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irritado (blog de António Borges de Carvalho).

O SOCIALISMO É A FILOSOFIA DO FRACASSO, A CRENÇA NA IGNORÂNCIA, A PREGAÇÃO DA INVEJA. SEU DEFEITO INERENTE É A DISTRIBUIÇÃO IGUALITÁRIA DA MISÉRIA. Winston Churchill

irritado (blog de António Borges de Carvalho).

O SOCIALISMO É A FILOSOFIA DO FRACASSO, A CRENÇA NA IGNORÂNCIA, A PREGAÇÃO DA INVEJA. SEU DEFEITO INERENTE É A DISTRIBUIÇÃO IGUALITÁRIA DA MISÉRIA. Winston Churchill

MORAL REPUBLICANA

 

“se e quando se confirmar que há responsabilidade objectiva do Estado, utilizaremos esquema expedito de indemnização”

Esta douta declaração foi proferida pela criatura que ocupa, em Portugal, o lugar de primeiro-ministro.

Há que tirar as concusões mais óbvias:

  1. A tal criatura acha que o Estado não tem responsbilidade nenhuma nos 64 mortos nos incêndios;
  2. Mas, se, por acaso, alguém vier a alegar, ou demonstrar, que o Estado tem responsabilidade, então que não seja uma responsabilidade qualquer: terá que ser “responsabilidade objectiva”;
  3. Para tal criatura, os bombeiros profissionais não são do Estado, a Protecção Civil não é do Estado, a GNR não é do Estado, o Siresp não é do Estado, etc. por aí fora, o Estado e, por maioria de razão, ele, seu responsável máximo, não têm qualquer responsabilidade, ainda menos “objectiva”, queira isso dizer o que queira;
  4. Não se verificando a responsabilidade objectiva do Estado, ou seja, da criatura, então as indemnizações serão pagas pelos “responsáveis objectivos”, isto é, pelos bombeiros, os soldados, a mulher de limpeza, ou seja lá quem for, tudo menos a criatura, que não tem qualquer responsabilidade, seja ela objectiva, subjectiva, implícita, explícita, moral, social, económica, ou seja lá ela o que for.

Bem podem os lesados, os enlutados, os órfãos, as viúvas, os prejudicados da mais diversa natureza ficar sentados à espera da responsabilidade objectiva do Estado, coisa que, mesmo que demonstrada, jamais terá seja o que for a ver com o Dr. António Costa.   

 

29.6.17

ENGANADOS OU DISTRAÍDOS?

 

Há dias, num almoço de amigos, veio à baila a geringonça, as suas origens, o que esteve por trás da sua fundação. E, entre gente que, teoricamente, gosta tanto dela como eu, apareceram vários a alegar a irrepreensível democraticidade da coisa. Assim: na Europa civilizada quase não há maiorias absolutas, os governos ou são de coligação ou vivem apoiados por partidos minoritários. Se formam maioria parlamentar, são legítimos.

Formalmente, é assim. Só que preciso será ir um bocadinho mais longe.

Na tal Europa não há partidos de governo que sejam de extrema direita, nem partidos de coligação que andem a comemorar este ano a revolução russa, o leninismo, o estalinismo e outras “realizações”(como acontece com o nosso PC). Na tal Europa, há valores cujo não respeito deixa tal gente a falar sozinha, não há partidos democráticos que se sujem como o PS se sujou.

Vem a seguir o mais falso de todos os argumentos. Como o partido mais votado não foi capaz de apresentar à indigitação uma solução parlamentarmente viável, o governo foi entregue a quem de tal foi capaz. Mentira. O partido mais votado ofereceu ao partido número dois uma proposta, ou de fazer parte do governo, ou de subscrever uma solução negociada que desse lhe estabilidade formal. O partido número dois, cujo “candidato a primeiro-ministro” perdeu as eleições, recusou terminantemente qualquer das soluções, preferindo recorrer a forças minoritárias e antidemocráticas de extrema esquerda para chegar ao poder.

Isso é legítmo? A legitimidade política só tem a ver com maiorias parlamentares, ou tem também a ver com as regras básicas que informam os sistemas democráticos?

Daí que, desta modesta tribuna, eu diga aos meus amigos que se deixem da ilusórios formalismos, que deixem de “compreender” uma solução que, em si, e por mais propaganda que faça, jamais poderá deixar de ser funesta, para o regime, para a liberdade e para tudo o mais. Nasceu torta, só pode entortar ainda mais.

