O SOCIALISMO É A FILOSOFIA DO FRACASSO, A CRENÇA NA IGNORÂNCIA, A PREGAÇÃO DA INVEJA. SEU DEFEITO INERENTE É A DISTRIBUIÇÃO IGUALITÁRIA DA MISÉRIA.
Winston Churchill
O SOCIALISMO É A FILOSOFIA DO FRACASSO, A CRENÇA NA IGNORÂNCIA, A PREGAÇÃO DA INVEJA. SEU DEFEITO INERENTE É A DISTRIBUIÇÃO IGUALITÁRIA DA MISÉRIA.
Winston Churchill
O ilustre bastonário/sindicalista dos médicos, senhor Miguel Guimarães (não uso o Dr. por motivos óbvios, como se verá a seguir) revoltou-se, indignado, contra o facto de, em Portugal, qualquer licenciado ser tratado por Doutor. No seu douto parecer, já que não há remédio para os hábitos da Pátria, há que arranjar nova designação para os médicos.
Carradas de razão.
Quando eu tinha para aí dezoito anos, fui a Coimbra com uma malta da política. Foi o meu primeiro contacto com uns tipos da PIDE que me deram conselhos, se eu fosse a ti, rapaz, não me metia em bate-fundos. Não passaram daí nem me proporcionaram, mais tarde, o título aristocrático de anti-fascita com ficha. Na altura, deu-me para ir tomar um café ali para os lados da CP (Coimbra 2). Vai daí, o criado (que já não é criado, é empregado, funcionário ou, quem sabe, auxiliar operacional especializado em bicas) perguntou: o doutor deseja...? Olhei para todos os lados, a ver onde estava o doutor. Era eu! Fantástico. O engraxador (hoje será técnico especializado em aplicações pedológicas), solícito, perguntou: o doutor quer engaxar? Contentíssimo, bebi um café de saco, mas não quis a graxa, que custava cinco coroas.
Sinais dos tempos e dos costumes. Hoje, não faço ideia do que se passa em Coimbra, mas sei que, teoricamente, com licenciatura ou sem ela, tenho o direito inalienável a ser tratado por doutor, derivado ao bom aspecto, não a qualquer licenciatura. No barbeiro, também sou engenheiro e até arquitecto. Mas só até Badajoz. Uma chatice. Adiante.
Ainda jóvem, as voltas da vida levaram-me a ter umas reuniões com um espanhol muito importante. Era o “señor” Martinez. Estranhei que tão alto quadro não tivesse um títulozinho para animar as artes. Vim, depois, a saber que o “señor” Martinez era “engeniero de caminos” (civil, cá no sítio), arquitecto pela Complutense, tinha um MBA tirado em Harvard e era Ph.D. em várias especiosas especialidades. Coitado do “señor” Martinez, que mais não conseguia, a não ser um triste “Don Ramon”, e só por parte das secretárias e dos contínuos. Um horror, uma injustiça! O mesmo se passa, por exemplo, com a Senhora Merkel, ao que consta professora de Física ou coisa parecida na RDA. Veja-se o despautério.
É por estas e por outras que o impecável bastonário/sindicalista se revolta. Para ele, como acha que é na estranja, doutores são os médicos, e pronto. Os demais que vão bugiar. Mas, como ninguém vai bugiar para lhe fazer a vontade (as tradições são o que são), então decide que não quer ser tratado por doutor. “Gostava de uma designação nova”, diz ele. Uma coisa, acho eu, que distinga a classe em relação a todas as outras, muito mais abaixo. Muito bem.
O IRRITADO, modestamente, propõe várias alternativas. Por exemplo “Med”. Passávamos a tratar os médicos por senhor Med. No entanto, não faltaria quem transformasse o Med em Merd, como acontece com o Medina da Câmara. Outra hipótese, recorrendo a coisas mais clássicas, seria tratá-los por senhor Hipo, de Hipócrates. Mas confundia-se com hipopótamo, com hipócrita, com hipoteca, coisas algo chatas. Talvez recorrer a Esculápio, o que tem o inconveniente da terminação, rima com larápio e com marsápio. Também seria grave tratá-los por senhor Escu, por causa do cu. Poderiamos recorrer a fórmulas tradicionalmente pouco recomendáveis, como curandeiro, feiticeiro, bruxo, etc., sugestões que não me atrevo a, sequer, arrolar. Então, que fazer? Lembrei-do Panoramix. Senhor Pano seria apropriado, mas um tanto parvo. Senhor Amix? Não está mal, não se confunde com Obelix, mas parece uma marca de misturadoras.
