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irritado (blog de António Borges de Carvalho).

O SOCIALISMO É A FILOSOFIA DO FRACASSO, A CRENÇA NA IGNORÂNCIA, A PREGAÇÃO DA INVEJA. SEU DEFEITO INERENTE É A DISTRIBUIÇÃO IGUALITÁRIA DA MISÉRIA. Winston Churchill

irritado (blog de António Borges de Carvalho).

O SOCIALISMO É A FILOSOFIA DO FRACASSO, A CRENÇA NA IGNORÂNCIA, A PREGAÇÃO DA INVEJA. SEU DEFEITO INERENTE É A DISTRIBUIÇÃO IGUALITÁRIA DA MISÉRIA. Winston Churchill

REAL MENSAGEM

 

Francamente não sei qual foi o impulso que o senhor de Belém terá dado às relações peninsulares, mas parece que os espanhóis acham que deu. Ou então não sabiam a quem haviam de entregar um prémio qualquer e resolveram o problema de forma a não fazer ondas.

A coisa foi importante. Uma sala cheia de galegos, umas senhoras aperaltadas, uns senhores importantes, o Rei. Não fizeram a coisa por menos.

Acho muito bem. Mas como sou um tipo com um apreço muito relativo pelo distinto mais alto magistrado da Nação – dito assim faz lembrar o almirante Tomás -, reparei numa coisa que me despertou o sentido do ridículo. O Rei de Espanha recebeu um canudo com um laço encarnado das mãos de um áulico e entregou-o ao nosso ilustre compatriota. A seguir, apertou-lhe a mão. Mas, quando o premiado estendia o o braço e o corpinho para o abraço, Sua Magestade continuou a sacudir-lhe o membro superior, assim impedindo que o afectuoso gesto tivesse lugar. Ou seja, pôs as coisas no sítio. Calculo o que, no momento, Filipe VI terá pensado: vai lá dar abraços ao raio que te parta, isto aqui não é a Amadora, nem eu sou uma velha gorda.

Duvido que o senhor de Belém tenha percebido a mensagem.

 

31.10.18

HORAS

 

Toda a vida mudei a hora de Verão para Inverno e de Inverno para Verão. A coisa tem atravessado os tempos sem que ninguém lhe tocasse. Nem os mais fervorosos revolucionários de 74 se lembraram de dizer que se tratava de uma norma fascista, nem o Costa disse que a culpa era do Passos Coelho - o que constitui um inusitado facto histórico.

Não há, em Portugal, nada tão pacífico com a mudança da hora. Mas os tipos de Bruxelas parecem não ter nada mais importante para preencher as horas vagas, que são muitas. Pensaram, pensaram, e vai de propor que se acabe com a hora de Verão e a de Inverno, eventualmente, penso eu, por causa do aquecimento global: devem estar a preparar-se para abolir o Inverno.

Não aceitámos a marosca, honra seja àquilo a que por cá é conhecido por governo. Orgulhosos por, pela primeira vez, ver uma discordância nacional com os ditames de Bruxelas, bem podemos encher o peito de ar. E até temos conosco a Grécia e outro país qualquer, levando a crer que ninguém mais se preocupou com tão importante matéria.

Fiou fino. Nas televisões e nos jornais surgiram, saídos não se sabe donde, inúmeros especialistas: sonólogos (cientistas do sono), sestólogos (da sesta), sociólogos, eco-horaristas (de horário), metabolismólogos e de outras especialidades, a ensinar as massas sobre as consequências da importantíssima decisão. Como uns eram contra outros a favor, ficámos na mesma, tal como tudo ficará mais ou menos na mesma, com mudança de hora ou sem ela. Por mim, que não especialista de coisa nenhuma, deixem-se de teorias: que fique tudo como está, que até tem a sua piada.

Como vêm, pela primeira vez na História, concordo com a geringonça. Uma estreia!

 

31.10.18  

E AGORA?

 

Julgo que Portugal terá sido o país onde a condenação do Bolsonaro foi mais violenta e mais unânime. 99,9 por cento dos comentadores dedicou-se, diariamente, semanas atrás de semanas, a brindar o homem com todos os insultos possíveis. Somaram-se-lhe académicos, políticos, donas de casa, deputadas, centrais sindicais e freitas dos amarais, o diabo a quatro, todos concordantes com a tão fácil diabolização do candidato. Nem os partidos de direita se eximiram a tomar posição. Pelos vistos, Portugal é o país mais à esquerda da galáxia.

É verdade que o fulano foi dizendo toneladas de disparates ao longo da vida e da campanha. É verdade que mete medo. E o outro? Continuar a “carreira” de Lula e de Dilma? Nem pensar. Os brasileiros que se renderam ao Jair sabiam o que estavam a fazer. E fazê-lo era dizer que essa gente do PT nunca mais, num grito de revolta democrática que perdeu a mordaça e se fez valer. Não se trata, como se arrota para aí, de haver 50 milhões de “fascistas” no Brasil. Não se trata de haver 50 milhões de ricos, de capitalistas sem escrúpulos, de haver 50 milhões de assanhados ultraliberais. O que há é uma maioria clara de gente que recusa a rebaldaria esquerdista que a arruinou, como, de resto, arruina tudo em que toca, em toda a parte por esse mundo fora, Portugal incluído.

Mas os lídimos representantes do luso-pensamento, tão habituados a que se lhes dê ouvidos,  auto –proclamados intelectuais, poderosos donos da verdade, da República e do politicamente correcto, não vêm um palmo à frente do nariz, não são capazes de qualquer análise política ou social que ultrapasse os seus cânones e a sua “superioridade”. Os que condenam o Bolsonaro, mas que nunca condenaram o Fidel, o Chávez, o Maduro e quejandos, encontraram em Jair o bombo da festa esquerdista, zarolha e convencida. Outros foram atrás. Era o que estava a dar.

