Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

irritado (blog de António Borges de Carvalho).

O SOCIALISMO É A FILOSOFIA DO FRACASSO, A CRENÇA NA IGNORÂNCIA, A PREGAÇÃO DA INVEJA. SEU DEFEITO INERENTE É A DISTRIBUIÇÃO IGUALITÁRIA DA MISÉRIA. Winston Churchill

irritado (blog de António Borges de Carvalho).

O SOCIALISMO É A FILOSOFIA DO FRACASSO, A CRENÇA NA IGNORÂNCIA, A PREGAÇÃO DA INVEJA. SEU DEFEITO INERENTE É A DISTRIBUIÇÃO IGUALITÁRIA DA MISÉRIA. Winston Churchill

EDUCAÇÃO PARA O POVO

Anda meio mundo entusiasmadíssimo com o chamado ranking das escolas. As análises e as opiniões são aos pontapés, umas criteriosas outras não tanto, algumas estrambólicas, outras sensatas, enfim, o costume. De notar que, pelo menos que eu tenha visto ou lido, se nota uma certa contenção por parte da geringonça, dos bolchevistas e das maluquinhas do costume.

Não farei “análises”. Só uma verificação histórica, com alguns comentários.

Nos tempos da II República, época em que andei por vários liceus (todos públicos), entrava-se no ensino privado por razões económicas, de convicção religiosa, de falta dela, e de… oportunidade. Explico: algumas famílias que para tal tinham meios, aliados estes ao catolicismo ou ao seu contrário, punham os meninos em colégios do seu agrado. Mas havia outro motivo, quiçá o principal: os colégios privados, de um modo geral, eram menos exigentes. Neles, era mais fácil “passar”. A meio do ano havia um êxodo do público para o privado, êxodo integrado pelos meninos que os papás consideravam já não ter “salvação”, se no público ficassem. Não poucas famílias esticavam os cordões à bolsa e faziam os sacrifícios necessários para evitar os chumbos dos meninos, metendo-os num sistema mais “compreensivo”.

Os tempos mudaram, para bem e para mal. A universalização do ensino é, sem dúvida, positiva. Mas o “pensamento correcto”, a “modernidade”, o “progressismo”, as “teorias educacionais”, o feroz fundamentalismo da “escola pública”, entraram, como caruncho, na mobília da educação. A tal ponto que se deu a inversão total na qualidade do ensino: o que era melhor (o público), passou a pior, o que era pior (o privado), passou a melhor.

Deixemos as atrocidades de que o ensino público tem sido vítima ao longo da III República, património de exércitos de teóricos, glória da esquerda bem pensante, gozo de sindicalistas, cobardia de políticos sem alma, de tudo um pouco, ou um muito. Estamos, agora, a caminho de ainda pior, o que pareceria impossível: os meninos sem exames, os professores à vara larga, meros funcionários sem avaliações nem classificações, o ensino ferozmente estatizado, autonomia zero, descentralização zero, a CGTP a mandar em tudo, a desgraça a deixar de ser só total para ser também totalitária.

As lições do ranking serão mui inteligentemente compreendidas pelo poder e seus adeptos. Mais ou menos assim: o ranking quer dizer que há falta de Estado na educação, que o Estado tem andado a proteger negócios, que essa gente do privado anda a estragar o que é bom, precisa controlada centralmente, até à sua extinção final.

Coitados dos rapazes que aí estão e, por maioria de razão, dos que estão para vir.

 

13.12.15

ESTAMOS FEITOS

Li hoje num jornal qualquer que os ordenados até seiscentos e tal euros vão ser aumentados em 0,4 por cento. Não sei se os felizes contemplados são empregados do Estado ou não, uma vez que o Estado que passámos a ter já decretou o fim de toda e qualquer liberdade contratual. Ainda há restos disso mas, step by step, lá chegaremos.

Não é isso o que me traz. Vejam o que segue.

Imaginem que o aumento anunciado era obra de Passos Coelho. A estas horas, batalhões ululantes da CGTP inundavam as ruas aos gritos contra mais esta ofensa ao povo trabalhador. A Catarina já tinha organizado trinta e duas conferências de imprensa para denunciar o torpe abuso. O Jerónimo berraria contra as políticas “de direita” que, mais uma vez, vinham evidenciar o mais radical desprezo pelas massas trabalhadoras. O Usurpador iria à Quadratura do Círculo vituperar a demagogia da coligação.

Outra. O camarada Centeno foi, há dias, cumprimentar o doutor Schäuble (Chobél ou Xuble, em RTPêguês).