Já fiz o que me compete para salvar a honra do senhor Guimarães. O conselho eventualmente mais adequado seria sugerir que deixasse de ser parvo. Mas isso, meus senhores, parece não ter remédio.
Como toda a gente sabe – os que gostam e os que não gostam – Costa é um espertalhão.
Os que gostam, acrescentam a esta unânime opinião uma série de qualidades, ou do que acham ser qualidades. Os que não gostam (nos quais, com muita honra, o IRRITADO se inclui), acrescentam o que está à vista: videirice, tramplonice, oportunismo, duvidosíssima honestidade, manipulação, propaganda enganosa, antipatia, alarvidade, troça rasteira, etc.
É com este espertalhão que Rio resolveu fazer as pazes. Visitinhas e abraços, protestos da mais alta consideração, vontade de colabrar (as lojas de cuecas, quando precisam de empregados, pedem “colaboradores”), tudo em nome da Pátria, do povo, da democracia, blablabla, que a banha da cobra está barata.
O camarada Costa, entre palmadinhas, afectos - e mal disfarçadas gargalhadas – já o pôs na ordem: diálogos, sim, desde que o PC e o BE não se oponham. Fica tudo dito, não é preciso mais: diálogo nenhum, só, talvez, fogo de vista. Rio não percebeu, mesmo bem explicadinho pelo Costa, que não há diálogo nenhum a não ser que ele, Rio, se ponha de acordo como PC e o BE (leia-se debaixo do PC e do BE) e, portanto, contra todos nós.
Nenhum rasgo, nenhuma proposta politicamente estruturante (redução drástica do número de deputados, revisão constitucional, criação de uma câmara alta, mudanças na lei eleitoral, círculos uninominais, círculo geral, liberdade de escolha previdencial, reorganização, a sério!, do território, honestidade do Estado, reversão das políticas de saúde e educação), nada de politicamente “fracturante”, nada de politicamente novo, nada de mobilizador, nada.
(Ao elencar propostas, não digo que sejam do meu agrado ou desagrado, só escolhi umas, poucas, das que podiam desencadear discussões que suscitassem algum interesse, ou seja, que valessem a pena em termos de futuro que não fossem compagináveis com os interesses, ou ideológicos ou obscuros, dos partidos comunistas).
Em vez disto, o que temos? Clichés que estão na moda e com que há quem concorde à esquerda e à direita, acompanhadas de nada de substancial, nada que possa indicar caminhos ou diferenças.
Pois não, para Rio, e até ver, o único caminho mostrado é o do “diálogo”. Até já veio, a mando do chefe, o nóvel e mal (pessimamente!) eleito líder parlamentar rioista, confessar que quer transformar os debates quinzenais em “sessões de trabalho”, momentos de cooperação, ou coisa que o valha .
Em menos de uma semana, Rio conseguiu esfrangalhar o partido, desiludir os crentes, pôr de rastos a sua proclamada “moral”, não dizer nada de relevante e, seu maior feito, abrir garrafas de champanhe no Largo dos ratos, dito do Rato. Ribombam por montes e vales, aldeias e cidades, as gargalhadas da grande festa dos murídeos.
O IRRITADO já por várias vezes se pronunciou sobre o assunto deste post. O acidente de anteontem com um autocarro de turistas que levaram com uma pernada no toutiço fá-lo voltar à carga.
Há coisa de cinquenta e tal anos, numa ignorada revista, o agrónomo Ribeiro Teles lançou uma campanha contra aquilo a que chamava “As podas extemporâneas das árvores de Lisboa”. Não sei se Ribeiro Teles tinha razão (ao longo da vida, às vezes, teve-a).
A coisa fez escola, de tal maneira que nunca mais houve podas, extemporâneas ou não, nas árvores da cidade. Ou seja, a CML aproveitou para deixar de gastar dinheiro com isso. As árvores dos anos cinquenta deram-se ao trabalho de crescer, e é vê-las entregues a si próprias, luxuriantes à vista mas condenadas à morte a curto prazo, em silvícolas termos e tempos, que são outros, não os dos humanos indígenas.
O desleixo camarário é botanicamente estúpido e socialmente criminoso. Muita sorte temos tido por ainda não ter havido desastres como o da Madeira, em que morreu uma data de gente, vítima de uma árvore abandonada a si própria.