O eleito vai ser uma desgraça para o Brasil e para o mundo, uma espécie de Trump em português? Talvez.

Mas, no discurso de vitória, sincero ou não, defendeu impecavelmente a democracia, o estado de direito, os princípios básicos da civilização ocidental. E esta, hem? Ó horda de esquerdófilos, que comentário lhes merece?

Facto é que, agora que alia jacta est, o que interessa é deixar-se de condenações antecipadas, ajudar o eleito a ser fiel a tal discurso e aproveitar a eleição para pôr as coisas de novo a funcionar, sem corrupção nem esquerdismos.

Serão os nossos “fazedores de opinião” capazes de tal bom senso? Duvido. Os donos da “verdade” são donos da verdade, não têm nada a ver com o que se passa fora do alcance dos seus antolhos.

 

 29.10.18

CATEGORICAMENTE!

 

O único membro da geringonça que teve a honra de ser considerado pelo comandante Costa como um activo importante, tinha graves defeitos pelos vistos desconhecidos no seio da agremiação.

Como toda a gente menos os geringonços há anos já tinha reparado, era parvo. Não fazia mal, uma vez que de parvo temos todos um pouco, até porque aturamos o PS & Sócios sem resistência que dê para correr com eles de uma vez por todas.

Adiante, pois. O pior é que o “activo importante” tinha, na douta mente, uma enorme dose daquilo que o grande guru Centeno tinha considerado, por exemplo no caso CGD, como tendência para “erros de percepção”. Erros a que o respeitável público usou chamar amor à mentira e ao bailarismo militante, eventualmente por recomendação ínsita no vademecum da tribo.

No caso do camarada Azeredo a coisa foi ainda mais longe. O homem não percebe português. Sabe ler, mas não compreende o que lê nem o que lhe dizem. Os tipos da PJM deram ao seu chefe de gabinete um papel onde descreviam, por palavras militares, a marosca que estavam a preparar. Não se sabe se o tal chefe de gabinete percebeu. Percebendo ou não, tratou de chutar para cima. Com tanto azar que o Azeredo, segundo confessa agora, não percebeu nada do que estava escrito ou lhe tinha sido dito. Uma chatice dos diabos. Coitado, não tendo percebido na altura resolveu declarar categoricamente que nunca lhe tinham dito nada, nem sabia de nenhum papel ou de fosse o que fosse. Compreende-se. Como não tinha percebido nada (é o que diz agora), nem sequer sabia ou se lembrava.

Há uma outra interpretação destes factos que não tem nada a ver com teorias da conspiração.   Era patente que o chefe Costa, capataz da quinta, usava o Azeredo como espantalho. Enquanto o espantalho estivesse na seara não chateavam o capataz. Quando as coisas se tornaram mais feias, e com enorme sacrifício pessoal, teve que mandar queimar o espantalho. E lá ficou ele, o capataz, à pega, agora com a seara a ser invadida pela passarada e o redil pasto da alcateia. Recorreu ao patrão, que se tem desdobrado, todos os dias, em salvíficas coberturas verbais. Um bom patrão, imagine-se, a defender o pessoal. Nem um nem outro sabem ou jamais souberam o que quer que seja sobre o assunto. Categoricamente!

Algo me diz que, em boa harmonia, o capataz se vai livrar de mais esta, quem sabe aspergindo uns tostões para adubo do eleitorado. Categoricamente.

 

27.10.18     

NOS BRAÇOS DA TANCALHADA

 

Atenção dicionários: o IRRITADO propõe que, como sinónimo de trapalhada, trapalhice, barafunda, confusão, embrulhada, salgalhada, ardil, embuste, enredo, logro, trapaça trapalhice, trampolina, embrulhada, salsada, barafunda, pessegada, enrascada, seja incluída a palavra tancalhada.

O caso de Tancos pode ser tudo o que supra se escreve, por isso tancalhada  será uma palavra abrangente e generalizante, que muito contribuirá para o enriquecimento do nosso léxico.

Significará, além disso, ignorância, assobio (para o ar), desconhecimento, incompetência, passagem de culpas, bananas (em adequada referência à respectiva república), para além de solnada (em homenagem ao saudoso Raul e à sua visita à guerra).

Nestas últimas acepções, tancalhada abrirá as portas a conceitos de irresponsabilidade e de mentira (por exemplo, dos generais que declararam que o roubo tinha sido de materiais obsoletos a abater, ou do ministro que achava que, bem vistas as coisas, se calhar não tinha havido roubo nenhum, que não sabia de nada e afinal sabia, do general que não tinha recebido papel nenhum e afinal tinha, etc.). No plano da ignorância, sublinhe-se, os exemplos são vários – o primeiro ministro não sabe de nada, nunca soube, ignora; o ministro, que também não sabia de nada, ignorava mas sabia e nada lhe disse. Ele, PM, por conseguinte, não disse nada ao Presidente, o qual, por conseguinte, também ignora, não sabe de nada (nem sabia, por conseguinte, que o general da tropa tinha, na sua carreira como CEME, feito as maiores tropelias, castigado quem devia louvar, ignorado o que não ignorava. No que se refere ao passar de culpas e às bananas são exemplares as guerras entre as polícias, a casa da avó, os buracos na vedação, o roubo (se houve!), a restituição com acrescentos...

 

Por tudo isto, por muito mais e, se calhar, pelo que está para vir, atenção dicionaristas, é imperioso criar o indispensável novo vocábulo: tancalhada!  

 

 26.10.18

GENTE FINA

 

Fomos hoje brindados com uma interminável entrevista que o “Observador”, sabe-se lá porquê, publicou, sendo o entrevistado o abominável Pedro Nuno Santos, empreiteiro, mestre de obras e encarregado da manutenção da geringonça.