Como, aliás, cada dia vai estando mais à vista, por muito que os seus serventuários mediáticos lhe sirvam se capacho, ou que Sua Excelência a sustente com afectos.

 

29.6.17  

DRONES

Andam para aí uns drones a chatear os aviões, fazendo muita gente correr terríveis riscos. Aqui temos um caso em que o Estado tem que intervir com unhas e dentes. Mas não intervem: deve estar à espera de algum azar dos grandes, enquanto se vai entretendo com regulmentos e portarias que só servem para chatear e não têm utilidade outra que não seja arranjar empregos para clientelas várias.

Os tais aparelhómetros foram concebidos para efeitos militares. Podem ser-lhes dadas inímeras utilizações pacíficas de altíssima utitlidade. Mas também podem ser usados para os piores fins (terrorismo, crimes de toda a ordem).

Tenho dois drones. Um navega até trinta metros de altura, outro até cinquenta, com um raio de acção de quarenta metros e com autonomias de sete ou dez minutos - segundo os papéis, porque, se voarem durante mais de cinco já é uma alegria. Um custou quarenta euros, o outro noventa e cinco. São brinquedos. Presumo que não possam fazer mal a ninguém.

A coisa complica-se com artefactos mais sofisticados. Por isso que, em tais casos, a sua utlização deva ser regulada, os seus proprietários devam demonstrar, sem lugar para quaisquer dúvidas, qual o uso a que se destinam. Não são objectos de diversão, mas ferramentas de trabalho.

Contra isto vem a imprensa dar voz a uns tipos que dizem que o problema é dos “drones baratos” e da “falta de consciência”. Mentem com quantos dentes têm na boca. Os drones baratos, sem alcance nem autonomia nem raio de acção, não fazem mal a ninguém. Os mais complicados perturbam a navegação aérea e podem facilmente ser usados para fins ilegítimos.

Não nos deitem aos olhos a poeira dos dronistas nem a incúria do Estado.

 

29.6.17

A DANÇA DOS INOCENTES

 

O Costa – Quem, eu? Culpas, eu? Demitir-me, eu?

A Urbana – Não tenho nada a ver com as causas, ainda menos com as consequências. Inquéritos é que é bom.

O Chefe da Protecção Civil – Actuámos da acordo com a Lei

O Chefe dos bombeiros – Nós? Nós somos uns heróis!

O Chefe do Siresp – O sistema funcionou de acordo com as alterações que lhe foram introduzidas por Sexa o PM. Tudo normal.

O tipo da Misericórdia de Atrásdosolposto – Se não se suicidaram, podiam ter-se suicidado.

Os partidos da geringonça – Isso de culpas era no tempo do Passos. Agora já não há disso.

O Chefe da GNR – As tropas agiram de acordo com o Código de Justiça Militar, nada a apontar.

Os Chefes das Forças Armadas – Cumprimos as missões. O resto é polémica.

O Presidente do IMA – Todas as informações prestadas estavam de acordo com a ciência disponível.

Sua Excelência – Tudo pelo melhor, mostrámos a força desta grande e nobre Nação!

*

Passos Coelho, o outsider, culpado por definição – Peço desculpa por me ter feito eco de uma informação que não tinha fundamento.

 

28.6.17

TERNURA

 

Julgo que ninguém poderá ficar indiferente perante as imagens da reunião do BE com o chamado PM acerca do incêndio.

A doçura do olhar, a candura do sorriso, o carinho das mãozitas, ai, filhos, que ternura se evolava do fundo da alma da dona Catarina! Um consolo para todos nós, pessimistas inveterados e relapsos.

Vejam, voltem ao programa, que vale a pena. No meio da generalizada estupefacção e do desgosto colectivo, há quem nos transmita o dulcíssimo sorriso do poder. Bem haja, dona Martins.

 

28.6.17

VEJAM A DIFERENÇA

 

No próprio dia em que foi levado por terceiros (já identificados e confessos) a dar uma informação, em si errada, mas que apenas serviu para sublinhar uma situação certa, o Dr. Pedro Passos Coelho pediu desculpa do seu erro e reafirmou a sua pretensão (de que era preciso mais assistência psicológica aos afectadospelo incêndio).

