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irritado (blog de António Borges de Carvalho).

O SOCIALISMO É A FILOSOFIA DO FRACASSO, A CRENÇA NA IGNORÂNCIA, A PREGAÇÃO DA INVEJA. SEU DEFEITO INERENTE É A DISTRIBUIÇÃO IGUALITÁRIA DA MISÉRIA. Winston Churchill

irritado (blog de António Borges de Carvalho).

O SOCIALISMO É A FILOSOFIA DO FRACASSO, A CRENÇA NA IGNORÂNCIA, A PREGAÇÃO DA INVEJA. SEU DEFEITO INERENTE É A DISTRIBUIÇÃO IGUALITÁRIA DA MISÉRIA. Winston Churchill

SELECÇÃO NACIONAL

 

A visita do senhor de Belém ao Trump tem sido universalmente elogiada. Grande triunfo da diplomacia portuguesa, alto exemplo da importância de Portugal no mundo, na Europa, no Atlântico, extraordinária performance política, pessoal, pontos nos is, etc, não há encómio que o senhor não mereça.

Confesso que não dou por tanto brilho nem por tão relevante importância de tal visita. Defeito meu, com certeza.

Há uma passagem do presidencial diálogo, muito louvada, que chamou a minha atenção. Quando, mais ou menos a despropósito, o nosso Presidente se espraiou em elogios ao Ronaldo, Trump perguntou-lhe se o tal Ronaldo, de tão bom, não poderá vir a ser candidato à presidência. E – aqui é que bate o ponto – a resposta foi: “Portugal não é os Estados Unidos”. O que, vistas as coisas com olhos de ver, quer dizer que, em Portugal, um Ronaldo não chega a tal, como chegou um Trump qualquer. Quer dizer: Portugal não é a bagunça política dos EUA, não basta a futebolística (ou a televisiva) fama para chegar ao topo da política. Leio isto como uma ofensa ou, pelo menos, um pontapé na gramática da diplomacia.

Mais um erro meu - o de ter dado por isso. O Trump, por burrice ou por não estar para chatices, não deu por nada, não se ofendeu, ao contrário do que lhe é habitual não deu à casca. Nem por nada deram, cá no sítio, os comentadores, os jornais, as televisões & companhia.

O assunto não foi censurado, foi seleccionado para não vir à tona. É o que chama selecção nacional.

 

29.6.18

DA “PROTECÇÃO” DO TRABALHADOR

 

Em mais uma brilhante iniciativa do BE, do PC e do PS, leia-se da geringonça, foram feitas umas contas sobre os benefícios fiscais concedidos às empresas pela criação de postos de trabalho sem prazo.

Segundo os números publicados pelos diversos grupos de trabalho que, sob a alta direcção da esquerdoida Mortágua - a quem o PS obedece como um lulu -, andaram a tratar do assunto, em 2015, as dez empresas que mais utilizaram tal facilidade empregaram cerca de 1.700 pessoas. De 2015 e 2016 não foram publicados elementos, mas foi-o que o número de novos trabalhadores subiu. Nesta ordem de ideias, é de estimar que o sistema ajudou a criar uns 6.000 postos de trabalho sem prazo em três anos.  

Mas, no superior entendimento da esquerda, o dinheiro assim poupado às empresas foi muito e não produziu resultados que se vissem. Não direi o contrário, até pode ser que seja verdade. O que há a perguntar é onde vai parar a patacoada do “fim da precariedade”, a política do imobilismo no trabalho, a “protecção dos trabalhadores”. É que, com o argumento da poupança para o Estado, esta gente empurra as empresas para reforçar... os negregados contratos a prazo.

É claro que o argumento verdadeiro nada tem a ver, como é evidente, com os trabalhadores, mas sim com a progressiva perseguição às actividades económicas e ao “grande capital” que anima as hostes da dona Mortágua, Costa incluído. Em vez de baixar o IRC, condição sine qua non para melhorar a economia, a geringonça arranja ínvios caminhos para o aumentar, mesmo que tal contrarie as suas apregoadas intenções “sociais”. É política da pura, bolchevismo em marcha com o apoio dos antigos democratas do PS.

 

28.6.18

ESTUDOS

 

Os actuais tempos presenteiam-nos, dia sim dia sim, com toneladas de estudos, todos eles feitos por “entidades” altamente credíveis, versando as mais variadas matérias e apresentanto estatísticas formidáveis, esquemas, gráficos, argumentos, tudo devidamente rotulado de científico, académico, universitário...

Há estudos e estatísticas para tudo, da influência dos atacadores dos sapatos na travessia do deserto à permanência de atavismos alimentares na dieta dos esquimós, um nunca acabar de temas, de “descobertas”, de sugestões, de influências, de objectivos, de critérios.

Por exemplo, aqui há dias li no jornal que a sociedade comercial DECO, muito prestigiada entre nós, após profundíssimos inquéritos, chegou à conclusão que o supermercado Lidl era mais caro que o Continente, o Pingo Doce ou o Jumbo. Não ponho em causa a fiabiliadade destes estudos e destes estudiosos, ponho em causa a minha inteligência. É que não conheço vivalma que não ache que o Lidl é o mais barato de todos. Devo ser eu que percebo mal a coisa.   

