O SOCIALISMO É A FILOSOFIA DO FRACASSO, A CRENÇA NA IGNORÂNCIA, A PREGAÇÃO DA INVEJA. SEU DEFEITO INERENTE É A DISTRIBUIÇÃO IGUALITÁRIA DA MISÉRIA.
Winston Churchill
O SOCIALISMO É A FILOSOFIA DO FRACASSO, A CRENÇA NA IGNORÂNCIA, A PREGAÇÃO DA INVEJA. SEU DEFEITO INERENTE É A DISTRIBUIÇÃO IGUALITÁRIA DA MISÉRIA.
Winston Churchill
Aqui há tempos andei em arrumações, o que quer dizer que deitei uma data de coisas para o lixo. Entre elas, muita papelada dos tempos da ditadura. No meio, um molho de números do “Avante!” clandestino, naquelas folhinhas de papel ultra-leve, azul, cor de laranja, na cor que calhasse, cheias de elogios à URSS e de patacoadas ideológicas para engromilar incautos. Tinha a sua piada, o “Avante!”, e até dava um certo frisson ter aquelas porcarias em casa, numa gaveta “secreta”, não fosse a PIDE ter alguma ideia, o que, reconheço, era pouco provável.
Os tempos mudaram, e de que maneira. Nos meus mais arrojados cálculos jamais imaginaria que, julgados libertos, viéssemos a passar por uma onda oficialmente pró-soviética, ainda menos que, mais de quarenta anos depois do malfadao PREC, o meu pobre país continuasse a ter uma organização tão primitivamente mal cheirosa como um PC igualzinho ao que era, mas com (ainda!) uns 7% de votantes, lado alado com o seu avatar, o BE, a dar-nos uma imagem clara do nosso quiçá inultrapassável atrazo civilizacional.
Enfim, vem esta arenga a propósito das últimas semanas, sobretudo da última, em que as nossas atrazadíssimas estações de TV nos vêm martelando a cabeça com propaganda dos campeões do atrazo, a propósito da chamada “festa do Avante!” (forma de obtenção de incontroláveis fundos). Uma obra ímpar de publicidade barata (horas e horas de antena, conosco a pagar a RTP, a MEO, a Vodafone e não sei mais quantas que por aí vicejam). Um vê se te avias sem peias nem vergonha. Ao ponto de, mesmo que a tal “festa” fosse proibida, já a organização tinha ganho, não dinheiro, mas fama e proveito públicos. De mestre.
Até quase ao último momento, os envolvidos na marosca – a DGS e o PC – esconderam as condições ditas sanitárias para a realização do arraial. Agora que, por pressão presidencial, já são conhecidas, vamos sofrer, matraqueados com a coisa, mais outra ou outras semanas .
Uma declaração de interesse. Para mim, o comício de 4 dias mascarado de “festa”, devia ser autorizado, como autorizados deviam ser muitos outros “ajuntamentos” populares. Como sabe quem me lê, não alinho nem com as ordens das oxigenadas, nem com as do Costa. A ser proibido, que fosse por não ser líquido que os partidos políticos devam poder organizar este tipo de propaganda para angariação de fundos.
O problema é que, no meio dos indecentes limites e atentados à liberdade que todos sofremos e vamos continuar a sofrer (até as criancinhas, meu Deus!), há, oficialmente, governamentalmente, oxigenadamente, uma só excepção de monta, corporizada nos direitos “especiais” que ao PC são outorgados.
Liberdade, democracia, o que é isso para a gente que está no poder?
Às vezes, escapam aos informadores coisas que nos aproximam da realidade. Por exemplo, ontem, com ar grave, anunciaram-nos que, não sei onde, se tinha descoberto 40 infectados com o célebre covid19, e morrido dois. Destes, um tinha 93 anos. Do segundo não foi declarada a idade, mas disse-se que estava sujeito a “cuidados geriátricos”. Os outros 38 eram “assintomáticos”. Assintomáticos quer dizer cheios de saúde. Todos alojamos de vírus de várias tamanhos e feitios, covid19 incluído, mas tal não quer dizer que estejamos todos doentes ou às portas da morte. Como está provado, mas não declarado. A informação acima deve ter escapado à censura. Os 38 foram devidamente “confinados”, ça va sans dire. Pagam a falta de informação com a liberdade.
