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irritado (blog de António Borges de Carvalho).

O SOCIALISMO É A FILOSOFIA DO FRACASSO, A CRENÇA NA IGNORÂNCIA, A PREGAÇÃO DA INVEJA. SEU DEFEITO INERENTE É A DISTRIBUIÇÃO IGUALITÁRIA DA MISÉRIA. Winston Churchill

irritado (blog de António Borges de Carvalho).

O SOCIALISMO É A FILOSOFIA DO FRACASSO, A CRENÇA NA IGNORÂNCIA, A PREGAÇÃO DA INVEJA. SEU DEFEITO INERENTE É A DISTRIBUIÇÃO IGUALITÁRIA DA MISÉRIA. Winston Churchill

FAKE NEWS

Vivemos num mar de aldrabice, sem precisar de redes sociais. A última vaga deste mar, a desafiar a da Nazaré, é a da crise política. Nela “surfam”, como toda gente sabe, o Presidente, o chamado primeiro-ministro, os partidos, os deputados, os jornais, as televisões, os comentadores. Como toda a gete sabe, ou devia saber, não vai haver crise nenhuma, o orçamento vai passar, o PS e a Catarina, sua bengala, continuarão a governar, o fogo de vista da crise política não passa disso mesmo.

A ameça de crise não passa de encenação, não direi que combinada com a Catarina mas que lhe é mais que conveniente. O BE é barraca onde se acoitam ainda inúmeros representantes da linha dura da UDP e outras criaturas afins oriundas das catacumbas do marxismo-leninismo-maoismo-trotzquismo-enverhochismo e demais totalitarismos do estilo. A Catarina é mais moderada, ou mais esperta, por isso quer poder e vai defendendo a democracia para inglês ver, tendo o cuidado de incluir democracias como as do Maduro e quejandos, com excepção do Xi Jin Ping (revisionista capitalista).  Assim, nada melhor que fazer uns números para convencer os seus mais exigentes amigos: ameaça com linhas vermelhas, sabendo de certeza certezinha que vai sacar, com “grande esforço”, umas “medidas” que já sabe que o Costa comerá sem batatas. Umas cenas de “oposição” são mel na sopa, com os media de serviço. O nacional-papalvismo, chefiado pelo senhor de Belém, come disto que se farta. Ai a crise, que horrível ameaça, nesta altura em que há a o covide, a presidência da UE, o medo devidamente instalado, o esquerdismo garantido pelo PS (local onde vicejam inúmeros amigos da Catarina). Qual crise qual carapuça!

A estratégia é a de entreter o pagode com aldrabices, quanto mais melhor. E ainda há quem diga que as fake news não pagam!    

 

29.9.20

OUTRA VEZ A VILANAGEM

A chuva de dinheiro que se anuncia, dada como garantida mas que, para já, não é mais que um ovo nas entranhas da galinha, é a coqueluche da propaganda governamental. Anuncia-se tudo, casas aos pontapés, cabazadas de combóios (com bitola ibérica!), subsídios aos milhões, pontes, camas, o calamitoso disparate do hidrogénio, tudo de uma vez, como se fosse possível. É o populismo, do bom, do já instalado no poder, do verdadeiramente demagógico, do verdadeiramente esquerdista.

Almas aflitas perguntam pela economia, pela produção de bens transaccionáveis, pela indústria, pela agricultura, pela iniciativa, pelo  investimento produtivo. Nada, não consta. O que se vê é um indivíduo a reservar e aumentar a sua fatia de poder, o seu dirigismo, a sua sanha estatista, o poder que diz “fazer” em vez de regular, que pensa mais em votos que em economia real ou em sociedade equilibrada e produtiva.

Se vier a tal chuva de dinheiro, teremos o mesmo esbanjamento, a mesma apropriação, o mesmo dirigismo desenfreado. Até que o dinheiro se acabe, como sempre fez o socialismo nacional e nada indica que mude. Sócrates está vivo e de boa saúde. A sua obra tem continuadores.

