O SOCIALISMO É A FILOSOFIA DO FRACASSO, A CRENÇA NA IGNORÂNCIA, A PREGAÇÃO DA INVEJA. SEU DEFEITO INERENTE É A DISTRIBUIÇÃO IGUALITÁRIA DA MISÉRIA.
Winston Churchill
O SOCIALISMO É A FILOSOFIA DO FRACASSO, A CRENÇA NA IGNORÂNCIA, A PREGAÇÃO DA INVEJA. SEU DEFEITO INERENTE É A DISTRIBUIÇÃO IGUALITÁRIA DA MISÉRIA.
Winston Churchill
Segundo o chefe dos bombeiros, a população e os autarcas, não houve, nos recentes incêndios, pessoal que chegasse. Tinha sido desmobilizado, uma vez que, oficialmente, já não havia mais incêndios. As torres de vigia das matas foram também fechadas, o pessoal foi para casa em boa ordem.
Assim, segundo o chamado governo, os incêndios dos últimos dias não cumprem o superiormente estabelecido são ilegais, uma chatice, uma vez que não se conformam com os ditames de dona Constança e do seu número dois.
É claro que este senhor já veio à televisão declarar de sua justiça que o tipo dos bombeiros e os outros são uma cambada de aldrabões, uma vez que as providências, para a época, estão todas em vigor.
Só que a época trocou as voltas à burocracia, e foi o que se tem visto.
A pergunta que o indígena tem o direito de fazer é o título deste poste. O que será preciso para que a tal Constança e o seu adjunto vão constanciar para casa? Que haja um terramnoto, um tsunami, um ataque terrorista ou outra desgraça qualquer que, mais uma vez, demonstre o que está demonstrado perante toda a gente? Ou será preciso que caia o governo em bloco (wishfull thinking) para que este parzinho de incompetentes, de passa-culpas, de ignorantes, de donos de lata estanhada, se vá embora?
Ontem, a distinta RTP1 brindou-nos com um esquema informático destinado a dar ao indígena a oportunidade de expressar “democraticamente” a sua opinião sobre o ingente problema de dar ou não dar aos meninos/as de dezasseis anos o direito potestaivo de mudar de “identidade de género” quando muito bem lhes apetecer, sendo os respectivos pais alvo de perseguição pelo Estado caso se oponham à decisão da criança.
O tal sistema corporizava-se num “site” chamado Paxvoice. Não consegui ler outra coisa que não fosse parvoíce, palavra bem mais adequada às questões em discussão. No entanto, os resultados da votação (não votei) foram esclarecedores: 82% contra, 18% a favor. Partindo do princípio que a “comunidade” GLBTMGAPXI+54 votou em massa a favor, ficamos com a noção da importância do problema para a sociedade em geral, isto é, concluímos que a esmagadora maioria das pessoas é contra e que as propostas de leis do do BE e do PS não passam de um disparate que nada tem a ver com a sociedade, antes são uma espécie de iniciativa guevarista para a mudar à força.
Peroravam, de um lado, duas senhoras, uma mais moderada, deputada do BE, a defender a cartilha do pensamento abaixo da cintura, outra, secretária de estado da geringonça, bem mais radical, à beira da histeria, a meter num chinelo a primeira, assim esclarecendo as pessoas sobre o estado do Estado, ou seja, do PS.
Do outro lado, um especialista em matéria de GLBTMGAPXI+54, munido de longa experiência no tratamento das respectivas disfunções, tentava pôr as coisas no são, sendo sistemáticamente interrompido pela locutora de serviço e provocando uma gritaria dos diabos da parte da chamada “governante”, que cruzava e descruzava a triste perna, numa espécie de delirium tremens. Havia também, do lado do juizo, uma ilustre jurista cuja preocupação maior era o facto de os projectos de lei em causa se limitarem aos géneros masculino e feminino, deixando de fora as outras letras. Eu, que até gosto dela, não percebi a intenção, mas enfim.
