UMA PERGUNTA INOCENTE AO DR. ALMEIDA SANTOS
O dr. Almeida Santos, mui ilustre Presidente do Partido Socialista, ao mesmo tempo que se declara grande amigo do dr. Dias Loureiro, opina que, nas actuais circunstâncias, o homem devia ponderar suspender a sua presença no Conselho de Estado.
Lidas estas cuidadosas declarações como devem ser lidas, a conclusão a tirar é que o dr. Almeida Santos acha que o seu amigo, já que enganou a comissão de inquérito, deve pôr-se a mexer do tal conselho.
Ainda que registando a formas sibilina de dizer “vai-te embora porque andas ou andaste em negócios escuros e porque és um aldrabão”, registe-se igualmente que se pode compreender a exigência. São demais, por um lado, as bocas e as insinuações e, por outro, as atrapalhações do conselheiro de estado.
Mas, meus amigos, ou há moralidade ou comem todos. O senhor Pinto de Sousa não está menos abalado que o dr. Dias Loureiro.
Que diriam as boas almas se o dr. Dias Loureiro, às questões levantadas, outra resposta não desse senão a de que está a ser perseguido, que há poderes obscuros que agem contra ele, que se trata de uma campanha negra, que, por trás de tudo, está o PS?
Dir-se-ia que se tratava de uma fuga em frente, de uma confissão implícita, de uma vitimização inconsequente e incongruente, se pior se não dissesse.
E, no entanto, o senhor Pinto de Sousa e os seus áulicos outra coisa não fazem senão gritar contra os “poderes obscuros, voire contra o PSD, nada adiantando que o possa, substancialmente, ilibar do caso Freeport.
Não se concluirá daqui que tem culpas, mas também não é legítimo inferir que as não tem. Com culpas ou sem elas, toda a gente já percebeu que o primeiro-ministro não tem condições pessoais para se manter no poder. Bastaria, aliás, o caso da universidade ou o dos projectos para, se tivesse espinha política, já ter ido para casa há muito tempo.
Em que ficamos, dr. Almeida Santos? O que se justifica, na sua opinião, para o dr. Dias Loureiro, é letra morta se se tratar do seu amigo José Sócrates de Carvalho Pinto de Sousa?
22.2.09
António Borges de Carvalho