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irritado (blog de António Borges de Carvalho).

O SOCIALISMO É A FILOSOFIA DO FRACASSO, A CRENÇA NA IGNORÂNCIA, A PREGAÇÃO DA INVEJA. SEU DEFEITO INERENTE É A DISTRIBUIÇÃO IGUALITÁRIA DA MISÉRIA. Winston Churchill

irritado (blog de António Borges de Carvalho).

O SOCIALISMO É A FILOSOFIA DO FRACASSO, A CRENÇA NA IGNORÂNCIA, A PREGAÇÃO DA INVEJA. SEU DEFEITO INERENTE É A DISTRIBUIÇÃO IGUALITÁRIA DA MISÉRIA. Winston Churchill

NUTRICIONISMO

Diz o povo que “quem nasce torto tarde ou nunca se endireita”. É verdade. Há tiques que trazemos do berço e de que não nos livramos para o resto da vida. Por ezemplo, há quem tenha horror às mentiras, mesmo que piedosas, e há quem pratique a mentira compulsivamente, quase sem dar por isso. Haverá muitos estados intermédios mas, quando se trata de tiques, não se aplica.

Na política é assim, como em tudo. Não se vive sem tiques. E há os tiques que se comunicam, normalmente de cima para baixo, impondo-se a quem com eles vive e tornando-se colectivos. É o que se passa por cá por cá, com este inacreditável governo. O “Expresso” reflecte (who else?) reiterados “esclarecimentos” do primeiro ministro sobre as célebres mentiras da austeridade que vai haver mas não vai haver. Não dá para perceber, mas não interessa. São tiques.

Obediente, o camarada Centeno insiste que vai haver um orçamento “suplementar”. Tal soe chamar-se orçamento rectificativo. É o que se chama fuga para a mentira. O tique é de tal maneira poderoso que, mesmo quando a mentira não é precisa, já que toda a gente sabe que não há outro remédio senão alterar o orçamento. Como, nos tempos da honestidade de Passos Coelho acontecia com os dictats de um Tribunal Constitucional - com maioria de juízes de esquerda. Nessa altura, por imposição externa (não parlamentar) rectificava-se o orçamento. Agora “suplementa-se”. É mais suave, inculca-se nas cabeças do pagode que o orçamento em vigor está certíssimo (mentira) e que não há que rectificá-lo (mentira).

O pagode vai comendo balelas há uns cinco anos, porque não há-de continuar com a mesma dieta? O nutricionismo está na moda, não é?

 

26.4.20        

A MIM NÃO ME DIZ NADA

A inutilidade do a mim compagina-se, em matéria de gramática portuguesa, com o me, ou seja, com o imperdoável analfabetismo da chamada “segunda figura do Estado”. Uma inutilidade gramatical seguida de um miserável pleonasmo. Dirão caritativas individualidades que se trata de um ênfase, de um reforço mais ou menos semântico. Pois. Adiante. Já sabíamos com quem contávamos.

E o que é que o indivíduo queria enfatizar? Nada menos que esta maravilha democrática: nem abaixo-assinados nem petições na internet lhe diz(em!) seja o que for. Não ouve, não responde, entenda-se, se o assunto não for do seu imperial agrado. Desta criatura tudo é de esperar. Ele está no poder, o seu partido está no poder, o governo é da sua cor, em Belém gosta-se disto, o que dizem os cidadãos não interessa nada. Estão a perceber?

É o áulico ideal para o primeiro-ministro, não acham?

Consta que o senhor Santos Silva, do palácio das Necessidades, lhe enviou uma mensagem, a dizer: É assim mesmo, camarada, como eu dizia, quem se mete com o PS, leva! Os meus parabéns.

 

24.4.20      

EM QUE FICAMOS? FICAMOS MAL

De volta ao assunto:

Em três ou quatro dias, o insuportável Costa já deu, por cinco vezes, a sua opinião sobre a austeridade.

Na primeira oportunidade, afirmou peremptoriamente que depois da crise do covide, não haveria austeridade.

O chamado ministro da economia apressou-se a vir dizer o contrário.

O insuportável teve um rebate de consciência – se é que a tem – e retratou-se: com a mesma lata com que tinha dito que não haveria, opinou que, sim senhor, haveria.