Há uma forma de tratar malformações, congénitas ou adquiridas, perturbações da personalidade, traumas psicológicos ou psiquiátricos, inadequações ao que é comum. São questões a ser tratadas com atenção pelo SNS. Compreendo o sofrimento de muita gente atingida, mas não é o mesmo que se passa com quem está doente, nasceu coxo ou ficou sem uma perna num acidente? Todos sofrem, todos têm o direiro a ser tratados, mas nenhum tem o direito de se auto-privilegiar, muito menos contra a sociedade que lhes oferece tratamento e apoio sanitário. O que passa disto é política no mais rasca e ordinário dos sentidos.
Quando se chega ao ponto de pôr meninos/as a decidir se hão-de implantar pilinhas ou abrir fendas sem opinião e ordem médica, psicológica e psiquiátrica, só porque lhes apetece, e se põe o Estado a perseguir criminalmente os pais que se opõem, entramos num mundo que nada tem a ver com o mundo do direito e da razão, submetido que fica à ditadura de pacotilhas radicais, de Catarinas e outras esquerdoidas, como a espernéfica secretária de Estado.
E ainda há quem diga que, na sua versão XXI, não há fascismo em Portugal.
Os proto-candidatos à presidência do PSD deram à sola. Por razões “pessoais”, dizem. Não acredito.
Compreendo o Montenegro, mas acho que devia ser mais sincero: teria dificuldade em renovar o partido por tão, e tão lealmente, ter servido Passos Coelho. Ou negava o “pai”, o que seria muito feio, ou deixaria tudo na mesma, o que, por injusto que se ache, não é o que se pretende.
O Rangel é mais difícil de perceber. As “razões pessoais” são indiscutíveis por natureza, mas, politicamente... O homem tem ganho prestígio ao longo dos anos, custa a crer que deite fora o capital que tem vindo a acumular.
Uma explicação que anda por aí é a de que o sucessor de Passos Coelho será um líder de transição, isto é, destina-se a durar pouco e a perder as legislativas de 2019, se lá chegar. Duas ideias discutíveis. A serem verdade, não abonam nem a favor do Montenegro nem do Rangel. Sê-lo-ão?
É fatal a manutenção de geringonça até 2019? Não é, por muito que Belém o deseje. É fatal que o PS ganhe as eleições, com geringonça ou sem ela? Não é, que as consequências dos “êxitos” da geringonça acabarão por se mostrar, com a crueza da verdade.
Ficamos com a candidatura de Rio e, desejavelmente, com a de Santana Lopes.
Rio, é sabido, será um prestimoso auxiliar de Costa, para além de porta voz de uma das maiores desgraças a que o país pode ser submetido: a regionalização, com a multiplicação da classe política, o país a retalho, a autonomia autárquica no caixote do lixo. Rio pode ter uma ou outra ideia digna de apreço mas, no fundamental, é nacional e partidariamente indesejável.
Resta Santana Lopes, homem com obra feita nos palcos a que subiu (enquanto PM não teve tempo para tal, dado o vergonhoso golpe de Sampaio), odiado por socialistas e quejandos que o julgavam preso aos varais da Santa Casa, com uma gravitas adquirida e um sentido político e de Estado inegáveis, conquistados numa longa carreira, feita de coerência desde a primeira hora. Como reagirá a máquina do PSD é coisa que ninguém sabe, embora se saiba que há por lá muitos gatos ansiosos por se arranhar.
As “directas” são uma lotaria vergonhosa. Entraram nos costumes políticos com desculpas “democráticas”, mas são o contrário do que dizem ser: um mar de caciques e de intoleráveis manobras.
Tudo é possível: desde a queda no inferno regional à afirmação de um Estado mais justo e de uma sociedade mais livre, menos enfeudada, mais virada para os cidadãos - cada cidadão como ser responsável, com direitos e obrigações.