Imaginem a dona Maria Luís a fazer o mesmo. Não, não tinha ido falar com ele, diria o coro do Usurpador. Pelo contrário, tinha ido prestar vassalagem ao imperialismo tudesco, submeter-se, de mão beijada, aos ditames da hedionda Merkel. As miúdas aos guinchos, o Arménio a fazer discursos no Rossio, o Usurpador a dizer “não à submissão, não aos diktats, não à austeridade!”.

E mais uma. O camarada Centeno, afivelando a sua indesmentível cara de parvo, vai fazer umas economias “para cumprir” o défice combinado com os credores, coisa que a coligação pôs em causa. As miúdas ficam todas contentes e desatam a aldrabar: o Centeno, coitadinho, vai ter que adiar pagamentos porque a coligação gastou as reservas de que fazia alarde. Não havia reservas nenhumas, os cofres cheios, etc., era tudo mentira. A malta ouve, e acredita. Ou seja, a propaganda do Usurpador, a cargo das miúdas, é desonesta mas funciona. Trocar alhos por bugalhos é fácil. Porquê? Primeiro, porque cumprir a meta do défice nunca esteve em causa; segundo, porque os tais cofres cheios (18 mil milhões) lá estão, sossegadinhos, e não têm nada a ver com o défice.

Estamos nisto. Se o governo do Usurpador e apaniguados continuar a austeridade, a austeridade deixará de se chamar austeridade. A ver vamos como se chamará. A Liberdade, aos poucos, irá desaparecendo, vítima de decretos, contratos colectivos, corporativismo galopante, censura (que já começou), ditadura parlamentar, etc.

Quando acordarmos estaremos no comboio do terceiro mundo, tudo disfarçado de democracia. Se o governo do Usurpador fizer o contrário, isto é, fizer a política dos apaniguados de uma forma menos disfarçada, acabará por cair, por falta de dinheiro.

Para já, irá pelo caminho das pedras, uma no cravo da “Europa”, outra na ferradura da obediência às miúdas.

 

Estamos feitos!

 

13.12.15

HOMENAGEM AOS PC's

 

Quando a camarilha autárquica em vigor (Salgado, Roseta, Vaz Pinto, Avatar do Usurpador...), sob a direcção dessa desgraça que sobre os alfacinhas se abateu, Sá Fernandes de seu nome, decidiu lançar um concurso para a “renovação” do jardim da Praça do Império, os pêcês da CML, opondo-se à marosca, opinaram que “a História é algo que existe e que não podemos mudar”.

O IRRITADO comunica aos ilustres bolchevistas a expressão do seu apreço.

Expliquemo-nos. O tal jardim anda, há anos, votado ao abandono. Porquê? Para quê? A inacreditável explicação é que dele fazem parte botânicos brasões do Império e das cidades de Portugal, em pequenos canteiros. Como o Fernandes & Cª querem, até nos jardins, acabar com a memória das gentes, havia, primeiro, que deixar ao abandono o floral testemunho histórico. Depois, com a desculpa da “renovação”, acabar com ele. Esta nobre e patriótica intenção da camarilha foi, na CML, criticada por todos os que da camarilha não fazem parte, PC incluído. A camarilha, vendo-se assim criticada, fugiu em frente: inventou um “concurso de ideias” para a “renovação do jardim”. A intenção é simples: dar a volta. E a volta é escolher uma “ideia” onde não constem, na Praça do Império, os brasões do Império. A culpa não será da camarilha, mas do autor da “melhor ideia”... genial, não é?

Já agora, sugere o IRRITADO ao Fernandes, porque não acabar com o nome da praça? Podia, por exemplo, passar a chamar-se Praça António Costa. E, em boa coerência, porque não demolir o Padrão dos Descobrimentos, nefanda obra do fascismo e do imperialismo? Não ficava lá bem melhor uma estátua do Mário Soares?

 

Até os pêcês percebem que o Fernandes é uma besta!


12.12.15

"PRETENDENCIAL" LANÇAMENTO

Com devida pompa, respeitosa circunstância e alto patrocínio do insuportável Sampaio da Nóvoa, reuniu, nos Paços do Concelho de Lisboa, a brigada do reumático. Está no seu direito de se reunir e, no parecer do Medina, de o fazer em tão solene sede.

Objectivo? “Lançar” uma autobiografia de Mário Soares... em castelhano!