Dois dias depois, mostrando acendrado respeito pelos colegas da esquerda radical, disse, três vezes, no Parlamento, que não, não vai haver austeridade nenhuma.

Como de costume, não se sabe onde, na cabeça do homem ou no caixote do lixo; isto é, o homem, ou borrifa na verdade, ou não sabe se tal coisa existe.

Procurando uma explicação lógica, vejamos os factos. A sociedade em geral estrebucha no desemprego, no layoff, na falta de meios, no terror da crise económica que já por aí anda com fartura. No entanto, os funcionários públicos foram aumentados – miseravelmente, mas foram. E aqui temos a falta de austeridade. O insuportável acha, e pratica, que, para os seus empregados (a grande maioria deles vota PS), não há austeridade. Os outros são carne para canhão: que se lixem. É o esplendor do socialismo: quando formos todos empregados do Costa, acaba a austeridade. Enquanto tal não acontecer, haverá dois povos, dois países, duas velocidades. O aparelho repressivo está, cuidadosamente, a ser montado.

Assim fica explicada a coerência mental, e moral, de sua excelência, o seu amor à verdade, seu respeito pelas pessoas.

 

24.4.20

QUEM SABE?

 

Não sou um negacionista dos malefícios do Covide. Mas interrogo-me sobre a acuidade das informações que são veiculadas pelo governo. Dir-se-á que, por bem fundados princípios e convicções, não acredito em quase nada do que o governo diz. O meu parti pris, confesso, é evidente. Mas...

Só é possível saber da verdadeira quantidade e gravidades das mortes de identificados como vítimas da pandemia se compararmos os números dos desenlaces fatais com os de anos anteriores. Quantos morriam sem covide nenhum, só com a costumeira gripe sazonal? Quantos morriam por causas naturais, sendo o Covide, agora, mera “ajuda”?

Nas curvas e gráficos que andam por aí aos pontapés parece não haver razão para tanto medo, tanto pânico e tanta barulheira. Ainda menos motivo sério para paralizar brutalmente um país, com as catastróficas consequências de que já ninguém duvida, ou para suspender drasticamente as Liberdade individuais. Dizer-se que a democracia não está suspensa quer dizer exactamente o contrário: a democracia, no mínimo, hiberna.   

Também não há motivo sério para que as criancinhas estejam fechadas em casa quando se sabe que o vírus não lhes faz mal. Agarradas aos computadores e à televisão, aprendem as primeiras letras sem que se saiba ou se queira saber das consequências psicológicas, temores, e ansiedades pós-traumáticas, que podem ter efeitos devastadores no futuro - de curto, médio e longo prazo - nas vidas delas.

Enfim, tudo aponta para um exagero de que, como é de uso, jamais alguém será culpado.

Enfim, considerações de quem pouco ou nada sabe do assunto. Mas alguém, verdadeiramente, saberá mais do que eu?

 

22.4.20                                                               

COMEMORAÇÕES

Em 25 de Abril de 1974, um golpe militar derrubou o regime autoritário da II República, conhecido oficialmente por “Estado Novo” e não oficialmente por ditadura, fascismo, etc.

Tal derrube suscitou imediato, generalizado e indiscutível apoio popular. Os portugueses estavam fartos do controlo estatal, da polícia política, da estagnação ultramarina, do Império à custa de guerras que, mesmo que triunfantes nos seus principais teatros e inexistentes noutros, tinham perdido, enquanto tal, a compreensão e o suporte públicos. Longe iam os dias em que a manutenção fundamentalista do Império por parte das duas primeiras repúblicas era motivo de orgulho e em que havia suporte internacional para a sua manutenção. O fim das guerras do Ultramar e a independência dos seus territórios estavam na ordem do dia, assim como a condenação do isolacionismo em vigor e da repressão política que afastavam o país da Europa, da democracia liberal e do progresso social.

Passado o entusiasmo dos primeiros tempos, começou a ser evidente que os caminhos do poder político saído do golpe e protagonizado por hordas de militares, ou ignorantes ou engagés, apontavam mais para uma nova ditadura que para a fundação de um regime liberal à moda da Europa ocidental. Ressuscitava-se a perseguição, as prisões, a instabilidade, a mais aburda demagogia e o caminho para o socialismo obrigatório à maneira soviética, chinesa ou albanesa. A sociedade civil estava contaminada. Até muitos dos que se tinham notabilizado como defensores da democracia, como Jorge Sampaio (para citar só o mais importante), se opunham, por exemplo, à realização das primeiras eleições livres: havia que consolidar, primeiro, o socialismo, a democracia viria a seu tempo, se viesse.