Passados pelo menos dez dias da tragédia, não houve ainda um só responsável oficial que pedisse desculpa do que se passou aos portugueses em geral e aos atingidos em particular. Nem o chamado primeiro-ministro, nem pseudo-governante nenhum, ninguém com responsabilidades se lembrou de pedir desculpa, de assumir os erros, de se dizer, sequer, também responsável. Andam para aí a sacudir a água do capote e a entreter o pagode com fantasias.

A indiferença política e a não auto-culpabilização dos responsáveis que por aí grassam não mereceram comentários ou denúncias que se vissem. Ao contrário, a informação errada que deram a Passos Coelho e o seu pedido de desculpa são alvo de manchetes, reportagens, condenações, vitupérios, artigos, parangonas televisivas, aproveitamentos políticos de toda a ordem. Vejam os títulos do dia, enojem-se com as palavras da “adjunta”, vomitem num tal Tadeu, e vejam se esta gente não faz inveja aos coronéis da censura!

 

27.6.17

TRIPAS À MODA DE LISBOA

 

É fácil imaginar o que seria se um alfacinha tivesse o desplante de se candidatar à Câmara do Porto. O invicto orgulho ofendido, o provincial pundonor ameaçado, as invejinas parolas à solta em estertores de indignação, mais um crime do centralismo, a tirania do Terreiro do Paço, o garrote do poder central, rua com esse mouro que ousa querer penetrar as invencíveis muralhas da “capital do Norte”!

Pois. Mas, em Lisboa, o candidato que é presidente sem ter sido eleito, coisa habitual lá no partido dele, quer - há quem diga que tem hipóteses - continuar, desta vez com legitimidade eleitoral. E é do Porto! Ninguém se ofende com isso, o que, convenhamos, marca uma certa diferença, não a favor do candidato mas da mentalidade alfacinha.

Não me passa pela cabeça votar no fulano. Mas não é por ser do Porto em vez de o ser das avenidas novas ou equivalente. Fosse ele coisa boa... mas não é. Digo-o em nome dos lesados pelas suas políticas absurdas e propagandísticas, em nome dos milhares de lisboetas que, em nome da “mobilidade”, passam horas engarrafados em sítios onde, há um ano, se circulava com relativa facilidade. Digo-o em nome dos sacrificados da Carris e do metro (empresas públicas, nossas, nossa um gaita!) que cada vez funcionam pior, que cada vez são mais lentas, que cada vez nos deixam mais tempo à espera, menos oferta, menos veículos, menos educação. Digo-o em nome dos bairros que carecem de atenção e de quem lá vive, enquanto o dinheiro se gasta em obras faraónicas a favor de meia dúzia de ciclistas em vez de se aplicar onde é preciso, em vez de se limpar os passeios, negros até os novos já começam a estar, para não falar das armadilhas e na porcaria dos antigos, ou nas maluquices, meu Deus!, que se fizeram no chamado eixo central e arredores...

Jamais votaria no melífluo e delicodoce boquinhas, que se apoderou da cidade para prejudicar o nosso dia a dia em favor da sua geringoncial propaganda.

Não! Este não leva o meu voto, seja ele do Porto, da Buraca, da Amareleja, de Campolide, ou do raio que o parta!

 

25.6.17

ENTÃO, E O PACHECO?

 

Rebrilhante ágape serviu para acantonar uma série de figuras sob a alta direcção da dona Manuela e dos senhores Rio, Sarmento e Capucho. Tudo gente que, com a violência conhecida, anda há anos a trabalhar na demolição do PSD em tudo o que é televisão, jornal, net, ou seja lá onde for que para tal sirva. Não, não se trata de nobres filiados da organização, que venham, ao longo dos anos, a procurar servir. Frustrados da política, incómodos nas prateleiras em que se meteram, demolidores profissionais dos seus. Até o Capucho, que continua a dizer que foi expulso do partido, o que sabe ser factual e estatutariamente falso, aparece como se lhe restasse alguma sombra de direito a pronunciar-se. E a dona Manuela? Fantástico! Protectora encartada da geringonça, condenadora feroz do seu próprio partido, frustradona mor da política, a dar largas à maior das latas. O Rio é um anjo caído no inferno da mais temerosa ambição, sem perceber que não passa de um bairrista sem outro préstimo que esse não seja. O Sarmento, o mais “moderado”, esse não percebe que a ambição o faz meter-se num ninho de víboras, todas claramente apostadas em fazer ganhar o Medina para depois aplicar as suas venenosas dentadas .