Uma recomendação às senhoras e cavalheiros que se dedicam, todos os dias, todas as noites, horas a fio, a aterrorizar as gentes sobre o covid19, de tal maneira que a esmagadora maioria de tais gentes acredita na monumental catástrofe que (quer quem “informa”) atingiu a humanidade.
Uma recomendação simples, sem grandes pretenções. Trata-se de informar um pouco mais, ou um pouco melhor. Tem a ver com estatísticas, que não existem ou, se existem, não fazem parte da informação disponibilizada.
Toda a gente sabe que, quanto mais testes mais portadores de covid, quanto menos testes menos “doentes”.
As fontes das estatísticas devem ter certos números. Mas não têm, ou omitem-nos. Há, até, um chamado Instituto Nacional de estatística, que custa uma fortuna e se poderia dedicar ao assunto. Assim, já que querem entreter o pagode com números, deveriam dizer: dos descobertos com a infecção, quantos estão doentes, quantos estão em casa a tomar umas aspirinas, quantos não sentem nada, quantos estão confinados sem jamais terem tido sintomas ou tendo-os ligeiros, quantos dos “recuperados” estavam doentes ou deixaram de ter o vírus sem ter dado por ele, quantos dos mortos com covid morreram disso, da idade, ou de falta de serviços médicos para outras patologias, ou ainda de medo de ir aos hospitais. E por aí fora, muitos dados podiam ser publicados, mas não são.
Há também estatísticas de mortalidade e da sua evolução que são esclarecedoras mas omitidas se contiverem algum optimismo.
Porquê? Porque o que está a dar é o terror, é o que vende jornais, o que justifica a quebra de direitos, o que incensa as “autoridades”, o que, "profilaticamente", arruína o mundo.
O IRRITADO sabe que, por dizer estas coisas, vai ser acusado de algum “crime contra a humanidade” ou coisa parecida.. Que se lixe.
O inigualável Costa reuniu com a Ordem dos Médicos a fim de deitar água na fervura na história dos “cobardes”. Os “gajos”, a bem da estabilidade e da civilidade das suas relações com o governo, resolveram ouvi-lo. Diz-se que a coisa correu tão bem quanto possível, o que, para qualquer pessoa, deve querer dizer que Costa pediu desculpa, disse que tinha sido uma irritação por causa do caso de Reguengos, uma imprudência, e outras coisas mais ou menos simpáticas, para acalmar os ânimos. Pelo menos teoricamente, Costa terá reconhecido ter metido a pata na poça quando, na entrevista ao “Expresso”, teceu estúpidas, ignorantes e arrogantes considerações sobre as competências estatutárias da Ordem.
Uma coisa é o que se diz numa reunião à porta fechada, outra é o que se atira cá para fora. Costa, perante o furibundo olhar do bastonário, veio dizer ao povo que estava tudo OK, não havia problema nenhum, o que não condizia com o que os senhores da Ordem achavam que se tinha passado.
Apaz foi Sol de pouca dura. Sossegadas as almas, vem o bastonário dizer que a comunicação pública do PM não reflectia fielmente o que se tinha passado. Uma forma civilizada de dizer que o PM mentiu ao povo. As almas estão desassossegadas outra vez. Não tanto quanto seria de desejar, isto é, as almas dão ao caso o valor de um fait divers. Num país onde há “movimentos”, “associações”, “activistas” e mais não seu quantos “protestantes” a ocupar-se de tudo e mais alguma coisa, não se vê reacção de monta a mais esta bronca do poderosíssimo cidadão.
Para passar entre os pingos de chuva sem se molhar, para sacudir a água do capote, para demonstrar a sua “inocência” – inimputabilidade -, para proteger os fiéis (uma multidão de dependentes) bem empregados, António Costa é capaz de tudo. E tudo lhe corre bem. Relapso e contumaz, Costa diz o que for preciso, verdade ou mentira. A malta, entretida com a “terrível pandemia”, com a liga dos campeões, com as “doenças” do planeta, com a saúde dos cães, parece que nem ao desemprego - que a chamada guerra do covid desencadeou sem escrúpulos - dá importância de maior.