 

Há relativamente pouco tempo, este artista, como diria Cavaco, zurzia a Merkel, o Schäuble, a UE, Bruxelas, o Jeroen, o BCE, a troica e o governo legítimo com inacreditáveis diatribes. A dívida é para não pagar, um bando de proto-fascistas apoderou-se da União Europeia, é o capitalismo de casino, o défice e os tratados que se lixem, o governo está apostado em empobrecer o povo, Passos Coelho é o carrasco da Nação, e por aí fora, a fazer inveja ao PC e apaniguados. É preciso lembrar que militou na Frente Eleitoral Comunista (Marxista- Leninista), FEC (ML). Deve ter aderido ao PS para preparar os “amanhãs que cantam” isto é, para destruir a democracia por dentro. Citemo-lo: Estou a marimbar-me que nos chamem irresponsáveis. Temos uma bomba atómica que podemos usar na cara dos alemães e franceses. Essa bomba atómica é simplesmente não pagarmos(...) as pernas dos banqueiros alemães até tremem...

 

A seguir a Passos Coelho ganhar de novo as leições, foi o resultado delas, como é do conhecimento geral, posto no lixo e, do caixote, saíu a geringonça. Daí, deu-se a maravilhosa transmutação do cérebro do contemplado, um autêntico milagre, coisa que fará os mal intencionados como o IRRITADO dizer que virou a casaca.

Hoje, dando razão aos que o acusam de falta de espinha (ou de esperteza marxista-leninista em versão Porsche), diz exactamente o contrário. Passos Coelho merecia a fogueira por, alegadamente, querer “ir além da troica”. Agora, o artista, com alta competência circense, declara que, se a Europa quer 0,5% de défice, dar-lhe-emos 0,2! Não quer ir além da troica, mas vai além de Bruxelas, o que é mais ou menos a mesma coisa. O que é pecado vindo da “direita”, passa a virtude quando é defendido pela esquerda. O rapaz tece rasgadas loas ao nosso “crescimento” (o qual é miserável e nada tem a ver com a geringonça), acha que a coisa criou postos de trabalho (aparecidos apesar da geringonça, e vastamente mal pagos), garante que o estado comatoso da saúde, apesar do dinheiro que a geringonça lá pôs (diz ele) não tem nada a ver com as maravilhosas 35 horas. Pois não, que ideia! No ministério da saúde “não há cativações”. Quem as faz “é a direcção geral”. Percebem? Deve ser por isso, defende, que “ninguém, à esquerda, diz que o SNS está pior”. Depreende-se que quem dá pela catástrofe é gente da direita, quem sabe se fascistas, homofóbicos, ou, na melhor das hipóteses, tenebrosos liberais. A perda de produtividade, a ausência de poupança, os calamitosos resultados da educação e coisas do género não merecem uma palavra do fulano.

Fala de si. Diz-nos: “vendi o Porsche”, e declara: “admito que foi um erro”. Não ficamos a saber se o erro foi comprar ou vender a bela máquina. Verdade é que o homem não tem problemas de mobilidade: garantem as mais ordinárias vozes que, lá em casa, há uns Maseratis ou equivalente, à boa maneira do Norte. Ele até tem um império familiar (um “grupo”) onde trabalhou antes de ir para a política, sendo que tal experiência acresce à “componente política” da sua personalidade, o que é “relevante para qualquer função ministerial”. Ça va sans dire: isto é uma dentada de morte no Costa, que não goza da “componente” empresarial. Mas, é claro, o PM goza da sua mais fiel fidelidade!   

 Para não maçar mais quem me lê, sublinhe-se ainda os rasgadíssimos elogios com que o artista contempla o chairman da geringonça, residente em Belém. Vivemos num mar de traições. O PNS parece (ou só parece) ter traído a revolução marxista-leninista, prepara-se para trair o seu CEO, e elogia com ditirambos um outro, que traiu quem o elegeu.

 

Tudo gente fina.

 

25.10.18

E OS QUE CÁ FICAM?

 

A geringonça tomou mais uma decisão histórica: os emigrantes que voltarem serão premiados com um desconto de 50% no IRS.

Estou a pensar ir até Madrid ou, mais simples ainda, a Badajoz, inscrevo-me no consulado e passo a pagar impostos em Espanha. Vou ter com um amigo que tenho por lá e celebro com ele um contrato de trabalho de serviço doméstico, com direito a cama e mesa. Continuarei calmamente a viver em Lisboa, mas com residência fixa, fiscal e legal, em Espanha. Quem sabe se eu estou por cá ou por lá? Segundo as leis em vigor, serei um emigrante, e um emigrante trabalhador, que até transfere para Lisboa, patrioticamente, uma parte do seu salário. A marosca, se bem trabalhada, é inatacável. Ano e meio depois, com armas e bagagens num saco do supermercado, regresso à Pátria amada. Inscrevo-me nas finanças e, no cumprimento estrito da geringoncial lei, passarei dez anos a pagar metade do IRS a que for condenado.

Se houvesse justiça na terra da geringonça, as coisas funcionariam ao contrário. Quem emigrasse, emigrava. Quando quisesse voltar, voltava. Passaria a pagar o IRS como os outros, ponto final. Os que não emigrassem, esses sim, teriam um desconto no IRS por se ter sujeitado a vivar na terra da extorsão fiscal, dos serviços públicos decrépitos, da demagogia galopante, um país aldrabões e de popularuchos, ainda por cima pouco inteligentes.

Haja justiça!