O tenebroso Mendes, no mar encapelado das suas frustrações pessoais e do seu ódio marcelista ao PSD, veio reclamar contra a “falta de sensibilidade social” dos tempos da coligação.
Poupar os menos “ricos” a qualquer aumento de impostos é falta de “sensibilidade social”? Ou será falta de “sensibilidade social” lançar impostos para todos? Defender o SNS com unhas e dentes apesar dos apertos financeiros é falta de “sensibilidade social”? Ou sê-lo-á levar o SNS às tábuas, ao estado de coma, ao amontoar descontrolado das dívidas? Será falta de “sensibilidade social” reformar o ensino e obter bos resultados pelo país fora? Ou sê-lo-á levar o ensino aos vergonhosos resultados há dias conhecidos? Será falta de sensibilidade social instituir a avaliação dos professores? Ou sê-lo-á acabar com ela, para depois vir dizer que os professores são os culpados e precisam de “formação”? Será falta de “sensibilidade social” não ceder sistematicamente a interesses duvidosos (olhem o BES)? Ou sê-lo-á o contrário (olhem o NB)?
Os exemplos são mais que muitos, mas o ódio do Mendes, avô da geringonça, ultrapassa tudo.
9.10.17
NB. O erro de Passos Coelho foi favorecer social-democracia a mais e política liberal a menos.
Desde a mais tenra idade da III República, sempre houve, no CDS, aquilo a que poderemos chamar “tentação socialista”, ou, por palavras mais claras, a postura de “pau para toda a obra”. A primeira coligação de governo foi PS/CDS, lembram-se? Os mais altos dirigentes históricos do CDS (Freitas/Basílio…) são hoje destacados militantes do PS, ministros, presidentes de câmara, etc..
Para quem tenha dúvidas a tal respeito, eis que a dona Cristas veio desfazê-las, sem que haja lugar a dúvidas. Nas comemorações da “retumbante” vitória (3,..% dos votos expressos), a primeira atitude de “política geral” da senhora foi a de colocar o partido à disposição do Costa: se se zangar com a esquerda, cá estamos à disposição, não tenha medo, conte connosco.
Não me surpreende, é uma espécie de evolução na continuidade, um regresso à pureza da democracia cristã, versão Largo do Caldas. Para os geringonços, trata-se de uma posição patriótica com a virtualidade de poder garantir, haja o que houver, a conservação do poder por mais anos do que contavam.
O IRRITADO agradece o esclarecimento e a clareza ideológica de tão ilustre senhora.
Dona Inês é filha de um senhor de nome Vitorino de Almeida e de uma senhora Ferreira Esteves. No entanto, por artes que escaparão aos genealogistas, chama-se Medeiros. De Medeiros. Não se sabe se renegou os pais, se optou por apelido mais “nobre”, se foi uma questão de marketing, se outra coisa qualquer. Facto é que tem uma mana especialista em cenas ousadas que também é “de Medeiros”, o que leva a crer numa doce e fraterna opção das duas, já que há uma terceira que não entrou na jogada e se chama, com toda a propriedade, Vitorino de Almeida.
Enfim, diz-se que, em matéria de nomes, não deve haver mexericos nem críticas. O que acima vai não é nem mexerico nem crítica, só curiosidade.
A celebridade de dona Inês ficou a dever-se a uma história picaresca. A senhora, deputada socialista,foi, durante meses, passar os fins de semana a Paris por conta da Assembleia da República. Houve uns invejosos que denunciaram o esquema, e dona Inês viu-se coagida a comprar bilhetes de avião com os seus dinheiros. Uma injustiça, como é evidente. Em contrapartida, a coisa deu-lhe celebridade. Quem sabia quem era tal cidadã antes das viagens a Paris?
De tal maneira ficou célebre que o PS a candidatou à Câmara de Almada, evidentemente para perder. Mas ganhou. Parece que os almadenses estavam maioritariamente fartos do PC, o que é natural.
