1.900 milhões já não são 1.900, são 1.050; o buraco na SS não é de 5.000.000.000, mas de 612 em 2016 e de 1.166 em 2017, não se sabendo de quanto será a partir daí.
(Não estou a inventar nada, estou a ler o jornal.)
A conclusão só pode ser uma: estamos perante uma espécie de vale tudo. Vale tudo e o seu contrário, se não é preto é branco e, se convier, também pode ser amarelo às riscas. Preciso é cavalgar as ondas e ondinhas que forem aparecendo.
Diz-se, e não foi desmentido, que as dívidas da irmandade socialista somam 19 milhões de euros. Não acreditem. À boa maneira da casa, tanto podem ser 19 como 50, como 0,2.
O inacreditável Costa decidiu que o PR, se se recusar a nomear um governo minoritário, violará a Constituição. A Constituição postula (Artº 187, nº1): “O Primeiro-Ministro é nomeado pelo Presidente da República, ouvidos os partidos representados na Assembleia da República e tendo em conta os resultados eleitorais”. Ponto final. A Constituição também reza que o PR deve zelar pelo “bom funcionamento das instituições democráticas”. O PR tem duas “liberdades” bem claras: a) nomear o PM que quiser tendo em conta as eleições e ouvidos os partidos e b) ajuizar da compatibilidade do governo que lhe é proposto com o regular funcionamento das instituições. Num caso como noutro, o critério é pessoal: formalmente, o PR nomeia o PM que quiser (não há eleições para PM, o que há são aldrabices do PS a tal respeito); e, se tem o dever de zelar pelas instituições, tem o direito pessoal de estabelecer os critérios para a determinação do que é o seu bom funcionamento. Está, portanto, no seu pleníssimo direito de achar que um governo minoritário é incompatível, pelo menos neste momento histórico, com tal bom funcionamento. Onde está a inconstitucionalidade? Na cabeça do Costa. Só na cabeça do Costa. Há um lado positivo no seu “pensamento”: já percebeu que não vai conseguir maioria absoluta. Se ganhasse, seria por meia dúzia de votos. Ter percebido alguma coisa é uma grande novidade. E há um lado muito negativo: os partidos minhocas, e até o PC, já fizeram constar que estão prontos a alinhar, aproveitando a presidencial decisão. É esse o grande risco que corremos, se o PR for fiel ao que diz: podemos apanhar com uma coligação de esquerda, ou seja, cair na maior desgraça da nossa história e na maior bagunça política que imaginar se possa.
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Ontem, o Costa veio informar a vilanagem sobre o conhecimento profundo que tem das propostas da maioria, as quais, na sua boca “já toda a gente conhece”. Engraçado é ver que nos dias anteriores, a mesma criatura ribombava por aí que a coligação não tinha propostas para apresentar. Então já toda a gente (Costa incluído) sabe o que o Costa clama não existir? Em que ficamos? Na certeza de que acabeça do Costa é a cabeça do Costa.