Os frondosos ramos das árvores da Avenida da Liberdade e de outros “espaços verdes” da cidade lá estão, cada dia mais ameaçadores. De Maio a Dezembro, a Avenida é um túnel sombrio que faz o encanto de muitos, mas que põe em risco a vida das pessoas e a saúde das árvores.
Felizmente, ou nem por isso, temos um autarca que, rápido e sabedor, descobriu as causas do acidente na Avenida. Dando mostras de inigualável inteligência, a melíflua criatura declarou que o autocarro sinistrado e os turistas feridos foram vítimas da incúria da Junta de Freguesia. Estranho é que não tenha dito que a culpa é de Passos Coelho. Contentou-se com a Junta, a qual, ó espanto, é do PSD. E, levando o brilhantíssimo raciocínio um pouco mais além, tomou de imediato a douta decisão de mandar cortar, não uns ramos às árvores mas umas verbas à Junta, assim dando mais um exemplo da preocupação do poder com com a celebradíssima “descentralização”.
O caso das árvores ao abandono, mais do que um problema da sua sobrevivência, é um atentado à segurança, para não dizer à vida de cada um.
O IRRITADO aconselha vivamente a autárquica criatura a ir, por exemplo, a Paris, a fim de aprender como se trata das árvores das avenidas. Julgo que a saison está a acabar, pelo que o melhor é ir depressa e antes que se torne extemporâneo. Talvez aprenda por lá alguma coisa.
Em alternativa, deixe-se lá ficar. Aqui, não faz falta nenhuma.
A chamada descentralização é a menina bonita da discursata em voga. Ninguém sabe ao certo o que seja, mas toda a gente está de acordo. Ninguém sabe ao certo para que serve, como se fará, quais as consequências, as hipóteses de funcionamento, ou seja o que for. Como ninguém sabe nada, é uma maravilha, o verdadeiro consenso nacional, a unanimidae, a união, a “proximidade”, o diálogo, o interesse das populações, o futuro ridente e luminoso, a concórdia universal, o céu.
Seria bom pensar um bocadinho no mundo em que vivemos, antes de pensar no que queremos fazer com ele. As chamadas autarquias são um dos mais importantes produtores de burocracia que se conhece: a somar à selva de martingalas estatais, os municípios produzem regulamentos, inventam taxas, criam inferneiras de entraves, de requerimentos, de poderes administrativos sem peias ou limites, tudo somado a malhas de interesses e de fidelidades espúrias, de poderzinhos fácticos e funcionais, de guerras de papéis, tudo em nome do cidadão, contra o cidadão e à custa do cidadão. Ai de quem caia nas malhas do poder autárquico! A solução é ter uns amigos lá na câmara: assim, tudo se ultapassa. De outro modo, as mais das vezes a pena não vale a pena. Talvez eu esteja a exagerar: ele há também coisas relativamente simples, desde que se pague ou a taxa ou a gorgeta.
É em cima disto que o Estado quer construir a “descentraliação”, ou seja, é a isto que o Estado quer dar mais poder. Será bom? É legítimo duvidar. Como o Estado é, em si, um selva burocrática, pouco ou nada terá a ensinar. Descentralizar arrisca-se a não ser mais do que multiplicar por 350 os males de que o próprio Estado enferma, e somá-los aos seus.
Enfim, as boas almas tendem a dar ao Estado o benefício da dúvida. Depois, logo se vê. Os consensos estão na moda. As asneiras também.
Há alturas em que a necessidade de dizer coisas ultrapassa o tolerável. Olhem para estas duas:
Guterres foi o mais amado de todos os políticos portugueses, disse o senhor de Belém. Amado por quem? Porquê? Duas perguntas que ficaram no ar. O Presidente chegou à conclusão que, ele mesmo, ama o adversário de sempre. Ama o homem que se opôs ferozmente a Mário Soares nos tempos em que este metia o socialismo “na gaveta” para tentar salvar o país dos buracos em que o tal socialismo o tinha metido e prometia uma social-democracia a sério. Ama o PM que, depois de nos aproximar da ruína, dava à sola na primeira oportunidade.
Cada um ama o que ama. Mas inculcar que os portugueses amam Guterres acima de todos é falso, abusivo e ilegítimo. Tenho Guterres na conta de boa pessoa, mas não é nessa qualidade que os portugueses o conhecem, ou apreciam, ou amam, até porque, como pessoa, não o conhecem de parte nenhuma. Como político, que é o que interessa, quem o amará, para além de Marcelo?