Gerou-se então um movimento informal de oposição à nova repressão, ao qual aderiram alguns autores do golpe de Abril, os republicanos históricos e a generalidade dos populares que viam os seus sonhos democráticos em causa, vitimas do domínio que, manu militari, parecia ter condições para se “institucionalizar”. À beira da guerra civil, o país definhava economicamente, as nacionalizações avançavam, os governos ora apoiavam o caminho da revolução marxista ora hesitavam no que haveria a fazer para a travar.

Até que, em circunstâncias bem conhecidas, houve militares que, com o indiscutível apoio dos partidos democráticos e do povo em geral, conseguiram, pela força, pôr fim ao generalizado desnorte do nascente novo regime.

Não há, para quem leia a História com olhos de ler, dúvidas sobre o momento em que o golpe militar de Abril deixou de significar repressão e revolução em vez de liberdade, ditadura marxista em vez de democracia liberal. Tal momento deu-se mais de um ano e muitas desgraças depois, em 25 de Novembro de 1975. Se se quiser dar a saber, e celebrar, quando e como a Liberdade começou em Portugal, tal comemoração deve ser nesse dia, não naquele em que caíu a II República.

Comemore-se em 25 de Abril o golpe militar. Mas, se se quiser, com respeito pela História e pelas pessoas, comemorar o dia em que a ameaça ditatorial viu o seu fim, a data em que, verdadeiramente, a III República nasceu, então não se engane mais as pessoas e comemore-se o 25 de Novembro.

 

20.4.20       

PEQUENO COMENTÁRIO

 

Com certeza empurrado pelas críticas do IRRITADO, o insuportável Costa voltou atrás. Anteontem tinha jurado que não ia haver austeridade, ontem o IRRITADO puxou-lhe as orelhas, hoje veio a correr dizer que, afinal, ia haver austeridade sim senhor. Assinalável atitude, não é?

Não. Nem da parte dele, nem da dos media. É que o indivíduo não se retratou, não pediu desculpa, não disse que se tinha engando, nada. E não houve jornalista, comentador, opinador nenhum que tivesse assinalado a coisa.

Donde se prova que, nos tempos que correm, e desde há muito, ou as pessoas, jornalistas incluídos, se habituaram de tal maneira às aldrabices do homem que já nem vale a pena dar por isso, ou acham muito bem que ele diga o que lhe vier à cabeça, quando e como lhe vier à cabeça.

Esta segunda hipótese é uma das causas da nossa desgraça.

 

18.4.20

AUSTERIDADE

Segundo a primo-governamental excelência, apesar das difícies circunstâncias em que estamos e estaremos, “não haverá austeridade”. Palavra dada, palavra honrada, dizia a criatura há longo tempo. A prática levou-o a esquecer o dito porque, evidentemente, percebeu que isso de promessas, palavras dadas e outras sonoras declarações são incompatíveis com a sua personalidade. Esta de garantir que não vai haver austeridade deve ser levada à conta de um regresso à palavra dada, ou será o quê?

A demonstrar a coerência, a estabilidade e a coesão dessa coisa a que chamam governo, veio o luzidio crânio do senhor Vieira acrescentar a receita que já deve ter combinado com o Centeno, receita que, em frase de antologia, exprimiu assim, leiam bem: “despesas do Estado hoje são impostos amanhã”. Lapidar, não é?

Donde, ficamos sem saber o que será austeridade na cabeça desta gente. Os inevitáveis impostos do crânio luzidio pelos vistos não são austeridade. Alguma mezinha que o chefe dele tenha inventado também não parece que seja. Mais desemprego também nada tem a ver com austeridade. O aumento brutal da dívida do Estado ainda menos. A malta sem cheta não é austeridade. “Se não tem massa que se meça, coma nabiça, por aqui não passa, ora vá à missa”, diziam os antigos. Deve ser este conceito o que preside ao governamental “pensamento”.

Enfim, o melhor que temos a fazer, se pudermos, é economias, a fim de poder pagar a não austeridade de um e os impostos do outro.  

  

17.4.20

MORRER NA PRAIA?