Outro estudo a que a minha inteligência não tem acesso é às conclusões, aparecidas em jornais e TV's, de uma tal Mercer, seja isso o que for. Após avaliar 375 cidades do mundo inteiro (é obra!), a dita Mercer chegou à conclusão que Lisboa é a 93ª cidade mais cara du orbe. Achei estranho. Uma tabela publicada nos jornais diz que, em Lisboa, um café custa 2,5 euros, um litro de água sem gás 85 cêntimos e que alugar um T2 sem mobília custa 2.000 euros por mês. Tratei de investigar. Fui à pastelaria da esquina, onde uma magnífica bica me custou, como é habitual, 70 cêntimos, sabendo eu que também as há, por toda a parte, a 60, ou 65. Depois, fui ao centro comercial aqui do bairro, onde verifiquei que o preço da água sem gás engarrafada anda entre o 20 e os 49 cêntimos. Dei então uma volta pela Net, à procura de T2 para alugar sem mobília. Encontrei um por 2.000 euros, mas tinha jaccuzi, 170 metros quadrados, num prédio de Luxo com vista de rio, a estrear. Os T2 mais normaizinhos andavam entre os 800 e os 1.500 euros, mais ou menos, tudo preços propostos e, como é obvio, sujeitos a oferta. Acresce ainda uma pequena verificação: um pão de 1Kg, fatiado, custa aqui na zona 1,2 euros,mas no estudo da tal Mercer, seja isso que for, custa nada menos que 2,91 euros, assim, com toda a precisão.

Quando tanto se fala em fake news e em verdades alternativas, aqui temos alguns exemplos deste novo e nobre vício. Ou então sou eu que não consigo perceber o alcance, a magnificência, a fiabilidade, os objectivos de certas organizações, que fazem, sem sombra de crítica, a delícia da chamada “informação”.  

 

27.6.18

DIGNIDADES

 

O senhor Macron (em Portugal seria o doutor Macron) deu uma lição de moral a um fedelho que o tratou por “Manu”. Chamou a atenção do rapazola para que aquilo não é maneira de tratar o presidente da república. Fez ele muito bem.

Por cá, o Presidente da República, impecável, de fatinho e gravata, recebe em audiência no Palácio Real de Belém chusmas de políticos e de outra gentalha, ostentando jeans, devidamente desargalados, camisa aberta, em total e provocatório desprezo pela Presidência e pelo Presidente.

É normal. Esta gente é assim, dir-se-á com razão. Mas já não é nada normal que a presidência não tenha um serviço de protocolo que obrigue os carroceiros do BE, do PAN e quejandos a vestir-se de acordo com a dignidade do lugar onde estão e da pessoa que os recebe.

Eu sei que o presidente que temos, mais que popular é popularucho, que não se importa se, pelo menos na rua, o tratarem por Marcelo (se calhar até gosta) nem que lhe respondam aos beijinhos com palmadas nas costas, como se se tratasse do vogal da freguesia ou do camaradinha da capelista. Eu sei que o presidente que temos anda a banhos em cuecas onde lhe dá na gana e come todas as rodelas de chouriço que lhe metem na boca.

Mas, que diabo, em audiência formal, é demais aquilo a que se sujeita sem uma palavra, sem um mínimo de exigência, sem um adjunto qualquer que, pelo menos, ponha à disposição do carroceiros uma muda de roupa num pequeno vestiário à porta do palácio.

Fica a sugestão do IRRITADO, certamente destinada a não produzir qualquer efeito.

 

26.6.18    

NOME DE MUSEU

 

Com justificado orgulho, Portugal criou “The first global village”, como alguém lhe chamou. Espelhado magistralmente nos Lusíadas, esse orgulho acompanhou a Nação durante séculos. A Monarquia caíu em boa parte porque contra ela foi esgrimida a acusação de não ter conseguido defendê-lo (cedência ao ultimato britânico). A primeira República foi quase diria ultramontana na sua defesa, ao ponto de se meter numa guerra sem sentido, com outro objectivo que não fosse o de o manter vivo (nobre povo, a marchar contra os canhões). A segunda República explorou-o à exaustão, apropriou-se dele, nesse aspecto mais não fez que seguir a primeira com outros métodos. A terceira acabou com o Império, mas manteve o orgulho, implantou a esfera armilar na bandeira, consagrou o orgulhoso hino, criou uma comunidade com os que da espansão provêm e, à excepção dos brazões da Praça do Império, manteve os testemunhos, a simbologia, os monumentos que comemoram a expansão e a presença global de Portugal.

Lá fora, mais do que nunca, há quem escreva sobre a obra portuguesa, a descoberta do Orbe, os horizontes rasgados pelos portugueses. Em Washington fez-se uma exposição dedicada à abertura do mundo nos séc. XV e XVI, onde Portugal ocupava o lugar que lhe competia, o primeiro.

Até que... até que uma nova “filosofia” surgiu dos esgotos das universidades e das “fracturas” da esquerda nisso especializada. A Universidade de Coimbra, por exemplo, tem um instituto dedicado exclusivamente à denúncia do orgulho e à implantação de um sovietismo bacoco. O politicamente correcto tem cogumelos ideológicos a brotar por toda a parte. A ideia de um Museu dos Descobrimentos é cuspida nos jornais com as mais variadas desculpas, julgamentos, aplicação dos valores propriamente ditos e dos valores com aspas do séc. XXI aos sec. XV, XVI, XVII e XVIII.

Uma nova história vai sendo escrita, propagandeada sem escrúpulos por uma comunicação “social” sedenta de novidades. Como os nazis queimavam livros e incendiavam sinagogas, a “nova” esquerda queima a História propriamante dita para a substituir pela que a ideologia impõe. O caminho é clássico, conhecido, repete-se com nova roupagem. Sobre as ruínas de um passado recriado fundar-se-à o “homem novo”, o novo escravo do Estado omnipotente.

No meio disto, o mais grave é que a esquerda “velha”, o PS, se encolhe, medroso e merdoso, não resiste, não denuncia, hesita, entrega-se, traindo os seus maiores da primeira República.

De calças na mão diante da Catarina, Costa deve andar a pensar num novo nome para o Museu dos Descobrimentos.