 

29.9.20

MISTÉRIOS

 

Nesta vida moderna, ele há mistérios insondáveis que o IRRITADO não consegue descortinar. Deve ser defeito meu, deficiências no QI, iliteracia, preguiça, o que queiram. Feito este esclarecimento, ou declaração de desinteresse como de diz agora de pernas para o ar, passemos ao que interessa.

Um por certo estimável senhor Neves, emigrado em Londres, arranjou uma catraca informática para vender artigos de luxo (na sua maioria coisas caríssimas que não valem um caracol) com a qual parece que conseguiu transformar-se num animal qualquer cujo nome me escapa, mas que é designação de uns macacões que, num ápice, passam a valer milhares de milhões. O senhor Neves vem sendo celebrado na imprensa como indivíduo riquíssimo, merecedor dos mais elevados encómios, estudos, opiniões, reportagens, etc. Isto porque, ombreando com Bill Gates e outros trutas, animais de calibre semelhante, resolveu dar dois terços da sua fortuna a uns fundos destinados a praticar o bem. É o que diz a publicidade mediática.

Tudo normal. O que causa impressão, ou incompreensão, pelo menos da parte dos ignorantes como  eu, é que, no meio de generalizados louvores, se proclama que a organização do senhor Neves nunca teve lucros. Pelo contrário, de ano para ano vai averbando resultados negativos. Pergunto: se o homem perde dinheiro, como é que é multimilionário? Rouba a própria empresa em benefício pessoal? Talvez não. Diz quem sabe, ou acha que sabe, que a massa vem da “capitalização bolsista”. Venderá acções da sua empresa por preços astronómicos e embolsará o resultado? Talvez, o que quer dizer que, apesar dos prejuízos, há quem ache que tais acções são um bom investimento? Isso  mesmo. Será? O IRRITADO, dadas as catacumbas em que passeia o seu primitivismo intelectual, tem dificuldades em perceber, ou seja, não percebe mesmo. Aqui há marosca. Qual?

Por outro lado, é estranho que o senhor Neves tenha dito que ia “disponibilizar” dois terços da sua fortuna para fazer casinhas em África, vacinar milhões e outras meritórias actividades. Mas não diz quanto. Diz é que vai fundar uns “fundos”, passa a redundância, fundos esses que gerirá, a bem da humanidade. Não se sabe se tais fundos serão contemplados com triliões ou com tostões. Os comentadores abalizados não esclarecem o povo a este respeito nem, reconheça-se, a respeito nenhum.

Não fico à espera de esclarecimentos. Não vale a pena. O que espero com ansiedade é que o senhor de Belém condecore o senhor Neves, pelo menos com um alto grau da Ordem do Infante. Um português de primeira que, como tem prejuízos, não paga impostos. E, se pagasse, pagaria em Londres.

O que me vai acontecer, pelo menos, é que me chamem burro velho, incapaz de aprender línguas. Que se lixe.

 

28.9.20       

AJUDINHAS

Veio o senhor Rio reiterar a sua moralíssima opinião sobre os dinheiros dados, ou a dar, ao Novo Banco, bem como sobre as alienações de activos. Nem mais um chavo! Comissão de inquérito já! Uma vergonha!

Costa e Centeno agradecem. É fundamental lançar uma boa cortina de fumo para disfarçar a borrada que foi a venda do banco. É preciso pôr culpas à gestão actual, a ver se  Centeno/Costa/geringonça passam na chuva sem se molhar. Cria-se um bode expiatório, e pronto, a culpa jamais será dos culpados. Há anos que é assim, é coisa de nascença.

Não há uma única entidade, nacional ou internacional, com competência na matéria, que ponha em causa, seja a legitimidade das vendas de activos, seja a das injecções de capital. Está tudo devidamente estatuído, previsto, legislado.

Há asneira? Há. Há muitas asneiras, todas ditas “salvíficas”, cometidas, sem excepção, pela mesma gente nos apertos da queda do BES. A actual gestão do Banco, num caso e noutro, mais não faz que honrar os compromissos que o Centeno, o Costa e a esquerda em geral assumiram em nome do país.

Mas vale tudo para baralhar as pessoas. Nada melhor que criar a confusão em vez de, honradamente, dizer que se errou.