Meia aparvalhada com a vitória, resolveu a senhora dar uma de popularucha declarando que vai passar a ir para o trabalho de cacilheiro, eventualmente a fim de fazer esquecer as passeatas até Paris. Muito bem, até porque, é de ver, o Mercedes da Câmara a esperará em Cacilhas.
Mas… há sempre um mas, não é? A declaração de dona Inês acaba assim: “se me deixarem”, o que aponta para a hipótese de, por iniciativa de terceiros mal intencionados, o Mercedes a vir buscar a Lisboa.
Debaixo de um toldo, que o Sol está forte, a nata do regime (obrigação sem devoção, só miufa) juntou-se na Praça do Município. Houve cavalos e bandas, trombetas e trombones, bandeiras e discursos. O tenebroso Medina fez exigências, mais “competências”, mais dinheiro. O senhor de Belém deu as costumeiras dicas, consensos e outras patrióticas balelas, copiosamente comentadas por quem vive de comentar.
Malta, zero. Uns turistas a passar, meia dúzia de mirones, foi o resto, a mostrar a consideração das pessoas pelo 5 de Outubro e pelas nossas três brilhantes repúblicas: 16 anos de balbúrdia, perseguições e bombas, 40 de polícia política, censura e estagnação, outros 40 com três resgates socialistas, a culminar na geringonça.
Várias marcas nacionais têm sido batidas nos últimos dias.
1.Devidamente abafada pelos serventuários dos media, chegou a notícia da dívida do Estado: os 250.000.000.000 foram, finalmente, ultrapassados. Um feito notável, que muito deve orgulhar os adeptos.
2. Entretanto, a Comissão Europeia anunciou que o Estado geringonço é um dos mais notáveis caloteiros da praça continental. Assim: os prazos para os pagamentos do Estado, segundo as normas, devem fazer-se a 30 dias, ou até 60 em casos excepcionais. Acontece que o Estado geringonço paga, em média, a 300 dias, quando paga. Os tipos de Bruxelas não gostam, e ameaçam com os tribunais. A tão elogiada economia sofre, as empresas não recebem a tempo, são involuntários financiadores do chamado governo, mas não se fala nisso, impera o medo ou a subserviência. Nesta matéria, também batemos recordes. Que orgulho, meus senhores, que orgulho.
3. Outra importante notícia foi a da monumental derrocada do ensino básico. Os meninos chegam ao oitavo ano sem saber ler nem escrever, ou sem perceber o que lêem. Não sabem fazer contas, nem que a Terra anda à volta do Sol. Dois anos de geringonça, com o rapazola barbaças a mandar na coisa: eis os resultados. Segundo o chamado governo, a culpa é dos professores, coitados, que precisam de “formação”. Nada a ver com o “virar de página” do poder de esquerda, como é evidente. Resumindo, mais uma marca batida.
Há um ano, nos dourados salões do poder, na augusta presença do chamado primeiro ministro e perante luzida multidão de áulicos, chefes de coisas várias, gente importantíssima, deu a intragável Constança posse a uma senhora que, segundo os discursos, era a mais competente, a mais adequada, o máximo para chefiar o SEF. Houve abraços e beijos, elogios à fartazana, promessas e compromissos, palmas a rodos, só faltou a GNR a cavalo, com tímbales e charamelas.
A tão elogiada senhora foi anteontem posta na rua, sem mais nem menos, pela intragável rapariga. Razão da discórdia, a aplicação da lei celerada da geringonça sobre o asilo a estrangeiros, albergando-os desde que providos de uma carta de intenção. As máfias do comércio de carne humana, as redes terroristas e outras nobres instituições escrevem uma cartinha a dizer que o Abdula é um gajo porreiro e que, se aparecer por cá, será possível arranjar-lhe um tachinho qualquer. Perante tão transparente e humanitária intenção, o SEF passa a ser obrigado, sem mais aquelas, a receber o Abdula de braços abertos. Mais uma inteligentíssima iniciativa do BE, entusiasticamente votada pela geringonços e afectuosamente promulgada pelo senhor de Belém, contra o bom senso e as normas europeias aplicáveis. Mais razões: as bocas da Constança eram todas falsas: nem mais agentes, nem mais meios, nem nada que se parecesse. O SEF, como é público e notório, anda sem eira nem beira. Nestas circunstâncias, em vez de se cortar a cabeça à Contança (o que desde há muito se justificava), cortou-se a cabeça à outra.