 

26.6.18

UMA BORRADA OFICIAL

 

Num célebre ataque de estupidez (defeito ou feitio), o chamado ministro da saúde resolveu anunciar que ia mudar o Infarmed para o Porto. A coisa era de tal maneira destituída de sentido que toda a gente pensou que não passaria de uma boutade, um fait divers, uma parvoíce a esquecer, uma promessa à maneira de PS.

Porém, segundo por aí se anuncia, era verdade! Por um lado, compreende-se: o PS, já que não cumpre promessa nenhuma, quis dar um exemplo ao contrário. Só que escolheu o mais idiota de todos. Facto é que está prevista a mudança para o 1º de Janeiro de 2019. Se eu fosse lisboeta como os portuenses (nem todos) são portuenses, propunha a mudança do Instituto do Vinho do Porto para Lisboa. Uma troca cheia de lógica, não é?

Duzentos cidadãos, provavelmente cidadãos de segunda, farão as malas, abandonarão as suas casas, continuando a pagá-las se for o caso, mudarão as escolas das crianças, deixarão de ir à bola, outro médico de família, outros vizinhos, outros amigos, tudo para satisfazer o provincianismo primitivo e invejoso de um tal Moreira e o oportunismo ditatorial da geringonça.

Sou o mais possível a favor da mobilidade, acho que todos devem ser livres de se mudar, de ir para o local de um novo emprego, de ir fundar um negócio noutras paragens, de preferir a cidade ao campo, o litoral ao interior, ou vice-versa. Tal não tem, como é evidente, nada a ver com a mudança obrigatória, ao sabor dos caprichos do poder e aos ditatoriais ditames de um governo, para o qual, no caso, o adjectivo “estúpido” é o mais suave.

A comprová-lo, as declarações desse idiota chapado que os portuenses elegeram presidente da câmara. Disse ele que se preocupava com os funcionários do Infarmed (93%!) que não querem mudar-se para o Porto (uma ova), preocupava-se muito mais com os alfacinhas que vão lá passar o fim de semana e não ficam por lá. Recomendaria à criatura que fosse passar um fim de semana ao Bangladesh, e ficasse por lá. Não fazia cá falta nenhuma, nem sequer aos portuenses que têm dois dedos de testa e que, quero eu achar, são a maioria.

 

26.6.18

POBRE PSD!

 

Matos Correia bateu com a porta da cara de Rui Rio. Estava farto de ser ministro-sombra do saco de gatos do chefe. Farta está também a maioria dos apoiantes do PSD. Vítima de paroquialismo demencial, Rio não tem mão em nada nem em ninguém. Os seus ministros-sombra andam em roda livre. Cada um diz o que lhe vem à cabeça, quando lhe vem à cabeça. Para além de se “fazer” com o PS, Rio não tem política que se veja, não faz oposição à geringonça, não manda no partido, não “conquista” a sua bancada. Mudou-se para o Porto, sítio onde não há deputados, anda às turras com o presidente do grupo parlamentar, enfim, cada cavadela cada minhoca.

Depois, há o cúmulo do ridículo e da incompetência política. No auge da confusão, o líder manda o secretário-geral anunciar que vai almoçar na 4ª feira com o Negrão! Espantoso. A bronca rebenta e, uma semana de pois, vão almoçar. É que o líder está no Porto em vez de na sede do partido! Se só lhe apetecesse vir até cá abaixo daqui a três meses, daqui a três meses tratava do assunto! Se o seu indiscutível ódio a Lisboa é mais forte que ele, então vá-se embora antes de dar cabo da única alternativa possível à desgraça da geringonça.

É demais. Há quatro meses que os eleitores do PSD (como eu) esperam que Rui Rio perceba o que está a fazer e ganhe alguma consciência das suas responsabilidades. Mas já é de pensar que jamais sairá da toca em que se meteu.

 

 

24.6.18

ESTULTA ESPERANÇA

 

Parece que o Sporting, finalmente, se vai ver livre do senhor Bruno de Carvalho (não é meu primo). Bem vistas as coisas, é-me indifrente que o presidente do Sporting seja este tipo ou outro qualquer. Se o mais importante país do meu mundo é “gerido” pelo Trump, por que carga de água não há-de o Sporting sê-lo pelo tal Bruno, uma espécie de Trumpinho do 4º esquerdo?

O que me trás não é, portanto, a situação do Sporting: é a da informação. Depois meses a aturar, todos os dias, horas e horas, as facetas, facécias, façanhas e pantominas do homem na TV e nos jornais e, ainda pior, muito pior, os chorrilhos de opiniões dos habituais catedráticos da bola, ora correctos e aumentados com mais umas dúzias de envolvidos, candidatos, comissários et alia, aturámos ontem  o apagão a cem por cento de tudo o que é informação em favor da famosa assembleia geral que pôs o jagodes com dono. Isto em quatro canais de TV, supostamente informativos. Todo o dia. Toda o serão, sem intervalos. Ontem nada se passou pelo mundo fora, o senhor de Belém não deu beijinhos, o Costa não se espraiou em aldrabices, nem sequer houve desastres, nem notícias da Polícia (estava toda em Alvalade). Várias vezes fiz a estulta tentativa de ver se o disco já tinha mudado, mas o disco esteve rachado até à hora da deita.

É o país que temos, disse-me alguém, não tens que te queixar. Pois não, a verdade é que já não tenho idade para emigrar e que vejo a asneira que fiz por não me ter ido embora em tempo útil. Se me tivesse pirado da tropa, era hoje um notável anti-fascista com lugar de honra nas panóplias da III República e, quem sabe, com lugar à minha espera no respectivo panteão.

A alternativa é não abrir a televisão. Mas tenho que a pagar como se abrisse, que o socialismo não vai em tretas e corta-me a electricidade.