O PS sempre esteve disponível para todos os diálogos, afirmou uma senhora que, com outros membros da família, faz parte do inner circle de Costa. Este, como é do conhecimento geral, jamais dialogou a sério fosse com quem fosse, para além, é claro, da geringoncial parceria. A brincar, talvez o tenha feito, isto é, os acordos a que chegou à direita foram, sem excepção, metidos no caixote do lixo. E, se se alapou com o poder, foi por recusar o diálogo em que os portugueses tinham votado. Eu sei que o papaguear ignaro da dona Ana Mendes tem, para nós, tanta importância como as eleições no Vanuatu. Mas, que diabo, é preciso lata, isto é, desonestidade visceral, para dizer que o PS é o campeão do diálogo.
O teatro conciliatório montado por Rio com a generosa colaboração de Santana não passou disso mesmo: teatro. A “unidade” apregoada durou 24 horas. Morreu às mãos do seu criador. Ao puxar para o pódio a paspalhona-mor da Nação (antes o Pacheco Pereira, disse um tipo qualquer, com carradas de razão), arruinou a propalada conciliação. Com consequências imediatas: não teve maioria no conselho nacional, todos os seus resultados foram medíocres. Dividiu o partido que se propusera unir. Pode ser que venha aconseguir arrepiar caminho, mas o mal faz-se num minuto e leva anos a curar.
Os gatos foram re-metidos no saco no exacto momento em diziam que lhes davam uma oportunidade de paz e sossego. Agora, esgadanhem-se, que é o costume.
Rezam as crónicas, unanimemente, que Rio é um homem sério, exigente consigo e com os outros, um fulano que traça linhas rectas, não tergiversa, não cede a pressões, etc., um mar de elogios que não tenho motivos para pôr em causa.
Não tenho, ou não tinha? Não tinha. Como pode um homem com tais qualidades fazer de uma criatura do calibre da dona Elina responsável número dois da sua direcção política? Uma fulana ligada a um tal Marinho (que dispensa apresentações), que deixou a Ordem dos Advogados mergulhada em má gestão, em favorecimento, em falta de controle, etc., a braços com investigações do Ministério Público e do Tribunal de Contas, populista desbocada, demagoga irresponsável, sem imagem pública outra que não seja o histerismo das queixas (crime!) contra o PSD e o seu governo (queixas, como é óbvio, liminarmente arquivadas por quem de direito), uma desgraça de pessoa e, além do mais, confessa protectora do Pinto de Sousa.
Ou as qualidades a Rio atribuídas são um mito, ou será que o homem, desta vez, deixou que o enganassem? Não sei.
Infelizmente, não foi só esta escolha que põe em causa a sua justa fama. Rio não terá culpa das “técnicas eleitorais” do seu amigo Milheiro, nem dos seus contratos com os amigos em casos do género “relva sintética”. Mas não pode deixar de saber que tais modos de fabricação de eleitores ou que tais contratos geram dúvidas que, até ver, não tiveram, nem desmentido, nem contestação que se veja. Porquê pô-lo onde o pôs?
Onde vão parar a seriedade, a exigência, as linhas rectas, a firmeza contra as pressões? O menos que pode dizer-se é que o capital de que Rio dispunha é chamuscado, se não deitado ao lixo logo à primeira penada.
É pena. Rio fez em discurso notável, mostrou séria intenção reformista, revelou convicções firmes de uma social-democracia moderada, sem laivos de socialismo, pôs a nu, com cristalina verdade, os malefícios do poder vigente e os miseráveis caminhos por onde a geringonça se arrasta e nos arrasta, teve a coragem de se oferecer para um diálogo que sabe impossível enquanto houver Costa, enquanto o PS for a pervesa comédia em que se transformou.
Sou eleitor do PSD sem jamais ter sido social-democrata. Mas admiro a qualidade do discurso de Rui Rio, mesmo onde não concordo com ele. Precisamos de homens que saibam pôr pontos nos is e, sobretudo, que sejam capazes, como admito que Rio seja, de apontar caminhos - e de os levar avante - que nos dêem o esperança no futuro que o PS trata de arruinar todos os dias.
Pena é que fique, pondo em causa à partida a credibilidade das suas ideias, este horrível mistério. Se, antes disto, me dissessem que as suas escolhas seriam as que vieram a ser, diria que o estavam a insultar.
Tinha dedicado este espaço a duas brilhantes escolhas de Rui Rio para a cúpula política do PSD: uma parvalhona inqualificável, suspeita de várias trambiquices e mísera traidora do partido, e um suspeito de fraude eleitoral e não só. Tanto uma como outra destas inacreditáveis escolhas já estão por aí bem caracterizadas e despidas, leia-se denunciadas, para que alguém precise, a este respeito, das observações do IRRITADO.