É assim a geringonça, especilista em passa culpas, mestre na arte de sacudir a água do capote, rápida em acusar terceiros dos males que causa.
Dona Constança é, afinal, uma boa aluna do Costa, da Catarina e do Jerónimo, está ao nível deles, por baixo que seja. Em vez de se demitir, demite terceiros. Vergonha, dignidade, responsabilidade, são defeitos que não tem.
Um plumitivo com altas responsabilidades na nossa praça dizia hoje que as eleições foram dois pesadelos para o senhor de Belém.
Engana-se.
Primeiro: o referido senhor viu realizado nestas eleições um dos seus mais queridos sonhos, isto é, viu abrir-se o caminho para o fim de Passos Coelho como líder do PSD. Querem mais? Pesadelo ou vitória?
Segundo: outro grande objectivo conseguido, a estabilidade da geringonça ou, se o PC for suficientemente esperto para borregar, a vitória do PS em legislativas antecipadas com o triunfo final do seu protegido Costa. Querem mais? Pesadelo ou vitória?
Toda a gente criticou Passos Coelho por falar de política nacional, não autárquica, durante a campanha. A mesma gente, toda, depois das eleições, não fala doutra coisa que não seja a política nacional.
Façamos a vontade a toda a gente e vamos ver o resultado, numa perspectiva nacional:
A abstenção, no continente baixou 2,4%, na Madeira 1,7% e, nos Açores subiu 0,6%
No continente, o PS teve 38% dos votos, o centro-direita 31,7%
Nos Açores, o PS teve 45% dos votos, o centro-direita 45,2%
Na Madeira, o PS teve 27,9%, o centro-direita 43%
Portanto:
Não se vê onde pode estar a “sensível” e tão celebrada queda da abstenção
Não se vê onde está, a nível nacional, a “esmagadora” vitória do PS?
O cenário autárquico é diferente, mas não muito diferente do que foi há 4 anos, quando o Seguro pagou com a “vida” a vitória que teve. Se a vitória lhe mereceu a defenestração, que fazer, em boa coerência, com a vitória do Costa? Não digo que se corra com o ele, mas sublinho que o foguetório é um exagero, que se compreenderá por parte dos pêèsses, mas não tanto da cáfila interna do PSD.
Abreviando, quem não for geringonço que não se deixe abater. Bastará olhar com olhos de ver e ouvir com ouvidos de ouvir a trindade que ontem nos foi oferecida (o sapo dos Açores, a pérola do Industão e a bruxa de Setúbal) para ter uma noção da fealdade e da fantasia imperante.
Seria mais ou menos meia-noite quando, num restaurante da Pontinha, se reuniu o núcleo duro dos vitoriosos. Para uns, foram seis anos de luta sem quartel, para outros menos tempo, mas de combate constante e bem trombeteado pelos media.
Correu o espumante, os camarões com alho, as palmadas nas costas. Dos convivas, destacou-se, radiante de alegria, peruca pintada de fresco, dona Manuela: foi um trabalho duro, diário, muito estudo, muito pensamento, muita boca demolidora, mas, finalmente, ganhámos; e eu, eu fui a primeira a exigir a queda do rapaz, hi, hi, cá se fazem, cá se pagam. Marques Mendes até parecia mais crescido: um trabalhinho dos antigos, bem informado, sério, assertivo, fui uma espécie de exterminador implacável, falinhas mansas mas eficazes, lá para os lados do Restelo, não é, enfim, estão a perceber, há alegria, por aqui também, até que enfim! Pacheco, cofiando as melenas mal lavadas, sorria, mais um copo, voz profunda: sem desprimor para com o vosso trabalho, deixem-me dizer que sou o maior, foram anos a escarafunchar na TV com a ajuda do Jorge e do Xavier, e nos jornais, por toda a parte onde a minha gigantesca influência se manifestou, aguentei firme, tenho direito a louros, mais um camarãozinho, saúde!