Tempos houve em que, no governo do 44, havia um homem que se distinguia pela positiva: o ministro da saúde, Correia de Campos. Tinha uma imagem de pessoa séria, que não se perdia em politiquices, tentava cumprir a sua missãosem grande alarde e não cultivava o estilo aldrabão, palavroso e propagandista da generalidade dos seus pares. Os tempos mudaram. O sóbrio ministro da saúde transformou-se radicalmente. É hoje um demagogo de cordel, como compete a quem, por despeito, inveja ou má índole, se apresta a defender o indefensável, nem que, para tal, tenha que perder a face que cultivou. Embarca em tudo o que o chefe disser,e faz disso a salvação da Pátria. Filiou-se na fé do Rato: mais dinheiro para o povo, mais consumo, mais produção, mais emprego. Sustentabilidade da Segurança Social, o que é isso? Vai haver “fontes alternativas”. Mais emprego, mais descontos. Menos impostos, mais dinheiro. Reduzir a TSU dos empregados e deixar a “reposição” para daqui a quatro anos. Como quem, mais uma vez, diz “quem vier atrás que feche a porta”. A política do 44 no seu melhor: alguém, um dia, há de pagar, não é? Pois, mais uma vez, tudo será possível “quando se consolidarem as fontes de financiamento alternativas”. O fundo de estabilização da Seguranla Social vai para a reabilitação urbana, mais uma ideia genial. Reduzir a TSU das empresas provocará um estímulo à economia no valor de 850 milhões por ano. E o IRC, se ficar na mesma, vai render mais 250 milhões. O ressuscitar do imposto sucessório vai render mais 100. O novo imposto sobre os despedimentos, ou seja, a “internalização do custo social dos despedimentos”, mais 160 milhões. Só faltam 250 milhões, a ir buscar ao orçamento do Estado. Assim, por aí fora, mais coisa menos coisa. Julgaríamos estar perante ideias saídas directamente da cabeça da bruxa da Arruda ou da Associação das Maluquinhas de Arroios. Puro engano. Tudo isto e muito, muito mais, este molho de absurdos, ilusões, incongruências ou puras aldrabices, sai dos miolos do Dr. Correia de Campos, e segue, tim tim por tim tim, as extraordinárias ideias do costismo. O que o desespero pode fazer a um homem!
Uma notícia: O excelso e mui apreciado advogado Proença de Carvalho subestabeleceu no seu desbocado colega e ilustre desconhecido João Araújo a defesa do seu cliente José Pinto de Sousa, dito engenheiro Sócrates ou, simplesmente, 44. Isto no que se refere a um número incerto de processos que corriam no seu escritório, no qual se não insere o relativo à chamada “Operação Marquês”, que já estava nas mãos do segundo. O mesmo parece ter acontecido em relação ao motorista do arguido em causa. Proença de Carvalho tornou-se conhecido do grande público na qualidade de director do saudoso “Jornal Novo”, único diário que, no meio da loucura bolchevista de 74/75, foi capaz de lutar pela liberdade e denunciar sem medo as trafulhices do MFA, PC e apaniguados. O “Jornal Novo” – já Proença lá não estava - acabou pouco depois, sendo substituído por outro baluarte liberal, o vespertino “A Tarde”, que também viu os dias contados, talvez por não tergiversar ou por viver num meio em que o socialismo ainda inquinava a cabeça da maioria. Muitos anos passaram. Empurrado pela fama obtida e por inegável jeito para a profissão, lá foi singrando. Muito bem. Engana-se porém quem pensar que se manteve fiel ao que dele se esperava. A vida faz isto às pessoas, não é? Proença passou a ser uma espécie de faz tudo o que dê, legalmente, dinheiro. Politicamente, acabou a apoiar, jurídica e politicamente, o 44 e o seu sucessor e fiel seguidor António Costa. Agora, pense-se o que se pensar, parece que o nosso homem quer “voltar às origens”. Ou, mais propriamente, tirar o cavalinho da chuva. Saúde-se, com espanto e tristeza.