 

25.10.18

JUSTAS REIVINDICAÇÕES

 

Lá para os idos de 80, o PM Soares resolveu ir ao Japão com vasta comitiva. Uma senhora que eu conheço, à altura com boa imagem pública e êxito profissional, foi convidada para integrar tal comitiva. Não percebendo muito bem que utilidade poderia ter a sua participação no grupo, nem tendo nada a ver com o Japão, tratou a senhora de saber qual a razão do honroso convite. Após vários contactos, concluiu que a razão era o indesmentível facto de... ser mulher. Ofendida, mesmo depois de um telefonema da senhora Soares (nós, as mulheres... blabla), a senhora recusou a distinção, por não aceitar o critério. Se calhar, até lhe apetecia ir passear ao Japão, mas sem perda de dignidade.

Ainda há mulheres que pensam assim, mas não só serão poucas como estão fatalmente condenadas ao opróbrio e ao index de toda esquerda e de alguma direita. Uma atitude de uma intolerável incorrecção política! Hoje, o critério são as quotas, não a competência ou o mérito.

A prová-lo está uma, quanto a mim tresloucada, investida de uma “membra” do chamado governo, que acha que “paridade de género” deve ser obrigatória. Para já, 40% dos deputados passarão a ter que ser mulheres, a caminho dos 50%, ou mais. Depois, se uma mulher deputada sair do parlamento, terá que ser substituída por outra mulher. Os homens que estejam a seguir nas listas que se cheguem para lá. Se o cabeça de lista for um homem, o número dois tem que ser uma mulher. Por uma questão de “justiça”, a contrária não vale: se o primeiro já for mulher, nada impede que o número dois também o seja. De qualquer maneira será “absolutamente proibido” haver dois homens à cabeça, sob pena de a lista ser liminarmente rejeitada, por ilegal. Presumo que, por exemplo, o deputado do PAN, que é só um, tenha que andar de saia e saltos altos para compensar a ilegalidade. Ou então que não seja possível eleger menos que dois deputados, a não ser que o eleito seja mulher. Se forem duas mulheres, não há problema nenhum, como é evidente.

Desafio ao raciocínio do leitor. Cito, ipsis verbis, o pensamento da chamada ministra: O padrão que tem sido usado mostra que, numa lista com onze vereadores, se o vencedor elege cinco, e os outros partidos dois cada, como na lei actual a regra é de dois de um género e um do outro, em cinco eleitos do vencedor entra só uma mulher, e nos outros entram só homens, logo em onze eleitos há só uma mulher. Mas, segundo a proposta do governo, o vencedor tem de eleger uma mulher no segundo e no quinto lugares e os outros partidos, ao elegerem (sic) dois candidadtos cada, elegem três mulheres, logo a vereação passa a ter cinco mulheres vencedor tem de eleger uma mulher no segundo e no quinto lugares e os outros partidos, ao elegerem (sic) dois candidadtos cada, elegem três mulheres, logo a vereação passa a ter cinco mulheres. Simples, justo, normal, não é?

Adiante. Numa coisa, a chamada ministra falha estrondosamente. É que, de acordo com o politicamente correcto, não fala em sexo, mas em género. O que faz com que entre numa terrível contradição. É que os sexos são dois, e os géneros são às dezenas. Donde, para ser coerente, a referida criatura teria que arranjar quotas para todos os “géneros”: homos (gays e lésbicas), assexuados, hermafroditas, bissexuais, indiferentes, homens com mamas e mulheres com pénis, enfim, ela que pergunte à Catarina e à Isabel, que elas a esclarecerão quantos há, e como deve ser a distribuição. Até talvez aceitem que haja uma quotazinha para os straight. Também poderá consultar o PAN, no nobre ojectivo de dar uns mandatos aos cães e aos corcodilos.

Fica a sugestão.

 

22.10.18

UM FUTURO RADIOSO

Segundo abalizadas opiniões, o hediondo Pedro Nuno Santos anda a fazer a cama ao seu bem amado chefe Costa. Perfilou-se no congresso da organização com um discurso que faria inveja às esquerdoidas do BE. Facto é que foi entusiasticamente aplaudido pelas ignaras hordas em presença, ou porque não perceberam nada, ou porque uma viragem ainda mais à esquerda lhes pareça o ideal para se apoderar (ainda mais) da III República, do estado a que o Estado chegou e dos correspondentes empregos, mordomias e influências.

Diz-se também que foi por causa desta ameaça que o citado contrabandista político não foi promovido a ministro na remodelação que, bem à sua maneira, Costa realizou 48 horas depois de ter dado a sua palavra que não o faria: palavras leva-as o vento, sobretudo quando dadas por pessoas do calibre do nosso chamado primeiro-ministro. Nada a estranhar, conhecida a contumácia que, na matéria, de longa data o caracteriza.

Numa primeira impressão, poderá dizer-se que a subida ao poder do tal Santos teria a vantagem de nos livrar do Costa. Pensando melhor, teria o defeito de o pôr na calha do eléctrico rápido para Belém. Indo um pouco mais fundo, o defeito não é grave: seria a evolução na continuidade no que respeita ao apoio de Belém à geringonça, ou ao que, da mesma laia, lhe suceder. M.R. Sousa arrumado, teríamos Costa & Santos em vez de Santos & Costa. A sociedade seria a mesma, com pequenas alterações na estrutura do capital.

Deixando-nos de futurologia catastrofista, olhemos para o futuro com os olhos no presente. Está na calha ascendente um ataque sem precedentes à propriedade privada, à economia, à segurança, desta feita sem a violência imediata do PREC mas com a lenta vaselina da venda de ilusões. O número dos dependentes públicos cresce como nunca. O abandalhamento das instituições é patente, a "justificar" mais e mais poder que as “circunstâncias” imporão, no evidente caminho para uma ditadura ou outra coisa qualquer mascarada de democracia.

 

Afinal, olhar o futuro com os olhos no presente é tão catastrófico como fazer futurologia catastrofista.