Ainda bem que o fulano foi corrido, diz-me uma esperança pouco esperta de que as coisas mudem. Resta saber o que vem a seguir, isto é, o que vai a geringonça arranjar (com a ajuda da “informação”) para distrair as pessoas do buraco em que as anda a meter.   

 

24.6.18

MODAS E PADRÕES

 

Há para aí quinhentos anos, passou Diogo Cão uns dias de férias em praias africanas, hoje no território da Namíbia. Não consta que tenha feito guerra ou tropelias de maior à tribo dos Namas, habitante daquelas longínquas paragens.

Em testemunho da sua passagem, erigiu junto ao mar um padrão sinalizando essa primeira passagem do homem branco, passo importante na abertura e mútua descoberta de continentes e povos.

No século XIX, os alemães entraram por ali dentro à cacetada e, entre outras simpáticas realizações, trataram de fazer mão baixa ao padrão e embarcá-lo para casa. Ainda hoje está num museu qualquer da RFA.

Como é de moda hoje am dia, a República da Namíbia, um dos raros países africanos onde há sossego e bom governo, tratou de reivindicar a posse das caninas pedras. Muitas diligências houve, até que, algures na Alemanha, foi organizada uma conferência histórico-diplomática sobre o assunto.

Julgo que não houve conclusões, ou decisões sobre a matéria. O que chamou a minha atenção foi a posição de Portugal: nem diplomatas, nem historiadores, nem académicos, nada nem ninguém, que se saiba. Parece que estava lá um português, mas em representação de uma universidade britânica!

Ou seja: o nosso governo e a nossa inteligentsia, tão anchos em reivindicar e comprar o que de cultural, nacional ou estrangeiro, por aí aparece, ou não quis gastar uns tostões para dar lá um salto, ou nem sequer soube da nada.

Não acho que Portugal devesse reivindicar a posse do padrão do navegador. Mas seria lógico e legítimo que exigisse que fosse colocado no local de origem, como testemunho da primeira passagem de um europeu, e português, por aquelas inóspitas terras, até então desconhecidas.

Todos sabemos da raiva ignorante, odiosa e criminosa do parceiro privilegiado do PS (o BE) contra tudo o que seja História propriamente dita. É de calcular que, se o governo se preocupasse com o tal padrão, fosse alcunhado de racista, esclavagista e outros mimos pela dona Catarina Martins.

Mas, que diabo, o Costa pedia-lhe desculpa e mandava alguém representar os nossos interesses na tal conferência. Era o mínimo.

 

21.6.18

DEFENDER O INDEFENSÁVEL

 

É conhecida a tendência suicida de Rui Rio, apostado em apoiar o governo quando há cada dia mais razões para o atacar, e atacar a sério e com coisas sérias. O homem, cheio de “preocupações com o país”, não faz outra coisa que não seja propôr-se apoiar o governo, como se a política do governo tivesse alguma coisa a ver com o proclamado “interesse nacional”. Afinal, para que serve ser líder da oposição? Para ter as mesmas ideias da situação? Apetece dizer que a alternativa à filiação do BE no PS (manobra em curso) é o PSD de Rui Rio. Talvez o P.N.Santos e o Galamba se oponham à ideia, mas parece que o Costa não irá contra.

Não fica por aí. Poderia dizer-se que a subida da dona Elina Marlene à cadeira de vice-presidente era um perdoável erro de casting. Mas não é. O senhor Rio não se fecha em copas sobre o assunto. Manda o secretário geral tomar a defesa da dita indivídua, como se a sua acção pública não fosse de permanente traição ao PSD, das maiores tropelias na Ordem dos Advogados e do seu alinhamento com o inacreditável Marinho Pinto e o seu moribundo partideco. Foi o que se ouviu ontem no Parlamento. Para vergonha do PSD e de todos nós.

Não me canso de perguntar o que levou à escolha de tal criatura para tão alta posição no partido. Desconfio, e muito, que há razões ocultas e inconfessáveis. Ponho desde já de lado qualquer outra hipótese.

 

18.6.18    

SANITAS CÉLEBRES

 

Aqui há anos, apareceu nos jornais uma notícia surpreendente. O Prof. Cavaco Silva queria alterar a casa de banho do seu andar. Cumpridor, pediu licença à CML. Coitado, não sabia no que se estava a meter. No fim de longo e moroso processo, a pretensão foi chumbada e, segundo as notícias da época, as reclamações do ilustre cidadão também. Não sei como acabou a saga, mas imagino o desespero do munícipe perante as atitudes desse inimigo público que é a CML. Quem quiser mexer na casa de banho, o melhor é arranjar um biscateiro que lhe faça a obra, ciente do molho de nabiças em que se mete se recorrer às autoridades “competentes”.

Vem isto a propósito de um novo caso, quiçá com mais “molho”. O espantoso comendador Berardo, figura grada de várias artes, também quis uma casa de banho nova. Vítima dos processos camarários e dos tipos do condomínio, andou em bolandas, papéis e mais papéis, projectos, licenças, o costume, negas e mais negas. Frustrado, recorreu aos tribunais. Parece que as alterações propostas não eram conformes à lei. Mas o espantoso Berardo não foi de modas, achou, coitado, que as negas eram inconstitucionais porque ignoravam que o cidadão “tem o direito, para si e para a sua família, a uma habitação de dimensão adequada, em condições de higiene e conforto”, e o que estava em causa era a sua “higiene e conforto”. Recorreu para o Tribunal Constitucional. Este, olimpicamente, mandou passear o comendador, respondendo que não tinha nada a ver com casas de banho e que a do comendador é culpada de nada menos que “de frontal desrespeito pelos procedimentos legais imperativamente exigidos”.