Um comentário: Muita gente se tem manifestado temerosa acerca do desfecho do processo “Operação Marquês”. E se o procurador não conseguir reunir provas suficientes para condenar um arguido que está há seis meses em prisão preventiva? Que desprestígio para a justiça! Que derrota para o sistema! Que descrédito para o país! Compreendo a inquietação, mas não alinho no catastrofismo. A verdade é que, condenado ou não, já se sabe de quem se trata, por comprovados pecadilhos do passado e por uma data de pecadões do presente, estes, aliás, já confessados pelo próprio por palavras e escritos posteriores ao seu encarceramento. Um agente técnico camarário que assinava projectos de terceiros para outra câmara, projectos da pior qualidade estética e urbanística, autênticas vergonhas administrativas. Um estudante que tirou um curso qualquer com o auxílio de várias e suspeitíssimas calçadeiras. Um tipo que, vindo de um partido, subiu noutro sabe-se lá como e porquê. Um político que aprovou o que aprovou, sempre sob, talvez infundada, suspeita: Cova da Beira, Freeport, etc., e lá foi subindo, cheio de invejável paleio, apoiado por uma coorte na qual sobressaem nomes como os de António Costa, Mário Lino, Paulo Campos, Vieira da Silva, Santos Silva e tantos outros de má memória e temível presente. Liderou o país até à bancarrota final que a crise internacional precipitou, mas que, sem crise internacional, ainda teria ido mais fundo. Corrido do governo em eleições, tratou da vida. Não quis trabalhar. Tinha assento no parlamento (era o seu emprego!), mas não quis lá sentar-se. Era coisa baixa para tão alto senhor. Pediu um empréstimo à CGD e comprou um Mercedes dos mais caros, capaz de levar o empréstimo todo. Sem ordenado nem rendimento que se visse, contratou um motorista e uma secretária. Mudou-se para Paris onde passou a viver à custa de um amigo que lhe mandava dinheiro aos milhões, para viver à grande, para ir de férias como um lorde, sabe-se mais para quê, um amigo que lhe emprestou um magnífico andar num sítio onde só chegam, ou vivem, embaixadores e milionários. Era só pedir, e lá vinha a massa: a que fosse precisa e a que não fosse. Arranjou um emprego onde não trabalhava, só recebia. Como o ordenado era baixo (12.000 euros por mês) arranjou outro, onde também não trabalhava mas que rendia o mesmo. Limpinho, sem impostos, sem taxas, sem chatices. Tudo isto confessou, sem deixar lugar a dúvidas. Era tudo amizade! Aceitemos a verdade do homem. Aceitemos a hipótese de a Justiça não provar que o dinheiro era dele, que o recebeu de luvas e o pôs em nome de outrem. Facto é que está provado, sem ser preciso Justiça nenhuma, que o indivíduo não quer trabalhar, que tem empregos marados, que vive à custa de terceiros, que recebe toneladas de dinheiro emprestado, dinheiro que jamais pagará, um chuleco miserável, um troca-tintas, a fazer inveja a qualquer vigarista, mesmo dos mais experientes. Querem mais? Não vale a pena. Depois do que confessou, até por escrito, só políticos da qualidade do Mário Soares ou do Ferro Rodrigues o elogiam. O António Costa, esse esconde-se atrás de uma peneira, a julgar que, não criticando nem elogiando o chefe, se safa de ter sido seu número dois, de jamais se ter dele demarcado, de nunca ter tido uma palavra sobre o que o seu (dele, do Costa) governo fez à gente. É um tipo destes que querem para governar? Também há quem se suicide, mas não é coisa que se recomende.
O cartoonista Augusto Cid costumava caricaturar o Dr. Balsemão pintando-o sem olhos, nariz e boca. Não sei ao certo qual seria a insistente mensagem. Elogio não era.
O IRRITADO avança uma hipótese imaginativa, talvez só bene trovata. Cid referia-se ao “Expresso”, em particular, e à imprensa pluralista em geral, a imprensa sem cara, a que tantas vezes tenho dedicado umas palavrinhas e de que o “Expresso” é paradigmático exemplo: uma no cravo outra na ferradura, recados e mais recados, encomendas e mais encomendas, quase submergindo os poucos que, nele escrevendo, ainda vão tendo cara.
Este Sábado, porém, ao contrário do costume, o “Expresso” tem cara: a do senhor Pinto de Sousa, dito engenheiro Sócrates. Carinhosos retratos na primeira página, mais uma mão cheia deles em páginas e páginas, o fulano na prisão, cela de 12 metros quadrados (nada mau!), televisão, passeios no pátio, intelectualíssimas leituras, veia de escritor a fazer inveja ao Balzac, uma incontável e subliminar(?) louvaminha, um nunca acabar de propaganda.