“Não queremos morrer na praia”, disse, cheio de basófia, o senhor de Belém.

Não sei onde foi amodernidade buscar esta expressão. Razão pela qual não faço ideia do que quer dizer. A terceira República trouxe à praça pública uma data de novas expressões, de um modo geral caracetrizadas pelo proto-analfabetismo que é timbre do ensino do portugês. Por exemplo “frente a” em vez de “em frente de”, “mesa em madeira” em vez de “mesa de madeira”, “eu pessoalmente parece-me que” em vez de “parece-me que”, “tomaram remédios para tratarem da doença” em vez de “tomaram remédios para tratar da coença”, e por aí fora, um mar de barbaridades.

Esta do “morrer na praia” tem a vantagem de não ser propriamente uma barbaridade. O problema está no que quer dizer. Será que o senhor de Belém não quer morrer na praia dos pescadores em Cascais, depois de revigorante banhoca? Será que considera que o “nobre povo” está a naufragar e que, se conseguir chegar à praia, prefere ir morrer (de fome?) lá em casa? Esta segunda hipótese seria contraditória, uma vez que o que o tal senhor quer, diz-se, é comunicar calma e fé no futuro. A frase não é compaginável com os afogamentos no naufrágio.

En fim, perceberá quem quiser, certamente haverá muita gente mais esperta que este escrevinhador.

 

17.4.20

NAÇÃO VALENTE

 

Este verso de “A Portuguesa” é usado pela Iniciativa Liberal (liberal na economia, radical na sociedade, a fazer inveja aos tarados do Bloco), julga-se que para animar a malta. É a filosofia do senhor de Belém a frutificar – somos os maiores, os mais bonitos, os mais inteligentes, bla, bla, bla.

Valente?, pergunta o IRRITADO. Valente? À rasca, é o que é. O pânico é generalizado, anda tudo a tremer de medo. Chamar-lhe valentia é como dizer que a terra é cúbica. Podiam dizer “Nação consciente”, ou outra patetice do género, mas “valente”, pior que wishful thinking, é pura fantasia.

*

Um tipo pagou-me uma dívida com um cheque, meio de pagamento a cair em desuso, como é sabido. Quis depositá-lo. A minha agência está fechada. A máquina do multibanco deixou de receber cheques. E agora? Telefono ao “gestor”, o tipo diz-me que há uma agência aberta a cerca de um quilómetro: vá lá, mas tenha calma, não se excite. Lá vou eu. Era meio dia e pouco. Chego à tal agência, estava fechada, só depois da uma, que o pessoal almoça do meio dia à uma. Pensei que devia haver um só funcionário, coitado, tinha de comer. Vim a verificar que havia dois, não percebi porque não podia um almoçar do meio dia à uma e outro da uma às duas, por exemplo. Enfim, um pormenor. Apesar do aviso do “gestor”, comecei a ficar nervoso. Dei umas voltas ao quarteirão, para fazer tempo. Exactamente à uma, estava à porta da agência. Porta fechada, luzes apagadas, uma tristeza. Toquei à campainha. Nada aconteceu. Com o nervoso miudinho a crescer, toquei mais umas vezes. Até que ouvi uma vozinha que parecia vir das profundezas do inferno, dizer: o que deseja? Isto está aberto, perguntei? Sim, o que deseja? Desejo entrar. Sim mas para quê? Para entrar, sou cliente deste banco, o banco está aberto, abram a porta. Mas para que é que quer entrar? Para tratar de um assunto. Ao fim de mais uns episódios deste interessante diálogo, acabei por convencer o indivíduo a abrir-me a porta. Cheio de fé, cheque em riste, aproximei-me da gaiola de vidro onde o tipo, ao ver-me, colocou a mascarilha. Enfiei então o cheque na ranhura disponível. O animal perguntou-me: para que é o cheque? Sendo de outro banco, é lógico que só posso querer depositá-lo, não é para limpar o rabo. Foi o que disse. O homem ficou ofendido, julgo que no seu impecável profissionalismo. Eu já estava eléctrico. Receba o cheque, dê-me o comprovativo, e deixe-se de merdas. Nisto, surge das profundezas da loja outro fulano (como vêem, havia dois, mas almoçavam à mesma hora, que isso de comer sozinho é uma chatice). Ameaçador, em demonstração da mais justa indignação, desatou a dar-me uma lição: então “você”, que anda na confinação, não reconhece que nós, dedicados servidores do público, arriscamos a vida para lhe prestar serviços? “Nós” eram os dois mânfios de serviço, com menos de quarenta anos. Uns valentes (como a Nação!), uns sacrificados, uns heróis da solidariedade, maravilhosos cidadãos a que todos devemos o supremo sacrifício de depositar um cheque.