Uma sessão conspiratória, às claras, diga-se, já que de outra forma não teria os media serviçais da geringonça à disposição.

Uma nota para a historieta. O Pacheco não apareceu. Tiveram medo que a prática da traição lhes caísse em cima?

 

25.6.17                  

DA INTELIGÊNCIA CANHOTA

Segundo dados oficiais, os incêndios florestais ocorridos em matas geridas pelas fábricas de papel cifram-se em menos de 1% da totalidade. São tratadas por privados que defendem o seu património florestal sem precisar do Estado. Tais indústrias são respnsáveis por cerca de 11% das exportações do país, coisa de que a geringonça se gaba, como se tivesse alguma coisa a ver com o assunto.

Pois são tais indústrias o alvo principal da reacção do BE ao tema dos incêndios. De veludo com o governo, o BE (como o PC...), atira-se com canina raiva aos eucaliptos, base primeira da matéria prima do papel.

A que profundezas de estupidez pode o fundamentalismo ideológico levar é coisa que as pessoas normais deviam ver, e ajuizar em conformidade.

 

25.6.17   

QUEM, EU?

 

Seria mais cómodo o sacrifício de uma colega de governo, afirmou, peremptória e ufana, a desgraça humana, moral e política que desempenha, sem para tal ter sido eleita, o cargo de primeiro-ministro de Portugal.

Essa coisa, essa figura de proa (número dois!) do governo que desgraçou o país, esse real e total responsável pelo Siresp, esse arquivador de incómodos estudos florestais, esse comprador de Kamovs, esse parceiro responsável pelos negócios ruinosos fabricados pelo “mago” Lacerda, seu menino-bonito e mais-que-tudo, tem a lata de dizer que se justificaria a queda da miúda da polícia?

Quem, eu? Há para aí alguém que me impute responsabilidades políticas, executivas, morais? Há para aí alguém que pense que me deveria demitir em em vez de mandar a ministra às malvas? Quem, eu? Não percebem que isto não é um país como os outros, uma democracia como as outras, não veem que a moral republicana, se bem aplicada, me isenta de tudo o que é chato, não veem que isto dos sessenta e quatro mortos é uma chatice que terá milhares de culpados, todos menos eu? Não veem que eu navego de velas assopradas por Sua Excelência? Que estou fora de todas as borrascas?

Quem, eu? Era o que faltava.*

 

25.6.17

 

* Esta "citação" é fruto da penetração do IRRITADO na mente privilegiada do senhor Costa.

AS CAUSAS DAS CONSEQUÊNCIAS

 

Pensando mais uma vez no incêndio, acrescento:

Por mais voltas que se dê, por mais teorias que se invente, por mais razões que se aduza, por menos politização que se aplique, duma coisa não restam dúvidas: o número de mortos é inaceitável.

Quem está no poder devia assumi-lo, retirando-se envergonhado. Mas a vergonha, como é patente, não faz parte da cartilha dos sucessores do senhor Pinto de Sousa, dito engenheiro Sócrates, a começar pelo seu número dois, cúmplice político de todas as horas, hoje conhecido por primeiro-ministro, e a continuar na chusma deles que continua a dizer que governa, também eles sem assumir a bancarrota, e não só, de que são próximos ou afastados autores e co-responsáveis.

Com inquéritos ou sem eles, com reformas ou sem elas, com acções imediatas, mediatas ou imaginadas ou sem elas, o governante mor devia cair, usando a dignidade que lhe resta, e levar os demais consigo. Continuar a dizer que tem todo o direito a governar sentado sobre sessenta e quatro cadáveres, é tão inaceitável como a morte deles.

Não colhe  a palermice dos jornalistas que se atiram às canelas da chamada ministra dos fogos, coitada da rapariguita, a perguntar-lhe se se demite. Não colhe a repugnante ordinarice política de um chamado ministro das florestas. Não colhe a doçura das reacções do BE e do PC, outrora tão virulentos. Não colhe a branqueadora filosofia de cordel do Presidente da República.

Há momentos fatais na vida dos políticos. Mais uma vez, se vergonha houvesse seria preciso aceitá-los e às suas consequências. Mas parece que em Portugal as consequências são mais inacetáveis que as causas.