Donde se conclui que isto de casas de banho é coisa regulamantar e legalmente mal cheirosa. E que a Justiça, ou o que lhe queiram chamar, funciona também contra os “poderosos”, sobretudo aqueles que querem fazer as suas necessidades e procedimentos higiénicos com comodidade e até algum prazer.

 

18.6.18

REGRESSO AO PASSADO

 

Todos nos lembramos dos tempos que antecederam a crise. Havia fartura. As pessoas tinham crédito para tudo, compravam casas, automóveis, iam de férias, tinham “empréstimos pessoais” a qualquer título, tudo a contar com o futuro glorioso que o PS garantia a toda a gente. Sabe-se o resultado desta fartura. O país chegou à bancarrota, centenas de milhar de portugueses também. Veio a troica, o governo legítimo encetou uma inevitável política de austeridade, cujos efeitos negativos se sentiram mas, em termos de futuro, largamente superados foram pelos positivos.

Veio o governo do usurpador, a austeridade continuou sob novas formas, os funcionários receberam umas massas para se calar, promessas aos potes, propaganda às toneladas. Apesar do governo, vieram os turistas. Os privados exportaram mais sem precisar do governo para nada, o BCE desatou a despejar milhões, a conjuntura internacional melhorou, isto é, vários bilhetes premiados, incluindo a desbragada ajuda presidencial, sairam à coligação que não é coligação mas dá no mesmo. A banca privada, acusada, quase sempre  com razão, de malbaratar milhões, foi seguida, correcto e aumentado, pela banca pública. Aos poucos, o Estado Social - saúde, educação... -, começou a pagar as facturas das “reversões”, chegando a inacreditáveis extremos, como nunca se tinha visto durante o governo legítimo, mesmo no auge da crise. Todas as previsões económicas do PS, tecnicamente perfeitas, sairam furadas. Eis senão quando, ajudadas por pequenos estremeções vindos do exterior, as brechas apareceram, as classes privilegiadas da coisa pública sentiram-se enganadas, o PC aproveitou para sair à rua, sua mais forte especialidade. O chamado ministro das finanças - ou das cativações - assustou-se e, de repente, desatou a negar as suas teorias, tanto as que imaginara enquanto técnico como as que produzira enquanto político.

Entretanto, a propaganda produziu os seus efeitos. O endividamento das famílias, só em habitação, sobe todos os dias a uma velocidade estratosférica: só no primeiro trimestre deste ano foram 2,97 mil milhões. Em automóveis, a situação é do mesmo tipo. No resto ainda não vi números. Poupança, zero. Tudo anuncia novas chatices, como sempre pela mão do PS.

Mas o povo é sereno. Consta que o dito partido, havendo eleições, terá uma votação histórica. E nem o senhor Rio, que devia denunciar a situação, dá sinais de se mexer: pelo contrário, parece contente com o que se passa. O Presidente, esse, continua a provar presuntos e a dar beijinhos. Que mais nos há-de acontecer?

 

18.6.18

PORTUGAL NOVO

 

Parafreseando o Estado Novo, aproxima-se o Portugal Novo.

Em marcha, a coligação BE/PAN tem já pronto para discussão e aprovação o projecto que levará, a curto prazo (conforme declarado), à abolição das corridas de touros. Para já, a divulgação televisiva de tal barbaridade será relegada para as horas da pornografia, a frequência do abominável espectáculo passará a ser só para maiores de 45 anos, etc., até à sua final extinção.

O mesmo acontecerá, mais tarde, ao fado, expressão tradicional de marialvismos e falocracias

 

Trazido ao poder pela mão de António Costa, o BE não dá tréguas na criação do homem novo, sonho de Marx e Mao, que deixará de se chamar homem (palavra sexista), estando ainda em estudo a criação de uma nova designação, talvez “primata inteligente”, designação que o PAN considera ofensiva para os macacos. Em alternativa, o núcleo maoista da organização propôs “poligénero” o que tem uma certa lógica, mas pode dar lugar a interpretações indesejáveis. Houve quem propuzesse “género humano”, designação liminarmente recusada, primeiro porque na cartilha do partido há inúmeros géneros humanos, segundo porque a palavra humano pode ser confundida com a palavra homem, que é redutora e sexocrática. Talvez “animal erecto”, quem sabe, mas a palavra erecto tem ressonâncias machistas. O assunto não é fácil, como se pode imaginar..

Entretanto, a academia científico-filosófica do BE procura ardentemente mais “causas fracturantes” - as que levam à produção do homem novo, objectivo final do verdadeiro socialismo.

A primeira luta será contra as palavras. A palavra sexo será abolida definitivamente, e substituída por género, sendo que, para o efeito, já largos passos tês sido dados, faltando apenas a respectiva lei, em discussão com o Pedro Nuno Santos. Seguir-se-ão as palavras masculino e feminino, as quais serão substituídas por uma lista, também já em elaboração, a fim de ultrapassar a fórmula LGBTI etc., tida por insuficiente. Outras inicitivas lexicológicas estão em vias de imposição. Por exemplo, a palavra pais passará a ter utilização exclusiva no caso de os pais serem dois homens, salvaguardando-se a palavra mães para os filhos das lésbicas. Tratando-se de vestígios das famílias antigas, a expressão será pai e mãe, ou mãe e pai, dando o BE liberdade para que cada um siga o critério que entender. Deixará, por exemplo, de se falar em bandos de pássaros, o que deixa de fora as pássaras. No desconhecimento dos géneros na classe das aves, o BE permitirá que se fale em dois sexos. No que às manadas de vacas diz respeito, conservar-se-á a designação tradicional, excluindo os bois, a fim de não suscitar a oposição das feministas. A palavra descobertas será excluída do dicionário passando a escravatura, isto no seguimento dos estudos do Boaventura, que gere a secção PC/BE da Universidade de Coimbra. Enfim, em matéria de novilíngua muito haverá a fazer, aqui ficando alguns meros exemplos.