Dá a impressão que tal coisa deveria ser lançada em Madrid, capital de Castela e centro da língua em causa. Possivelmente, dada a certeza de que castelhano algum comprará ou, sequer, lerá a badana do produto, talvez se trate de pôr a obra à disposição da dona Pilar del Rio e do senhor Coquetogui (o do FCP), bem como de outros falantes da língua de Paco Franco, fulanos que, residindo há anos em Portugal, ainda não são capazes de dizer uma em português. Tirada esta nobre intenção, restará pensar que a sessão foi inútil, sem consequências, ou meramante cretina.

E daí, talvez não. Pensando um pouco mais além, deve ter-se tratado de um pretexto para fazer aparecer o tão desinteressante Nóvoa nos jornais, coisa que lhe dá um trabalhão, sem resultados que se vejam. Apoiado pela brigada e pelo autor da obra, lá o vemos no jornal, todo ufano e contente. Ainda há quem diga que lhe falta “planeamento”!

 

10.12.15

A NOVA REPÚBLICA

Perante o silêncio da corte de Pirescoxe e a esfusiante alegria de senhoras várias, tais a dona Helena, a menina Moreira e a pescada com todos, de Setúbal, as miúdas de São Bento estão ao ataque. É de presumir que, mais cedo do que tarde, as portarias e os despachos interpretativos tomem forma de Lei. A nova república (das bananas, mas vermelhas) a tomar forma, que é o que o usurpador quer.

Já lá vai o tempo dos exames da 4ª classe, que valiam 100%, dos do 4º ano, que valiam 30%. Por douta decisão parlamentar, passaram a não existir, ou seja, nem 0% valem. Fica tudo ao soberano critério dos professores, gente de tal qualidade que a ninguém será legítimo pôr em causa os seus altíssimos critérios. Temos, até, no governo – na Cultura! – uma jovem secretária de Estado que deve ter sido ensinada segundo o sistema das miúdas e que dá largas, nas redes sociais, ao mais acendrado amor pelo analfabetismo governamental que a anima.

Para evitar quaisquer dúvidas, as miúdas também trataram de acabar com essa manifestação de proto-fascismo que era a avaliação dos professores. É que, por definição, os professores são da mais alta qualidade. Se não, não eram professores, não é? Temos aí, à disposição do povo, o claro exemplo da citada secretária de Estado, que deve ter sido ensinada a ler e a escrever por um desses letradíssimos funcionários.

E há mais. Parece que, amanhã, vai ser votada a nova lei do salário mínimo, introduzindo uma clara expressão da liberdade segundo a nova república: deixa de haver negociação, substituida pela vontade das miúdas.

A corte está cheia de bobos, mas de bobos de pernas para o ar. Em vez de fazer rir, fazem chorar. E, a avaliar pela alegria do usurpador, a procissão ainda nem saíu do adro.

 

10.12.15

BLACKOUT

 

Há uns quatro dias sem televisão, não me tenho dado mal. Uma sensação inesperada, nem boa nem má, uma espécie de indiferença. Talvez isto prove que podemos viver sem ela (a TV), se calhar melhor que com essa intrusa a que abrimos a porta e nos faz reféns.

Adiante. A estas horas, vejo, sem som, na tasca onde janto, Marcelo a desdobrar-se em televisivas considerações sobre o nobre e almejado cargo presidencial. Como tenho a noção do ridículo e sou monárquico, é-me quase indiferente o que Marcelo diga. Já se sabe. Marcelo deixará bem demonstrada a sua independência. É capaz de tudo, até – entre outros defeitos – de ser independente. Detesto tipos independentes, isto é, fulanos que têm a mania que são mais que os outros, como é o caso dos presidentes desta triste república, dos pretendentes também. Pairam acima da plebe, mesmo se foi a plebe que, por maioria, os pôs lá, ou lá os vai pôr.

Neste particular, as minhas homenagens ao Marcelo. Quando se declara independente, é sincero. Eu é que não acho que a independência seja uma qualidade. Perder a cara, ou, por conveniência, deitá-la fora, não é uma qualidade.

Os outros, ao contrário de Marcelo, quando clamam independência mentem com quantos dentes têm na boca. O Sampaio da Nóvoa, primário e palavroso esquerdoide a dizer-se independente, só se estiver a gozar connosco. A Marisa, balofa e patareca, a dizer que é de todos, só se for por piada de mau gosto. O caceteiro despadrado do PC, independente? Mesmo que quisesse (não quer), o politburo não deixava. A dona Maria Roseira? Acabadinha de ser presidente do PS, dizer-se independente?

Por quem são, ó gentes, mostrem o que são, deixem-se de independências aldrabonas. Eu sei que o cargo a que se candidatam é uma triste originalidade desta III República. Mas, que diabo, um mínimo de respeito pela malta não lhes ficava nada mal.