 

24.6.17

RIDICULÂNDIA

A malta às vezes entretem-se com coisas do arco da velha.

Ao longo da canícula, se não fosse a desgraça do fogo, teríamos continuado a viver com entusiasmo o doce fado do Centeno, ora ocupado com ronáldicos e ditirâmbicos elogios e altas esperanças, ora a braços com uns desmancha prazeres que, do lado do continente, vêm declarar que jamais passou fosse por que cabeça fosse que não a das penas alisadas com lusas lambidelas mediáticas, a peregrina ideia de o nomear sucessor do terrível Jeroen, seu feroz e trocista émulo. Assim defenestrado, o homem anda triste e os seus críticos agarrados à barriga, dando largas ao seu tenebroso gargalhar.

Entretanto, vamos vivendo outra história do mesmo género, desta feita apimentada por falhanços parlamentares e invejas paroquiais. Trata-se de trazer para este jardim nada menos que uma espécie de super euro-farmácia. A coisa foi aprovada com unânime aplauso parlamentar: Lisboa ia receber tão importante agência, a geringonça “criava” uma data de empregos, a Pátria era elevada a mais um píncaro de glória. Tal glória, segundo decisão unânime dos deputados, ficaria em Lisboa. A invicta indignação foi esmagadora, abateu-se sobre eles, uma data de votos ficaram em causa, e aí vão os mesmos dar o dito por não dito. Sim dissemos, ou disse o povo que representamos, que era em Lisboa, mas esquecemo-nos do Porto, carago! De tal maneira que, a estas horas, já Coimbra sonha também com carimbar aspirinas, antibióticos e pensos rápidos por conta da UE. Solução? Palavra atrás, cria-se uma comissão independente(?) para avançar com as candidaturas que houver por aí. O IRRITADO aconselha vivamente que considerem a propositura da Amareleja, para agradar ao PC, de Boliqueime, em honra do PSD, ou de Freixo de Espada à Cinta, para glória do CDS. O PS, partido universalista, saudará todas as candidaturas: venham elas, em toda a parte há votos. O BE fica numa encruzilhada, porque é um partido urbano, sem influências locais. Se o ridículo fosse frio, esquiávamos em Agosto.

Ah! Já me esquecia. Aquela rapaziada dos aventais, dos olhos arremelados dentro de triângulos, nada dada a profanos, anda em polvorosa. Um conservador, homem de grossa valia, bem demonstrada em várias frentes, entre as quais a do BPN e da SLN, opõe-se, vigoroso, indómito e persistente, a um intelectual, tão conhecido como enigmático, que quer abrir os templos e dar largas a liberalidades várias, todas pouco coincidentes com as nobres tradições da distinta organização. Vamos a ver quem ganha tão distinto torneio.Desta feita, se o ridículo fosse quente, íamos à praia em Janeiro.   

 

23.6.17      

PREGAR NO DESERTO

 

O horror dos incêndios, o calor, os feriados, o papo para o ar, etc., deixaram o IRRITADO sem pio durante uma data de dias.

Os fogos estão quase “ultrapassados”, pelo menos até ao próximo. O panorama político-informativo, dada a gravidade do assunto, é mais longo e mais excitante que de costume. Neste momento, já há pelo menos trezentos culpados, da trovoada aos incendiários, do aquecimento global à chamada ministra e ao chefe dela, dos bombeiros aos GNRs, das mangueiras aos Kamovs, do Manel Cèguinho ao presidente dos meteocientistas, do ordenamento florestal aos velhinhos que insistem em viver em casa isoladas ou aldeias medievais, até já há quem ponha as culpa ao Passos Coelho e à Cristas. Uma fartura, tudo a ver quem mais acusa, quem mais aparece na TV, quem dá ou modera mais entrevistas, quem fala mais alto, quem mais bitaita.

Os políticos assumiram a fabricação de remédios. Vão “legislar”. Parabéns à prima. Já ouvi isto mil vezes ao longo de muitos anos. No tempo da II República falava-se de “emparcelamento” mas, que eu saiba, pouco ou nada se “emparcelou”. Depois, houve leis e mais leis, todas elas salvíficas, que não salvaram nada. Parece que, para mexer nestes assuntos com alguma eficácia precisávamos de ressuscitar o Dom Dinis ou o Dom Fernando I. Mexer no território era mais fácil e mais eficaz na Idade Média que na era digital.