Mais vale mudar de assunto e voltar a uma história de que já me fiz eco: a decisão unânime dos nossos deputados de autorizar a doce presença de caninos durante as nossas refeições em locais públicos. À altura, por mero divertimento, vaticinei que outras espécies poderiam partilhar do nosso gastronómico convívio. Segundo as notícias do dia, porém, o meu exagero nada tinha de exagerado. Era profético. É que os senhores deputados estenderam a coisa muito para além das cinorefeições. Doravante, poderá o leitor levar para os restaurantes petfriendly não só cães como lagartos papagaios, iguanas, jacarés amestrados, o que preferir, para além, como é óbvio, das respectivas carraças, pulgas, piolhos e outras simpáticas espécies. Consta que o tipo do PAN distribuirá gratuitamente fichas de inscrição no partido a todos e que, após aprofundado estudo e filiação em massa, produzirá um decreto destinado a consagrar o direito de voto, primeiro aos papagaios, mas extensível a curto prazo pelo menos às carraças.
Em princípio, nada tenho contra a existência de embaixadores de fora da carreira. Há disso por todos os lados, maxime nos EUA, país em que os embaixadores são amigos do presidente, e pronto. Uns pecam por defeito, outros por excesso. Por cá, até tem havido embaixadores "paraquedistas" que fizeram um bom trabalho. Lembro-me, por exemplo, de Ernâni Lopes, em Bona, ou do Dr. Cutileiro, a quem hoje nem o mais corporativista dos profissionais de carreira nega o título de embaixador.
Isto a propósito da nomeação do senhor Nóvoa para embaixador numa coisa qualquer, sita em Paris. Bom sítio, não é?, desejado por tutti quanti.
Uma organização sindical (?) de diplomatas resolveu dar à casca, isto é, revoltar-se contra a subtracção de tão invejável posto à lista dos lugares que são de sua propriedade. Um "okupa" no galarim? Não!
Sobre o nomeado, nem uma palavra. Faz-lhes confusão que um "paisano" seja nomeado, mas não lhes faz confusão nenhuma que seja o tal Nóvoa. Parece que até gostam de um dos mais lídimos representantes da esquerdoidice nacional, um geringonço de alto coturno, metido até ao pescoço nas movimentações do protocomunismo nacional, um tipo que nada tem a ver com a relativa independência política que se exige de um emaixador. Isto não faz confusão aos distintos diplomatas nem ao seu sindicato.
O lugarzinho é o que importa, e muito. Se o Nóvoa fosse enviado para o Burquina Fasso ou para o Iemen, diz-me o mindinho que ninguém protestaria...
É do conhecimento geral que o Reino da Noruega é o país do mundo com maiores reservas financeiras. Há por lá dinheiro aos pontapés, ciosamente guardado para qualquer eventualidade. De onde provém tal dinheirão? Do petróleo!
Também é sabido que a Noruega é o país mais limpo, menos poluído, mais amigo do ambiente da Europa, ou do mundo.
Ora, segundo os algarvios, gente culta e sabedora destas matérias, havendo petróleo há poluição, cartéis criminosos, desrespeito pelo mar e pela costa, enriquecimento ilícito de odiosos capitalistas, desgraças e mais desgraças. Parece pois que o caso norueguês – e, já agora, o escocês – ou são mentiras “monárquicas”, ou andam para aí botas a não dizer com as perdigotas.
A ignorância “social” tem destas coisas. As mentiras repetidas são insofismáveis verdades. Pelo menos, é o que diz o politicamente correcto, que tantas benesses tem trazido à humanidade.
Segundo a senhora dona Ana Paula, dita mui ilustre ministra do mar, “ser mulher não a prejudica”, já que tem “uma excelente relação com os pescadores e os estivadores”.
Ficamos a saber que os diligentes pescadores e os mui educados estivadores, das duas uma: ou cedem aos encantos da senhora, ou a senhora cede às preces dos rapazes.
No caso dos estivadores, ficou patente o brilhantíssimo acordo a que com ela chegaram: a senhora deu-lhes o que queriam, e pronto. O Porto de Lisboa ficou o mais caro e o menos eficiente de todos, os sindicatos reforçaram os seus poderes de exclusiva contratação de novos colegas, horários, turnos, etc. continuaram na sua quase exclusiva alçada, ninguém lá põe o pé sem autorização corporativa, e assim por diante. Como é que os estivadores não haviam de gostar dela?