Saúde, chin chin, cheers!
Do Norte chegou um telegrama do Rio, muito aplaudido. O Sarmento apareceu e foi recebido com todas as honras: levaste o teu tempo mas entraste a horas, disse o Mendes, à tua!
A notícia correu. À porta da Maviosa da Pontinha juntou-se um triunfal magote de outros vencedores, ou pretendentes a tal, acompanhados por uma delegação de ratazanas da campanha do Medina. Eu também me fartei de ratar, dizia aquele do programa da Teresa Coelho; e eu, eu que até escrevi coisas no Sol, cá estou, glória para todos, vae victis!
Fazendo o resumo da reunião, dona Manuela tomou a palavra. A verdade, disse, é que aprendemos umas coisas com o Costa, mas ele, reconheçamos, foi mais rápido. Em três penadas deu cabo do Seguro e, com outras três, fez-se com o inimigo e até mostrou que isso de ganhar eleições é pormenor; é vê-lo por aí como um lorde. Nós levámos mais tempo, foi um trabalho se sapa, de persistência, mas, como é evidente, de uma eficácia a toda a prova; chegaremos ao topo, a casa vai ser limpa, arejada, pintada, e quem vai mandar somos nós!
Entre frenéticos aplausos, a senhora foi levada em ombros até ETAR mais próxima, onde o Mexia, emissário do palácio fluvial, a veio confidencialmente cumprimentar.
Ouvi dizer que Sua Excelência o Presidente da III República, aqui maldosa e abusivamente conhecido por chairman da geringonça, apelou ao voto dos portugueses (em linguagem correcta dir-se-ia “dos portugueses, das portuguesas e dos/as/es LGBTGTXPLOCS++”) nas eleições autárquicas.
A impenitência herege e iconoclasta que pratico nestas páginas levou-me a pensar em não ir. O apelo do senhor, como tudo o que diz e faz, traz água no bico. Desconfiei: se ele manda ir, não vou. A coisa tem a sua irrefutável lógica.
Mas a minha alta consciência cívica - ou outra coisa qualquer, talvez um hábito inveterado, uma rotina de décadas - foi mais forte. Votei, e logo de manhã! Muito contente, voltei a penates a fim de dar parte ao mundo da minha corajosa decisão.
Pensando a realidade, há uma coisa muito mais importante que as eleições neste belo dia de serôdio Verão. O que, no fundo, preocupa os/as portugueses/as (…etc.) é o joguinho da bola entre o Porto e o Sporting. A malta, na bicha para os votos, estava distraída com tal e tão vital questão, o que, no douto parecer da CNE, pode prejudicar, e até infirmar, o resultado final do importantíssimo acto. Toda a razão. Os portistas, em vez de votar esclarecidos, estão a pensar no guru Pinto da Costa, os sportinguistas no tão delicado Bruno, os benfiquistas no Deus queira que empatem, assim perturbando a expressão correcta da vontade eleitoral de cada um.
Posto este senão, tudo vai correr com a maior normalidade, como é timbre de democracias adultas, caso da III República, não é? À noite, teremos as eleições a perturbar a academia da bola, os professores doutores do pontapé serão prejudicados nas suas “análises” pelos colegas do comentário político, em sã competição por audiências televiso-intelectuais. Vai ser uma noite em cheio. Quem ganhará, os professores da bola ou os académicos das bocas? Eis a questão.