Pus-me a andar, antes que dedicasse aos dois idiotas o chorrilho de palavrões que mereciam. Corajosos? Valentes? Heróis? Uma ova, dois maricas borrados de medo, a julgar que são gente.

Deve ser a este tipo de malta que a IL atribui a valentia da Nação.

 

15.4.20          

OS DESMIOLADOS

 

Portugal é o único país da Europa ocidental em que os partidos comunistas têm à volta de 20% de votos do eleitorado. Isto diz muito sobre o estado mental da sociedade, vítima de mais de quarenta anos de “educação para a cidadania”, um sistema sem eira nem beira, inspirado por valores estrambólicos, trafulhices sobre a História e a civilização, relativismos vários, talvez à procura de um “homem novo” mergulhado em complexos de esquerda e de “nova ética”.

É o que temos, aquilo que serve de inspiração às gerações actuais. Tudo o que não for “correcto”, ou seja, de esquerda, é fascista, pasto de esqueletos vários, dentro e fora do armário. Espera-se que alguma resistência pensante ultrapasse isto, na medida do possível, se é que ainda há possível.

Mesmo assim, há quem exagere. O BE, cultural e politicamente o mais ordinário dos partidos de esquerda, é o que maiores doses de cegueira ou estupidez instila no tecido social. Oficialmente, já declarou que o covide é uma consequência do capitalismo(!!!). As tontas Martins, Mortáguas & Cª vieram agora postular que são contra toda e qualquer austeridade, seja qual for a dimensão da crise económica em que já estamos e que ameaça catastróficas consequências para o futuro. Ou seja, pode faltar a produção, a criação de riqueza, o dinheiro, tudo, mas os rendimentos têm que se manter. Como? Quais rendimentos? De quem? Quem os paga? Resposta das taradas será quem e o que o BE determinar, isto é, pagarão os que poderiam (se mercado houvesse) criar os meios para pagar. Na estupidez odiosa e militante do BE, são os oa que devem ser abolidos, os que “têm dinheiro” para o BE distribuir. Qual dinheiro? Há décadas que não existe dinheiro “a sério” em Portugal. E, pelo andar da carruagem, daqui a pouco nem uns “dinheirinhos” haverá.

A receita do BE é o auge, o paroxismo do mais reles populismo, a deixar os populismos de direita a uma distância cósmica.

Quem sabe, talvez haja quem perceba quão desmioladas são estas mulheres e os seus aios e lacaios. É o pouco de esperança que resta.

 

11.4.20

O RONALDO DEIXOU DE MARCAR PENALTIS

O grande, o fantástico, o genial Ronaldo das finanças, a navegar em salsas ondas com ventos de favor, capitão incontestado do plantel do Euro, à primeira borrasca deu à costa moribundo.

Depois de inúmeras jornadas de grande estaleca, como cativações e impostos caseiros e elogios generalizados da ignara assistência estrangeira, estatelou-se na praia.

Conseguiu, diz-se, um triunfo, mas dos conhecidos por vitórias de Pirro. Dinheiro, só para o covide. E não é dado, é emprestado e para pagar em dois anos. Foi o que conseguiu. Transferências a fundo perdido, zero. Nós, coitadinhos, que, em 2011 abichámos 76 milhões em condições minimamente aceitáveis, vamos ver uns 4, e a pagar num ápice.

A rir ficaram os “repugnantes”, na douta  definição do treinador Costa.

O Ronaldo das finanças pifou.

 

10.4.20    

O BUSÍLIS

Sei de uma fábrica que, não se enquadrando nos altos desígnios do chamado governo, continua a trabalhar. Os funcionários medem a temperatura quando picam o ponto à entrada e à saída, trabalham com máscara e luvas, ao mais pequeno sintoma vão aos serviços de saúde lá do sítio, e ainda não houve uma quebra de produção significativa nem covide que se visse.