Já com os pescadores fia mais fino. Coitada, a senhora viu-se obrigada a a limitar a captura de sardinha, mas foi a tal coagida pela criminosa União Europeia. De resto, não há razões de queixa que se veja. O IRRITADO confessa que não está ao par de grandes movimentações nesta área, mas, a avaliar pelo que com os estivadores se passou, compreende a angelical harmonia reinante entre os pescadores e a senhora.
Ainda bem. haja paz entre os homens (e as mulheres!) de boa vontade.
Nos tempos da bronca da CGD ficámos a saber que o camarada Centeno era dado a “erros de percepão”. No caso, o erro serviu para disfarçar a montanha de aldrabices com que o dito tinha brindado o pagode. Caso encerrado. A malta, causticada por semanas de mentirolas, acabou por comer daquilo.
Mas os erros de percepção são hábito reiterado do homem dos bilhetes do Benfica. Ontem, numa das suas discursatas, disse que as boas notícias económicas se devem às políticas da geringonça, que “conforme previsto”, tinham aumentado as exportações. O que ele tinha previsto era que o tal relançamento fosse obra do aumento do consumo. Era mentira, como toda a gente sabe. Ou, na centênica linguagem, um erro de percepção.
Os orçamentos do Estado, esses, são um mar de erros de percepção. No tempo do governo legítimo, quando era preciso dinheiro fazia-se um orçamento rectificativo, coisa que a geringonça acha criminosa. Agora, trata-se as necessidades com cativações, com dívidas monumentais à economia e com discursos triunfalistas. Os erros de percepção orçamentais não são objecto de qualquer sombra da famosa “transparência”. São opacos, alteram-se por despacho, não por decisão parlamentar. A malta, essa, já come erros de percepção aos pontapés. Com o hábito, deixou de dar por isso.
Sinais dos tempos, da palavra honrada e da página revirada.
Estou de acordo com o PC e o BE no combate aos contratos a prazo. O problema é que os partidos comunistas, mais recauchutados ou menos recauchutados, têm, como sempre, as “soluções”, só que de pernas para o ar.
No caso, a fim de lutar contra os contratos a ditos a termo certo, os dois partidos clamam por uma reforma laboral que recoloque, correctas e aumentadas, as normas caídas há cerca de 5 anos. Mais uma reversão que, excepcionalmente e por enquanto, ainda não obteve o acordo do chefe da geringonça.
Se os comunistas, tanto estalinistas como enverhoxistas e similares, quisessem, com alguma sinceridade, lutar pelos contratos de trabalho sem prazo, proporiam o contrário, ou seja, a liberalização da lei laboral.
Porquê? É simples. Os empregadores, dada a, ainda brutal, rigidez da lei, fogem dos contratos sem prazo porque não querem ficar amarrados a colaboradores que não colaboram, que não se adaptaram, que não estão à altura das tarefas que lhes estão destinadas, que fazem gazeta por tudo e por nada, que abusam dos atestados médicos ou que, simplesmente, se tornaram redundantes em função de alterações na vida da empresa. É essa a razão do “triunfo” dos contratos a prazo.
Se a comunagem der a volta ao generalíssimo da geringonça, ver-se-á, inevitável, a consequência lógica: nova proliferação dos contratos a prazo. A cáfila sabe isto tão bem como eu. Então porque quer agravar o que diz querer “curar”? É simples: o objectivo é criar agitação, arranjar bodes expiatórios e, enganando os trabalhadores, vir a pôr de pé os “amanhãs que cantam”, pôr a malta toda às ordens dos sindicatos, já que nos sindicatos manda ela. Sobre as ruínas de uma sociedade anquilosada pela propaganda, construir um poder indiscutível.
Não foi sempre esse o resultado do verdadeiro socialismo?
Não falta por aí quem se revolte contra a PGR. Um rol a que tivemos acesso enumera, por exemplo, o inevitável 44, o trotzquista Louçã, o story teller S. Tavares, o aparatchique Adão e Silva e o seu alter ego Marques Lopes, o inacreditável Porfírio Silva et alia, tudo minha gente a dizer cobras e lagartos da PGR, numa espécie de batida, a ver quem consegue abater a lebre: Joana Marques Vidal.
A cruzada está em marcha. Quem se mete com quem não interessa que se meta tem os dias contados.