E os pingos de chuva parece que se afastar-se de Costa sem lhe tocar. Até que... até que o ciclone que aí vem lhe caia em cima.
Segundo as notícias, o senhor Costa acha que o facto de ter chamado cobardes aos médicos foi um “mal entendido”. Não foi, não há nada para entender, bem ou mal, cobardes são cobardes, chamar cobardes é chamar cobardes, não há nada para entender a não ser isso mesmo..
O mais grave, porém, não é que o PM tenha tido esse tipo de desabafo, eventualmente até por não estar bem informado. Grave é que, primeiro, tenha começado por desautorizar indevidamente a Ordem por esta ter ido ao lar da morte ver o que se passava. Com palavras altamente condenatórias, os médicos foram acusados pelo Costa de ultrapassar ilegalmente as suas competências. Mesmo que tivesse razão (não tinha), o que estava a fazer era desviar as atenções dos males postos a nu com afirmações que nada tinham a ver com o verdadeiro assunto. Isso sim, é cobardia, e da grave. Tentar cobrir com legalismos bacocos as malfeitorias de uma constelação de boys do PS, tentar fugir ao assunto, que outra classificação pode ter?
Pior ainda. Posta na mesa a sua ofensiva imprudência, não pediu desculpa. Sacudiu a água do capote com a história do “mal entendido”.
Ressalve-se a atitude do chefe dos médicos. Com cara de pau, aceitou a “explicação”, obviamente a bem das relações que não pode deixar de ter com o governo.
Assim se distingue um homem a sério de um que não presta.
O nosso inestimável (o que não merece estima) primeiro-ministro disse que os médicos destacados julgo que para Reguengos de Monsaraz e que se recusaram a trabalhar, são uns “cobardes”.
Diz o “Expresso”, tremebundo, que tal foi dito em off. Mas foi dito. E foi filmado pelos filmantes do “Expresso”. O “Expresso” filma offs! E com som! E não só foi filmado, como o take do “cobardes” foi enviado a várias gentes. Alguém de tais gentes retirou a frase e publicou-a na Net. Diz o “Expresso” que, além de roubado, o dito foi “descontextualizado”. É claro que só há uma maneira de “contextualizar” a frase de sua excelência: é publicar o que a “contextualiza”. Mas isso... querias!
O coro é geral, tonitruante: houve um “roubo”. Duvido, mas talvez seja verdade. Anda meio mundo a tecer os mais altos louvores aos ruis pintos, assanges & companhia, gente que se dedica a roubar textos, emails, vídeos, correspondência diversa, contas, tudo aos milhões. São uns heróis. Isso da quebra do sigilo e roubalheiras a sério é coisa que as constituições democráticas condenam, mas que os instintos policiescos em vigor admitem, admiram e até protegem.
Mas, se tocar as augustas canelas de sua excelência, meu Deus, passa a hediondo crime. O “Expresso”, altíssima figura das mais desbragadas intromissões ilegais, desta vez tropeçou.
Não há moralidade, nem comem todos. Há o comum - ou não tão comum - dos mortais, que pode e deve ser roubado à vontadinha. E há o primeiro-ministro que, mesmo que filmado e gravado, está ao abrigo da Constituição.
Aprendam, cidadãos do meu país: ao pé do primeiro-ministro, vocês não valem a ponta de um chanfalho.
Às vezes, como uma banana durante a manhã. Hoje, porém, comi só meia banana. A outra metade fica para 2021.
Explico: fiquei verdadeiramente aterrorizado com a nova ameaça que sobre nós paira, corporizada nas brilhantes ideias dos “cientistas” da associação Zero (zero à esquerda, como é evidente) e de outros que tais, que postulam estarmos a consumir mais do que devemos, aproximando o mundo da fome generalizada, da exaustão dos recursos, do diabo a quatro.
