Jornalismos
Ontem, na RTP, duas importantes entrevistas: com o dr. Jardim e com a ministra da educação.
Não comentarei o conteudo das afirmações dos dois entrevistados. Julgo que toda a gente os percebeu, e percebeu de sobra o que cada um quer e o que cada um põe em causa. O minstro da finanças que se avenha com o peso dos argumentos do dr. Jardim contra a inegável perseguição política que lhe é movida, os medonhos sindicatos dos professores que se lixem com as ideias, e a determinação, da ministra.
O que me trás é o estilo das entrevistadoras, tão idiota uma como a outra. Não terão estas senhoras uma televisão lá em casa? Não verão entrevistas na CNN, ou na BBC? Não serão capazes de aprender seja o que for?
Você, que viu as entrevistas, não pensou “Se fosse comigo virava as costas a estas incompetentíssimas jararacas, ou perdia a cabeça e desatava à bofetada”?
Nem a um nem a outro dos entrevistados foi dado responder até ao fim fosse a que pergunta fosse. Nem a um nem a outro foi dado explicar as suas razões de fio a pavio, de maneira a que ao espectador pudesse ser dado julgá-los.
As senhoras entrevistadoras têm do seu métier a ideia de um debate. Estão ali para debater os assuntos com o outro, como se fossem altas figuras da política. Julgam que se afirmam na luta com o outro, não no esclarecimento do respeitável público sobre as ideias do outro. Não compreendem que, para nós, é indiferente o que elas pensam, ou que elas se façam porta vozes de terceiros, ou que queiram fabricar factos políticos à custa do nosso interesse nas ideias dos entrevistados.
Não sei se há, em Portugal, escolas de jornalismo. Não sei se as senhoras em causa as frequentaram. Se sim, ou não aprenderam nada, ou as escolas não prestam. Se não, ou vão alfabetizar-se a algum país decente, ou o melhor é ir fazer outra coisa, a fim de não dar cabo dos nervos, mais que aos entrevistados, aos espectadores.
António Borges de Carvalho