Se houver, e há, uma ajudinha do Rio, excelente.

 

23.9.20

SÓS

Anda este mundo muito ocupado na discussão sobre o que fazer à “pipa da massa” que a UE nos vai oferecer a partir de 2021.

Acho muito bem. Mas o que já se sabe não é de molde a dar-nos esperança. O guru Costa Silva deu ao governo uma mãozinha - o Costa deve estar muito contente, se houver azar a culpa é do Costa Silva.

O guru deu grande largesse ao poder constituído. O dinheiro deve ter gestão e aplicação pública. Subsidiariamente, talvez os privados (a economia) sejam autorizados a investir. Contentíssimo, o socialismo viu-se apoiado. Vai ser um fartote. TGV para o Porto(!), poupa-se meia hora, o galamboso hidrogénio, mais umas coisas por aí, digitalização, ai o CO2, tudo do Estado, ar mais puro com o dinheiro que escorre. Bitola europeia, nem pensar, energia para França, o que é isso? Orgulhosamente sós, como dantes. Uns largos dinheiros para acudir aos desgraçados, pagar o desemprego, distribuir umas massas, e pronto, ficam os votos no papo.

Vamos ter um projecto a apresentar à UE. Talvez de Bruxelas venham algumas exigências com pés e cabeça. De cá, ideias, só se for para engordar o poder.

 

23.9.20   

DEMOCRACIA EM ÉVORA

 

Já lá vão muitos anos, o primeiro comício do CDS, no Palácio de Cristal (Porto) foi cercado por uma multidão ululante formada por inúmeras organizações à época existentes – PC, MRPP, FML, SUVs, UDP e mais uma colecção de díscolos de extrema esquerda, bolchevistas, maoistas, albaneses, a porcaria toda. O CDS era um partido fascista, inimigo da democracia e da liberdade, representava “mais negra reacção”, os adeptos do Estado Novo, devia ser proibido, etc. A coisa meteu polícia, pancadaria, o que, à época, era a bagunça vigente.

Passados mais de quarenta anos, a cena repete-se, desta vez em Évora. Os herdeiros dos brigões daquele tempo, PC, BE, Livre e mais não sei quantas organizações ditas “progressistas", juntaram-se para impedir uma manifestação do Chega, que alcunham, como alcunhavam o CDS, de  fascista, inimigo da democracia e da liberdade, representante da “mais negra reacção”, adepto do Estado Novo, xenófobo, racista, que devia ser proibido, enfim, a mesma receita com ligeiras actualizações. A mesma mentalidade com novos intérpretes, inimiga de tudo o que não seja rigorosamente “correcto”, quer dizer, de tudo o que não coma, em quantidades variáveis, do prato do totalitarismo de esquerda.

Não sou eleitor do Chega, como, na altura e até hoje, nunca o fui (com uma exepção) do CDS. Mas a “ascensão” do Chega tem razões de ser que pouco ou nada tem a ver com as acusações que lhe fazem. O Chega, há que reconhecê-lo, diz muita coisa – às vezes com pouco aceitáveis expressões e exageros -  que cala fundo no espírito de muita gente que nada tem da “fascista” ou coisa parecida. Denuncia problemas que os partidos têm pudor em reconhecer. Não é contra o sistema democrático (ao contrário da extrema esquerda), é contra o seu actual funcionamento. Se tal funcionamento não o fizesse passar a vida a meter importantes questões debaixo do tapete, o Chega não teria espaço nem o apoio popular que parece ter. Mas como vasculha debaixo do tapete de um sistema inquinado, como vai buscar lixo cuja existência os demais partidos se recusam a reconhecer, passa a persona non grata. Acresce que, ao contrário dos partidos europeus de direita radical, não é estatista, nem jacobino, o que é imperdoável para os “correctos”. E como tais “correctos” são donos e senhores da liberdade - coisa que todos os dias maltratam – para eles merece os mais variados insultos e a bagunça nas ruas quando deita a cabeça de fora.

O problema não é a existência do Chega, é o da prevalência da porcaria intelectual, ideológica e política em que estamos enclausurados.