 

Posto isto (estou sem televisão, mas compro uns jornais), interessante é olhar as primeiras páginas do DN e do Público, que são as que aqui tenho. Nas duas, fotos parangonais: o Costa numa, a Marine noutra. Ocorre-me um pensamento iconoclasta.

Serão parecidos? Serão sinal do mesmo fenómeno? No fundo, serão a mesma coisa? Uma diferença: ela vem subindo aos poucos, mas não lhe passa pela cabeça chegar ao poleiro sem votos; ele foi descendo aos poucos, mas isso de votos, para ele, é conversa fiada. Dona Marine é um perigo, como já era o papá. Costa não era, mas passou a ser quando prestou vassalagem ao Jerónimo e às tontas.

Os efeitos da crise, o fim anunciado e inevitável da social-democracia, a indústria chinesa a substituir a europeia, a globalização, têm efeitos com expressões diversas, mas a mesma raiz. Em França, com a Marine, os efeitos têm um sinal, na Grécia, com o Tripas, sinal oposto. Mas, como diria o grande filósofo Hieronimus Pirescoxensis, são farinha do mesmo saco.

Em Portugal dá-se o mesmo, só que sem votos. Uma especificidade lusitana que, inevitavelmente, dará os seus frutos…

 

Nota: não tenho internet, como não tenho TV. O post vai sair com dois dias de atraso. Que perda para a humanidade!

 

7.12.15

DE QUEM É A CULPA?

Anos atrás, os tipos que pintavam paredes eram tidos por anti sociais, gente que emporcalhava as cidades, condenável por falta de respeito por terceiros, etc. A polícia tinha instruções para os apanhar e lhes confiscar os materiais com que sujavam as paredes.

Os tempos foram passando. Passou a haver cada vez mais porcaria, fruto de algum impulso terceiromundista ou de mera selvajaria. Os sociólogos começaram a procurar, e a encontrar, as costumeiras “justificações”.

Até que ficou tudo de pernas para o ar. Por obra desse grande luminar da cultura autárquica que dá pelo nome da António Costa, Lisboa tornou-se exemplo a seguir. Os pinta paredes passaram a ser “homologados” pela CML, a ter à disposição as gruas da CML e a ser protegidos pela polícia da CML, quem sabe se pagos pela CML. Os resultados estão à vista por toda a cidade, por todo o país, nos locais mais inesperados, com as “mensagens” mais estrambólicas e os horrores pictóricos mais agressivos. É a porcaria oficializada, tornada “arte”.

Três rapazes morreram num concurso de “pintura” de carruagens de caminho de ferro. Sob o alto patrocínio das autoridades – por omissão, é certo - andam os comboios a itinerar intoleráveis mamarrachos.

Não direi que a culpa destas mortes seja do Costa. Mas é, com certeza, do ambiente favorável à selvajaria que teve nele o primeiro e principal impulsionador e mecenas.

 

9.12.15

É MESMO ASSIM

Posso não ser exacto nos pormenores, mas, no essencial, foi assim: dona Maria de Lurdes Rodrigues, ministra da educação do governo do senhor Pinto de Sousa, mercê, ao que diz, de vários pareceres, contratou um advogado do partido para a feitura de um trabalho jurídico. Para tal, pagou ao dito cidadão várias centenas de milhar de euros.

Acontece que o contratado, tendo recebido a massa, não fez o trabalho.

A partir destes factos, houve quem começasse a levantar problemas jurídicos de vária ordem. A senhora podia contratar como contratou? A senhora beneficiou um fulano só para dar algum a ganhar a um tipo do partido, cujo irmão, ex-ministro do partido, andava metido numas histórias esquisitas? Houve peculato? A senhora recebeu comissões? Enfim, quando se começa a escarafunchar, aparece de tudo, verdade ou mentira.

Fiquemos pelo que é dado por certo e ninguém desmente: um tipo com ligações políticas à ministra é contratado por ela e, adiantadamente, é pago por um trabalho que jamais se deu ao trabalho de levar para a frente, sem prejuízo de recebar o taco (ando à roda com o português, mas é o que o caso merece).

Vistas as coisas e julgado o assunto, a senhora é condenada a uns anitos com pena suspensa. Recorre para a Relação. Quem a julga? Uma juíza habituée em comícios do PS, casada com um deputado do PS, etc. do PS. Dona Maria é absolvida.

Não sei se haverá quem veja nisto algo de estranho. Eu não. É mesmo assim.