 

21.10.18

ENTÃO NÃO HAVIA DE TER!

 

Uma senhora, ajudante da chamada ministra da saúde, em nome do governo, veio declarar que tem absoluta confiança no sistema informático da nomeação de juízes. De acordo. Se não tivesse confiança, já teria acabado com ele, não é?

O que a senhora se esqueceu de dizer foi que, no caso de haver só dois juízes, o algoritmo em vigor não podia deixar de escolher o que escolheu. O que aumenta exponencialmente a “confiança” do governo.

O Sócrates também tem confiança no sistema. Então não havia de ter?

 

19.10.18

NOTÍCIAS DA GERINGONÇA

 

O formidável Cabrita, do alto da imponente papada, esqueceu-se de alertar o povo e as entidades que comanda da vinda do furacão, assim deixando no seu merecido descanso diversos meios da GNR e da PSP que poderia ter accionado. É que, segundo informações a que o IRRITADO não teve acesso, o dito ministro, como tinha muito que fazer, não deu pelos avisos do IPMA. Em sua defesa, um representante não identificado da geringonça sugeriu que a ministerial atitude representava um grande avanço do governo: é que, ao contrário do PM nos dias dos incêndios, não foi de férias, só se esqueceu de avisar.

 

Essa coisa das reformas antecipadas levou a merecida machadada. Não queriam mais nada?, disse o governo aos pretendentes. Mas, balbuciaram os atingidos, o governo tinha prometido... Pois pois, ripostou a bem tratada barbicha do tutelar ministro, isso eram boas intenções mas, como é do conhecimento de todos, de boas intenções está o inferno cheio, e a geringonça, a bem da Nação - como diria o professor Salazar - evita cometer pecados, tais como confundir boas intenções com palavra honrada.

 

Um intelectual, ao que dizem afecto à geringonça, aos seus conceitos morais e à luta contra a violência doméstica, veio alertar o povo para a ingente necessidade de dar largas ao “poliamor”, coisa de que nem a Catarina se lembraria. Muito bem! E, animada das melhores intenções, a mesma criatura classificou como “violência” o acto, verdadeiramente infernal e abusivo, de obrigar as criancinhas a dar beijos à avó.

 

Na sua nobre luta contra o capitalismo, as exportações, os incêndios e o neoliberalismo, o senhor de Belém passou uma tarde a arrancar os eucaliptos que renasceram das cinzas. A geringonça, cheia de amor pelo povo e de admiração pelo popularuchismo, agradecendo o contributo de sua excelência para a sua política, fez-se representar ministerialmente na cerimónia.

 

O juíz Carlos Alexandre queixou-se do algoritmo que, em boa hora, a espantosa ministra da justiça, na gloriosa senda do simplex, mandou fabricar para os sorteios de juízes, sabendo que, no caso Sócrates, o resultado final do “sorteio” só podia ser um. Mais uma reversão, em abono dos geringonciais conceitos. Dada a evidência das afirmações do homem, levou com um processo disciplinar no lombo para aprender a não dizer verdades  incómodas.

 

Consta em imaginativos mentideros que o secretário Galamba vai visitar a EDP com dois pelotões da cavalaria a guardar-lhe as costas. Coisa desnecessária, uma vez que, a exemplo do seu mestre e guru Sócrates, levará na manga a solução para todos os problemas da negregada empresa.

 

Por hoje, é tudo. Bom fim de semana.

 

19.10.18

A ESCOLHA DE SÓCRATES

 

 

Quando a escolha é entre A e B, nada mais fácil, põe-se um papelinho com o nome do A e outro com o do B dentro de um saco, sacode-se e pede-se a um passante que tire um papelinho. Tudo com testemunhas, como é lógico. Simples e infalível.

Mas quando a decisão é da nossa Justiça, fia mais fino. A coisa é feita por via informática. Parabéns. Junta-se uma data de malta a assistir, a fim de testemunhar a infalibilidade do sistema. O sistema falha três vezes, até que um resultado surja aos olhos de todos. É claro que não haverá muito quem acredite que o “sistema” só funcionou quando o resultado era a contento.

Mas, atenção! Segundo as mais credíveis entidades, o sistema, ou o esquema, inclui um algoritmo tal, que impõe a escolha a partir do trabalho que cada um tem, ou seja, entre dois, escolhe o que está mais desocupado, ou menos ocupado. Assim, sairá sempre o mesmo. É garantido.

Conclusão: ou por aldrabice no sorteio (quatro vezes até dar certo!), ou por causa do algoritmo, só podia sair um deles porque, entre dois, há sempre um (o escolhido ou a escolher por “sorteio”)  que tem menos trabalho que o outro.

Postas as coisas em termos de elementar juízo, verifica-se que, fossem quais fossem os caminhos “informáticos”, o resultado seria sempre o mesmo, a saber: o escolhido seria sempre o que não fosse Carlos Alexandre.

No meio desta monumental aldrabice, viu-se a alegria esfusiante de Sócrates e dos seus 7 apoiantes, que nem por intervenção divina queriam que Carlos Alexandre continuasse a “perseguir” o impoluto cidadão.

Se algum bom senso, ou mero sentido de dignidade própria  existisse, haveria que anular o “sorteio” e fazer a coisa segundo o sistema dos dois papelinhos. Em vez disso, as altíssimas autoridades judicais que têm competência na matéria resolveram lançar um processo de averiguações quando o juiz Alexandre veio levantar as suas mais que legítimas dúvidas sobre o mais que suspeito esquema, seja por causa das indiscutíveis “falhas” informáticas, seja por mor de um algoritmo evidentemante inaplicável no caso de haver só dois candidatos.

Tudo, no fundo, ao serviço do Sócrates. Assim vão as coisas no seio da geringonça.