 

21.9.20       

CRITÉRIOS

 

A candidatura da dona Gomes disparou em beleza. Mal tinha declarado que tencionava candidatar-se, imediatamente, pressurosa, a TV do Estado (nossa!) brinda-a com uma “grande entrevista”. Decorridos dois dias, outra TV qualquer põe-na a perorar no “seu” espaço habitual de “comentário”. E o que mais se seguirá. A máquina da propaganda está afinada e em marcha.

Um elogio ao senhor de Belém: quando disse que ia candidatar-se, parou com as semanais arengas. Dona Gomes usa e abusa delas: o pessoal de serviço cumpre, venerador e obrigado.

É o socialismo do costume.

 

21.9.20

 

NB. Já este post estava publicado, dou comigo na retransmissão do programa cómico-apologético do já estafado RAP - sim, o mesmo da festa do Avante - em que o convidado de honra era, imagimen, a dona Gomes.  Em dois dias, a balsemónica estação oferece à candidata dois comícios, um pago (a ela) outro, julga-se, de borla. Para já, não se escandalizem, a seguir será pior.

 

DESDITAS DE UMA CORONELA

 

Tinha o nosso bem amado primeiro-ministro dito que em guerra não se muda os generais, mas não falou em majores ou tenentes-coronéis ou coronéis. A generala da saúde não gramava uma coronela que lá tinha e resolveu pô-la na rua sem mais aquelas. Lá foi a repariga para a reserva estratégica do quartel de São Bento.

O nosso bem amado preferiu a generala e deixou cair a coronela, fazendo-a passar a alferes. Dona Jamila não gostou de ser despromovida. Chateada, deu à casca. Tinha sido apanhada à meia volta, sem satisfações nem desculpas. Uma inqualificável ofensa, a demonstrar o estado a que o exército chegou. São assim as zangas entre mulheres, diria o IRRITADO, apesar de, em tese, não ser machista.

O mais interessante de tudo foi, na posse dos pedronunistas (um antigo tenente-coronel foi promovido a coronel e ficou como lugar da novel alferes), o desvelo com que o bem amado tratou a Jamila, com palavras de consolação, apreço e carinho, só faltando o beijinho por causa do covide. Comovente, sincero, a paz no rebanho, o jeitinho do pastor.

Já agora, uma pergunta, talvez injusta. Onde estava o senhor de Belém na cerimónia da posse? Alguém o viu?

 

18.9.20

NEGOCIAÇÕES

- Boa tarde, senhor Valeira.

- Olá, tá bom? Como vão as coisas lá na Gomes Vieira?

- Tudo bem, mas temos preocupações.

- Então?

- Bom, o seu amigo gostava de lhe falar mas, como sabe, é melhor ser no sítio do costume...

- OK. Quando?

- Amanhã às dez.

- Combinado.

Às dez, dois discretos automóveis pararam num descampado atrás do cemitério de Benfica. Dois homens, de chapéu cambado, óculos escuros, máscara e viseira saíram, cada um do seu carro, e afastaram-se até um plátano solitário ainda cheio de folhas.

- Olá, pá. Rapidamente, antes que nos filmem, venho pedir-te ajuda.

- ...

- Tás a ver o que se passa? Anda tudo a dar-me cabo do juízo por causa da tua candidatura à presidência do Carcavelinhos. Dizem que eu não devia alinhar, tás a ver a chatice, até o gerente dos pastéis de Belém me anda a morder as canelas, temos que parar com isto.

- É fácil, pá. Dás o dito por não dito, dizes que foi uma imprudência, foi um tipo do gabinete que se enganou, foi um mal entendido, mandas umas bocas das que tu sabes, e pronto, em dois dias está tudo em ordem.

- Pois, mas vão dizer que são desculpas de mau pagador, que me encolhi, que me acobardei...

- Então, Teotónio, o que queres que eu faça, caraças?

- Expulsa-me. Diz que já não me queres, saneia-me, põe-me na rua, assume o erro, diz que abusaste, que estamos a ser perseguidos por uma cáfila inqualificável, os teus advogados que escrevam uma balela qualquer.