O patrão e os empregados, desalinhados com a política de quem manda e de quem apoia quem manda, devem acabar por pagar multas ou ir parar ao xilindró. É justo, não é?, a lei é para todos, quem não cumpre lixa-se. Que diabo, estamos num Estado de Direito, seja lá isso o que for, isto é, o que andar na cabeça de quem está na mó de cima.

E se, em vez de se seguir o princípio da paralização da economia, se seguisse o princípio contrário, isto é, o de só poderem funcionar as empresas que garantissem as cautelas do exemplo acima e as que não produzissem produtos indutores de contaminação?

Há exemplos disto em vários países deste mundo, não constando que tenham consequências negativas nem ponham tanto em causa o futuro das suas economias.

Mas o chamado governo não fazia tanta vista, não é? É aí que está o  busílis?

 

9.4.20

DA FAMA NÃO SE SAFAM

A dona Não-sei-quantas, tida por ministra da cultura, resolveu ir à caixa das esmolas e desencantar um milhãozito para oferecer a um leque de artistas do gabarito do Tordo para que venham à Televisão do Estado, conhecida por RTP, dar largas à arte que consta dever ser paga pelo cidadão. Por um mero milhão, propõe a criatura aliviar a nossa situação oferecendo-nos o desgosto de ver tal gente a ganhar o dela (quanto toca a cada um?), enquanto a comum maralha entra no layoff, no desemprego, na mais horrível das carências, etc., e perspectivando-se uma crise económica cujas características seriam, há bem pouco, inimagináveis, e que há alguns pessimistas bem informados a garantir que terão dimensões ciclópicas.

O IRRITADO agradece a generosidade da ministerial criatura, mais que não seja porque nos ajuda a pôr a nu, por um lado alto critério do socilalismo-nacional, por outro o insigne altruismo, perdão, o desbragado oportunismo dos tais artistas.

Há por aí muita gente, não artistas se aplicarmos os governamentais critérios, que põem à disposição do indigente inúmeras manifestações da sua por certo não-arte, músicos, piadéticos, ilusionistas e outros, a tentar aliviar o tenebroso dia-a-dia dos seus concidadãos, isto sem cobrar um chavo. Mas não interessam ao governo.

Enfim, parece que andam em circulação vários protestos contra a iniciativa. Mas, mesmo que consigam acabar com ela, o mal está feito, não se safam a indivídua e o chamado governo da fama que merecem.

 

9.4.20       

PERDER O TINO

 

Julgo que ainda não estou doido, mas tenho a certeza de que já faltou mais. A juntar ao isolamento, vieram uns dias cinzentos, cheios de tristeza, de ar frio (por muito que os termómetros marquem dezoito), de chuva, de desolação, de desgosto.

Vou fazendo uns cozinhados malucos, perco o encanto das descobertas dos primeiros dias. O blog anda de rastos, há só um tema, o medo do covide, o palavreado mais ou menos contraditório, só sabemos que isto vai continuar e que começa a estar em risco a saúde mental dos submetidos.

A juntar a esta porcaria de vida, veio o senhor de Belém acrescentar um dos seus discursos a excitar a Pátria, que isto de portugueses tem que se lhe diga nas doutas palavras de tão alto magistrado (o “supremo”, diz-se), tão alto professor, tão alto intelectual, tão alto nos afectos, tão querido das massas em desânimo. O problema é que o senhor fala muito, muitas vezes, vezes demais. Deveríamos recomendar ao supremo que faça como Sua Majestade Britânica e não se meta em assuntos de que nada sabe, ainda que excepcionalmente.

Desta vez, resolveu pôr-me a cabeça em água. Se excitou alguma coisa, foi o espanto e a descrença. Disse-nos, se bem entendi ou se se explicou mal, que dentro em breve teremos vinte mil covidados ou, se tudo correr bem, uns trinta mil. Sim, meus senhores, se os vinte mil são bom sinal, trinta ainda é melhor. Donde se conclui que o melhor dos mundos será o milhão cientificamente previsto pela senhora da saúde (não confundor com a Senhora da Saúde) aqui há coisa de um mês, como anunciou o “Expresso” para animar a malta. Também pode ser  outro número qualquer, parece que tanto faz.

Senhor de Belém, poupe-nos, poupe a sua alta verve, não nos ajude a perder o tino.