 

18.10.18

MAIS ACTIVOS IMPORTANTES

 

A reboque da saída do Azeredo, aí veio uma cabazada de ministros e secretários de Estado. “Novo fôlego”, “mais dinâmica”, “frescura”, é o tipo de adjectivação com que, para disfarçar as fraquezas, o chamado primeiro-ministro brinda o grupinho de tantas e tão ilustres personalidades. Era preciso desviar as atenções do pessoal do caso de Tancos, era preciso baralhar os que não acreditam, ou nunca acreditaram, nem nas virtudes do Centeno, nem das da geringonça, nem nas do tal primeiro-ministro.

A maioria das refrescantes criaturas é gente de confiança, isto é, aparatchiques do partido, o que não é de estranhar, nem é um mal em si. Mal em si é a escolha de um cão de fila para a energia, um espernéfico ignorante na matéria, como tal várias vezes desmascarado pelo governador do BdP, um buldogue do Sócrates como alguém lhe chamou, um insuportável energúmeno, um trauliteiro do pior. Não se percebe, a não ser na medida em que o Costa prefira tê-lo a dizer asneiras no bom recato do gabinete, em vez de ficar no parlamento a piscar o olho à Catarina e a irritar toda a gente com as suas ditirâmbicas aleivosias. Há quem estranhe.

O que não causa estranheza nenhuma, por evidentes razões de modernidade sexual, é a escolha da senhora da cultura, corajosa mulher que “saíu do armário” e que, por isso, tem merecido os encómios da nova moral, dita “de género”. Um género que, por evidentes razões, muito deve agradar à chamada comunidade cultural. No caso, não é preciso perceber do assunto, mas pertencer ao que está a dar.

Dos outros, é o que se sabe. Diz-se que há um que não é mau de todo, e até já correu com um conhecido (para mal dos pecados do governo e de Belém) general.

A ver vamos o que se segue, na certeza de que há muitos e gravíssimos caminhos já abertos de par em par. Imparáveis.

 

18.10.18

MELHOR DÉFICE

 

Está para vir um governo PSD-CDS com melhor défice.

Esta burríssima frase do abrutalhado Pedro Nuno Santos, trolha ao serviço da geringonça, merece alguns reparos.

O tal governo PSD-CDS já cá esteve e, antes de ser varrido por um golpe político de contornos anti-regime, baixou em 12 pontos o défice que herdou do PS (aquele da bancarrota e da corrupção polítco-bancária, lembram-se?). O PS actual hipotecou o futuro a alimentar suas clientelas, reduziu a cinzas a educação, deu cabo do Serviço Nacional de Saúde, ridicularizou as Forças Armadas, deixou arder o país e, mesmo assim, só conseguiu reduzir o défice 3 vezes menos que o negregado governo PSD-CDS.  

O senhor Costa, o senhor Santos e da sua cáfila não percebem? Não sabem? Percebem sim senhor, sabem sim senhor. Mas a “religião” da mentira repetida ad nauseam permite-lhes dizer coisas do género da frase em epígrafe, além do mais destituída de qualquer sombra de inteligência.

Se “um governo PSD-CDS está para vir”, como diz a criatura, ainda bem. Basta que Rio não dure muito e que as inevitáveis consequências da geringonça se mostrem no seu máximo esplendor.

 

15.10.18  

ELE HÁ COISAS...

 

É claro como a água das nascentes que o Brasil está entalado entre duas opções, cada uma pior que a outra.

A opinião pública, causticada pela galopante insegurança, pela corrupção (que sempre houve, mas que o PT levou a extremos nunca vistos), pela degradação económica e social que pôs no lixo a obra de Fernando Henrique Cardoso – e, até certo ponto, o trabalho inicial de Luís Inácio da Silva - e que dona Dilma levou ao total fracasso, deixou de acreditar no sistema, na moderação, nas ideias centristas, liberais e democráticas.

É um tudo ou nada, entre duas diabólicas opções. Uma tirania de direita, outra de esquerda, estão à vista.

Daí que, fora do Brasil, as opiniões sigam os acontecimentos com inquietação, opiniões, independentes umas, interessadas outras. Por cá uma só opinião vigora, a do sonho esquerdista, cheio de ódio a Pinochets e a Orbans, mas suavemente comprometida com Castros e Maduros.

Daí que se assista ao ridículo das deputadas que fazem manifestações e das “tomadas de posição” de intelectuais e artistas de várias quintas, todos unidos no mesmo terror a Bolsonaro. Terão razão, mas deviam, primeiro, ver-se ao espelho e meter a viola no saco.

Ainda ontem, com a prestimosa cooperação da señora Saramago, inimiga, pendura e "okupa" de Portugal, os senhores Freitas do Amaral e Francisco Louçã uniram-se num texto catastrofista, ainda que com alguma razão. A associação de Freitas do Amaral ao trio não é de estranhar, o homem alia-se a quem lhe der guarida e, em busca de credibilidade, dele se serve – ainda que o homem, catavento profissional, já não dê credibilidade seja a quem for ou ao que for. A presença da espanhola, que é metediça em política portuguesa e segue o exemplo, bem pago, do seu falecido e soviético compañero, é só mais uma manifestação de “curiosidade internacional” e de exibição pública, também não causando estranheza. O mais extraordinário disto tudo é a lata do senhor Louçã: a um socialista revolucionário, que apoia todas as ditaduras desde que sejam de esquerda, inimigo feroz de todas as instituições que defendem a democracia liberal e o capitalismo, estatizador implacável, que direito ou que consciência assistem para que se assuste com a ameaça da extrema-direita brasileira, como se, substancialmente, as tiranias de um lado ou de outro não fossem da mesma natureza, sobretudo em termos de (ausência) de liberdade e de direitos pessoais?