Talvez porque as preocupações fossem outras. Naquele tempo, o poder preocupava-se com o povoamento e a exploração dos recursos agrícolas e florestais. Hoje, a base de todas as preocupações é o chamado aquecimento global e a sua “mais que certa” origem nos malefícios da humanidade. O país inteiro entretem-se a gastar e deixar gastar milhões e mais milhões (quantos, quem faz as contas?) para “salvar o planeta”, como se o planeta não se estivesse nas tintas para tais diligências, como se o tempo do planeta não fosse outro, de uma escala outra, medida em milhares de milhões de anos, não em toneladas de CO2.

Enquanto a nacional bempensância se vai entretendo com estas coisas, ardem montes e vales, morre gente. Todos os anos a mesma coisa, este ano pior que os anteriores.

Sem ter nenhuma solução, nem na manga nem fora dela, deixem que diga que há coisas que se metem pelos olhos dentro. Os bombeiros, no defeso, deviam ir limpar matas. As casas isoladas na floresta deviam ser emparceladas em aldeias com condições. Devia haver condições para gerir o minifúndio florestal via associações ou outras martingalas administrativas. Por causa das trovoadas secas, devia haver pára-raios apropriados, coisa que não será difícil inventar. O dinheirinho desperdiçado em moinhos de vento, muito “ecológicos” mas caríssimos, melhor seria gasto em aceiros, meios técnicos de combate e vigilância. E por aí fora, coisas mais simples e mais baratas que muitas das que andam por aí e que parecem não funcionar.

E pronto. aqui vai um “parecer” sem pretensões outras que não as de desviar as atenções para coisas sérias, em prejuízo das “verdades” universais que entretêm as mentes da pobre humanidade.

Temos razões para temer a leis que aí vêm. Vão entreter o pagode, é certo, no meio de enorme alarido de deputados, ministros, secretários da estado, directores gerais, autarcas... Boas ou más, são capazes de ter o mesmo destino que tantas outras, isto é, o de não passar das páginas electrónicas do Diário oficial. E lá virão mais fogos, mais mortos, mais circo mediático e mais "especialistas" a pôr a cabecinha de fora.

 

23.6.17

AVIAÇÃO

Andam para aí a dizer tanto mal do amigo do chamado primeiro-ministro por causa da sua entrada de calçadeira na administração da TAP e, afinal, segundo os anúncios públicos, é adquirido que o dito senhor tem “vasta experiência em assuntos aeronáuticos” e é “grande conhecedor da aviação”. Competentíssimo.

Pois.

É verdade. O homem foi a chave mestra para o negócio do Brasil (manutenção de aeronaves), coisa que muito contribuiu  para a ruína da companhia ao encarregar-se de criar os necessários prejuízos para equilibrar as contas da empresa quando pública e, também agora, que continua maioritariamente pública. A fim de garantir a continuidade dos prejuízos, o amigo lá estará com a sua vasta experiência da matéria.

É claro que o senhor não se fica por aqui. Tratou de meter na TAP, pela porta do cavalo, uns chineses, amigos do patrão, senhor Ho, homem de alta competência em matéria de jogos da azar.

Perguntas estúpidas:

Onde estão os defensores do nacionalismo aeronáutico? Onde está o PS da “empresa de bandeira”? E os dos arredores? Onde está o triste Vasconcelos e a sua mentecapta maralha? Morreram?

 

19.6.17

OPORTUNIDADES DE EMPREGO

 

Não ando à procura de emprego.

Se andasse, meus amigos, o melhor que podia meter no currículo não era as habilitações, nem as qualidades humanas, nem a experiência anterior. Nada disso.

Ora experimente. O melhor, mesmo melhor, o que daria mais garantias de sucesso, seria dizer que é primo em terceiro grau de um amigo da mulher a dias que limpa a casinha do senhor Carlos César. Garantidamente, seria chamado a São Bento, recebido pela referida altíssima figura do PS, com cafézinho, água das pedras e o Portugal Socialista para ler enquanto esperasse, se esperasse. Depois, tudo correria sobre rodas, ou seja, à la carte. Então, que deseja? Tenho aqui várias alternativas: poderá ingressar no corpo de assistentes de política internacional, aqui, a meu lado; poderá ter um lugar de técnico especialista em detecção remota de ciclovias na Câmara Municipal de Lisboa; talvez prefira vir a ser quadro da agência europeia de trabalhos indescriminados ou, quem sabe, assessor na junta nacional dos produtos de marca branca... e há mais! Para já, penso que preencher esta ficha e pagar ao partido as primeiras seis quotas lhe ficará muito bem.