 

6.4.20   

UMA EXCEPÇÃO MALUCA

 

Tantas emergências, tantas limitações, tanta disciplina, os prevaricadores na gaiola, os polícias a vigiar, vilas fechadas, cercos, tudo minha gente a cumprir as ordens do Costa e do senhor de Belém, cada vez mais ordens e menos direitos, tudo o que lhes vier à cabeça. Aguentemos, ai aguentemos, seja em desconto dos nossos pecados, seja pela nossa rica saudinha, seja para glória eterna dos dois manda-chuva acima citados.

Uma coisa me incomoda no meio da descomunal pessegada em que estamos metidos. É que, com tantas cautelas, continuamos a comprar os jornais. Que mãos lhes mexeram antes de chegar às nossas? As dos fulanos que fabricaram o papel, dos compositores (não sei se ainda há disso), dos tipógrafos, dos distribuidores, das meninas das tabacarias e de mais não sei quantos seres humanos cheios de espirros e de covides.

Que explicação haverá para que os mandões se tenham esquecido disto? As frutas, os legumes e outras vitualhas, dir-se-á, estão na mesma situação. Mas as alfaces podem ser desinfectadas, as águas, os peixes, o pé de porco, podem ser desinfectados ou fervidos. Os jornais não: lavados com produtos desfazem-se, fervidos também. Podemos lê-los de luvas e máscara para nosso descanso? Qual descanso? Resta dizer que se trata de proteger a chamada informação. Mas há na net, na TV, na rádio, nos telemóveis, informação e desinformação com fartura, o difícil é escolher ou escapar a tanta quantidade.

Percebe-se que se tente salvar os meios em papel. O IRRITADO tem o vício dos jornais, não quer que eles acabem, mas deixou de os comprar. A salvação da informação em papel não pode, não deve, ser feita à custa da segurança sanitária de cada um. E, se toda a economia está a sofrer com a crise (e muito mais sofrerá no futuro) por que carga de água ficam de fora os jornais?

 

5.4.20

NO DIA DAS MENTIRAS

No meio de toneladas de informação, estatísticas, opiniões, casos pessoais, exibições televisivas, com tanta gente a dizer que é branco, outras que é preto ou às riscas, ocorre-me perguntar se vale a pena mergulhar neste mar. Talvez o melhor seja o blackout voluntário para não dar em doido.

Já agora, umas perguntinhas sobre a fiabilidade dos números oficiais.

Como é possível que, em 8.000 e tal infectados, haja, há mais de uma semana, só 43 recuperados? Estarão os outros 7.957 doentes sem cura nem morte?

Os infectados são os que fizeram testes com diagnóstico positivo. Como quase ninguém fez testes, serão os infectados 8.000, 800.000, ou outro número qualquer?

Se toda a gente fizesse os tais testes, seria permitido concluir que a esmagadora maioria se safa sem problemas de maior ou sem problemas nenhuns?

Como saber se o número de mortes por causa do vírus está certo? Andarão a meter todos os mortos no mesmo saco? Para além das vítimas do vírus, quantas pessoas morreram por outras causas? Ninguém? O vírus será o bode espiatório?

 

1.4.20

REUNIÃO PALACIANA

O insuportável reuniu o seu governo, com pompa e circunstância, no Palácio Real da Ajuda.

Matilhas de jornalistas se apresentaram, ansiosos de novidades. Plof. Não houve novidades nenhumas, a não ser que haverá novidades no dia 9 de Abril. Muita parra e nenhuma uva.

Compreendo. O insuportável tinha reunido, de manhã, com a Cristina, outra insuportável. O que tinha a dizer já estava dito, e a uma hora em que as donas de casa do costume, agora acompanhadas dos prisioneiros do vírus e do governo, vêem televisão. Para quê aturar jornalistas no Palácio? Diga-se de passagem que o homem, desta vez, até disse umas coisas de jeito, isto é, tratou de preparar a plebe para cenários catastróficos. Com razão ou sem ela.

Só não se entende o porquê do Palácio. Para dar solenidade, gravitas, a coisa nenhuma?

Mais uma pergunta que aí fica, sem direito a resposta.

 

1.4.20    

Apostilha.

Hoje, 2.4.20, disseram-me que ostipos reuniram na Ajuda para poder ficar a dois metros uns dos outros. Não sei se peça desculpa, se renove a crítica. Não haveria outra solução?

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