 

15.10.18

CAMINHO

Quem olhar para a chuva de benesses propagandeadas com o orçamento da geringonça pensará que o Estado está atulhado em dinheiro e que arranjou diversas formas de o distribuir. Formidável!

Depois, pensará mais um bocadinho, e começará a desconfiar. Como é? O turismo mostra tendência para perder fôlego, a balança comercial passou a deficitária, o BCE está a acabar aos poucos com o quantitative easing, os juros vão subir por todo o lado, o crescimento da economia vai passar de miserável a misérrimo, não há previsão que não diga que o tempo das vacas gordas vai acabar. Como é que o Estado, neste cenário, vai cumprir as promessas sem aumentar o défice e a dívida?

O orçamento, praticamente, não fala de investimento, nem de estratégia de médio/longo prazo, nem de nada que tenha a ver com um futuro minimamente previsível. Ainda menos em aumento da produtividade, em estímulos que se vejam à economia. Sobre o futuro, zero, só se for o imediato. Então? Então, meus amigos, a resposta está nas cativações e em mais impostos, como não pode deixar de ser. As cativações estão previstas (que honestidade!), isto é, previne-se a necessidade de orçamentos rectificativos, as cativações passam a ser feitas à sorrelfa, por despacho. O aumento de impostos lá está, com mais ou menos disfarces, a classe média continuará a ser perseguida, os serviços públicos continuarão na miséria, o sector empresarial público continuará empresarial, e público, e arruinado. Os contribuintes de Freixo de Espada à Cinta continuarão a pagar os milhões que a Carris, municipalizada, deve, sem ter  forma de pagar. E assim por diante.

É sustentável? A curto prazo, sem dúvida. Até às eleições, vai ser uma festa. Depois, como tudo o que tem a ver com a mentalidade costista, logo se vê. Tudo o que de mal acontecer (a profunda degradação do Estado e dos seus serviços, por exemplo) será culpa de terceiros. Costa e a geringonça, por definição, não têm nada a ver com azares. O futuro é curto, os mandatos são curtos, e lá virá um Passos Coelho qualquer dar o corpo ao manifesto quando batermos no fundo.

Em suma, o caminho está cada vez mais aberto para que o PS ganhe as eleições e o país as perca.

 

15.10.18                                                                                                           

DA IMPORTÂNCIA DOS ACTIVOS

 

Desde os primórdios da geringonça que o IRRITADO vem dizendo que o indivíduo conhecido por ministro da defesa não vale um caracol. Nos tempos da ERC, serviu para tapar ou ignorar todos os indícios (indícios é favor) dos ataques virulentos do senhor Pinto de Sousa às instituições que ao Azeredo competia defender, ou seja, àqueles órgãos de comunicação social que tinham o desplante, suprema injúria, de criticar tão alto e tão sublime governante, ainda por cima do PS, organização que era, e continua a ser, dona da democracia, da república, do país e da opinião dos cidadãos. Depois, ter-se-á feito com o Moreira do Porto, para, a seguir, lhe dar com os pés e se meter com a candidatura do Pizarro, contra o Moreira. Há mais, mas para quê repetir?

Era, desde o primeiro dia, a patente, evidente, claríssimo, que o homem não percebia patavina de tropa, nem de defesa, nem de coisa nenhuma. Além disso, não tinha a mais leve sombra de saber o que é fazer política, comunicar, lidar seja com quem for, ainda por cima com militares.

Muito antes de a história de Tancos vir à baila, o IRRITADO chamou-lhe os nomes que tinha à disposição, de incompetente a palhaço.

A história de Tancos veio à baila, e tudo continuou na mesma, atingindo os píncaros do inacreditável quando, há três dias, o chamado primeiro-ministro declarou solenemente que a criatura era um “activo importante” da geringonça, ou seja, do governo, ou seja, do PS. Nesse momento, e mais uma vez, Costa demonstrou à saciedade (para quem, ainda não soubesse) a sua qualidade como homem e como político: a qualidade dos trafulhas, dos aldrabões e dos oportunistas sem escrúpulos. 48 horas depois, o “activo importante” foi para o caixote do lixo sem mais satisfações. O homem veio dizer que se ia embora de seu livre alvedrio, para não desestabilizar a tropa, coisa que andava a fazer há três anos sob o olhar carinhoso e o aplauso do chefe. Qual livre alvedrio qual carapuça, a historieta é a narrativa da geringonça, que ultrapassa o concebível e o inconcebível: foi corrido pelo Costa no exacto amomento em que alguma notícia nova lhe chegou ao nariz. Em matéria de fake news, Costa dá bigodes ao Trump.

Entretanto, a tropa era fustigada pelos acontecimentos e, sobretudo, pela atitude dos seus chefes - totalmente feitos com a geringonça - que debitavam mentiras e inanidades.

Entretanto, o senhor de Belém, pomposo comandante supremo das Forças Armadas, por um lado “exigia esclarecimentos”, por outro era, ele sim, um activo importante do chamado governo, na medida em que aguentava os generais aldrabões sem uma palavra ou uma atitude e não dava mostras de descontentamento que se visse com o ministro em apreço.

Entretanto, a PGR dava poderes exclusivos à polícia civil, pondo em causa e descredibilizando os militares.

Estava completo o caldo de cultura para a “recuperação” das armas, num esquema de rocambolescos contornos, cheio de mal avisado “espírito de corpo” e de insensato orgulho ferido.