- Tá bem pá. Vou fazer isso. E, quando eu precisar, não te esqueças de mim.

- Fixe.

E lá se foram, cabeça lavantada e consciência tranquila.

 

18.9.20  

UM MUNDO À DERIVA

Não sei se leram, hoje, as declarações de um dos lesados pelo ladrão Rui Pinto. Roubados lhe foram uns trinta mil emails e outras coisas. Toda a correspondência profissional e pessoal do homem foi escarrapachada na net, incluindo as fichas de saúde da família, as fotos dos filhos, tudo à disposição de toda a gente nos mais ínfimos pormenores.

Um mundo onde as instâncias mais “abalizadas”, os políticos mais “preocupados”, os legisladores mais “eficazes”, ao mesmo tempo que dizem à boca cheia - e com vasto apoio social - defender a privacidade de cada um, é o mundo que protege e priviligia  os gatunos informáticos com “medidas de protecção” especiais e loas ditas de “informação” e de “investigação”. Um mundo, ou um país, onde há candidatos à presidência da república a pôr, impunemente, tais canalhas nos altares da respeitabilidade e da credibilidade, é um mundo que perdeu a cabeça no que respeita aos mais elementares princípios em que diz acreditar.

Não sei onde isto irá parar, se é que parará um dia. O que sei é que a civilização a que pertenço e em que acredito, se não arrepiar caminho, tem os dias contados, às mão de assassinos como a dona Gomes, o BE e quejandos*.

 

*Ontem, a dona Gomes declarou que “não sabe, nem lhe interessa saber”, como Rui Pinto obteve as informações que publicou. Está tudo dito.

 

17.9.20

UMA BATATA

 

Algumas informações úteis ressaltam da entrevista caridosamente oferecida à dona Gomes pela TV do Estado.

Por exemplo, disse ela que o seu orago Sampaio foi fundador do PS. Mentira. Sampaio fundou o movimento de extrema esquerda chamado MES, o qual, em 74/75, defendia o totalitarismo socialista, opondo-se à realização de eleições. Entrou no PS em 79 ou 80.

Dona Gomes “explicou” que o PS devia ter subscrito um acordo com os parceiros da geringonça, a fim ressuscitar a maioria de esquerda no parlamento. Devia? Pois. Foi o que fez Cavaco, que exigiu tal acordo para indigitar Costa. Só que, para Cavaco, tal podia ser uma forma de não ter que o fazer, contrariando a sua consciência, ignorando os interesses legítimos do povo português expressos nas urnas e abolindo uma praxe constitucional válida pelo menos a partir de 1982. Dona Gomes queria agora o mesmo, com a intenção inversa: para ela é preciso acabar com a direita (toda ela), instaurando para sempre o socialismo obrigatório. Por um lado, é o que se poderia esperar da criatura, por outro é a prova provada da qualidade do que temos pela frente.

Toda a retórica de “independência” pessoal cai assim por terra. Não se candidata para ser, como diziam os antigos, presidente de todos os portugueses (nunca o foram, como diz a Constituição, foram presidentes da República e de mais coisa nenhuma), mas importa salientar a intenção: candidata-se para ser motor da abolição da direita, ou seja, da democracia que, cinicamente, diz defender. Não quer, nem nunca quis, "unir e federar", o seu objectivo é dividir, ou seja proteger o “trigo” descricionário da sua ideologia e aniquilar o “joio”, que são todos os que tal coisa não apoiam.

Se isto é alternativa, a democracia é uma batata.

 

17.9.20

IMPRESSÕES

 

Às vezes leio uns artigos no “Público”. Normalmente, não aguento até ao fim, percebo o sentido, e pronto.

Hoje, houve dois em que tive que esmiuçar mais um bocadinho. Esmiucei, esmiucei, e quanto mais esmiuçava menos percebia. Devo ser estúpido de todo. Ou não tanto, direi em meu abono.