Outros projectos legislativos estão em marcha, ou em estudo. Por exemplo, no Portugal Novo não haverá lugar a estátuas do Padre António Vieira e similares, que serão demolidas, estando já em marcha a respectiva campanha para ir habituando as mentes hoje alienadas pelo colonialismo e pela Igreja Católica. O mesmo acontecerá aos Jerónimos, ao Padrão dos Descobrimentos e a outros testemunhos da história contada com base em estereotipos sexistas e preconceitos de classe. A prazo, proceder-se-á à demolição de todas a igrejas, conventos e similares. As mesquitas serão mantidas, a fim de não ofender os povos oprimidos. A literatura colonialista será destruída através de um enorme auto de fé a realizar nos escombros da antiga Praça do Império, à qual será dado o nome de Esplanada Catarina Martins.

Será erigido o Museu dos malefícios históricos, segundo um projecto do Boaventura e do Pureza.

A censura de género, que vai dando os primeiros passos, será institucionalizada, bem como a respectiva polícia.

A eutanásia passará a obrigatória, em termos a determinar.

 

E assim por diante. O Portugal Novo nascerá! Na sua fase mais progressista, o território será devolvido aos árabes que, coitadinhos, foram corridos por um meliante, Afonso Henriques de seu nome.

 

Acima ficam alguns exemplos da meritória actividade do BE e afins, na sua imparável marcha a caminho da desgraça.

 

Por mim, viva o Santo António, seja de Lisboa, seja de Pádua.

 

13.6.18

A GRANDE MANIFESTAÇÃO

 

Domingo passado, à volta da Praça do Campo Pequeno, inusitados ajuntamentos pululavam no jardim. Inúmeros carros da Polícia - dos pacíficos, não dos negros do Corpo de Intervenção –, estacionados no proibido aos indígenas, traziam magotes de agentes, todos bonitos, de coletinho amarelo. Grupos de picniqueiros espraiavam-se na relva e nos bancos da CML, abriam tachos e tuperwares, garrafões e cervejolas, chouriços e rissóis, e consolavam os estômagos. Pensei que seria uma concentração das testemunhas de Jeová, ou da IURD. Perguntei o que era aquilo a um tipo da embaixada de Angola. Mànifèstàção, respondeu. Um grupo de velhas gordas apareceu com uns pauzinhos na mão, com bandeiras vermelhas enroladas. Vi então mais claro. Era o PC com o casaco da CGTP!

A coisa foi evoluindo, o ajuntamento crescia. As bandeiras começaram a desenrolar-se. Montanhas de autocarros despejavam embandeirados fiéis. Gente surgia dos lados da estação da CP. Bem ao meio do magote, altaneiro, um enorme pano encarnado ostentava o focinho do Guevera, a testemunhar o apreço da multidão pelo notável assassino, torturador e torcionário das Américas.

Fui para casa.

Duas horas depois, fui ver o que se passava. O mais interessante era o profissionalismo dos mandantes. Em grupos devidamente organizados, o pessoal começava a desfilar pela Avenida de República, todos bem afastados uns dos outros, dispersos para parecer muitos mais. Uns altifalantes ribombavam antigos slogans, com parca participação dos marchantes. Uns tambores tonitruavam, julga-se que para dar alento à silenciosa turba. Os organizadores separavam os grupos, para alargar o cortejo. Calculo que algures estivesse o camarada Jerónimo com os acólitos do comité central, devidamente salvaguardados por tropas de elite com as habituais faixas protectoras. Menos protegida, julgo, iria a camarada Catarina, rodeada pelas esquerdoidas aias e assessorada pelo careca. No Campo Pequeno, à medida da partida dos pelotões, o movimento começava a rarear. O camarada Arménio,disseram-me, estaria no Rossio, no palanque, a preparar a sua discursata.

Achei que, de qualquer maneira, a mobilização era notável. Grande participação, ainda que não desse para encher o estádio do Belenenses. Admirável. Aterrador, ou nem por isso. A importância do número veio a ser amenizada pelo próprio Arménio, nas palavras de um dos seus capangas. Certamente por defeito, ficámos a saber que foram contratados 150 autocarros e quatro combóios para trazer pessoal do Porto. Imagina-se que outros tantos viessem de outros lados. Uma passeata até Lisboa à conta da CGTP. Grande organização!

 

Há muitos anos, nos tempos da II República, uma grande manifestação de apoio a Salazar foi convocada pela União Nacional. Com estes que a terra há-de comer ouvi um jornalista da Emissora Nacional a entrevistar uma velhinha que estava a comer um croquete sentada num poial da Rua do Ouro. “Então, a senhora de onde vem?” “De Carrazeda de Ansiães”. Muito bem! E, para o público: “Aqui têm esta senhora que, apesar da sua provecta idade, não quis deixar de vir a Lisboa aclamar o senhor Presidente do Conselho!” Voltando à senhora: E o que veio cá fazer?” Ela: “Vim ver um grande homem”. Ele: “Diga aos nossos ouvintes o nome desse grande homem”. A senhora hesitou, depois disse: “Não sei bem. Parece que é um tal Baltazar”.

 

Os autocarros da CGTP seriam tantos como os da União Nacional, ou mais, porque agora há mais autocarros que naquele tempo. Mas as velhinhas et alia são mais ou menos as mesmas. Que diabo, um passeio a Lisboa é um passeio a Lisboa!

 

11.6.18         

PACIÊNCIA E ROTURAS

 

Falando em nosso nome, o senhor de Belém declarou que nós “preferimos a paciência dos acordos à volúpia das roturas”.