Por seu lado, a ideóloga de serviço permanente publica uma tresloucada diatribe sobre a ausência de obras públicas, a falta que nos faz o TGV, mais o aeroporto do jamais, a desgraça que é não haver metropolitano para o “bairro histórico” das Amoreiras(!), o estado da linha de Cascais, o alfa pendular a levar três horas do Porto a Lisboa, o incómodo dos autocarros da Carris, tudo a precisar de “investimento”, um país e uma cidade pelas ruas da amargura, a Avenida da Liberdade a precisar de bicicletas, eléctricos rápidos na Calçada do Combro, a necessidade imperiosa de progresso “sustentável”, uma interminável série de medidas urgentes. Só um investimento público a sério serviria para atalhar as múltiplas desgraças em que estamos envolvidos.
Não sei se alguma das pessoas que fazem o favor de me ler terá, uma vez que fosse, visto a dona Clara F. Alves no metropolitano ou nos autocarros da Carris. É provável que a tenham visto num dos intermináveis corredores da Portela - que tanto critica - sem que, ó injustiça, lhe tenham posto à disposição um caddy e uma carripana para a transportar, como é devido a tão alta personalidade.
Mas sei onde foi ela buscar inspiração para a furibunda diatribe com que brindou a populaça: à inegável obra desse luminar do progresso, Pinto de Sousa, conhecido por engenheiro Sócrates.
Ou seja, para os irritados da nossa praça que acham que o “Expresso” não tem cara, o dito resolveu dizer que a tem: é a cara do tal engenheiro e da sua inigualável e indispensável qualidade política e humana.
Alguém me diz, aqui ao lado, que não me preocupe: na semana que vem, o “Expresso” terá outra cara qualquer. Duvido. Mas espero que a desta semana tenha o efeito perverso que merece.
Se a memória me não falha, um cidadão chamado Ascenso Simões já foi, neste blog, objecto de alguns dos mimos que uso dedicar aos membros da organização política chamada PS e à generalidade das extraordinárias ideias que vai, aos tropeços, avançando.
Surpresa, por isso, antes de mais para mim, é ter que elogiar o supracitado político. Num escrito por aí publicado, o homem vem dizer algo de completamente inesperado e, diria eu, verdadeiramente iconoclasta em relação às NEP’s do socialismo, democrático ou não.
“O fim dos contratos de trabalho”, é o título do escrito.
O IRRITADO é feroz inimigo de tal coisa. Já o tem escrito. Num país onde há uma multidão de afinados coros a incensar os contratos, individuais ou colectivos, é uma heresia ser contra eles. Tais coros passam a vida a dizer que a política é “para as pessoas” mas, quando chega à concretização de tal “princípio”, passam a vida a negá-lo.
Um cidadão comum que arranje um emprego, não faz com o empregador um acordo qualquer, a dois, nos limites mínimos de uma lei frugal. Não senhor. Em seu nome, em monumental abuso de poder e radical ausência de mandato, um Arménio qualquer negoceia com uma CIP qualquer as condições a que o cidadão tem que se sujeitar na sua relação de trabalho. O que lhe interessa, como “pessoa”, é, compulsivamente e “autenticamente”, interpretado pelo Arménio. Quem sabe é o Arménio, a “pessoa” que se lixe, nem sequer lhe é reconhecida existência enquanto tal. Uma organização que, tendo por filiados muito menos de 20% das “pessoas” (números do Carvalho da Silva), tem a palavra final sobre a vidinha de quem nem sequer a conhece, em quem competência alguma da sua esfera pessoal delegou, que ignora os seus interesses e objectivos pessoais, antes os dissolveu num mar colectivo cujos interesses e objectivos são determinados pelo Arménio, não pela “pessoa”.
Ascenso Simões fala nisto por palavras dele, e acrescenta as consequências sociais, civilizacionais e económicas dos milimétricos contratos de trabalho que tolhem a liberdade de cada um.
Não sei o que lhe irá acontecer. A ideia que fica é que nunca mais voltará a ser gente na agremiação a que pertence.