Aqui há tempos, um recurso do senhor Pinto de Sousa é julgado na Relação. Juiz relator: um senhor pública e notoriamente adepto do PS e do senhor Pinto de Sousa. Pensariam os mais incautos que tal magistrado, em natural honestidade profissional, recusaria julgar. Mas não. Julgou mesmo e, como é natural, o senhor Pinto de Sousa saiu vencedor desta prova.

Não sei se haverá quem veja nisto algo de estranho. Eu não. É mesmo assim.

Para quem ainda não deu por isso mas já há quem tenha sentido, entrámos numa “nova fase” da nossa vida colectiva. Que bom! É mesmo assim.

 

3.12.15

DA PRESTAÇÃO DO CENTENO

 

Tenho estado a ouvir alguns dos 3.899,74 comentários que, no espaço de umas três horas, já foram feitos sobre a parlapatice parlamentar hoje produzida a propósito do chamado Programa de Governo das três minorias (não conto com a do o PEV, porque acho o PEV não existe nem jamais existiu).

O exército dos comentadores, entrevistadores, pivôs, etc., anda à procura das “novidades” do debate, esfarrapando-se em diligências mentais para as descobrir. Para mim, que sou um ignaro espectador destas exibições, não houve novidade nenhuma ou, melhor dito, ninguém deu pela única novidade realmente importante: a prestação do Centeno.

Esta ave de arribação, laureada com altas “qualificações” e não menos grandíssima esperança de muita gente, foi um flop dos antigos. Espalhou-se ao comprido, sem apelo possível. É esta a grande novidade. Poder-se-ia dizer que isto é um elogio, na medida em que é natural que um principiante não tenha traquejo para se aguentar no Parlamento, sem prejuízo da solidez do seu pensamento. Mas não se trata de um problemna de traquejo, que seria o menos. É uma questão de “substrato”, de substância, de coerência, de firmeza de ideias, de lógica mental. De um mínimo de sabedoria, se quiserem. Defendendo-se com um sorriso alvar, quase diria mongolóide, não respondeu a uma só das questões que lhe foram postas. Zero! As evidentes contradições entre o seu “pensamento” e o programa do governo não lhe mereceram o mais pequeno esclarecimento, fugiu aos encartes como o profeta do toucinho.

Aqui temos um exemplo, aliás presente noutras novidades deste governócrates, do que é um “académico” que é só académico, isto é, que jamais esteve em contacto com a vida, que não conhece o mínimo da alma humana e que, por isso, acha que as reacções pessoais e sociais às “políticas” estão plasmadas em programas informáticos academicamente certíssimos.

Diz-se que deve a sua formação à universidade de Harvard, entidade rigorosamente privada, sem endowements do Estado, coisa que, na cabeça do homem, não deve fazer sentido, ou que nem sequer percebeu. Usando a sua lógica “positiva”, acha que, pois então, se o consumo aumentar, a economia progride, ou seja, o progresso económico e o emprego são fruto do consumo, não o consumo e o emprego consequência do crescimento económico. Acha que, mantendo ou aumentando as taxas aos agentes económicos, estes “compreendem” a douta intenção e se põem a investir à maluca.

É claro que as pessoas, as sociedades, as empresas, quem se quiser “defender”, borrifa nestas teorias. Se se sentem ameaçadas pelo imposto sucessório que o homem inventou, tratam de doar o património, de o dividir, de o expatriar. Se vêem as coisas a dar para o torto no IRC e têm poder para tal, mudam-se para o Luxemburgo ou para a Irlanda - desde o início da crise, a Irlanda já deu as boas vindas, fiscais e não só, a inúmeras organizações, representando muitos, mas muitos milhares de milhões de dólares, enquanto por cá ainda se discute as minhoquices dos vistos gold.

Enfim, o senhor Centeno, armado em ministro das finanças, navega no mundo onírico das receitas informáticas, à espera que a vida lhes obedeça. Um tipo desta qualidade jamais devia passar dos gabinetes de estudo. Um tipo desta qualidade jamais devia fazer parte de um governo. Mas parece que a vil “glória de mandar” é tão forte que nem dá por que quem manda é o Costa, e que o Costa se está nas tintas para as suas teorias: Centeno ou as vai adaptando à narrativa e à demagogia governamentais, ou é despejado. Mas ele, como não quer ser despejado, comerá o que for preciso, aplicará ou “desaplicará” os seus achados com o critério do poleiro.

Não é de admirar que a sua prestação parlamenar tenha sido tão pobre e tão “fugidia”.