Em 2020, diz uma tonta cheia de direito de antena, estamos a comer, a beber, a “gasolinar”, etc., mais do que a Terra pode dar. Pois. O planeta não só está a aquecer por causa do CO2, está também a ficar exaurido de alimentação, de bens de consumo, de bananas que foram comidas antes de tempo.
Aposto que a organização Zero é financiada pelos nossos impostos, como a maioria das agremiações deste género, e de centenas de outras inflorescências da sociedade civil, deste e de outros género, mas com fins paralelos: ganhar umas massas por instilar medos na cabeça das pessoas. Quanto mais medos fabricarem mais os governos têm medo, e mais financiam, com medo das queixinhas. Os media colaboram, como sempre, é preciso excitar para vender.
Não é fácil resistir, a pressão é muita, o terror é fácil, o sentido crítico não compensa, é mais prático alinhar.
E pronto. Incorrecto, vou comer a outra metade da banana. A maluca do Zero ainda não pode meter-me na cadeia. Ainda.
Anda para aí uma polémica dos diabos sobre uma escultura em raiz de negrilho, árvore ao que se diz muito do agrado de Miguel Torga, que ornamenta um sítio qualquer lá para o Norte. Tal trabalho propõe-se retratar a cabeça do poeta, acrescentando-lhe vasta e lenhosa cabeleira. Descontada esta, parece-me que a cabeça lembra, com alguma fidelidade não só os traços fisionómicos do senhor como a sua bem conhecida severa expressão.
Mas a malta não gosta. Sobretudo a esquerda dos donos disto tudo. Por mim, acho que o trabalho do escultor, se comparado com o que vemos por aí, é uma obra prima. Num país pejado de mamarrachos, esta escultura é uma maravilha. Olhem para o piço erecto no alto do Parque Eduardo Sétimo, a esguiçar mijocas na vertical, caindo o produto sobre um monte de horrorosos pedregulhos, esculpido (?) por alguém politicamante correcto. Ainda por cima, há quem diga que significa a “liberdade”! Olhem a cabeça de Sá Carneiro, miseravelmente decapitada na praça do Areeiro, homenagem póstuma de alta valia, segundo o parecer da Câmara. Olhem as vigas que um artista, ao que se diz consagrado, pôs, sem discussão, à beira mar, lá para os lados do Porto. Olhem as centenas de atentados à arte e ao bom gosto, generosamente distribuídas por tudo o que é rotunda por esses campos fora.
E preste-se homenagem ao escultor e à junta de freguesia não sei de onde, pela sua digna iniciativa.
O maior acto radicalmente racista da nossa história viveu-se por efeito da nossa maior vergonha: a descolonização, dita “exemplar”. Quase um milhão portugueses brancos, gente de honra e de trabalho (depois de exilados viriam, mais uma vez, a prová-lo), foi arrancado à sua vida pelo MPLA e quejandos, com o apoio criminoso e cobarde das autoridades portuguesas, civis e militares.
Mortos ou expulsos os portugueses brancos, os novos donos do poder dedicaram-se a matar-se uns aos outros. Há mais de 40 anos nenhum dos povos “libertados” ( à ecepção de Cabo Verde, que nem fez guerra nem virou marxista) encontrou segurança ou progresso. Mais de quarenta anos de guerra, de golpes, de tirania, de assassínios políticos, tudo sem fim à vista. Morreu mais gente a tiro no primeiro ano de “liberdade” do que em 13 anos de “guerra colonial”. E muito mais depois disso.
Em face dos “ventos da história”, o abandono do poder em África era uma inevitabilidade. É verdade. O Estado Novo não deu por isso, manteve-se, teimoso, burro e incapaz. É verdade. Nada disto justifica que a explosão de racismo nas colónias não tenha ainda merecido qualquer julgamento histórico. Em vez disso, continuamos, felizes e contentes, a celebrar os promotores nacionais do racismo.