Toda a gente sabe que o caso da mendigagem de bilhetes para a bola não prova nada, a não ser o deslumbramento saloio do senhor Centeno, a suas falhas de dignidade, a sua pequenez social. Mas, levantadas suspeitas, investigou-se. Três depois, verificou-se que não havia nada a investigar. A PGR cumpriu a sua missão. Ponto final. Mas os tipos da batida meteram esporas às cavalgaduras e aí vão de longada tratar de desacreditar o que só merece crédito.
Que saudades tem esta malta dos doces tempos em que os órgãos de soberania “cooperavam” de tal jeito que se reconhecia a ininfrigível inocência dos seus! Há suspeitas, arquive-se. há gravações? Queime-se! Era tudo tão simples...
TAMOS UM PRIMEIRO-MINISTRO INTELIGENTE, PRÁTICO, SÉRIO E RESPEITADOR DA PALAVRA.
Quem disse isto? O Ferro? O César? O Louçã? A Catarina?
Não!
Quem isto disse foi um tipo tido por do centro direita, conservador e liberal, gestor de coisas grandes, advogado de bons clientes, comentador soft da televisão, rapaz prendado, nortenho, especialista em cravos e ferraduras. Eslareço: trata-se de António Lobo Xavier, intelectual de serviço nos bastidores do CDS, muito conhecido via “quadratura do círculo”.
Vidinha a quanto obrigas! Poder quanto vales! O visado Costa passa, com a facilidade das conveniências, de esperto a “inteligente”, de ausente de escrúpulos a “prático”, de manobreiro a “sério”, de trambiqueiro a “respeitador da palavra”.
Não direi, sobre o tal Xavier, que no melhor pano cai a nódoa, porque não conheço o pano dele. Não direi que do céu caíu um anjo, porque daí só cai quem lá está.
Andaram os jornais do fim de semana entretidíssimos com o chamado ranking das escolas. Páginas e páginas, gráficos, classificações, critérios, tudo seguido de pareceres, elogios, críticas, um mar de comentários. Tudo bem.
Ou tudo mal, se virmos a opinião de gente tão grada como o chamado ministro da educação que, logo seguido por uma das manas esquerdoidas, veio a correr dizer de sua justiça. O rapaz revolta-se contra as “lógicas hierarquizantes” do ranking e as suas consequências descriminatórias. Já se sabia que este neocomunista primário era contra tudo o que cheirasse a diferença. Avaliações? Nem pensar: funcionam contra a “igualdade”. Nem avaliar professores, nem alunos nem escolas, nada! Nada de “lógicas competitivas”.
Sublinha a criatura que o tal ranking não é obra do ministério. Havia de sê-lo? Claro que não, o ministério não avalia coisa nenhuma, não tem que saber o que corre bem e o que corre mal, não tem que tomar decisões que possam significar que há alunos bons, maus e assim assim. O mesmo no que se refere aos professores e a tudo o mais que cheirar a “diferença”. Se está mal, não se melhora, o ministério não julga não pensa nem avalia: nivela, e se, para nivelar, for preciso nivelar por baixo, nivele-se na mesma: o importante é que todos fiquem “iguais”, nem que fiquem todos igualmente ignorantes ou mal ensinados.
É clássico. São assim as “massas”, ignaras e destinadas a ser conduzidas pelas “vanguardas esclarecidas”, isto é, pelo partido ou por quem o representar.
Os resultados desta filosofia já estão à vista. Não vale a pena sublinhá-los mais uma vez. O que vale a pena sublinhar é que o chamado primeiro ministro ouve as teorias e vê os resultados – destinados a agravar-se brutalmente com o passar do tempo – das políticas do seu governo, e assobia para o ar ao mesmo tempo que se diz democrata, europeu e apostado na “qualidade”.
Os senhores generais do exército que disseram que o roubo de Tancos foi só de sucata, material a abater, sem importância nenhuma, que se puseram de rastos perante o governo e lhe cohonestaram a propaganda, fazem agora parte dos subscritores de um documento que, preto no branco, diz que estão em risco as missões das forças armadas, vítimas das políticas do governo. Dando crédito à opinião que o IRRITADO já tinha sobre eles, vieram logo a correr declarar que em parte alguma tinham escrito, ou assinado, o que tinham escrito ou assinado, isto é, que estavam em risco as missões das forças armadas.
É claro que estes distintos militares estão sob as ordens de um palhaço que não só não percebe nada daquilo que diz tutelar, como é perito em asneiras e ridículas patacoadas. Terão essa desculpa. Mas, militarmente falando, há muitas formas de discordar do poder sem se insubordinar. A subserviência é que de militar nada tem.