 

2.12.15

MESMO AGORA

São dezassete horas e trinta minutos. Acabo de ouvir três minutos do debate do programa de governo. Chegou para assinalar a entrada de mais uma senhora deputada para o pelotão da cultura, até agora ocupado, e chefiado, pela respectiva ex-ministrra Canavilhas, a tal que escreve que vai Assembelia da República, e integrado por uma ministra, cujo nome ignoro, mas que já é célebre por ser contra os sensores, bem como por outros literários mimos que a História não deixará de consagrar. Como dizia, entrou mais um membro (ou "membra") na agremiação: a deputada Inês de Medeiros, alto e reconhecido expoente da cultura socialista, celebérrima pelas suas idas a Paris. Disse ela: na primeira vez que entrevenho nesta debate gostaria de saber quais são as estratégicas do governo para... 

A cultura está bem entregue.

A cultura está bem entregue, como se vê.

 

3.12.15

PERSPECTIVAS DE FUTURO

 

Há quem ande para aí a dizer que vem aí outra vez o PREC. Não vem. Por várias e simples razões: já não há “capitães” a querer fugir da guerra ou a ser atropelados por milicianos; já não há milhões a sonhar com uma liberdade que, contentes ou desiludidos, lá vão tendo; já não há isolamento internacional. Por outras palavras, não há novo PREC porque não há ambiente para outro PREC.

Mas há sinais. Um governo de que, por exemplo, fazem parte pelo menos dois comprovados inimigos da liberdade de expressão, onde preponderam praticamente todos os pesos pesados do socratismo – o primeiro ministro e mais nove , onde uma distinta amiga e admiradora do ex-procurador, cara metade de um esquerdíssimo senhor, é ministra da justiça, não augura nada de bom no que ao “PREquismo” diz respeito.

Há por aí sinais do regresso, com outras vestes e por várias formas, do lápis azul, tão negregado pelos que o querem de volta quando usado por outrem. Com grande satisfação do governo, a CGTP (braço do PC para a bagunça) volta à rua, com as mais estúpidas e “PREquistas” exigências. No Parlamento, sem governo em funções, os amigos do PSC desatam legislar sem mais nem ontem, certamente inspirados numa espécie de “assembleia do MFA” corporizada pelas tontas do BE e pelo Jerónimo. A obrigatoriedade dos contratos colectivos, aí está mais uma “PREquíssima” conquista a voltar à baila.

São alguns dos sinais do regresso do “prequismo”. Outros virão.

A seguir ao 25 de Abril, floresceu uma instituição com grande valia e aplicabilidade: a “passagem administrativa”, inteligente sistema universitário que forneceu canudos a granel, com eficácia e baixo custo. Foi uma das muitas formas encontradas para desconjuntar o Estado – não o Estado Novo, o Estado tout court. Agora, com a abolição dos exames, até ver ainda tímida, entra-se numa senda paralela. As tontas não deixarão o assunto por aqui, posso garantir. Os chamados professores deixam de ser avaliados – por lei do Parlamento, antes que algum dos que andam por aí em gestão se lembre de discordar – e passarão a funcionários públicos em full, até que, no limite, haja um professor por aluno, tudo minha gente pago, com diuturnidades, promoções automáticas (“progressão na carreira”) e mais o que a CGTP determinar.

Entretanto, sem que, sequer, o programa do governo tenha sido aprovado, as tontas avançam como leoas no programa dos “direitos sociais”: abortos pagos à “vontadex”, casamentos, adopções e outras medidas, coisas a que, felizmente, a sociedade dará adequada resposta, (virá aí o incesto legal – porque não?), um nunca acabar de “progresso”. Nunca se sabe onde chegará a imaginação da tontice minoritária das raparigas, mesmo que até o Jerónimo torça o nariz.

É o PREC, versão século XXI. Três minorias que farão, por definição, a vontade da que for mais activa. Sempre foi assim, em todas as ditaduras: imposição das escolhas da minoria dominante em nome do “povo” e do “progresso”.

Se o que está no poder não é uma ditadura, ou caminha para lá, ou cai. Escolha você.

 

2.12.15

DAS ALTERAÇÕES CLIMÁTICAS

Num bom filme que por aí anda, história passada no dealbar dos anos 60, o herói da fita vai dar com um filho pequeno a encher a banheira até ao cimo. Pergunta-lhe porquê. O miúdo responde que é por causa da guerra nuclear. Disseram-lhe na escola que, estando iminente o ataque nuclear dos sovietes, era bom haver muita água de reserva.