  1. O primeiro artigo dedicava-se a explicar, com repenicados promenores, um caso levado dos diabos. Uma senhora deputada do PS tinha umas firmas, julgo que de sociedade com o pai. Não sei por que carga de água, tal senhora devia ter deixado de ter as firmas quando foi eleita, ou quando se candidatou. Facto é que o fez com uns meses de atraso. É de desculpar? Não sei. O que sei, ou seja, o que vem no jornal, é que, possivelmente a benefício de burocracias várias, a senhora fabricou um papel qualquer (de “conteúdo falso”, segundo viria a decretar a procuradora) em que dizia o contrário do que tinha feito. O caso foi para à PGR. A PGR, após rebuscadas e doutas reflexões técnico-jurídicas, achou que o assunto não tinha importância nenhuma. E pronto, assunto arrumado. O mais interessante vem a seguir: a papelada da senhora deputada, no fim de contas, destinava-se a uma candidatura a fundos europeus, para receber umas centenas de milhar para uns projectos que já estavam feitos e a funcionar há que tempos. A coisa parece que pode estar de acordo com as normas, desde que tais projectos estejam em curso, mas não acabados. Num dos projectos, faltava “efectuar uns arranjos na zona da barbecue”, bem como “adquirir algum mobiliário”. Noutro, parece que “faltavam umas prateleiras para acabar a zona de bar”, as quais custaram 1.559 euros. As facturas das prateleiras não foram apresentadas.

Bom. Encurtemos a história. Segundo entendi, pai e filha receberam pelo menos 277.000 euros, e, um dia, vão devolver, por meras questões “formais” (diz a procuradora), 169.875.

Além disso, imagine-se, foram condenados a pagar 1.000 euros a uma instituição. De resto, tudo OK. Não há nenhum problema. Arquive-se.

Aqui têm alguns dicas muito úteis, caso queiram pedir uns tostões à UE, com apoio do Estado, leia-se, do PS.

 

  1. Noutro artigo, um super ilustre economista do PS, com frequente presença no “Publico”, vem fazer uma demonstração filosófico-económica destinada, segundo entendi, a provar que as histórias do Novo Banco (entradas de dinheiro, vendas por preços baixos, etc.) provocam avultados prejuízos ao Estado e a todos nós.

É capaz de ser verdade. Não entrarei no complicadíssimo arrazoado de tão alta patente das nossa economia. Confesso a minha ignorância em tão especiosas e intricadas matérias.

Uma coisa, porém, me saltou à vista. É que o articulista deixou de fora o célebre contrato de venda do BES, subscrito e defendido pelo ilustríssimo ministro das finanças da altura, hoje não menos ilustre governador do Banco de Portugal.

Salta à vista que o artigo em causa tem por único fim tirar da chuva o cavalo do camarada Centeno. O resto é conversa propositadamente confusa. Para ser simpático, poderia dizer que, se calhar, não era essa a intenção. Mas não digo. A verdade, no meio disto tudo, é que as altas instâncias do PS resolveram nomear o senhor Ramalho, presidente do NB, bode expiatório das asneiras do altíssimo Centeno.

Como diria um trauliteiro do PS, quem com ele se mete, leva. Desta vez, com a prestimosa colaboração do BE e de montes de alarves.

 

14.9.20

SINISTRA CRIATURA

Estou de acordo com a dona Gomes. Queixa-se a senhora dos “desígnios autoritários” que andam por aí. Não podia ter mais razão. Suponho que estivesse a ver-se ao espelho. Em matéria de “desígnios autoritários” não tem rival. Ninguém como ela põe em causa o sistema a que costumamos chamar estado de direito e, o que é mais grave, fá-lo ao mesmo tempo que diz estar a defender tal coisa, com toda a imaginação, toda a lata, todo o desplante. Temos nela, na sua formulação do século XXI, a expressão máxima da inspiração inquisitória que julgávamos ultrapassada, a defesa da bufaria, a condenação extra-judicial dos por ela “eleitos”, a devassa de tudo o que lhe estiver à mão, a respectiva “acusação” e a condenação sem recurso possível. É o culminar daquilo de que, com propriedade, se diz das redes sociais, onde a verdade, a mentira, o boato e as notícias, falsas ou não, são todas a mesma coisa desde que dêm para condenar os eleitos como alvo. Sem processo, sem escrúpulos provatórios, mas com respeito, sim, por uma única máxima: a que reza que os fins justificam os meios.