E agora, senhor de Belém, que fazer? Já não é “comandante supremo”?
É conhecido e reconhecido que há, nos serviços diplomáticos, uma tendência, ainda que pouco generalizada, para albergar deficientes sexuais. Normalmente, trata-se de gente discreta e bem educada. Tudo bem, segundo a tradição e, ainda mais, segundo o que é moderno, bem visto e até admirado.
Posto isto, pergunto: quanto custará , em Bangcoque, alugar um salão de luxo para receber 150 convidados? Seja quanto for, é muita massa. E pergunto mais: servem as instalações das embaixadas de Portugal para dar festas privadas com as quais o Estado nada tem a ver? Não me parece.
Posto isto, verifica-se que o Exmº Embaixador de Portugal na Tailândia resolveu casar-se com outro deficiente sexual e que sesolveu dar uma luzida festança... na embaixada do país que representa. Verifica-se também que a “cerimónia” e o copo de água foram fotografados, o que é natural, e que a reportagem cobriu duas páginas de um jornal português.
Aposto que, se se tratasse do casamento de um homem e de uma mulher, não faltariam protestos pela utilização abusiva das instalações. Tratando-se de quem se tratava, ninguém piou, o que prova a sobranceira importância dos portadores deste tipo de deficiência.
Pior, poderá até pôr-se a questão de saber se o Ministério do trauliteiro S. Silva autorizou a coisa, o que, a ser verdade, mais acentuaria, com chancela oficial, os privilégios da dita classe.
Ontem, um membro do governo de Sua Majestade Britânica chegou atrasado a Westminster. De tal maneira que não teve oportunidade de responder a perguntas de uma deputada da oposição que para tal se tinha inscrito.
Falta grave. Um bife que se preze não chega atrasado. Assim, o senhor pediu a palavra para apresentar as suas desculpas à The Right Honorable Baroness Não-sei-quê. Fê-lo, contrito e envergonhado, num discurso em que se auto-arrasava pela tremenda falta. No fim, para surpreza da House, declarou que, para se redimir, não tinha outra solução que não fosse apresentar a sua demissão à Mrs. May. Esta parece não ter aceite o sacrifício, mas não sei o que veio a seguir.
O homem talvez tenha exagerado, sendo patente que a ofendida fazia menção de perdoar a horrível falta.
Mas fica como termo de comparação. Por cá, temos um primeiro-ministro que só responde ao que lhe apetece, as mais das vezes trocando alhos por bugalhos. Chega atrasado quando e como lhe dá na gana, acha muito bem que os seus ministros mendiguem bilhetes aos clubes de futebol, tenham crises de falta de “percepção” ou digam mentiras “constitucionais”, segura no poder fulanos e fulanas que metem água por todos os lados, não sabe de nada do que se passou quando foi número 2 do Pinto de Sousa, mete os pés pelas mãos quando há alguma crise, passa a vida a gabar-se do que não lhe diz respeito e a sacudir a água do capote do que lhe não dá jeito, mente quando lhe convém, é um surfer da política...
...e nunca mais há uma onda que o leve!
Por um nanomicron do que o nosso chamado primeiro-ministro faz todos os dias, o ministro britânico envergonhou-se e demitiu-se. Dir-se-á que foi mais um caso de boa educação que uma atitude política. Daí que o o nosso bem-amado Costa tenha, afinal, razão: é que a boa educação, manifestamente, é coisa que não faz parte dos seus skills.
Para quem anda por aí há uns anos com alguma atenção, é patente que o ilustre Rangel é, sempre foi, um tipo sinistro. Para além de umas bambochatas futebolísticas que fizeram história, sempre foi, honra lhe seja, um fiel propagandista do Pinto de Sousa e, provadamente, seu activo protector judicial.
Um indivíduo pouco recomendável, como por aí há tantos. Só que, alegadamente como se diz agora, parece que, à semelhança do seu protegido, não lhe desagradava fazer umas visitas ao baú. Daí que o rabo lhe tenha ficado de fora, pelo menos segundo o Ministério Público e o Correio da Manhã.
Ao isto escrever, o IRRITADO não está, que ideia, a fazer julgamentos na praça pública, nem a debitar populismos. Nada disso. Não resiste é a dizer que não vai à bola com o cidadão em causa. Uma personalidade, de que, confessa, se tem esquecido de contemplar nestas páginas da forma simpática que merece.
Quanto ao resto, a Justiça que se embrulhe ou desembrulhe do assunto.