O autor do IRRITADO ralhou com uma neta, dizendo: a menina, quando fizer xixi, não se esqueça de dascarregar o autoclismo. A pequena respondeu: não se pode desperdiçar água, avô, há muitos meninos em África que precisam de água e não a têm.

Quando da independência de São Tomé, os poderes instituídos encorajavam as pessoas a ir para as praias vigiar a aproximação da esquadra americana, a qual, capitalista e imperialista, vinha apropriar-se das ilhas.

Não se riam, que não tem piada nenhuma.

 

Ora vejam. Por razões de natureza análoga:

- milhões de seres humanos andam por aí em nobres e generosas actividades – partir vidros, atirar coqueteiles molotov, dar gritinhos, agitar bandeiras, brandir matracas, insultar polícias – tudo por causa do aquecimento global provocado pela horrível espécie a que pertencemos;

- líderes mundiais juntam-se em Paris, sob a égide da ONU, para discutir o aquecimento global e as alterações climáticas adjacentes, e para tomar importantíssimas medidas para arrefecer o planeta e acabar com o CO2 ou lá o que é;

- a mando da ONU ou coisa parecida, televisões do mundo inteiro passam horas a publicitar aterrorizantes documentários, mostrando gelos a derreter, criancinhas a lamentar o desaparecimentos das praias ou outros terrores com que lhes dão cabo da infância, tudo por causa dos homens maus, que somos todos nós.

Esta gente, líderes mundiais incluídos, anda a aterrorizar o orbe e a gastar triliões à humanidade. Porquê? Ao que se diz, porque, na última meia dúzia de anos, a temperatura global vem subindo umas décimas. Aplicando o facto, se é que é facto, a um século, ou dois (junte-se-lhe uma progressãozinha geométrica, que dá imenso jeito), porque não mil anos, ou um milhão, tão fácil que é chegar à conclusão que, para já, as crianças vão ter que deixar de ir à praia, a curto prazo milhares de espécies vão desaparecer e há ilhas que serão rapidamente engolidas pelo mar, que os desastres naturais se vão multiplicar, mais furacões, mais terramotos, mais cheias, mais, mais, mais... tudo por causa dos traques das vacas, dos escapes dos automóveis e de uma inumerável série de causas, todas fruto da inconsciência humana e da sua falta de respeito pelo planeta e pelas condições necessárias a nele vivermos.

Tudo isto “cientificamente” garantido com o indiscutível carimbo da ONU, tudo calculado por um grupo de agentes políticos expressamente contratados para fazer as mais catastróficas previsões. Se o rapazinho da banheira, a minha neta e os infelizes santomenses são risíveis, que dizer desta universal aldrabice? Não faz rir, não tem graça nenhuma, é um nefando crime, digo eu. Com a agravante de ser cometido pelos chefes da humanidade, eleitos ou não eleitos.

A idade do planeta mede-se em milhares de milhões de anos. Nada que tenha a ver com as meias dúzias de que por aí se fala. As “subidas de temperatura” de hoje são tão importantes na vida da terra como um dedal de água doce o seria se despejado no Oceano Pacífico. Veja-se o gráfico seguinte:

Climate change 1.jpg

Em onze mil anos, a tempreatura atingiu máximos entre os sete e os oito, depois teve uma linha de arrefecimento com altos e baixos que atingiu o mínimo há uns quinhentos, foi subindo e descendo uns poucos e está, nesta escala, ainda em fase descendente. Mais importante que isto é verificar que a resultante nada tem a ver com as concentrações de CO2, nem na subida nem na descida das temperaturas!!!

Veja-se agora o que aconteceu às previsões dos “cientistas” da ONU (IPCC). As projecções determinadas para 7 anos (2002/2009), determinadas pelos modelos informáticos inventados ad hoc, estão todas erradas em face do que se veio a verificar:

Climate change 2.gif

 Para os mesmos anos, veja-se a “influência” do CO2, quase sempre em contraciclo com as diferenças de temperaturas:

Climate change 3.gif

 

E agora, trinta anos de temperatura global (1979/2009). Vejam bem:

Climate change 4.gif

 

E, noutro critério, como segue:

Climate change 5.gif

Onde o tal aquecimento?

Isto visto, como há quem tenha autoridade para afirmar a inevitabilidade “científica” com carácter catastrófico de qualquer subida de temperatura? Como há quem atribua qualquer antropogenia a tais alegadas subidas? Como há quem possa considerar estarmos perante um fenómeno inevitavelmente crescente?

 

*

Punhamos alguns pontos nos is:

É útil ao ar que respiramos que se consuma menos hidrocarbonetos? É.