Em matéria de “desígnios autoritários”, André Ventura, se comparado com a dona Gomes, é um aprendiz. Torquemada, lá na tumba, aplaude.

Por outro lado, dona Gomes, filiada histórica do PS, deputada europeia do PS, declara-se “verdadeiramente independente”. Não estará de acordo com a política presidencial do Costa, mas tal não faz dela uma “independente”, ainda menos "verdadeira". Uma afirmação que ninguém será capaz de analizar sem espanto. Dona Gomes é do PS ou, melhor dizendo, balança mais para o lado dos agentes do BE no PS que para o que resta do PS de Mário Soares.  Ao mesmo tempo que declara solenemente que vem para “unir e federar”, divide, e de que maneira.

Uma figura sinistra que, à semelhança do Trump, vai ter muitos votos. Para o populismo desenfreado, há-os dempre.

 

11.9.20      

PEQUENA NOTA

.Parece que as diversas perturbações mentais que a campanha de sustos diários com que as “autoridades”, mancomunadas com os media, brindam a plebe, vêm provocando sucessivos bloqueios e posto o IRRITADO fora de combate.

É que, imagine-se, nem as novas candidatas a Belém, horror dos horrores, nem os velhos, nem  nem as contratações do Reprenilson, do Evanimandro ou do Tatu pelos grandes da bola, nem os milhões envolvidos, tiveram o condão de excitar as irritações deste escrevinhador. Peço desculpa aos que têm o triste hábito de me ler por esta falta de comparência, talvez a mais prolongada dos últimos 14 anos.  

Uma pequena nota, à vossa atenção. Dizem os últimos números que as infecções do Covide estão a aumentar. Estranhamente, ou nada disso, há mais infecções em gente nova. Nada estranhamente, tal aumento não tem qualquer reflexo nos internamentos ou nos óbitos. Pensem nisso, ou na lhaneza das informações. É que ninguém nos diz quais os infectados estão sem sintomas, ou com sintomas ligeiros. O que fica é a parte mais terrorista das “informações”.

Tremei, ó gentes! O diabo está entre nós, o covide mata que se farta,a alimentação está em vias de se esgotar, o planeta caminha para a extinção, quem tem razão é a miúda taralhoca da Escandinávia, os deficientes sexuais e os racistas pretos. Não esquecendo o bufo gatuno que faz as delícias da dona Gomes e das esquerdoidas.

Seja da esquerda, da direita, do centro, ou de coisa nenhuma, resista!

Bom Outono.

 

10.9.20

NADA DE BRINCADEIRAS

São ainda desconhecidas, na sua totalidade, as medidas que a ditadura em vigor vai impor às nossas crianças, diz-se que por causa, não da insaciável sanha regulamentesca das chamadas “autoridades”, mas por mor do covide. No entanto, do pouco que se conhece, seguro é concluir que, sendo a causa oficial a segunda, a primeira é a verdadeira. Suponho que, às tais “autoridades”, deva dar inenarrável gozo dar mais umas ordens, criar mais umas obrigações “cívicas”, alargar as limitações à liberdade. E, sendo a infância a estar sob ataque, o gozo deverá ser ainda maior.

Uma das medidas mais interessantes é a limitação dos intervalos das aulas a cinco minutos de cada vez. Queriam brincar, conviver, criar amigos, conversar, lutar, socializar, dar uns pontapés na bola, fazer umas correrias, ai queriam? Não queriam mais nada? São parvos, ou quê? Vão lá fazer um chichi, e estão com muita sorte. Entre baixar as calças e lavar as mãos, lá se vão os cinco minutos, isto se forem jeitosos. Qualquer avaria do fecho “éclair” ou do elástico da cueca, chegam atrasados à aula e levam um raspanete.

E essa doideira de haver aulas em mesas redondas? Nem sonhem: para a nova moral, isso é uma promiscuidade! Carteiras à distância regulamentar, e já!