Preencha, caro amigo, preencha e faça a respectiva transferência de fundos.  

Ficará com o problema da escolha. Mas lá que arranjava um emprego, arranjava.

 

19.6.17

POUCA?

 

Passos Coelho chamou “pouca vergonha” à ida do amigo do Costa para a administração da TAP.

Enganou-se. O visado veio esclarecer o assunto de forma lapidar: “não tenho vergonha”, afirmou.

A vergonha do ilustre auxiliar do chamado primeiro ministro, nas palavras do próprio, não é pouca, é nenhuma.

O IRRITADO agradece o esclarecimento.

 

13.6.17

PAGAR MALUQUICES

 

Certamente por inadvertência, o jornal “progressista” e politicamente correcto chamado “Expresso” publicou um quadro intitulado “O que pagamos na factura de lectricidade em 2017”.

Segundo as contas do dito jornal, julga-se que feita com base em dados reais, as alcavalas da energia, que todos pagamos, somam, este ano, a módica quantia de 2.429,3 milhões de euros. Nesta bonita soma, os hediondos CMECs ocupam um lugar relativamente modesto – 320,1 milhões (13%), enquanto os frutos da política energética nacional, vulgo moinhos de vento, nos custam 1.316.9 milhões, ou seja, 54% das chamadas “rendas excessivas”. O resto, sem ser peanuts, tem expressão menos pesada, a saber: rendas dos municípios, 254.4; sobrecusto dos CAE a produtores, 154.3; défices tarifários, 153.6; interruptibilidade a consumidores 137.9; regiões autónomas, 45.9; garantia de potência a produtores, 21.9; terrenos, 13; outros103,4; sustentabilidade, -92.2.

Aqui há tempos, houve um investidor português que propôs ao governo a construção de uma central nuclear que garantiria uma produção de energia pelo menos equivalente à da floresta de moinhos de vento que por aí viceja. Não sei se a proposta era boa ou má. O governo da altura, sob a alta direcção do impoluto e honestíssimo senhor Pinto de Sousa, dito engenheiro Sócrates, também não sabia. A diferença é que eu gostava de saber, o governo não. Coerente com esta sensata posição, declarou que o assunto estava “fora da agenda”, não merecia que se fizesse contas. O resultado desta sábia decisão, só em 2017, cifra-se nos 1.316,9 milhões acima referidos, que vamos pagar, sob pena de ficar às escuras. Da hipótese nuclear não se sabe, mas há fundadas certezas de que nem de longe se poderia comparar à presente extorsão eólica. E, maugrado as opiniões dos ecoterroristas, teria um impacto ambiental incomparavelmente inferior.

A vida é o que é. Manda quem está na mó de cima, paga quem lá não está. Os chamados defensores do ambiente, que de tal pouco têm, estão no activo, são subsidiados pelo Estado (mais um custo...) e falam de ciência certa.  

Eu acho que CMECs, CAEs, défices tarifários, interruptibilidades e outras manigâncias deviam ir todas para o caixote do lixo. Se alguma tivesse explicação explicável ou compreensível, que  fosse cobrada por outra via que não a da ameaça de corte da energia de cada um, forma ultra cobarde de se fazer pagar.

Mais uma vez, a vida é o que é. A ditadura está metida nas frinchas da democracia e é protegida por “reguladores” a soldo do Estado: outro custo que nos vai parar ao bolso.

 

12.6.17

GRITARIAS

O grande argumento que tenho lido contra os OGMs (organismos geneticamente modificados) é o de que a “natureza”, perante a “ameaça” que tais coisas fazem às pragas, se vingará criando pragas novas. Sob esta capa, ou sem ela, vocifera-se contra as “patentes” - os fees cobrados pelas tenebrosas multinacionais que os inventaram e exploram.