A benefício do “que está a dar”, lançou-se uma campanha desmesurada, ou acrítica, de revisão histórica e sociológica sem quaisquer barreiras, seja a barreira da verdade, seja a do bom senso, da justiça, e de um mínimo de honestidade intelectual. A cortina de ferro do racismo, feita de informação - ou servil ou fabricada -, de propagandistas desvairados, da cegueira de uns e da intencionalidade de outros, instalou-se. É certo que há muitos africanos a viver em condições indignas (também os há de pele branca), mas todos têm protecção jurídica e social, mercê de uma comunidade que não distingue pela cor da pele, antes se movimenta e mobiliza para atender aos mais fracos. Cerca de 50% da assistência é prestada por movimentos comunitários, mormente de inspiração católica. Não chega, dir-se-á. Mas só o emprego, a já existente ausência de descriminação educacional, o progresso económico, poderão vir, a médio/longo prazo, a ser um verdadeiro elevador social.
Os abusos de umas dúzias de “supremacistas brancos", cretinos, violentos e acéfalos, que cedem às provocações dos racistas negros, ou rejubilam com elas, não passam de excepções que confirmam a regra, e merecem a perseguição criminal que está em curso.
Entretanto, o verdeiro racismo, impulsionado por activistas africanos e pelo Bloco de Esquerda, fará o seu caminho, com o beneplácito dos media e a cobarde e irresponsável apatia dos políticos.
Desde há muitos anos me reuno com outros soldados da guerra de Angola numa almoçarada de gente velha, com mulheres, filhos e netos, a lembrar os “bons tempos” do Império e os camaradas da infantaria que já lá vão. Este ano não há almoçarada nenhuma, é democrato-sanitariamente proibido. Caso contrário, podíamos ir todos parar ao chilindró ou ser sujeitos a pesada multa.
E, se for apanhado a confratenizar com outros - os amigos que restam - arrisco-me ao mesmo.
Segundo as estatísticas, que merecem o crédito que merecem, já foram detidas mais de quinhentas pessoas por cometer o nefando crime de confraternizar, ou de não usar máscara, isto para além dos milhares que já foram repreendidos (por medo da lei “democrática”) pelos funcionários dos restaurantes por ir faxzer xixi sem máscara, pelos polícias no meio da rua, ou até, imagine-se, por concidadãos “cumpridores” com instintos policiais. E por aí fora, num nunca acabar de exigências de “respeito pela legalidade em vigor”.
A confirmar estas democraticíssimas limitações, há excepções. Por exemplo, a coisa cessa quando o Presidente da República e o seu sócio de eleição resolvem ir a um espectáculo, já que está ressalvado o “afastamento”. O mesmo se o PC resolver manifestar-se nas ruas, também com afastamento dos participantes, mas não dos milhares de mirones, Jerónimo incluído.
Cereja no creme, o PC é autorizado, e ajudado, a reunir, não cinco, nem dez, nem vinte mânfios, mas 33.000x3, todos a tecer louvores ao falecido Che, ao camarada Maduro ou ao correligionário Kim. Aí, tudo na maior! Até os ministros (políticos) se prestam a reuniões (“técnicas”) para assegurar que as celebrações em causa não deixem de ter lugar.
Admita-se, num estúpido exagero de compreensão, a existência da catadupa de normas a que estamos submetidos. Rezam os “princípios” que a lei a todos obriga. O que não se pode admitir é que haja excepções, e das grossas, ainda por cima todas elas em benefício dos bolchevistas e em prejuízo dos meus almoços da tropa.
Muita tinta tem corrido, e continuará a correr, sobre a história do Rei Emérito de Espanha, Dom Juan Carlos. Talvez a principal das acusações que lhe são assacadas seja a de corrupção. Juan Carlos terá recebido dinheiro a troco de favores. Tem piada, uma vez que se trata, não de corrupção, mas do seu contrário. Explico: o Rei saudita não “pagou” coisa nenhuma, pela simples razão que não tinha nada a pagar. A Arábia não fez nenhum negócio chorudo com a Espanha, deu-se exactamente o contrário, pelo que, a haver corrupção, seria em sentido contrário.
Lá para as arábias “não há corrupção”. Há, isso sim, uma enraizada tradição de premiar com dinheiro os familiares e os amigos. Foi o que aconteceu. Não há, nem ninguém tocou em tal assunto, nada que a Arábia deva a Espanha, coisa de tal monta que pudesse ser objecto de corrupção.