Não se esqueçam das máscaras. Sem máscaras, só no kinder garten. A partir dos seis anos são obrigatórias. Isso, meninas e meninos, suem à vontade, babem-se de humidades, respirem o ar que os vossos pulmões deitaram fora, embaciem os óculos, assim é que é.

Mas o que é isto, a menina entrou na sala e não desinfectou as mãozinhas com gel? Sua porcalhona, faça isso outra vez, chamamos a polícia e o papá pagará a respectiva multa.

E essa de as mamãs e as vóvós virem buscá-las à escola? À porta, só do lado de fora, que aqui ninguém entra! Desenrasquem-se, agarrem na bagagem e vão lá para fora esperar.

E mais, vai haver mais normas, mais regulamentos, mais maluquices que nada pode justificar.

Se isto não é crime de lesa infância, não sei o que seja.

 

4.9.20  

SEM PAPAS NEM BOLOS

 

O Novo Banco vendeu património tóxico por preços ditos abaixo do valor de inventário. Levantou-se uma onda de protestos, declarações políticas, artigos de jornal, o diacho. Anda meio mundo entretido com a história.

Num país em que as “autoridades”, “entidades”, “reguladores”, “comissões”, etc. e tal, se multiplicam como cogumelos, eis que o banco faz passar as tais vendas por todos os ficalizadores com poderes sobre o assunto. Todos as aprovam, e eis que, afinal, segundo milhares de abalizadíssimas opiniões, a coisa é suspeita e até a procuradoria da República é chamada para vasculhar os “crimes” que a dona Mortágua, o senhor Rio e quejandos não deixarão de descobrir.

Vamos lá a ver. O Centeno vendeu o BES a um fundo americano, e criou o Novo Banco, um banco “bom”, sem imparidades - como agora se chama aos buracos. Mas o tal fundo, que não é parvo, tratou de descobrir que havia por lá imparidades com fartura, e tirou o cavalinho da chuva: ficou estatuído no contrato que subscreveu com a geringonça que, a haver prejuízos na tapagem dos buracos, tais prejuízos eram da responsabilidade do Estado. Feitas as contas aos milhões envolvidos, o tal Estado, ou a geringonça por ele, criou um fundo de milhões para cobrir os inevitáveis prejuízos. Vai daí, como era esperado, deu-se o que se dá em todas as operações do género: cumprindo as normas aplicáveis, os activos “imparidogénicos” foram vendidos à melhor oferta, com vastos prejuízos em relação aos seus valores contabilísticos.

As vendas foram feitas com autorização de todas as entidades competentes, cumpridas que form as normas dos vários reguladores - o principal dos quais hoje em dia nas mãos do mesmo Centeno que assinara o contrato -, os restantes cumprido o estabelecido pela geringonça e seus vários agentes. Os milhões estavam distribuídos por tranches, a pagar em determinadas condições. A certa altura, o primeiro-ministro, ignorante na matéria, vergou-se à demagogia do BE e declarou que nem mais um tostão, pelo menos enquanto não se soubesse o resultado de uma auditoria. Veio a saber-se que tal auditoria nada tinha a ver com o assunto e que o Centeno já tinha pago a fatia para a data e o montante previstos, sem dar cavaco ao chefe (não tinha que dar). Tudo nos conformes, excepto as bocas maradas do Costa.

A alcateia movimentou-se. Se não havia ilegalidade, tinha que haver. Se calhar, até havia crime! Daí, começou nova dança, para entreter o pagode. E veio a tal auditoria que, por “acaso”, até se referia aos tempos do antigo BES, coisa que já está ao cuidado da Justiça. O governo, como de costume, em vez de defender o que era da sua única e exclusiva responsabilidade (quem, eu?), chutou para canto: mandou a coisa para a Procuradoria da República. As esquerdoidas e o Rio resolveram criar uma comissão de inquérito para discutir o que toda a gente sabe, ou seja, o que está nas mãos da Justiça e o que foi contratado com o fundo comprador, nos termos que o Centeno e o Costa quiseram.

O pagode assiste, não percebe (valerá a pena?) o que esta gente quer, para além de distrair cada um do que lhe devia interessar.

E assim vai a terrinha.

 

3.9.20

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