Numa palavra, o assunto entrou em roda livre, as versões são tais e tantas que já não há quem saiba seja o que for, que a verdade se tornou mentira, que nem as mentiras têm pés para andar, que cada um diz o que lhe vem à cabeça, que se cruzam as versões, que a ignorância pública cresce…

O pior é que a malta tão eficazmente tem sido levada pelo governo e quejandos a comer o que eles dizem e fazem que, apática e sem grandes ilusões, não reage. Interessa-lhe mais os tostões que, consta, vai receber em 2019 – o que é compreensível – do que a dignidade do Estado ou o que, a médio prazo, nos vai acontecer.

Os problemas, mutatis mutandis, não são muito diferentes dos dos sul-americanos...

 

14.10.18    

FIZZ

 

A operação que se ocupa duns tostões que um procurador terá recebido de um importantão qualquer com base em Luanda a fim de ajudar a arquivar umas chatices que o senhor teria por aí, conheceu novos e surpreendentes desenvolvimentos.

Um pouco de história. Descoberta a eventual marosca, os tipos de Angola desataram aos gritos, que os tipos de cá não podiam julgar o de lá, os tipos de cá disseram o que não deviam sobre a justiça no citado PALOP, a coisa ficou feia, o ministro Machete foi a Luanda por-se de rastos, etc.. Depois, o novo Presidente lá do sítio empinou-se, ameaçou, e, após não sei quantas hesitações e tergiversações, o problema do importantão foi exportado em boa ordem, as coisas voltaram à mormalidade possível, tudo outra vez aos beijinhos e aos abraços.

No doce remanso da Pátria amada, o nosso procurador foi julgado. Tudo na maior. Só faltava ler a sentença. Mas, eis senão quando, tal leitura foi adiada com o argumento de que tinham sido juntos ao processo novos dados ou novas provas, não se sabe quais nem porquê. O Tribunal aceitou-as, e pronto. Diz-se que estas novidades são, umas a favor outras contra os interesse do réu, e que vão alterar a acusação.

Se a sentença estava pronta a ser divulgada, o caso estava, na instância, julgado. Isto pensariam os néscios, como o IRRITADO. Perante uma alteração da acusação, que haveria a fazer? Dir-se-ia que ou reabrir o processo ou repetir o julgamento. Mas não. O que se fez foi adiar a sentença. Ou seja, vai ler-se uma sentença sobre factos que não foram apreciados em juízo!

Talvez tudo isto esteja certo, mas não deixa de cheirar a bananas.

 

10.10.18     

DESLUMBRAMENTOS

 

Há vinte anos, em Kaiserslautern, um velho amigo, número dois do MNE alemão no tempo de Helmut Schmidt, veio ter comigo, sorridente, e disse: parabéns, um português ganhou o Nobel da literatura! Entusiasmado, respondi: o Lobo Antunes? O Peter torceu o nariz,e disse que não era esse, que tão bem conhecia, era um tipo cujo nome não sabia pronunciar, e de que jamais ouvira falar.

Percebi de quem se tratava. Esses alarves do Nobel tinham escolhido um primitivo prolixo em vez de um génio complicado! Eu sei, eram dois candidatos de esquerda, mas um era mais de esquerda que o outro. Eis o critério. Não tinha a ver com a qualidade da escrita ou do pensamento.

 

Depois de ter lido, com alto sacrifício, o entediante e oco, mas ideologicamente pretencioso, “Memorial do Convento”, ainda insisti e, dada a propaganda, cedi na leitura do “Ensaio sobre a Cegueira”. Despertou-me a curiosidade saber o que queria o homem dizer com aquela chatice. Pensei, pensei, acabando por concluir que se tratava de uma mensagem marxista: os cegos (as pessoas) só se “salvam” quando dirigidas pelas “vanguardas esclarecidas” (a mulher que via), velha e relha teoria da vulgata totalitária. Fiquei informado, e farto. A história do autor era o que se tinha ficado a saber nos idos de 75, com muito molho: saneamentos políticos, artigos soviéticos, pancadaria na mulher e na filha, etc . Tal história não podia ser mais ordinária, o que, confesso, me causava e causa algum parti pris.

 

Vem isto a propósito da actual gritaria sobre a defunta celebridade. Galardoado com todas as distinções da República, premiado com a concessão de um imóvel de grande significado para Lisboa e para o país e com uma fundação largamente financiada com dinheiros públicos, além de com uma praça histórica onde impera requintado memorial, parece só faltar a Saramago uma reserva num camarote de primeira no panteão de Santa Engrácia.

Aceito que o Sousa Lara meteu a pata na poça quando impediu que um livro dele fosse candidato a um prémio qualquer. E meteu-a, não por não o candidatar mas pelos argumentos usados, altamente ofensivos para o nacional-esquerdismo, em vez de, simplesmente, com razão ou sem ela, ter posto em causa a valia literária da obra.

Através do senhor de Belém, Sousa Lara recebeu ontem a republicana descompostura. Que passe. O que não passa é a extrapolação que por aí se faz: a culpa não foi dele, foi do PM Cavaco Silva. As mesmas pessoas (por exemplo uma tal Lopes, no “Público”) que não atribuem ao intocável Costa as asneiras, as indignidades, as faltas, as falácias, as mentiras, as trapalhadas dos ministros da geringonça, gritam que a “culpa” do Lara foi do Cavaco. Vivemos nisto. As responsabilidades que, gratuitamente ou não, se assacam a uns, deixam de o ser quando de outros se trata.    

Só mais uma palavrinha sobre este triste assunto. A que é devida à viúva do ido, senhora que se pavoneia como uma rainha por essa Lisboa fora e pelo país dentro, a quem a República confere sustento, fama e honrarias, mas que, passadas décadas na companhia de um português e outras tantas por cá sem ele, ainda não se deu ao trabalho de aprender a lígua de Camões e, já agora, do companheiro. Uma bofetada quase quotidiana na nossa cara. Um bom exemplo da indignidade dos portugueses que se deslumbram com esta gente.

 

9.10.18

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