Dom Juan Carlos terá recebido o dinheiro atroco de nada que não fosse amizade e a forma de a demonstrar segundo os padrões sauditas.
Postas as coisas nos seus devidos termos, há que reconhecer que o Rei Emérito meteu o pé na argola, e merece crítica das pessoas e tratamento jurídico. Ele não devia ter ficado com o dinheiro. Pessoalmente, não ficou. Mas, a) devia tê-lo declarado e b) devia tê-lo doado a instiuições sociais ou equivalentes, encarregando alguém de o fazer com toda a transparência. Em vez disso – o amor é louco – escondeu-o e veio a dá-lo a uma amante. Pelo menos é o que por aí se diz, parece que com razão..
As consequências devem cair-lhe am cima, de acordo com a Constituição e as Leis do Reino. Mas será essencial, para defesa da Paz e da Democracia, que seja salvaguardada a mais preciosa das instituições políticas espanholas: a Monarquia, hoje incarnada por Filipe VI. A não ser que se queira destruir a unidade de Espanha, transformar o Reino num saco de gatos (coisa em que os espanhóis são especialistas), e que tudo volte velha à cacetada.
Não faço ideia quem seja o Olavo Bilac. Havia outro do mesmo nome, mas que, creio, já morreu. Diz-se que o que anda agora nas bocas do mundo é um badalista muito conhecido que foi dar largas à exibição da sua arte num comício do Chega, presume-se que pago para tal.
Descobrindo de que a coisa seria do desagrado da esquerda (maioritário pasto ideológico dos “artistas”), o indivíduo, em esfarrapadíssima desculpa, veio dizer que não sabia que o comício era um comício nem que o Chega era um partido político. Notável. É de pensar que, quando a criatura se exibe nas festas do Avante também não sabe que o PC é um partido político, nem que aquilo é a grande fonte de capital para a política do dito.
Perante tanta e tão ingénua ignorância até as pedras se comovem. Tremendo de emoção, o pobre rapaz que “nunca pretendeu apoiar o Chega”, leva-nos a crer que, ou é do PC, ou vai onde lhe pagam para ir, o que, se asumido, seria legítimo e compreensivel. Mas é tal o medo que a esquerda e o politicamente correcto - filho dilecto de tal esquerda - infundem em toda a gente, que o homem se borrar e veio bater com a mão no peito, não vão a Catarina e o Jerónimo, os jornalistas, os comentadores, etc., novos pides, cair-lhe em cima, zangar-secom ele e deixar de o contratar.
Não sou frequentador, nem dos comícios do Chega, nem da festa do PC. O que me traz é denunciar o regresso, na generalidade aplaudido, dos saneamentos, da censura e da prepotência política.
É um tipo importante, odioso e odiento, mas importante. Tem verbo fácil e tiques inquisitórios. Faz parte de uma organização que postula a tirania marxista, a desorganização social, o fim da família tradicional e outras martigalas da esquerda moderna: o Bloco de Esquerda. Por evidente involuntária antonomia, chama-se Pureza.
A agremiação política a que pertence mantém uma espécie de “escola de ‘formação’ de deputados”, isto é, faz substituições sempre que lhe dá na gana, para treino de não eleitos. Nunca foram postas em causa tais substituições, todas, é de supor, “justificadas” com doenças com mais de trinta dias, licenças de paternidade e outras “razões” atendíveis.
Até que apareceu o Ventura, ódio de estimação de purezas e de ferros, a querer suspender o mandato para se candidatar à presidência da República. Hediondo crime! Aquilo que o Pureza pratica sempre que ao partido convém, passa a tremenda ilegalidade se feito por um tipo que o Pureza não grama.
Não faço tenções de vir a votar no Ventura, sequer sei se virei a votar seja em quem for. É-me indiferente que o Ventura suspenda ou não suspenda o mandato de deputado. Mas acho que o fulano não é um cidadão de segunda, nem que os seus direitos existam ou deixem de existir por soberana vontade do Pureza.