A primeira parte do dito não parece ser referência aos nossos “brandos costumes”. Não vejo que interpretação outra se possa dar a estas palavras que não seja a de (mais) um elogio à “paciência dos acordos” do PS, do PC e do BE, que levaram à formação dessa maravilha do século que dá pelo nome de geringonça. De uma penada, o nosso mais alto representante justifica: a defenestração do Seguro; a usurpação do poder dos votos a favor de um arranjo que se diria, e é, espúrio, por mais que se “justifique” a sua origem burocrática, mascarada de “democracia parlamentar”; o nascimento de um governo de enganoso propagandismo; o caminho, já declarado, para novo desastre financeiro, etc, etc..

A condenação da “volúpia das roturas” é o contrário do que diz, já que elogia quem as fez, sem vergonha nem honestidade: rotura com um passado constitucional que respeitava os resultados eleitorais; rotura na entrega do poder ao menos votado; rotura quando, em vez de respeitar a vontade do eleitorado, se forma um governo à sua revelia. Isso sim, foi “volúpia de roturas”, roturas cujo triste resultado é o que se vê e merece as presidenciais loas.

 

Por outro lado, Sua Excelência está muito contente com os “muitos portugais que garantem a riqueza do país”. Aceite-se a imagem dos “muitos portugais”. Mas riqueza, qual riqueza? A que riqueza se referirá? De quem? De que “portugais”? Talvez dos portugais de Londres, ou do Massachussets, que nem por sombras voltarão, porque voltariam à pobreza. Por aqui não há riqueza nenhuma, só somos ricos em dívidas, as mais delas contraídas pelos mesmos que ora se dedicam a aumentá-las.

 

10.6.18

DA CONSAGRAÇÃO DO ABUSO

 

Não há quem não tenha experimentado as monumentais chatices que nos trazem os operadores de cabo com a história da “fidelização”.

Aceitar-se-ia que tal gente oferecesse uma hipótese mais cara, sem fidelização, ou mais barata, com ela. Não. Você, ou se casa com essa gente por dois anos, ou está feito ao bife. Tem que pagar, e não pouco, se mudar de casa ou se não gostar do serviço prestado. Durante meses andarão atrás de si com as mais rebuscada ameaças, depois passam à fase “judicial”, isto é, há uns advogados avençados que passam a titulares da perseguição. Para evitar mais chatices, você acaba por pagar, que é o que eles querem e que os “reguladores” apoiam.

Há pior. Uns tempos antes de acabar a fidelização, telefona uma menina a oferecer mais canais pelo mesmo preço, ou uns descontos na factura mensal ou outra porcaria qualquer. Você aceita, julgando que se trata de uma benesse. Mas o que você está a “aceitar” é um novo contrato, com mais dois anos da maldita fidelização. Aplicaram-lhe a pastilha à meia volta.

É comum ler-se por aí notícias de muita gentinha que se queixa amargamente do sistema. Tem-se dito que as “autoridades”, os “reguladores”, ou lá o que é, andam em cima da jogada e que os seus “direitos” virão a ser protegidos. Diz-se também que os chatos que têm pachorra e dinheiro contratam advogados e que os tribunais, uns anos depois, costumam atender às queixas. Mas você não está para chatices ou despesas com advogados e tribunais. Paga e não bufa.

Hoje, finalmente, vejo uma notícia no jornal sobre a tenebrosa fidelização. Uma distinta autoridade ter-se-á, finalmente, debruçado sobre o assunto! Vã esperança. O que a tal coisa fez foi obrigar as empresas a declarar na factura quantos meses faltam para acabar a tramoia.

Por outras palavras, ficou a coisa aceite, legitimada, definitivamente legalizada. É a consagração do abuso. Bonito!

Perguntar-se-á por alma de quem têm estes tipos do cabo o direito de obrigar cada um a ser-lhes fiel. Se você quiser acabar com qualquer contrato do género, água, gás, electricidade, acaba. Mas, se se quiser ver livre de algum fornecedor de TV, tem que alargar os cordões à bolsa, sob pena de perseguição.

A pergunta que o indígena coloca é esta: para que serve a “autoridade”? Se for eu a responder, direi: serve para o mesmo que a esmagadora maioria dos “reguladores”, das “entidades”, dos “altos comissariados”, quer dizer, não serve para nada que não seja dar dinheiro a ganhar a uns manjericos que, como é o caso, para mostrar que existem bolsam umas burocracias idiotas.

 

6.6.18

O FIM DA PICADA?

 

Aqui há tempos, os dados relativos à educação em Portugal eram de um optimismo gritante. O PISA esmagava a concorrência. Tudo corria pelo melhor, em dados actuais e em perspectivas de futuro. Pois. Mas isso foi no tempo de Passos Coelho e de Nuno Crato.

Passados quase três anos de geringonça, está tudo de pernas para o ar. Os alunos não sabem qual o lugar do país, nem na bola do mundo nem no mapa da Europa, nem sonham mais uma data de coisas absolutamente elementares. No que à educação física diz respeito, nem saltar à corda ou dar uma cambalhota conseguem. Três anos de geringonça, reversões, falta de avaliações, conúbio com os sindicatos, enfim, bagunça com inspiração no socialismo radical. Os resultados estão à vista, não foi preciso muito tempo para vir à tona.

De repente, eis que o dinheiro deixou de chegar para tudo. A geringonça prometeu. A geringonça, como de costume, não cumpre, ou não pode cumprir. O chamado primeiro-ministro já veio, a correr, dizer que não é bem assim. Prometeu, mas não adiantou números nem prazos, isto é, levantou a lebre para efeitos propagandísticos – a sua melhor especialidade – e deu a mão aos sindicatos. Estes, como é lógico e lhes está na massa do sangue, pegaram-lhe no pé.