Posto isto, veja-se o que é a história da humanidade no que tem de mais nobre, o domínio da tal Natureza, de forma a poder alimentar-se, progredir, viver, sem, regra geral, dar cabo dela. No caso das alterações genéticas, desde a mais remota antiguidade que o ser humano as pratica, mais que não seja via enxertos, cruzamentos, afinações de espécies, etc.. Sem tais práticas, nada do que comemos existiria.

Veja-se também o que, até hoje, foram os catastróficos resultados dos OGMs – nenhum. Nenhuma doença humana, nenhuma praga agrícola deles resultaram. O que de mau resulta é a berraria do ecoterrorismo, coisa que parece não pagar mal.

Epure si muove, dizia Galileu. O caso dos OGMs, a inquisição peudo ecologista berra, mas as culturas produzem o triplo. Os inquisidores actuais já não podem mandar as pessoas para a fogueira, mas chateiam à farta.

Parece que o PAN e adjacentes querem obrigar os produtos a declarar, via rótulo, se têm alguma sombra de OGMs. Ainda bem, estou de acordo: comprá-los-ei na mesma. Os demais que façam o que quiserem, na certeza de que terão, pelo menos, termos de comparação disponíveis.

 

12.6.17

DIGNIDADE

O alegado pai da Constituição (vai chamar pai a outro), Dr. Miranda, em boa hora - caso raro -, veio declarar que a falada greve dos juízes era inconstitucional. Não precisava. Ça va de soi. Qualquer cabecita mais ou menos pensante percebe isso. Qualquer teórico do sistema dirá isso, sem precisar de constituição nenhuma.

Os nossos juízes passam a vida a dizer que são independentes, que não devem satisfações a ninguém, que são o máximo, um poder, uma classe aparte. Será assim, mas não no caso deles. Ou mentem quando se colocam em bicos dos pés, ou não têm a noção do lugar que ocupam - ou deviam ocupar - numa sociedade decente. Quando lhes tocam nos interesses são uns tipos como outros quaisquer: sindicalistas, grevistas, quais órgãos de soberania qual carapuça. Com a agravante de querer manter a sua dignidade soberana e dizer que é isso que querem defender. Por muitas razões que tenham (não duvido que os planos da geringonça metam o pé na poça), o direito à greve é coisa que não assiste à soberania ou aos seus titulares.

Passam a vida a dizer que não são funcionários públicos. Terão razão. Então porque se comportam como tal quando acham que lhes convém? Estão escanchados: um pé de um lado outro do outro. Assim, à la carte.

 

Agora, a situação é esta: mesmo que arrepiem caminho, o mal está feito. O direito ao respeito e à consideração social, como a dignidade, não são coisas que se recuperam de um dia para o outro.

 

10.6.17  

SINAIS DO TEMPO

 

Imagine-se o que aconteceria se, no tempo do governo legítimo, o dito anunciasse um corte de 35% nas despesas de saúde. Imagine-se. Os partidos da actual coligação espúria bramariam, que estava em causa a mais maravilhosa criatura de democracia, era a economia de casino, mais numa manobra das forças hiperultrasuperneoliberais, o domínio do capitalismo proto-fascista, a coligação europeia contra a soberania nacional, etc., blablabla. O camarada Arménio juntaria triliões de tipos com boinas do Che, com estrelas vermelhas na ticharte, com bandeirinhas e papeladas, toneladas de barbudos tonitruantes, tambores e gigantones, todo o folclore a que a Avenida está já habituada; a dona Travoila, acabada de sair do cabeleireiro, daria vinte e oito entrevistas; o Arménio, de palanque, denunciaria mais esta arrancada do imperialismo; no Porto, os Aliados regurgitariam de marxistas, de pategos e de meninas à procura de visibilidade, num nunca acabar de justa indignação; as televisões embandeiradas em arco, os politólogos a tecer condenações, os economistas a ulular teorias...

Hoje, o suave senhor conhecido como ministro da saúde anuncia um corte de 35%. E então? Então, nada. Nem o Arménio, nem a Troila, nem o Jerónimo, nem as esquerdoidas, nada. Tudo sossegadinho, tudo em paz, tudo contente. Menos umas radiografias, menos umas cirurgias, menos uns transplantes, o que é que isso interessa desde que a coisa que temos como governo seja de esquerda?

Só falta vir sua excelência elogiar mais esta grande medida de bom senso, cheia de conteúdo patriótico e bem marcante dos afectos que estão na base da actual portugalidade.

   

9.6.17

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