Esta história das explosões no Líbano não tem descrição possível. É um horror, ponto. Faz correr rios de tinta, como se justifica. Há os repórteres, os socorristas e, sobretudo, os grandes intelectuais cá do burgo.
Permitam-me que sublinhe um deles, para ver onde se pode chegar. O senhor Rui Tavares, conhecido cá em casa por Tavares Mau – por contraste com o JM Tavares, o bonzinho - cozinhou uma série de observações altamente cultas sobre o assunto. Ficámos a saber que somos todos filhos dos libaneses, via fenícios, via alfabeto, via romanos, via uma data de gente, num bouquet histórico só passível de ser produto de superiores conhecimentos, julgo que todos disponíveis na Wikipedia. Além destes esclarecimentos, que muito agradeço ao tal Tavares, o dito dedica-se, por exemplo, a condenar veementemente o senhor Macron, que terá ido a Beirute em odiosa manifestação de neocolonialismo. E mais: condena o dito a União Europeia, que não terá reagido reunindo imendiatamente os chefes dos governos, a fim de montar uma operação conjunta de socorro, ainda que já lá esteja a malta toda a fazer o que pode e sabe. E a dona Ursula, um produto da direita reccionária, imagine-se que não obedeceu aos desejos do ilustrérrimo Tavares! E mais ainda, o dito fala do Líbano dos nossos dias (conhecido saco de gatos) sem tocar na orla das vestes do Hezebolah (é assim que se escreve?), o qual, apesar de listado como organização terrorista em todo o mundo civilizado, apesar de ser parceiro de eleição de iranianos, daeches e coisas do género, apesar de ter no currículo centenas de milhar de mortos, apesar de ser uma das forças político militares mais horrorosas do mundo e de ser residente do Líbano, com território e tudo, não faz parte da crónica nem dos conhecimentos do senhor Tavares.
Onde pode chegar a intelectualidade de esquerda é coisa difícil de imaginar, não é?
Há dias, fui comprar uns hamburgueres em takeaway: Uma pequena multidão fazia bicha à porta da tasca, disciplinada, com distância mais ou menos de acordo com a ditadura sanitária, tudo minha gente de máscara, muitos com o acusatório olhar com que se presenteia um chato como eu, que não usa máscara (viseira!) a não ser que não possa deixar de o fazer.
Passadas algumas distâncias regulamentars, lá entrei na coisa. Pedi a horrível refeição. Mandaram-me esperar ao lado do balcão, para que outro se pudesse chegar. Um tipo, que me mirava de lado por causa da viseira, pediu sete imperiais. A menina disse que nem pensar, passava das oito, não se podia vender álcool. O fulano ficou furioso, começou a espumar. A menina, muito simpática, propôs uma solução: se pedir comida, passamos a restaurante e já podemos vender. O infeliz disse que ele e os amigos já tinham jantado, não queriam comida, só as imperiaizinhas. Vai daí, a menina foi em seu socorro: compre dois croquetes, e pronto. O rapaz não percebeu: dois croquetes? Sim, está na lista um prato de dois croquetes, com direito a quètechape e maionese. E, sem mais conversa, a diligente funcionária pôs em cima do balcão um pratinho com dois croquetes, um guardanapo, um pacotinho com quètechape e outro com maionese, acrescentando a esta copiosa refeição sete magníficas imperiais em copo de plástico. E lá foi o fulano levar as cervejinhas aos amigos e, possivelmente, deitar os croquetes para o lixo.
Esta cena é uma das muitas que nos dizem da inteligência que preside ao nosso “desconfinamento”(neologismo “covidual”). Tantas são as normas quantas as maneiras de fugir a elas. Ainda bem, felizmente há quem resista à estupidez institucionalizada e obrigatória, fazendo, enquanto tal, inveja ao socialismo constitucional.
Entretanto, morre muito mais gente sem covide do que morria o ano passado, e não morre mais gente com covide do que morria com gripe. Dizem que é do calor. Eu digo que é por falta de assistência médica. Mas quem sou eu para criticar os génios político-científicos que mandam nesta coisa?