É evidente que a política deste miserável governo tinha que começar, por um lado, a ter terríveis resultados educacionais e, por outro, a bater no fundo do saco do dinheiro. O que, diga-se, já vem acontecendo na saúde e vai acontecer por todo o lado, com cativações à bruta, com o PC zangado e a CGTP outra vez em actividade.

E agora? O chamado ministro da educação, perante a perversidade dos resultados da sua política, resolveu mostrar um ar da sua graça e dar com os pés ao barbaças (eis bigodaças) e aos demais pedintes. Seguir-se-á, caso não se encolha, a maior hecatombe jamais vivida no sistema, se é que ainda há sistema.

 

Será o fim da geringonça? Há quem diga que o Costa está a prepará-lo, convencido de que terá, sozinho, a maioria absoluta. É uma explicação. Outra, mais provável, tem a ver com números. É que não é possível fazer omeletes e ficar com os ovos. Malhas que a política neo-socratista tece.

 

6.6.18

ANESTESIA GERAL

 

Dizem os jornais que faltam anestesistas em Portugal. Nada de novo. Pelo que se vê, não há nada que não falte no famoso serviço público de saúde. Porque não havia de faltar anestesistas?

Apesar disso, parece que andamos todos anestesiados. Num tempo em que os verdadeiros resultados da geringonça começam a ser por demais evidentes – já nem “paz social” há -, o pagode, diz-se, continua a apoiar Costa e os seus muchachos socratistas. Os sacrossantos sistemas do Estado social metem água por todos os lados. A saúde é o que se vê. A educação está pelas ruas da amargura. O dinheirinho gasto em prebendas aos funcionários provoca buracos por todo o lado. A austeridade não acabou, antes pelo contrário. O famoso crescimento económico é miserável. A produtividade baixa em vez de subir. Os juros da dívida sobem, a dívida também. Os políticos, entretidos com “causas” parvalhonas como a eutanásia e a descentralização, distraem as pessoas. A Europa, era fácil prever, cede a indesejáveis populismos de esquerda e de direita (os primeiros são maus, os segundos são bons, diz o politicamente correcto). A malta não dá por nada. Os verdadeiros problemas, segundo a “informação”, são os do Sporting e os dos empates da selecção. As televisões, que são o anestésico de eleição para a geringonça, cumprem caninamente tal função. Nada foi preparado para os problemas que toda a gente devia saber que vinham aí. O Euro começou a perder valor, o BCE já está a fazer fosquinhas. O Macron não se entende com a Ângela. O Trump faz das suas. O médio oriente acena com mais uns milhões de refugiados. A geringonça arranjou um parceiro, o Franckenstein espanhol. As exportações caem, só falta cair o turismo. Mas a anestesia continua. O tipo que se esperaria ser o chefe da oposição e dizer que o rei vai nu, acha que o rei está bem vestido e anda entretido a arrumar a casa e a arranjar “ideias” para aumentar a despesa e pretextos para dar uns abraços ao Costa. A verdadeira oposição está na própria geringonça, mas é cão que ladra e não morde.

A grande vitória dos nossos dias é a anestesia, com sede na máquina da propaganda, nosso verdadeiro anestésico.

 

5.6.18    

SE SE EXPÕEM...

 

Eu - e julgo que toda a gente - ando a receber cartas, emails, SMS e outras martingalas a anunciar novas leis da “privacidade” oriundas da burocracia europeia, leis destinadas, diz-se, a preservar tal coisa. Eu, que não uso o Facebook, não sei o que é o Instagram, nem o Linkedin, nem o Twitter, nem nenhuma dessas pirosadas, que não percebo nada disso nem tenho nenhuma intenção de vir a perceber ou a utilizar! De repente, centenas de avisos me chegam a dar-me uma ideia da “universalidade” da minha presença nos mundos electrónicos. De lojas de cuecas a companhias de aviação, de bancos ao homem do talho, tudo minha gente está apostada, por imposição legal, em preservar os meus dados, não sei como mas admito que na melhor das intenções. Até o alfaiate já me preveniu que não me vai mandar mais publicidade aos saldos, coisa que até gostava de receber. Há quem me exija que mande uma declaração, com assinatura igual à do BI, a dizer não sei o quê. Não mando declaração nenhuma.

Calculo o que se passará com centenas de milhões de pessoas que navegam em oceanos de apps, são filiadas em dezenas de redes sociais, jogam milhares de joguinhos e passam a vida agarradas ao telemóvel, que já não é telemóvel e se transformou num instrumento de informação universal, óptimo para divorciar cada um do convívio social e familiar. Não devem ter mãos a medir por causa da privacidade, coisa que, por vontade própria, passam a vida a pôr em risco.  

(Confesso que a existência deste blogue é capaz de contrariar os meus argumentos, já que também me sirvo da net para exorcisar os meus demónios. É verdade. Mas não tenho “biografia”, nem fotografia, nem informo as massas sobre assuntos pessoais. Será a minha noção de privacidade. Quando leio coisas nos jornais posso gostar ou não, mas a vida dos que lá escrevem é-me indiferente . Que  sejam felizes, é o que desejo.)

E os algoritmos em que nos metem? Não mereciam uma leizinha da UE? Verdade é que não há lei que nos valha, nem sei se poderá haver.

A net é um passador de buracos muito largos. Há especialistas para penetrar em tudo, transformando a tal privacidade numa coisa sem ponta por onde se lhe pegue. Há os penetras “bons” e os penetras “maus”, segundo a nova moral. Os que descobrem carecas várias, são, em geral, bons. Dos que usam a coisa para fazer propaganda política, uns são bons (os de esquerda), outros são maus (os que não são de esquerda). E assim por diante, segundo os ditames da correcção.

Portanto, não se queixem. Se se expõem, vê-se-lhes o rabo. Não há leis que cheguem para tapar os buracos do passador.

 

1.6.18

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