VIVA O SIGILO BANCÁRIO!
Nos ominosos tempos da economia clássica, o dinheiro era uma “categoria económinca” cuja principal característica era o anonimato, ou seja, era a de proporcionar aos cidadãos a liberdade de comprar e vender, ganhar e perder, sem que a terceiros fosse dado o direito de os vigiar ou constranger.
O direito fiscal perseguia os maus pagadores, o direito penal os criminosos, os tribunais aplicavam as leis.
Tudo mudou.
Os dinheiros de cada um vão passando a ser coisa do domínio público. Os tribunais vão perdendo importância a favor da administração fiscal. A prova do crime faz-se, não provando-o, mas imaginando-o a partir do sacrifício do tal instrumento de liberdade, que era o dinheirinho.
As pessoas começam a ter medo de ter dinheiro. Os pais deixam de ajudar os filhos, a fim de não ter que pagar impostos. Quando se passa a ter medo de ter dinheiro, o dinheiro perde o valor e as sociedades civis vão à falência. Fica o Estado, ou seja, o Big Brother.
Talvez tudo isto seja, para já, um exagero. Mas é a tendência, o trend das sociedades modernas. Está na altura de aparecer outro Orwell, que escreva o 2084, a fim de precaver as pessoas para o que lhes está a suceder.
A propósito, uma anedota real: o Bloco de Esquerda grita para aí que o fim do sigilo bancário diz respeito tão só ao que as pessoas recebem, não ao que gastam. Quer dizer, se eu receber dinheiro ilegítimo (segundo os conceitos do fisco e do BE) estou frito. Mas se, com ele, comprar umas metralhadoras ou uns quilitos de ganza, tudo bem, sou um cidadão exemplar.
Não lhes parece que, no meio desta pangaiada toda, há qualquer coisa que está de pernas para o ar?
19.4.09
António Borges de Carvalho