É importante que haja preocupações com a qualidade do ar, da água, da terra? É.

A conservação, melhor dizendo, a gestão da Natureza é um assunto que merece toda a atenção? É.

A descoberta e desenvolvimento de tecnologias que aproveitem, em condições economicamente sustentáveis, novas fontes energéticas é importante? É.

Então para quê inventar catástrofes globais, culpas inacreditáveis, teorias sem fundamento, em vez de tratar do assunto honradamente?

Haverá duas explicações, talvez simplistas, talvez “conspiracionais”. A primeira é que o monstruoso volume de negócios que as patranhas em vigor sustentam é tão grande que se gerou o medo universal de o pôr em causa. A segunda é que há, à escala planetária, uma efectiva e inconfessada tendência para criar uma autoridade mundial que, a começar na “pegada de carbono”, se estenda a toda a vida de toda a humanidade - autoridade de que a ONU seria o embrião.

Pouco há quem resista a isto. O IRRITADO, ao fazê-lo, cumpre o que acha ser sua obrigação. Sem ilusões, mas com muito orgulho.

 

30.11.15

 

 

 

Pág. 2/2

O autor

foto do autor

Subscrever por e-mail

A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.

Arquivo

  1. 2025
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  14. 2024
  15. J
  16. F
  17. M
  18. A
  19. M
  20. J
  21. J
  22. A
  23. S
  24. O
  25. N
  26. D
  27. 2023
  28. J
  29. F
  30. M
  31. A
  32. M
  33. J
  34. J
  35. A
  36. S
  37. O
  38. N
  39. D
  40. 2022
  41. J
  42. F
  43. M
  44. A
  45. M
  46. J
  47. J
  48. A
  49. S
  50. O
  51. N
  52. D
  53. 2021
  54. J
  55. F
  56. M
  57. A
  58. M
  59. J
  60. J
  61. A
  62. S
  63. O
  64. N
  65. D
  66. 2020
  67. J
  68. F
  69. M
  70. A
  71. M
  72. J
  73. J
  74. A
  75. S
  76. O
  77. N
  78. D
  79. 2019
  80. J
  81. F
  82. M
  83. A
  84. M
  85. J
  86. J
  87. A
  88. S
  89. O
  90. N
  91. D
  92. 2018
  93. J
  94. F
  95. M
  96. A
  97. M
  98. J
  99. J
  100. A
  101. S
  102. O
  103. N
  104. D
  105. 2017
  106. J
  107. F
  108. M
  109. A
  110. M
  111. J
  112. J
  113. A
  114. S
  115. O
  116. N
  117. D
  118. 2016
  119. J
  120. F
  121. M
  122. A
  123. M
  124. J
  125. J
  126. A
  127. S
  128. O
  129. N
  130. D
  131. 2015
  132. J
  133. F
  134. M
  135. A
  136. M
  137. J
  138. J
  139. A
  140. S
  141. O
  142. N
  143. D
  144. 2014
  145. J
  146. F
  147. M
  148. A
  149. M
  150. J
  151. J
  152. A
  153. S
  154. O
  155. N
  156. D
  157. 2013
  158. J
  159. F
  160. M
  161. A
  162. M
  163. J
  164. J
  165. A
  166. S
  167. O
  168. N
  169. D
  170. 2012
  171. J
  172. F
  173. M
  174. A
  175. M
  176. J
  177. J
  178. A
  179. S
  180. O
  181. N
  182. D
  183. 2011
  184. J
  185. F
  186. M
  187. A
  188. M
  189. J
  190. J
  191. A
  192. S
  193. O
  194. N
  195. D
  196. 2010
  197. J
  198. F
  199. M
  200. A
  201. M
  202. J
  203. J
  204. A
  205. S
  206. O
  207. N
  208. D
  209. 2009
  210. J
  211. F
  212. M
  213. A
  214. M
  215. J
  216. J
  217. A
  218. S
  219. O
  220. N
  221. D
  222. 2008
  223. J
  224. F
  225. M
  226. A
  227. M
  228. J
  229. J
  230. A
  231. S
  232. O
  233. N
  234. D
  235. 2007
  236. J
  237. F
  238. M
  239. A
  240. M
  241. J
  242. J
  243. A
  244. S
  245. O
  246. N
  247. D
  248. 2006
  249. J
  250. F
  251. M
  252. A
  253. M
  254. J
  255. J
  256. A
  257. S
  258. O
  259. N
  260. D
Em destaque no SAPO Blogs
pub